39
A Idade Média, as Catedrais e as Universidades Prof. Raul Pessolani (TEM-UFF)

A idade media e as universidades

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Idade Media e as Universidades

Citation preview

Page 1: A idade media e as universidades

A Idade Média, as Catedrais e as Universidades

Prof. Raul Pessolani (TEM-UFF)

Page 2: A idade media e as universidades
Page 3: A idade media e as universidades

A revolução das Catedrais

Hoje não é fácil imaginar o que uma igreja significava para as pessoas daquele período. A igreja era, geralmente, o único edifício de pedra em toda a redondeza; constituía a única

construção de considerável envergadura, e seu campanário era um ponto de referência para todos os que vinham de longe. Aos domingos e durante a Missa, todos os habitantes da cidade ali

podiam encontrar-se. Não admira que toda a comunidade estivesse interessada na construção e se orgulha-se da sua

decoração. A construção levava anos e devia transformar uma cidade inteira. A extração de pedra e seu transporte, a ereção de andaimes adequados, o emprego de artífices itinerantes,

tudo isso constituía um acontecimento importante nesses dias remotos

E.H. Gombrich - A História da Arte

Page 4: A idade media e as universidades

Igrejas Românicasparedes grossas, altura limitada, escuras.

• Esquema estrutural: peso, pórticos e tirantes internos

Page 5: A idade media e as universidades

Catedral de Amiens Catedral de Vezelay

Catedrais Góticas: Luz, Verticalidade, Beleza

Page 6: A idade media e as universidades

Gótico- Nova concepção estrutural:+ Aumentar a altura+ Aliviar o peso+ Introduzir janelas+ Nervuras resistentes+ Painéis mais leves

- Resultado: gaiola de vidro

- Maravilhosa combinação:+ partido arquitetônico + esquema estrutural.

Page 7: A idade media e as universidades

Solução estrutural: Arco Botante

Page 8: A idade media e as universidades

alturas externas (torres) altura ano Reims 82 1220Salisbury 122Chartres 123Estrasburgo 142Beauvais 153 (Queops 148)Ulm 160Cluny 171

Page 9: A idade media e as universidades

Vitrais: Da luz natural à Luz imortal.

" Meu objetivo era fazer com que, através da luz natural, filtrada pelos vitrais, se abrisse para os homens o caminho

para a verdadeira luz". "Banhado pela luz contínua e maravilhosa de seus vitrais

claros resplandece a beleza".

 

Vitrais - Chartres

Page 10: A idade media e as universidades

Bíblia de Pedra – capitéis, colunas, tímpanos

Esculturas: Ensinar por imagens 

Page 11: A idade media e as universidades

Planejamento- Mestres de obras, pedreiros, canteiros, britadores, escultores- Planos e Cálculo das abóbadas- Esboços nas paredes: matemática: geometria espacial, trigonometria, ...- Instrumentos de desenho: tira-linhas, esquadro, compasso

Page 12: A idade media e as universidades

Construção Transporte de pedras“Do séc XI ao XIII na França transportou-se mais

pedras do que no Egito em qualquer período da sua história”

Jean Ginpel – A Revolução Industrial da Idade Média

Emprego de Máquinas Construtivas: o guindaste

"Dizem que foi a fé quem construiu as Catedrais na Idade Média. De acordo, mas também a

Geometria“ (Etienne Gilson)

Villard de Honnecourt (Engenheiro e Arquiteto)(primeiros desenhos)

Page 13: A idade media e as universidades

* Carrinho de mão ou padiola ?

- Uma lição ...

Arquiteta ou Mestra de obras ?

Page 14: A idade media e as universidades

Início da Educação Criança na Grécia e em Roma

Visão errada da Idade Média: Era de ignorancia, superstição e repressão intelectual?

