79
A AFIRMAÇÃO DA MONARQUIA E A AFIRMAÇÃO DA MONARQUIA E A CENTRALIZÃO DO PODER A CENTRALIZÃO DO PODER REAL REAL

9 A Afirmação da Monarquia e a Centralização do Poder Real

  • Upload
    histn

  • View
    19.883

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

A AFIRMAÇÃO DA A AFIRMAÇÃO DA MONARQUIA E A MONARQUIA E A

CENTRALIZÃO DO PODER CENTRALIZÃO DO PODER REALREAL

Page 2: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Durante os séculos XIII e XIV, são frequentes as tentativas de concentração do Durante os séculos XIII e XIV, são frequentes as tentativas de concentração do poder real e de limitação das ambições dos grandes terratenentes (nobres poder real e de limitação das ambições dos grandes terratenentes (nobres proprietários de terras) .Estas tendências de centralização do poder real vinham, proprietários de terras) .Estas tendências de centralização do poder real vinham, de resto, dos tempos da Reconquista.de resto, dos tempos da Reconquista.

A Monarquia Hereditária que então tinha nascido procurava agora afirmar-se e A Monarquia Hereditária que então tinha nascido procurava agora afirmar-se e reforçar o seu poder.reforçar o seu poder.

Page 3: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Desde o início, os primeiros reis portugueses viram-se frequentemente na necessidade de refrear os abusos da Alta Nobreza, exercendo pela força a sua autoridade, sempre que sentiam em perigo, o equilíbrio social, ou o seu próprio poder

Neste equilíbrio baseado no respeito pelas relações de vassalagem e na obediência que todos deviam ao rei, assentava seu poder e a natureza do regime feudal.

Page 4: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Quando esta ordem era Quando esta ordem era perturbada, o resultado era perturbada, o resultado era quase sempre o mesmo.quase sempre o mesmo.

► As arruaças entre as famílias As arruaças entre as famílias nobres mais poderosas nobres mais poderosas multiplicavam-se, os abusos multiplicavam-se, os abusos contra os mais desprotegidos contra os mais desprotegidos sucediam-se e a autoridade do sucediam-se e a autoridade do rei era ameaçada .rei era ameaçada .

► A violência era tanta e tão A violência era tanta e tão frequente que muitos frequente que muitos camponeses pobres preferiam camponeses pobres preferiam entregar “de livre vontade “as entregar “de livre vontade “as suas terras ao senhor local em suas terras ao senhor local em troca de protecção, antes que troca de protecção, antes que pela força e muitas vezes à pela força e muitas vezes à custa da própria vida, vissem as custa da própria vida, vissem as suas terras saqueadas e suas terras saqueadas e ocupadas.ocupadas.

Page 5: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► A afirmação da Monarquia em A afirmação da Monarquia em Portugal foi-se fazendo assim. De Portugal foi-se fazendo assim. De forma lenta e conflituosa.forma lenta e conflituosa.

► Nalguns casos, estes conflitos Nalguns casos, estes conflitos degeneraram em guerras civis degeneraram em guerras civis que tiveram como oponentes os que tiveram como oponentes os adversários esperados :adversários esperados :

A antiga Nobreza tradicional A antiga Nobreza tradicional personificando o mundo feudal personificando o mundo feudal “românico”…“românico”…

… …e uma Nobreza, a que e uma Nobreza, a que podemos chamar de ” gótica “, podemos chamar de ” gótica “, mais ligada à modernidade da mais ligada à modernidade da época, às transformações época, às transformações sociais e aos novos valores, que sociais e aos novos valores, que lenta mas solidamente se lenta mas solidamente se instalavam na sociedade instalavam na sociedade portuguesa.portuguesa.

Page 6: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Estes conflitos, que Estes conflitos, que algumas vezes explodiam algumas vezes explodiam no seio da própria família no seio da própria família real, semeavam um clima real, semeavam um clima de desordem que atingiu o de desordem que atingiu o seu ponto mais alto no seu ponto mais alto no triste e curto reinado de D. triste e curto reinado de D. Sancho IISancho II

( ( O CapêloO Capêlo ). ). Tendo sido excomungado Tendo sido excomungado

pelo Papa, dado como pelo Papa, dado como incompetente para incompetente para governar o reino, tal o caos governar o reino, tal o caos instalado no país pela Alta instalado no país pela Alta Nobreza, mais bélica e Nobreza, mais bélica e impulsiva, da qual era um impulsiva, da qual era um mero joguete, D. Sancho II mero joguete, D. Sancho II conduziu o reino para uma conduziu o reino para uma guerra civil que se se guerra civil que se se estendeu de 1245 a 1247.estendeu de 1245 a 1247.

Page 7: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Seu irmão, D. AfonsoSeu irmão, D. Afonso ( ( O BolonhêsO Bolonhês) ) , que vivia em , que vivia em

França, casado com uma nobre França, casado com uma nobre Bolonhesa , é designado pelo Papa Bolonhesa , é designado pelo Papa em 1245 como novo rei , e ocupará em 1245 como novo rei , e ocupará nesse mesmo ano o trono de nesse mesmo ano o trono de Portugal, depois de vencer Portugal, depois de vencer definitivamente a oposição de D. definitivamente a oposição de D. Sancho II e seus partidários .Sancho II e seus partidários .

A D. Afonso III, deve-se a A D. Afonso III, deve-se a conquista definitiva do Algarve conquista definitiva do Algarve (1249),mas também as primeiras (1249),mas também as primeiras tentativas bem sucedidas de tentativas bem sucedidas de estender de forma duradoura estender de forma duradoura todo o reino a lei e a ordem. Com todo o reino a lei e a ordem. Com D. Afonso III nasce em Portugal D. Afonso III nasce em Portugal algo parecido com o Estado algo parecido com o Estado moderno. Mais do que um moderno. Mais do que um personagem o rei torna-se personagem o rei torna-se finalmente numa instituição que finalmente numa instituição que se faz reconhecer e respeitar por se faz reconhecer e respeitar por todos.todos.

Page 8: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Durante o seu reinado que reúnem Durante o seu reinado que reúnem em Leiria as primeiras” Cortes” com em Leiria as primeiras” Cortes” com a participação do” terceiro estado “ – a participação do” terceiro estado “ – O Povo. O facto de D. Afonso O Povo. O facto de D. Afonso precisar de um amplo apoio popular precisar de um amplo apoio popular para impor junto dos mais poderosos para impor junto dos mais poderosos a sua autoridade, serve para a sua autoridade, serve para explicar este inédito acontecimento.explicar este inédito acontecimento.

Mas já antes, no início do reinado de Mas já antes, no início do reinado de

D. Afonso II ( D. Afonso II ( O GordoO Gordo ), a guerra ), a guerra civil de 1211-1216 tinha dividido os civil de 1211-1216 tinha dividido os portugueses.portugueses.

Este conflito que opôs o rei a suas Este conflito que opôs o rei a suas irmãs e à Alta Nobreza, teve origem irmãs e à Alta Nobreza, teve origem no testamento de D. Sancho I( no testamento de D. Sancho I( O O PovoadorPovoador ), que doava às suas ), que doava às suas infantas algumas terras do infantas algumas terras do património real, em relação às património real, em relação às quais, D. Afonso II se achava com quais, D. Afonso II se achava com direito de exercer a autoridade real.direito de exercer a autoridade real.

Page 9: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► A Guerra civil terminou numa A Guerra civil terminou numa espécie de compromisso.espécie de compromisso.

A autoridade do rei sobre essas A autoridade do rei sobre essas terras era assegurada, mas não o terras era assegurada, mas não o seu usufruto que seria reservado aos seu usufruto que seria reservado aos proprietários.proprietários.

A convocação das primeiras Cortes, A convocação das primeiras Cortes, reunidas em Coimbra no ano de reunidas em Coimbra no ano de 1211, efectuou-se durante o curto 1211, efectuou-se durante o curto mas atribulado governo de D. Afonso mas atribulado governo de D. Afonso II, muito marcado pela guerra de II, muito marcado pela guerra de 1211-1216. Destas cortes saiu o 1211-1216. Destas cortes saiu o primeiro conjunto de leis que primeiro conjunto de leis que visavam assegurar o direito de visavam assegurar o direito de propriedade e o exercício da justiça propriedade e o exercício da justiça civilcivil

As leis Afonsinas foram, antes de As leis Afonsinas foram, antes de mais, uma das consequências desta mais, uma das consequências desta guerra e da necessidade por parte guerra e da necessidade por parte do rei em afirmar perante todos, a do rei em afirmar perante todos, a sua autoridade : .” O Gordo “ como sua autoridade : .” O Gordo “ como ficou conhecido ,não conquistou ficou conhecido ,não conquistou terras aos muçulmanos ,não se terras aos muçulmanos ,não se intrometeu com Castela, mas que intrometeu com Castela, mas que tentou como poucos impor no reino tentou como poucos impor no reino a ordem e o direito. a ordem e o direito.

