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a população na europa nos séculos XVIIe XVIII

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} Relacionar a economia pré -industrial com o modelo demográfico antigo.

} Compreender a alteração demográfica que se verificou na segunda metade do século XVIII.

} Explicar as preocupações de Malthus em relação ao crescimento demográfico

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1682- O presente ano foi de grande penúria, tendo morridomuita gente de miséria. A colheita prometia ser boa, mas osnevoeiros que começaram em meados de Maio e que duraramaté ao mês de Outubro estragaram tudo. Colheu-se muitopouco trigo, milho grosso, favas e ervilhas.

1693- O ano foi muito seco, o Inverno sem geadas, a Primaveramuito seca, o Verão sem chuva.

1694-Foi o mais miserável que os vivos já tinham presenciado.Todos vendiam no mercado , com grandes pregões, roupabranca, vestuário, móveis. Os recém-casados vendiam osseus vestidos nupciais. As terras vendiam-se por umaninharia. O rei procedeu à distribuição de víveres em todo oreino. Apesar destas precauções, na província de Toulousemorreu de miséria um terço das gentes. A maior parte dospobres tornavam-se ladrões. Não houve igreja que não fossepilhada e chegavam a desenterrar os mortos para lhes roubara mortalha, que vendiam.

Chronique do abade Laplaigne

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} Em 1960 , a esperança de vida à nascença ronda ouultrapassa os 70 anos. Em 1661 atingiria os 25 anos? Estesnúmeros brutais significavam que nesse tempo, tal como ocemitério estava no centro da vila, a morte estava no centroda vida. Em cada 100 crianças nascidas, 25 morriam antes daidade de 1 ano, outras 25 não atingiam os 20 anos, e outras25 desapareciam entre os 20 e os 40 anos. Uma dezenachegava a sexagenário. O octogenário triunfante , rodeado deuma lenda que o transformava em centenário, via-serodeado do respeito supersticioso que coroava os campeões;desde há muito que perdera todos os seus filhos, todos osseus sobrinhos, assim como uma boa parte dos seus netos esobrinhos-netos. Este sábio era olhado pela aldeia como umoráculo. A morte do herói tornava-se um acontecimentoregional.

P. Goubert

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A morte no Antigo Regime: Toda a gente conhece a imagem típica da morte no Antigo regime, em que ela aparece representada na imagem de uma velha, quase bruxa, que aparece com uma foice na mão. Simboliza o que a morte representa. A morte deveria ocorrer na velhice. A foice, era o instrumento que acabava com a vida. Era o afastar da mentalidade religiosa, que defendia uma vida para além da morte. Posteriormente esta imagem é modificada. Agora a morte é representada com a imagem de uma velha, mas em esqueleto. Representa a fome. A morte chegava a todas as classes e a todas as idades. No entanto as crianças eram as mais lesadas uma vez que não resistiam facilmente às más condições de vida da época (falta de higiene, falta de comida). As estações do ano em que se morria mais eram no Verão e no Inverno (aqui os idosos são o grande número). Por outro lado também se morre mais na cidade que no campo. A cidade é insalubre, mal arejada, propícia à disseminação de doenças de toda a ordem, sobretudo no Verão.A ideia de morte provoca na população em geral 2 sentimentos: o de insegurança e o de medo. A igreja tenta esbater esses medos, prometendo o paraíso aos seus crentes. No entanto havia ainda o julgamento final, onde todos eram julgados. Nas camadas mais pobres o confessionário era a única forma de redenção dos seus pecados, ou seja possibilitava que a alma fosse para o céu. Nas camadas mais ricas a fórmula para obter a sua salvação era através dos testamentos que deixavam à Igreja legados fabulosos, tanto em dinheiro como em terras.

