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1 “ADOPT_DTV: Barreiras à adopção da televisão digital no contexto da transição da televisão analógica para o digital em Portugal” ( PTDC/CCI‐COM/102576/2008) Relatório Final Outubro de 2011

Adopt dtv relatorio-final_out2011

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Relatório final do projecto ADOPT-DTV, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia

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Page 1: Adopt dtv relatorio-final_out2011

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“ADOPT_DTV:Barreirasàadopçãodatelevisãodigitalnocontextoda

transiçãodatelevisãoanalógicaparaodigitalemPortugal”

(PTDC/CCI‐COM/102576/2008)

RelatórioFinalOutubrode2011

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Esterelatórioconstituiumadascomponentesdeinvestigaçãodoprojecto“ADOPT‐DTV:Barreirasà

adopçãodatelevisãodigitalnocontextodatransiçãodatelevisãoanalógicaparaodigital”(PTDC/CCI‐COM/102576/2008),daresponsabilidadedoCentrodeInvestigaçãoemComunicação,ArteseNovas

Tecnologias(CICANT)daUniversidadeLusófonadeHumanidadeseTecnologias,comofinanciamentodaFundaçãoparaaCiênciaeTecnologia,emparceriacomoObercomeAnacom.

EQUIPADEINVESTIGAÇÃOUniversidadeLusófonadeHumanidadeseTecnologias

‐ManuelJoséDamásio(investigadorresponsável)‐CéliaQuico(coordenação‐geral)

‐IolandaVeríssimo‐SaraHenriques

‐RuiHenriques‐InêsMartins

‐ÁgataSequeira‐DiogoMorais

PARCEIROSObercom–ObservatóriodaComunicação(GustavoCardoso,VeraAraújo)

Anacom–AutoridadeNacionaldasComunicações

FICHATÉCNICATítulo: “ADOPT‐DTV:RelatórioFinal”

Autoria: ManuelJoséDamásio,CéliaQuico,IolandaVeríssimo,SaraHenriquesAgradecimentos: ÁgataSequeira,RuiHenriques,DiogoMorais,InêsMartins,AndréBaptista,

PeterOlafLooms,CarlaAlesDatadePublicação: Outubrode2011

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ÍNDICE

0.SumarioExecutivo.............................................................................................. 4

1.DescriçãodoProjecto ......................................................................................... 9

2.ExecuçãoMaterial ............................................................................................ 21

3.Resultadosprincipais........................................................................................ 25

4.Recomendações ............................................................................................... 71

5.Bibliografia ....................................................................................................... 80

6.AnexosA–PublicaçõesdoprojectoADOPT‐DTV .............................................. 84

6.AnexosB–RelatóriosdoprojectoADOPT‐DTV................................................. 88

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0.SumarioExecutivo

Introdução

Compreender quais são os factores mais significativos para a adopção e rejeição da TV

digitalporpartedapopulaçãoPortuguesaéoprincipalobjectivodoprojecto“ADOPT‐DTV:

Barreirasàadopçãodatelevisãodigitalnocontextodatransiçãodatelevisãoanalógicapara

odigital(PTDC/CCI‐COM/102576/2008)”.Osegundoobjectivoéproporàsprincipaispartes

interessadasnesteprocessoemPortugalumconjuntoderecomendaçõesdeordemprática,

procurando contribuir efectivamente para uma televisão digital mais inclusiva, para a

promoçãodeumacomunicaçãomaiseficiente,paraamelhoriaqualitativadoconteúdoda

TVdigitalemaiorfacilidadedeusodamesma.Ofocodesteprojectoincideespecialmente

naspessoasquenãotêmintençãodeadoptarTVdigital.Maisconcretamente,oobjectivoé

compreender e identificar os principais factores queexplicamesta intenção, bem comoo

seuperfildemográficoesocioeconómico.

O projecto de investigação ADOPT‐DTV teve início em Abril de 2010, tendo a

duraçãode18meses.Oprojectocombinamétodosquantitativosequalitativos,deacordo

comasboaspráticasdeprojectosdeâmbitosemelhante:

1) Estudo etnográfico junto de 30 famílias Portuguesas, com a finalidade de explorar em

contextonaturalquaissãosuasatitudeseníveldeconhecimentosobreaTVdigital;

2) Entrevistas com partes interessadas, com a intenção de compreender as diferentes

perspectivasdosintervenientescentraisnestedomínioespecífico;

3)Inquéritoquantitativo,aplicadoaumaamostrarepresentativadapopulaçãoPortuguesa,

com o objectivo principal de determinar os principais factores de adopção e rejeição

associadosàTVdigital;

4)Estudodeusabilidade,comumaamostrade20utilizadorescomintuitoderealizaruma

análisecomparativadealgunsdosequipamentosdescodificadoresdeTVdigitalterrestreem

Portugal,emtermosdefacilidadedeutilizaçãoesatisfaçãogeral.

Aequipade investigaçãovisaassimcontribuirparaumamelhorcompreensãodos

desafiosenfrentadosacurtoemédioprazoduranteoprocessodetransiçãodaTVanalógica

terrestre para a digital terrestre – também conhecido por switchover ‐ e em termos

práticos,contribuirtantoemPortugalcomoparaoutrospaísesnumasituaçãosemelhante

paraodesenvolvimentodeumaTVdigitalmaisinclusiva.

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Resultadosprincipais

Osresultadosprincipaisserãodetalhadosnocapítulo3,sendodevidamentesuportadosnos

dadoseachadosdosestudosempíricosqueintegramopresenteprojectodeinvestigação.

1.PossedeTVemsinalabertoedeTVporsubscrição

‐ A percentagem da população de Portugal Continental que recebe exclusivamente

televisãoemsinalabertodevesituar‐sepróximodos38%,emSetembrode2011.

1.a.osindivíduoscomTVpagaemPortugalsãosobretudojovensadultoseadultosdemeia

idade,mais propensos a ter níveismais elevados de educação e a pertencer a grupos de

statusmaisalto(A/B/C)1emenospropensosateralgumtipodedeficiência(visual,auditiva

oudemobilidade).

1.b.os indivíduossemTVpagaemPortugal sãomaispropensosa termaisde55anosde

idade, a possuir baixos níveis de habilitações académicas e um baixo status (D/ E) e,

finalmente,apossuiralgumníveldedeficiência(auditiva,visualoudemobilidade).

2.TipodeacessoaTVemsinalaberto

‐ Verifica‐se que a recepção de TV analógica terrestre se mantém como largamente

dominante juntodosPortuguesessemTVpaga,sendooacessoàTDTpoucoexpressivo,

estimando‐seemSetembrode2011que35%dapopulaçãodePortugalContinentalpossa

serafectadacomodesligamentodosinaldeTVanalógicoterrestre.

3.ConhecimentosobreaTVdigitaleTDT

‐Estima‐sequeamaioriadosPortugueses játenhaouvidofalaremTVdigitaleemTDT,

mas que namaior parte dos casos tenhamdificuldades emdefinir ou caracterizar estas

tecnologias.

4.VantagensedesvantagensassociadasàTVdigital

‐AreduzidapercepçãodasvantagensedesvantagensassociadasàTVdigitaleàTDTéa

situaçãomaiscomumverificada,sendoocustoidentificadocomoaprincipaldesvantagem

1OstatusédeterminadopelaempresadeestudosdemercadoGfKcombasenoníveldeescolaridadeenaocupaçãodorespondente:maisdetalhesnosanexosaesterelatório.

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eamelhoriadaqualidadedeimagemesompercebidacomoaprincipalvantagem.

5.ConhecimentosobreodesligamentodosinaldeTVanalógicaterrestre

‐ Estima‐se que amaioria da populaçãoPortuguesa desconheça qual a data prevista do

desligamentodosinaldeTVanalógicaterrestre,a3mesesdoiníciodoswitch‐off.

6.ConhecimentodoquedeveserfeitoparacontinuaraterTVemsinalaberto

‐Verifica‐seumbaixoníveldeconhecimentosobreasquestõespráticasrelacionadascom

arecepçãodeTDT,sobretudonocasodosPortuguesessemTVpagaemcasa.

7.IntençãodeaquisiçãodeequipamentosouserviçosdeacessoaTVdigitaleTDT

‐Estima‐sequepertodemetadedosPortuguesessemTVpagaestejamindecisosquantoà

obtenção de equipamentos ou serviços de TV digital, a 3 meses do início previsto do

desligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestre.

8.MotivosparaterTDT

‐ Verifica‐se que os benefícios associados à presente oferta de TDT têm pouco peso na

respectiva intenção de adopção, sendo o corte da emissão de TV analógica terrestre

apontadocomooprincipalmotivoparaterTDT.

9.BarreirasàadopçãodeTVdigitaleTDT

‐OscustoseasquestõespráticassãodasprincipaisbarreirasàobtençãodeTVdigital‐e

TDTemparticular–paraosPortuguesessemTVpagaemcasa.

10.AdopçãodeTVdigital–perfis

‐Propõem‐sequatroperfisdeadoptersdeTVdigitalemPortugal,considerandoaposse

deTVpagaeaintençãodeusodeTVdigital:

10.a.Grupo–“JáAdoptou”(espectadorescomTVpagaporcabo,DTH,IPTV,fibra‐ópticae

outrastecnologias)‐sobretudojovensadultoseadultosdemeiaidade,maispropensosater

níveis mais elevados de educação e a pertencer a grupos de statusmais alto e menos

propensosateralgumtipodedeficiência(visual,auditivaoudemobilidade);

10.b. Grupo – “Adopta” (espectadores de TV em sinal aberto que estão a considerar

comprarumacaixadescodificadoraoutelevisorcomTDTintegradoouentãosubscreverum

serviçodeTVpagapara continuara ver televisãoemcasa) ‐ sãomaispropensosa serem

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homens,ateremidadescompreendidasentreos18eos44anos,apossuíremhabilitações

académicaselevadasemenospropensosateralgumníveldedeficiência(visual,auditivaou

motora);

10.c. Grupo – “EmDúvida” (espectadores de TV em sinal aberto que não sabem ou não

responderam qual a sua intenção de aquisição de TV digital) ‐ existe uma maior

probabilidadedeseremmulheres,aterembaixashabilitaçõesacadémicasepossuíremum

nívelsignificativodedeficiência(visual,auditivaoumotora);

10.d. Grupo – “Não Adopta” (espectadores de TV em sinal aberto que alegam não ter

intençãoemadoptarTVdigital)‐sãomaispropensosateremmaisde55anosdeidade,a

possuírem um baixo nível de habilitações académicas (instrução primária completa ou

menos)eateremumnívelsignificativodedeficiência(visual,auditivaoumotora).

Hipóteseprincipaldoprojectodeinvestigação

‐ Verificou‐se a validação da hipótese principal do projecto de investigação, em que no

contexto da transição da TV analógica‐digital, a adopção da TV digital está

significativamentecondicionadaporfactoresdeexpectativadedesempenho,expectativa

deesforçoe influênciasocial,comforteprobabilidadederejeiçãosignificativaporparte

de segmentos da população com idade mais avançada, com menores habilitações

académicasecomnecessidadesespeciais.

Recomendações

As recomendações serão detalhadas no capítulo 4, sendo devidamente suportadas nos

dadoseachadosdosestudosempíricosque integramopresenteprojectode investigação,

bemcomonarevisãodeliteraturarealizadanoâmbitodoprojecto.

1.Ponderaroadiamentodasdatasdedesligamentodosinalanalógicoterrestre

‐tendosobretudoemconsideraçãoaspessoasquerecebememexclusivoasemissõesde

TV analógica terrestre, estimando‐se haver um risco elevado de que parte substancial

desta população possa ficar sem acesso ao sinal de televisão, a manterem‐se as datas

previstasparaodesligamentodaTVanalógicaterrestre.

2.TornaratractivaaofertadeTDT,commaiscanaisTVeserviçosúteis

‐asvantagensdaTDTsãopraticamenteinexpressivasparaosespectadoresPortugueses,

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mantendo‐seamesmaofertadecanaisdaTVanalógicaterrestre:amelhoriadaqualidade

de imagemesomnãodevesersuficienteparamotivaramudançavoluntáriadagrande

maioriadapopulaçãoaserimpactadapeloswitch‐off.

3.Promovercampanhasdecomunicaçãomaisinformativaseesclarecedoras

‐ sobretudo ter em consideração as populações mais vulneráveis, como sejam os mais

idosos, as pessoas com status socioeconómico mais baixo e pessoas com necessidades

especiais, que correspondem à maioria das pessoas afectadas com o desligamento das

emissõesdeTVanalógicaterrestre.

4.Reforçarosapoiosespecíficosdirigidosàspopulaçõesmaisvulneráveis

‐ osmais idosos, osmais carenciados e as pessoas com deficiências visuais, auditivas e

motoras devemmerecer umamaior atençãoda parte das entidades responsáveis nesta

matéria,nomeadamentecomatravésdoreforçodosapoiosespecíficosdisponíveis.

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1.DescriçãodoProjecto

1.1.Contextualização2

O temadamigraçãopara a televisãodigital estánaordemdodia emPortugal: em

2009 foram iniciadas as transmissões de televisão digital terrestre (TDT), em 2011 serão

realizados os primeiros desligamentos do sinal analógico, e em 2012 está previsto o

encerramento total das transmissões da radiodifusão analógica – processo também

conhecido por switchover. Assim, será necessário que até 2012 todos os lares que

actualmenterecebemosinaldetelevisãotradicionalatravésdeantenaanalógica(ouseja,

osquenãotêmtelevisãopaganempré‐instalaçãodecabo)compremumdescodificadore

uma antena adaptada para quepossam continuar a usufruir das emissões televisivas. Por

outro lado, será ainda necessário preparar a indústria e omercado dosmedia para este

processodemigração,jáqueeleimplicanãosóumprocessodetransiçãoparaodigitalno

própriooperador,comotambémpelofactodevirreconfigurarasfontesdecriaçãodevalor

no contexto do sector televisivo. Por fim, também as actuais políticas demedia e mais

especificamente de televisão terão de ser enquadradas no contexto da migração para o

digital, por via por exemplo a repensar o papel do serviço público ou o destino das

frequênciasqueficarãolivresnoespectroradioeléctricoemconsequênciadamigraçãopara

o digital do sinal de televisão, e que poderão ser utilizadas para uma vasta gama de

aplicações tais comoodesenvolvimentoda alta definição, a criaçãodenovos canais ou a

televisãomóvel.

Apartirdasegundametadedosanosnoventa,assiste‐senaEuropaàdisseminaçãoda

TelevisãoDigital,tendoesteincrementoporbaseadecisãodamaioriadospaíseseuropeus

de realizar o encerramento das suas emissões analógicas nacionais (switch‐off) até 2012.

Assim, o desenvolvimento da televisão digital na Europa assenta, quase exclusivamente,

num processo político aliado a imperativos económicos e políticos (Papathanassopoulos,

2002),enãonaexigênciadostelespectadoressupriremumanecessidadesocialatravésda

inovação tecnológica. Em 24 de Maio de 2005, a Comissão Europeia adoptou uma

comunicação intitulada ''Acelerar a transição da radiodifusão analógica para a digital'', na

2Sub‐capítulodecontextualizaçãodeautoriadeVeraAraújo,retiradodorelatório“EstadodaArtenaEuropa”,emanexoaorelatóriofinalADOPT‐DTV.

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qual fixa os objectivos da política comunitária para a referida transição, com base em

emissõesdigitais terrestres.Nessecontexto,defende‐sequeamigraçãotraráganhospara

todas as partes envolvidas. Por um lado, o cidadão terá ummaior acesso à Sociedadede

Informação,poderáusufruirdeumamaiordiversidadedeconteúdoseserviços,acrescidas

capacidadesde interacção,possibilidadedepersonalizaçãodaexperiênciatelevisiva,assim

comomelhoriasemtermose imagemesom.Poroutro lado,asempresasdemedia terão

novas oportunidades em termos de oferta de serviços inovadores de valor acrescentado,

assim como a possibilidade de vender aos anunciantes espaços publicitários commaiores

recursos de segmentação. Por fim, o Estado poderá incrementar o pluralismo e a

diversidade graças ao aumento do número de canais, assim como criar novas

funcionalidades para incrementar a cidadania, tais como o T‐gov, ou seja, a utilização da

televisão como interface de comunicação entre a Administração Pública e os cidadãos,

permitindo aplicações tais comoo pagamento de impostos através do televisor. Uma vez

que, ao contrário dos computadores, a penetração da televisão nos lares nas sociedades

ocidentais rondaos100%,equeestemeioéutilizadopormaisde95%dos indivíduosna

Europa (OEA, 2010), as potencialidades em termos de inclusão e cidadania merecem

destaque,oferecendonovasferramentasparaoempowermentdoscidadãos.

1.2.AtransiçãodaTVanalógicaterrestreparaodigitalemPortugal

Depoisdeumafalsapartidaem2001,atelevisãodigitalterrestre(TDT)éfinalmente

lançada em Portugal a 26 de Abril de 2009, que assim se torna um dos países com uma

agenda mais ambiciosa – ou arriscada, dependendo da perspectiva – para a transição

completadatelevisãoanalógicaterrestreparaadigitalterrestreoucomoumriscoelevado,

já que haverámenos tempo para realizar tudo o que é necessário de forma a garantir o

sucessodesteprocesso.

Deve sernotadoque, em finais de2011,o sistemadeTDTofereceexactamenteos

mesmoscanaisqueosistemadeTVanalógicaterrestre–nemmaisnemmenoscanais.Um

quinto canal gratuito poderá vir a ser lançado no futuro, mas a sua concessão tem sido

adiada sine die como resultado da exclusão dos dois únicos concorrentes ao concurso

público promovido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social – ERC (2009).

Igualmente,olançamentodoserviçopagodeTDTtambémfoiadiadosemdatadefinida,já

que o vencedor do respectivo concurso público acabou por desistir da sua licença ‐mais

detalhesadiante.Alémdisso,deveser referidoqueaprimeiracampanhadecomunicação

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nacionalsobreoswitch‐offanalógicoteveinícioemMarçode2011,a10mesesdaprimeira

fasededesligamentodos retransmissoresdeTVanalógica terrestre–definidapara12de

Janeirode2012.

No entanto, em 2001 foi lançado o primeiro concurso público para a atribuição de

umalicençadeestabelecimentoeexploraçãodeumaplataformadeTDT(Anacom,2001).O

vencedordesteconcursofoioconsórcioPTDP‐PlataformadeTelevisãoDigitalPortuguesa‐,

constituído pelo Grupo Pereira Coutinho, recém‐chegado ao sector de telecomunicações,

RTPeSIC.Apósváriosatrasosporpartedoconsórcioparao lançamentodaoperação,em

Março 2003 a Anacom propôs a revogação da licença anteriormente concedida

considerando,entreoutrosaspectos, “asdificuldadesobjectivasdaofertamassificadados

equipamentos terminais necessários ao início da exploração comercial da referida

plataforma”(Anacom,2003).

Seria necessário esperar por 2008 para que fossem lançados novos concursos

públicosnesteâmbito.APTComunicaçõesdaPortugalTelecomconcorreuaomultiplexerA,

destinadoàTDTemsinalaberto,bemcomoaosmultiplexersBaF,destinadosàTDTpaga,

aosquaistambémconcorreuaempresaAirplusTV.EmOutubrode2008,aAnacomeERC

homologaram os direitos para a utilização domultiplexer A à PT Comunicações (Anacom,

2008).EmNovembrode2008,aAnacomatribuiuàmesmaPTComunicaçõesosdireitosde

utilizaçãodefrequênciasassociadosaosmultiplexersBaF(Anacom,2009)–oquefoialvo

decontestaçãodoconcorrenteAirplusTV(TekSapo,2008).

Porém, nos inícios de 2010, a PT solicitou à Anacom a revogação das licenças dos

multiplexers de TDT paga, apresentando como justificação as mudanças significativas no

mercado da TV por assinatura, como seja o aumento da concorrência, o que reduziria a

importânciacompetitivadaplataformaterrestre.AAnacom–semoapoiodaERC–aceitou

opedidodaPT(Anacom,2010).AtransmissãodeTDTgratuitaviriaacomeçarem29Abril

de2009,atingindoalgumasregiõesdoPaísecercade30%dapopulação.Emfinaisde2011,

Portugal continua sem planos no que respeita ao serviço de TV digital terrestre por

assinatura.

1.3.Objectivos

O enfoque deste projecto de investigação está nas pessoas que não têm a intenção de

adoptar TV digital, nomeadamente, na compreensão dos principais factores que explicam

esta intenção, bem como na determinação do seu perfil demográfico e socioeconómico.

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Combasenestesdados serápossíveldelinear recomendaçõesquecontribuamparaquea

transição bem sucedida da TV analógica terrestre para o digital seja uma realidade para

todososPortugueses.

Esta transição apresenta desafios que ultrapassam o âmbito estritamente

tecnológico, com sérias implicações económicas e sociais. A investigação pode contribuir

com soluções inovadoras para superar os obstáculos inerentes a este processo (Candel,

2007).Deigualmodo,ainvestigaçãopermitereflectirsobreoquefoirealizado,demodoa

evitarrepetirerrosdopassado,comoobservaRobertoSuárezCandel (2007),paraquema

monitorização da migração para a televisão digital é necessária para que possam ser

introduzidas medidas correctivas a tempo. Deste modo, somente compreendendo as

atitudesdaspessoasemrelaçãoàTVdigital,osseusreceiosepreocupações,serápossível

difundir asmensagens certas e assegurarqueninguém“ficapara trás”nesteprocessode

transição.

Este princípio de investigação e monitorização do processo de transição para o

digital tem vindo a ser aplicado um pouco por toda a Europa, com destaque para os

trabalhosproduzidosnoReinoUnido.Emprimeirolugar,háareferirosestudosrealizados

paraoDigitalTelevisionProject (DTI),estabelecidoem2001emparceriapeloDepartment

forCulture,MediaandSporteoDepartmentofTradeandIndustry,taiscomooestudoEasy

TV 2002 Research Report (Freeman, Lessiter, Williams & Harrison, 2003) e os estudos

compiladosnorelatórioDigitalTelevisionforAll‐areportonusabilityandaccessibledesign

(Klein, Karger & Sinclair, 2003), que teve por objectivo abordar as questões humanas

relativasàadopçãodeequipamentose serviçosde televisãodigitalporespectadorescom

diferentes tipos de necessidades O trabalho desenvolvido na compilação deste relatório

incluiuumasériedeconsultasàsprincipaispartesinteressadas,uminquéritoquantitativoa

cerca de 4.000 espectadores, oito focus groups para cobrir assuntos relacionados com

usabilidade, uma auditoria de especialistas com três modelos típicos de caixas

descodificadorasdeTVdigital,umaprevisãodoefeitodeexclusãodetrêsmodelostípicos

de caixas descodificadoras de TV digital, uma série de treze testes de usabilidade de dois

sistemasdeTVdigitalcomutilizadorescomdiferentescapacidades.