Page 10: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Perante a nobreza quando esta a punha em causa, mas também perante a gente dos concelhos ,quando se tratava de cobrar os impostos e assegurar os direitos do rei.

As “Leis Gerais “ Afonsinas foram o primeiro esboço da politica de centralização real ,que será interrompida durante o curto e atribulado reinado de seu filho D. Sancho II, mas retomada nos reinados seguintes.

Page 11: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Mas o período a que geralmente chamamos de centralização do poder real, inicia-se verdadeiramente com D. Afonso III ,consolidando-se durante o reinado de seu filho D. Dinis. É neste período que nasce e se afirma em Portugal um verdadeiro aparelho de Estado que por todo o pais zela pelos direitos do rei e pelo cumprimento da sua vontade. Juízes, funcionários cobradores de impostos, lembram a toda a gente ,e por todo o pais que os direitos do rei serão assegurados, as suas leis respeitadas e os abusos de nobres e concelhos punidos .

D. DINIS

Page 12: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Com as “ Inquirições Gerais” decretadas por D. Afonso III, a ocupação indevida e abusiva de terra alheia, pela nobreza e clero, incluindo os baldios, passou a ser legalmente punida, regressando as terras à posse dos seus legítimos donos.E, como a maior parte das terras usurpadas e agora recuperadas, pertenciam à Coroa, enquanto esta aumentava o seu património, refreava as ambições da Nobreza, enfraquecendo-a .A nobreza tornou-se assim mais dependente da Coroa, e dos cargos títulos e outras dádivas e privilégios que o rei passou a poder distribuir pelos que lhe eram mais fieis.

Page 13: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Como já foi dito, com tais medidas, Como já foi dito, com tais medidas, pretendia-se, sobretudo desde pretendia-se, sobretudo desde

D. Afonso II , inventariar e saber a D. Afonso II , inventariar e saber a origem das propriedades do reino origem das propriedades do reino (Inquirições), submetendo-as depois (Inquirições), submetendo-as depois à aprovação real (Confirmações). à aprovação real (Confirmações). Pretendia-se conhecer melhor um Pretendia-se conhecer melhor um país que nascia ,e nele fazer país que nascia ,e nele fazer respeitar o direito de propriedade e respeitar o direito de propriedade e paralelamente afirmar a autoridade paralelamente afirmar a autoridade real. real.

► Pretendia-se mas até D. Afonso III, Pretendia-se mas até D. Afonso III, pouco se conseguiu ,pois faltavam pouco se conseguiu ,pois faltavam aos reis os meios e as condições aos reis os meios e as condições para aplicar e fiscalizar a aplicação para aplicar e fiscalizar a aplicação das suas ordens. Os abusos das suas ordens. Os abusos sucediam-se por todo o lado. Os sucediam-se por todo o lado. Os grandes senhores feudais acabavam grandes senhores feudais acabavam sempre por ditar a sua própria lei, sempre por ditar a sua própria lei, nas terras que dominavam.nas terras que dominavam.

Page 14: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Agora com o pais em paz, Agora com o pais em paz, concluída a conquista do concluída a conquista do Algarve, era preciso Algarve, era preciso afirmá-la perante Castela afirmá-la perante Castela que lutava igualmente que lutava igualmente pela posse deste pela posse deste território. E pior que isso, território. E pior que isso, reclamava direitos reclamava direitos Históricos sobre essas Históricos sobre essas terras.terras.

► Os desentendimentos Os desentendimentos entre os dois reinos só entre os dois reinos só terminarão formalmente , terminarão formalmente , dezoito anos depois, pela dezoito anos depois, pela assinatura do tratado de assinatura do tratado de Badajoz no ano de 1467 .Badajoz no ano de 1467 .

Portugal no tempo de D. Afonso III

Page 15: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Havia entretanto condições para desenvolver o reino. Ordeiramente e de acordo com a lei. Condições para se começar a erguer um Estado , que espelhasse e fizesse respeitar a autoridade real. Um Estado como os de hoje: Com um governo e um exército. Com leis juízes e tribunais e prisões. Um Estado com Serviços , Repartições burocratas, fiscais e outros funcionários…

OS TRIBUNAIS NO SÉC. XIII

Page 16: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► A Guerra civil que, entre 1320-A Guerra civil que, entre 1320-1324, opôs D. Dinis ( 1324, opôs D. Dinis ( O O LavradorLavrador ) ao seu filho ) ao seu filho primogénito , o infante Afonso, primogénito , o infante Afonso, futuro D. Afonso IV ( futuro D. Afonso IV ( O BravoO Bravo ) e ) e os conflitos que opuseram este os conflitos que opuseram este a seu filho e sucessor D. Pedro I, a seu filho e sucessor D. Pedro I, na sequência do assassinato de na sequência do assassinato de Inês de Castro, foram em Inês de Castro, foram em termos sociais pouco termos sociais pouco relevantes. Serviram no entanto relevantes. Serviram no entanto para demonstrar que no país a para demonstrar que no país a paz nunca foi coisa que durasse paz nunca foi coisa que durasse muito. Quando não eram os muito. Quando não eram os Castelhanos a complicar as Castelhanos a complicar as coisas, éramos nós a fazê-lo . coisas, éramos nós a fazê-lo .

D. Afonso IV

Page 17: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

No primeiro caso, o infante D. No primeiro caso, o infante D. Afonso acusava o pai, D. Dinis, Afonso acusava o pai, D. Dinis, de favorecer um filho bastardo, de favorecer um filho bastardo, Afonso Sancho, preparando-se Afonso Sancho, preparando-se para ilegitimamente o fazer para ilegitimamente o fazer seu sucessor.seu sucessor.

A Guerra alastrou , então , por A Guerra alastrou , então , por todo o reino, entre 1320 e todo o reino, entre 1320 e 1324.1324.

Perante a oposição da maior Perante a oposição da maior parte da população e de sua parte da população e de sua mulher, Dona Isabel, D. Dinis é mulher, Dona Isabel, D. Dinis é obrigado a recuar.obrigado a recuar.

Afonso Sancho abandona o Afonso Sancho abandona o reino, e o infante D. Afonso reino, e o infante D. Afonso assegura a sucessão ao tronoassegura a sucessão ao trono

Page 18: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Mas D. Dinis é reconhecido Mas D. Dinis é reconhecido principalmente pela atenção que principalmente pela atenção que dedicou ao desenvolvimento da dedicou ao desenvolvimento da agricultura, incentivando o agricultura, incentivando o aumento quer da área agrícola aumento quer da área agrícola quer da área florestal.quer da área florestal.

Foi também um “rei – poeta” Foi também um “rei – poeta” protector das artes e da cultura .protector das artes e da cultura .

A ele se deve a introdução do A ele se deve a introdução do Português como língua oficial do Português como língua oficial do reino e a criação da primeira reino e a criação da primeira Universidade “ Os Estudos Universidade “ Os Estudos gerais”,em Lisboa no ano gerais”,em Lisboa no ano de1290.de1290.

Se a tudo isto juntarmos…Se a tudo isto juntarmos… o incremento dado á criação de o incremento dado á criação de

vilas e concelhos que se vilas e concelhos que se multiplicam pelo país nesta multiplicam pelo país nesta altura…altura…

“Os Estudos - Gerais”

Page 19: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

… …a atenção dada ás actividades a atenção dada ás actividades que na época floresciam e eram que na época floresciam e eram vitais para o desenvolvimento do vitais para o desenvolvimento do reino, como a construção naval ,e reino, como a construção naval ,e o comércio interno e externo, o comércio interno e externo,

teremos a dimensão aproximada teremos a dimensão aproximada da contribuição de D. Dinis para da contribuição de D. Dinis para o desenvolvimento que a todos o desenvolvimento que a todos os níveis se verificou em Portugal os níveis se verificou em Portugal durante o seu reinado .durante o seu reinado .

A criação da Bolsa de Mercadores, A criação da Bolsa de Mercadores, o impulso dado à realização das o impulso dado à realização das feiras francas, a isenção de feiras francas, a isenção de impostos concedida à madeira impostos concedida à madeira destinada à construção dos destinada à construção dos navios de maior tonelagem, navios de maior tonelagem, foram medidas que de facto foram medidas que de facto animaram economicamente o animaram economicamente o reino. reino.

