49
OS NOVOS VALORES OS NOVOS VALORES EUROPEUS EUROPEUS O tempo das reformas religiosas O tempo das reformas religiosas A crise religiosa do século XVI e a A crise religiosa do século XVI e a ruptura protestante ruptura protestante A reacção Católica: Reforma Católica e A reacção Católica: Reforma Católica e Contra-Reforma Contra-Reforma

A reforma aula

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Reforma e contra - Reformaprofessor Nuno Faustino

Citation preview

Page 1: A reforma aula

OS NOVOS VALORES OS NOVOS VALORES EUROPEUSEUROPEUS

O tempo das reformas religiosasO tempo das reformas religiosas

A crise religiosa do século XVI e a ruptura A crise religiosa do século XVI e a ruptura protestanteprotestante

A reacção Católica: Reforma Católica e Contra-A reacção Católica: Reforma Católica e Contra-ReformaReforma

Page 2: A reforma aula

Já desde a Idade média que se sentia a necessidade de mudança na doutrina da Igreja e no comportamento dos papas e dos membros do alto clero. John Wyclif, na Inglaterra, Jan Huss, na actual República Checa, e o monge italiano Girolamo Savonarola foram alguns dos que criticavam a Igreja e faziam apelos à sua reforma.

A CRISE RELIGIOSA DO SÉCULO XVIA CRISE RELIGIOSA DO SÉCULO XVI

John WyclifJan Huss - aconselhava os padres a imitarem a simplicidade e a pobreza de Cristo

Girolamo Savonarola - incitava os cristãos a inspirar-se no Evangelho e a praticar a caridade

Page 3: A reforma aula

Mas foi, no século XVI, que as críticas e os protestos dos humanistas, como por exemplo Tomas More e Erasmo de Roterdão, que defendiam a renovação da Igreja, aumentaram, pois os abusos do clero e o desprestígio da Igreja tornam-se mais evidentes. Mas porquê?

Eis os soberanos Pontífices, os cardeais e os bispos (…). Hoje (…) estes pastores não fazem nada senão alimentar-se bem. Deixam o cuidado do rebanho ao próprio Cristo (…). Esquecem que o nome de bispo significa labor, vigilância (…). Estas qualidades servem-lhes para deitar mão ao dinheiro (…). Se os soberanos Pontífices, que estão no lugar de Cristo, se esforçassem por imitá-lo na sua pobreza, nos seus trabalhos, na sua sabedoria, na sua cruz e no desprezo da vida (…) não seriam os mais infelizes dos Homens?

Erasmo de Roterdão, O Elogio da Loucura.

Thomas More Erasmo de Roterdão e a sua obra “O Elogio da Loucura”

Page 4: A reforma aula

1- A veracidade de alguns dos ensinamentos da Igreja é posta em causa, devido ao espírito crítico dos renascentistas (exemplo: Geocentrismo).

2- A corrupção e a imoralidade dos membros do alto clero eram frequentes:

AS CAUSAS DA CRISE DA IGREJA NO SÉCULO XVIAS CAUSAS DA CRISE DA IGREJA NO SÉCULO XVI

▪ Os membros do alto clero, nomeadamente os papas, comportavam-se como príncipes (interferiam nos assuntos políticos) e levavam uma vida de luxo e ostentação.

▪ Muitos membros do clero prosseguiam uma vida imoral (vários tinham, aliás, mulher e filhos, contrariando o voto de celibato) e a sua formação religiosa era pobre.

▪ O acesso aos altos cargos eclesiásticos, devido aos elevados rendimentos que proporcionavam, era muitas vezes atribuído (e mesmo comprado) a familiares e a nobres (simonia).

3- A “Questão das Indulgências”: O Papa Leão X publicou, em 1513, a Bula das Indulgências, documento que concedia o perdão dos pecados aos cristãos que dessem esmolas para a construção da basílica de S. Pedro.

Papa Leão X (1513-1521)

Page 5: A reforma aula

Esta prática, que permitia aos cristãos resgatar os seus pecados com dinheiro, foi uma das causas da ruptura de Lutero com a Igreja Católica. (Na imagem, vê-se o Papa Leão X a receber os bens obtidos com a venda das indulgências.)

Page 6: A reforma aula

Na Alemanha, mais do que em qualquer outra parte da Na Alemanha, mais do que em qualquer outra parte da Europa, era opinião corrente que a Igreja devia ser Europa, era opinião corrente que a Igreja devia ser reformada. reformada.

