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Crise da água em São Paulo: Quanto falta para o desastre?

A Crise da água

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Crise da água em São Paulo: Quanto falta para o desastre?

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CADÊ A ABUNDÂNCIA?Reservatório do Sistema Cantareira em Bragança Paulista. A crise mostra como o país precisa mudar a forma como lida com a água (Foto: Luis Moura/Estadão Conteúdo)

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COMO A CRISE SURGIU?

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A crise em São Paulo é, em parte, consequência da falta de água nas cabeceiras de rios que abastecem o Sistema Cantareira. Trata-se de um conjunto de represas responsável por abastecer 9 milhões de habitantes na Grande São Paulo. Todo esse sistema depende das chuvas do verão. Em anos normais, nos meses secos e frios, de junho a agosto, a precipitação é de menos de 150 milímetros. Isso é, normalmente, compensado no primeiro trimestre, que soma cerca de 600 milímetros. Desde o ano passado, as chuvas não vêm no volume esperado. “A maioria dos meses de 2013 já havia registrado níveis de pluviosidade abaixo da média dos últimos 30 anos”, diz o meteorologista Marcelo Shneider, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “A situação ficou pior a partir de outubro e novembro. Foi um clima anômalo em todo o Sudeste, não apenas na Cantareira.” Nos três primeiros meses de 2014, em vez dos esperados 600 milímetros, caíram menos de 300 milímetros.

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O governo estadual põe a culpa na falta de chuva, mas ela não explica a história sozinha. A estiagem deste ano apenas tornou evidente quanto o sistema é frágil e quão escassa a água é, mesmo num país tropical. O Sistema Cantareira existe desde a década de 1970. Ele retira água das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Em 2004, a Sabesp (empresa de abastecimento da capital e de outras cidades) fez obras, aumentou o volume do Sistema Cantareira e renovou sua autorização para administrá-lo. O governo estadual permitiu a retirada de 36.000 litros de água por segundo, a maior parte destinada à Grande São Paulo. Esse volume de extração, segundo Antonio Carlos Zuffo, hidrólogo da Unicamp, supera o recomendável para a capacidade das represas. “Quando a outorga foi renovada, o governo subiu o volume de litros que poderia ser retirado com a condição de que fossem feitas mais obras para aumentar a capacidade de armazenamento das represas. E elas não ocorreram no ritmo previsto”, afirma.

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A renovação da outorga previa a revisão de estudos hidrológicos, a criação de um plano de contingência para situações emergenciais e ações para reduzir a dependência que São Paulo tem do Sistema Cantareira. Nem todas as ações planejadas foram colocadas em prática. O problema chamou a atenção do Ministério Público. A promotora Alexandra Martins acredita que o poder público não deu a devida atenção ao caso. “Detectamos uma série de problemas no cálculo da destinação de água a cada área. A população cresceu muito e o volume não foi ampliado nos últimos 30 anos”, diz. Questionada por ÉPOCA, a Sabesp respondeu que fez as obras necessárias.

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COMO A CRISE PODERIA

SER EVITADA?

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São Paulo já passou por momentos climáticos extremos antes. Em 2004, o nível do reservatório do Sistema Cantareira ficou abaixo dos 30%.

• A Sabesp iniciou então um racionamento de água por rodízio de bairros.

• Fez obras para acessar o que era, até aquele momento, uma reserva de emergência. Trata-se da água que fica abaixo do ponto de captação nos reservatórios, conhecido pelo termo “volume morto”. Nos anos seguintes, por sorte, os reservatórios voltaram a encher.

• Em 2011, experimentamos o ex. Fortes chuvas atingiram a região. As comportas dos reservatórios precisaram ser abertas para liberar o excesso de água. “Havia um nível superior a 100% no sistema, algo nunca antes registrado”, diz Francisco Lahóz, secretário executivo do consórcio PCJ (Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí).

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Em São Paulo, a Sabesp tomou quatro medidas emergenciais para evitar o racionamento: • redução de tarifa para quem reduzir em 20% o

consumo; obras que trazem águas de outras represas (do Sistema Alto Tietê e de Guarapiranga);

• a instalação de 17 bombas flutuantes, que extraem água do volume morto; e uma campanha nas rádios e TVs, para convencer a população a economizar água;

• a quantidade de água retirada dos reservatórios do Sistema Cantareira caiu de 31.000 litros de água por segundo, antes da crise, para 23.000 litros por segundo, em maio.

