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Volume 4 - N o 1- Janeiro/Junho de 2014 Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Informação e da Comunicação - LATEC/UFRJ & Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Educação Ambiental - GEA/UFRJ. 44 A Educação Ambiental em um Projeto Social e as Relações com a Interdisciplinaridade e a Cidadania Sérgio Botton Barcellos Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Seropédica - RJ [email protected] Resumo Essa pesquisa procura abordar quais as possíveis transformações que projetos sociais em educação ambiental, articulados com os temas da interdisciplinaridade e cidadania, podem instigar em uma comunidade escolar. A investigação ocorreu em um projeto social chamado “Educação Ambiental na Vila Kennedy” desenvolvido em uma Creche Municipal de Santa Maria-RS no ano de 2008. Metodologicamente, a abordagem foi qualitativa e ocorreu a partir de observação participante e a realização de entrevistas semi-estruturadas com integrantes da comunidade escolar e do projeto social. O trabalho considera o projeto pesquisado para além do espaço escolar e visualizou como as ações em educação ambiental podem ser potencializadoras de experiências de mobilização comunitária junto às questões socioambientais consideradas “problemáticas” naquele contexto social. Palavras-chave: educação ambiental; comunidade escolar; mobilização comunitária. Environmental education in a social project and of relationship interdisciplinarity and citizenship Abstract This is paper tried to elucidate the possible transformations which can be led by social projects in environmental education in a school community. Having of research the social project “Environamental Education in Vila Kennedy” this work was

A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplinaridade e a Cidadania

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Essa pesquisa procura abordar quais as possíveis transformações que projetos sociais em educação ambiental, articulados com os temas da interdisciplinaridade e cidadania, podem instigar em uma comunidade escolar. A investigação ocorreu em um projeto social chamado “Educação Ambiental na Vila Kennedy” desenvolvido em uma Creche Municipal de Santa Maria-RS no ano de 2008. Metodologicamente, a abordagem foi qualitativa e ocorreu a partir de observação participante e a realização de entrevistas semi-estruturadas com integrantes da comunidade escolar e do projeto social. O trabalho considera o projeto pesquisado para além do espaço escolar e visualizou como as ações em educação ambiental podem ser potencializadoras de experiências de mobilização comunitária junto às questões socioambientais consideradas “problemáticas” naquele contexto social.

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A Educação Ambiental em um Projeto Social e as Relações com a

Interdisciplinaridade e a Cidadania

Sérgio Botton Barcellos

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropédica - RJ

[email protected]

Resumo

Essa pesquisa procura abordar quais as possíveis transformações que projetos

sociais em educação ambiental, articulados com os temas da interdisciplinaridade e

cidadania, podem instigar em uma comunidade escolar. A investigação ocorreu em

um projeto social chamado “Educação Ambiental na Vila Kennedy” desenvolvido em

uma Creche Municipal de Santa Maria-RS no ano de 2008. Metodologicamente, a

abordagem foi qualitativa e ocorreu a partir de observação participante e a

realização de entrevistas semi-estruturadas com integrantes da comunidade escolar

e do projeto social. O trabalho considera o projeto pesquisado para além do espaço

escolar e visualizou como as ações em educação ambiental podem ser

potencializadoras de experiências de mobilização comunitária junto às questões

socioambientais consideradas “problemáticas” naquele contexto social.

Palavras-chave: educação ambiental; comunidade escolar; mobilização

comunitária.

Environmental education in a social project and of relationship

interdisciplinarity and citizenship

Abstract

This is paper tried to elucidate the possible transformations which can be led by

social projects in environmental education in a school community. Having of research

the social project “Environamental Education in Vila Kennedy” this work was

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developed alongside the City in Santa Maria, RS, in 2008. Techniques of participant

observation and semi-structured interviews with participants of the school community

and the social project were used as methods of this research. The study found the

project beyond the school environment, and viewed the idea of how actions in

environmental education may be potentiating experiences of community mobilization

and reflections and changes the face of environmental issues considered

"problematic" in that social context.