Com efeito, os pesados impostos lançados aí por Com efeito, os pesados impostos lançados aí por Roma e os escandalosos abusos do clero eram Roma e os escandalosos abusos do clero eram motivo de constantes queixas e críticas à Igreja motivo de constantes queixas e críticas à Igreja Católica.Católica.

É neste contexto que, no primeiro quartel do século XVI, se É neste contexto que, no primeiro quartel do século XVI, se desencadeia uma revolta contra o papado. desencadeia uma revolta contra o papado.

Page 7: A reforma aula

Neste documento, Lutero condenava a venda das indulgências a troco de dinheiro e demonstrava que a capacidade para conceder o perdão dos pecados não pertencia ao Papa, pois a absolvição passava pela prática de boas acções (só o poder de Deus pode perdoar os pecados).

A RUPTURA COM A IGREJA: A REFORMA PROTESTANTEA RUPTURA COM A IGREJA: A REFORMA PROTESTANTE

Indignado com a atitude da Igreja, Martinho Lutero, monge agostinho, denunciou publicamente a venda das indulgências através de uma proclamação, as 95 Teses Contra as Indulgências, que afixou nas portas da catedral de Vitemberga, em 1517.

Martinho Lutero (1483-1546)

Page 8: A reforma aula

Foi, por isto, perseguido e excomungado (expulso da Igreja) em 1521. Em sinal de revolta, Lutero queimou publicamente a bula de excomunhão. Esta atitude marca a ruptura com a Igreja Católica e o início da Reforma Protestante.

As ideias de Lutero deram início a uma nova doutrina – O PROTESTANTISMO – que rapidamente se difundiu nos países do Norte da Europa, embora com algumas variantes doutrinárias.

Page 9: A reforma aula

AS IGREJAS PROTESTANTESAS IGREJAS PROTESTANTES

▪ Luteranismo (Igreja Luterana): foi criado, na Alemanha, por Martinho Lutero e os seus princípios doutrinários, definidos na Confissão de Ausburgo, podem resumir-se aos seguintes:

- a salvação alcança-se unicamente pela fé e não pelas obras (fé é uma dádiva de Deus);

- a Bíblia é a única fonte de fé e deve ser interpretada livremente por todos (Lutero traduziu a Bíblia em alemão) – não os concílios ou a tradição da igreja;

- só existem dois sacramentos: o baptismo e a eucaristia;

- recusa a autoridade do Papa, o culto dos santos e da Virgem e o celibato.

Martinho Lutero (1483-1546)

Page 10: A reforma aula

Que princípios Que princípios doutrinários doutrinários defende o defende o

Protestantismo?Protestantismo?

Page 11: A reforma aula

Após a ruptura com a Igreja Católica, Lutero estabeleceu os princípios de uma nova religião: o LUTERANISMOLUTERANISMO

- Bíblia como fonte de fé;

- Salvação pela fé;

- Celibato do clero não obrigatório;

-Rejeição da autoridade do Papa;

- Sacramentos: baptismo e Eucaristia;

- Culto: leitura da Bíblia, Sermão e Eucaristia;

Page 12: A reforma aula

▪ Calvinismo (Igreja Calvinista): foi fundado, na Suiça, por João Calvino e assentava na teoria da predestinação, segundo a qual todo o Homem está destinado por Deus à salvação ou à condenação eterna.

João Calvino (1509-1564)

▪ Anglicanismo (Igreja Anglicana): foi fundado pelo rei Henrique VIII de Inglaterra, em 1534, através do Acto de Supremacia. Embora o chefe máximo passe a ser o rei inglês, esta Igreja manteve o cerimonial e a hierarquia da Igreja Católica.

Henrique VIII (1509-1547)

Page 13: A reforma aula

Na SuíçaNa Suíça, João Calvino, João Calvino fundou fundou o o CALVINISMOCALVINISMO

- Bíblia como fonte de fé;

- Salvação pela fé e predestinação;

- Celibato do clero não obrigatório;

- Rejeição da autoridade do Papa;

- Sacramentos: Baptismo e Eucaristia;

- Culto: leitura da Bíblia, Sermão e Eucaristia.

Page 14: A reforma aula

Em Inglaterra, o Em Inglaterra, o rei Henrique rei Henrique VIIIVIII fundou o fundou o

ANGLICANISMOANGLICANISMO

-

- Bíblia como fonte de fé;

- Salvação pela fé e predestinação;

- celibato do clero não obrigatório;

- Rejeição da autoridade do Papa ( o rei é o chefe da igreja);

- Sacramentos: Baptismo e Eucaristia;

- Culto: supressão da missa mas mantendo a pomposidade das cerimónias.

