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Relatório final do projecto ADOPT-DTV, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia
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“ADOPT_DTV:Barreirasàadopçãodatelevisãodigitalnocontextoda
transiçãodatelevisãoanalógicaparaodigitalemPortugal”
(PTDC/CCI‐COM/102576/2008)
RelatórioFinalOutubrode2011
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Esterelatórioconstituiumadascomponentesdeinvestigaçãodoprojecto“ADOPT‐DTV:Barreirasà
adopçãodatelevisãodigitalnocontextodatransiçãodatelevisãoanalógicaparaodigital”(PTDC/CCI‐COM/102576/2008),daresponsabilidadedoCentrodeInvestigaçãoemComunicação,ArteseNovas
Tecnologias(CICANT)daUniversidadeLusófonadeHumanidadeseTecnologias,comofinanciamentodaFundaçãoparaaCiênciaeTecnologia,emparceriacomoObercomeAnacom.
EQUIPADEINVESTIGAÇÃOUniversidadeLusófonadeHumanidadeseTecnologias
‐ManuelJoséDamásio(investigadorresponsável)‐CéliaQuico(coordenação‐geral)
‐IolandaVeríssimo‐SaraHenriques
‐RuiHenriques‐InêsMartins
‐ÁgataSequeira‐DiogoMorais
PARCEIROSObercom–ObservatóriodaComunicação(GustavoCardoso,VeraAraújo)
Anacom–AutoridadeNacionaldasComunicações
FICHATÉCNICATítulo: “ADOPT‐DTV:RelatórioFinal”
Autoria: ManuelJoséDamásio,CéliaQuico,IolandaVeríssimo,SaraHenriquesAgradecimentos: ÁgataSequeira,RuiHenriques,DiogoMorais,InêsMartins,AndréBaptista,
PeterOlafLooms,CarlaAlesDatadePublicação: Outubrode2011
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ÍNDICE
0.SumarioExecutivo.............................................................................................. 4
1.DescriçãodoProjecto ......................................................................................... 9
2.ExecuçãoMaterial ............................................................................................ 21
3.Resultadosprincipais........................................................................................ 25
4.Recomendações ............................................................................................... 71
5.Bibliografia ....................................................................................................... 80
6.AnexosA–PublicaçõesdoprojectoADOPT‐DTV .............................................. 84
6.AnexosB–RelatóriosdoprojectoADOPT‐DTV................................................. 88
4
0.SumarioExecutivo
Introdução
Compreender quais são os factores mais significativos para a adopção e rejeição da TV
digitalporpartedapopulaçãoPortuguesaéoprincipalobjectivodoprojecto“ADOPT‐DTV:
Barreirasàadopçãodatelevisãodigitalnocontextodatransiçãodatelevisãoanalógicapara
odigital(PTDC/CCI‐COM/102576/2008)”.Osegundoobjectivoéproporàsprincipaispartes
interessadasnesteprocessoemPortugalumconjuntoderecomendaçõesdeordemprática,
procurando contribuir efectivamente para uma televisão digital mais inclusiva, para a
promoçãodeumacomunicaçãomaiseficiente,paraamelhoriaqualitativadoconteúdoda
TVdigitalemaiorfacilidadedeusodamesma.Ofocodesteprojectoincideespecialmente
naspessoasquenãotêmintençãodeadoptarTVdigital.Maisconcretamente,oobjectivoé
compreender e identificar os principais factores queexplicamesta intenção, bem comoo
seuperfildemográficoesocioeconómico.
O projecto de investigação ADOPT‐DTV teve início em Abril de 2010, tendo a
duraçãode18meses.Oprojectocombinamétodosquantitativosequalitativos,deacordo
comasboaspráticasdeprojectosdeâmbitosemelhante:
1) Estudo etnográfico junto de 30 famílias Portuguesas, com a finalidade de explorar em
contextonaturalquaissãosuasatitudeseníveldeconhecimentosobreaTVdigital;
2) Entrevistas com partes interessadas, com a intenção de compreender as diferentes
perspectivasdosintervenientescentraisnestedomínioespecífico;
3)Inquéritoquantitativo,aplicadoaumaamostrarepresentativadapopulaçãoPortuguesa,
com o objectivo principal de determinar os principais factores de adopção e rejeição
associadosàTVdigital;
4)Estudodeusabilidade,comumaamostrade20utilizadorescomintuitoderealizaruma
análisecomparativadealgunsdosequipamentosdescodificadoresdeTVdigitalterrestreem
Portugal,emtermosdefacilidadedeutilizaçãoesatisfaçãogeral.
Aequipade investigaçãovisaassimcontribuirparaumamelhorcompreensãodos
desafiosenfrentadosacurtoemédioprazoduranteoprocessodetransiçãodaTVanalógica
terrestre para a digital terrestre – também conhecido por switchover ‐ e em termos
práticos,contribuirtantoemPortugalcomoparaoutrospaísesnumasituaçãosemelhante
paraodesenvolvimentodeumaTVdigitalmaisinclusiva.