Page 20: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Um reino que quanto mais se desenvolvia mais precisava de ser Um reino que quanto mais se desenvolvia mais precisava de ser defendido. E D. Dinis fê-lo ,construindo e reparando muralhas e defendido. E D. Dinis fê-lo ,construindo e reparando muralhas e fortificações, ao longo de toda a linha de fronteira .fortificações, ao longo de toda a linha de fronteira .

É ainda no seu tempo que é assinado o tratado de Alcanizes que É ainda no seu tempo que é assinado o tratado de Alcanizes que estabelecia a nossa fronteira oriental com Castela. estabelecia a nossa fronteira oriental com Castela.

Page 21: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► No reinado seguinte , no episódio, No reinado seguinte , no episódio, que Camões transformou na que Camões transformou na versão portuguesa de Romeu e versão portuguesa de Romeu e Julieta, rei e filho voltam a Julieta, rei e filho voltam a desentender - se. Desta vez é desentender - se. Desta vez é Pedro que luta contra seu pai D. Pedro que luta contra seu pai D. Afonso IV para vingar a morte da Afonso IV para vingar a morte da amante, Inês de Castro.amante, Inês de Castro.

Inês de Castro era aia - mor de Inês de Castro era aia - mor de Dona Constança, mulher de D. Dona Constança, mulher de D. Pedro. Mas era também uma Pedro. Mas era também uma fidalga oriunda de um poderosa fidalga oriunda de um poderosa família galega empenhada na família galega empenhada na luta pelo poder, tentando derrubar luta pelo poder, tentando derrubar o então rei de Leão e Castela, o então rei de Leão e Castela,

Pedro “O Cruel”.Pedro “O Cruel”.

Page 22: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Inês de Castro pretendeu Inês de Castro pretendeu envolver Portugal nessa disputa envolver Portugal nessa disputa através de D. Pedro, seu através de D. Pedro, seu amante, pedindo-lhe que amante, pedindo-lhe que tomasse o partido da sua tomasse o partido da sua família.família.

Em troca desse apoio em Em troca desse apoio em caso de vitória as terras da caso de vitória as terras da Galiza seriam suas. Portugal Galiza seriam suas. Portugal poderia enfim alargar-se para poderia enfim alargar-se para norte. Mas o pais precisava de norte. Mas o pais precisava de paz. paz.

O gesto foi visto como O gesto foi visto como traição. E assim Inês de Castro traição. E assim Inês de Castro apressou a sua morte. Pena a apressou a sua morte. Pena a que foi implacavelmente que foi implacavelmente sentenciada por D. Afonso IV.sentenciada por D. Afonso IV.

Page 23: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

No entanto a razão No entanto a razão determinante para este determinante para este desfecho, teve sobretudo desfecho, teve sobretudo a ver com o casamento a ver com o casamento não anunciado mas que não anunciado mas que todos adivinhavam e todos adivinhavam e temiam.temiam.

O casamento de D. O casamento de D. Pedro, já viúvo de Dona Pedro, já viúvo de Dona Constança, com Dona Constança, com Dona Inês, de quem tinha já Inês, de quem tinha já dois filhos .dois filhos .

Page 24: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Tal perspectiva punha, para o Tal perspectiva punha, para o rei, em perigo, o direito de rei, em perigo, o direito de sucessão ao trono de D. sucessão ao trono de D. Fernando, seu neto , filho Fernando, seu neto , filho legitimo de D. Pedro e Dona legitimo de D. Pedro e Dona Constança. Constança.

► A morte cruel de Inês de A morte cruel de Inês de Castro, o comportamento Castro, o comportamento impulsivo e quase impulsivo e quase melodramático de D. Pedromelodramático de D. Pedro

► ( ( O JusticeiroO Justiceiro ), quando se ), quando se torna rei, manifestado na torna rei, manifestado na reabilitação da defunta reabilitação da defunta amante e na implacável amante e na implacável perseguição e execução dos perseguição e execução dos seus assassinos, reservaram seus assassinos, reservaram na História a Pedro e Inês um na História a Pedro e Inês um lugar particular.lugar particular.

Page 25: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Mas foram a poesia, Mas foram a poesia, a literatura e, a literatura e, sobretudo, o sobretudo, o imaginário popular imaginário popular que tornaram a que tornaram a “Lenda de Pedro e “Lenda de Pedro e Inês”, um dos mais Inês”, um dos mais poderosos e poderosos e duradouros episódios duradouros episódios da nossa História.da nossa História.

Page 26: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► No meio de todo este drama No meio de todo este drama e turbulência, o reinado de e turbulência, o reinado de D. Afonso IV, foi D. Afonso IV, foi historicamente marcado historicamente marcado pela vitória do Salado, e pela pela vitória do Salado, e pela ocupação das ilhas Canárias.ocupação das ilhas Canárias.

► A batalha do Salado, unindo A batalha do Salado, unindo portugueses e castelhanos, portugueses e castelhanos, foi o golpe definitivo nas foi o golpe definitivo nas pretensões muçulmanas em pretensões muçulmanas em restabelecer na Península restabelecer na Península Ibérica, o há muito perdido Ibérica, o há muito perdido “al –andaluz”. “al –andaluz”.

A BATALHA DO SALADO

Page 27: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

No século seguinte, em 1492 , sob o signo do fanatismo e da No século seguinte, em 1492 , sob o signo do fanatismo e da intolerância religiosa instalados em Castela , durante o reinado de intolerância religiosa instalados em Castela , durante o reinado de Fernando e Isabel, “Os reis Católicos “, cairá o califado de Granada.Fernando e Isabel, “Os reis Católicos “, cairá o califado de Granada.

O último baluarte muçulmano na Península Ibérica. O que restava O último baluarte muçulmano na Península Ibérica. O que restava de uma conquista , iniciada 800 anos antes.de uma conquista , iniciada 800 anos antes.

A CONQUISTA DE GRANADA

Page 28: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

D. Pedro I, com a lei do D. Pedro I, com a lei do “Beneplácito Régio”, retomou a “Beneplácito Régio”, retomou a política de afirmação e política de afirmação e centralização do poder real centralização do poder real iniciada no século anterior com D. iniciada no século anterior com D. Afonso III. Desta vez o alvo foi o Afonso III. Desta vez o alvo foi o Clero.Clero.

Com o “Beneplácito Régio”, as Com o “Beneplácito Régio”, as Bulas Papais e outros documentos Bulas Papais e outros documentos eclesiásticos passaram a só poder eclesiásticos passaram a só poder ser publicadas, depois de lidas, ser publicadas, depois de lidas, assinadas e aprovadas pelo assinadas e aprovadas pelo monarca. monarca.

Foi, também, durante este Foi, também, durante este reinado que a Coroa portuguesa reinado que a Coroa portuguesa iniciou um processo de maior iniciou um processo de maior controlo da actividade das ordens controlo da actividade das ordens militares religiosas, intervindo militares religiosas, intervindo directamente ou indirectamente, directamente ou indirectamente, na nomeação dos seus dirigentes .na nomeação dos seus dirigentes .

Page 29: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Tal aconteceu, por exemplo, com a nomeação do infante D. João, filho bastardo de D. Pedro I, para Mestre da Ordem Militar de Avis. Ordem religiosa em que tinha ingressado aos sete anos e que como filho do rei estava predestinado a dirigir quando atingisse a idade certa. Aos dezassete anos. Com o estalar da crise de 1383-85, sairá da obscuridade e do anonimato. O Mestre de Aviz, o filho bastardo do rei, o mais improvável candidato ao trono, será proclamado rei, nesses tempos de exaltação nacional .”

Page 30: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

O “ Príncipe de Boa – Memória O “ Príncipe de Boa – Memória “como ficou conhecido, foi o pai “como ficou conhecido, foi o pai da Ínclita Geração, que os da Ínclita Geração, que os infantes D. Duarte D. Henrique infantes D. Duarte D. Henrique D. Fernando e D. Pedro D. Fernando e D. Pedro personificaram. Uma geração de personificaram. Uma geração de homens que projectaram homens que projectaram Portugal para o futuro. Uma Portugal para o futuro. Uma geração que antecipou mesmo geração que antecipou mesmo em relação ao resto da Europa a em relação ao resto da Europa a visão e os comportamentos que visão e os comportamentos que anunciavam já a emergência anunciavam já a emergência do Mundo Moderno. do Mundo Moderno. Descobridores e conquistadores Descobridores e conquistadores mas também homens da cultura mas também homens da cultura . Arautos da Globalização mas . Arautos da Globalização mas também do Humanismo. Para o também do Humanismo. Para o mal e para o bem..mal e para o bem..