Poroutrolado,aentidadequenoReinoUnidotempormissãoregularaactividade

das indústriasda comunicaçãoemedia – aOfcom (e anteso ITC) – também temvindoa

realizarumasériedeestudosrelacionadoscomaadopçãodaTVdigital,comdestaquepara

um estudo específico para compreender como as populações seniores, com necessidades

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especiais, isoladas e com baixos rendimentos vão ser afectadas pelo switch‐off da TV

analógicaterrestre(Freeman,Lessiter&Beattie,2007).

Em relação à literatura em Portugal sobre o tema, há que referir o conjunto de

trabalhosdoObservatóriodaComunicação–Obercom,queaolongode2008publicouum

conjunto de quatro breves relatórios sobre TV digital, com base nos resultados de um

inquéritoquantitativo,obtidosatravésdeentrevistadirectaaumaamostraconstituídapor

1.041 inquiridos, representativa da população portuguesa residente em Portugal

continental, com idade igual ou superior a 15 anosde idade (Araújo, Cardoso&Espanha,

2008a). O trabalho de campo decorreu em Fevereiro de 2008 e as entrevistas foram

realizadas pela Metris GfK. Em primeiro lugar, de destacar a baixa percentagem de

inquiridosqueafirmouterconhecimentodoprocessodeswitchover‐3,2%daamostratotal

‐ enquanto que 16,2% afirmaram já ter ouvido falar da televisão digital terrestre. Já os

inquiridos que afirmaram possuir TV digital em sua casa, destes 11,2% referiram já ter

ouvido falar do switchover e destes 46,1% já ouviu falar da TDT este processo (Araújo,

Cardoso& Espanha, 2008c). Já em relação ao grau de conhecimento sobre TV digital, de

acordo comeste estudo, 72%dos inquiridos comTVpor cabo afirmou já ter ouvido falar

destaplataforma,contra44,8%dos inquiridoscomacessoatelevisãoanalógicaatravésde

antenaconvencional(Araújo,Cardoso&Espanha,2008b).SobresejáouviufalardeTDT,a

distribuiçãofoiaseguinte:responderamafirmativamente22,4%dosinquiridoscomTVpor

cabo e 11% dos inquiridos com acesso a televisão analógica terrestre (Araújo, Cardoso&

Espanha,2008b).

1.4.EnquadramentoTeóricoeHipóteses

A adopção da TV digital em Portugal é o problema a ser investigado, nomeadamente,

determinarquaissãoosfactoresdeadopçãoerejeiçãodeusodetelevisãodigitalporparte

dos Portugueses, bem como identificar oportunidades para que esta nova plataforma de

distribuiçãodetelevisãopossachegaratodasaspessoasinteressadas.Aimportânciasocial,

económicaepolíticadatelevisãofazcomqueoprocessodetransiçãodaTVanalógicapara

odigitaldevaseralvodamaioratençãoecautela,paraqueninguémdeixedeteracessoa

estemeiodecomunicação.

Atransiçãodatelevisãoanalógicaterrestreparatelevisãodigitalterrestreéumcaso

particulardedifusãodeuma inovaçãoemqueaadopçãoésimultaneamentevoluntáriae

involuntária, dado que há uma data obrigatória para encerrar a transmissão analógica.

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Considerando a literatura sobre difusão de inovações é imperativo mencionar o livro

DiffusionofInnovationsdeEverettRogers(1962),noqualoautorexplicaqueadifusãode

novasideias–mesmodepoisdeprovadascomobenéficasepositivas–éumatarefadifícil

quedeveserplaneadaparaserbemsucedida.Rogersapresentanestelivrováriosexemplos

de inovações que não foram aceites ou adoptadas, apesar de serem benéficas. Entre as

razões que o autor apresenta para tal contam‐se as crenças culturais de determinadas

comunidades, tradições e hábitos antigos, a falha na divulgação de ideias na comunidade

local e entre os indivíduos que são socialmentemelhor aceites na comunidade, falha na

inclusãodaopiniãodeindivíduosconsideradoslíderes,percepçõesdopúblico‐alvosobreo

agentedemudança,usodemensagensnãoadequadasàsnecessidadesecompetênciasdo

público‐alvo.

Analisando os primeiros autores a investigarem sobre a difusão de inovações,

Rogersmenciona o sociólogo e criminologista Francês,Gabriel Tarde. Particularmente, no

seutrabalhoLesLoisdel’Imitation(1890),Tardeexpõeumateoriadeinovaçãobaseadana

imitaçãoeinvenção,actosqueeleconsideravacomoactossociaiselementares.Noentanto,

aspropostasdoautornãoforamimediatamenteseguidasporestudosempíricosnaáreada

difusãodeinovações,algoqueveioaacontecerdécadasmaistarde,refereRogers.Umadas

referências mais importantes neste campo, observou Rogers, foi o estudo de difusão do

milho híbrido no estado do Iowa, nos EstadosUnidos daAmérica, por Bruce Ryan eNeal

Gross (1943), que vieram a estabelecer uma nova abordagem ao estudo da difusão das

inovações.

Antesdapublicaçãodo livrodeRogers,GeorgeBeale JoelBohlensintetizaramos

resultadosde35estudossobrecomoosagricultoresadoptaramnovasideiasnoartigoThe

DiffusionProcess (1957), propondoum referencial teóricopara todososqueenfrentamo

desafiodedifundirideiasepráticas.Nestesestudos,realizadosaolongodeduasdécadas,os

agricultores foram questionados sobre as suas práticas agrícolas e domésticas, uso de

pesticidas, fertilizantes e outras técnicas agrícolas. Após análise destes estudos, Beal e

Bohlen sugeriram que os indivíduos aceitam novas ideias seguindo um processo mental

composto, pelo menos, por cinco fases: fase de consciencialização (awareness), fase de

interesse,fasedeavaliação,fasedeexperimentaçãoefasedeadopção.Aindasignificativo,

estes autores propuseram cinco categorias de indivíduos, com base no tempo que os

mesmos necessitam para adoptar novas ideias, possuindo diferentes características

individuaisesociais:inovators/osinovadores,theearlyadopters/osadoptantesiniciais,the

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early majority/ a maioria inicial, the majority/ a maioria, the non‐adopters/ os não‐

adoptantes.Maistarde,Rogersviriaaproporcategoriassemelhantes,queacabaramporse

tornar o padrão para os estudos nesta área: the inovators, the early adopters, the early

majority,thelatemajority,thelaggards.

Estudos mais recentes neste âmbito apresentam outros modelos explicativos da

difusão e adopção de inovações. Venkatesh, Morris, Davis & Davis (2003) propõem um

modelounificadocombasenosváriosdosmodelosmaissignificativosdesenvolvidosneste

campo–aTeoriaUnificadadeAceitaçãoeUsodeTecnologia(UnifiedTheoryofAcceptance

and Use of Technology ‐ UTAUT). Estes autores defendem que a expectativa de

performance, expectativa de esforço, influência social e condições facilitadoras são

determinantesdirectosdaintençãodeusoecomportamentosdeadopçãodeinovações.O

impactodestesquatrofactoresémediadopelaidade,género,experiênciaevoluntariedade

deuso.

NomodeloUTAUT,aexpectativadedesempenhoédefinidacomoograuemque

um indivíduo acredita que o uso de um sistema o irá ajudar a atingir melhorias de

desempenho no trabalho: os cinco constructos relacionados com esta variável são a

percepçãodeutilidade,motivaçãoextrínseca,adequaçãodotrabalho/emprego,vantagem

relativa e expectativas de resultado. Por outro lado, a expectativa de esforço é definida

comoograudefacilidadeassociadoaousodosistema:oreconhecimentodafacilidadede

uso, a complexidade e facilidade de utilização são os conceitos relacionados com esta

variável. Influência social, outra variável do modelo UTAUT, é o grau através do qual o

sujeitopercebequeoutros sujeitos, considerados importantesnaárea, acreditamqueele

deveusaronovosistema:osconstructosrelacionadossãonormasubjectiva,factoressociais

edeimagem.Porúltimo,ascondiçõesfacilitadorassãodefinidascomoograuemqueum

indivíduoacreditaqueumainfra‐estruturaorganizacionaletécnicaexisteparaapoiarouso

do sistema: percepção de controlo comportamental, condições de facilidade e

compatibilidadesãoosconstructosrelacionadoscomestavariável.Alémdestesconceitos,o

estudo pretende ainda avaliar os constructos de auto‐eficácia, ansiedade e atitudes em

relação a técnicas, as quais Venkatesh et al. (2003) consideram como não sendo

directamente determinantes da intenção de uso. O impacto destes quatro constructos é

aindamediadopela idade,género,experiênciaevoluntariedadedeuso.OmodeloUTAUT

foi desenvolvido através da revisão e consolidação de oito teorias na área da difusão e

adopção de inovações, nomeadamente: teoria da acção racional,modelo de aceitação de

Page 16: Adopt dtv relatorio-final_out2011

16

tecnologia,modelomotivacional,modelodedifusãodeinovaçõeseateoriacognitivasocial,

entre outras. Na área específica da adopção da TV digital, o modelo UTAUT tem sido

aplicado em vários projectos de investigação, como as investigações de campo

desenvolvidasnaItália,noâmbitodosprojectosdeT‐government(Papa,Nicoló,Cornacchia,

Sapio,Livi&Turk,2009).

Seguindo a teoria unificada da aceitação e uso de tecnologias, as principais

hipótesesdeinvestigaçãosãoasseguintes:

H1.AsexpectativasdedesempenhotêmumefeitonaintençãodeusodeTVdigital

eoseuefeitoémaiornosjovensenoshomens.

H2.AsexpectativasdeesforçotêmumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleo

seuefeitoémaiorparaosmaisvelhos,comhabilitaçõesacadémicasmaisbaixase

paraasmulheres.

H3.AinfluênciasocialtemumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleoseuefeito

émaiorparaosmaisvelhos,comumnívelmaisbaixodehabilitaçõesacadémicase

paraasmulheres.

H4.Ascondiçõesfacilitadorasnãotêmumefeitosignificativonaintençãodeusode

TVdigitalnamaioriadapopulação,mastêmumefeitosignificativonosmaisvelhos.

H5.a)Aauto‐eficácianousodetecnologiasnãoteminfluênciasignificativana

intençãodeusodeTVdigital

H5.b)Aansiedadeemrelaçãoaousodetecnologiasnãoteminfluênciasignificativa

naintençãodeusodeTVdigital

H5.c)Asatitudesemrelaçãoaousodetecnologiasnãotêminfluênciasignificativa

naintençãodeusodeTVdigital.

Destemodo,ahipóteseprincipaldoprojectodeinvestigaçãoéaseguinte:

HP: no contexto da transição da TV analógica‐digital, a adopção da TV digital está

significativamentecondicionadaporfactoresdeexpectativadedesempenho,expectativade

esforço e influência social, com forte probabilidade de rejeição significativa por parte de

segmentosdapopulaçãocomidademaisavançada,commenoreshabilitaçõesacadémicas3

e comnecessidadesespeciais. Todosestes factores constituembarreiraspara adopçãoda

3Nota:optou‐seporsubstituiravariável“habilitaçõesacadémicas”pela“experiênciadeusodetecnologias”,porserumindicadormaisobjectivoeconcreto

Page 17: Adopt dtv relatorio-final_out2011

17

TVdigital.

1.5.Metodologia

Odesenhodeinvestigaçãocombinamétodosquantitativosequalitativos,deacordocomas

boaspráticasdeprojectoscomâmbitosemelhante,nomeadamente:

‐Klein,J.Karger,S.&Sinclair,K.(2004a)Attitudestodigitaltelevision:preliminaryfindings

onconsumeradoptionofdigitaltelevision;

‐ Klein, J. Karger, S. & Sinclair, K. (2004b) Attitudes to switchover: the impact of digital

switchoveronconsumeradoptionofdigitaltelevision;

‐ Clarkson, J. & Keates, S. (2003) Digital TV For All: a report on usability and accessible

design.

Em particular, no estudoAttitudes to switchover (Klein, Karger, & Sinclair, 2004a)

foramidentificadastrêsnovasformasdepensarsobreosconsumidoresdoReinoUnidoem

relaçãoà suaadopçãovoluntáriadaTVdigital:1)a caracterizaçãodasdiferentes fasesde

transiçãodatelevisãoanalógicaparaadigital;2)umanovasegmentaçãodemercadoparaa

fase voluntária de adopção, partindo da anterior segmentação proposta pelo projectoGo

Digital (2003)4; 3) ummodelo do processo de decisão dos consumidores que combina os

critériosdesimbolismodaplataforma,comatractividadedosconteúdosefacilidadedeuso

dosequipamentos(Klein,Karger&Sinclair,2004a).Nesterelatório,osautorespropuseram

ummodelodoprocessodedecisãodosconsumidoresdeTVdigitalemqueosconsumidores

decidemoquepensarsobreaTVdigitalaoolharparatrêsníveisdiferentes:simbolismoda

plataforma,graudeatractividadedosconteúdosefacilidadedeusodoequipamento.

Em relação ao projecto Attitudes to digital television (Klein, Karger & Sinclair,

2004b), o enfoque foi nos non‐adopters, ou seja, nas pessoas que afirmaram não ter a

intenção de adoptar TV digital, um grupo que constitui uma barreira ao objectivo do

governoemconseguiruma transição rápidaeessencialmentevoluntáriaparaaTVdigital:

“destemodoháumanecessidadeparticularmenteforteemcompreenderporqueéqueos

non‐adopters tomaram essa posição. Assim, ao se compreender melhor as barreiras à

adopçãoserápossívelrecomendarformasdeasultrapassar,convertendoefectivamenteos

sub‐gruposdenon‐adopters”.

4DenotarquenasegmentaçãopropostapeloprojectoGoDigital(2003)foiidentificadoumgrupodeconsumidoresqueafirmaramquenãoseriampersuadidosaadoptar/comprarTVdigital.Oprojectoestabeleceuqueestesegmentocorresponderiaaaproximadamente13%doslaresnoReinoUnido,ouseja,a3,2milhõesdedomicílios.

Page 18: Adopt dtv relatorio-final_out2011

18

A metodologia do projecto de investigação combinou os seguintes métodos

quantitativosequalitativos:

1) Estudo etnográfico – realizado junto de uma amostra de 20 famílias de perfis

diferenciados, comoobjectivodeexploraremcontextoquaisas suasatitudesem

relaçãoàTVdigital equaisosusosdadosà televisão.Ainda,houvea intençãode

compreendercomoestasfamíliasadoptamnovastecnologiasdecomunicaçãoede

informação ou novos equipamentos de entretenimento doméstico e/ ou pessoal,

bem como quais são os seus estilos de aprendizagem (por exemplo, se são auto‐

eficazes,recorremàsuaredesocialparaobteraconselhamentoouajudanousode

novosequipamentosounovosserviços,etc).OtrabalhodecampoentreSetembro

de2010eMarçode2011,eorecrutamentodaamostrafoifeitoatravésdocontacto

comascâmarasmunicipaisdeAlenqueredaNazaré,bemcomocomas juntasde

freguesiadeAgualva,Cacém,Mira‐Sintrae SãoMarcos, na tentativadeencontrar

famílias com os perfis adequados aos objectivos do projecto. Mais detalhes no

relatório“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico” (Veríssimo,Henriques&Quico,2011),

emanexoaesterelatóriofinal.

2) Entrevistascomstakeholders‐oprincipalobjectivodestasentrevistasfoiodeobter

asdiferentesperspectivasdaspartes interessadasnesteprocessode transição,ou

seja,canaisdetelevisãoemsinalaberto,operadoresdeTVpaga,operadordeTDT,

reguladores, representantes de consumidores, representantes de pessoas com

necessidadesespeciais,entreoutros.Oinstrumentodaentrevistafoicompostopor

13 perguntas abertas. Os participantes foram contactados via e‐mail, telefone e

cartaduranteOutubroeNovembrode2010.Amaioriadasrespostasfoiobtidaem

Novembro e Dezembro de 2010. Um total de 16 entrevistas foram realizadas até

finaldeJaneirode2011.Amaioriadosparticipantespreferiuresponderpore‐mail,

tendo os representantes da SIC/ Impresa, ERC e RTP optado pela entrevista

presencial: deste modo, procedeu‐se à transcrição da entrevista, que foi

posteriormente validada pelo respectivo entrevistado. Mais detalhes no relatório

“ADOPT‐DTV:Entrevistas comStakeholders” (Sequeira,Veríssimo&Quico,2011),

emanexoaesterelatóriofinal.

3) Inquérito quantitativo ‐ aplicado junto de uma amostra representativa da

população portuguesa, tendo sido baseado no instrumento anteriormente

elaborado pelo Obercom (Araújo, Cardoso & Espanha, 2008), com as necessárias

Page 19: Adopt dtv relatorio-final_out2011

19

adaptações para o presente projecto. O inquérito foi aperfeiçoado com os

contributosde todososparceirosdoprojecto,ouseja,doObercomedaAnacom.

Ainda,foirealizadoumpré‐testeenvolvendo14indivíduosemOutubrode2010,de

acordocomasmesmascondiçõesqueseriamposteriormenteseguidasnoestudo.O

inquéritofinalfoiaplicadoaumaamostrade1.205indivíduoscommaisde18anos

de idade, sendo realizado em casa dos entrevistados por uma equipa de

entrevistadoresdaGfK,aempresadeestudosdemercadorecrutadaparaoefeito.

Nototal,oinstrumentocompreende33questõese22itensdecaracterização.Mais

detalhes no relatório “ADOPT‐DTV: Inquérito Quantitativo” (Henriques & Quico,

2011),emanexoaesterelatóriofinal.

4) Estudo de usabilidade, com uma amostra de 20 participantes, para proceder à

análise comparativa da eficácia e satisfação de alguns dos equipamentos

descodificadores de TV digital terrestre disponíveis no mercado português. Na

constituição da amostra foi dada particular atenção ao recrutamento de pessoas

comidade igualousuperiora65anoseapessoascomnecessidadesespeciais.Os

testes de usabilidade decorreram Universidade Lusófona, onde anteriormente já

foramefectuadosdiversosestudoscomumâmbito semelhanteaeste (Conceição,

Quico e Damásio, 2005). Mais detalhes no relatório “ADOPT‐DTV: Estudo de

Usabilidade”(Henriques&Veríssimo,2011),emanexoaesterelatóriofinal.

Ao longodoprojectohouveapreocupaçãodepublicaredivulgarosresultadosde

cadaumdosestudosque integramoprojectode investigação logoapósa sua conclusão,

comoobjectivodecontribuiractivamenteparaa transiçãobemsucedidadaTVanalógica

para o digital. Em Janeiro e em Março de 2011, a equipa de investigação lançou press‐

releasescomalgunsdosprincipaisdoinquéritoquantitativodopresenteestudo,disponíveis

nowebsitedoprojectohttp://adoptdtv.ulusofona.pt/.

Ainda, como os responsáveis pelo projecto ADOPT‐DTV também são responsáveis

pelo projecto de investigação e desenvolvimento “iDTV‐Health: Inclusive services to

promotehealth andwellness via digital interactive television” (UTA‐Est/MAI/0012/2009)

optou‐se por aproveitar sinergias entre os projectos. Assim, no âmbito do projecto IDTV‐

HealthfoirealizadouminquéritoquantitativosobresaúdeemediaemSetembrode2011,

tendosidoaproveitadaestaoportunidadeparavoltaracolocaralgumasdasquestõesque

faziampartedoinquéritoADOPT‐DTV,dadaaimportânciadefazerumacompanhamentoda

evoluçãodos indicadores‐chavedo inquérito.O inquéritode Setembrode2011 seguiuos

Page 20: Adopt dtv relatorio-final_out2011

20

mesmos moldes do inquérito de Novembro de 2010: trata‐se também de uma amostra

representativadapopulaçãoPortuguesacommaisde18anos,tambémcomcercade1.200

inquiridos, tambémaplicadopresencialmentenacasadosparticipantesecujo trabalhode

campo e recolha de dados foi também da responsabilidade da empresa de estudos de

mercadoGfK.

Page 21: Adopt dtv relatorio-final_out2011

21

2.ExecuçãoMaterialO projecto ADOPT‐DTV teve início em Abril de 2010, com um ligeiro atraso em

relação à data inicialmente prevista (Janeiro de 2010), devido a atrasos no processo de

contratualização inicial e transferência de verbas por parte da FCT. Após essa fase,

procedeu‐seaoacertoehomologaçãodeumnovocronogramaeiniciaram‐seostrabalhos

emritmonormal.

Noprimeiroanodeactividade,talcomodefinidonoplanodetrabalho,realizou‐sea

revisão de literatura relativa aos estudos e relatórios sobre a migração da TV analógica

terrestreparaodigitalnocontextoEuropeu,daresponsabilidadedeVeraAraújo(Obercom).

O relatório “ADOPT‐DTV: Estado da Arte” (Araújo, 2011) consta dos anexos a este

documento,encontrando‐sepublicadonowebsitedoprojecto.Demodoa seaprofundar

um caso de um processo de switch‐off já concluído, solicitou‐se a Peter Olaf Looms a

elaboração de um relatório de análise da experiência da Dinamarca, com o título ‐ “A

transição para a televisão digital terrestre: experiências da Dinamarca” que também

englobaumrelatóriosobreTVdigitaleacessibilidade‐“DigitalTVandaccessservices”.

Emparalelocomaelaboraçãodestesrelatórios,aequipadeinvestigaçãoavançoua

partirdeJulhode2010comostrabalhospreparatóriosdetrêsdosquatroestudosempíricos

que integram o presente projecto de investigação, nomeadamente, o estudo etnográfico,

entrevistas com os stakeholders e inquérito quantitativo. Em particular, o inquérito

quantitativo arrancou mais cedo do que o programado, a pedido da Anacom, já que

manifestouinteresseemobterresultadosmaiscedodoqueodefinidonoplanodetrabalho.

Destaforma,oinstrumentofoidesenvolvidoere‐trabalhadoemSetembro2010,seguindo‐

seopré‐testedoinstrumento,quedecorreuaté23deOutubro.Emsimultâneo,procedeu‐

seaoenviodepedidodepropostasdeorçamentoeplanoaquatroempresasdeestudosde

mercado(GfK,Eurosondagem,IMR,Intercampus),tendosidorecebidasaspropostasaté15

deOutubrode2010.AescolharecaiunaempresaGfK,quejáantestinhasidoresponsável

pelaaplicaçãodoinquéritodoObercomsobreTVdigitalem2008.Areuniãocomempresa

seleccionadadecorreua25deOutubro,naqualficouacordadoocalendáriodeaplicaçãodo

inquéritoedeentregadosresultados.Assim,otrabalhodecampotevelugaremmeadosde

NovembroeabasededadoscomosresultadosforamentreguesnoiníciodeDezembro.

Noâmbitodasentrevistascomosstakeholders,aequipacomeçouporelaboraro

guiãodeentrevistasdeJulhoaSetembrode2010,bemcomoalistadeentidades,empresas

ouespecialistasacontactarparaoefeito.Otrabalhodecampoestendeu‐separaalémdo

Page 22: Adopt dtv relatorio-final_out2011

22

intervalo de tempo primeiro definido, já que alguns dos participantes tardaram em dar

respostaaopedidodeentrevista:aequipacontactoumaisde30stakeholderseobteve16

entrevistas.Acodificaçãodasentrevistasfoiefectuadaposteriormenteàrecepçãodaquase

totalidadedasentrevistas,aolongodoprimeirosemestrede2011,comrecursoaosoftware

deanálisequalitativaNVivo.Orelatóriofinalrelativoàsentrevistascomosstakeholdersfoi

concluídoemSetembrode2011.