Keywords: environmental education; school community; community mobilization.

Considerações iniciais

Esse trabalho remete-se a pesquisar o projeto social “Educação Ambiental na

Vila Kennedy”, promovido pelo Centro Multidisciplinar de Pesquisa e Ação –

CEMPA, e desenvolvido junto a uma Creche Municipal do Bairro Salgado Filho, em

Santa Maria-RS, no ano de 2008. A partir do mesmo, será analisado os limites e as

possibilidades que permeiam a relação “educação ambiental –interdisciplinaridade -

cidadania”. Com essa lente, procurou-se evidenciar as possíveis transformações

que os projetos sociais em educação ambiental, por meio de ações educativas

interdisciplinares e de estímulo à organização e participação comunitárias, podem

motivar em um espaço de educação formal em conjunto com a comunidade escolar.

Em uma abordagem mais ampla, para realizar a discussão, problematização

em relação a campo social e as possíveis demandas sociais da comunidade

pesquisada, utilizou-se para exercitar teoricamente algumas observações e noções

nesse sentido, dentre outros autores, por exemplo, Pierre Bourdieu. Já, em relação à

discussão levantada referente a pontos e questões na temática da cidadania e

ações em educação ambiental foram referenciados Paulo Freire, Isabel

Cristina de Moura Carvalho e Carlos Frederico Loureiro. Outro autor que auxiliou na

reflexão para esse trabalho foi Enrique Leff, pois, além de abordar o paradigma da

complexidade e as diferentes formas de conceber epistemologicamente a noção do

termo ambiental, articula esses conceitos de forma crítica com as atuais questões

ambientais e as relações humanas que permeiam esse contexto de discussão.

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A abordagem metodológica pela qual se optou nesse estudo foi a análise

qualitativa. Considera-se que esta forma de investigação pode delinear, sobretudo, o

caráter do depoimento dos participantes do projeto “naquilo que têm de

compromisso político, obtendo-se um dado dialogado e discutido” (DEMO, 1995, p.

246).

Esse estudo teve como um dos procedimentos metodológicos a observação

participante realizada durante o desenvolvimento do projeto no espaço da creche

municipal Fiori Druck e na Vila Kennedy. Outro procedimento utilizado foi à

realização de entrevistas com roteiro semi-estruturado1 junto a nove integrantes da

comunidade escolar (educadoras, estudantes, conselho de pais e agentes

comunitárias de saúde), de quatro estudantes universitários e três colaboradores do

projeto na comunidade. Com essas entrevistas e os depoimentos, procurou-se

evidenciar de que forma a comunidade escolar percebeu as ações em educação

ambiental e a tentativa de realização de atividades interdisciplinares por meio do

projeto no espaço da creche. Assim, a análise do projeto social em questão se

ampliou para além do espaço escolar formal, e considerou também as experiências

de mobilização comunitária em conjunto com ações em educação ambiental.

Creche e comunidade: fontes de reflexão e percepção em educação

ambiental e interdisciplinaridade

A educação ambiental pode propiciar amplas oportunidades de trabalho

socioeducativo ao proporcionar os aportes necessários para debates e instigar a

participação em um ambiente comunitário. Sob essa perspectiva, ressalta-se a

necessidade de uma compreensão ampliada da diversidade de saberes,

conhecimentos e das diferentes maneiras de interação entre os sujeitos,

reconhecendo-se assim o valor das experiências coletivas que se materializam nas

1 Nas entrevistas, conforme solicitação d os sujeitos de pesquisa ou acordo com eles, não foram declarados seus nomes ou foram utilizados a letra inicial dos seus nomes, por questões de reserva pessoal.

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comunidades. Porém, esta compreensão e reconhecimento, devem constituir-se

como processos em permanente construção.