Page 31: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Nestes tempos o trajecto Nestes tempos o trajecto centralizador do poder real pode centralizador do poder real pode de uma forma simplista, ser de uma forma simplista, ser medido pela frequência com que medido pela frequência com que eram convocadas as Cortes. E em eram convocadas as Cortes. E em Portugal esse nunca foi um Portugal esse nunca foi um costume. Foi antes uma costume. Foi antes uma excepção.excepção.

► Na verdade, sempre que os reis Na verdade, sempre que os reis sentiam a sua posição sentiam a sua posição consolidada, sempre que os consolidada, sempre que os apoios que reuniam, ora junto do apoios que reuniam, ora junto do Povo, ora no seio da Alta Nobreza, Povo, ora no seio da Alta Nobreza, lhes conferiam uma autoridade lhes conferiam uma autoridade quase incontestada, as quase incontestada, as tendências centralizadoras tendências centralizadoras instalavam-se e o reino era cada instalavam-se e o reino era cada vez menos ouvido. Tal como vez menos ouvido. Tal como agora era tudo uma questão de agora era tudo uma questão de maiorias…maiorias…

Page 32: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Se exceptuarmos os Se exceptuarmos os períodos de verdadeiras períodos de verdadeiras crises nacionais, tanto crises nacionais, tanto económicas como políticas, a económicas como políticas, a convocação das Cortes convocação das Cortes obedecia, quase sempre, obedecia, quase sempre, mais a necessidades de mais a necessidades de afirmação do poder pessoal afirmação do poder pessoal dos reis do que dos reis do que propriamente a propriamente a necessidades reais de necessidades reais de consulta dos que consulta dos que representavam a população, representavam a população, para resolver para resolver consensualmente problemas consensualmente problemas do reino. do reino.

Page 33: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Como vimos durante todo este Como vimos durante todo este período eram costumeiros os período eram costumeiros os conflitos que estalavam entre conflitos que estalavam entre o rei e alguns nobres mais o rei e alguns nobres mais impulsivos e poderosos. Mas impulsivos e poderosos. Mas mais do que atacar a Nobreza, mais do que atacar a Nobreza, classe de que eram as mais classe de que eram as mais destacadas figuras, os reis destacadas figuras, os reis pretendiam controlar as pretendiam controlar as ambições das famílias mais ambições das famílias mais influentes, e assegurar o frágil influentes, e assegurar o frágil equilíbrio entre os diferentes equilíbrio entre os diferentes grupos sociais.grupos sociais.

Assim, quando as Assim, quando as dificuldades surgiam, não dificuldades surgiam, não hesitavam em tomar as hesitavam em tomar as medidas mais injustas e medidas mais injustas e impopulares para proteger os impopulares para proteger os seus interesses e os dos seus interesses e os dos grandes proprietários.grandes proprietários.

Page 34: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► A Lei das Sesmarias, decretada em 1375 , por D. A Lei das Sesmarias, decretada em 1375 , por D. Fernando para combater o abandono do campo e a Fernando para combater o abandono do campo e a quebra de rendimentos do Clero e Nobreza, não só quebra de rendimentos do Clero e Nobreza, não só condenava a trabalho forçado nos campos, os condenava a trabalho forçado nos campos, os desempregados e mendigos recrutados nas cidades, desempregados e mendigos recrutados nas cidades, como também obrigava a regressar aos trabalhos rurais como também obrigava a regressar aos trabalhos rurais todos os que exercendo uma nova profissão já tivessem todos os que exercendo uma nova profissão já tivessem sido camponeses. sido camponeses.

Page 35: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Estes eram ainda obrigados a aceitar os salários que os Homens – Bons das vilas e os grandes proprietários de terras previamente fixavam.

A lei das Sesmarias estabelecia também que todas as terras deixadas ao abandono pelos proprietários ,seriam confiscadas e arrendadas àqueles que se dispusessem a fazê-lo . Em nome do combate à fome minimizavam-Em nome do combate à fome minimizavam-se os prejuízos que atingiam os grandes se os prejuízos que atingiam os grandes senhores feudais. Como sempre camponeses, senhores feudais. Como sempre camponeses, mendigos, servos e escravos pagavam a mendigos, servos e escravos pagavam a facturafactura

Page 36: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Tendo como pano de fundo todas estas contradições e conflitos, os século XIII e Tendo como pano de fundo todas estas contradições e conflitos, os século XIII e a primeira metade do século XIV, foram, no entanto, para Portugal um período a primeira metade do século XIV, foram, no entanto, para Portugal um período de desenvolvimento ininterrupto, como o atestam o desenvolvimento de desenvolvimento ininterrupto, como o atestam o desenvolvimento demográfico e produtivo do reino. demográfico e produtivo do reino.

Subtraídas as arruaças entre portugueses e as habituais guerrilhas com os Subtraídas as arruaças entre portugueses e as habituais guerrilhas com os castelhanos, o reino crescia e afirmava-se.castelhanos, o reino crescia e afirmava-se. Mas as coisas iriam mudar com a Mas as coisas iriam mudar com a entrada da Peste negra no País no ano de1348..entrada da Peste negra no País no ano de1348..

Page 37: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Entretanto as cidades tinham Entretanto as cidades tinham crescido e sobretudo tinham-se crescido e sobretudo tinham-se tornado mais dinâmicas. As tornado mais dinâmicas. As trocas internas e externas trocas internas e externas multiplicavam-se e, através dos multiplicavam-se e, através dos impostos que cresciam, na impostos que cresciam, na mesma medida, os recursos da mesma medida, os recursos da Coroa aumentaram Coroa aumentaram significativamente.significativamente.

As inúmeras fortalezas, igrejas As inúmeras fortalezas, igrejas e catedrais que se e catedrais que se construíram nestes tempos, e a construíram nestes tempos, e a crescente atenção dada pelos crescente atenção dada pelos reis aos assuntos da cultura, da reis aos assuntos da cultura, da arte e do ócio, reflectem esta arte e do ócio, reflectem esta realidade. realidade.

A cultura e as artes tinham de A cultura e as artes tinham de facto, desde há muito, deixado facto, desde há muito, deixado de ser coisas de de ser coisas de monges ,damas e burgueses. monges ,damas e burgueses. Eram agora a medida da Eram agora a medida da sofisticação e do sofisticação e do desenvolvimento dos reinos,desenvolvimento dos reinos,

Page 38: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Os séculos XIII e XIV, sãoOs séculos XIII e XIV, são também a época das” também a época das” Cantigas de amor e de Cantigas de amor e de Amigo”.Amigo”.

► Dos jograis trovadores e Dos jograis trovadores e poetas que ganhavam a vida poetas que ganhavam a vida nos palácios na corte ,nas nos palácios na corte ,nas feiras e mercados e feiras e mercados e animavam um mundo por animavam um mundo por algum tempo em paz .algum tempo em paz .

► Podia dizer-se que tudo corria Podia dizer-se que tudo corria bem. Com tempo e bem. Com tempo e oportunidade para pensar oportunidade para pensar criar e gozar. E o país foi criar e gozar. E o país foi mais ou menos assim até à mais ou menos assim até à chegada da Peste.chegada da Peste.

Page 39: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Os finais do séc. XIV foram , Os finais do séc. XIV foram , em Portugal, ainda em Portugal, ainda assinalados por uma série de assinalados por uma série de infelizes aventuras e alianças infelizes aventuras e alianças militares que mais não fizeram militares que mais não fizeram do que agravar a crise do que agravar a crise económica e social em que económica e social em que Portugal estava atolado.Portugal estava atolado.

► D. Fernando, primeiro por D. Fernando, primeiro por ambição pessoal e, depois ambição pessoal e, depois pressionado por uma Nobreza pressionado por uma Nobreza decadente e sedenta de saque, decadente e sedenta de saque, envolveu-se em três guerras envolveu-se em três guerras sucessivas com Castela que sucessivas com Castela que esgotaram rapidamente as esgotaram rapidamente as parcas energias e recursos do parcas energias e recursos do reino.reino.

Page 40: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Na primeira guerra , o Na primeira guerra , o pretexto foi a candidatura de pretexto foi a candidatura de D. FernandoD. Fernando

( ( O BeloO Belo ), como neto legítimo ), como neto legítimo de D. Sancho IV, à coroa de de D. Sancho IV, à coroa de Castela.Castela.

As duas guerras seguintes As duas guerras seguintes desencadearam - se no desencadearam - se no contexto mais vasto da Guerra contexto mais vasto da Guerra dos Cem Anos que opunha a dos Cem Anos que opunha a França e a Inglaterra .Em França e a Inglaterra .Em ambos os casos tomando ambos os casos tomando sempre, neste conflito, o sempre, neste conflito, o partido oposto ao dos partido oposto ao dos Castelhanos, Portugal acabou Castelhanos, Portugal acabou por sofrer, às mãos destes, por sofrer, às mãos destes, duas sucessivas derrotas.duas sucessivas derrotas.