Paraoestudoetnográficooptou‐seporcircunscreverotrabalhodecampoàstrês

zonas‐piloto do desligamento da emissão de TV analógica terrestre – a saber: Alenquer,

CacémeNazaré.EmJulhode2010,aequipaelaborouoguiãoedefiniuosprocedimentos

para a realização das sessões de observação, bem como teve formação em NVivo. Em

Setembro,efectuou‐seopré‐testedoguiãoemcasadetrêsfamílias. Apartirdefinaisde

Setembro, aequipade investigaçãoprocedeuao contacto comas respectivas câmarasou

juntasdefreguesiadaszonas‐piloto,deformaaobterapoionorecrutamentodasfamílias,

tarefa que acabou por ser mais morosa do que o inicialmente previsto, tendo o

recrutamentoetrabalhodecampoacabadoporseestenderatéMarçode2011.Emparalelo

comotrabalhodecampo,aequipaprocedeuàdigitalizaçãodosvídeos,análisedosvídeose

dasnotasdecampo,transcriçãodeentrevistassemi‐estruturadasefinalmente,codificação

dos conteúdos, com apoio do software NVivo. A elaboração dos relatórios individuais foi

sendoefectuadaao longodoprimeiro semestrede2011, tendo sidoentregueo relatório

finaldesteestudoemSetembrode2011.

Oquartoeúltimoestudoempírico–estudodeusabilidade–arrancouemMaiode

2011, já que foi necessário mais tempo do que o previsto para a realização dos outros

estudoempíricosqueintegramoprojecto,bemcomofoinecessáriooempenhodaequipa

de investigação na organização e logística associada à conferência internacional EuroITV

2011.Ainda,comoolaboratóriodeusabilidadedaUniversidadeLusófonaestavaemobras

foi necessário encontrar uma solução de recurso. A primeira opção acabou por ser

descartada, devido a problemas técnicosna instalaçãodeumaantenade televisãodigital

terrestre.Assim,orecrutamentodaamostraerespectivotrabalhodecampoacabouporse

atrasar,tendocoincididocomJulhoeAgosto.EmSetembro,otrabalhodecampofoidado

porconcluído.OrelatóriodoestudoeusabilidadefoifinalizadoemmeadosdeOutubrode

2011.

Relativamente às acções de divulgação dos resultados do projecto, em finais de

Dezembro de 2010, a equipa de investigação da ULHT convocou os representantes dos

parceirosObercomeAnacomparaumareuniãodedivulgaçãodosprimeirosresultadosdo

Page 23: Adopt dtv relatorio-final_out2011

23

inquérito quantitativo. A esta reunião seguiu‐se o envio de umpress‐release no início de

Janeiro de 2011, bem como publicação no web site do projecto, com a informação

consideradacomomaisrelevante.

A 2 Março de 2011, a equipa de investigação da ULHT organizou um workshop

restritoaosparceirosnoprojecto,paraapresentaçãodetalhadadeprocessodeswitchover

naDinamarcaedaimportânciadaacessibilidadeuniversalemTVdigital,comapresençade

PeterOlafLooms.

DenotarquenoâmbitodoprojectoADOPT‐TV,aequipade investigaçãodaULHT

foi responsável pela organização do importante evento na área da TV digital interactiva

“EuroITV2011”‐http://www.euroitv2011.org/‐,quetevelugarde29deJunhoa1deJulho

de2011–cujoorelatóriofinalseencontraanexadoaestedocumento–Relatório“EuroITV

2011”.Aconferência“EuroITV”éumfórumparaprofissionaiseacadémicosdaEuropaede

todoomundoque trabalhamou têm interesseno campo televisão interactivae vídeona

web. Esta conferência anual apresenta o estado‐da‐arte na academia e na indústria no

campo da TV interactiva, tais como IPTV, mobile TV, produção de conteúdos digitais,

usabilidadeeavaliaçãodaexperiênciadosutilizadores,requisitostécnicos, infra‐estruturas

e tecnologias futuras. O “EuroITV2011” teve como entidades organizadoras e de

acolhimento a Universidade Lusófona Tecnologias e Humanidades (ULHT) e o Instituto

SuperiordeCiênciasdoTrabalhoedaEmpresa (ISCTE).Esta foianonaediçãodasériede

conferências EuroITV, que teve início em 2003 e que desde então tem vindo

progressivamenteacrescer.AconferênciatevelugarporduasvezesemBrighton(UK),em

Aalborg (Dinamarca), Atenas (Grécia), Amesterdão (Holanda), Salzburgo (Áustria), Lovaina

(Bélgica)eTampere(Finlândia).ApróximaediçãodecorreemBerlim(Alemanha),de4a6

deJulhode2012,sendoorganizadapeloFraunhoferInstitute.

Ainda, a equipa de investigação esteve activamente envolvida na organização do

colóquio“MediaeDeficiência”,quedecorreua28deSetembrode2011naUniversidade

Lusófona, comorganização conjunta entre a universidade e oGabinete para osMeios de

Comunicação Social (GMCS). No web site do colóquio serão publicados os vídeos das

sessões, bem como outra documentação relacionada com a temática da deficiência e os

media:http://www.mediaedeficiencia.com/.Finalmente,oworkshop finaldedivulgaçãoe

disseminaçãodosresultadosdoprojectodevedecorreratéaofinalde2011,emdataafixar.

NowebsiteADOPT‐DTV‐http://adoptdtv.ulusofona.pt/‐lançadoemNovembrode

2010 ‐ encontra‐se toda a documentação essencial relativa ao presente projecto de

investigação, tais como os artigos científicos aceites em conferências e em publicações

Page 24: Adopt dtv relatorio-final_out2011

24

científicas, relatóriosdosestudosempíricosede revisãodebibliografia,bemcomooutras

informações de interesse relacionados com a transição da TV analógica terrestre para o

digital. Já emOutubrode 2011, a equipade investigação criouumapáginado Facebook,

para divulgação e disseminação dos principais resultados do projecto, disponível no

endereço:http://www.facebook.com/pages/TDT‐Adopt‐DTV/248275598555929

Relativamenteàapresentaçãodeartigosemconferênciaseàpublicaçãodeartigos

em revistas científicas, até 30 de Outubro de 2011 estes são os artigos e relatórios já

apresentadosepublicados,bemcomoosartigosjácompublicaçãogarantida.

Indicadoresderealizaçãodoprojecto–ver6.Anexosparalistacompleta

(*atéfinalde2011eaolongode2012,aequipadeinvestigaçãovaicontinuarasubmeterartigosa

conferênciaserevistasnacionaiseinternacionais)

P R

A–Publicações

Livros 2 6*

Artigosemrevistasinternacionais 5 5*

Artigosemrevistasnacionais 6 3*

B–Comunicações

Emcongressoscientíficosinternacionais 6 6*

Emcongressoscientíficosnacionais 4 2*

C‐Relatórios 4 8

D‐Organizaçãodeseminárioseconferências 2 4

E‐FormaçãoAvançada

TesesdeDoutoramento 1 1

TesesdeMestrado 1 1

Outra 0 1

F‐Modelos 1 1

Page 25: Adopt dtv relatorio-final_out2011

25

3.Resultadosprincipais

1.PossedeTVemsinalabertoedeTVporsubscrição:taxadepenetraçãoeperfis

‐ApercentagemdapopulaçãodePortugalContinentalquerecebeexclusivamente

televisãoemsinalabertodevesituar‐sepróximodos38%,emSetembrode2011.

Noúltimo inquérito sobre TV digital daUniversidade Lusófona realizado em Setembro de

20115, 61.7% afirmaram ter TV paga em casa (n=742), o que implica que 38.3% dos

inquiridosnãopossuemTVpaga(n=460).EstesdadoscoincidemosvaloresdoBarómetro

de Telecomunicações da Marktest, que estimou em 61.9% a penetração de TV paga em

Portugal Continental, em Junho de 2011 (Anacom, 2011). Já os valores avançados pela

Anacom variam consoante o denominador considerado: 49.5 assinantes por cada 100

alojamentos, caso se considere o total de alojamentos familiares clássicos (o que inclui

alojamentosderesidênciahabitualedeusosazonalouresidênciassecundárias),enquanto

que considerando o total de famílias clássicas, a Anacom (2011) estimou que 72.2% são

assinantes de TV por subscrição no segundo trimestre de 2011. Considerando que a

populaçãoresidenteemPortugalContinental6éde10.041.813indivíduos(populaçãototal:

10.555.853 indivíduos), de acordo comúltimosdados apuradospelo InstitutoNacional de

Estatística (2011), podemos estimar que cerca de 3,8 milhões de Portugueses usufruem

exclusivamentedoscanaisdetelevisãoemsinalabertoemsuacasa.

Emrelaçãoaosresultadosapuradosnoprimeiroinquéritoquantitativorealizadono

âmbito do projecto ADOPT‐DTV, 54,7% usufruíam de um serviço de TV paga em casa

(n=655),oquesignificaque45,3%dototaldosparticipantesrecebiamsomentetelevisão

emsinalaberto (n=543).Otrabalhodecampodeste inquéritodecorreuemNovembrode

2010,juntodeumaamostrade1.205participantes,dosquais99.4%possuíampelomenos

umtelevisoremcasa(n=1198).

5Inquéritorealizadonoâmbitodoprojectodeinvestigação“iDTV‐Health:Inclusiveservicestopromotehealthandwellnessviadigitalinteractivetelevision”(UTA‐Est/MAI/0012/2009),cujotrabalhodecampodecorreude16a27deSetembrode2011,juntodeumaamostrarepresentativadapopulaçãoPortuguesacommaisde18anos,constituídapor1.207inquiridos,dosquais1.202participantesafirmaramterTVemcasa.

6DenotarqueaRegiãoAutónomadosAçoreseRegiãoAutónomadaMadeiratemumataxadepenetraçãodeTVpagamuitosuperioràdePortugalContinental,respectivamentecom95assinantespor100alojamentose81assinantespor100alojamentos.Fonte–Anacom(2011)“ServiçodeTelevisãoporSubscrição‐2ºtrimestrede2011”http://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1096827

Page 26: Adopt dtv relatorio-final_out2011

26

Tabela1:PossedeTVpaga(ADOPT‐DTVeIDTVHealth‐ULHT,2011)

Novembro2010(n=1198)

%

Janeiro2011(n=1198)

%

Setembro2011(n=1202)

%

Sim 54.7 59.5 61.7

Não 45.3 40.5 38.3

De modo a compreender melhor quais os perfis dos espectadores com TV por

subscriçãoesemTVporsubscrição,aseguirseapresentaaanáliseestatísticadescritivae

inferencialdealgumasvariáveis, tendoporbaseo inquéritoprincipaldoADOPT‐DTV,cujo

trabalho de campodecorreu emNovembrode 2010.As análises realizadas respeitamum

níveldeconfiançade95% (α=0,05) tendosidousadoo testedoQui‐Quadrado,umavez

que se evidenciou como o mais adequado e potente. Quando os pressupostos do Qui‐

Quadradonãoforamverificadosrecorreu‐seaousodoTesteExactodeFisher.

No que respeita ao perfil socioeconómico dos assinantes de TV paga, os dados

indicamqueasvariáveissexoeTVporassinaturanãosão independentes,verificando‐sea

existência de diferenças estatisticamente significativas entre géneromasculino e feminino

quantoàpossedeTVpaga(χ2(1)=0,185,p=0,667,n=1.198;α=0,05).Osdadosindicam

queexisteumapercentagemmaiordeparticipantesdosexofemininoquetêmTVpagaem

casa, quando comparado com os participantes do sexomasculino. Encontramos também

uma diferença estatisticamente significativa entre a idade e a TV paga, indicando que os

participantesmaisvelhossãomenospropensosaterTVpaganassuasprópriascasas(χ2(5)

=73,879,p<0,001,n=1198;α=0,05).Verificou‐seaindaumacorrelaçãonegativarazoável

esignificativaentreaidadeepossedeTVporassinatura(P=‐0,25,p<0,001).

Tabela2:TVpagaeTVemsinalabertovs.idade(ADOPT‐DTV,Novembrode2010)

Amostratotal%

TVpaga%

TVemsinalaberto%

18‐24anos 12 14.2 7.2

25‐34anos 21 24 17.5

35‐44anos 19.1 20.8 17

45‐54anos 18.2 19.2 16.6

55‐64anos 13.3 11.3 15.8

+65anos 16.4 8.2 23

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27

EmrelaçãoaostatusdosparticipantescomTVpaga,foiencontradaumacorrelação

positiva (V = 0,244; p <0,001) e diferenças estatisticamente significativas. Estes dados

indicam que os participantes com um nível de status mais elevado (A, B) têm maior

probabilidadedeterTVpagaemcasadoqueindivíduosnosgruposmenosfavorecidos(D,

E),estandoconsideravelmenteabaixodamédianasubscriçãodeserviçosdeTVpaga(χ2(4)

=71,093;p<0,001;n=1.198;α=0,05).

Tabela3:TVpagaeTVemsinalabertovs.Status(ADOPT‐DTV,Novembrode2010)

Amostratotal%

TVpaga%

TVemsinalaberto%

A 2.7 4 0.7

B 13.9 19 8.5

C 19.6 24 14.9

D 48.8 40 59.1

E 15 13 16.8

Em relação às pessoas com necessidades especiais, nomeadamente aos indivíduos com

deficiênciasvisuais,auditivasedemobilidade,maisumavezencontramosumacorrelação

positivaentreadeficiênciaeapossedeTVemsinalaberto.Osresultadosindicamaindaa

existênciadediferençassignificativasentreessasvariáveis, revelandoqueosparticipantes

com deficiência auditiva, visual ou de mobilidade são mais propensos a ter TV em sinal

abertonassuascasas(deficiênciavisualχ2(4)=21,422,p<0,001,n=1.198;α=0,05;V=

0,134,p<0,001;deficiênciaauditivaχ2(4)=42,303,p<0,001,n=1.198;α=0,05;V=0,188,

p<0,001;mobilidadereduzidaχ2(4)=66,131;p<0,001,n=1.198;V=0,235,p<0,001;α=

0,05).

Tabela4:TVpagaeTVemsinalabertovs.Deficiênciasvisuais(ADOPT‐DTV,2011)

Dificuldadesemver Amostratotal%

TVpaga%

TVemsinalaberto%

Nenhuma 62.3 68.8 56

Umpouco 13.9 12.7 15.5

Alguma 18 14.8 22.1

Muita 5.1 4.1 6.4

Nãovejo 0.1 0.2 0

Page 28: Adopt dtv relatorio-final_out2011

28

Tabela5:TVpagaeTVemsinalabertovs.Deficiênciasauditivas(ADOPT‐DTV,2011)Dificuldadesemouvir Amostratotal

%

TVpaga

%

TVemsinalaberto

%

Nenhuma 80 86.7 71.8

Umpouco 9.4 6.4 13

Alguma 8.5 5.8 11.8

Muita 1.9 0.9 3.1

Nãoouço 0.2 0.3 0.2

Tabela6:TVpagaeTVemsinalabertovs.Deficiênciasmotoras(ADOPT‐DTV,2011)

Dificuldadesemandar Amostratotal

%

TVpaga

%

TVemsinalaberto

%

Nenhuma 77.1 85.5 67

Umpouco 10 7.6 12.9

Alguma 8.8 5.6 12.7

Muita 3.7 1.1 6.8

Nãoando 0.3 0.2 0.6

Emresumo,combasenosresultadosdoprimeiro inquéritoquantitativoaplicadoa

umaamostra representativadapopulaçãoPortuguesanoâmbitodoprojectoADOPT‐DTV,

podemosafirmarqueosindivíduoscomTVpagaemPortugalsãosobretudojovensadultos

e adultos de meia idade,mais propensos a ter níveis mais elevados de educação e a

pertenceragruposdestatusmaisalto(A/B/C)7emenospropensosateralgumtipode

deficiência (visual,auditivaoudemobilidade).Poroutro lado,os indivíduossemTVpaga

emPortugalsãomaispropensosaterumaidadeelevada,atermaisde55anosdeidade,

apossuirbaixosníveisdehabilitaçõesacadémicaseumbaixostatus(D/E)e,finalmente,

apossuiralgumníveldedeficiência(auditiva,visualoudemobilidade)8.

7OstatusédeterminadopelaempresadeestudosdemercadoGfKcombasenoníveldeescolaridadeenaocupaçãodorespondente:maisdetalhesnosanexosaesterelatório.

8Maisdetalhessobreestetópiconoartigo:Quico,Célia;Damásio,Manuel José;Henriques,Sara&Veríssimo,Iolanda (2011). “Perfis de adopters de TV digital no contexto do processo de transição da televisão analógicaterrestreparaatelevisãodigitalterrestreemPortugal”.InProc.ofSOPCOM2011.UniversidadedoPorto,Porto/Portugal.15‐17Dezembro2011.

Page 29: Adopt dtv relatorio-final_out2011

29

2.TipodeacessoaTVemsinalaberto

‐Verifica‐sequearecepçãodeTVanalógicaterrestresemantémcomolargamente

dominante junto dos Portugueses sem TV paga, sendo o acesso à TDT pouco

expressivo,estimando‐seque35%dapopulaçãodePortugalContinentalpossaser

afectadacomodesligamentodosinal.

NoúltimoinquéritosobreTVdigitalrealizadoemSetembrode2011,dos460inquiridosque

responderam negativamente à questão “tem TV paga” (total inquiridos com TV =1.202),

92.4% afirmaram receber TV analógica através da antena tradicional (n=425) e 3%

indicaramterTDT (n=14),enquantoque2.6%referiramreceberTVgratuitamenteatravés

de parabólica e 2.6% não sabem ou não responderam a esta questão. De notar que no

inquérito anterior, realizado em Novembro de 2010, do conjunto de inquiridos que

indicaramnãoterTVpaga,96.7%afirmaramterTVanalógicaterrestre,enquantoque1.8%

afirmaram receber o sinal de TV por umaparabólica e 1.1% afirmaram receber TDT, com

0.7% a optarem por não responder e 0.2% dos inquiridos a identificarem outro tipo de

acesso.Destemodo, verificou‐seuma ligeira subidadapercentagemdosqueafirmam ter

TDT,quepassoude1.1%para3%dosinquiridossemTVpaga.

Tabela7:Tipodeacessoàtelevisãogratuitanoagregadofamiliar(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)

Novembro2010(n=543)

%

Setembro2011(n=460)

%

Antenatradicional(analógica,semTVporsubscrição)

96.7 92.4

TelevisãodigitalTerrestre(TDT= 1.1 3

Porsatélite/comparabólica(gratuita) 1.8 2.6

Outrotipodeacesso 0.2 0.2

Nãosabe/nãoresponde 0.7 2.6

(nota:haviaapossibilidadedeescolhermaisdoqueumaopção)

No estudo etnográfico, realizado junto de 30 famílias das 3 zonas‐piloto do

desligamentodaemissãoanalógicaterrestredetelevisão,5das famíliasentrevistadasnão

eramassinantesdeserviçosdetelevisão(famílias5,8,9,17e23).Jánocasodoestudode

usabilidade,dos20participantesquecolaboraramnaavaliaçãodosequipamentosdeTDT,4

nãoeramsubscritoresdeumserviçodeTVpaga.

Page 30: Adopt dtv relatorio-final_out2011

30

3.ConhecimentosobreaTVdigitaleTDT

‐Estima‐sequeamaioriadosPortuguesesjátenhaouvidofalaremTVdigitaleem

TDT, mas que na maior parte dos casos tenham dificuldades em definir ou

caracterizarestastecnologias.

Emrelaçãoà familiaridadecomos termoseexpressões‐chaveassociadasàTVdigital ,em

primeiro lugar, 78.2% dos participantes no inquérito realizado em Setembro de 2011

conhecemoujáouviramfalardeTVdigital.Numsegundoinquéritonoâmbitodoprojecto

ADOPT‐DTV realizado em Janeiro de 2011 e divulgado em Março, 75.5% responderam

afirmativamenteaestaquestão,peloqueseverificaumligeiroacréscimonesteindicador.

Já sobre o termo “televisão digital terrestre”, em Janeiro de 2011, 46.1% dos

inquiridos afirmaram já ter ouvido falar desta plataforma de distribuição de sinal de TV

digital,enquantoquenoinquéritodeSetembrode2011,72%dosinquiridosresponderam

já ter ouvido falar de TDT, o que representa uma subida assinalável num intervalo de 8

meses. Ainda de referir que 14.3% dos inquiridos responderam conhecer a expressão

“switchover digital” neste último estudo, enquanto que em Janeiro de 2011, 11%

responderamjáterouvidofalardestaexpressão.

Tabela8:ConhecimentodeexpressõesassociadasàTVdigital(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)

Janeiro2011(n=1198)

%

Setembro2011(n=1202)

%

Sim,jáouvifalarde... Sim,jáouvifalarde...

TVDigital 75.5 78.2

TVdealtadefinição(HD 69.4 69.8

Switchoverdigital 11 14.3

TelevisãoDigitalTerrestre(TDT) 46.1 72

BOX/Caixadescodificadora(STB) 61.8 70.6

O estudo etnográfico é esclarecedor quanto à diferença entre já ter ouvido falar

sobre TV digital e saber definir ou caracterizar TV digital. Assim, verifica‐se um

desconhecimentogeneralizado sobreas característicasdaTVdigital: das 30 famílias que

integraram o estudo, em 26 famílias pelo menos um dos seus membros afirmou já ter

ouvidofalarnotema,masapenas3participantesdototalde63entrevistadosnesteestudo

Page 31: Adopt dtv relatorio-final_out2011

31

foramcapazesdeexplicarnoqueconsisteestetipodetransmissãodesinaldetelevisãoede

dadosequaisdassuascaracterísticas.

Nestasfamíliasemquepelomenosumdosseuselementosafirmouterouvidofalar

em televisão digital, esta informação chegou através dos media nacionais ou locais, de

familiares ou de amigos, de técnicos especializados, ou das empresas operadoras de

televisão, via telefone.«Eu ouvi na televisão, até parece que ia ser a partir de Janeiro ou

qualquercoisa,masnãoseibem...»,apontaSofia,alenquerensede37anos.«Jáouvifalar,

atravésdosenhordastelevisões,onossotécnico.Elejátinhaditoquequalquerdia…Edisse

queAlenquereraumadaszonasdeexperiência‐piloto»,contaCarla,de65anos,depoisde

explicar que, quando comprou a sua última televisão, lhe disseram que esta já estava

equipadacom«nãoseioquêparaaeradigital».«Fuiabordadopelotelefone,pormaisde

uma vez (…) Falaram em televisão digital, diziam que iam aplicar um equipamento para

poderfazeratransformaçãonocasodostelevisoresquejáexistem,porqueosfuturosvêmjá

preparados», refere Manuel, de 71 anos, sublinhando que é pelo telefone, através das

empresas, que normalmente lhe chegam as primeiras informações sobre equipamentos

tecnológicos.

