15
A Lanterna de Lin Yi Brenda Williams e Benjamin Lacombe Brenda Williams e Benjamin Lacombe

A lanterna de Lin Yi

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A lanterna de Lin Yi

A Lanterna

de Lin Yi

Brenda Williams e Benjamin LacombeBrenda Williams e Benjamin Lacombe

Page 2: A lanterna de Lin Yi

— Repete lá o que tens de comprar no mercado —

pediu a mãe de Lin Yi.

Lin Yi repetiu mais uma vez, contando pelos

dedos:

— Bolos de lua, carambolas, arroz, inhames…e

amendoins para o tio Hui.

— Muito bem, meu filho — respondeu a mãe.

— Por favor, mãe, posso também comprar uma

lanterna vermelha em forma de coelho para o

Festival da Lua?— suplicou Lin Yi.

— Bem, depende de ti — disse a mãe. — Só tenho

esse dinheiro para gastar, mas se negociares bem

no mercado, talvez te sobre algum para a tua

lanterna.

Lin Yi sorriu, todo contente.

— Eu sei muito bem negociar….

E logo se pôs a caminho, sempre a recitar a lista,

como se fosse uma canção : “bolos de lua,

carambolas, arroz, inhames…”

Page 3: A lanterna de Lin Yi

— … e não te esqueças dos amendoins para

o tio Hui. Sabes bem que é doido por eles! —

gritou a mãe enquanto ele se afastava.

A caminho do mercado, Lin Yi sorria e

cumprimentava as pessoas que trabalhavam

nos arrozais. Um pouco mais adiante, viu o

tio Hui a inspecionar os peixes que secavam

diante de casa.

— Olá, tio Hui! — saudou Lin Yi.

— Olá! — respondeu o idoso, virando o

último peixe para o sol.

— Vou ao mercado — explicou Lin Yi.— Se

negociar bem e se me sobrar dinheiro, a

minha mãe disse que podia comprar uma

lanterna vermelha em forma de coelho.

— E vais levá-la para o piquenique, logo à

noite? — perguntou o tio Hui.

— Claro! E é certo que vai subir a montanha

connosco, tio Hui?

Page 4: A lanterna de Lin Yi

— Com certeza — respondeu ele. — Já sou

velho, mas gosto sempre muito de bolos

de lua e de amendoins. Boa sorte para os

teus negócios!

Lin Yi sorriu e apressou-se a seguir o seu

caminho.

E sempre a sorrir, passou por debaixo da

Porta da Lua…

“Isto vai trazer-me sorte para as minhas

compras no mercado, pensou ele. E ainda

ganho cinco minutos de vida”.

Uma vez no mercado, Lin Yi parou para ver

com calma as maçãs de amor. Como eram

belas…

— Queres uma?— perguntou o vendedor.

— Não, obrigado — disse Lin Yi.— Tenho

de comprar bolos de lua, carambolas,

arroz, inhames e…e não me posso

esquecer dos amendoins para o tio Hui.

mim uma lanterna vermelha em forma de

coelho. Mas se souber nego-

Page 5: A lanterna de Lin Yi

ciar, a minha mãe disse-me que podia

comprar para mim uma lanterna

vermelha em forma de coelho.

— Mas estas maçãs são deliciosas! —

disse o vendedor.— Podias comprar

uma e ainda ficavas com dinheiro para

as outras compras.

— Sim, têm bom aspeto — respondeu

Lin Yi — mas o que queria mesmo é

uma lanterna para a festa desta noite.

— Nesse caso, até logo — respondeu o

comerciante a sorrir. — Talvez daqui a

pouco mudes de ideias.

Mas Lin Yi sabia que não mudaria.

Queria muito mais a lanterna vermelha

em forma de coelho do que de uma

maçã de amor!

— Quanto custa um quilo de arroz

integral?— perguntou Lin Yi ao

comerciante de arroz.

— Que dinheiro tens? — respondeu o

homem.

—Lin Yi mostrou-lhe.

Page 6: A lanterna de Lin Yi

És mesmo rico! — admirou-se o comerciante. —

Podias comprar arroz do melhor com todo esse

dinheiro!

— Não, obrigado — respondeu Lin Yi. — Tenho

de comprar bolos de lua, carambolas, arroz,

inhames e… e não me posso esquecer dos

amendoins para o tio Hui.

Mas se souber negociar bem, a minha mãe

disse-me que poderia comprar para mim uma

lanterna vermelha em forma de coelho…E eu

tenho mesmo muita vontade de ter uma!

— Sendo assim, vou fazer negócio contigo —

disse o homem a rir. — E fez-lhe um preço muito

elevado.

Chegou a vez de Lin Yi rir com vontade.

— É muito, muito caro. Só lhe ofereço a quarta

parte do que me pede.

— Isso é muito pouco!— disse o comerciante —

Achas que sou tolo?

Regatearam até que Lin Yi acabou por aceitar

um preço razoável, que a mãe aprovaria.

Page 7: A lanterna de Lin Yi

E ficou muito contente consigo mesmo

por ter comprado o arroz por um preço

tão bom.

Começava a gostar de fazer compras. A

seguir, fez o mesmo com o negócio das

carambolas, conseguindo igualmente

um ótimo preço. Na loja seguinte, parou

a olhar para os bonecos. Quis comprar

um para brincar. Mas lembrou--se que

tinha de guardar o dinheiro para poder

oferecer a si mesmo uma lanterna

vermelha em forma de coelho.