Mosteiros: Organizam-se as primeiras escolas Ensino fundamental: igrejas e mosteiros

Os pais se reuniam e pagavam os professores

Universal, sem distinção de classes: nobres e plebeus. Gratuita

Page 15: A idade media e as universidades

Ensino médioEscolas monacais e catedrais

Disciplinas básicas: Trivium: gramática, retórica e lógica Quadrivium: astronomia, geometria, aritmética e

teoria musical

Duração da aula: 45 ou 90 minutos.

Page 16: A idade media e as universidades

Séculos X e XI

Gerbert de Aurillac (Papa Silvestre II 999-1003)“O homem vive da Fé, mas é bom que a conjugue com a

Ciência, pois Deus deu ao homem o grande dom do conhecimento, e quem não o tem são os que são chamados

de tolos”

Fêz o primeiro Relógio em 996. No séc XIV, Peter Lightfoot, monge do mosteiro de

Galstonbury, construiu um dos mais antigos relógios que ainda existem e que está na London´s Science Museum.

Page 17: A idade media e as universidades

Árabes (Sécs VII a XII) Invadem a Palestina, África e Espanha.

Em Alexandria tomam contato com as obras gregas. Destaque:

Matemática Al-Khwarizmi: sistema de numeração, algebra polinomial

Filosofia: Avicena, Averróis, Maimônides (1000dc). Tradução de Aristóteles

Séc XII: século das traduções Traduz-se a Lógica de Aristóteles para o Latim.

Page 18: A idade media e as universidades

O nascimento das Universidades

Não há nenhuma instituição similar no mundo antigo.

Nascem das Catedrais Reúnem-se artesãos, escultores, arquitetos,

geômetras, “engenheiros” Dedicam-se a ensinar

Primeiras Universidades (Séc XII) Paris, Bolonha, Oxford,...(não tem sede material) Estrutura: exposição, dúvidas, debates e conclusão Critério de certeza: Racionalidade

Page 19: A idade media e as universidades

Escola da Catedral de Chartres (Séc XII)

Thierry de Chartres (1140), Abelardo Bath, William de Conches. Esculpida na fachada oeste pode-se extrair algo do que estudaram:

Aristóteles, Boécio, Cicero, Euclides, Ptolomeu, Pitagoras.

Lançam as bases filosóficas da ciência Rejeitam a concepção dos Gregos de que as estrelas são formadas

de substâncias semi-divinas. A natureza é autônoma. Deus a criou com as suas causas naturais e

os fenômenos ocorrem segundo leis estabelecidas. Rejeitam a idéia de que a investigação racional pudesse ser uma

afronta a Deus, e que o comportamento de Deus é restrito pelas leis. Não se deve recorrer a milagres para explicar Fenômenos naturais “É por causa da razão que nós somos homens e devemos emprega-

la para conhecer a beleza do mundo criado”

Page 20: A idade media e as universidades

Formulando as premissas filosóficas; definindo os conceitos básicos do cosmos a partir do qual as ciências particulares cresceriam; reconstruindo sistematicamente o conhecimento do passado (...) no período de 15 a 20 anos na metade do séc XII, uns poucos homens se esforçaram por

lançar as bases da ciência ocidental.Thomas Goldstein

(Historiador da Ciencia)

Page 21: A idade media e as universidades

Sécs XII-XIII

Séc XIV

Page 22: A idade media e as universidades

Caracteristicas Biblioteca com uma relação mínima de livros que devem

ser lidos e estudados. Curriculum de matérias bem definido, que levavam

normalmente de 4 a 5 anos. Recebiam a chancela e aprovação do Papa ou dos reis, ou

do imperador. Independentes e autônomas em relação às autoridades

locais, “internacionais”. De fato, o Papa intervém várias vezes para garantir a

sua autonomia. Sem sede material. Abertas para pessoas de todas as classes sociais e

condições.