Apesar de, aparentemente, as pessoas se demonstrarem familiarizadas com o

termo, as ideias sobre televisão digital parecem ser vagas em 21 das 26 famílias que

afirmaram já ter ouvido falar no tema, chegando alguns indivíduos a relacionar televisão

digitalcomaspectosaindadistantesdarealidade.«OqueeuentendicomoTVDigitaléque

sãoaquelastelevisõesemqueagentenãoprecisadeter,porexemplo,umcomandopara

ligaredesligar»,sugereAdelaide,de37anos.«Agorajánãohácomandos,jánãohánada.É

tudo pelo ecrã,muito fininho», explica Luísa, apostando namesma ideia, de que digital é

sinónimode ”touch”.Na verdade, apesar demais de40 indivíduos, de26 famílias, terem

assumidoconhecerotermo“televisãodigital”,muitopoucossouberamdefini‐la,sendoas

expressõesmaisrecorrentes:«jáouvifalarnatelevisãodigital,masmuitosinceramentenão

tenhobemumaideiadoqueé…»(Sónia,35anos);«Ouvirfalarjáouvi,masnãoestouassim

muitopordentro…»(Isabel,73anos);«Jáouvifalar.Mas,nofundo,nãoseimesmooqueé

que sepassa» (Adelaide, 37anos);«Euouvi falar,masnão liguei nenhuma» (Américo, 77

anos).

Por outro lado, quase não se ouviram definições precisas de televisão digital,

destacando‐se apenas três respostas mais concretas: «A ideia que eu tenho é que é um

formato diferente, que tem a capacidade de transportar muito mais informação. O que

permiteumasériedefuncionalidades.Noimediato,umamelhorqualidadedeimagemede

Page 32: Adopt dtv relatorio-final_out2011

32

som.EdepoisumasériedefuncionalidadesqueaTVnormalnãopermite»,explicouCarlos,

de37anos;«Édiferente,vaiserumatelevisãocommaisqualidade…Éoquedizem…Mais

qualidadedeemissão»,definiuJorge,de64anos;«Fala‐semuitonatelevisãodigital.Queé

um sistema de transmissão de televisão diferente daquele actualmente está em uso. Os

pormenores técnicos, não sei. A ideia que eu tenho é que é uma coisa nova, que vai ser

aplicadaemPortugal,masnãosónatelevisão.Noutrossistemasdecomunicaçãotambém»,

considerouManuel,de71anos9.

4.VantagensedesvantagensassociadasàTVdigital

‐A reduzidapercepçãodasvantagensedesvantagensassociadasàTVdigitaléa

situação mais comum verificada, sendo o custo identificado como a principal

desvantagem e a melhoria da qualidade de imagem e som percebida como a

principalvantagem.

Noestudoetnográfico realizado juntode30 famíliasdas zonas‐pilotododesligamento foi

perceptívelahesitaçãodosindivíduosaofalardasvantagensedesvantagensdatelevisão

digital.Aindaassim,avantagemmaismencionadafoiamelhorqualidadedeimagemesom,

seguidadaaltadefiniçãoedo3D.AdesvantagemmaisapontadafoiocustoqueaTVdigital

implica.

Entre as 26 famílias em que pelo menos um dos seus elementos admitiu já ter

ouvidofalaremTVdigital,umoumaisdosrespectivoselementosde15famíliasafirmaram

nãosaberquaissãoosseusbenefícioseem11famíliaspelomenosumdosseusmembros

disseram não conhecer quais as desvantagens. Depois do maioritário “não sei” (por 15

famílias),avantagemmaismencionadafoiamelhoriadaqualidadede imagemedosom

(por6famílias).Seguidamente,em2famílias,apossibilidadedetrazeraaltadefiniçãoouo

3D para as salas de estar são vantagens reconhecidas, tal como a possibilidade de haver

mais canais (2 famílias), mais serviços e funcionalidades (2 famílias). A diversificação dos

conteúdos, a redução das falhas técnicas e a evolução tecnológica foram outras das

vantagensmencionadaspelosentrevistados.

9Maisdetalhessobreestetópiconorelatório:Veríssimo,Iolanda;Henriques,Sara&Quico,Célia(2011)“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”.

Page 33: Adopt dtv relatorio-final_out2011

33

Há,poroutrolado,quemnãoencontrequalquervantagemnatelevisãodigital.No

Cacém, Ana, de 34 anos, considera que as vantagens da televisão digital são«coisas que

mulheres não reparam». Em casa dos Baptista, por exemplo, a mãe, Sofia, de 37 anos,

admitequenãovênenhumavantagemnaTVdigital,aoqueafilhamaisnova,Filipa,de10

anos,responde:«Ohmãe,euvejovantagens.Imaginequedecidedarojantarnumaaltura

que está a dar um programa importante, eu possometer na pausa e assim não perco o

programa...».

Apesarde11famíliasreferiremquenãosabemosuficientesobreaTVdigitalpara

apontar as suas desvantagens, os custos são o primeiro “senão” de quem se atreve a

sugerir os inconvenientes deste tipo de transmissão. «As desvantagens são para a

carteira!», exclama Jacinto,de32anos.«Émaisumacoisaparaagentegastardinheiro»,

completa Sandra, de 34 anos. «É conforme o custo dela…», aponta Laura, de 70 anos,

virando‐separaoirmãoquedizaindanãoconhecerasdesvantagensdaTVdigital,pornão

ter informação suficiente sobre o assunto. Depois, a obrigatoriedade da adesão, a

necessidade de adaptar os equipamentos e a necessidade de haver dois comandos são

desvantagens mencionadas pelas famílias. Clara, de 67 anos, habitante de Alenquer,

consideraqueofactodenãohavernenhumavantagemevidentenamudança,masapenasa

obrigaçãodemudar,éamaiordasdesvantagens:«Nãohámotivação…».

ÉdesalientarqueasvantagensdaTVdigitalmaismencionadaspelosentrevistados

nãocoincidemcomasprincipaisrazõesqueestesdizempoderlevaraaderiràTVdigital.

Neste caso, o aumento da grelha de canais e a existência de pacotes vantajosos são as

razõesmaismencionadas,emvezdamelhoriadaqualidadedeimagem,daaltadefiniçãoe

do3D10.A títulodeexemplo, a existênciadepacotes vantajosos foi a segundamotivação

maiscitadapelosentrevistadosquandofalavamnasrazõesparaaderiràTVdigital.Nocaso

deSandra,opacotequeenglobavatelefonefixo,televisãoeinternetficavamaisemcontae

proporcionava‐lhemaiscomodidadeparafalarcomafilha,quevivecomopaibiológico:«A

gentetevequepôrMEOporqueeuassimfalomaisvezescomaminhafilha.Porqueseeu

nãotivessetelefoneemcasa,tinhaqueiraumacabinetelefonaratéàs20h30.Eassimcom

telefoneemcasa,atéàsdezdanoiteeupossotelefonar‐lhe.Éumacoisaboaqueeutenho».

10Maisdetalhessobreestetópiconorelatório:Veríssimo,Iolanda;Henriques,Sara&Quico,Célia(2011)“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”.

Page 34: Adopt dtv relatorio-final_out2011

34

5.ConhecimentosobreodesligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestre

‐ Estima‐se que a maioria da população Portuguesa desconheça qual a data

previstadodesligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestre,a3mesesdoinício

doswitch‐off.

NoúltimoinquéritosobreTVdigitalrealizadoemSetembrode2011,59%dosparticipantes

revelaramdesconheceroanododesligamentodaemissãodaTVanalógicaterrestre,com

41%dosinquiridosaidentificarcorrectamente2012,5.2%aindicaremoanode2011,0.7%

areferiremseroanode2013e0.2%aindicaremoutroano,enquantoque52.7%detodos

osinquiridosafirmaramnãosaberqualoanodo“apagão”11

Desublinharquedos460inquiridosquenãopossuemTVpaga,62%desconhecem

queem2012estáprevistoodesligamentodosinaldeTVanalógicaterrestre.Assim,56.5%

deste inquiridos responderam não saber para que ano está previsto o “apagão” da TV

analógica terrestre, 4.3% indicaram o ano de 2011, 38% apontaram correctamente 2012,

0.9%referiramseroanode2013,enquantoque0.2%indicaramoutroano.

Tabela9:Conhecimentodoanodoswitchover(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)

Janeiro2011(n=1198;todososinquiridoscomTV)

%

Setembro2011(n=1202;todososinquiridoscomTV)

%

Setembro2011(n=460;inquiridossem

TVpaga)%

Nãosei 85.4 52.7 56.5

Sim,para2011 6.1 5.2 4.3

Sim,para2012 7.8 41 38

Sim,para2013 0.7 0.7 0.9

Sim,outroano 0% 0.2% 0.2%

EmrelaçãoaosresultadosapuradosnoinquéritodeNovembrode2010,regista‐se

um aumento substancial da percentagem de inquiridos que indicou correctamente 2012

comoo anododesligamentodo sinal analógico de televisão: no primeiro estudodo ano,

apenas 7.8% dos participantes identificaram correctamente 2012 como o ano do

desligamento, enquanto 85.4% dos inquiridos afirmaram não saber quando tal vai

11Nota:emintroduçãoaestaquestão,osinquiridosforaminformadospelosentrevistadoresqueo“switchoverdigital”éonomedadoaoprocessoemqueatransmissãotelevisivaanalógicaéconvertidaemtransmissãodigitaleque,casonãoadapteotelevisoresenãotiverTVporsubscrição,talsignificaquevaideixardereceberaRTP,SICeTVI.

Page 35: Adopt dtv relatorio-final_out2011

35

acontecer,6,1%indicaramoanode2011comoadatadodesligamentoe0.7%apontaramo

anode2013.Neste inquérito,osparticipantesentre35e44anosforamosquerevelaram

sermelhor informadossobreoanodoswitch‐off, com13,1%respondendocorrectamente

queseriaem2012.Desublinharqueogrupodosindivíduoscommaisde65anosfoioque

revelouterummaiorníveldedesconhecimentodestadata:assim,95,5%destesinquiridos

afirmaram não saber quando ocorrerá este processo de transição, enquanto que apenas

1,1% identificou correctamenteoanododesligamento,umapercentagembemabaixodo

7,8%da amostra global.No total, 98,9%dos indivíduos com65 anosoumais não sabiam

quandoocorreráoswitch‐offdaTVanalógicaterrestre.

Estamesmaquestãofoicolocadaaosparticipantesdoestudoetnográficoeentreas

30famíliasentrevistadas,em15famíliashaviaoconhecimentodequeosinalanalógicode

televisão terrestre ia ser desligado e nas outras 15 famílias tal era desconhecido. Na

verdade,entreas15famíliasapardodesligamentohouve3casosemquealgunselementos

sabiamdoswitch‐offeoutrosnãoestavaminformados.EmcasadosRosário,porexemplo,

podia notar‐se que Carlos, o pai, de 37 anos, estava muito mais a par das novidades

tecnológicas do que qualquer outromembro da família. Apesar de a esposa e os sogros

também terem afirmado conhecer o switch‐off, foi Carlos o único que imediatamente

utilizou a palavra “apagão” para responder e demonstrou estarmais oumenos a par da

data‐limiteparaodesligamento.Damesmaforma,nafamíliaMatos,Manuel,de70anos,já

sabia queo desligamentodo sinal analógicode TV ia acontecer, enquanto a esposadisse

queasituaçãolhe«passouaolado».

Aindanesteâmbito,verificou‐sequeosindivíduosquejáouviramfalarnoswitch‐

off têm dificuldades em explicar o processo e em apontar uma data‐limite para o

desligamento da emissão de TV analógica terrestre. Apesar de alguns entrevistados já

terem ouvido, de facto, falar no “apagão” analógico, 14 famílias não sabiam qual a data‐

limite para se concretizar o processo. Assim, na altura de perguntar a data em que as

emissões analógicas iriam ser descontinuadas, ouviram‐se respostas como: «não»; «não

façoamínima ideia»;«nãoseinadadoquenosespera».Quantoaosprocedimentosater

nessaaltura,comojáfoimencionado,algumasfamíliasafirmaramsaberdanecessidadede

se comprar «um aparelho» (6 famílias). Algumas até sabiam o preço médio deste

equipamento(2famílias),masnamaioriadoslares(18famílias)subsistemasdúvidassobre

quemseráafectadoecomodeveráproceder.

A título de exemplo, temos o caso de Catarina de 73 anos e reformada, que não

estavaapardodesligamentoenãofaziaideiadarespectivadata‐limite,masdepoisdeser

Page 36: Adopt dtv relatorio-final_out2011

36

esclarecida, sugeriu que esta será uma transição«paramelhor». Ainda assim, considerou

queestaéumamudança«paraquempode».Questionadasobreovalorqueestariadisposta

a pagar para continuar a ter TV em casa, Catarina respondeu que não poderia ser «algo

muitoelevado».Maisdoqueumavez,a idosareforçoua ideia:«Maseuvouficarmesmo

sem televisão?OhmeuDeus… Isto é aminha companhia!».Caso semelhante é de Joana,

quetem71anos,éviúvaevivesozinha,recebendodeigualmodoapenasoscanaisemsinal

aberto. Joanaestá reformadae vai fazendoalguns trabalhosde costuraemcasa, sendoa

televisãoéasuaprincipalcompanhia.Porisso,lamentaofactodeoecrãestarsemprecheio

de interferências.«Tenho saudades de ver televisão. Vou a casa de outras pessoas e vejo

televisãocomumaqualidadequeeunãotenho.Esintosaudadesrealmente.Estatelevisão

estácheiadeinterferênciasesótenhoo3eo4.Enemsempre».Joanaexplicaquegostava

que alguém a ajudasse a ter um melhor sinal de televisão, mas garante que não tem

condiçõesparaassinarumserviçodetelevisãopaga.Háunsanos,atéanulouoserviçode

telefone fixoparabaixaras contas.Por isso,a televisãopor cabooupor satélite seriaum

luxo.«Nãopossoestarapagar,porqueémaisumarenda…Eumandeitirarotelefonepara

nãoacrescermaisessadespesa.OrasevouparaistodaTVCabooucoisaassim,apoucoe

poucovaiaumentandoeapessoachegaapontosemquenãodá».

Apesardenãoconheceremotermotécnicoquedenominaodesligamentodosinal

analógico,SaraeMarianãoencaramainformaçãosobreoswitch‐offcomoumanovidadee,

peranteapossibilidadedeadquiriremTVdigitalemcasanospróximos12meses,Saradiz:

«Se a partir deMaio for (o switch‐off), tem que ser, para vermos televisão». No entanto,

nem Sara nem Maria sabem o que têm que fazer para continuarem a ter os 4 canais

gratuitos de TV em casa. «Omeu filho sóme disse isso. Também, até lá…», afirma Sara.

DepoisdefeitoumesclarecimentosobreoscustosdatransiçãoparaaTDTequestionadas

sobreseconseguirãosuportarocustododescodificadorparacontinuarematerTV,Sarae

Mariaexclamam:«Temqueser!Ficarsemtelevisãonãovamosficar».

Apesardenãoprecisaremdesepreocuparemadaptarasuatelevisãoparareceber

aTVDigital–vistojáteremtelevisãoporsubscrição–tantoManuelcomoJúliatemempela

situaçãodosseusfamiliaresmaispróximos,quenãotêmTVdigitalemtodasastelevisões.

Manuel considera que a sua mãe não quererá comprar um descodificador ou outra

televisão.«Aminhamãejátem78anos,recebeumareformadecentoetaleuros.Comoé

queelapode?».

Page 37: Adopt dtv relatorio-final_out2011

37

6.ConhecimentodoquedeveserfeitoparacontinuaraterTVemsinalaberto

‐ Verifica‐se um baixo nível de conhecimento sobre as questões práticas

relacionadascomarecepçãodeTDT,sobretudonocasodosPortuguesessemTV

pagaemcasa.

NoúltimoinquéritodaresponsabilidadedaUniversidadeLusófonasobreTVdigitalrealizado

emSetembrode2011,38.6%detodososparticipantesafirmaramqueasuatelevisãoactual

écompatívelcomosinaldeTDT,28.4%responderamnãosercompatívele33%nãosabem

ounãorespondemaestaquestão.DenotarquenocasodosinquiridossemTVpaga,43.9%

afirmaram que o seu televisor não é compatível com a TDT e 41.5% responderam não

saber, enquanto que 14.6% indicaram que é compatível. Já no inquérito realizado em

Janeirode2011,30.1%responderamqueasuatelevisãoactualeracompatívelcomosinale

TDT,14.2%afirmaramnãosercompatívele55.8%nãosabiamounão reponderamaesta

questão.

Tabela10: Sabe sea sua televisãoactual é compatível, istoé, sepode recebero sinaldaTelevisão

DigitalTerrestre(TDT)?(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)

Janeiro2011(n=1198;todososinquiridoscomTV)

Setembro2011(n=1202;todososinquiridoscomTV)

Setembro2011(n=460;inquiridossemTVpaga)

Sim,écompatível 30.1% 38.6% 14.6%

Não,nãoécompatível 14.2% 28.4% 43.9%

Nãoseiseécompatível 55.8% 33% 41.5%

Ainda,perguntou‐seaestes460participantessemTVpagasesabemoquetêmde

fazerparapoder receberaTDTemsua casa (P.12):55.4% responderamnão saberoque

fazerparaterTDT,contra44.6%derespostasafirmativas.Emrelaçãoaosdadosapurados

emJaneirode2011edivulgadosemMarço,84.1%dos inquiridossemTVpagaafirmaram

desconhecer o que deviam fazer para receber televisão digital terrestre. Deste modo,

verifica‐seumdecréscimosignificativodapercentagemdepessoasquenãosabeoquefazer

para ter TDT, mas ainda assim 55.4% é um valor que pode ser considerado como

preocupante,atendendoaqueàdatadotrabalhodecampodoinquéritofaltavamcercade

3mesesparaaprimeira fasedodesligamentodosinalanalógicodeTV‐quevaiafectara

maioriadapopulaçãoPortuguesa.

Page 38: Adopt dtv relatorio-final_out2011

38

Tabela11:SabeoquetemdefazerparareceberTDTemsuacasa?(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)

Janeiro2011(n=1198;todososinquiridoscomTV)

%

Setembro2011(n=1202;todososinquiridoscomTV)

%

Setembro2011(n=460;inquiridossem

TVpaga)%

Sim 23.8 53.3 44.6

Não 76.2 46.6 55.4

Sobre se a respectiva zona de residência tem cobertura de TDT, 70.4% dos

participantes no inquérito semTVpaga responderamnão saber se podem receber TDT,

18.7%afirmaramqueasuazonaderesidêncianãoestácobertae10.9%responderamque

estãocobertosporestatecnologiadedistribuiçãodesinaldetelevisão.

Tabela12:SabeseasuazonaderesidênciajátemcoberturaTDT?(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)

Janeiro2011(n=1198;todososinquiridoscomTV)

%

Setembro2011(n=1202;todososinquiridoscomTV)

%

Setembro2011(n=460;inquiridossem

TVpaga)%

Sim,temcobertura 20.3 23.5 10.9

Não,nãotemcobertura

10.9 18.5% 18.7

Nãoseisetemcobertura

68.9 58.1 70.4

Mais concretamente, no inquérito de Setembro de 2011 os participantes sem TV

paga foram questionados sobre quais os procedimentos que consideram ser necessários

parareceberaTDTemcasa,aoque44.6%responderamnãosaberseénecessárioadaptar

antenae17.8%referemserumprocedimentonecessário,38.9%indicaramnãosaberseé

necessárioterumacaixadescodificadorae55.2%respondemquetalénecessárioe37.2%

dosinquiridosafirmaramnãosaberseénecessáriocomprarumtelevisornovo,enquanto

que38.5%responderamsernecessário.

No estudo etnográfico, alguns dos participantes sabem que as famílias terão que

investirnacompradeumequipamento,apesarderegrageraldesconheceremoscustosese

Page 39: Adopt dtv relatorio-final_out2011

39

serãoafectados.Atítuloeexemplo,Sónia‐mãededuascrianças,de5e7anos‐afirmou

queasuafamílianãosaberácomoprocedercasosevejaconfrontadacomanecessidadede

adaptarasduastelevisõesparareceberTVdigital.JáVerónica,professoradedança,de22

anos,contaquesoubedo“apagão”numaconversacomacunhada,queviveemEspanha,e

que lhe explicou queo país vizinho já tinha feito a transição. Apesar deVerónica não ter

ficadomuitoesclarecidasobreotema,percebeuqueiriahaverumamudança:«Naconversa

comaminhacunhadaapercebi‐me,massinceramenteeunãoligueimuito.Acheiestranho…

Pensei“AiagoraTVdigital, tambémagora fazemtudo.Nãomedigamquemevãotiraro

comando”.Foiaprimeiracoisaqueeudisse(risos)».ArespostadeVerónicanãofoiaúnica

deste género, a reflectir um pouco a persistência de dúvidas nas famílias em relação aos

pormenoresda transição.Porexemplo,Margarida,mulher‐a‐diasde69anos, recordaque

hádoisanos,quandocomprouasuamaisrecentetelevisão,otécnicoqueaauxilioufalou‐

lhenodesligamentoequeteriadeadquirirumaparelhoparacontinuaratertelevisãooude

investirnumatelevisãomoderna.Porém,asideiassobreoapagãopermaneceramconfusas

paraanazarena.«Euperguntei‐lhe:“Então,massevai‐seemboratudoeoqueéqueagente

fazàsnossastelevisões?”.Eeledisse‐mequeeutinhaquecomprarumaparelhonãoseio

quê. Ele até me disse que a gente depois tinha que ter plasmas e mais não sei o quê»,

recorda.

ParaAna,de34anos,odesligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestretambém

não é uma novidade. A jovemmãe foi, aliás, uma das entrevistadas que demonstrou ter

maisconhecimentossobreodesligamento,jáqueoseuempregoimplicaestaraocorrente

dasnotíciassobretelevisão.«Jásabia.Dia12deAbril...Não,emAbrilde2012.Odiaacho

que ainda não está decidido (…) Ou compram uma caixa, que faz a conversão, para a

televisãoantiga,outêmquecomprarumatelevisãonova.Atéseiopreçodessacaixa:varia

entreos50eos250euros»,conta.NocafédafamíliaSimões,emAlenquer,outraAna,de33

anos,tambémafirmouconhecervagamenteoprocessodatransiçãodatelevisãoanalógica

paraodigital,explicandoque,atravésdasconversasnocafé,percebeuqueumamudançase

avizinhava. «Ouvi dizer que estava‐se a pensar retirar todo o tipo de ecrãs domercado…

Aliás,nãoétodootipodeecrãs,massimosecrãsmaisantigos,parafazerumainstalação

de TV digital. Mas só ouvi assim isto muito vagamente. Também, na altura, não me

despertou interesse porque estava ocupada e passou. Não falei sobre o assunto com

ninguém.Nãoseicomoéqueesseprocessopoderáserfeito,nãoseiquecustoséquepoderá

ter, não sei se posso tirar alguma vantagem ou não daí». À questão «Acha que vai ser

Page 40: Adopt dtv relatorio-final_out2011

40

afectadaporesseprocesso?»,Ana respondeunãosaber,acrescentandoque«dependeda

obrigatoriedadedascoisas»eadmitindoquenãofazideiadadatalimiteparaoprocesso.