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Resultadosprincipais
Osresultadosprincipaisserãodetalhadosnocapítulo3,sendodevidamentesuportadosnos
dadoseachadosdosestudosempíricosqueintegramopresenteprojectodeinvestigação.
1.PossedeTVemsinalabertoedeTVporsubscrição
‐ A percentagem da população de Portugal Continental que recebe exclusivamente
televisãoemsinalabertodevesituar‐sepróximodos38%,emSetembrode2011.
1.a.osindivíduoscomTVpagaemPortugalsãosobretudojovensadultoseadultosdemeia
idade,mais propensos a ter níveismais elevados de educação e a pertencer a grupos de
statusmaisalto(A/B/C)1emenospropensosateralgumtipodedeficiência(visual,auditiva
oudemobilidade).
1.b.os indivíduossemTVpagaemPortugal sãomaispropensosa termaisde55anosde
idade, a possuir baixos níveis de habilitações académicas e um baixo status (D/ E) e,
finalmente,apossuiralgumníveldedeficiência(auditiva,visualoudemobilidade).
2.TipodeacessoaTVemsinalaberto
‐ Verifica‐se que a recepção de TV analógica terrestre se mantém como largamente
dominante juntodosPortuguesessemTVpaga,sendooacessoàTDTpoucoexpressivo,
estimando‐seemSetembrode2011que35%dapopulaçãodePortugalContinentalpossa
serafectadacomodesligamentodosinaldeTVanalógicoterrestre.
3.ConhecimentosobreaTVdigitaleTDT
‐Estima‐sequeamaioriadosPortugueses játenhaouvidofalaremTVdigitaleemTDT,
mas que namaior parte dos casos tenhamdificuldades emdefinir ou caracterizar estas
tecnologias.
4.VantagensedesvantagensassociadasàTVdigital
‐AreduzidapercepçãodasvantagensedesvantagensassociadasàTVdigitaleàTDTéa
situaçãomaiscomumverificada,sendoocustoidentificadocomoaprincipaldesvantagem
1OstatusédeterminadopelaempresadeestudosdemercadoGfKcombasenoníveldeescolaridadeenaocupaçãodorespondente:maisdetalhesnosanexosaesterelatório.
6
eamelhoriadaqualidadedeimagemesompercebidacomoaprincipalvantagem.
5.ConhecimentosobreodesligamentodosinaldeTVanalógicaterrestre
‐ Estima‐se que amaioria da populaçãoPortuguesa desconheça qual a data prevista do
desligamentodosinaldeTVanalógicaterrestre,a3mesesdoiníciodoswitch‐off.
6.ConhecimentodoquedeveserfeitoparacontinuaraterTVemsinalaberto
‐Verifica‐seumbaixoníveldeconhecimentosobreasquestõespráticasrelacionadascom
arecepçãodeTDT,sobretudonocasodosPortuguesessemTVpagaemcasa.
7.IntençãodeaquisiçãodeequipamentosouserviçosdeacessoaTVdigitaleTDT
‐Estima‐sequepertodemetadedosPortuguesessemTVpagaestejamindecisosquantoà
obtenção de equipamentos ou serviços de TV digital, a 3 meses do início previsto do
desligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestre.
8.MotivosparaterTDT
‐ Verifica‐se que os benefícios associados à presente oferta de TDT têm pouco peso na
respectiva intenção de adopção, sendo o corte da emissão de TV analógica terrestre
apontadocomooprincipalmotivoparaterTDT.
9.BarreirasàadopçãodeTVdigitaleTDT
‐OscustoseasquestõespráticassãodasprincipaisbarreirasàobtençãodeTVdigital‐e
TDTemparticular–paraosPortuguesessemTVpagaemcasa.
10.AdopçãodeTVdigital–perfis
‐Propõem‐sequatroperfisdeadoptersdeTVdigitalemPortugal,considerandoaposse
deTVpagaeaintençãodeusodeTVdigital:
10.a.Grupo–“JáAdoptou”(espectadorescomTVpagaporcabo,DTH,IPTV,fibra‐ópticae
outrastecnologias)‐sobretudojovensadultoseadultosdemeiaidade,maispropensosater
níveis mais elevados de educação e a pertencer a grupos de statusmais alto e menos
propensosateralgumtipodedeficiência(visual,auditivaoudemobilidade);
10.b. Grupo – “Adopta” (espectadores de TV em sinal aberto que estão a considerar
comprarumacaixadescodificadoraoutelevisorcomTDTintegradoouentãosubscreverum
serviçodeTVpagapara continuara ver televisãoemcasa) ‐ sãomaispropensosa serem
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homens,ateremidadescompreendidasentreos18eos44anos,apossuíremhabilitações
académicaselevadasemenospropensosateralgumníveldedeficiência(visual,auditivaou
motora);
10.c. Grupo – “EmDúvida” (espectadores de TV em sinal aberto que não sabem ou não
responderam qual a sua intenção de aquisição de TV digital) ‐ existe uma maior
probabilidadedeseremmulheres,aterembaixashabilitaçõesacadémicasepossuíremum
nívelsignificativodedeficiência(visual,auditivaoumotora);
10.d. Grupo – “Não Adopta” (espectadores de TV em sinal aberto que alegam não ter
intençãoemadoptarTVdigital)‐sãomaispropensosateremmaisde55anosdeidade,a
possuírem um baixo nível de habilitações académicas (instrução primária completa ou
menos)eateremumnívelsignificativodedeficiência(visual,auditivaoumotora).