Page 15: A reforma aula

PrincípiosPrincípios

CATOLICISMOCATOLICISMO

Salvação pela fé e Salvação pela fé e boas obrasboas obras

Obediência ao PapaObediência ao Papa

Sete sacramentosSete sacramentos

Celibato dos padresCelibato dos padres

Culto: missa com Culto: missa com comunhão dos fiéis comunhão dos fiéis através da hóstiaatravés da hóstia

Bíblia e tradição: Bíblia e tradição: fontes de doutrinafontes de doutrina

PROTESTANTISMOPROTESTANTISMO

Salvação pela féSalvação pela fé

ACTIVIDAACTIVIDADEDE

Page 16: A reforma aula

PrincípiosPrincípios

CATOLICISMOCATOLICISMO

Salvação pela fé e Salvação pela fé e boas obrasboas obras

Obediência ao PapaObediência ao Papa

Sete sacramentosSete sacramentos

Celibato dos padresCelibato dos padres

Culto: missa com Culto: missa com comunhão dos fiéis comunhão dos fiéis através da hóstiaatravés da hóstia

Bíblia e tradição: Bíblia e tradição: fontes de doutrinafontes de doutrina

PROTESTANTISMOPROTESTANTISMO

Salvação pela fé Salvação pela fé predestinaçãopredestinação

Igrejas nacionaisIgrejas nacionais

Dois sacramentos: Baptismo Dois sacramentos: Baptismo e Eucaristiae Eucaristia

Celibato não obrigatórioCelibato não obrigatório

Culto: Leitura da Bíblia Culto: Leitura da Bíblia orientada por um pastor e orientada por um pastor e Cântico de hinosCântico de hinos

Bíblia traduzida como fonte Bíblia traduzida como fonte de doutrinade doutrina

Page 17: A reforma aula

A RÁPIDA EXPANSÃO DA REFORMA PROTESTANTEA RÁPIDA EXPANSÃO DA REFORMA PROTESTANTE

▪ Muitos príncipes e nobres aderiram à Reforma com o objectivo de se apoderarem dos bens materiais da Igreja Católica.

▪ Os camponeses esperavam livrar-se dos impostos que pagavam ao clero.

Em finais do século XVI, a Europa encontrava-se dividida: o Norte era maioritariamente protestante e o Sul católico. Mas que razões explicam esta expansão do protestantismo?

Page 18: A reforma aula

Às críticas dos humanistas e avanços do protestantismo respondeu a Igreja Católica com um movimento que foi simultaneamente de renovação interna (Reforma Católica) e de combate à expansão do protestantismo (Contra-Reforma).

A REACÇÃO CATÓLICA: REFORMA CATÓLICA E CONTRA-REFORMAA REACÇÃO CATÓLICA: REFORMA CATÓLICA E CONTRA-REFORMA

REFORMA REFORMA CATÓLICA:CATÓLICA:

Movimento de renovação interna que redefiniu a doutrina oficial da Igreja e reestruturou o clero, de forma a melhorar a sua formação e a sua conduta.

Este processo de renovação interna da Igreja foi desencadeado a partir do Concílio de Concílio de TrentoTrento (1545-1563), convocado e presidido pelo Papa Paulo III, no qual foram tomadas decisões relacionadas com a fé e a disciplina do clero.

Papa Paulo III (1534-1549)

Page 19: A reforma aula
Page 20: A reforma aula

A realização deste concílio teve como A realização deste concílio teve como principais objectivos:principais objectivos:

Reafirmação da doutrina cristãReafirmação da doutrina cristã

Moralização da vida religiosaMoralização da vida religiosa

Page 21: A reforma aula

Principais decisões do Concílio de Trento:Principais decisões do Concílio de Trento:

▪ Reafirmação da doutrina oficial da Igreja posta em causa pelos protestantes.

▪ Reestruturação do clero, impondo uma disciplina mais severa para combater a ignorância, a falta de formação e os abusos dos membros do clero:

- criação de seminários como centros de formação dos padres;

- proibição da acumulação de cargos;

- proibição da ordenação sacerdotal antes dos 25 anos;

- manutenção do celibato.

Concílio de Trento (1545-1563)

Foi o mais longo concílio da história da Igreja. Teve uma duração real de 8 anos divididos por três períodos: 1545-1549, 1551-1552 e 1562-1563.

Foi presidido pelos papas Paulo III, Júlio III, Marcelo II e Pio IV.