GUERRA DOS CEM ANOS

Page 41: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► O conflito entre os dois reinos O conflito entre os dois reinos terminará com a assinatura em terminará com a assinatura em Salvaterra de Magos ,de um Salvaterra de Magos ,de um tratado paz, logo reforçado, pelo tratado paz, logo reforçado, pelo casamento de Dona Beatriz, filha casamento de Dona Beatriz, filha de D. Fernando, com D. João I, rei de D. Fernando, com D. João I, rei de Castela.de Castela.

Nos termos desse tratado, a Nos termos desse tratado, a sucessão ao trono de Portugal sucessão ao trono de Portugal seria assegurada por Dona seria assegurada por Dona Leonor como regente, até que Leonor como regente, até que do casamento de Dona Beatriz do casamento de Dona Beatriz com D. João de Castela com D. João de Castela resultasse um filho. Nos “trautos” resultasse um filho. Nos “trautos” ( condições ) do acordo de ( condições ) do acordo de casamento, esse filho ou filha casamento, esse filho ou filha herdaria aos catorze anos o trono herdaria aos catorze anos o trono de Portugal.de Portugal.

Dona Leonor

Page 42: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► A revolução de 1383/85, A revolução de 1383/85, tendo a crise económica tendo a crise económica e social como fundo, e e social como fundo, e as convulsões sociais as convulsões sociais que se seguiram foi em que se seguiram foi em grande medida grande medida despoletada pelas despoletada pelas consequências deste consequências deste casamento.casamento.

► Mas foi, principalmente, Mas foi, principalmente, o resultado do o resultado do descontentamento descontentamento popular que se seguiu à popular que se seguiu à aplicação da “Lei das aplicação da “Lei das Sesmarias”.Sesmarias”.

Page 43: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

De facto, a quebra dos laços de serventia e submissão tinha-se já instalado.

► Os ganha - dinheiros Os ganha - dinheiros tinham nascido, e os tinham nascido, e os servos estavam servos estavam lentamente a lentamente a desaparecer.desaparecer.

► Quem trabalhava, fazia-Quem trabalhava, fazia-o agora por dinheiro e, o agora por dinheiro e, já não, por préstimo em já não, por préstimo em troca da segurança e da troca da segurança e da subsistência que os subsistência que os senhores feudais lhe senhores feudais lhe asseguravam.asseguravam.

Page 44: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► A “ Lei das Sesmarias “, ao A “ Lei das Sesmarias “, ao remar contra os tempos, remar contra os tempos, ao pretender defender a ao pretender defender a todo o custo o poder dos todo o custo o poder dos grandes proprietários, grandes proprietários, restaurando pela força da restaurando pela força da lei , os moribundos lei , os moribundos costumes de servidão, costumes de servidão, opondo-se ao progresso, opondo-se ao progresso, pôs-se do lado errado da pôs-se do lado errado da História e perdeu.História e perdeu.

Page 45: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► As revoltas e motins sucederam-se, o país “dividiu-se “, como de As revoltas e motins sucederam-se, o país “dividiu-se “, como de costume, e agora, com a morte de D. Fernando, em 1383, a costume, e agora, com a morte de D. Fernando, em 1383, a independência do reino estava em perigo.independência do reino estava em perigo.

E nos dois anos seguintes, a guerra civil e as invasões Castelhanas E nos dois anos seguintes, a guerra civil e as invasões Castelhanas irão devastar, por terra e mar, o território português e a sua irão devastar, por terra e mar, o território português e a sua população.população.

Page 46: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

No conjunto das lutas fratricidas que No conjunto das lutas fratricidas que tinham desde o inicio percorrido tinham desde o inicio percorrido toda a nossa História. os toda a nossa História. os acontecimentos que estiveram na acontecimentos que estiveram na origem da Batalha da origem da Batalha da Alfarrobeira(1448) que opôs o ex Alfarrobeira(1448) que opôs o ex regente D. Pedro a seu sobrinho e regente D. Pedro a seu sobrinho e novo rei D. Afonso V , tiveram em novo rei D. Afonso V , tiveram em termos históricos uma importância termos históricos uma importância particular.particular.

Mal atinge os dezasseis anos , o Mal atinge os dezasseis anos , o jovem Afonso é imposto como rei, jovem Afonso é imposto como rei, pela alta nobreza, terminando com a pela alta nobreza, terminando com a regência de seu tio D. Pedro. Este , regência de seu tio D. Pedro. Este , dois anos antes, tinha formalmente dois anos antes, tinha formalmente transmitido a coroa ao jovem infante transmitido a coroa ao jovem infante mas como pessoa de confiança mais mas como pessoa de confiança mais experiente e avisada, tinha experiente e avisada, tinha continuado a assegurar o governo do continuado a assegurar o governo do reino.reino.

O INFANTE D. PEDRO

Page 47: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► A Alta nobreza mais A Alta nobreza mais conservadora que sempre conservadora que sempre tinha influenciado fortemente tinha influenciado fortemente a educação do jovem infante, a educação do jovem infante, convence-o através da convence-o através da mentira e da intriga, a mentira e da intriga, a prescindir do apoio e dos prescindir do apoio e dos conselhos de seu tio D. Pedro.conselhos de seu tio D. Pedro.

D. Afonso V , ( D. Afonso V , ( O AfricanoO Africano ) ) vai governar como um rei vai governar como um rei feudal nostálgico dos ideais da feudal nostálgico dos ideais da honra e cavalaria que os honra e cavalaria que os tempos pareciam ter já tempos pareciam ter já esbatido.esbatido.

Page 48: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► O confronto do jovem monarca O confronto do jovem monarca com o seu tio que se sentia com o seu tio que se sentia humilhado e maltratado pelo rei e humilhado e maltratado pelo rei e pelas principais famílias, foi pelas principais famílias, foi sobretudo um ajuste de contas do sobretudo um ajuste de contas do passado com o presente. E por passado com o presente. E por algum tempo o passado pareceu algum tempo o passado pareceu ganhar .ganhar .

► As incursões a Africa regressaram As incursões a Africa regressaram em força, e após a morte do em força, e após a morte do Infante D. Henrique , as Infante D. Henrique , as explorações africanas foram explorações africanas foram entregues a particulares . entregues a particulares .

► Só no reinado seguinte com D. Só no reinado seguinte com D. João II, ( O Príncipe Perfeito ), o João II, ( O Príncipe Perfeito ), o país se vira novamente para o país se vira novamente para o futuro e o progressofuturo e o progresso

Page 49: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► A tomada pelos turcos de A tomada pelos turcos de Constantinopla , (1453) o Constantinopla , (1453) o ultimo reduto do Sacro ultimo reduto do Sacro Império Romano do Oriente , Império Romano do Oriente , gerou em toda a Cristandade gerou em toda a Cristandade da época uma sensação de da época uma sensação de perda , humilhação e raiva perda , humilhação e raiva que não podiam em nome de que não podiam em nome de Deus e da Honra ficar Deus e da Honra ficar impunes.impunes.

► As repetidas incursões a As repetidas incursões a Africa. surgem neste Africa. surgem neste contexto e foram sem duvida contexto e foram sem duvida facilitadas, pelo o espírito de facilitadas, pelo o espírito de cavalaria e pelo carácter cavalaria e pelo carácter profundamente religioso de profundamente religioso de D. Afonso V. D. Afonso V.

QUEDA DE CONSTANTINOPLA

Page 50: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► O reinado de D. Afonso V é ainda assinalado pela derrota portuguesa naO reinado de D. Afonso V é ainda assinalado pela derrota portuguesa na “ “Batalha de Toro “, uma espécie de Aljubarrota ao contrário, que põe Batalha de Toro “, uma espécie de Aljubarrota ao contrário, que põe

fim ás aspirações de rei português à coroa espanhola. Mas até nas mais fim ás aspirações de rei português à coroa espanhola. Mas até nas mais humilhantes derrotas os portugueses descobriram sempre entre os humilhantes derrotas os portugueses descobriram sempre entre os seus, personagens que pelo seu suposto sofrimento ou bravura se seus, personagens que pelo seu suposto sofrimento ou bravura se erguiam acima de qualquer desaireerguiam acima de qualquer desaire . .

Page 51: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Mártires que nos piores Mártires que nos piores momentos ajudavam a momentos ajudavam a manter vivo o ânimo de um manter vivo o ânimo de um povo. povo.