Com essas discussões, é que foram iniciados os primeiros contatos com a

Unidade de Saúde da Vila Kennedy (USK) por meio do Projeto VERSUS Brasil em

2005. Por meio deste, a comunidade, em especial os trabalhadores em saúde da

USK, reivindicaram mais participação dos estudantes universitários em ações de

participação junto a assistência e a realização de extensão na localidade. A partir

desse processo gerou-se então debates e reflexões com um grupo de estudantes da

UFSM e a inserção nas experiências organizativas em andamento nessa

comunidade.

Como ponto inicial desse projeto realizaram-se reuniões de planejamento e

discussão das possíveis iniciativas com o Programa de Agentes Comunitárias de

Saúde (PACS) da USK e a comunidade, com periodicidade mensal, dialogando-se

em relação às possíveis demandas que surgiram no decorrer da efetivação do

projeto. O processo de mobilização foi desenvolvido em parceria, envolvendo os

estudantes da UFSM, PACS, comunidade e escolas, e teve como objetivos a

apresentação do projeto à comunidade, a sistematização das percepções da

comunidade sobre meio-ambiente e as problemáticas ambientais e o estímulo para

discussões e mobilizações em educação ambiental com a criação de espaços

periódicos de diálogo e reflexão. Como desafio maior para a realização do projeto

instigou-se a realização de debates em educação ambiental sob dois níveis: formal e

não-formal (JACOBI, 2003).

Nesse período de trabalho junto à comunidade escolar da Vila Kennedy,

destacou-se uma Creche Municipal pela atenção dada às iniciativas e pelo conjunto

de atividades escolares desenvolvidas de caráter socioambiental, sendo, portanto o

local escolhido para realização do projeto. As atividades se iniciaram no mês de

março de 2007, em meio a um processo de diálogo entre os agentes comunitários

de saúde, os estudantes participantes do projeto, os educadores da creche e os

pais. As reuniões iniciais contextualizaram esses participantes a cerca do projeto

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“Educação Ambiental na Kennedy” e do seu histórico, objetivos e princípios da

iniciativa.

Uma das questões que foram debatidas, na equipe do PACS – USK e do

projeto com a realização das iniciativas em educação ambiental no âmbito da

comunidade, era relativo a desenvolver as ações no “ritmo do pessoal. Com essa

atitude, buscou-se sempre antes de desenvolver as ações do projeto, verificar a

disponibilidade da comunidade em participar conjuntamente, tornando-se uma das

formas encontradas para estimular o envolvimento e o sentimento de pertencimento

da população em relação à iniciativa. Essa metodologia adotada também se tornou

ao longo do processo um jeito de avaliar constantemente a receptividade do projeto

junto à população local.

Em relação à creche, essa forma de atuar recém descrita, foi periodicamente

reforçada nas reuniões pedagógicas com as educadoras e com os pais das

crianças. Assim, uma questão que era questionada e debatida na maioria das

reuniões era se “as atividades planejadas pelo projeto de educação ambiental,

conseguiriam ser realizadas pelos participantes?”.

Especialmente na comunidade da Vila Kennedy esses entraves surgiram,

devido a muitas reclamações, em relação ao modo como as instituições de ensino

superior na sua maioria, realizaram suas pesquisas e/ou estudos no local. Os

principais relatos anotados nas reuniões do projeto foram ou no sentido que se

obteve muito pouco retorno em relação à apresentação dos dados e de trabalhos

realizados por essas instituições ou a respeito da interrupção abrupta das atividades

de extensão junto à população devido aos períodos de recesso nas universidades.

As especificidades/dificuldades dos agentes endógenos (comunidade escolar

da creche) e exógenos (projeto em questão) eram levadas em consideração. Com

essa forma de diálogo buscou-se evitar o planejamento de ações e discussões do

projeto, apenas como meio de “cumprir” agenda e/ou que não pudessem ser

realizadas de maneira refletida e bem elaborada. Assim, as atividades realizadas

pelo projeto tiveram de ser intercaladas no decorrer do ano letivo. Dessa forma, a

metodologia do projeto foi construída considerando a reflexão coletiva da realidade,

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e ancorada em um planejamento participativo, para que a educação ambiental fosse

tratada como uma ferramenta pedagógica geradora de constantes avaliações e

participação da comunidade escolar.