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25 MANDAMENTOS

DA ESTIAGEM

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25 ações deliberadas pelo grupo de Eventos Extremos do Consórcio PCJ

sobre a estiagem:

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1) Inscrever sua entidade/empresa/associação no site da ANA (www.ana.gov.br) para participar com perguntas e sugestões nas audiências públicas sobre a renovação da outorga do Sistema Cantareira, marcadas para os dias 13 e 14/02 nos municípios de Campinas e São Paulo;2) Ler a proposta da outorga, disponível no site dos Comitês PCJ (www.comitespcj.org.br);3) Pensar em sugestões para um melhor aproveitamento da ferramenta “Banco de Águas”, que contemple de forma justa as Bacias PCJ e Alto Tietê;4) Participação dos serviços de saneamento no processo de renovação da outorga do Cantareira, para que externem suas dificuldades na captação de água e o encarecimento do custo de tratamento da água nos sistemas;

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5) Cadastramento de caminhões pipas pelas prefeituras e empresas, sendo que os caminhões que transportam água bruta não poderão transportar água potável, devido ao risco à saúde pública por contaminação da água;6) Acesso e cadastramento pelas prefeituras de todos os poços de água profundos disponíveis no município;7) Apoiar todas as reivindicações e recomendações da promotoria pública regional (GAEMA Piracicaba e Campinas), estadual e federal;8) Cobrar dos organismos gestores as responsabilidades previstas em lei;

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9) Elaboração de um modelo de decreto municipal com medidas para o controle dos desperdícios de água realizados pela população;10) Exigir o direito à cidadania e ao uso prioritário dos recursos hídricos para o consumo humano e dessedentação dos animais;11) Sensibilizar a população quanto às consequências das captações irregulares, e aumentar a fiscalização para impedir que elas aconteçam;12) Incentivar a implantação de novas tecnologias na agricultura (exemplo: gotejamento);

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13) Preservação e recuperação de nascentes nas áreas rurais, e reflorestamento das matas ciliares dos rios;14) Implantação de programas que visem o pagamento por serviços ambientais nos municípios;15) Construção de fossas sépticas na zona rural, e tratamento de 100% do esgoto municipal;16) Construção de pequenos reservatórios para captação de água de chuva em propriedades rurais;17) Solicitar a participação de membros do Consórcio e Comitê PCJ no comitê de crise que está sendo criado pela ANA, DAEE e SABESP;

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18) Revisão da outorga do Sistema Cantareira a cada cinco anos, para garantir uma gestão participativa, descentralizada e equilibrada de todo o sistema;19) Sensibilizar e conscientizar toda a sociedade sobre a problemática dos recursos hídricos em nossa região através da educação ambiental;20) Implantação de reuso de água, aproveitamento de água de chuva e lavagem a seco de veículos;21) Declaração de estado de emergência ou calamidade pública devido à estiagem através da criação de decretos municipais (exemplos disponíveis no site do Ministério da Integração Regional www.mi.gov.br/como-solicitar-o-reconhecimento-federal); 22) Construção de novas barragens: Pedreira, Duas Pontes, entre outras) para auxiliar o Sistema Cantareira em momentos críticos;

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23) Estudo de viabilidade para transposição de bacias, em regimes de emergência, como por exemplo através dos reservatórios de Igaratá e Paraibuna.23) Viabilização pelos governos estadual e federal de um megaprojeto para suprir a necessidade hídrica das Bacias PCJ e Alto Tietê, através da contribuição financeira da população dessas Bacias (R$1,00 a mais em suas contas de água, por exemplo), para custear o projeto;24) Construção de barragens municipais para que as prefeituras não dependam somente das calhas dos rios para o abastecimento da população;25) Realização de uma grande manifestação - “Ato do Cantareira” - para chamar a atenção de toda a sociedade (inclusive do Alto Tietê) quanto à crise existente nas regiões abastecidas pelo sistema.

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A CRISE DA ÁGUA AFETA APENAS SÃO PAULO?