Hipóteseprincipaldoprojectodeinvestigação
‐ Verificou‐se a validação da hipótese principal do projecto de investigação, em que no
contexto da transição da TV analógica‐digital, a adopção da TV digital está
significativamentecondicionadaporfactoresdeexpectativadedesempenho,expectativa
deesforçoe influênciasocial,comforteprobabilidadederejeiçãosignificativaporparte
de segmentos da população com idade mais avançada, com menores habilitações
académicasecomnecessidadesespeciais.
Recomendações
As recomendações serão detalhadas no capítulo 4, sendo devidamente suportadas nos
dadoseachadosdosestudosempíricosque integramopresenteprojectode investigação,
bemcomonarevisãodeliteraturarealizadanoâmbitodoprojecto.
1.Ponderaroadiamentodasdatasdedesligamentodosinalanalógicoterrestre
‐tendosobretudoemconsideraçãoaspessoasquerecebememexclusivoasemissõesde
TV analógica terrestre, estimando‐se haver um risco elevado de que parte substancial
desta população possa ficar sem acesso ao sinal de televisão, a manterem‐se as datas
previstasparaodesligamentodaTVanalógicaterrestre.
2.TornaratractivaaofertadeTDT,commaiscanaisTVeserviçosúteis
‐asvantagensdaTDTsãopraticamenteinexpressivasparaosespectadoresPortugueses,
8
mantendo‐seamesmaofertadecanaisdaTVanalógicaterrestre:amelhoriadaqualidade
de imagemesomnãodevesersuficienteparamotivaramudançavoluntáriadagrande
maioriadapopulaçãoaserimpactadapeloswitch‐off.
3.Promovercampanhasdecomunicaçãomaisinformativaseesclarecedoras
‐ sobretudo ter em consideração as populações mais vulneráveis, como sejam os mais
idosos, as pessoas com status socioeconómico mais baixo e pessoas com necessidades
especiais, que correspondem à maioria das pessoas afectadas com o desligamento das
emissõesdeTVanalógicaterrestre.
4.Reforçarosapoiosespecíficosdirigidosàspopulaçõesmaisvulneráveis
‐ osmais idosos, osmais carenciados e as pessoas com deficiências visuais, auditivas e
motoras devemmerecer umamaior atençãoda parte das entidades responsáveis nesta
matéria,nomeadamentecomatravésdoreforçodosapoiosespecíficosdisponíveis.
9
1.DescriçãodoProjecto
1.1.Contextualização2
O temadamigraçãopara a televisãodigital estánaordemdodia emPortugal: em
2009 foram iniciadas as transmissões de televisão digital terrestre (TDT), em 2011 serão
realizados os primeiros desligamentos do sinal analógico, e em 2012 está previsto o
encerramento total das transmissões da radiodifusão analógica – processo também
conhecido por switchover. Assim, será necessário que até 2012 todos os lares que
actualmenterecebemosinaldetelevisãotradicionalatravésdeantenaanalógica(ouseja,
osquenãotêmtelevisãopaganempré‐instalaçãodecabo)compremumdescodificadore
uma antena adaptada para quepossam continuar a usufruir das emissões televisivas. Por
outro lado, será ainda necessário preparar a indústria e omercado dosmedia para este
processodemigração,jáqueeleimplicanãosóumprocessodetransiçãoparaodigitalno
própriooperador,comotambémpelofactodevirreconfigurarasfontesdecriaçãodevalor
no contexto do sector televisivo. Por fim, também as actuais políticas demedia e mais
especificamente de televisão terão de ser enquadradas no contexto da migração para o
digital, por via por exemplo a repensar o papel do serviço público ou o destino das
frequênciasqueficarãolivresnoespectroradioeléctricoemconsequênciadamigraçãopara
o digital do sinal de televisão, e que poderão ser utilizadas para uma vasta gama de
aplicações tais comoodesenvolvimentoda alta definição, a criaçãodenovos canais ou a
televisãomóvel.
Apartirdasegundametadedosanosnoventa,assiste‐senaEuropaàdisseminaçãoda
TelevisãoDigital,tendoesteincrementoporbaseadecisãodamaioriadospaíseseuropeus
de realizar o encerramento das suas emissões analógicas nacionais (switch‐off) até 2012.