Ainda, verifica‐se que as fontes mais citadas pelos entrevistados quando lhes

perguntam como souberam do desligamento são o “boca‐a‐boca”, osmedia nacionais e

locais, bem como as operadoras de telecomunicações, via telefone. Neste estudo

etnográficofoitambémperceptívelque,quandoasfamíliasnãosabemcomoresolverum

problema comumdado equipamento tecnológico, recorremmaioritariamente a amigos

oufamiliares.Aspessoascommaisde50anostendemapedir“aosmaisnovos”ajudapara

lidar com os aparelhos, sejam telemóveis, computadores ou uma televisão. Porém, regra

geral,osassuntosligadosàtelevisãosãoresolvidosportécnicosespecializados12.

7.IntençãodeaquisiçãodeequipamentosouserviçosdeacessoaTVdigitaleTDT

‐Estima‐sequepertodemetadedosPortuguesessemTVpagaestejamindecisos

quantoàobtençãodeequipamentosouserviçosdeTVdigital,a3mesesdoinício

previstododesligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestre.

Começandopormencionarosúltimosdadosrecolhidos,relativosaoinquéritorealizadoem

Setembrode2011, aos425participantesque responderamnão ter TVpagae receberTV

analógicatradicional(35.3%daamostratotaldeparticipantescomTVemcasa),perguntou‐

seseestãoaponderaradquirirousubscreverequipamentoseserviçosderecepçãodeTV

digitalnospróximos12meses13.Assim,16.2%dosinquiridossemTVpagapensamcomprar

um novo televisor, que tenha TDT integrada, 24.2% ponderam comprar uma caixa

descodificadora de TDT, 6.8% têm a intenção de subscrever um serviço de TV por cabo,

0.2%projectamsubscreverumserviçodeTVporfibra‐óptica,0.5%planeiamsubscreverum

serviço de TV por satélite e nenhum dos inquiridos identificou a opção “IPTV ou ADSL”.

Ainda, 11.3% afirmaram não ter intenção de aquisição de equipamentos e serviços de

recepção de TV digital (representam 4% da amostra total do inquérito) e

46.4%nãosabemounãoresponderamaestaquestão.

12Maisdetalhessobreestetópiconorelatório:Veríssimo,Iolanda;Henriques,Sara&Quico,Célia(2011)“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”.13Nota:nodecorrerdoinquéritofoiexplicadoaosparticipantesoqueéaTVdigitaleaTDT,bemcomoqueaTDTvemsubstituirasactuaisemissõesanalógicasequeparaterTDTseránecessáriocomprarumacaixadescodificadoraoucomprarumtelevisorjápreparadoparareceberTDT.

Page 41: Adopt dtv relatorio-final_out2011

41

EmcomparaçãocomosdadosapuradosemNovembrode2010,os525 inquiridos

sem TV paga e com recepção de TV analógica por antena tradicional responderam do

seguintemodo:7.8%previamoptarpelaaquisiçãodeumtelevisorcomTDT integrada,8%

manifestaram estar inclinados para comprar uma caixa descodificadora de TDT, 5.8%

ponderavamoptarpelasubscriçãodeTVporcabo,1.3%consideraramapossibilidadedeter

TVporfibraóptica,0.4%ponderavamaopçãoTVsatélite,nenhumdosinquiridosidentificou

a opção “IPTV ou ADSL”, 34.1% dos inquiridos afirmaram não ter intenção de adquirir

nenhumdosprincipaisequipamentose/ouserviçosdeTVdigital,45.5%nãosabemounão

responderam se têm intenção de adquirir equipamentos e/ou serviços de TV digital nos

próximos12meses.

Tabela 13: Intenção de adquirir equipamentos ou serviços de TV digital nos próximos 12 meses

(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)(inquiridossemTVpagaecomrecepçãodeTVanalogicalterrestre)

Novembro2010(n=525)

%

Setembro2011(n=425)

%

Comprarnovotelevisor,comTDTintegrada 7.8 16.2

ComprarcaixadescodificadoradeTDT 8 24.2

SubscreverserviçoTVporcabo 5.9 6.8

SubscreverserviçoTVsatélite(parabólica): 0.4 0.5

SubscreverserviçoIPTV/ADSL 0 0

SubscreverserviçoTVporfibra‐óptica 1.3 0.2

Nenhum 34.1 11.3

Nãosabe/nãoresponde 45.4 46.4

Nota:osinquiridostinhamapossibilidadedeescolhermaisdoqueumaopção

Assim, regista‐se um incremento substancial da intenção de compra caixas

descodificadorasetelevisorescomTDTintegradosporpartedosinquiridossemTVpagae

que recebem TV através analógica terrestre, que passa de 8% para 24.2% no caso dos

descodificadores e de 7.8% para 16.2% no caso dos televisores com TDT. Porém, a

percentagem destes inquiridos que não sabe ou que não responde a esta questão

manteve‐sepraticamenteigualnesteintervalode10meses:45.5%emNovembrode2010

e46.4%emSetembrode2011.Ainda,manteve‐se igualapercentagemderespondentes

Page 42: Adopt dtv relatorio-final_out2011

42

queindicouterintençãodesubscreverumserviçodeTVpaga(TVporcabo,satélite,IPTV,

fibra‐óptica):7.5%emNovembrode2010e7.5%emSetembrode2011.

Estes mesmos 425 participantes do estudo de Setembro de 2011 foram ainda

convidados a responderquando pensam comprar um televisor ou caixa descodificadora

para ter TDT, tendo1.9%destes inquiridos afirmadoqueo fariamdaqui a 3meses, 2.8%

daquia6meses,1.2%daquia1ano,37.2%sóquandoforobrigatório,6.3%nunca,0.7%já

adquiriram, 0.2% deram outra resposta e 49.6% não sabem ou não respondem a esta

questão.No inquéritoaplicadoemNovembrode2010,dos inquiridossemTVpagaecom

recepção de TV analógica terrestre, 53.1% não sabiam ou não responderam quando

pensavam comprar um televisor ou caixa descodificadora de TDT, pelo que se regista um

ligeiro decréscimo neste indicador. Já 30.5% destes inquiridos afirmaramque o fariam só

quando fosse obrigatório, valor que aumentou no inquérito de Setembro de 2011, para

37.2%.

Tabela14:IntençãodeadquirirequipamentocompatívelcomsinaldeTDT(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,

2011)(inquiridossemTVpagaecomrecepçãodeTVanalogicalterrestre)

Novembro2010(n=525)

%

Setembro2011(n=425)

%

Daquia1mês 0.4 0

Daquia3meses 0.2 1.9

Daquia6meses 0.6 2.8

Daquia1ano 2.1 1.2

Sóquandoforobrigatório 30.5 37.2

Nunca 12.4 6.3

Jácomprou/játem ‐ 0.7

Outra 0.8 0.2

Nãosabe/nãoresponde 53.1 49.6

Ainda, no estudo de Novembro de 2010, 12.4% afirmaram que nunca irão comprar um

televisor ou caixa descodificadora de TDT, enquanto que em Setembro de 2011 essa

percentagemdiminuiupara6.3%,oqueéumadescidasubstancial.

Page 43: Adopt dtv relatorio-final_out2011

43

8.MotivosparaterTDT

‐Verifica‐sequeosbenefíciosassociadosàpresenteofertadeTDTtêmpoucopeso

na respectiva intenção de adopção, sendo o corte da emissão de TV analógica

terrestreapontadocomooprincipalmotivoparaterTDT.

No inquérito de Setembro de 2011, o corte da emissão de TV analógica terrestre é

identificadocomooprincipalmotivoparaterTDT,porpartede39.3%dosparticipantesno

inquérito de Setembro de 2011, ao qual se seguem os 33.2% que não sabem ou não

respondemqualomotivoparaterTDT,13.2%indicaramaqualidadedeimagemesomem

relaçãoàTVanalógica,12.5%nãoidentificaramnenhummotivoparaterTDT,3.5%porque

temTVdealtadefiniçãogratuita,0.7%apontaramoutras razõesenenhumdos inquiridos

escolheuaopção“porquetemserviçosdeinteresse,comooguiaTV”.

Tabela 15: Qual é, para si, o principal motivo para ter TDT? (ADOPT‐DTV e IDTV Health, 2011)

(inquiridossemTVpagaecomrecepçãodeTVanalogicalterrestre)

Novembro2010(n=525)

Setembro2011(n=425)

PelaqualidadedeimagemesomemrelaçãoàTVanalógica:

13.7 13.2

PorqueosinalanalógicodeTVvaiserdesligado

embreve

25.7 39.3

PorquetemTVdealtadefiniçãogratuita 1.9 3.5

Porquetemserviçosdeinteresse,comoguiaTV 0 0

Nenhum 23.6 12.5

Outrasrazões 1.3 0.7

Nãosabe/nãoresponde 36.5 33.2

No inquéritoaplicadoemNovembrode2010,quantoaoprincipalmotivopara ter

TDT,36.5%dosinquiridossemTVpagaequerecebemTVanalógicaterrestretradicionalnão

sabiamounãoresponderamaestaquestão,enquantoque25.7%dosinquiridosapontaram

o corte do sinal analógico como principal motivo para ter TDT. Ainda neste inquérito de

Novembro,23.6%destesinquiridosafirmaramnãoencontrarnenhummotivoparaterTDT,

Page 44: Adopt dtv relatorio-final_out2011

44

tendoaqualidadedeimagemesomsidofoiapontadacomoprincipalmotivopor13.7%dos

participantese1.9%identificaramoacessogratuitoaTVdealtadefinição.

Noestudorelativoàsentrevistascomasprincipaispartesinteressadasnoprocesso

deswitchover,amelhoriadaqualidadedesomeimagemfoiidentificadocomooprincipal

argumentoparaconvencerosPortuguesesavoluntariamenteadoptaremTVdigitalpara

os16stakeholdersentrevistadosnoâmbitodesteprojectodeinvestigação,citadopor13

destes participantes. A recepção de canais em HD e em 3D foi referenciado por 7 dos

stakeholders entrevistados. Também 7 destes 16 representantes das partes interessadas

mencionaram novos serviços, funcionalidades e interactividade como um dos principais

argumentosparaaadopçãovoluntáriadeTVdigital14. Em maior detalhe, os principais

argumentosparaaadopçãovoluntáriadeTVdigitalreferidospelosstakeholdersforam:

1)Melhoriadaqualidadedeimagemesom,com13referências(ANACOM,APAP,APD,APIT,

APMP,DECO,ERC,Abreu,MediaCapital,PT,Impresa,Sonaecom,ZON);

2) Novos serviços e funcionalidades, com 7 referências (APD, APED, APMP, Abreu, PT,

Sonaecom,ZON);

‐HDe3D,com7referências(DECO,ERC,MediaCapital,Sonaecom,ZON,Abreu,RTP);

4)Maiscanaisdetelevisão,com5referências(DECO,ERC,MediaCapitalZON,RTP);

5) Switch‐off obrigatório do sinal analógico, com 4 referências (ANACOM, APAP, Impresa,

ZON);

6)5ºcanalgratuito,com3referências(APIT,Denicoli,Abreu);

7)Baixocusto,com2referências(APED,MediaCapital);

‐TDTsemvantagensousempercepçãodasvantagens,com2referências(Denicoli,DECO);

9)Acessibilidadeparapessoascomnecessidadesespeciais,com1referência(APD);

‐Libertaçãodoespectroradioeléctrico,com1referência(Abreu);

14Maisdetalhessobreestetópiconorelatório:Sequeira,Ágata,Iolanda;Henriques,Sara&Quico,Célia(2011)“ADOPT‐DTV:EntrevistascomStakeholders”.

Maisdetalhessobreestetópiconoartigo:Quico,Célia;Damásio,ManuelJosé;Henriques,Sara&Veríssimo,Iolanda(2011).“IncentivoseBarreirasàAdopçãodaTelevisãoDigitalTerrestreemPortugal:PerspectivasdosTelespectadoresedeOutrasPartesInteressadas”.InProc.ofSOPCOM2011.UniversidadedoPorto,Porto/Portugal.15‐17Dezembro2011.

Page 45: Adopt dtv relatorio-final_out2011

45

‐RecepçãointerioremóveldeTV,com1referência(ANACOM);

‐Interoperabilidade,questõestécnicas,com1referência(MediaCapital);

‐Pacotespagoscomoutrosserviços,com1referência(MediaCapital).

Noentanto,comparandoestesdadoscomosdoinquéritoquantitativo,verificamos

que apenas 13,7% dos participantes no inquérito de Novembro de 2010 e 13.2% dos

inquiridosemSetembrode2011identificaramaqualidadedesomeimagemcomomotivo

principal para obter TV digital. Numa pergunta anterior do inquérito quantitativo de

Novembro de 2010, pediu‐se aos participantes que avaliassem a qualidade de som e

imagem do sinal de TV que recebem em casa (Q.16), de 0 (totalmente insatisfeito) a 10

(totalmente satisfeito).Apenas1,9%dos inquiridos afirmaramestar insatisfeitosoumuito

insatisfeitos (0 a 4 pontos, numa escala de 0 a 10) e 13,6% manifestaram estar

moderadamente satisfeitos (5 e 6 pontos, em 10). A vasta maioria dos participantes no

inquéritoconsideraramestarsatisfeitosoumuitosatisfeitoscomaqualidadedeimageme

som,com83,9%aavaliarcom7e10pontosaqualidadedosinalTVquerecebememcasa,

enquanto0,5%dosinquiridosoptarampornãoresponderaestapergunta.

Alémdisso,novosserviços, funcionalidadese interactividadeforammencionados

por 7 dos 16 stakeholders como um dos principais argumentos que possibilitariam a

adopção voluntária de TV digital. No entanto, em ambos os inquéritos quantitativos

nenhum dos participantes com TV analógica terrestre seleccionaram esta opção, das

diversaslistadascomomotivosparaobterTDT.

O quarto principal incentivo para adopção de TV digital motivo referido pelos

stakeholdersfoiapossibilidadedeobtermaiscanaisdetelevisão,mencionadopor5dos16

entrevistados (DECO,ERC,MediaCapital, RTPe ZON).Maisumavez comparando comos

resultados do inquérito quantitativo de Novembro de 2010, quando questionados se

queriammais canais de TV (Q.13), 86,9%dos inquiridos responderamquenãodesejavam

maiscanaisdeTV,ouseja,apenas13,1%demonstraram interesseemtermaiscanaisde

televisão.

Atítulodeexemplo,paraogrupoMediaCapital,váriosargumentossãoimportantes,

considerandoqueafalhadequalquerumdeles“podecolocaremcausaosucessodetodoo

processo”.Assim,adetentoradocanalemsinalabertoTVIenumeraaqualidadedeimagem

e som, aquantidadee tipodeprogramasemHD, custodosdescodificadores edeoutros

equipamentos, variedadedeofertade conteúdoe integração compacotesqueenglobem

outrosserviços,entreoutros.

Page 46: Adopt dtv relatorio-final_out2011

46

Já no caso da RTP, o seu representante na entrevista – Pedro Braumman –

considerouqueemPortugal“estamosperanteumparadoxo, difícil de explicar em termos

internacionais”,ouseja,quea“ofertaprevisíveldaTDTseratéaoswitch‐off,emprincípio,

exactamenteamesmaqueaquelaqueacontecenosistemaanalógico”.Paraestedirectorda

RTP, taldificultaaadopçãoaTDTporpartedapopulaçãoportuguesa,comparandocoma

experiênciabem sucedidaemEspanha.Demodo semelhante, a associaçãodedefesados

consumidoresDECOtambémtemreservasquantoaosucessodesteprocessoemPortugal:

“Amigraçãoespontâneaserácomplicadadesuceder,vistoqueaplataformadigitalterrestre

nãoapresentademomento,nenhumavantagemóbviaparaosconsumidoresemrelaçãoao

sistemaanalógico”.

Ainda, o representante do grupo Impresa, FranciscoMaria Balsemão, começa por

questionaroqueganhamaspessoasaomudar:“Sinceramente,se fosseumcidadão,para

mim era uma chatice ter que trocar”. Este administrador do grupo que detém o canal

comercial em sinal aberto SIC acrescenta que a TDT paga poderia ter tido um impacto

positivonaadopçãodaTDTemPortugal:“antesdoconcursoparaatelevisãopagatersido

anulado,euaindapodiapensar“Épago,maspormais10eurosvoutermuitomaiscanais”.

Aí,maisgentepodiaquerermudar.“Mas,defacto,nestemomento,paraalémdaquestão

dainevitabilidade,nãovejoquehajagrandesargumentos”.

Tal opinião vem de encontro à perspectiva de um dos participantes no estudo

etnográfico«Nãohámotivação…»‐afirmaClara,de67anosehabitantedeAlenquer,que

consideranãohavernenhumavantagemevidentenamudança,masapenasaobrigaçãode

mudar,aoqueomarido,Jorge,de70anos,responde:«Oprogressoéassimnãoé?Ninguém

achabem,todaagenterefila,masdepoisacabaporaceitar».

JáAna,de33anos,observaquenestascondiçõesnãosesentemotivadaparafazer

a transição: «Não há oferta. A melhoria da qualidade de imagem não é suficiente para

motivar, mas nós os portugueses também não nos chateamos com nada, somos muito

permissivos. E se foi uma decisão da União Europeia, nós vamos ter que acatar com ela.

Claroque,sepuderemmelhoraralgumacoisa…Se,aofactodesermosobrigadosamudar

paracontinuaratertelevisão,conseguissemjuntarumamais‐valiaaocliente,sócaíabem

(risos)»,considera.Nopontodevistadestaempregadadebalcão,asuafamíliabeneficiaria

aindamais caso a TDT lhe trouxesse, para além do aumento do número de canais, mais

serviços,comoodagravaçãodeprogramasoudePausaTV.«Podiamserumamais‐valiapor

causa da situação dos horários». Gravar os filmes permitiria a Ana não ter de perder

algumashorasdedescansoparapoderverumfilmequelheinteresse.

Page 47: Adopt dtv relatorio-final_out2011

47

9.BarreirasàadopçãodeTVdigitaleTDT

‐Os custos e as questõespráticas sãodasprincipais barreiras à obtençãode TV

digital‐eTDTemparticular–paraosPortuguesessemTVpagaemcasa.

Os custos associados à TV digital foram a preocupação dominante manifestada pelos

participantes ao inquérito deNovembro de 2010, com60,6%dos inquiridos a concordar

com a afirmação “A minha principal preocupação são os custos que vou ter com esta

mudança”.

Tabela 16: Até que ponto concorda com cada uma destas afirmações sobre este processo de

switchover?(paratodososinquiridoscomTVemcasa;n=1.198)(ADOPT‐DTV,2010)

Discordocompleta‐mente%

Discordo%

Nãoconcordonemdiscordo

%

Concordo%

Concordocompleta‐mente%

Nãosabe/Não

responde%

Tudobem:nãoháproblemaparamim

5.4 15.5 21.6 36.3 5.9 15.1

Estousatisfeitocomofimdatransmissão,aindaquehajaalguminconvenientenasituação

7.3 21 28.3 26.6 2.6 13.9

Estousurpreendido‐nãosabiaqueosinalanalógicodeTViaserdesligadoembreve

4.3 13.9 20.7 36.9 11.4 12.7

Estouansiosoedescontenteporserforçadoafazerestamudança

3.8 17.9 31.7 25.6 7.1 13.8

Achoqueesteprocessodeviasermaisdemoradodandooportunidadesàspessoasparaadquiriremmaisinformação

1.3 8.1 22.1 35.6 17.9 15.1

Aminhaprincipalpreocupaçãosãooscustosquevoutercomestamudança

1.3 6.8 18.4 37.4 23.2 12.8

Estoupreocupadocomasquestõespráticascomoterumanovaantenaoucablagemeumnovoequipamentoafuncionardevidamente

2.2 12.2 22.1 36.5 13.3 13.8

Nãoacreditoquevãodesligarosinalanalógicoem2012

2.6 11.9 33.3 22.3 4.2 25.6

Segue‐sedoconjuntodeafirmaçõespré‐definidassobreoprocessodeswitch‐off,a

preocupação com as questões práticas associadas à TV digital, como a cablagem a

instalação do equipamento, com 49,8% de todos os inquiridos a manifestarem a sua

Page 48: Adopt dtv relatorio-final_out2011

48

preocupaçãoquantoaesteaspecto.Destaqueparaos53,7%deinquiridosqueconcordam

afrase“Achoqueesteprocessodeveriasermaisdemorado,dandomaisoportunidadeàs

pessoasparaadquiriremmaisinformação”eaindaparaos48,3%queconcordaramcoma

afirmação“Estousurpreendido–nãosabiaqueosinalanalógicodeTViaserdesligadoem

breve”.

Neste caso, verifica‐se a concordância entre as perspectivas dos stakeholders e as

perspectivas dos participantes no inquérito quantitativo, no respeitante às principais

barreiraseobstáculosàadopçãodeTVdigital,sendooscustosreferidoscomooprincipal

obstáculo. A seguir se apresentamasprincipais barreirasmencionadaspelos stakeholders

consultadosnoâmbitodesteprojectodeinvestigação:

1)Custos,com9referências(APAP,APD,APED,APMP,Denicoli,Abreu,PT,RTPe

Sonaecom);

2)Ausênciaouinsuficiênciadeinformação,com7referências(Anacom,APAP,APD,DECO,

ERC,MediaCapital,Sonaecom);

3)FaltadevantagensdaTDToudepercepçãodasmesmas,com6referências(APED,DECO,

Denicoli,MediaCapital,Impresa,RTP);

4)Condiçõesdomercado,com3referências(Denicoli,Abreu,MediaCapital);

5)InexistênciadetransmissãodeTValtadefiniçãonaTDT,com2referências(Anacom,PT);

‐Inexistênciado5ºcanalououtroscanais,com2referências(Anacom,PT);

‐Baixaliteraciatecnológica,com2referências(Anacom,APMP);

8)AcçãodoGovernoemodeloparaaTDT,com1referência(Denicoli);

‐Ocontextodacriseeconómica,com1referência(Denicoli);

‐Insuficientecobertura,com1referência(MediaCapital);

‐Duraçãodoprocessodetransição,com1referência(APMP);

‐Idadeegénerodostelespectadores,com1referência(APMP);

‐Acçãoobrigatóriaparatelespectadores,com1referência(APIT);

‐Utilizaçãodainternet,com1referência(Abreu).

Curiosamente,aquestãodoscustosfoireferidapelaPortugalTelecom,operadorde

TDT,queconsiderouopreçodoequipamentocomo“umentrave”paraaexpansãodaTDT

em Portugal, “há bem pouco tempo, não existiam sequer no mercado equipamentos

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49

compatíveis comanormaTDTportuguesa,queremquantidadequeremacessibilidadede

preço”.