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As úlceras apareciam sob as axilas evirilhas e a morte sobrevinha aoterceiro dia. Por vezes, os doentesmorriam sufocados pelo própriosangue.O pavor era tal, que logo queapareciam as feridas no corpo de umdoente, todos o abandonavam, até osparentes: o pai deixava o filho agonizarno seu catre e o filho deixava o pai.Isto não nos deve espantar, sepensarmos que a Peste era altamentecontagiosa : quando numa casaaparecia a primeira vítima, tudo eracontaminado, morriam as pessoas e osanimais que vivessem debaixo domesmo tecto. Assim, faleciam por faltade cuidados muitos que de outraforma, poderiam sobreviver; outrosquando atingidos eram logoconsiderados condenados, levadospara uma vala e sepultados antes dedarem o último suspiro.

Relato da época

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A Peste Negra propaga-se por toda a Europa de finaisde Setembro de 1348 aos inícios de 1349.

Yersinia pestisAmpliada 2000x

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Devido à mortandade imensa e horrível quenaquelas partes durou, como ainda dura, avossa igreja bracarense está privada daconsolação dos seus ministros, de tal modoque dificilmente se podem efectuar os ofíciosdivinos por sacerdotes locais.

Arcebispo de Braga ao Papa Clemente VI, citado por A. H. de Oliveira Marques: NovaHistória de Portugal; IV; p. 21

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Explica a relação entre a evolução dos óbitos e das concepções

Explica a relação entre a curva dos óbitos e dos casamentos.

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O Século XVII:

O Século XVII ficou para a História como um tempo de desgraças e dificuldades. A fome, a peste e a guerra conjugaram-se.O Século inaugurou-se sob o signo da fome.A fome arrastava consigo a doença. De todo o cortejo de doenças a mais temida era a peste.O Século XVII conheceu também um clima de guerra permanente.

“ Século sombrio, «tempos dificeís»”.A guerra que mereceu mais destaque foi a Guerra dos 30 anos que começou nos Estados Alemães por motivos religiosos e se espalhou a outras Nações.

Morte de Gustavo Adolfo na Batalha de Lutzen

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Os regimes demográficos

O Século XVII é o das paragens escalonadas do crescimento «de recuperação» iniciado na Europa por fim da Idade Média, após as quedas devidas à Peste Negra. Continua a ser um século de fomes e pestes, dois males que fazem parte das características de um mundo justamente em desaparecimento na Europa ocidental [juntamente com a guerra]. Mas é também (…) um século em que se acelera a evolução para um regime demográfico novo: o dos casamentos retardados, dos nascimentos em menor número e, em breve, dos enterros menos frequentes- Um pouco como se, obscuramente, inconscientemente, a humanidade europeia, pelo menos na sua parte ocidental, se tivesse esforçado por impedir, através de um melhor domínio da sua demografia, o retorno das crises terríveis que acabavam de sacudi-la.

Jean-Pierre Pousson, “Os Homens”, In Pierre Léon, História Económica e Social do Mundo,

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1600-1700:•Declínio ou estagnação

1700-1800:•Crescimento generalizado

A População da Europa nos séculos XVII e XVIIIDupla tendência na evolução demográfica

•O século XVII – a economia pré-industrial:

•A estrutura produtiva assenta numa agricultura tecnicamente pouco desenvolvida;•É mobilizadora de muita mão-de-obra;•A expansão demográfica no século XVII está condicionada pela falta de recursos

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Crises Demográficas

•Irregularidade das condições climatéricas;• Más colheitas;• Aumento do preço dos cereais•Crises alimentares – subalimentação – fomes;• Duras condições de vida material – longas jornadas de trabalho,insalubridade das habitações; promiscuidade e pobreza, falta de infra-estruturas de higiene pública e privada, vestuário exíguo.•Guerras que provocaram o aumento da mortalidade, destruição decampos e cidades, falta de mão- de – obra e aumento dos impostos• Pestes( peste bubónica, febre tifóide, difteria, tuberculose)•Atrasos sucessivos dos casamentos devido à instabilidade

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A produção agrícola cresceu, bem como as condições de vida da população e os rendimentosdos grandes proprietários. A mortalidade recuou, a esperança de vida aumentasignificativamente e a natalidade mantém-se elevada. Muda a estrutura demográfica do AntigoRegime. O crescimento é muito acentuado.