Assim, o desenvolvimento da televisão digital na Europa assenta, quase exclusivamente,
num processo político aliado a imperativos económicos e políticos (Papathanassopoulos,
2002),enãonaexigênciadostelespectadoressupriremumanecessidadesocialatravésda
inovação tecnológica. Em 24 de Maio de 2005, a Comissão Europeia adoptou uma
comunicação intitulada ''Acelerar a transição da radiodifusão analógica para a digital'', na
2Sub‐capítulodecontextualizaçãodeautoriadeVeraAraújo,retiradodorelatório“EstadodaArtenaEuropa”,emanexoaorelatóriofinalADOPT‐DTV.
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qual fixa os objectivos da política comunitária para a referida transição, com base em
emissõesdigitais terrestres.Nessecontexto,defende‐sequeamigraçãotraráganhospara
todas as partes envolvidas. Por um lado, o cidadão terá ummaior acesso à Sociedadede
Informação,poderáusufruirdeumamaiordiversidadedeconteúdoseserviços,acrescidas
capacidadesde interacção,possibilidadedepersonalizaçãodaexperiênciatelevisiva,assim
comomelhoriasemtermose imagemesom.Poroutro lado,asempresasdemedia terão
novas oportunidades em termos de oferta de serviços inovadores de valor acrescentado,
assim como a possibilidade de vender aos anunciantes espaços publicitários commaiores
recursos de segmentação. Por fim, o Estado poderá incrementar o pluralismo e a
diversidade graças ao aumento do número de canais, assim como criar novas
funcionalidades para incrementar a cidadania, tais como o T‐gov, ou seja, a utilização da
televisão como interface de comunicação entre a Administração Pública e os cidadãos,
permitindo aplicações tais comoo pagamento de impostos através do televisor. Uma vez
que, ao contrário dos computadores, a penetração da televisão nos lares nas sociedades
ocidentais rondaos100%,equeestemeioéutilizadopormaisde95%dos indivíduosna
Europa (OEA, 2010), as potencialidades em termos de inclusão e cidadania merecem
destaque,oferecendonovasferramentasparaoempowermentdoscidadãos.
1.2.AtransiçãodaTVanalógicaterrestreparaodigitalemPortugal
Depoisdeumafalsapartidaem2001,atelevisãodigitalterrestre(TDT)éfinalmente
lançada em Portugal a 26 de Abril de 2009, que assim se torna um dos países com uma
agenda mais ambiciosa – ou arriscada, dependendo da perspectiva – para a transição
completadatelevisãoanalógicaterrestreparaadigitalterrestreoucomoumriscoelevado,
já que haverámenos tempo para realizar tudo o que é necessário de forma a garantir o
sucessodesteprocesso.
Deve sernotadoque, em finais de2011,o sistemadeTDTofereceexactamenteos
mesmoscanaisqueosistemadeTVanalógicaterrestre–nemmaisnemmenoscanais.Um
quinto canal gratuito poderá vir a ser lançado no futuro, mas a sua concessão tem sido
adiada sine die como resultado da exclusão dos dois únicos concorrentes ao concurso
público promovido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social – ERC (2009).
Igualmente,olançamentodoserviçopagodeTDTtambémfoiadiadosemdatadefinida,já
que o vencedor do respectivo concurso público acabou por desistir da sua licença ‐mais
detalhesadiante.Alémdisso,deveser referidoqueaprimeiracampanhadecomunicação
11
nacionalsobreoswitch‐offanalógicoteveinícioemMarçode2011,a10mesesdaprimeira
fasededesligamentodos retransmissoresdeTVanalógica terrestre–definidapara12de
Janeirode2012.
No entanto, em 2001 foi lançado o primeiro concurso público para a atribuição de
umalicençadeestabelecimentoeexploraçãodeumaplataformadeTDT(Anacom,2001).O
vencedordesteconcursofoioconsórcioPTDP‐PlataformadeTelevisãoDigitalPortuguesa‐,
constituído pelo Grupo Pereira Coutinho, recém‐chegado ao sector de telecomunicações,
RTPeSIC.Apósváriosatrasosporpartedoconsórcioparao lançamentodaoperação,em
Março 2003 a Anacom propôs a revogação da licença anteriormente concedida
considerando,entreoutrosaspectos, “asdificuldadesobjectivasdaofertamassificadados
equipamentos terminais necessários ao início da exploração comercial da referida
plataforma”(Anacom,2003).