Page 23: A idade media e as universidades

Cursos Faculdades Clássicas:

Artes liberais, Direito (civil e canônico), Medicina, filosofia natural (ciências) e Teologia

O graduado saia com o título de Bacharel, que lhe possibilitava trabalhar na área ou lecionar em escolas de nível básico e médio.

Aos professores das universidades era exigido que tivessem o título de master. Deveria ler uma série de livros dos antigos; Aritóteles, Virgílio,

Cícero, Euclides, etc. Defender uma questão diante de uma banca de professores.

Page 24: A idade media e as universidades

Nova Metodologia Científica Sentenças de Pedro Lombardo (Sec XII)

Define a Escolástica (Filosofia da Escola) Utilização da Dialética. (Lógica de Aristóteles)

Confrontação franca entre razões contrarias. Enumeram-se e confrontam-se as razões de cada uma

Conseqüência: Produzirá uma grande revolução e uma popularização no domínio

das ciências paralela à transformação da sociedade produzidas pela formação das grandes cidades.

Essa metodologia ficou plasmada nos escritos dos escolásticos e que nos chegam até hoje.

Page 25: A idade media e as universidades

Professores: Anselmo de Canterbury, Pedro Abelardo, Alberto Magno, Tomas de Aquino, Roger Bacon, Raimundo Lulio, Duns Escoto, Boaventura, …

Traduzem-se em toda a parte do árabe as obras gregas.

Tabelas astronômicas, tratados de mecânica, manuais de algebra, geometria e trigonometria, a geografia de Ptolomeu, Avicena Averrois, Maimônides.

Discutem-se os Gregos: traduzem-se obras desconhecidas para os latinos: Platão, Arquimedes, Aristóteles (que irá provocar uma revolução cultural)

Page 26: A idade media e as universidades

Aulas Imagem:

Algo engessado: temas e as lições eram impostos, não havia debates e tudo era influenciado pela Teologia.

Era todo o Contrário: Expositio – Proposição de um tema Lectio – Leitura de um texto Disputatio – Discutiam as diversas temas.

A Lógica como método de demonstração e análise.

Quaestio – Comentário e fechamento do professor.

Page 27: A idade media e as universidades

Roberto de Sorbon (1300)

Dicas para ir bem nos estudos: Ordenar o tempo Concentrar a atenção Cultivar a memória Tomar notas Discutir com os colegas Rezar

Page 28: A idade media e as universidades

Outros aspectos

Instituição dos Colleges Universalismo medieval:

Permuta de estudiosos, idéias e conhecimentos.

Língua oficial? O Latim: internacionalidade.

Page 29: A idade media e as universidades

Pierre Duhen (1863-1914)

Físico e Historiador Escreve a Teoria Física com Ernst Mach e se dedica

ao estudo de História da Ciência Medieval Conclusões

As universidades medievais foram grandes centros científicos que possibilitaram os descobrimentos posteriores

Porque não havia imprensa, as descobertas foram registradas em manuscritos pouco divulgados

Os cientistas modernos não se preocuparam em citar, mas em ressaltar a novidade das próprias contribuições.

Page 30: A idade media e as universidades

O que é a Universidade?

É onde se adquire uma formação universal. É conferir não apenas um título

A finalidade do sistema educativo, considerado em seu conjunto, não é prover de mão de obra a indústria ou ensinar aos jovens

a ganhar a vida... É formar os jovens e promover seu desenvolvimento como seres humanos até a sua máxima possibilidade: capacita-los para que façam o maior uso

possível de seus dons

Robert M. Hutchins – A Universidade da Utopia

.

Page 31: A idade media e as universidades

Formar o HomemO Sistema educativo deve promover o

desenvolvimento moral, intelectual, estético e espiritual. (Robert Hutchins)

Formação Integral: Ensinar o verdadeiro (intelectual) Facilitar a prática do bem (Ética e moral) Ensinar a apreciar o belo, a arte (Estética)

Page 32: A idade media e as universidades

Como era a ciência medieval?