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Verificaram-se grandes progressos no campo da medicina, como a vacina contra a varíola desenvolvida por Edward Jenner, ou os estudos sobre saúde pública do médico austríaco Johann Peter Frank.

Edward Jenner (1749 – 1823)

Johann Peter Frank (1745 – 1821).

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Verificaram-se assinaláveis melhorias no nível de vida das populações. Além das condiçõesalimentares, as pessoas preocupação mais com o vestuário e a higiene pessoal.

Hubert RobertLa Bièvre1768colecção privada

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A infância

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Até ao século XVIII:

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Lê o documento da página 21

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AS CRIANÇAS E A INFÂNCIAOS ADOLESCENTES E A JUVENTUDE

} Século X-XVI: criança não apresentavanenhum interesse para a sociedade. Ainfância era entendida assim noquotidiano, como um período detransição para a vida adulta, um “vir aser”.

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Jan Steen.

“The Village School”

A concepção de adulto em miniatura é observada principalmente pelos trajes utilizados pelas crianças e jovens, que se aproximam dos trajes adultos

Os artistas impunham aos corpos das crianças uma certa deformação, retratando crianças com corpos de homens adultos reproduzidos, apenas numa escala menor que estes.

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Daniel Nikolaus ChodowieckiO Quarto de Dormir1749Staatliche Museen, Berlim

No século XVIII, as crianças tornam-se o centro das atenções familiares . Protege-se a maternidade.

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Progressão demográfica e melhoria das condições de vida

Novo comportamento demográfico no século XVIII:• Esperança de vida aumentou (35 /40 anos)• Rejuvenescimento da população europeia;• Taxas elevadas de natalidade e menores taxas de mortalidade.

Causas:• Progressiva melhoria climática (anos de boas colheitas, arranque darevolução agrícola, diminuição das fomes.)•Progressos técnicos e económicos: maior produtividade, introdução de novasculturas, alargamento dos circuitos comerciais o que permitiu acesso a bens deconsumo;•Desenvolvimento da medicina com a descoberta das vacinas, desenvolvimentoda obstetrícia•Aumento dos cuidados de higiene pública e privada ( uso do sabão, construçãode sistemas de esgotos•Ocorrência de menos guerras•Recuo da Peste• Fortalecimento dos laços afectivos nas famílias( as crianças são fruto decasamentos por amor; passam a ser criadas pelas mães e deixam de serenfaixadas)•Aumento da preocupação com a saúde e a educação das crianças.

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No fim do século XVIII, quando a Revolução Industrial começava a alterar as leis demográficas, o receio da insuficiência de recursos alimentares persistia ainda.Penso que posso partir de 2 postulados.Primeiro , que os alimentos são necessários à existência humana.Segundo, que a paixão entre os sexos é necessária e permanecerá semelhante àquilo que é hoje.Assumindo. Que os meus postulados estão correctos, afirmo que o poder da população é infinitamente maior que o poder da terra para produzir as subsistências necessárias ao Homem.A população quando não controlada , cresce numa proporção geométrica. As subsistências crescem numa proporção aritmética. A fome parece o último e o mais terrível recurso da natureza.

O poder da população é tão superior ao da terra que a morte prematura visitará forçosamente a raça humana. Estações doentias, epidemias, pestes ceifam milhares de vidas.

Thomas Malthus, Ensaio sobre o Princípio da população

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Em 1798, Malthus expõe suas ideias sobre aumento populacional na obra Ensaio sobre o Princípio da População. Com base em estatísticas, conclui que a miséria é consequência da desproporção entre o crescimento da oferta de alimentos e o da população.

De acordo com sua teoria, a produção de alimentos cresce em progressão aritmética, enquanto a população aumenta em progressão geométrica. Tal desfasamento explicaria as guerras e as epidemias como recursos inevitáveis de redução da população. Malthus propõe o controlo da natalidade para restaurar o equilíbrio.As medidas defendidas por Malthus seriam:-a restrição total da assistência social e médica à população, - a sujeição moral de retardar o casamento- a prática da castidade antes do casamento- ter somente o número de filhos que se pudesse sustentar