Seria necessário esperar por 2008 para que fossem lançados novos concursos
públicosnesteâmbito.APTComunicaçõesdaPortugalTelecomconcorreuaomultiplexerA,
destinadoàTDTemsinalaberto,bemcomoaosmultiplexersBaF,destinadosàTDTpaga,
aosquaistambémconcorreuaempresaAirplusTV.EmOutubrode2008,aAnacomeERC
homologaram os direitos para a utilização domultiplexer A à PT Comunicações (Anacom,
2008).EmNovembrode2008,aAnacomatribuiuàmesmaPTComunicaçõesosdireitosde
utilizaçãodefrequênciasassociadosaosmultiplexersBaF(Anacom,2009)–oquefoialvo
decontestaçãodoconcorrenteAirplusTV(TekSapo,2008).
Porém, nos inícios de 2010, a PT solicitou à Anacom a revogação das licenças dos
multiplexers de TDT paga, apresentando como justificação as mudanças significativas no
mercado da TV por assinatura, como seja o aumento da concorrência, o que reduziria a
importânciacompetitivadaplataformaterrestre.AAnacom–semoapoiodaERC–aceitou
opedidodaPT(Anacom,2010).AtransmissãodeTDTgratuitaviriaacomeçarem29Abril
de2009,atingindoalgumasregiõesdoPaísecercade30%dapopulação.Emfinaisde2011,
Portugal continua sem planos no que respeita ao serviço de TV digital terrestre por
assinatura.
1.3.Objectivos
O enfoque deste projecto de investigação está nas pessoas que não têm a intenção de
adoptar TV digital, nomeadamente, na compreensão dos principais factores que explicam
esta intenção, bem como na determinação do seu perfil demográfico e socioeconómico.
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Combasenestesdados serápossíveldelinear recomendaçõesquecontribuamparaquea
transição bem sucedida da TV analógica terrestre para o digital seja uma realidade para
todososPortugueses.
Esta transição apresenta desafios que ultrapassam o âmbito estritamente
tecnológico, com sérias implicações económicas e sociais. A investigação pode contribuir
com soluções inovadoras para superar os obstáculos inerentes a este processo (Candel,
2007).Deigualmodo,ainvestigaçãopermitereflectirsobreoquefoirealizado,demodoa
evitarrepetirerrosdopassado,comoobservaRobertoSuárezCandel (2007),paraquema
monitorização da migração para a televisão digital é necessária para que possam ser
introduzidas medidas correctivas a tempo. Deste modo, somente compreendendo as
atitudesdaspessoasemrelaçãoàTVdigital,osseusreceiosepreocupações,serápossível
difundir asmensagens certas e assegurarqueninguém“ficapara trás”nesteprocessode
transição.
Este princípio de investigação e monitorização do processo de transição para o
digital tem vindo a ser aplicado um pouco por toda a Europa, com destaque para os
trabalhosproduzidosnoReinoUnido.Emprimeirolugar,háareferirosestudosrealizados
paraoDigitalTelevisionProject (DTI),estabelecidoem2001emparceriapeloDepartment
forCulture,MediaandSporteoDepartmentofTradeandIndustry,taiscomooestudoEasy
TV 2002 Research Report (Freeman, Lessiter, Williams & Harrison, 2003) e os estudos
compiladosnorelatórioDigitalTelevisionforAll‐areportonusabilityandaccessibledesign
(Klein, Karger & Sinclair, 2003), que teve por objectivo abordar as questões humanas
relativasàadopçãodeequipamentose serviçosde televisãodigitalporespectadorescom
diferentes tipos de necessidades O trabalho desenvolvido na compilação deste relatório
incluiuumasériedeconsultasàsprincipaispartesinteressadas,uminquéritoquantitativoa
cerca de 4.000 espectadores, oito focus groups para cobrir assuntos relacionados com
usabilidade, uma auditoria de especialistas com três modelos típicos de caixas
descodificadorasdeTVdigital,umaprevisãodoefeitodeexclusãodetrêsmodelostípicos
de caixas descodificadoras de TV digital, uma série de treze testes de usabilidade de dois
sistemasdeTVdigitalcomutilizadorescomdiferentescapacidades.
Poroutrolado,aentidadequenoReinoUnidotempormissãoregularaactividade
das indústriasda comunicaçãoemedia – aOfcom (e anteso ITC) – também temvindoa
realizarumasériedeestudosrelacionadoscomaadopçãodaTVdigital,comdestaquepara
um estudo específico para compreender como as populações seniores, com necessidades
13
especiais, isoladas e com baixos rendimentos vão ser afectadas pelo switch‐off da TV
analógicaterrestre(Freeman,Lessiter&Beattie,2007).