A ausência ou insuficiência de informação foi a segunda barreira mais

referenciada,comaERCaconsiderarque“aprincipalbarreiraqueexiste,nestemomento,é

a falta de informação”, referindo que o processo de transição deveria ser explicado ao

consumidorcomoumavendadirecta,talcomoocaboouIPTVévendido,sendoexplicadoa

todos os consumidores as vantagens associadas a este processo. Por outro lado, a DECO,

associaçãonacionalquerepresentaosconsumidores,referecomoprincipalproblemaafalta

deinformaçãoeopoucovalorqueaTDTacrescentaàtelevisãoportuguesa.

Noestudo etnográfico, no que respeita às razões que desmotivam as famílias a

teremtelevisãodigital,aquestãodoscustosapareceemprimeirolugar.OcasodeJoana,

de 71 anos, é semelhante ao de Catarina, dois anos mais velha. Em comum, estas

reformadastêmofactodeviveremnoconcelhodeAlenquer,sozinhas,edatelevisãolhes

servirdecompanhia todososdias.Damesmamaneira, JoanaeCatarinagostariamde ter

maiscanaisparapreencherasváriashorasemfrenteaoecrã,masdeparam‐sesemprecom

asmesmasquatroestações.Naverdade,Joanalembraquenemosquatrocanaisconsegue

apanhar,eCatarinasublinhaasconstantes interferênciasaroubarem‐lhea imagem.Ainda

assim,estasidosas‐quenemseconhecem‐rejeitamcompletamenteahipótesedevirema

terumserviçodetelevisãopaga,maisumavez,porumamesmarazão:abaixareforma.Por

outro lado, também há jovens famílias a descartar a opção “televisão digital”. A família

“Simões”,porexemplo,éservidapelosinalanalógicoterrestredetelevisão.Anaexplicaque

nãopodejuntarmaisumamensalidadeàsdespesasdeumafamílianumerosacomoasua.

«Comoestoupouco tempoemcasa,nãose justificaeupagarumvaloracrescidoparaver

mais televisão. Porque esse valor também conta no orçamento da família e é um grande

abalonoagregadofamiliar.Numagregadofamiliargrandecomoomeu,tudoconta,enão

se justifica. Às vezes osmiúdos chateiam‐meporque gostavamde ver o Panda. E eu digo

“quandoláforesabaixoaocafé,vês”.Têmqueterpaciência(…)Nãosejustificaporqueos

preçostambémsãoelevadíssimos».

Ainda,deformaacompreenderasmotivaçõespordetrásdarelutânciaemterTDT,

pediu‐se aos 124 indivíduos que afirmaram não ter nenhum motivo para obter TDT –

representando 10,3% da amostra total do inquérito quantitativo de Novembro de 2010 ‐

que indicassem o seu nível de concordância com um conjunto de afirmações sobre este

tema. Esta questão baseou‐se numa das questões do estudo Attitudes to switchover de

Page 50: Adopt dtv relatorio-final_out2011

50

Klein,KargereSinclair(2004),maisexactamentenaQ.44.

Tabela17:Qualoseugraudeconcordânciacomcadaumadasseguintesfrases?(ADOPT‐DTV,2010)

(sóparaindivíduosquereferemnãotermotivoparaterTDT;n=124)

Discordocompleta‐mente%

Discordo%

Nãoconcordonemdiscordo

%

Concordo%

Concordocompleta‐mente%

Nãosabe/Não

responde%

ATVnãoéimportanteparamim,eunãomevouincomodaremfazeraconversão

3.2 21 21.8 36.2 4 13.7

EunãoqueroTDTnaminhacasa 1.6 15.3 20.2 36.3 10.5 16.1

EugostavadecontinuaraterTVemcasamaséumaquestãodecustos

0.8 2.4 9.7 62.9 15.3 8.9

EunãoseicomoterTDT.Étudomuitocomplicado

0 8.1 12.9 50.8 11.3 16.9

EugostavadecontinuaraterTVmasnãoseicomoinstalarTDT

0.8 9.7 16.9 43.5 8.9 20.2

EugostavadecontinuaraverTVmasachoquenuncavouconseguirpercebercomofuncionaaTDT

1.6 15.3 23.4 27.4 8.1 24.2

Assim,77,9%destegrupodeinquiridosconcordaramcomaafirmação“Querocontinuara

ver televisãomas é umaquestãode custos”. A dificuldade em saber o que fazer, a nível

prático, foi identificada em segundo lugar nesta lista, com 62,1% destes inquiridos a

concordarcomaafirmação“NãoseicomoterTVdigital,étudomuitocomplicado”.Ainda

de sublinhar que 46,8% destes inquiridos afirmaram concordar com a afirmação “Eu não

queroTVdigitalemminhacasa”(58pessoas,4,8%daamostratotal)e40,2%concordaram

com a afirmação “A TV não é importante paramim e não vou ter o trabalho de fazer a

mudançaparaTVdigital”(50participantes,4,1%daamostratotal).

10.AdopçãodeTVdigitaleTDT–perfis

‐Propõem‐sequatroperfisdeadoptersdeTVdigitalemPortugal,considerandoa

possedeTVpagaeaintençãodeusodeTVdigital:

10.a.Grupo– “JáAdoptou”: que correspondeaquem temTVpagapor cabo,DTH, IPTV,

Page 51: Adopt dtv relatorio-final_out2011

51

fibra‐ópticaeoutrastecnologias15,;

10.b. Grupo – “Adopta”: espectadores de TV em sinal aberto que estão a considerar

comprarumacaixadescodificadoraoutelevisorcomTDTintegradoouentãosubscreverum

serviçodeTVpagaparacontinuaravertelevisãoemcasa;

10.c. Grupo – “EmDúvida”: espectadores de TV em sinal aberto que não sabem ou não

responderamqualasuaintençãodeaquisiçãodeTVdigital;

10.d. Grupo – “Não Adopta”: espectadores de TV em sinal aberto que alegam não ter

intençãoemadoptarTVdigital.

Os perfis foram definidos com base na disponibilidade de TV paga em casa (P.3) e na

intençãoemsubscreverumserviçodeTVpagaoudeadquirirequipamentosreceptoresde

TVdigital(P.28).

Tabela18:PerfisbaseadosnapossedeTVpagaenaintençãodeusodeTVdigital(ADOPT‐DTV,2011)

Novembro2010(n=525)

%

Comprarnovotelevisor,comTDTintegrada

ComprarcaixadescodificadoradeTDT

SubscreverserviçoTVporcabo

SubscreverserviçoTVsatélite(parabólica):

SubscreverserviçoIPTV/ADSL

Grupo“Adopta”

SubscreverserviçoTVporfibra‐óptica

23.4

Grupo“NãoAdopta”

Nenhum 34.1

Grupo“EmDúvida”

Nãosabe/nãoresponde 45.4

Nota:osinquiridostinhamapossibilidadedeescolhermaisdoqueumaopção.

Deformaaprocuraranalisarascaracterísticasdosindivíduosdeacordocomasuaintenção

deusodeTVdigital–temintençãodeadoptarTVdigitalnospróximos12meses(“Adopta”),

15DeacordocomosdadospublicadospelaAnacomemSetembrode2011,78%dosassinantesdeserviçosdeTVporcabousufruemdoformatodigital‐númeroquecontinuaacrescer‐,representandoosassinantesdeTVporcabo50.2%detodosossubscritoresdeserviçosdeTVpaga.Osrestantessistemas–IPTV,DTH,fibra‐ópticaeoutrastecnologiasnomercadoportuguês‐são100%digitais.

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52

nãotem intençãodeadoptarTVdigitalnospróximos12meses (“NãoAdopta”)eestáem

dúvida sepretendeadoptarTVdigital (“EmDúvida”) ‐ foi realizadaaanálisedas variáveis

sexo,idade,habilitaçõesacadémicas,statusedificuldadesauditivas,visuaisemotoras.

Osdadosindicamaexistênciadediferençassignificativasparaumníveldeconfiança

de95%entreogénerofemininoemasculinoparaavariável intençãodeuso(χ2(2)=8,083;

p=0,017).Deacordocomosdadosdescritivosexisteumamaiorpercentagemdesujeitosdo

géneromasculinocomintençãodeadoptarTVdigital,valoresmuitosemelhantesentreos

géneros nos grupos que referem não ter intenção de adoptar TV digital e uma

percentagemsuperiordogénerofemininonogrupoquerespondeestaremdúvidasobrea

aquisiçãodeequipamentosouserviçosdeacessoaTVdigital.

Tabela19:IntençãodeadoptarTVdigitalVsSexo(ADOPT‐DTV,2011)

SEXO

MASCULINO FEMININO Total

N 90 89 179NãoAdopta

% 50,3% 49,7% 100,0%

N 63 44 107Adopta

% 58,9% 41,1% 100,0%

N 102 137 239

Intenção

deUso

EmDúvida

% 42,7% 57,3% 100,0%

Emrelaçãoàvariável idadeforamnovamenteencontradasdiferençassignificativas

entreosgrupos (χ2(10)=46,380;p<0,001).Analisandoa tabelaseguinteépossívelverificar

queossujeitosquereferemnãoterintençãodeadoptarTVdigitalsãomaioritariamente

pessoasde idademaisavançada,com55oumaisanos.Pelocontrário,os indivíduosque

afirmaramterintençãodeadoptaraTVdigitaldentrode12mesessãosobretudoosmais

jovens,comidadescompreendidasentreos18e44anos.

Page 53: Adopt dtv relatorio-final_out2011

53

Tabela20:IntençãodeadoptarTVdigitalVsIdade(ADOPT‐DTV,2011

Idade

18‐24

anos

25‐34

anos

35‐44

anos

45‐54

anos

55‐64

anos

mais65

anos Total

N 9 26 17 28 37 62 179NãoAdopta

% 5,0% 14,5% 9,5% 15,6% 20,7% 34,6% 100,0%

N 18 18 27 19 14 11 107Adopta

% 16,8% 16,8% 25,2% 17,8% 13,1% 10,3% 100,0%

N 15 47 46 42 31 58 239

Intenção

deUso

Dúvida

% 6,3% 19,7% 19,2% 17,6% 13,0% 24,3% 100,0%

No que respeita ao nível de habilitações académicas encontraram‐se diferenças

significativasentreosgruposearespectivaintençãodeuso(χ2(14)=40,219;p<0,001).Deste

modo,ogrupodeindivíduosquetemintençãodeadoptarTVdigitalcaracteriza‐seporter

habilitaçõesacadémicasmaiselevadas,enquantoqueosindivíduosqueestãoemdúvida

ou afirmaram não ter intenção de adoptar TV digital possuem baixas habilitações

académicas–denotarque60.9%dosinquiridoscomTVanalógicaterrestrequeafirmaram

não ter a intenção de adquirir serviços ou equipamentos de acesso à TV digital

frequentaramapenasainstruçãoprimáriaounãosabemlernemescrever.

Tabela21:IntençãodeadoptarTVdigitalVsHabilitaçõesacadémicas(ADOPT‐DTV,2011

IntençãodeUso

NãoAdopta Adopta Dúvida

N % N % N %

Universitário/Pós‐Grad./Mestrado/Doutoramento 5 2,8% 6 5,6% 4 1,7%

Cursomédio/Politécnico 1 ,6% 3 2,8% 1 ,4%

Frequênciadecursosuperior/médio 1 ,6% 1 ,9% 3 1,3%

12ºano(7ºanoliceal/11ºano) 24 13,4% 18 16,8% 33 13,8%

9ºano(5ºanoliceal) 18 10,1% 28 26,2% 39 16,3%

6ºano(2ºanoliceal) 21 11,7% 21 19,6% 37 15,5%

Instruçãoprimáriacompleta 74 41,3% 25 23,4% 87 36,4%

Instruçãoprimáriaincompleta/analfabeto 35 19,6% 5 4,7% 35 14,6%

Total 179 100,0% 107 100,0% 239 100,0%

Page 54: Adopt dtv relatorio-final_out2011

54

Em relação às dificuldades em ver, ouvir ou andar, foram encontradas diferenças

significativas entre os grupos para as três situações (dificuldades em ver χ2(6)=28,755;

p<0,001;dificuldadeemouvir χ2(8)=21,424;p=0,006;dificuldadesemandar χ2(8)=35,691;

p<0,001). Assim, verifica‐se uma percentagemmais elevada de pessoas com alguma ou

muita dificuldade em ver, ouvir ou andar no grupo dos sujeitos que referem não ter

intençãodeadoptarTVdigital,bemcomoumapercentagemmaiselevadadestesinquiridos

estão em dúvida se adoptarão essa tecnologia, comparativamente com os inquiridos que

indicaramnãoterdificuldadesouterpoucasdificuldadesemver,ouvirouandar.

Tabela22:IntençãodeadoptarTVdigitalVsDificuldadesemver(ADOPT‐DTV,2011

P.34.Temdificuldadeemvermesmousando

óculosoulentesdecontacto?

Nenhuma

dificuldade

Pouca

dificuldade

Alguma

dificuldade

Temmuita

dificuldade Total

N 78 32 50 19 179NãoAdopta

% 43,6% 17,9% 27,9% 10,6% 100,0%

N 79 13 12 3 107Adopta

% 73,8% 12,1% 11,2% 2,8% 100,0%

N 136 37 54 12 239

Intenção

deUso

EmDúvida

% 56,9% 15,5% 22,6% 5,0% 100,0%

Tabela23:IntençãodeadoptarTVdigitalVsDificuldadesemouvir(ADOPT‐DTV,2011

P.35.Equantoàaudição?Temdificuldadeemouvirmesmo

usandoumaparelhoauditivo?

Nenhuma

dificuldade

Pouca

dificuldade

Alguma

dificuldade

Temmuita

dificuldade

Não

consegue

ouvir Total

N 113 24 31 10 1 179NãoAdopta

% 63,1% 13,4% 17,3% 5,6% ,6% 100,0%

N 90 10 6 1 0 107Adopta

% 84,1% 9,3% 5,6% ,9% ,0% 100,0%

N 176 33 24 6 0 239

Intenção

deUso

EmDúvida

% 73,6% 13,8% 10,0% 2,5% ,0% 100,0%

Page 55: Adopt dtv relatorio-final_out2011

55

Tabela24:IntençãodeadoptarTVdigitalVsDificuldadesemandar(ADOPT‐DTV,2011)

P.36.Equantoàlocomoção?Temdificuldadeemandarou

emsubirdegraus?Diriaque...

Nenhuma

dificuldade

Pouca

dificuldade

Alguma

dificuldade

Temmuita

dificuldade

Não

consegu

eandar Total

N 96 30 32 19 2 179NãoAdopta

% 53,6% 16,8% 17,9% 10,6% 1,1% 100,0%

N 92 5 5 4 1 107Adopta

% 86,0% 4,7% 4,7% 3,7% ,9% 100,0%

N 164 32 29 14 0 239

Intenção

deUso

EmDúvida

% 68,6% 13,4% 12,1% 5,9% ,0% 100,0%

No que toca a variável status social, os dados indicam que não se encontram

diferençassignificativasentreosgruposA,B,C,DeEparaaintençãodeusodeTVdigital

(χ2(8)=9,035;p=0,269).A tabela seguinteapresentaosdadosdescritivos referentesaesta

variáveleaintençãodeadopçãodeTVdigital.

Tabela25:IntençãodeadoptarTVdigitalVsStatus(ADOPT‐DTV,2011)

STATUSSOCIAL

A B C D E Total

N 0 13 27 115 24 179NãoAdopta

% ,0% 7,3% 15,1% 64,2% 13,4% 100,0%

N 2 11 18 56 20 107Adopta

% 1,9% 10,3% 16,8% 52,3% 18,7% 100,0%

N 2 17 31 142 47 239

Intenção

deuso

Dúvida

% ,8% 7,1% 13,0% 59,4% 19,7% 100,0%

Emsíntese,cadaumdestesgrupospodesercaracterizadodaseguinteforma:

10.b. Grupo – “Adopta” (espectadores de TV em sinal aberto que estão a considerar

comprarumacaixadescodificadoraoutelevisorcomTDTouentãosubscreverumserviçode

TV paga para continuar a ver televisão em casa) sãomais propensos a serem homens, a

teremidadescompreendidasentreos18eos44anos,apossuíremhabilitaçõesacadémicas

Page 56: Adopt dtv relatorio-final_out2011

56

elevadasemenospropensos a ter algumnível dedeficiência (visual, auditivaoumotora);

10.c. Grupo – “EmDúvida” (espectadores de TV em sinal aberto que não sabem ou não

responderamqualasuaintençãodeaquisiçãodeTVdigital)existeumamaiorprobabilidade

de serem mulheres, a terem baixas habilitações académicas e possuírem um nível

significativodedeficiência(visual,auditivaoumotora);

10.d. Grupo – “Não Adopta” (espectadores de TV em sinal aberto que alegam não ter

intençãoemadoptarTVdigital) sãomaispropensosa teremmaisde55anosde idade, a

possuírem um baixo nível de habilitações académicas (instrução primária completa ou

menos)eateremumnívelsignificativodedeficiência(visual,auditivaoumotora).

Finalmente, de notar que houve uma evolução substancial da percentagem de

inquiridos com acesso a TV analógica terrestre que indicou ter intenção de adquirir

equipamentosouserviçospararecepçãodeTVdigitaldoinquéritodeSetembroe2011em

relaçãoaoinquéritodeNovembrode2010,quepassoude23.4%para47.9%.Porseuturno,

apercentagemdestesinquiridosqueafirmaramnãoterintençãodecompradeserviçosou

equipamento de TV digital diminuiu substancialmente, de 34.1% em Novembro de 2010

para11.3%paraSetembrode2011.

Tabela 26: Comparativo da evolução percentual dos perfis baseados na posse de TV paga e na

intençãodeusodeTVdigital(ADOPT‐DTV,2011)

Novembro2010(n=525)

%

Setembro2011(n=425)

%

Comprarnovotelevisor,comTDTintegrada

ComprarcaixadescodificadoradeTDT

SubscreverserviçoTVporcabo

SubscreverserviçoTVsatélite(parabólica):

SubscreverserviçoIPTV/ADSL

Grupo“Adopta”

SubscreverserviçoTVporfibra‐óptica

23.4

47.9

Grupo“NãoAdopta”

Nenhum 34.1 11.3

Grupo“EmDúvida”

Nãosabe/nãoresponde 45.4 46.4

Nota:osinquiridostinhamapossibilidadedeescolhermaisdoqueumaopção.

Jáapercentagemdeparticipantesquenãosabeounãorespondeuàperguntaque

Page 57: Adopt dtv relatorio-final_out2011

57

equipamentosouserviçosdeTVdigitalestáapensaradquirirousubscrevernospróximos

12mesesmanteve‐sepraticamente inalteradaentreosdois inquéritos.Aaveriguaçãodos

perfis destes grupos de participantes do inquérito de Setembro de 2011 já sai fora do

âmbito do presente relatório ‐ até porque os resultados são de outro projecto de

investigação da responsabilidade do CICANT e chegaram à equipa de investigação em

meados de Outubro de 2011 ‐ mas há a intenção de proceder a essa averiguação

posteriormenteemartigosasubmeterarevistaseconferênciascientíficas.

Hipóteseprincipaldoprojectodeinvestigação

‐ Verificou‐se a validação da hipótese principal do projecto de investigação, em

quenocontextodatransiçãodaTVanalógica‐digital,aadopçãodaTVdigitalestá

significativamente condicionada por factores de expectativa de desempenho,

expectativa de esforço e influência social, com forte probabilidade de rejeição

significativaporpartedesegmentosdapopulaçãocomidademaisavançada,com

menoreshabilitaçõesacadémicasecomnecessidadesespeciais.

Conformefoireferidonaparte introdutóriadesterelatório,osautoresdaTeoriaUnificada

deAceitaçãoeUsodeTecnologia (UnifiedTheoryofAcceptanceandUseof Technology–

UTAUT) defendem que a expectativa de performance, expectativa de esforço, influência

social e condições facilitadoras são determinantes directos da intenção de uso e

comportamentos de adopção de inovações, sendo o impacto destes quatro factores é

mediadopela idade,género,experiênciaevoluntariedadedeuso(Venkateshetal.,2003).

Combasenestateoriaforamformuladasasseguinteshipótesesdeinvestigação:

H1.AsexpectativasdedesempenhotêmumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleoseu

efeitoémaiornosjovensenoshomens.

H2.AsexpectativasdeesforçotêmumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleoseuefeito

émaiorparaosmaisvelhos,comhabilitaçõesacadémicasmaisbaixaseparaasmulheres.

H3.AinfluênciasocialtemumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleoseuefeitoémaior

paraosmaisvelhos,comhabilitaçõesacadémicasmaisbaixaseparaasmulheres.

H4.AscondiçõesfacilitadorasnãotêmumefeitosignificativonaintençãodeusodeTV

digitalnamaioriadapopulação,mastêmumefeitosignificativonosmaisvelhos.

Page 58: Adopt dtv relatorio-final_out2011

58

H5.a)Aauto‐eficácianousodetecnologiasnãoteminfluênciasignificativanaintençãode

usodeTVdigital

H5.b)Aansiedadeemrelaçãoaousodetecnologiasnãoteminfluênciasignificativana

intençãodeusodeTVdigital

H5.c)Asatitudesemrelaçãoaousodetecnologiasnãotêminfluênciasignificativana

intençãodeusodeTVdigital.

De formaa testarashipóteses teóricasdoprojectooptou‐seporrealizaraanálise

estatísticapordoisprocessos,analisando‐seaprimeirapartedashipótesesatravésdeuma

análisedevariânciaeasegundapartedashipótesesatravésdeumaANOVAmultivariada,

procurando‐se analisar a interacção de novos factores na intenção de uso para cada

dimensãodaescalaadaptadadomodeloUTAUT.

Comointuitodesimplificaraleituradaanálise,optou‐seporreferirbrevementeas

designaçõesusadasparacadavariáveleonúmerodevariáveisaanalisar.Assim,emrelação

àsdimensõesdaescala(adaptaçãodomodeloUTAUT)usadanoinquéritoquantitativosão

examinadassetedimensões:expectativadedesempenho,expectativadeesforço,influência

social,condiçõesfacilitadoras,auto‐eficácia,ansiedadeeatitudes.

Noque tocaa variável intençãodeusodeTVdigital foram formados três grupos:

Grupo–“Adopta”:grupodeindivíduosquepretendemadoptarTVdigital(têmintençãode

comprar uma TV que tenha TDT integrada ou caixa descodificadora, ou subscrever algum

serviçodeTVdigital–TVporcabo,satélite, IPTVoufibraóptica,nospróximos12meses);

Grupo–“Nãoadopta”:grupodeindivíduosquenãopretendemadoptarTVdigital(nãotêm

intençãodecomprarousubscreverqualquerdosserviçosacimaindicados);

Grupo – “Em dúvida”: grupo de indivíduos que estão em dúvida se adoptarão TV digital

(pessoas que responderam “não sei” às questões acima enumeradas, oumesmo pessoas

queoptarampornãoresponder).