Torna-se necessário esclarecer aqui, que a educação ambiental, enquanto

tema de educação formal, tem características específicas, não se constituindo em

teoria pedagógica. Em relação a esse modo de “construção”, Ruscheinky (2004),

afirmou que o aperfeiçoamento teórico e prático da educação ambiental implica em

reconhecer, que a ação em prol do meio ambiente possui como intenção o

desvelamento de uma realidade complexa, na qual múltiplas relações sociais estão

presentes.

A constituição do saber, a congruência de pensamento e o diálogo com um

conjunto de outras interpretações do mesmo fenômeno social exigem um olhar

voltado para os atores que estabelecem e sustentam os conflitos nas relações

sociais. Portanto, partir do pressuposto que a educação pode gerar a mudança por

si só, introduz um discurso vazio de sentido prático se for descolado do

entendimento das condições que delineiam o processo educativo nas sociedades

capitalistas atuais. Nesse aspecto, compreender a educação como um processo

social em construção e que está em disputa possibilita avançar na crítica e na

qualidade política das propostas em estruturas sociais estabelecidas (LOUREIRO,

2004).

Era perceptível no decorrer da realização do projeto uma tendência imposta

pelo cotidiano de muitos dos participantes da iniciativa, inclusive das mães e pais

das crianças e demais membros da comunidade escolar, que devido suas intensas

atividades cotidianas de trabalho assalariado, cuidado da família e moradia e estudo

a noite, a pouca disponibilidade de participar das reuniões do projeto muitas vezes.

A partir disso, suscitou-se algumas questões nessa pesquisa, como: A vida cotidiana

em um ambiente de relações de trabalho para a sobrevivência - subsistência reserva

tempo para se pensar na nossa relação com o ambiente em que se vive? O ato de

viver será que se tornou algo tendencialmente instrumental para a sobrevivência e

não há mais tempo reservado para uma reflexão diversificada dos fatos e as coisas?

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Diante disso, no decorrer do projeto, constatou-se a inviabilidade de

prosperarem atividades referenciadas e restritas ao espaço da creche, uma vez que

o projeto estava situado em uma área de periferia urbana com mínima infra-estrutura

pública, baixa renda, problemas referentes à baixa auto-estima e alta carga horária

de trabalho informal (sem vínculo empregatício fixo ou “carteira assinada”). Nesse

contexto, o que foi possível realizar, em acordo com a creche foram ações que

objetivaram estimular e propor que as pessoas poderiam ser agentes das

reivindicações e mudanças necessárias para melhoria das condições

socioambientais da creche e na Vila Kennedy. Além de buscar esse processo de

mobilização, foram distribuídos materiais informativos junto à comunidade para

estimular o debate sobre o tema socioambiental.

Em meio a esses fatos, observações e diálogos com os membros do projeto

refletiu-se sobre o conjunto de relações sociais no qual a comunidade escolar estava

inserida. Sob essa perspectiva, evocou-se a necessidade de pensar a construção do

conhecimento no ambiente escolar com uma lente ampliada, rompendo com as

fronteiras estritamente disciplinares da educação infantil. Observou-se então, que

seria necessário, como diz Fazenda (1979), uma atitude, isto é, a busca de uma

postura interdisciplinar balizada pela participação da comunidade, compromisso e

reciprocidade diante da construção e da troca de conhecimento.

Cabe ressaltar que o prefixo "inter" parte de um conceito para um contexto,

não apenas para indicar uma pluralidade ou uma justaposição, mas também para

evocar um espaço comum, um fator de interação entre os diferentes saberes,

conhecimentos e visões de mundo. Já os profissionais e sujeitos que atuam em

diferentes áreas do conhecimento ou disciplinas devem estar animados de uma

vontade comum, cada qual aceitando esforçar-se fora do seu domínio próprio e de

sua linguagem técnica, aventurando-se em um domínio do qual não é o proprietário

exclusivo (GUSDORF, 1990).