Na Batalha de ”Toro “ quem Na Batalha de ”Toro “ quem assumiu esse papel foi o assumiu esse papel foi o Porta –Estandarte , alferes –Porta –Estandarte , alferes –mor de D. Afonso V, Duarte mor de D. Afonso V, Duarte de Almeidade Almeida

( O decepado ) ,que se ( O decepado ) ,que se serviu da boca para segurar serviu da boca para segurar a bandeira portuguesa a bandeira portuguesa quando já não lhe restavam quando já não lhe restavam as mãos que tinha perdido as mãos que tinha perdido durante a batalha.durante a batalha.

Page 52: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Com a derrota portuguesa não se Com a derrota portuguesa não se concretizou o sonho de Henrique IV rei de concretizou o sonho de Henrique IV rei de Leão e Castela em unir os dois reinos Leão e Castela em unir os dois reinos peninsulares. Nem o de D. Afonso V que peninsulares. Nem o de D. Afonso V que ambicionava tornar-se imperador do norte ambicionava tornar-se imperador do norte de África e de toda a Península.de África e de toda a Península.

► Sonho também alimentado pela mulher Sonho também alimentado pela mulher do rei castelhano , Joana de Portugal, irmã do rei castelhano , Joana de Portugal, irmã de D. Afonso V.de D. Afonso V.

► Uma mulher forte que reinava sobre um Uma mulher forte que reinava sobre um rei fraco.rei fraco.

► Tudo começou quando D. Henrique Tudo começou quando D. Henrique designou como sucessora , a infanta dona designou como sucessora , a infanta dona Joana, a sua predilecta, a todos Joana, a sua predilecta, a todos apresentada como sua filha . No entanto , apresentada como sua filha . No entanto , em Castela , nem a nobreza nem o povo em Castela , nem a nobreza nem o povo acreditavam nesta versão e acreditavam nesta versão e consideravam a infanta o resultado das consideravam a infanta o resultado das relações ilegítimas da rainha com um relações ilegítimas da rainha com um nobre de nome Beltran. nobre de nome Beltran.

DONA JOANA

HENRIQUE IV

Page 53: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Por isso recusavam-se a acatar Por isso recusavam-se a acatar a vontade do rei. a vontade do rei.

Os conflitos e a luta pelo poder Os conflitos e a luta pelo poder eclodiram .eclodiram .

Para defender a honra da irmã , Para defender a honra da irmã , e fazer prevalecer a vontade de e fazer prevalecer a vontade de Henrique IV, que de resto Henrique IV, que de resto coincidia com as suas próprias coincidia com as suas próprias ambições, D. Afonso V casa com a ambições, D. Afonso V casa com a sobrinha Dona Joana , e mal o rei sobrinha Dona Joana , e mal o rei morre, invade Castela, com o morre, invade Castela, com o objectivo de ocupar o trono que objectivo de ocupar o trono que outros lhe disputavam : Os que outros lhe disputavam : Os que sempre se tinham oposto à sempre se tinham oposto à escolha da infanta Joana como escolha da infanta Joana como futura rainhas e se agrupavam futura rainhas e se agrupavam em torno da Infanta Dona Isabel, em torno da Infanta Dona Isabel, esposa de esposa de

D. Fernando rei de Aragão.D. Fernando rei de Aragão.

DONA JOANA “A BELTRANEJA”

Page 54: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

A” Beltraneja” como lhe A” Beltraneja” como lhe chamava o povo casou-se de chamava o povo casou-se de facto com D. Afonso V, facto com D. Afonso V, cumprindo-se o desejo de cumprindo-se o desejo de Henrique IV.Henrique IV.

Mas a derrota de “ Toro”, Mas a derrota de “ Toro”, frente ao exercito de Dona frente ao exercito de Dona Isabel afastou ainda mais os Isabel afastou ainda mais os dois reinos e contribuiu para o dois reinos e contribuiu para o progressivo desânimo de um progressivo desânimo de um rei a quem já não apetecia rei a quem já não apetecia reinar.reinar.

Um rei que pensou em Um rei que pensou em abdicar em favor do filho , abdicar em favor do filho , tornando-se romeiro ,juntando-tornando-se romeiro ,juntando-se a outros que se dirigiam a se a outros que se dirigiam a Jerusalem. A Terra Santa.Jerusalem. A Terra Santa.

Page 55: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Mas apesar de convencido Mas apesar de convencido a desistir da ideia, todo o a desistir da ideia, todo o comportamento de D. Afonso comportamento de D. Afonso V apressou a passagem do V apressou a passagem do poder para as mãos do seu poder para as mãos do seu filho.filho.

O futuro D. João II passou a O futuro D. João II passou a familiarizar-se com os familiarizar-se com os assuntos da governação assuntos da governação mesmo antes de ter chegado mesmo antes de ter chegado o seu tempo.o seu tempo.

E durante o seu reinado “ E durante o seu reinado “ O Príncipe Perfeito” saberá O Príncipe Perfeito” saberá usar essa vantagem.usar essa vantagem.

A vantagem de conhecer A vantagem de conhecer melhor que ninguém os melhor que ninguém os mecanismos da governação e mecanismos da governação e do poder.do poder.

Page 56: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► É ainda no reinado de D. Afonso V que é assinado o” Tratado de Alcáçovas” fazendo a paz É ainda no reinado de D. Afonso V que é assinado o” Tratado de Alcáçovas” fazendo a paz entre Portugal e Castela que desde Afonso IV disputavam entre si, a posse das ilhas Canárias.entre Portugal e Castela que desde Afonso IV disputavam entre si, a posse das ilhas Canárias.

► Dividia-se pela primeira vez o mundo entre os dois reinos , através de um meridiano que Dividia-se pela primeira vez o mundo entre os dois reinos , através de um meridiano que passava horizontalmente a sul das ilhas Canárias.passava horizontalmente a sul das ilhas Canárias.

► As regiões para baixo dessa linha seriam portuguesas.As regiões para baixo dessa linha seriam portuguesas.

Page 57: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► O tratado de Tordesilhas , assinado após a descoberta da América, O tratado de Tordesilhas , assinado após a descoberta da América, surgirá da necessidade em actualizar, este tratado que conferia a posse surgirá da necessidade em actualizar, este tratado que conferia a posse dos novos territórios a Portugal tal como reivindicava D. João II .dos novos territórios a Portugal tal como reivindicava D. João II .

► O poder e influencia que Castela gozava junto de Roma, levaram o O poder e influencia que Castela gozava junto de Roma, levaram o Papa a intervir tomando o partido castelhano .Papa a intervir tomando o partido castelhano .

► Castela garantia em Tordesilhas, a posse dos territórios descobertos. Castela garantia em Tordesilhas, a posse dos territórios descobertos. Mas um novo meridiano desta, vez vertical, passava a dividir o mundo, Mas um novo meridiano desta, vez vertical, passava a dividir o mundo, com as consequências que Portugueses e Brasileiros bem conhecem…com as consequências que Portugueses e Brasileiros bem conhecem…

Page 58: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Mas foi sem dúvida durante o reinado Mas foi sem dúvida durante o reinado de D. João II, que o centralismo e de D. João II, que o centralismo e autoritarismo reais atingiram um dos autoritarismo reais atingiram um dos seus pontos mais altos, confundindo-se seus pontos mais altos, confundindo-se com a tirania.com a tirania.

► D. João II governará de facto ,“como um D. João II governará de facto ,“como um déspota iluminado”, precedendo os déspota iluminado”, precedendo os absolutismos católicos, que de Portugal absolutismos católicos, que de Portugal a França se instalarão por mais de um a França se instalarão por mais de um século na Europa.século na Europa.

► A execução do duque de Bragança a A execução do duque de Bragança a pretexto de uma conspiração nunca pretexto de uma conspiração nunca provada , foi apenas o pretexto para o provada , foi apenas o pretexto para o rei se apoderar da imensa riqueza da rei se apoderar da imensa riqueza da sua família ao mesmo tempo que sua família ao mesmo tempo que eliminava o seu principal rival.eliminava o seu principal rival.

Page 59: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

As Conspirações que cedo se multiplicaram, como resposta de sectores da alta nobreza aos excessos de autoridade do rei , foram implacavelmente reprimidas e seguidas da execução publica dos seus autores e cúmplices. .

O clero , com a eliminação do bispo de Évora, envenenado na prisão, com a confiscação de bens e limitação de privilégios de que foi alvo, não guardou também boas recordações deste período.

D. João II

Page 60: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Esta determinação e Esta determinação e crueldade que D. João II crueldade que D. João II exibia perante os seus exibia perante os seus adversários reais ou adversários reais ou potenciais, semeou um potenciais, semeou um período de terror entre período de terror entre toda a nobreza.toda a nobreza.