De formaa analisar se a variável intençãodeusodeTVdigital tem influêncianas

dimensões resultantes da adaptação do modelo UTAUT, foi realizada uma análise de

variânciaatravésdecomparaçãodemédias,ANOVAOne‐Way,apósaverificaçãodosseus

pressupostos. Os dados indicam a existência de diferenças significativas para um nível de

confiança de 95% (alpha=0.05) em todas as variáveis respeitantes ao modelo referido

(expectativa de desempenho F(2,417)=9,785; P<.001; expectativa de esforço

F(2,317)=11,180; p<.001; Influência social F(2,416)=9,989; p<.001; Condições facilitadoras

F(2,400)=13,928; p<.001; Atitudes de uso F(2,390)=10,184; p<.001; Auto‐eficácia

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59

F(2,380)=5,064; p=.007; Ansiedade F(2,404)=6,438;p=0.002). De acordo com o teste de

Tuckey,encontram‐sediferençassignificativasparaavariávelExpectativasdeDesempenho

entreosgrupos“Nãoadopta”Vs“Adopta”(p<0.001);“Adopta”Vs“Emdúvida”(p<0.001);

paraavariávelExpectativadeEsforçoentreosgrupos“Nãoadopta”Vs“Adopta”(p<0.001);

“Nãoadopta”Vs“Dúvida”(p=0.01);paraavariável InfluênciaSocialentreosgrupos“Não

adopta” Vs “Adopta” (p=0.001); “Adopta” Vs “Em dúvida (p<0”.001); para a variável

CondiçõesFacilitadorasentreosgrupos“Nãoadopta”Vs“Adopta”(p<0.001);“Adopta”Vs

“Emdúvida” (p<0.001); para a variávelAtitudesdeUso entreos grupos “Nãoadopt”aVs

“Adopta” (p<0.001) e “Adopta” Vs “Em dúvida” (p<0.001); para a variável Auto‐Eficácia

entre os grupos “Não adopta” Vs “Adopt”a (p=0.005); e por último, para a variável

Ansiedadeentreosgrupos“Nãoadopta”Vs“Adopta”(p=0.001)e“Adopta”Vs“Emdúvida”

(p=0.028).

TabelaH1.MédiasdasvariáveisdomodeloUTAUTeIntençãodeuso

N* Média Desvio‐padrão Mínimo Máximo

NãoAdopta 137 8,18 3,294 1 14

Adopta 101 9,79 2,974 2 14

Expectativade

desempenho

EmDúvida 182 8,25 3,058 1 15

NãoAdopta 106 7,52 3,237 1 15

Adopta 90 9,54 2,961 1 14

Expectativadeesforço

EmDúvida 124 8,69 2,867 2 15

NãoAdopta 140 7,59 2,800 1 14

Adopta 98 8,95 2,665 2 15

Influênciasocial

EmDúvida 181 7,42 2,957 1 15

NãoAdopta 134 5,87 3,593 1 13

Adopta 98 8,20 3,446 1 14

Condiçõesfacilitadoras

EmDúvida 171 6,22 3,539 1 15

NãoAdopta 129 8,20 3,355 2 15

Adopta 99 9,97 2,844 1 15

Atitudesdeuso

EmDúvida 165 8,42 3,197 1 15

NãoAdopta 121 7,83 2,848 1 15

Adopta 100 9,02 3,104 2 15

Autoeficácia

EmDúvida 162 8,29 2,516 2 14

NãoAdopta 128 8,18 3,281 1 15

Adopta 100 9,65 3,079 2 15

Ansiedade

EmDúvida 179 8,65 2,993 2 15* o número de sujeitos por perfil difere ligeiramente por dimensão já que foram eliminadas do cálculo as

respostas“Nãosei/Nãorespondo”.

Page 60: Adopt dtv relatorio-final_out2011

60

Deacordocomasmédiasdecadagrupoemcadadimensão,épossívelverificarqueogrupo

“Adopta” apresenta valores mais elevados nas comparações onde se encontraram

diferenças significativas, sendo possível perceber que as diferentes dimensões domodelo

propostocontribuempositivamenteparaaintençãodeadopçãodeTVdigital.Denotarque

adimensãoAnsiedade foi construídananegativa, tendoos valoresobtidosnaescala sido

invertidospararealizaracotaçãodavariáveleposterioranálise.Destaforma,énecessário

conceptualizaressamesmadimensãopelanegativa–Nãoansiedade,compreendendoque

osvaloreselevadosdogrupo“Adopta”nestadimensãoapontamamesma(não‐ansiedade)

comotendoumefeitopositivonaintençãodeusodeTVdigital.

GráficoH1.MédiasdasvariáveisdomodeloUTAUTeIntençãodeuso

De forma a analisar o efeito de interacção foi realizada umaANOVAmultivariada

após a verificação dos seus pressupostos em todas as variáveis (normalidade e

homogeneidadedevariância).Noquerespeitaaprimeirahipótesedoestudo,queinvestiga

a intenção de uso e a sua interacção com o género e idade relativamente à variável

expectativasdedesempenho(variávelprovenientedomodeloUTAUT),procura‐seperceber

seexisteumefeitopositivoda intençãodeuso,portantomaiorprobabilidadedeadopção

deTVdigital,nossujeitosmaisjovensdaamostraedogéneromasculino.Atabelaseguinte

apresentaasmédiasparaarelaçãoentreasvariáveisemquestão.

Page 61: Adopt dtv relatorio-final_out2011

61

TabelaH2.Médias:intençãodeusoegéneroparaavariávelexpectativasdedesempenho

Expectativasdedesempenho

Intençãode

usoSexo Média Desvio‐Padrão N

MASCULINO 8,65 3,031 74NãoAdopta

FEMININO 7,62 3,521 63

MASCULINO 9,98 2,977 60Adopta

FEMININO 9,51 2,984 41

MASCULINO 8,46 3,001 83EmDúvida

FEMININO 8,08 3,109 99

De acordo com os dados alcançados, não se verifica um efeito de interacção

significativoentreaintençãodeusoeogéneroparaavariávelexpectativadedesempenho

(F(3,414)=0,461;p=0,631).Aausênciade interacção indicaqueadiferençada intençãode

usoentrehomensemulhereséigualparaossujeitoscomintençãodeadoptar,nãoadoptar

ouemdúvidadeadopçãodeTVdigital.Ográficoseguinterepresentaascombinaçõesentre

intençãodeusoeogénero,evidenciandotrajectóriassemelhantesparaogénerofemininoe

masculinooqueindicaanãoexistênciadeinteracçãoentreasvariáveisnoquerespeitaas

expectativasdedesempenho.

GráficoH2.Interação–intençãodeusoegéneroparaexpectativasdedesempenho

Page 62: Adopt dtv relatorio-final_out2011

62

No entanto, no que toca aos efeitos principais, verifica‐se que existem diferenças

significativas para a intenção de uso (F(2,416)= 9,167; p<0,001) e para género (F(1,416)=

4,041;p=0,045)isoladamente.AtravésdotestedemúltiplascomparaçõesdeBonferroni,as

diferençasencontram‐seentreosgruposmasculinoVsfeminino,noquetocaaogénero,e

entreosgrupos “Adopta”Vs “NãoAdopta” (p<0,001)eAdopta”Vs “Dúvida” (p<0,001).O

géneromasculinoeogrupo“Adopta”apresentammédiassuperioresemambososcasos.

Os dados indicam assim que, apesar de não se encontrar interacção significativa

entre o factor idade e o factor intenção de uso para esta dimensão, existe uma relação

positiva entre a intenção de adoptar TV digital e o género nas expectativas de

desempenho, sendoqueo géneromasculinoeo grupoquepretendeadoptar TVdigital

apresentamvaloressuperioresaosrestantesgrupos.

Em relação à idade, procurou‐se igualmente perceber se existe um efeito de

interacçãoentreaidadeeaintençãodeusoparaasexpectativasdedesempenho.Osdados

indicam a não existência de interacção entre os factores F(10,402)=0,310; p=0,978),

verificando‐secontudodiferençassignificativasnosfactoresisoladamente(intençãodeuso:

F(1,402)=5,333;p=0,005e IdadeF(5,402)=11,321;p<0,001).Analisandoosvaloresdoteste

deBonferroni,asdiferençassignificativasencontram‐seentreosgrupos“Adopta”Vs“Não

Adopta” (p<0,001) e “Adopta” Vs “Em Dúvida” (p<0,001). A tabela 3 apresenta os dados

descritivosparaasvariáveisemquestãoeográfico2representaastrajectóriasdosescalões

etários para variável intenção de uso, considerando as expectativas de desempenho.

Novamente o grupo “Adopta” apresenta médias superiores em relação aos restantes

grupos. Noquetocaàvariável idade,verificam‐semédiassuperioresnosescalõesetários

maisjovens(dos18aos24anos,dos25aos34anoseainda,dos35aos44anos).Apesarde

nãoseverificarinteracçãoentreosfactores,isoladamenteanalisadososmesmosindicam

uma relação positiva entre escalões etários mais jovens e intenção de adopção de TV

digitalnadimensãodeexpectativasdedesempenho.

TabelaH3.Médias:intençãodeusoeidadeparaavariávelexpectativasdedesempenho

Média Desvio‐padrão N

18‐24anos 10,71 1,496 7

25‐34anos 9,70 3,267 23

35‐44anos 9,07 2,764 15

45‐54anos 8,91 3,502 23

55‐64anos 7,11 3,059 28

NãoAdopta

mais65anos 6,88 3,059 41

Page 63: Adopt dtv relatorio-final_out2011

63

18‐24anos 11,50 2,036 18

25‐34anos 10,78 1,957 18

35‐44anos 9,73 2,933 26

45‐54anos 9,71 3,312 17

55‐64anos 8,23 3,086 13

Adopta

mais65anos 7,00 3,000 9

18‐24anos 9,00 1,871 13

25‐34anos 9,32 2,595 44

35‐44anos 8,59 3,219 37

45‐54anos 8,42 2,430 36

55‐64anos 7,56 3,468 18

EmDúvida

mais65anos 6,41 3,439 34

GráficoH3.Médias:intençãodeusoeidadeparaavariávelexpectativasdedesempenho

Emrelaçãoàsegundahipóteseteórica,questiona‐seseasvariáveisidadeegénero

terãoalgumefeitonaintençãodeuso,considerandoaexpectativasdeesforço(variáveldo

modelo UTAUT). A análise recorreu novamente à ANOVA multivariada, procurando um

efeitodeinteracçãoentreasvariáveisreferidas.Osdadosindicamqueavariávelgéneronão

interage com a variável intenção de uso no que toca às expectativas de esforço

(F(2,314)=1,547; p=0,214). Em relação aos efeitos principais dos factores encontram‐se

diferenças significativas para a variável intenção de uso (F(2,314)=10,744; p<0,001) e

género(F(2,314)=10,742; p=0,001;) nos grupos masculino Vs feminino, “Adopta” Vs “Não

Page 64: Adopt dtv relatorio-final_out2011

64

Adopta” (p<0,001) e “Adopta” Vs “Em Dúvida” (p=0,009). Em relação à variável idade,

também não se encontrou interacção entre os factores (F(10,302)=0,732; p=0,694),

verificando‐se contudo diferenças estatisticamente significativas para os factores

isoladamente:Intençãodeuso(F(2,302)=6,003;p=0,003;)eidade(F(5,302)=6,782;p<0,001).

As diferenças encontradas são entre o grupo masculino Vs feminino e entre os grupos

“Adopta”Vs“NãoAdopta”(p<0,001)e“NãoAdopta”Vs“EmDúvida”(p<0,009).Astabelas

seguintes apresentam os dados descritivos para as variáveis relativas à segunda hipótese

teóricaeosgráficosapresentamastrajectóriasdasvariáveisemquestão.

Novamente,épossívelverificarqueogrupomasculinoapresentamédiassuperiores

quando comparado, isoladamente, com o feminino e os escalões etários mais jovens

apresentam médias superiores quando comparados com os escalões de idades mais

elevadas.Noque tocaosgruposde intençãodeuso,ogrupo“Adopta”apresentamédias

mais elevadas, seguido do grupo “Em Dúvida” (ver tabelas descritivas seguintes). Desta

forma, os dados confirmam a hipótese teórica colocada, a intenção de uso tem uma

relaçãocomasexpectativasdeesforçosendoqueogrupodossujeitosdogénerofeminino

edeescalõesetáriosmaiselevadosapresentammédiasmaisbaixas.

TabelaH4.Interacçãoentreintençãodeusoegéneroparaavariávelexpectativasdeesforço

SEXO Média Desvio‐padrão N

MASCULINO 7,76 3,344 59NãoAdopta

FEMININO 7,21 3,106 47

MASCULINO 10,42 2,658 50Adopta

FEMININO 8,45 2,987 40

MASCULINO 9,10 2,721 59EmDúvida

FEMININO 8,31 2,963 65

Page 65: Adopt dtv relatorio-final_out2011

65

GráficoH4.Interacçãoentreintençãodeusoegéneroparaavariávelexpectativasdeesforço

TabelaH5.Interacçãoentreintençãodeusoeidadeparaavariávelexpectativasdeesforço

Intençãode

uso Idade Média Desvio‐padrão N

18‐24anos 8,43 3,359 7

25‐34anos 8,90 2,844 21

35‐44anos 8,62 3,404 13

45‐54anos 9,06 3,255 16

55‐64anos 6,41 2,425 17

NãoAdopta

mais65anos 5,78 2,904 32

18‐24anos 10,00 3,162 18

25‐34anos 10,25 2,082 16

35‐44anos 9,04 3,113 24

45‐54anos 11,15 1,994 13

55‐64anos 8,18 2,960 11

Adopta

mais65anos 7,88 3,643 8

18‐24anos 9,18 1,601 11

25‐34anos 9,44 1,795 34

35‐44anos 9,14 3,399 22

45‐54anos 8,58 2,928 26

55‐64anos 8,40 3,239 10

d

i

m

e

n

s

i

o

n

1

EmDúvida

mais65anos 7,00 3,464 21

Page 66: Adopt dtv relatorio-final_out2011

66

GráficoH5.Interacçãoentreintençãodeusoeidadeparaavariávelexpectativasdeesforço

Emrelaçãoàterceirahipótesedoestudo,argumenta‐sequeaidadeegénerotêm

um efeito na intenção de uso de TV digital, no que toca à variável influência social. De

acordocomosdadosoefeitodeinteracçãoentreestesfactoresnãoseverifica,querparaa

idade(F(2,413)=0,585;p=0,557)querparaogénero(F(2,413)=,P=0,557),masnovamenteos

factoresisoladosapresentamdiferençassignificativasentreosgrupos.Assim,noquetocaa

variável intenção de uso (F(2,413)=9,256; p<0,001) e idade (F(1,313)=4,835; p=0,028)

existem diferenças significativas entre os grupos “Adopta” Vs “Não Adopta” (p=0,001) e

“Adopta”Vs “EmDúvida” (p<0,001), sendoqueo grupo “Adopta” apresentamédiasmais

elevadasemambososcasos(consultartabeladescritivaseguinte).

Em relação à interacção com a variável género, novamente os factores isolados

apresentamdiferençassignificativasentreosgrupos,evidenciandoogrupomasculinocom

médias mais elevadas. Desta forma, os dados confirmam a hipótese teórica colocada, a

intençãodeusotemumarelaçãocomasinfluênciasocial,sendoqueogrupodossujeitos

dogénerofemininoedeescalõesetáriosmaiselevadosapresentammédiasmaisbaixas.

Page 67: Adopt dtv relatorio-final_out2011

67

TabelaH6.Interacçãoentreintençãodeusoegéneroparaavariávelinfluênciasocial

Intençãodeuso Sexo Média Desvio‐padrão N

MASCULINO 8,07 2,468 75NãoAdopta

FEMININO 7,05 3,069 65

MASCULINO 9,18 2,823 57Adopta

FEMININO 8,63 2,426 41

MASCULINO 7,60 3,121 81

dimension1

EmDúvida

FEMININO 7,27 2,824 100

GráficoH6.Interacçãoentreintençãodeusoegéneroparaavariávelinfluênciasocial

TabelaH7.Interacçãoentreintençãodeusoeidadeparaavariávelinfluênciasocial

Intençãodeuso Idade Média Desvio‐padrão N

18‐24anos 7,25 3,240 8

25‐34anos 8,70 2,183 23

35‐44anos 8,00 3,183 16

45‐54anos 8,59 2,282 22

55‐64anos 7,63 2,684 30

d

i

m

e

n

s

i

o

n

1

NãoAdopta

mais65anos 6,32 2,832 41

Page 68: Adopt dtv relatorio-final_out2011

68

18‐24anos 9,33 2,849 18

25‐34anos 9,69 2,330 16

35‐44anos 9,08 2,208 26

45‐54anos 8,53 3,484 17

55‐64anos 8,83 2,725 12

Adopta

mais65anos 7,44 2,128 9

18‐24anos 7,31 2,658 13

25‐34anos 8,09 2,662 43

35‐44anos 7,62 3,157 37

45‐54anos 7,86 2,631 36

55‐64anos 6,48 3,502 21

EmDúvida

mais65anos 6,42 2,986 31

18‐24anos 8,23 2,978 39

25‐34anos 8,57 2,519 82

35‐44anos 8,18 2,921 79

45‐54anos 8,23 2,739 75

55‐64anos 7,48 3,058 63

Total

mais65anos 6,48 2,816 81

GráficoH7.Interacçãoentreintençãodeusoeidadeparaavariávelinfluênciasocial

Page 69: Adopt dtv relatorio-final_out2011

69

Noque respeita aquartahipótesedoestudo, argumenta‐seque a idade temum

efeitona intençãodeusoemconsideraçãoàdimensãocondiçõesfacilitadoras.Deacordo

com os dados, não existe interacção entre o factor idade e o factor intenção de uso

(F(0,643;p=0,777), contudo os factores isolados apresentam diferenças significativas nos

seus grupos (intenção de uso: F(2,385)=9,306; p<0,001 e idade F(5,385)=4,925; p=0,000).

Assim, com base no teste de Bonferroni, as diferenças encontradas são entre os grupos

“Adopta”Vs“NãoAdopta”(p<0,001)e“Adopta”Vs“EmDúvida”(p<0,001),sendoque,tal

como é possível observar na tabela seguinte, as médias são superiores para o grupo de

sujeitosquetêmintençãodeadoptarTVdigitalnosescalõesetárioscentraisesuperiores.

TabelaH7.Média:intençãodeusoeidadeparaavariávelcondiçõesfacilitadoras

Intençãodeuso Idade Média Desvio‐padrão N

18‐24anos 5,50 2,976 8

25‐34anos 7,68 3,286 22

35‐44anos 6,33 4,117 15

45‐54anos 6,81 3,027 21

55‐64anos 5,26 3,460 27

NãoAdopta

mais65anos 4,73 3,668 41

18‐24anos 9,39 2,593 18

25‐34anos 8,72 3,322 18

35‐44anos 7,72 3,814 25

45‐54anos 8,31 3,807 16

55‐64anos 8,58 2,811 12

Adopta

mais65anos 5,44 3,358 9

18‐24anos 7,55 3,532 11

25‐34anos 7,37 2,984 43

35‐44anos 6,06 3,626 34

45‐54anos 5,91 3,137 34

55‐64anos 6,18 4,433 17

d

i

m

e

n

s

i

o

n

1

EmDúvida

mais65anos 4,72 3,612 32

Page 70: Adopt dtv relatorio-final_out2011

70

GráficoH7.Média:intençãodeusoeidadeparaavariávelcondiçõesfacilitadoras

A hipótese 5 e derivadas ficaram respondidas com a ANOVA simples, tendo os dados

indicado a existência de diferenças significativas para um nível de confiança de 95%

(alpha=0.05) nestas variáveis respeitantes ao modelo referido (Atitudes de uso

F(2,390)=10,184; p<.001; Auto‐eficácia F(2,380)=5,064; p=.007; Ansiedade F(2,404)=6,438;

p=0.002).

Page 71: Adopt dtv relatorio-final_out2011

71

4.Recomendações

Considerando os resultados antes apresentados e a revisão de literatura conduzida no

âmbito deste projecto de investigação, apresentam‐se as seguintes recomendações às

principaispartesinteressadasenvolvidasnoprocessodetransiçãodaTVanalógicaterrestre

paraodigitalterrestreemPortugal:

1. Ponderaro adiamentodasdatasdedesligamentodo sinal analógico terrestre

‐ tendo sobretudo em consideração as pessoas que recebem em exclusivo as

emissõesdeTVanalógicaterrestre,estimando‐sehaverumriscoelevadodeque

partesubstancialdestapopulaçãopossa ficarsemacessoaosinaldetelevisão,a

manterem‐seasdatasprevistasparaodesligamentodaTVanalógicaterrestre.

O presente projecto de investigação estima que cerca de 38% da população de Portugal

Continental receba somenteTVemsinal aberto, a3mesesdo iníciododesligamentodas

emissões de TV analógica terrestre. Ainda, estima‐se que a recepção de TV analógica

terrestresemantenhacomolargamentedominantejuntodestesPortuguesessemTVpaga,

sendoo acesso à TDT pouco expressivo.No inquérito quantitativo aplicado junto de uma

amostrarepresentativadapopulaçãodePortugalContinental,dos38.3%quenãopossuem

TV paga em casa, apenas 3% afirmaram receber TDT, enquanto que 92.4% afirmaram

receberTVanalógica,atravésdaantenatradicional.Estemodo,estima‐sequecercade35%

dapopulaçãodePortugalContinentalpossaserafectadacomo“apagão”,deacordocomos

dadosapuradosemSetembrode2011.

A ter também em consideração o baixo nível de conhecimento sobre a data do

desligamento, bem como o baixo nível de conhecimento sobre o deve ser feito para

continuar a ter TV em sinal aberto. No presente projecto estimou‐se que a maioria da

população Portuguesa desconheça qual a data prevista do desligamento do sinal de TV

analógicaterrestre,verificou‐seumbaixoníveldeconhecimentosobreasquestõespráticas

relacionadas com a recepção de TDT e estimou‐se que perto demetade dos Portugueses

sem TV paga estejam indecisos quanto à obtenção de equipamentos ou serviços de TV

digital,a3mesesdoinícioprevistododesligamentodasemissõesdeTVanalógicaterrestre.

Atertambémemconsideraçãoquenocasodos inquiridossemTVpaga,43.9%afirmaram

queoseu televisornãoécompatível comaTDTe14.6% indicaramsercompatível, sendo

estesdadosrelativosaSetembrode2011.Aindaqueestesresultadosnãopossibilitemdar

Page 72: Adopt dtv relatorio-final_out2011

72

uma resposta rigorosa e definitiva à questão “quantos Portugueses não estão preparados

para o desligamento da TV analógica terrestre?” ‐ até pelo elevadonúmerode inquiridos

sem TV paga que em Setembro de 2011 afirmaram não saber se têm um televisor

compatívelcomTDT(41.5%)equeafirmaramnãosaberseasuazonaderesidênciajátem

cobertura TDT (70.4%) ‐ ainda assim são elementos significativos a serem tidos em

consideraçãopelosdecisoresnestamatéria.