Em relação à literatura em Portugal sobre o tema, há que referir o conjunto de
trabalhosdoObservatóriodaComunicação–Obercom,queaolongode2008publicouum
conjunto de quatro breves relatórios sobre TV digital, com base nos resultados de um
inquéritoquantitativo,obtidosatravésdeentrevistadirectaaumaamostraconstituídapor
1.041 inquiridos, representativa da população portuguesa residente em Portugal
continental, com idade igual ou superior a 15 anosde idade (Araújo, Cardoso&Espanha,
2008a). O trabalho de campo decorreu em Fevereiro de 2008 e as entrevistas foram
realizadas pela Metris GfK. Em primeiro lugar, de destacar a baixa percentagem de
inquiridosqueafirmouterconhecimentodoprocessodeswitchover‐3,2%daamostratotal
‐ enquanto que 16,2% afirmaram já ter ouvido falar da televisão digital terrestre. Já os
inquiridos que afirmaram possuir TV digital em sua casa, destes 11,2% referiram já ter
ouvido falar do switchover e destes 46,1% já ouviu falar da TDT este processo (Araújo,
Cardoso& Espanha, 2008c). Já em relação ao grau de conhecimento sobre TV digital, de
acordo comeste estudo, 72%dos inquiridos comTVpor cabo afirmou já ter ouvido falar
destaplataforma,contra44,8%dos inquiridoscomacessoatelevisãoanalógicaatravésde
antenaconvencional(Araújo,Cardoso&Espanha,2008b).SobresejáouviufalardeTDT,a
distribuiçãofoiaseguinte:responderamafirmativamente22,4%dosinquiridoscomTVpor
cabo e 11% dos inquiridos com acesso a televisão analógica terrestre (Araújo, Cardoso&
Espanha,2008b).
1.4.EnquadramentoTeóricoeHipóteses
A adopção da TV digital em Portugal é o problema a ser investigado, nomeadamente,
determinarquaissãoosfactoresdeadopçãoerejeiçãodeusodetelevisãodigitalporparte
dos Portugueses, bem como identificar oportunidades para que esta nova plataforma de
distribuiçãodetelevisãopossachegaratodasaspessoasinteressadas.Aimportânciasocial,
económicaepolíticadatelevisãofazcomqueoprocessodetransiçãodaTVanalógicapara
odigitaldevaseralvodamaioratençãoecautela,paraqueninguémdeixedeteracessoa
estemeiodecomunicação.
Atransiçãodatelevisãoanalógicaterrestreparatelevisãodigitalterrestreéumcaso
particulardedifusãodeuma inovaçãoemqueaadopçãoésimultaneamentevoluntáriae
involuntária, dado que há uma data obrigatória para encerrar a transmissão analógica.
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Considerando a literatura sobre difusão de inovações é imperativo mencionar o livro
DiffusionofInnovationsdeEverettRogers(1962),noqualoautorexplicaqueadifusãode
novasideias–mesmodepoisdeprovadascomobenéficasepositivas–éumatarefadifícil
quedeveserplaneadaparaserbemsucedida.Rogersapresentanestelivrováriosexemplos
de inovações que não foram aceites ou adoptadas, apesar de serem benéficas. Entre as
razões que o autor apresenta para tal contam‐se as crenças culturais de determinadas
comunidades, tradições e hábitos antigos, a falha na divulgação de ideias na comunidade
local e entre os indivíduos que são socialmentemelhor aceites na comunidade, falha na
inclusãodaopiniãodeindivíduosconsideradoslíderes,percepçõesdopúblico‐alvosobreo
agentedemudança,usodemensagensnãoadequadasàsnecessidadesecompetênciasdo
público‐alvo.
Analisando os primeiros autores a investigarem sobre a difusão de inovações,
Rogersmenciona o sociólogo e criminologista Francês,Gabriel Tarde. Particularmente, no
seutrabalhoLesLoisdel’Imitation(1890),Tardeexpõeumateoriadeinovaçãobaseadana
imitaçãoeinvenção,actosqueeleconsideravacomoactossociaiselementares.Noentanto,
aspropostasdoautornãoforamimediatamenteseguidasporestudosempíricosnaáreada
difusãodeinovações,algoqueveioaacontecerdécadasmaistarde,refereRogers.Umadas
referências mais importantes neste campo, observou Rogers, foi o estudo de difusão do
milho híbrido no estado do Iowa, nos EstadosUnidos daAmérica, por Bruce Ryan eNeal
Gross (1943), que vieram a estabelecer uma nova abordagem ao estudo da difusão das
inovações.
Antesdapublicaçãodo livrodeRogers,GeorgeBeale JoelBohlensintetizaramos
resultadosde35estudossobrecomoosagricultoresadoptaramnovasideiasnoartigoThe
DiffusionProcess (1957), propondoum referencial teóricopara todososqueenfrentamo
desafiodedifundirideiasepráticas.Nestesestudos,realizadosaolongodeduasdécadas,os
agricultores foram questionados sobre as suas práticas agrícolas e domésticas, uso de
pesticidas, fertilizantes e outras técnicas agrícolas. Após análise destes estudos, Beal e
Bohlen sugeriram que os indivíduos aceitam novas ideias seguindo um processo mental
composto, pelo menos, por cinco fases: fase de consciencialização (awareness), fase de
interesse,fasedeavaliação,fasedeexperimentaçãoefasedeadopção.Aindasignificativo,
estes autores propuseram cinco categorias de indivíduos, com base no tempo que os
mesmos necessitam para adoptar novas ideias, possuindo diferentes características
individuaisesociais:inovators/osinovadores,theearlyadopters/osadoptantesiniciais,the
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early majority/ a maioria inicial, the majority/ a maioria, the non‐adopters/ os não‐
adoptantes.Maistarde,Rogersviriaaproporcategoriassemelhantes,queacabaramporse
tornar o padrão para os estudos nesta área: the inovators, the early adopters, the early
majority,thelatemajority,thelaggards.