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O BRASIL PEDE ÁGUA

A cena não é um pesadelo distante. Trata-se de um cenário pessimista, mas possível, para o que ocorrerá a partir de novembro. Moradores de São Paulo sentem, hoje, o que já sofreram em anos anteriores cidadãos castigados pela seca em Estados tão distantes quanto Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Pernambuco. A mistura de falta de planejamento, administração ruim, eventos climáticos extremos e consumo excessivo ameaça o fornecimento de água em cidades pelo Brasil todo. O episódio ensina lições aos governos. E exige respostas para perguntas que todo cidadão deve fazer a si mesmo e aos candidatos nas próximas eleições.

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O QUE VEM PELA FRENTE?

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Os modelos de meteorologia não conseguem mostrar, com precisão, como será o próximo verão nas nascentes do Sistema Cantareira. O mais provável, pelos dados atuais, é que chova algo abaixo da média. Nesse cenário, o volume de água das represas se recupera um pouco, mas não passa dos 40%. Isso evitará a situação de emergência no próximo verão, mas não afastará o problema para os anos seguintes. A Sabesp precisará, portanto, manter os bônus para quem economizar água e talvez aplicar multas a quem desperdiçar. Há também cenários otimistas. A formação de um El Niño – um aquecimento cíclico das águas do Oceano Pacífico com efeitos no mundo todo – poderia trazer mais chuvas para a região.

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Isso já aconteceu no El Niño de 1982-1983. Mas é pequena a chance de isso se repetir. Segundo Zuffo, da Unicamp, o Sistema Cantareira tem condições de se recuperar da seca prolongada se o regime de chuvas normalizar nos próximos cinco a dez anos. “Se chover, e se o consumo não for maior do que o sistema aguenta, os reservatórios conseguem se recuperar a uma taxa de 10% a 20% ao ano”, diz. “Se não chover, o abastecimento será comprometido. Enfrentamos um risco grande.” E mais: no ritmo atual, em 30 anos São Paulo precisará de mais 25.000 litros de água por segundo – praticamente um novo Sistema Cantareira.

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CONSCIÊNCIA É NECESSÁRIA...

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Sugestão de textos a serem trabalhadosTexto 1- Brasil pode enfrentar falta de águaMais da metade dos municípios brasileiros podem ficar sem água em 2015, segundo a Agência NacionalLuana Lourenço

Brasília - Dono do maior potencial hídrico do planeta, o Brasil corre o risco de chegar a 2015 com problemas de abastecimento de água em mais da metade dos municípios. O diagnóstico está no Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água, lançado ontem pela Agência Nacional de Águas (ANA). O levantamento mapeou as tendências de demanda e oferta de água nos 5.565 municípios brasileiros e estimou em R$ 22 bilhões o total de investimentos necessários para evitar a escassez.Considerando a disponibilidade hídrica e as condições de infraestrutura dos sistemas de produção e distribuição, os dados revelam que em 2015, 55% dos municípios brasileiros poderão ter déficit no abastecimento de água, entre eles grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e o Distrito Federal. O percentual representa 71% da população urbana do país, 125 milhões de pessoas, já considerado o aumento demográfico.

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TEXTO 2-

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TEXTO 3- SÃO NECESSÁRIOS INVESTIMENTOS DE R$ 22 BILHÕES PARA EVITAR A ESCASSEZ DE ÁGUA ".“A maior parte dos problemas de abastecimento urbano do país está relacionada com a capacidade dos sistemas de produção, impondo alternativas técnicas para a ampliação das unidades de captação, adução e tratamento”, aponta o relatório.O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, disse que o atlas foi elaborado para orientar o planejamento da gestão de águas no país. Segundo ele, como atualmente mais de 90% dos domicílios brasileiros têm acesso à rede de abastecimento de água, a escassez parece uma ameaça distante, como se não fosse possível haver problemas no futuro. “Existe uma cultura da abundância de água que não é verdadeira, porque a distribuição é absolutamente desigual. O atlas mostra que é preciso se antecipar a uma situação para evitar que o quadro apresentado [de déficit] venha a ser consolidado”, avalia.