E lá continuou o seu caminho até ao

vendedor de inhames.

Mais uma vez soube negociar, e guardou

no cabaz os inhames com as carambolas

e o arroz.

“Agora, pensou Lin Yi, só me falta

comprar os bolos de lua e os amendoins

para o tio Hui.”

Page 8: A lanterna de Lin Yi

Mas, a caminho dos bolos de lua, a loja

das lanternas atraiu a sua atenção. E não

foi capaz de passar sem parar para dar

uma olhadela.

— Queres comprar uma lanterna vermelha

em forma de coelho para o festival desta

noite? — perguntou o vendedor.

Lin Yi fixou os olhos nas lanternas.

Gostava sobretudo das grandes,

vermelhas, decoradas com fios de ouro,

mas sabia que deviam ser demasiado

caras. Virou-se então para duas lanternas

mais pequenas. Depois, pôs-se a contar o

dinheiro.

— Não, é melhor esperar — disse,

meneando a cabeça. — Ainda tenho de

comprar primeiro os bolos de lua. E depois

volto aqui para comprar uma pequena

lanterna.

Page 9: A lanterna de Lin Yi

— Lamento, mas não te posso prometer — disse o vendedor. — Tenho mulher e filhos para alimentar,

portanto, se alguém quiser a última lanterna vermelha em forma de coelho, tenho de a vender. E, vendo

bem, pode ser que não façamos negócio e que já não tenhas dinheiro suficiente para a comprares.

Lin Yi correu a comprar os bolos de lua.

— Mas hoje há muita gente a

comprar lanternas para o

festival desta noite, e tu podias

levar já uma. Pode acontecer

que, quando voltares, eu já

tenha vendido as duas que me

restam.

— Por favor, espere! Por favor!

— suplicou Lin Yi — Tenho

mesmo muita vontade de ter

uma lanterna vermelha em

forma de coelho! Prometa-me

que me guarda uma. Volto daqui

a pouco.

Page 10: A lanterna de Lin Yi

“Pronto, pensou ao arrumar os bolos

no cesto, agora sim, já posso ir

comprar a minha lanterna vermelha.”

Mas precisamente naquele momento

passou uma mulher a mastigar

amendoins e, de repente, Lin Yi

lembrou-se do tio Hui.

— Oh não, esqueci-me dos

amendoins!

Contou as moedas muito bem.

Mesmo negociando, viu que o

dinheiro não chegava para comprar

os amendoins e a lanterna. Partiu-se-

lhe o coração! Tinha feito tanto

esforço e agora o sonho acabava!

Page 11: A lanterna de Lin Yi

Pesaroso, pedalou em direção a casa sem a sua lanterna vermelha

em forma de coelho.

Ficou imóvel por uns instantes, a decidir o que ia fazer. Queria

tanto ter a lanterna, mas também sabia quanto o tio Hui adorava

amendoins. Engoliu a saliva, secou as lágrimas, virou as costas às

lanternas, e foi dali em passo decidido comprar os amendoins do

tio Hui.

Page 12: A lanterna de Lin Yi

— Muito bem, meu filho — disse-lhe a mãe.

— Compraste tudo aquilo que

precisávamos para o piquenique. Temos

lindos bolos de lua enfeitados com a Lebre

de Jade e a Deusa da Lua. Temos as

carambolas, que têm um ar delicioso.

Tenho a certeza que soubeste negociar,

sobretudo em relação ao arroz e aos

inhames. Mas, Lin Yi, onde está a tua

lanterna vermelha em forma de coelho?

Não conseguiste guardar dinheiro para a

comprar?

— Não — respondeu corajosamente Lin Yi,

fazendo um grande esforço para não

chorar. — Mas, no festival desta noite,

poderei ver muitas… Não tem importância.

Page 13: A lanterna de Lin Yi

Bem lá no fundo do coração, Lin Yi sabia

que aquilo tinha mesmo muita

importância. Ainda assim tentou não

deixar transparecer o que sentia, e

despachou-se a pegar nos amendoins e

a ir entregá-los ao tio Hui com um

grande sorriso.

— Obrigado, Lin Yi — disse o ancião. —

Olha, também tenho uma coisa para ti.

Lin Yi ficou sem voz quando viu a

lanterna vermelha em forma de coelho.

— Oh, obrigado! Mil vezes obrigado, tio

Hui! — exclamou. — É magnífica! Ainda

é mais linda do que aquilo que eu

imaginei!

Não podia estar mais feliz…

Page 14: A lanterna de Lin Yi

— Como é que sabia que eu não tinha

dinheiro para comprar uma para mim?

— perguntou ele.

— Ora bem, — disse o tio Hui, a

piscar o olho — digamos que,

durante o período do Festival da

Lua, podem acontecer muitas

coisas especiais, sobretudo se

passares por debaixo da Porta da

Lua. Não se deve fazer muitas

perguntas, o que importa é ser feliz!

Page 15: A lanterna de Lin Yi

Brenda Williams ; Benjamin Lacombe

E lado a lado subiram a montanha

iluminada pela lua,

o tio Hui a trincar os amendoins

e Lin Yi levando orgulhosamente

a sua lanterna em forma

de coelho, a brilhar

como mil fogos…