Estudos mais recentes neste âmbito apresentam outros modelos explicativos da
difusão e adopção de inovações. Venkatesh, Morris, Davis & Davis (2003) propõem um
modelounificadocombasenosváriosdosmodelosmaissignificativosdesenvolvidosneste
campo–aTeoriaUnificadadeAceitaçãoeUsodeTecnologia(UnifiedTheoryofAcceptance
and Use of Technology ‐ UTAUT). Estes autores defendem que a expectativa de
performance, expectativa de esforço, influência social e condições facilitadoras são
determinantesdirectosdaintençãodeusoecomportamentosdeadopçãodeinovações.O
impactodestesquatrofactoresémediadopelaidade,género,experiênciaevoluntariedade
deuso.
NomodeloUTAUT,aexpectativadedesempenhoédefinidacomoograuemque
um indivíduo acredita que o uso de um sistema o irá ajudar a atingir melhorias de
desempenho no trabalho: os cinco constructos relacionados com esta variável são a
percepçãodeutilidade,motivaçãoextrínseca,adequaçãodotrabalho/emprego,vantagem
relativa e expectativas de resultado. Por outro lado, a expectativa de esforço é definida
comoograudefacilidadeassociadoaousodosistema:oreconhecimentodafacilidadede
uso, a complexidade e facilidade de utilização são os conceitos relacionados com esta
variável. Influência social, outra variável do modelo UTAUT, é o grau através do qual o
sujeitopercebequeoutros sujeitos, considerados importantesnaárea, acreditamqueele
deveusaronovosistema:osconstructosrelacionadossãonormasubjectiva,factoressociais
edeimagem.Porúltimo,ascondiçõesfacilitadorassãodefinidascomoograuemqueum
indivíduoacreditaqueumainfra‐estruturaorganizacionaletécnicaexisteparaapoiarouso
do sistema: percepção de controlo comportamental, condições de facilidade e
compatibilidadesãoosconstructosrelacionadoscomestavariável.Alémdestesconceitos,o
estudo pretende ainda avaliar os constructos de auto‐eficácia, ansiedade e atitudes em
relação a técnicas, as quais Venkatesh et al. (2003) consideram como não sendo
directamente determinantes da intenção de uso. O impacto destes quatro constructos é
aindamediadopela idade,género,experiênciaevoluntariedadedeuso.OmodeloUTAUT
foi desenvolvido através da revisão e consolidação de oito teorias na área da difusão e
adopção de inovações, nomeadamente: teoria da acção racional,modelo de aceitação de
16
tecnologia,modelomotivacional,modelodedifusãodeinovaçõeseateoriacognitivasocial,
entre outras. Na área específica da adopção da TV digital, o modelo UTAUT tem sido
aplicado em vários projectos de investigação, como as investigações de campo
desenvolvidasnaItália,noâmbitodosprojectosdeT‐government(Papa,Nicoló,Cornacchia,
Sapio,Livi&Turk,2009).
Seguindo a teoria unificada da aceitação e uso de tecnologias, as principais
hipótesesdeinvestigaçãosãoasseguintes:
H1.AsexpectativasdedesempenhotêmumefeitonaintençãodeusodeTVdigital
eoseuefeitoémaiornosjovensenoshomens.
H2.AsexpectativasdeesforçotêmumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleo
seuefeitoémaiorparaosmaisvelhos,comhabilitaçõesacadémicasmaisbaixase
paraasmulheres.
H3.AinfluênciasocialtemumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleoseuefeito
émaiorparaosmaisvelhos,comumnívelmaisbaixodehabilitaçõesacadémicase
paraasmulheres.
H4.Ascondiçõesfacilitadorasnãotêmumefeitosignificativonaintençãodeusode
TVdigitalnamaioriadapopulação,mastêmumefeitosignificativonosmaisvelhos.
H5.a)Aauto‐eficácianousodetecnologiasnãoteminfluênciasignificativana
intençãodeusodeTVdigital
H5.b)Aansiedadeemrelaçãoaousodetecnologiasnãoteminfluênciasignificativa
naintençãodeusodeTVdigital
H5.c)Asatitudesemrelaçãoaousodetecnologiasnãotêminfluênciasignificativa
naintençãodeusodeTVdigital.