Contemplativa, especulativa, filosófica. Filosofia da Natureza.

Ex: Busca do que está por trás => Metafísica do Ser

Não se preocupa em resolver problemas práticos, mas procura ir até o fundo. Movimento: o que é? Não há a preocupação de descrever

Page 33: A idade media e as universidades

Progresso Científico: É bom, pois leva a conhecer a Deus, como através de um quadro se

conhece o artista. A Ciência deve se basear na observação e não na filosofia. O progresso científico consiste em “salvar as aparências”.

Em cada época gera explicações de acordo com os instrumentos que dispõe:

Cada Ciência é filha do seu tempo! Física:

O universo começou a existir, e é contingente. Não existem “seres celestes perfeitos”. (Contra Aristóteles) Não se pode afirmar que uma teoria é definitiva

Porque talvez também possam ser explicadas mediante outra teoria que ainda não conhecemos.

Tomás de Aquino (1225-1274)

Page 34: A idade media e as universidades

Stanley Jaki (1924- )

Físico e Historiador da Ciência

Grandes Culturas da Antiguidade: A ciência passou por sucessivas mortes prematuras Não havia um ambiente cultural adequado para desenvolver-se.

Obstáculos: Politeísmo: deuses caprichosos que submetiam os fenômenos

naturais. Grécia, Egito, Babilônia=> atribuíam a divindades que os provocavam.

Panteísmo: Concepção da história como um eterno ciclo que se repete China e India => Taoísmo e panteísmo.

Árabes: As poucas descobertas se fizeram a contra-gosto, pois “a autonomia

de Alah não poderia ser restrita pelas leis naturais”

Page 35: A idade media e as universidades

Porque a Ciência se desenvolveu no Ocidente?

Ambiente Cultural Favorável: Monoteísmo: Deus pessoal criador, que cria livremente o mundo

e é separado do mundo.- A Incarnação do Verbo enfatiza essa separação.

- O mundo é reflexo da sabedoria de Deus.- Logo => está perfeitamente ordenado por meio de leis eternas,

imutáveis e universais.

- Deus criou o homem à sua imagem e semelhança:- Participa da inteligência divina e é capaz de conhecer o mundo

e tem a missão de transforma-lo.

Matriz Cultural Cristã

Page 36: A idade media e as universidades

Física dos Séculos XIII-XIVUniversidade de Paris

Roger Bacon (1214-1292) A terra é redonda e se pode circunavegar Trabalhos em ótica: lentes, reflexão, refração

Jean Buridan (1300-1385) Impetus: Primórdios da Inércia

O mundo teve um início. O movimento dos astros foi dado na criação e dura até hoje por

não encontrar nenhuma resistência, que o faça parar.

Page 37: A idade media e as universidades

Nicole Oresme (1380-1382)

Movimento relativo. O homem no navio acredita que ele está parado e tudo

está se movendo e é ao contrário. Estende à Terra: um observador na Terra não dispõe de

qualquer meio para saber se o alvorecer e o pôr do sol são resultantes da rotação do sol ou da terra.

Pergunta-se: Não será que a terra é que está girando?

Antecessor de Copérnico!

Page 38: A idade media e as universidades

Os calculadores (Merton College)

Incorporação da matemática à Física. A realidade empírica deve ser analisada com o auxílio de

métodos quantitativos, ou, conforme a terminologia da época, deve ser “calculada”.

Thomas Bradwardine (1328) Há uma proporção entre Força, resistência e

velocidade. Se a velocidade aumenta aritmeticamente, a relação

entre F e R aumenta geometricamente.

Pela primeira vez, aplica-se a algebra à Física.

Page 39: A idade media e as universidades

Uma pintura muito elucidativa

Jan Van Eyck Retrato de Giovanni Arolfini

e sua mulher Perspectiva Luz e Sombras Regras de reflexão óticas

Em que ano foi feito o quadro?