No que diz respeito ao tratamento das questões ambientais sob uma ótica

interdisciplinar, Enrique Leff chamou a atenção de algumas características que

permeiam um contexto interdisciplinar, como as contradições do esforço de

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integração dos saberes, da análise das dinâmicas e estruturas dos saberes e por ser

um processo realizado por aproximações sucessivas e aprimoramento entre os

saberes (LEFF, 2001). Com base nestas características um projeto interdisciplinar

na escola pode possibilitar pensar e conceber o currículo escolar como algo em

constante processo de negociação entre educadores, educandos, comunidade

escolar e as instâncias administrativas.

O depoimento da educadora S., que atuava junto à creche, apontou para esse

sentido, e, salientando a importância da interdisciplinaridade na área da educação

ambiental, relatou que:

a interdisciplinaridade permite-nos trabalhar com a educação ambiental

nas mais diversas ocasiões, visto que se pode trabalhar em diferentes

focos, como poluição, reciclagem, hortas, trabalho com sucata,

importância da preservação. As opções são muitas, basta o professor

buscar e incentivar os alunos, pois de maneira lúdica todos se

interessam e aprendem mais facilmente.

Para a educadora A., a interdisciplinaridade podia ser trabalhada “através das

orientações da equipe do projeto juntamente com a comunidade escolar”.

A partir dos depoimentos e das observações, pode-se evidenciar que esta

experiência constituiu-se em um trabalho mais próximo de uma prática

multidisciplinar, do que efetivamente interdisciplinar. O esforço interdisciplinar

configurou-se de certa maneira na dinâmica e na metodologia das atividades

cotidianas do projeto, bem como, na relação interpessoal entre estudantes da

UFSM, crianças, pais, profissionais e estagiárias da creche. Porém, percebeu-se

que o entendimento de uma educação ambiental interdisciplinar não foi alcançado

pelo projeto enquanto reflexão/percepção de uma interdisciplinaridade que tivesse

abarcado as inter-relações sistêmicas da temática ambiental.

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Destacou-se também, como as educadoras da creche, pelos seus

depoimentos, entenderam a relação entre a prática interdisciplinar e o contexto da

comunidade. Quando questionadas sobre a importância da realização das ações

interdisciplinares do projeto no espaço da creche, elas deram ênfase ao estímulo

que o projeto gerou na comunidade escolar para que atuassem mais nas decisões

administrativas e pedagógicas da creche.

Outra experiência proporcionada à equipe envolvida no projeto foi o

entendimento de que desenvolvendo atividades estimuladoras de processos de

cidadania (como por exemplo, reunião ampliada com a comunidade), não se trata de

um processo “tranquilo” e não deve ter como objetivo principal “agradar a todos”.

Durante as reuniões do projeto e ações com a comunidade escolar para o

desenvolvimento de ações voltadas ao exercício da cidadania e da reflexão,

observou-se o questionamento sobre comportamentos, questionamento de atitudes

tradicionalmente convencionadas e desestabilização de relações de hierarquias

locais e sociais legitimadas.

Desta maneira, tratou-se de um processo não-consensual, permeado de

conflitos e interesses das mais diversos matizes. Relações sociais amigáveis

construíram-se no decorrer desse processo, mas, como um dos objetivos do projeto

era proporcionar espaços para esclarecer e pensar mudança social, atividades e

conversas tornaram-se impraticáveis como concessões de conveniências altruístas

em manutenção de um bem-estar e tranquilidades, incoerentes com a realidade

vivenciada naquela comunidade. Em relação à creche, considerou-se que os fatos

que ocorreram na comunidade influenciavam diretamente esta, pois, estando

inserida no entorno comunitário, recebe pressões e coerções sociais das mais

diversas formas para ajustar-se em determinado contexto dominante na

comunidade.