► A autoridade do rei, A autoridade do rei, rodeado de um implacável rodeado de um implacável aparelho repressivo que aparelho repressivo que assentava na vigilância, assentava na vigilância, denúncia e tortura, denúncia e tortura, tornou-se rapidamente tornou-se rapidamente incontestada.incontestada.

Page 61: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Aos mesmos processos Aos mesmos processos recorrerá mais tarde recorrerá mais tarde

► o “ Marquês de Pombal em o “ Marquês de Pombal em pleno apogeu do pleno apogeu do Absolutismo no reinado de Absolutismo no reinado de D. José I.D. José I.

► Desta vez as vítimas serão “ Desta vez as vítimas serão “ Os Távora “.A sombra do Os Távora “.A sombra do explendor do rei .A mais explendor do rei .A mais poderosa e influente família poderosa e influente família do país que verá os seus do país que verá os seus patriarcas serem patriarcas serem publicamente executados, publicamente executados, depois de sob tortura depois de sob tortura terem confessado conspirar terem confessado conspirar contra o rei. contra o rei.

Page 62: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Precedendo o Absolutismo , D. João II, Precedendo o Absolutismo , D. João II, rapidamente impôs, pelo seu carácter rapidamente impôs, pelo seu carácter determinado e autoritário, e pelos determinado e autoritário, e pelos recursos de que dispunha, a sua vontade recursos de que dispunha, a sua vontade a todos os grupos sociais . Entretanto a todos os grupos sociais . Entretanto num eficaz” corpo” de num eficaz” corpo” de informadores ,juízes e carrascos também informadores ,juízes e carrascos também ajudava.ajudava.

► E para esmagar a competição ,os grandes E para esmagar a competição ,os grandes terratenentes (nobres e clérigos) não teve terratenentes (nobres e clérigos) não teve sequer que se apoiar na burguesia, com sequer que se apoiar na burguesia, com quem era de resto igualmente implacável. quem era de resto igualmente implacável. Entretanto o povo venerava-o…Entretanto o povo venerava-o…

► Os crescentes proventos ( ouro prata Os crescentes proventos ( ouro prata marfim escravos) oriundos das feitorias marfim escravos) oriundos das feitorias Africanas de Arguim e da Mina tinham Africanas de Arguim e da Mina tinham tornado a coroa, numa entidade que já tornado a coroa, numa entidade que já não dependia dos impostos e da riqueza não dependia dos impostos e da riqueza gerada no reinogerada no reino . .

Page 63: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

D. Manuel tentou governar de forma menos autoritária e cruel do que o seu antecessor, D. João II. As grandes famílias nobres sentiam-se menos hostilizadas, apesar de vigiadas e controladas . E a lealdade era recompensada.

Esta política mais “suave” foi facilitada pelo desmantelamento das principais famílias da Alta Nobreza, acusadas de conspiração, que ocorreu no reinado de D. João II.

Page 64: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► De facto, a enorme riqueza acumulada pela Coroa com o De facto, a enorme riqueza acumulada pela Coroa com o Monopólio das descobertas, e o sistema burocrático que ele Monopólio das descobertas, e o sistema burocrático que ele criou, permitiram ao rei uma generosa distribuição de dinheiro, criou, permitiram ao rei uma generosa distribuição de dinheiro, cargos, e privilégios que facilitaram uma paz social duradoura.cargos, e privilégios que facilitaram uma paz social duradoura.

Page 65: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► As “ Ordenações Manuelinas”, As “ Ordenações Manuelinas”,

publicadas entre 1514 e 1521, publicadas entre 1514 e 1521, eram uma recolha sistematizada eram uma recolha sistematizada das leis e foros dispersos pelo das leis e foros dispersos pelo reino.reino.

Uma versão revista e Uma versão revista e melhorada das “Ordenações melhorada das “Ordenações Afonsinas”, com ligeiras Afonsinas”, com ligeiras adaptações ao estilo da época.adaptações ao estilo da época.

Mais do que introduzirem Mais do que introduzirem alterações jurídicas significativas, alterações jurídicas significativas, as “Ordenações Manuelinas” as “Ordenações Manuelinas” pretendiam engrandecer a figura pretendiam engrandecer a figura do Monarca, que se servia da do Monarca, que se servia da recém-descoberta Imprensa recém-descoberta Imprensa (Gutenberg) para aumentar o seu (Gutenberg) para aumentar o seu prestígio. prestígio.

LIVRO DAS ORDENAÇÔES MANUELINAS

Page 66: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Mas o reinado de D Manuel é, Mas o reinado de D Manuel é, também, tristemente recordado também, tristemente recordado pela aliança envergonhada com pela aliança envergonhada com a Inquisição, responsável pela a Inquisição, responsável pela perseguição e morte de perseguição e morte de milhares de judeus. O tribunal milhares de judeus. O tribunal da “inquisição” ou do Santo da “inquisição” ou do Santo Oficio só será formalmente Oficio só será formalmente criado em 1545 no Concilio de criado em 1545 no Concilio de Trento, no tempo de D. João III, Trento, no tempo de D. João III, mas a prática da tortura , da mas a prática da tortura , da condenação à morte “ pelo fogo condenação à morte “ pelo fogo dos hereges era antiga .Tinha-dos hereges era antiga .Tinha-se refinado ao longo dos se refinado ao longo dos tempos, tolerada ou alimentada tempos, tolerada ou alimentada pelos reis , de acordo com as pelos reis , de acordo com as conveniências. As suas e as da conveniências. As suas e as da Igreja, que de resto eram quase Igreja, que de resto eram quase sempre coincidentes. sempre coincidentes.

Page 67: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Os chamados Cristãos - Novos, que resultaram da apressada conversão dos Judeus portugueses e castelhanos mais influentes e ricos, que desta forma escapavam à fogueira ou ao exílio, foram apenas um sinal da má consciência do Rei.

Page 68: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

A Inquisição, há muito que se tinha A Inquisição, há muito que se tinha instalado em Castela, com o fervoroso instalado em Castela, com o fervoroso apoio da rainha Isabel “a Católica”, apoio da rainha Isabel “a Católica”, com cuja filha D. Manuel pensava com cuja filha D. Manuel pensava casar.casar.

A rainha punha no entanto uma A rainha punha no entanto uma condição para que a união se condição para que a união se concretizasse :concretizasse :

que fossem expulsos de Portugal todos que fossem expulsos de Portugal todos os judeus , incluindo os castelhanos os judeus , incluindo os castelhanos que para aqui tinham fugido à que para aqui tinham fugido à Inquisição.Inquisição.

A conversão forçada dos judeus foi a A conversão forçada dos judeus foi a forma encontrada por D. Manuel, forma encontrada por D. Manuel, neste contexto, para evitar a fuga do neste contexto, para evitar a fuga do país de gente rica influente e de país de gente rica influente e de mérito, de resto bem representada na mérito, de resto bem representada na sua corte, respeitando as condições sua corte, respeitando as condições impostas pelo contrato pré-matrimonial impostas pelo contrato pré-matrimonial ..

Page 69: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

►Pouco depois ,a morte prematura do herdeiro da coroa de Castela, o príncipe João, colocava, de repente, a rainha Isabel casada com D. Manuel I, na linha directa da sucessão ao trono.

► O velho sonho de muitos reis peninsulares ,a criação de um grande império católico que resultaria da união de Portugal e Castela , parecia finalmente estar próxima.

D. MANUEL I

ISABEL DE CASTELA

Page 70: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► O sonho continuou velho, pois tal O sonho continuou velho, pois tal

união nunca se concretizou.união nunca se concretizou.

► Dona Isabel morre, e pouco depois Dona Isabel morre, e pouco depois o mesmo acontece ao infante D. o mesmo acontece ao infante D. Miguel da Paz ,ainda criança, que Miguel da Paz ,ainda criança, que estava destinado a herdar a coroa estava destinado a herdar a coroa dos três reinos: Portugal, Castela e dos três reinos: Portugal, Castela e Aragão.Aragão.

► Foi pois neste contexto pré e pós – Foi pois neste contexto pré e pós – matrimonial, de aproximação dos matrimonial, de aproximação dos reinos peninsulares, que a reinos peninsulares, que a Inquisição entrou em força em Inquisição entrou em força em Portugal. Portugal.

Como em Castela, a Inquisição foi Como em Castela, a Inquisição foi utilizada por D. Manuel I ,como utilizada por D. Manuel I ,como instrumento e suporte do instrumento e suporte do centralismo real, com os resultados centralismo real, com os resultados que se conhecem:que se conhecem: INQUISIÇÃO E TORTURA

Page 71: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Condenações arbitrárias à Condenações arbitrárias à morte, falsas ou forçadas morte, falsas ou forçadas conversões, fugas em massa do conversões, fugas em massa do país e a criação de um clima de país e a criação de um clima de medo que atingiu todas as medo que atingiu todas as minorias religiosas.minorias religiosas.