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De acordo com o levantamento, as regiões Norte e Nordeste são as que têm, relativamente, os maiores problemas nos sistemas produtores de água. Apesar de a Amazônia concentrar 81% do potencial hídrico do país, na Região Norte menos de 14% da população urbana é atendida por sistemas de abastecimento satisfatórios. No Nordeste, esse percentual é de 18% e a região também concentra os maiores problemas com disponibilidade de mananciais, por conta da escassez de chuvas.O documento da ANA calcula em R$ 22,2 bilhões o investimento necessário para evitar que o desabastecimento atinja mais da metade das cidades brasileiras. O dinheiro deverá financiar um conjunto de obras para o aproveitamento de novos mananciais e para adequações no sistema de produção de água.

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A maior parcelas dos investimentos deverá ser direcionada para capitais, grandes regiões metropolitanas e para o semi-árido nordestino. “Em função do maior número de aglomerados urbanos e da existência da região do semi-árido, que demandam grandes esforços para a garantia hídrica do abastecimento de água, o Rio de Janeiro, São Paulo, a Bahia e Pernambuco reúnem 51% dos investimentos, concentrados em 730 cidades”, detalha o atlas.“Esperamos que os órgãos executores assumam o atlas como referência para os projetos. Ele é um instrumento de planejamento qualificado, dá a dimensão de onde o problema é grande e precisa de grandes investimentos e onde é pequeno, mas igualmente relevante”, pondera Andreu.Além do dinheiro para produção de água, o levantamento também aponta necessidade de investimentos significativos em coleta e tratamento de esgotos. O volume de recursos não seria suficiente para universalizar os serviços de saneamento no país, mas poderia reduzir a poluição de águas que são utilizadas como fonte de captação para abastecimento urbano.

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Andreu espera que o diagnóstico subsidie a elaboração de projetos integrados, compartilhados entre os órgão executores. “Ao longo do tempo, o planejamento acabou se dando apenas no âmbito do município, que busca uma solução isolada, como se as cidades fossem ilhas. É preciso buscar uma forma de integração, de planejamento mais amplo, preferencialmente por bacia hidrográfica”, sugere o diretor-presidente da agência reguladora.“Ainda não estamos no padrão de culturas que já assumiram mais cuidado com a água. Mas estamos no caminho, e o atlas pode ser um instrumento dessa mudança”. (Agência Brasil).

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TEXTO 4-

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TEXTO 5-

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TEXTO 6-

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TEXTO 7-

Planeta Água Guilherme ArantesÁgua que nasce na fonte serena do mundoE que abre um profundo grotãoÁgua que faz inocente riachoE deságua na corrente do ribeirãoÁguas escuras dos riosQue levam a fertilidade ao sertãoÁguas que banham aldeiasE matam a sede da populaçãoÁguas que caem das pedrasNo véu das cascatas, ronco de trovãoE depois dormem tranquilasNo leito dos lagosNo leito dos lagosÁgua dos igarapésOnde Iara, a mãe d'águaÉ misteriosa cançãoÁgua que o sol evaporaPro céu vai emboraVirar nuvens de algodãoGotas de água da chuvaAlegre arco-íris sobre a plantaçãoGotas de água da chuvaTão tristes, são lágrimas na inundação

Águas que movem moinhosSão as mesmas águas que encharcam o chãoE sempre voltam humildesPro fundo da terraPro fundo da terraTerra! Planeta ÁguaTerra! Planeta ÁguaTerra! Planeta ÁguaÁgua que nasce na fonte serena do mundoE que abre um profundo grotãoÁgua que faz inocente riachoE deságua na corrente do ribeirãoÁguas escuras dos riosQue levam a fertilidade ao sertãoÁguas que banham aldeiasE matam a sede da populaçãoÁguas que movem moinhosSão as mesmas águas que encharcam o chãoE sempre voltam humildesPro fundo da terraPro fundo da terraTerra! Planeta ÁguaTerra! Planeta ÁguaTerra! Planeta Água

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TEXTO 8- Água DjavanTudo que se passa aquiNão passa de um naufrágioEu me criei no mar eFoi lá que eu aprendiA nadarPra nadaEu aprendi pra nada

A maré subiu demasiadaE tudo aqui está que é águaQue é água

Água pra encherÁgua pra mancharÁgua pra vazar a vidaÁgua pra reterÁgua pra arrasarÁgua na minha comidaÁguaAguaceiroAguadouroÁgua que limpa o couroOu até mata