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Experiências em educação ambiental em um espaço escolar: (des)

caminhos possíveis

Observou-se no decorrer dessa pesquisa e do projeto nessa comunidade

escolar que a discussão e as ações realizadas no ambiente comunitário ocorreram

de forma restrita a apenas alguns temas pontuais, como, o depósito de lixo em

apenas um ponto ou na frente de sua casa, e não mais em terrenos baldios ou na

rua, por exemplo. No projeto trabalhou-se junto com a comunidade escolar e a partir

de atividades e debates temáticos em educação ambiental, cidadania e

interdisciplinaridade. Durante esse processo foram realizadas observações,

conversas e entrevistas com as pessoas que optaram em participar do projeto.

A participação da comunidade escolar (comunidade, estudantes e

professores) no projeto ocorreu junto com as agentes comunitárias de saúde da

USK. Nessa perspectiva, elas foram convidadas a trazer sua percepção por meio de

depoimentos, buscando enriquecer a avaliação e a análise do projeto em questão.

Uma das agentes comunitárias de Saúde, que participou das ações em educação

ambiental na creche, relatou o seguinte:

Considero que educação ambiental é uma formação importante para os

estudantes e até professores, que esse tipo de educação deve ser

trabalhada na educação formal e informal, pois é uma coisa que todos

precisam. Mas acho que todos poderiam aproveitar mais, falta visão

das pessoas para isso.

Para uma das representantes do Conselho de Pais da creche, as atividades

desenvolvidas pelo projeto:

Foram importantes, para o conhecimento das crianças, pois tudo que

foi trabalhado lá na creche, as crianças comentam ou nos chamam

atenção em casa, sobre um lixo jogado na rua ou no chão, uma planta

que não cuidamos direito, até as plantas estão valorizando mais com

isso.

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Observou-se também o interesse das crianças em relação às ações do

projeto que foram manifestadas em conversas nas famílias. Este fato,

aparentemente simples, apresentou-se como uma das possibilidades da educação

ambiental em atuar como um componente essencial no processo de formação e

contribuir para a mobilização da comunidade na busca de respostas para suas

questões locais.

Indica-se que, no campo da educação formal, torna-se essencial refletir como

são tratados os diferentes e possíveis significados da palavra conscientização. Essa

palavra é empregada, frequentemente, como um dos objetivos centrais de diversas

atividades/ações com temas relacionados à educação, dentre os quais, a temática

socioambiental.

Sob essa perspectiva, as iniciativas em "conscientização" na educação

ambiental podem ser vistas para além da pura e simples reprodução das visões e

práticas educativas tradicionais, descontextualizadas e fragmentadas. Constituindo-

se enquanto processo educativo essas iniciativas em educação ambiental podem e

devem não se limitar a ocorrer nos limites dos muros de uma escola e também não

se reduzirem a uma estrutura disciplinar de ensino.

Nesse sentido, ao questionar a comunidade escolar se o projeto “Educação

Ambiental na Vila Kennedy” auxiliou a despertar uma consciência ambiental junto à

comunidade, os depoimentos da comunidade escolar complementam e fortalecem a

análise realizada. Enquanto interagia em uma das atividades, um pai relatou que “o

que fazem aqui é muito importante para nossas crianças. Olha o sorriso delas! Esse

contato com a natureza desde cedo faz com que elas cuidem mais de onde vivem”.

Já a educadora S., opinou que

[...] o projeto propiciou uma consciência ambiental no sentido que

mostrou às crianças a importância de se cuidar da natureza; as

crianças contavam que em casa conversavam com seus parentes e

vizinhos sobre o que aprenderam na escola, e buscavam cuidar do

meio -ambiente também na rua e não apenas na escola.

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Os depoimentos da comunidade escolar demonstraram em alguma medida a

importância das atividades desenvolvidas pelo projeto. As ações em educação

ambiental, realizadas na creche, contaram em diversas vezes com a participação

dos pais e da comunidade escolar, tanto em atividades pedagógicas, como nas

mobilizações comunitárias (reuniões e passeatas). Em uma dessas ações, a

educadora A. relatou que "através deste projeto as pessoas da vila se

conscientizaram em não jogar mais lixo nos locais não permitidos, ainda existe, mais

ouve uma diminuição, e também o cuidado com a natureza”.