Page 22: A reforma aula

Face ao avanço do Protestantismo, a Face ao avanço do Protestantismo, a Igreja Católica iniciou um Igreja Católica iniciou um movimento movimento

de reorganizaçãode reorganização::

- - REFORMA CATÓLICAREFORMA CATÓLICA: iniciou-se no : iniciou-se no Concílio de Trento Concílio de Trento (1545-1563);(1545-1563);

- - CONTRA-REFORMACONTRA-REFORMA: combate todas : combate todas as formas de heresia.as formas de heresia.

Page 23: A reforma aula

Como reagiu a Igreja Como reagiu a Igreja Católica ao avanço Católica ao avanço

da Reforma da Reforma Protestante? Protestante?

Page 24: A reforma aula

REFORMA CATÓLICA

Crise religiosa: abusos e

degradação dos costumes

Avanço do Protestantismo

CONTRA-REFORMA+

Page 25: A reforma aula

REFORMA CATÓLICA

Crise religiosa: abusos e

degradação dos costumes

ACÇÃO REFORMADORA

Avanço do Protestantismo

ACÇÃO REPRESSIVA

CONTRA-REFORMA+

Page 26: A reforma aula

Que meios utilizou a Que meios utilizou a Igreja Católica para Igreja Católica para combater o avanço combater o avanço

protestante?protestante?

Page 27: A reforma aula

CONTRA-CONTRA-REFORMA:REFORMA:

Movimento da Igreja Católica de prevenção e combate ao avanço do Protestantismo, por meio do recurso à Companhia de Jesus, à Inquisição e ao Índex.

A Companhia de Jesus.

Santo Inácio de Loyola(1491-1556)

Foi criada em 1539, pelo nobre espanhol Inácio de Loyola. Caracterizava-se por uma disciplina muito rigorosa e os seus membros, os Jesuítas, destacaram-se no ensino e na evangelização dos povos.

Inácio de Loyola entrega ao papa Paulo III as regras da Companhia de Jesus

Page 28: A reforma aula

COMPANHIA DE JESUS

Page 29: A reforma aula

A Inquisição (Tribunal do Santo Ofício/Santa Inquisição).

Tribunal eclesiástico destinado a “defender a fé católica e os bons costumes”, com poderes para prender, torturar e condenar, geralmente à morte na fogueira, os suspeitos de praticarem bruxaria ou outras religiões, especialmente o Luteranismo e o Judaísmo.

Em Portugal, a Inquisição foi introduzida em 1536, no reinado de D. João III, e as suas principais vítimas foram os cristãos-novos, isto é, os descendentes dos judeus convertidos ao Cristianismo durante o reinado de D. Manuel I.

Auto-de-fé: execução pública de condenados pela inquisição.

Page 30: A reforma aula

O Índex (Congregação do Índex).

Fundado em 1543, era uma lista dos livros considerados perigosos para a fé e cuja impressão, venda e leitura era proibida, sob pena de excomunhão.

Em muitos casos as perseguições e as condenações não eram motivadas por razões religiosas, mas sim por razões económicas. É que os bens dos condenados passavam a pertencer à Inquisição e muitos cristãos-novos eram ricos burgueses.

Page 31: A reforma aula
Page 32: A reforma aula
Page 33: A reforma aula
Page 34: A reforma aula
Page 35: A reforma aula
Page 36: A reforma aula
Page 37: A reforma aula
Page 38: A reforma aula
Page 39: A reforma aula

INQUISIÇÃO INQUISIÇÃO

O “interrogatórinterrogatór

ioio”

Page 40: A reforma aula

A torturaA tortura

Page 41: A reforma aula
Page 42: A reforma aula
Page 43: A reforma aula

A “procissã“procissão”o” até ao local da

execução

Page 44: A reforma aula

O “auto-de-f锓auto-de-fé”

Page 45: A reforma aula

ÍNDEX - Lista dos livros proibidos pela Igreja

Page 46: A reforma aula

OBJECTIVO:

prevenir a leitura de livros considerados imorais pela Igreja ou de obras que

contivessem desvios teológicos e deste modo "prevenir a

corrupção dos fiéis".

Page 47: A reforma aula

Em síntese...

Page 48: A reforma aula

Perante o avanço do Protestantismo, a Igreja iniciou um movimento de

reorganização:

REFORMA CATÓLICA

CONTRA-REFORMA

- Reafirmação da doutrina tradicional

- Moralização dos costumes do

CleroConcílio de

Trento

- Combate a todas as formas

de heresia

Inquisição

Índex Companhia de

Jesus

Page 49: A reforma aula

FIMFIM