De notar que nos Estados Unidos da América o desligamento do sinal de TV

analógicaterrestrefoiadiadoportrêsvezes:de2006para31Dezembrode2008,aoqualse

seguiuoadiamentopara17deFevereirode2009e,finalmente,para12deJunhode2009

(Hart,2009).EmJaneirode2009,acercadeummêsdadata‐limiteanunciadaparadesligar

o sinal analógico de televisão, a Nielsen estimou que quase 7% de todos os lares com

televisãonãoestavampreparadosparao fimda televisãoanalógica terrestre (7,8milhões

delares),jáquenãopossuíamumtelevisoroudescodificadordetelevisãodigital(InformiTV,

2008).

Assim,orecém‐eleitopresidentedosE.U.A.BarackObamaavançoucomaproposta

deadiaroswitch‐offnosE.U.A.,declarandoque“milhõesdeAmericanos,incluindoaqueles

nascomunidadesmaisvulneráveis, teriamsidodeixadosàsescurasseaconversãotivesse

idoemfrentecomoplaneado”(cit. inHart,2011).Amenosde2semanasdadataprevista

para o desligamento – marcado para 17 de Fevereiro de 2009 ‐, a Câmara dos

Representantes viria a aprovar a proposta de adiamento de Barack Obama, já antes

aprovada pelo Senado (Stelter, 2009). Na perspectiva do investigador Norte‐Americano

Jeffrey Hart (2011) o adiamento da transição de Fevereiro para Junho de 2009 ajudou a

evitardisrupçõesgravesnoquotidianodoscidadãos,“enquantoesforçosadicionaislevados

a cabopelaFCCeaNTIAdepoisdaseleiçõesdeNovembroparaemendaroprogramade

cupõesparaaquisiçãodosdescodificadoreseparaeducaros consumidoresacabarampor

ajudarareduziroscustosdoajustamentoparaospobreseosidosos”.

Por outro lado, há a destacar o processo de switchover na Dinamarca, que é

consideradocomoumcasodesucessodamigraçãodaTVanalógicaterrestreparaodigital.

Estimou‐seque24%dapopulaçãoseriaafectadacomo“apagão”,ouseja,cercade601.000

famílias‐aDinamarcatemcercade5,5milhõeshabitantes.Assim,nodiadodesligamento,

a 31 de Outubro de 2009, 6.000 famílias Dinamarquesas não estavam preparadas para o

desligamento da emissão de TV analógica terrestre, tendo a linha telefónica de apoio à

populaçãorecebido4.000chamadasnodiadatransição(Vejlgaard,2010).

Destemodo, revela‐se ser essencialmonitorizar com regularidade o progresso da

Page 73: Adopt dtv relatorio-final_out2011

73

migraçãocomrecursoaindicadores‐chave,atravésdeentidadesindependentesecredíveis,

àsemelhançadoqueaconteceuempaísescomoosE.U.A.,EspanhaeDinamarca.Atítulode

exemplo,osindicadores‐chaveutilizadosnocontextodatransiçãodaTVanalógicaterrestre

paraodigitalterrestrenaDinamarcaforamosseguintes:

A. Tem conhecimento que o sinal de TV analógica vai ser desligado a 31 de Outubro de

2009?

B. Sabe se o televisor principal de sua casa será afectado com o desligamento do sinal

analógicodeTV?

C.AsuacasaestápreparadaparaosinaldeTVdigital?

Ainda a ter em consideração, observa Vejlgaard (2010) que àmedida que a data‐

limiteseaproxima,operíododeinovação‐decisãosetornamaiscurto.Ditodeoutromodo,

mesmoqueos indicadoresdeconversãoparaaTVdigitalpossamestaraquémdasmetas

definidas,seaestratégiafoibemconcebidaeexecutada,essasmetasaindasãopossíveisde

atingir.

2.TornaratractivaaofertadeTDT,commaiscanaisTVeserviçosúteis

‐actualmenteasvantagensdaTDTsãopraticamenteinexpressivas,mantendo‐sea

mesma oferta de canais da TV analógica terrestre: a melhoria da qualidade de

imagem e som não deve ser suficiente para motivar a mudança voluntária da

grandemaioriadapopulaçãoaserimpactadapeloswitch‐off.

No caso de Portugal, o investimento obrigatório na compra de televisores com TDT

integradooucaixasdescodificadorasnãoresultaactualmentenumacréscimodecanaisde

televisãodisponíveisemsinalaberto,aocontráriodoqueaconteceuregrageralemtodosos

paísesquepassarampelomesmoprocesso.

A título de exemplo, emEspanhaos espectadores usufruíamde 4 canais em sinal

aberto através do sistema de TV analógico terrestre e passaram a receber 20 canais

gratuitoscomaTDT(ImpulsaTDT,2010).NospaísesEuropeuscomTDTonúmerodecanais

nacionaistransmitidosgratuitamenteatravésdestaplataformasãoosseguintes,deacordo

comosdados recolhidospelo investigadorSérgioDenicoli (2011),daUniversidadeMinho:

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74

Tabela27:CanaisnacionaisemitidosgratuitamenteemsistemasdeTDTnaEuropa(Denicoli,2011)

ReinoUnido 43canais Eslovénia 8canais

Itália 39canais Áustria 7canais

Alemanha 35canais Hungria 7canais

Espanha 27canais Irlanda 7canais

França 18canais Suécia 7canais

Grécia 17canais Chipre 6canais

Finlândia 14canais Eslováquia 6canais

Lituânia 14canais Estónia 4canais

Luxemburgo 12canais Letónia 4canais

Polónia 12canais Portugal 4canais

RepúblicaCheca 10canais PaísesBaixos 3canais

Bélgica 9canais Bulgária 3canais

Dinamarca 8canais Malta 2canais

A questão da atractividade da oferta de TDT foi sublinhada por Michael Starks,

especialistaempolíticaspúblicasrelacionadascomoswitch‐offeautordolivroSwitchingto

Digital Television sobre o processo de transição da TV analógica para o digital no Reino

Unido,referindoque“seaTVdigitalfosseatractivaparaosconsumidores,amaioriadeles

iriagastaroseuprópriodinheirovoluntariamente,especialmentequandoseesperaqueas

famíliasmédiassubstituamos televisoresprincipaisdentrodeumadécada”. (Starks,2007:

11).Assim, seria possívelmanter relativamente baixo o número de casas para os quais a

mudançaseriaforçada.

Em Portugal, conforme apontou Sérgio Denicoli, faltam elementos que levem o

telespectador a querermigrar voluntariamente para a TDT: “Em Espanha, por exemplo, a

TDTtrouxemaisde20canaisdeacessolivre.Ouseja,oscidadãosinvestiramnacomprade

um aparelho deTVcom sintonizadordigitalou de uma set‐top‐box porque sabiam que

teriamumaprogramaçãodiferenciada”(entrevistaconcedidaàequipadoprojectoADOPT‐

DTV a 15‐10‐2010). Tal perspectiva foi corroborada pela associação de defesa dos

consumidores DECO, que considerou que será difícil que os Portugueses migrem

Page 75: Adopt dtv relatorio-final_out2011

75

espontaneamente para a TDT: “visto que a plataforma digital terrestre não apresenta de

momento, nenhuma vantagem óbvia para os consumidores em relação ao sistema

analógico.Temososmesmoscanais,nívelderesolução,formatodeimagem(4:3)eapenaso

guiaelectrónicodeprogramas(EPG)comoserviçoadicional”(entrevistaconcedidaàequipa

doprojectoADOPT‐DTVa11‐11‐2010).

Quando questionados sobre que recomendações fariam para que o processo de

transiçãoda televisãoanalógicaparaaTDT fossebem‐sucedido,aquestãodo5ºcanal foi

referida por 5 dos 16 stakeholders como uma mais‐valia, bem como a possibilidade dos

canais públicos que agora apenas estãodisponíveis na redepaga (RTPN e RTPMemória)

seremdisponibilizadosnaredeabertadigital,oudesepermitirqueaSICeTVIpudessemter

direito a usufruir de mais espectro radioeléctrico para que os seus canais de notícias

pudessem também ser disponibilizados gratuitamente através da TDT. Igualmente, foi

sugerida por Denicoli a criação de canais regionais ou de universidades que estivessem

disponíveisnanovaplataformasemserempagos.No fundo,oquese recomendaéquea

passagem de TV analógica para a digital implique um aumento da oferta de canais

disponíveisgratuitamente,deformaaquelheestejaassociadaumamais‐valiaóbvia.

De recordar que no presente estudo se verificou que os benefícios associados à

presenteofertadeTDTtêmpoucopesonarespectivaintençãodeadopção,comocorteda

emissãodeTVanalógicaterrestreaseridentificadocomooprincipalmotivoparaobterTDT

noúltimoinquéritorealizadoemSetembrode2011,por39.3%dosinquiridossemTVpaga,

com33.2%aescolheraopção“nãosei/não respondo”àquestãoqualoprincipalmotivo

para ter TDT. Amelhoria da qualidade de imagem de som da TV digital em relação à TV

analógica foi indicada por 13.2% destes participantes, uma percentagem que semanteve

praticamente igualàapuradano inquéritodeNovembrode2010(13.7%).Aindadereferir

quenoinquéritodeSetembrode2011,12.5%dosparticipantessemTVpagaafirmaramnão

encontrarnenhummotivoparaterTDT.

3.Promovercampanhasdecomunicaçãomaisinformativaseesclarecedoras

‐ sobretudoteremconsideraçãoaspopulaçõesmaisvulneráveis, comosejamos

mais idosos, as pessoas com baixo status socioeconómico e pessoas com

necessidadesespeciais,quecorrespondemàmaioriadaspessoasafectadascomo

desligamentodasemissõesdeTVanalógicaterrestre.

Page 76: Adopt dtv relatorio-final_out2011

76

OpresenteestudodeinvestigaçãoverificouqueosindivíduossemTVpagaemPortugalsão

mais propensos a ter mais de 55 anos de idade, a possuir baixos níveis de habilitações

académicas e um baixo status (D/ E) e, finalmente, a possuir algum nível de deficiência

(auditiva, visual ou demobilidade). A adequação dasmensagens a estes público‐alvo, em

particular da terminologia ausar, reveste‐se assimdeparticular cuidadoe atenção, já se

trata de explicar um processo de conversão de tecnologia obrigatório, com poucas

vantagensperceptíveisparaosespectadoresPortugueses,conformefoiantesreferenciado.

Mesmonoutroscontextosemqueasvantagensdaconversãosãomaisnotórias,comoéo

casodoReinoUnido,aquestãodapersuasãodosespectadoresemrelaçãoaumamedida

compulsória não tem sidomatéria pacífica, como apontaMichael Starks (2007: 2): “Estas

expectativas vieram a colocar dilemas quer aos políticos, cujos instintos de sobrevivência

politicaosalertaramparanãoseremdemasiadoevangelizadoressobreoassunto,querpara

oscanaisdetelevisãoeaindustriadeequipamentosreceptoresdeTV,quetêmquecultivar

assuasprópriasrelaçõescomapopulaçãoequeeramsensíveisaosriscosdesetornaremos

portadoresdasmásnotíciasdoGoverno”.

EmpaísescomoaEspanhaeReinoUnidoforamcriadasdeentidadesresponsáveis

pela implementação, divulgação e avaliação do processo de transição para o digital,

resultantes de parcerias entre os principais stakeholders neste campo – tais como

reguladores,operadoresdetelevisão,canaisdetelevisão,entreoutros.

No caso da Espanha, a entidade formada para este efeito tinha a designação

“Impulsa TDT” definiu que a quarta e última fase da sua estratégia de comunicação teria

comoobjectivosensibilizarosgruposresistentesàmigraçãoparaaTDT,paraqueninguém

ficasse de fora do processo. De notar que esta entidade deu inicio as campanhas de

comunicaçãosobreatransiçãoparaaTDTem2006,ouseja,4anosantesdodesligamento

definitivo das emissões de TV analogia terrestre em Espanha, tendo na altura como

principaisobjectivosdaraconheceraTDTeoiníciodoprocessodetransiçãoecomunicaros

benefíciosracionaistrazidosporestatecnologia(taiscomomelhorqualidadedeimageme

som,maiscanaisdetelevisãogratuitos,interactividade,entreoutrosaspectos).

NoReinoUnido,aentidadesemfinslucrativos“DigitalUK”foifundadaem2005em

respostaaumasolicitaçãodoGovernobritânico,juntandoosesforçosdecanaisdetelevisão

públicos e privados (BBC, ITV, Channel 4, Five, S4C), operadores dos multiplexes (SDN,

Arqiva), reguladores (Ofcom, BIS, DCMS) e diversas associações de defesa dos

consumidores.

Page 77: Adopt dtv relatorio-final_out2011

77

AcampanhadecomunicaçãonoReinoUnidoestevecentradanapersonagem“Digit

Al”, tendo por objectivo de certo modo humanizar a tecnologia. A estratégia de

comunicação contemplou não só os meios de comunicação demassas como a televisão,

como também a divulgação através da web e comunicação de proximidade, através da

distribuiçãodefolhetosnascasasdaspessoasede“roadshows”protagonizadospeloDigit

Al,quepercorreuopaísaexplicaroqueeraesteprocessodemigraçãoaTDTeoquefazer

para continuara ter televisão. Emparalelo,os fornecedorese vendedoresde televisõese

caixas descodificadoras foram alvo de acções comunicação específicas, para que

disponibilizasseminformaçãorigorosaeajustadaaospossíveisclientes.

Ainda, na Dinamarca foi levada a cabo uma linha de comunicação dirigida às

populações mais vulneráveis neste processo ‐ em particular, os mais idosos (Vejlgaard,

2010).Estessãoexemplos,entreoutrospossíveis,decampanhasdecomunicaçãofeitaspela

positivaecentradasnospúblicos‐alvoaseremimpactadospelodesligamentodosinaldeTV

analógicoterrestre.

4.Reforçarosapoiosespecíficosdirigidosàspopulaçõesmaisvulneráveis

‐ os mais idosos, os mais carenciados e as pessoas com deficiências visuais,

auditivas emotoras devemmerecer umamaior atenção da parte das entidades

responsáveis nesta matéria, nomeadamente com através do reforço dos apoios

específicosdisponíveis.

AAnacomePTtornarampúblicosemMarçode2011quaisosgruposelegíveisàatribuição

de um subsídio de aquisição de equipamentos descodificadores de TDT e quais os

procedimentosnecessáriosàobtençãodorespectivosubsídio‐asaber:

a.Cidadãos comnecessidades especiais, comgrau de deficiência igual ou superior a 60%;

b.Beneficiáriosdorendimentosocialdeinserção;

c.Reformadosepensionistascomrendimentoinferiora500eurosmensais.

Assim,osubsídioparaaquisiçãodeequipamentosdeTDTficoufixadoem“50%do

valor do equipamento descodificador TDT adquirido, até um máximo de € 22,00, já

considerando um custo de € 3,00 relativo ao processo de tratamento da solicitação”16.

Porém, tendo em consideração que o preço médio das caixas mais baratas no mercado

16Anacom(2011).DecisãosobreaatribuiçãodesubsídioàaquisiçãodeequipamentosTDT.Acedidoa27‐10‐2011,em:http://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1079309

Page 78: Adopt dtv relatorio-final_out2011

78

ronda sobretudo os 40 e os 50 euros (Deco, 2011) e que pode acrescer o custo da

deslocaçãodeumtécnicoa casa,o reembolsomáximode22eurospodeser considerado

comomanifestamenteinsuficienteparacobriroscustosdestamigraçãoobrigatória17.

Ainda,jáquecercade13%dapopulaçãoPortuguesanãoiriasercobertapelarede

deTDT,haviaocompromissoporpartedaPTemsubsidiarestesespectadores“incluindoa

mão‐de‐obra, equipamentos receptores terminais, antena e cablagem, (...) paraqueestes

não tenham qualquer acréscimo de custos, face aos utilizadores daquelas»18, tal como

previstonoregulamentodoconcursoparaatribuiçãododireitodeutilizaçãodefrequências

de âmbito nacional para o serviço de TDT em sinal aberto e no respectivo caderno de

encargos.Actualmente,opreçodo“KitTDTComplementar” ‐destinadoaosespectadores

quenãoestãocobertospela rededeTDT ‐éde77euros.Aestevaloracresceocustode

instalação,quenocasodeser realizadaporagentesprópriosouparceirosdaPTcobrarão

pelamesmaumvalormáximode61euros.Estesespectadorespodemsolicitaroreembolso

de22eurosàPT,deacordocomainformaçãodisponívelnositedaAnacom19.

Emcontraste,nocasodeEspanhaacoberturadarededeTDTficoupróximade99%,

superando deste modo a anterior taxa de cobertura da rede de TV analógica terrestre,

ficandoarecepçãouniversalasseguradaa100%comautilizaçãodadistribuiçãoviasatélite

(Impulsa TDT, 2010). Em Espanha, os seguintes grupos de pessoas podiam solicitar a

instalaçãogratuitadeumacaixadescodificadoradeTDTàsentidadescomcompetênciana

matéria:

1. pessoas com 80 ou mais anos, que vivam sós ou acompanhadas por outra pessoa

igualmentecom80oumaisanosdeidade;

2. pessoas com mais de 65 anos de idade que tenham reconhecidamente um nível de

dependência de grau II (dependência severa) ou grau III (grande dependência);

3. pessoas com reconhecida incapacidade visual ou auditiva, igual ou superior a 33%

(ImpulsaTDT,2010).

17AestepropósitoderecordarqueemAbrilde2009aPTanuncioucriarumfundoparasubsidiaracompradereceptoresdeTVdigital,dosquais15milhõesseriampara“receptoressimplesdecanalabertoeosrestantes25milhões para descodificadores do sinal” (Correio da Manhã, 2009). Ainda, o presidente da PT, Zeinal Bavasublinhou na altura que este fundo serviria para subsidiar as “caixas de quem tem dificuldades financeiras.'Queremosgarantirquetodososportuguesescontinuemavertelevisão'”.

18Anacom(2011).Decisãodedefiniçãodoprocedimentodecomparticipaçãodeinstalaçõeseequipamentosnaszonasabrangidaspormeiosdecoberturacomplementares(DTH),noâmbitodaTDT.Acedidoa27‐10‐2011,em:http://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1080844

19Anacom(2011)Televisãodigitalterrestre‐comparticipaçãoemzonasDTH.Acedidoem27‐10‐2011,em:http://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1080885

Page 79: Adopt dtv relatorio-final_out2011

79

No Reino Unido, os cidadãos commais de 75 anos e com necessidades especiais

podem requerer um apoio totalmente gratuito à migração para a TV digital, designado

“Switchover Help Scheme”, que contempla a oferta de uma caixa descodificadora de TV

digital, da instalação do equipamento por um técnico credenciado e ainda 12 meses de

assistênciaatravésdeumalinhatelefónicadedicada.Estimou‐sequecercade7milhõesde

pessoaspodiambeneficiargratuitamentedo“SwitchoverHelpScheme”.Ainda,estemesmo

programademigraçãopara a TVdigital, da responsabilidadedaBBC, podia ser requerido

por outras populações mediante o pagamento fixo de 40 libras (aproximadamente 45

euros),incluindoosmesmosbenefíciosacimaapontados.

JánocasodosEstadosUnidosdaAmérica,oGovernopromoveuumprogramade

subsidiaçãodas caixasdescodificadoras, atribuindoa cada casadois cupõesde40dólares

para aquisição de equipamentos receptores de TDT (aproximadamente 29 euros x 2 = 58

euros). No total, 34,4milhões de domicílios beneficiaram deste programa, representando

1,5 mil milhões de dólares de subsídios. O programa de subsidiação foi pago com uma

pequenapartedodinheiroencaixadopeloEstadono leilãodasfrequênciastornadas livres

apósodesligamentodosinaldeTVanalógicaterrestre,queascendeua20milmilhõesde

dólares(DVB,2009).

Assim, se recomenda o reforço da subsidiação da compra e instalação das caixas

descodificadoras. Para tal, poderia ser aplicada uma parcela do encaixe financeiro do IVA

porpartedoEstadoresultantedasvendasdostelevisoresecaixasdescodificadorasdeTDT

ouumaparceladoencaixefinanceiroresultantedofuturoleilãodasfrequênciasdoespectro

radioeléctricotornadaslivrescomodesligamentodasemissõesanalógicasdetelevisão.

Page 80: Adopt dtv relatorio-final_out2011

80

5.Bibliografia

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6.AnexosA–PublicaçõesdoprojectoADOPT‐DTV

Livros(1)

Damásio, Manuel (2010). Teorias da mudança tecnológica: das comunidades ao capital

social.Lisboa:EdiçõesUniversitáriasLusófonas.

Edição/CoordenaçãodeVolumesCientíficoseColecções(1)

Damásio,Manuel&Álvares,Cláudia(eds.)(2010).Teoriasepráticasdosmedia:situandoo

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CongressosNacionais(2)

Quico,Célia;Damásio,ManuelJosé;Henriques,Sara&Veríssimo,Iolanda(2011).“Perfisde

adoptersdeTVdigitalnocontextodoprocessodetransiçãodatelevisãoanalógicaterrestre

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87

UniversidadedoPorto,Porto/Portugal.15‐17Dezembro2011.

EventosOrganizados(4)

‐semináriodeMarkDeuze,11Outubrode2011

‐semináriodePeterLooms,2deMarçode2011

‐conferênciainternacional"EuroITV2011",29deJunhoa1deJulhode2011

‐colóquio"MediaeDeficiência,28deSetembrode2011

Teses(2)

Araújo, Vera (em preparação) “Understanding DTV Usages in the Era of Networked

Communication: IntegratingtheAudience,theMediaandthePublicPolicy’sPerspectives”.

DoutoramentoemCiênciasdaComunicação.InstitutoSuperiordeCiênciasSociaisePolíticas

(ISCSP‐UTL).

Veríssimo,Iolanda(empreparação)"TVlocalemPortugal:perspectivasdedesenvolvimento

da televisão de proximidade no novo cenário digital". Mestrado de Ciências da

Comunicação.FaculdadedeCiênciasSociaiseHumanas–UniversidadeNovadeLisboa.

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88

6.AnexosB–RelatóriosdoprojectoADOPT‐DTV

Relatório“ADOPT‐DTV:EstudodeUsabilidade”Autoria:RuiHenriques,comIolandaVeríssimoeInêsMartinsRelatório“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”Relatório“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”‐AnexosAutoria:IolandaVeríssimo,comSaraHenriques

Revisãoecoordenação:CéliaQuico

Relatório“ADOPT‐DTV:EntrevistascomStakeholders”Relatório“ADOPT‐DTV:EntrevistascomStakeholders”‐AnexosAutoria:ÁgataSequeira,comIolandaVeríssimoRevisãoecoordenação:CéliaQuico

Relatório“ADOPT‐DTV:InquéritoQuantitativo”Autoria:SaraHenriquesRevisãoecoordenação:CéliaQuico

RelatórioFinal“EuroITV2011”Autoria:CéliaQuicoRelatório“Atransiçãoparaatelevisãodigitalterrestre:experiênciasdaDinamarca”Autoria:PeterOlafLooms

Relatório“EstadodaArtenaEuropa”Autoria:VeraAraújo

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