Ainda neste sentido uma das representantes do Conselho de Pais da creche

ao ser questionada sobre a dimensão participativa que o projeto possa ter

alcançado, respondeu que a iniciativa “[...] mexeu com as pessoas; com os

comportamentos. Os pais tem se prontificado ajudar mais nas atividades da creche,

e parece que ficaram com mais consciência.”

Ter dúvidas, incertezas e diversos questionamentos sobre o que é

consciência ambiental fazem parte dos projetos em educação ambiental e de suas

múltiplas possibilidades educativas. No entanto, entende-se que não

necessariamente um grupo de pessoas sensibilizadas (que deixa de atirar lixo

doméstico em via pública ou passa a plantar mudas de árvores), irá incorporar uma

compreensão e um engajamento mais amplo em ações e movimentos

socioambientais. Neste sentido, Libâneo (1994), apontou que quando opta-se por

determinados métodos educativos, esses não devem reduzir-se a quaisquer

medidas, procedimentos e técnicas.

Para apreensão de uma educação e concepção de mundo a partir da

complexidade ambiental, segundo Leff (2003), torna-se necessário o

desencadeamento de um processo de desconstrução e reconstrução do

pensamento. Com isso, faze-se necessário descobrir e reavivar o “ser da

complexidade” que foi esquecido com o surgimento da cisão entre o ser e o sujeito e

o objeto, para apreender o mundo coisificando-o, objetivando-o, homogeneizando-o.

Portanto, antes de se constituir em procedimentos, o método de ensino deve estar

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embasado em uma reflexão teórico-prática sob determinadas práticas educativas em

seu contexto sociopolítico e cultural.

Assim, para a representante do Conselho de pais da creche, as atividades

desenvolvidas chegaram à comunidade e foram avaliadas da seguinte maneira:

Bom, o terreno baldio no lado da escola ainda continua com as

pessoas jogando lixo lá, essa deveria ser a próxima atividade a

continuar. O pessoal tem buscado mais coletividade, pois o pessoal

está cansado de esperar o poder público, mas a maioria ainda não

participa.

Já para a Agente de saúde, as atividades do projeto desenvolvidas

junto à comunidade, sob seu ponto de vista, estimularam outros sentidos,

destacando que os pais

[...] passaram a ajudar mais nas atividades da creche, após a

realização do projeto. Ficaram mais responsáveis pela creche e tem

mais interesse pelas coisas”. A mesma, quando avalia os pontos

positivos do projeto, também afirmou que o projeto “nos ajudou a

pensar mais sobre a realidade.

Observou-se que o projeto “Educação Ambiental na Vila Kennedy” buscou a

formação de redes com as organizações e entidades da própria comunidade,

propondo-se a ser um projeto realizado com a comunidade e não na comunidade.

Desse modo, conforme Freire (1976) percebe-se que as pessoas, refletindo sobre

suas próprias limitações, podem ser capazes de se libertarem e transformarem suas

realidades por meio de práticas conscientes. Seguindo esta ideia, não se reivindicou

para operacionalização do projeto (re) criar fóruns e instâncias na comunidade, e

optou-se em compor com os espaços comunitários já existentes, como, por

exemplo, participando das reuniões pedagógicas e do conselho de pais na creche.

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A creche e a Vila Kennedy constituem-se como campo social no qual se inter-

relacionam múltiplas forças político-ideológicas. Por conseguinte, não se deve

delegar à escola mudar isoladamente alguma realidade social ou seu próprio

contexto, bem como decretar que a mesma seja um ponto central de mudança na

comunidade. Com esse olhar, juntamente com a comunidade, a creche foi percebida

como mais um ponto de apoio para a elaboração de ideias e propostas político-

comunitárias com a temática socioambiental.