A conversão por “decreto”dos A conversão por “decreto”dos judeus em Portugal não passou judeus em Portugal não passou de uma farsa, montada por D. de uma farsa, montada por D. Manuel. A “solução milagrosa “ Manuel. A “solução milagrosa “ para evitar que o país sofresse para evitar que o país sofresse as consequências desastrosas, as consequências desastrosas, que resultariam da fuga de que resultariam da fuga de algumas famílias judias.algumas famílias judias.

Homens de negócios, altos Homens de negócios, altos funcionários do reino ,e funcionários do reino ,e proeminentes cientistas e proeminentes cientistas e intelectuais de que o país não intelectuais de que o país não podia prescindir.podia prescindir.

Page 72: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Assim , a maioria dos Judeus convertidos em Cristãos–Novos Assim , a maioria dos Judeus convertidos em Cristãos–Novos conservou, secretamente, a sua religião, símbolos e costumes.conservou, secretamente, a sua religião, símbolos e costumes.

► Designados pelos Cristãos -Velhos de Marranos ou Cripto-Judeus, Designados pelos Cristãos -Velhos de Marranos ou Cripto-Judeus, foram sendo empurrados para zonas específicas das cidades (as foram sendo empurrados para zonas específicas das cidades (as Judiarias) onde eram alvo de uma apertada vigilância por parte da Judiarias) onde eram alvo de uma apertada vigilância por parte da Igreja, assente na denúncia dos que invejavam a sua relativa riqueza Igreja, assente na denúncia dos que invejavam a sua relativa riqueza e instrução.e instrução.

A MENORAHA ESTRELA DE DAVID

Cerimónia secreta Marrana

Page 73: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Pedro Nunes , matemático, cartógrafo e inventor do nónio; e Garcia Pedro Nunes , matemático, cartógrafo e inventor do nónio; e Garcia da Horta, botânico que se estabeleceu na Índia fugindo à Inquisição, da Horta, botânico que se estabeleceu na Índia fugindo à Inquisição, contam-se entre os mais ilustres Judeus, vítimas da intolerância contam-se entre os mais ilustres Judeus, vítimas da intolerância religiosa que então reinava em Portugal e Castela.religiosa que então reinava em Portugal e Castela.

Apesar de ambos terem sobrevivido às perseguições, o mesmo não Apesar de ambos terem sobrevivido às perseguições, o mesmo não se passou com vários membros das respectivas famílias que foram se passou com vários membros das respectivas famílias que foram torturados e mortos pela roda ou pela fogueira.torturados e mortos pela roda ou pela fogueira.

Page 74: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Muitos outros homens das artes Muitos outros homens das artes da ciência e do saber em geral, da ciência e do saber em geral, fugiram, nesta altura, de Portugal fugiram, nesta altura, de Portugal e de Castela, exilando-se nos e de Castela, exilando-se nos países do norte da Europa países do norte da Europa ( protestante, anti - papal) , onde ( protestante, anti - papal) , onde reinava um clima de tolerância reinava um clima de tolerância estabelecido pela Reforma estabelecido pela Reforma Luterana.Luterana.

► O Movimento da Reforma iniciado O Movimento da Reforma iniciado no século XVI insurgia-se contra o no século XVI insurgia-se contra o fausto e o poder terreno que a fausto e o poder terreno que a Igreja Romana exibia, defendendo Igreja Romana exibia, defendendo um retorno à contemplação, à um retorno à contemplação, à simplicidade e às boas acções simplicidade e às boas acções preconizadas pelas sagradas preconizadas pelas sagradas escrituras. E sobretudo um escrituras. E sobretudo um regresso à Fé. A única via para a regresso à Fé. A única via para a salvação. salvação.

Martinho Lutero

Page 75: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Lutero começou por criticar Lutero começou por criticar abertamente a venda de Indulgências abertamente a venda de Indulgências que a igreja Romana recorria cada vez que a igreja Romana recorria cada vez mais para manter o poder e o fausto mais para manter o poder e o fausto que exibia. Mas foi mais longe. que exibia. Mas foi mais longe. Considerou a usura e a noção de lucro Considerou a usura e a noção de lucro como conceitos anti - cristãos .como conceitos anti - cristãos .

► Condenou o culto das imagens e Condenou o culto das imagens e defendeu a revogação do celibato que defendeu a revogação do celibato que era imposto aos sacerdotes. Ainda por era imposto aos sacerdotes. Ainda por cima considerava que o Anti - Cristo cima considerava que o Anti - Cristo tinha chegado. Era o Papa.tinha chegado. Era o Papa.

► A reforma luterana nascida pela A reforma luterana nascida pela abertura nas mentalidades que o abertura nas mentalidades que o movimento do renascimento movimento do renascimento possibilitou, teve no Calvinismo a sua possibilitou, teve no Calvinismo a sua versão Francesa . versão Francesa .

Com Henrique VIII, em ruptura com o Com Henrique VIII, em ruptura com o papa , por motivos mais pessoais e papa , por motivos mais pessoais e políticos do que religiosos, estende-se políticos do que religiosos, estende-se também a Inglaterra.também a Inglaterra.

Page 76: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Reunida no “Concilio de Trento”,entre 1545 e 1563, a igreja de romana e Reunida no “Concilio de Trento”,entre 1545 e 1563, a igreja de romana e papal ,tentou contrariar o movimento reformista através de uma doutrinação papal ,tentou contrariar o movimento reformista através de uma doutrinação ainda mais dogmática e culpabilizante , de que encarregou os Jesuítas. Na ainda mais dogmática e culpabilizante , de que encarregou os Jesuítas. Na Europa, e nos territórios colonizados mundo fora , pelos países Católicos.Europa, e nos territórios colonizados mundo fora , pelos países Católicos.

► A “Inquisição “ notabilizou-se, nesses tempos , como instrumento da reacção A “Inquisição “ notabilizou-se, nesses tempos , como instrumento da reacção do Papa contra as “novas heresias “, no contexto mais amplo da Contra - do Papa contra as “novas heresias “, no contexto mais amplo da Contra - Reforma que se instalou na Europa do sul (católica e papal) na segunda Reforma que se instalou na Europa do sul (católica e papal) na segunda metade do século XVImetade do século XVI

O CONCÌLIO DE TRENTO-1545-1563

Page 77: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Assim foi instituído o Tribunal do Santo Oficio e criado o célebre” Índex Librorum Proibitorum “ visando impedir a divulgação das ideias reformistas, consideradas heréticas pelo Papa. Uma lista do que não se podia ler. A divisão dos cristãos entre católicos e protestantes estava definitivamente instalada .

E do clima de intolerância e fanatismo que por estas bandas passou a reinar, muito aproveitaram os países Reformistas que, de braços abertos, recebiam estes exilados com todo o seu saber experiência e, muitas vezes, considerável riqueza.

Page 78: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

► Em 1540, tinha já entrado em Em 1540, tinha já entrado em Portugal a” Companhia de Jesus ,“ Portugal a” Companhia de Jesus ,“ aquela que será a mais importante aquela que será a mais importante ordem religiosa dos séculos XVI e ordem religiosa dos séculos XVI e XVII.XVII.

► Enquanto a inquisição se dedicava Enquanto a inquisição se dedicava

a erradicar pela fogueira heresias , a erradicar pela fogueira heresias , superstições, e bruxarias várias, superstições, e bruxarias várias, aos jesuítas interessava sobretudo aos jesuítas interessava sobretudo a prevenção.a prevenção.

► Por isso os mais jovens eram o seu Por isso os mais jovens eram o seu alvo e uma educação canónica, o alvo e uma educação canónica, o meio, para cimentarem “a meio, para cimentarem “a verdadeira mensagem de Cristo”.verdadeira mensagem de Cristo”.

Homem condenado à morte pelo fogo

Page 79: 9 A Afirmação da Monarquia e a  Centralização do Poder Real

Nos tempos seguintes ,os Jesuítas, controlarão todo o ensino incluindo o Universitário, e toda a actividade missionária em Portugal e nos novos territórios de além-mar, até serem extintos pelo Marquês de Pombal no séc. XVIII.

Competindo entre si no poder na riqueza e sobretudo na influencia que exerciam junto da coroa , as relações entre a inquisição e os Jesuítas nunca foram muito cordiais.

Em 1640 entrarão mesmo em conflito quando ao contrário da inquisição os jesuítas se colocam do lado de D. João IV e da Restauração da Independência.

A Expulsão dos Jesuítas