Segundo Bourdieu (1997), cada grupo social, em função das condições

objetivas que caracterizam sua posição na estrutura social, constitui um sistema

específico de disposições para algum tipo de ação. O acúmulo histórico de

experiências, de êxitos e de fracassos nos grupos sociais consolida um

conhecimento prático (não plenamente consciente) relativo àquilo que é possível ou

não ser alcançado pelos seus membros dentro da realidade social concreta em que

agem. Dessa forma, determinada posição do grupo no espaço social e suas

estratégias de ação seriam mais seguras e possíveis e outras seriam menos viáveis.

Nesse sentido, ainda em Bourdieu (1997), aponta-se que, ao longo do tempo,

os ajustamentos entre ações comunitárias e condições objetivas de ação passam

por um processo no qual as estratégias mais adequadas de reprodução social

podem ser adotadas pelos grupos, sendo incorporadas pelos sujeitos como parte do

seu habitus cotidiano. Essas estratégias podem tanto ter um caráter individualista e

não interativo com a comunidade, bem como podem assumir o compromisso de

atuar na disputa e definição de rumos das questões de interesse coletivo da

comunidade.

Considerações finais

Tendo por base o contexto cotidiano dos sujeitos da comunidade nesta

iniciativa, foi possível perceber que o conjunto das atividades desenvolvidas pelo

projeto proporcionou a abertura de possibilidades e a criação de ferramentas para

trabalhar às questões relacionadas ao meio ambiente. Assim, tornou-se possível o

surgimento de iniciativas desafiadoras no espaço social da creche e da comunidade

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escolar, levando-se em consideração as dificuldades, contradições e demandas

socioambientais daquela comunidade.

Trabalhando sob uma perspectiva de estímulo à cidadania, buscou-se

mobilizar os diversos sujeitos (como professores, crianças, pais e agentes de saúde)

da região da Vila Kennedy e da comunidade próxima à creche. Assim, a proposta foi

a ampliação da discussão com os sujeitos acerca do tema socioambiental, e com

uma abordagem crítica das questões ambientais visando à mobilização social dos

mesmos.

O desenvolvimento de atividades com objetivos interdisciplinares e as

mudanças necessárias nas ações pedagógicas foram possíveis com a construção

de relações dialógicas, da compreensão e da postura de partilhar de saberes, ao ser

levando em consideração as características socioambientais e culturais construídas

anteriormente na creche.

Evidenciou-se que a participação da comunidade tende a fortalecer a

gestação de projetos políticos e socioambientais referenciados na constituição de

uma sociedade com mais igualdade social e autonomia de vida. A partir dessa

pesquisa, foi possível perceber que os projetos em educação ambiental, podem se

constituir em mais uma importante ferramenta política neste sentido, ao estimular a

ampliação do exercício da cidadania e dos direitos sociais por meio da mobilização e

a ampliação dos canais de participação social. Com isto, abrem-se diversas

possibilidades para realização de práticas interdisciplinares, bem como para a

ampliação do olhar da comunidade sobre suas questões.

Mas, além de querer constituir certezas em relação aos rumos de um projeto

em educação ambiental, foi evidenciado que é preciso saber conviver com a

incerteza, pois se tratava de um contexto comunitário permeado por diversas

disputas e conflitos. Assim, com base nas questões que nortearam essa pesquisa,

indica-se que essa iniciativa é mais um exemplo para estudantes, multiplicadores e

trabalhadores em educação, dos possíveis (des) caminhos que podem ter as

iniciativas em uma educação ambiental inter-relacionadas com as temáticas da

cidadania e da interdisciplinaridade.

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Sobre o Autor

Sérgio Botton Barcellos

Doutorando no Curso de Pós-graduação em

Ciências Sociais do Desenvolvimento, Agricultura e

Sociedade - CPDA/UFRRJ.

E-mail: [email protected]

Revista Comunicação e Educação Ambiental - ISSN: 1982-6389 - Volume 4 - No 1- Janeiro/Junho de

2014. Submetido em: 22/11/2013 e aceito para publicação em 10/1/2014.