Destemodo,ahipóteseprincipaldoprojectodeinvestigaçãoéaseguinte:
HP: no contexto da transição da TV analógica‐digital, a adopção da TV digital está
significativamentecondicionadaporfactoresdeexpectativadedesempenho,expectativade
esforço e influência social, com forte probabilidade de rejeição significativa por parte de
segmentosdapopulaçãocomidademaisavançada,commenoreshabilitaçõesacadémicas3
e comnecessidadesespeciais. Todosestes factores constituembarreiraspara adopçãoda
3Nota:optou‐seporsubstituiravariável“habilitaçõesacadémicas”pela“experiênciadeusodetecnologias”,porserumindicadormaisobjectivoeconcreto
17
TVdigital.
1.5.Metodologia
Odesenhodeinvestigaçãocombinamétodosquantitativosequalitativos,deacordocomas
boaspráticasdeprojectoscomâmbitosemelhante,nomeadamente:
‐Klein,J.Karger,S.&Sinclair,K.(2004a)Attitudestodigitaltelevision:preliminaryfindings
onconsumeradoptionofdigitaltelevision;
‐ Klein, J. Karger, S. & Sinclair, K. (2004b) Attitudes to switchover: the impact of digital
switchoveronconsumeradoptionofdigitaltelevision;
‐ Clarkson, J. & Keates, S. (2003) Digital TV For All: a report on usability and accessible
design.
Em particular, no estudoAttitudes to switchover (Klein, Karger, & Sinclair, 2004a)
foramidentificadastrêsnovasformasdepensarsobreosconsumidoresdoReinoUnidoem
relaçãoà suaadopçãovoluntáriadaTVdigital:1)a caracterizaçãodasdiferentes fasesde
transiçãodatelevisãoanalógicaparaadigital;2)umanovasegmentaçãodemercadoparaa
fase voluntária de adopção, partindo da anterior segmentação proposta pelo projectoGo
Digital (2003)4; 3) ummodelo do processo de decisão dos consumidores que combina os
critériosdesimbolismodaplataforma,comatractividadedosconteúdosefacilidadedeuso
dosequipamentos(Klein,Karger&Sinclair,2004a).Nesterelatório,osautorespropuseram
ummodelodoprocessodedecisãodosconsumidoresdeTVdigitalemqueosconsumidores
decidemoquepensarsobreaTVdigitalaoolharparatrêsníveisdiferentes:simbolismoda
plataforma,graudeatractividadedosconteúdosefacilidadedeusodoequipamento.
Em relação ao projecto Attitudes to digital television (Klein, Karger & Sinclair,
2004b), o enfoque foi nos non‐adopters, ou seja, nas pessoas que afirmaram não ter a
intenção de adoptar TV digital, um grupo que constitui uma barreira ao objectivo do
governoemconseguiruma transição rápidaeessencialmentevoluntáriaparaaTVdigital:
“destemodoháumanecessidadeparticularmenteforteemcompreenderporqueéqueos
non‐adopters tomaram essa posição. Assim, ao se compreender melhor as barreiras à
adopçãoserápossívelrecomendarformasdeasultrapassar,convertendoefectivamenteos
sub‐gruposdenon‐adopters”.
4DenotarquenasegmentaçãopropostapeloprojectoGoDigital(2003)foiidentificadoumgrupodeconsumidoresqueafirmaramquenãoseriampersuadidosaadoptar/comprarTVdigital.Oprojectoestabeleceuqueestesegmentocorresponderiaaaproximadamente13%doslaresnoReinoUnido,ouseja,a3,2milhõesdedomicílios.
18
A metodologia do projecto de investigação combinou os seguintes métodos
quantitativosequalitativos:
1) Estudo etnográfico – realizado junto de uma amostra de 20 famílias de perfis
diferenciados, comoobjectivodeexploraremcontextoquaisas suasatitudesem
relaçãoàTVdigital equaisosusosdadosà televisão.Ainda,houvea intençãode
compreendercomoestasfamíliasadoptamnovastecnologiasdecomunicaçãoede
informação ou novos equipamentos de entretenimento doméstico e/ ou pessoal,
bem como quais são os seus estilos de aprendizagem (por exemplo, se são auto‐
eficazes,recorremàsuaredesocialparaobteraconselhamentoouajudanousode
novosequipamentosounovosserviços,etc).OtrabalhodecampoentreSetembro
de2010eMarçode2011,eorecrutamentodaamostrafoifeitoatravésdocontacto
comascâmarasmunicipaisdeAlenqueredaNazaré,bemcomocomas juntasde
freguesiadeAgualva,Cacém,Mira‐Sintrae SãoMarcos, na tentativadeencontrar
famílias com os perfis adequados aos objectivos do projecto. Mais detalhes no
relatório“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico” (Veríssimo,Henriques&Quico,2011),
emanexoaesterelatóriofinal.
2) Entrevistascomstakeholders‐oprincipalobjectivodestasentrevistasfoiodeobter
asdiferentesperspectivasdaspartes interessadasnesteprocessode transição,ou
seja,canaisdetelevisãoemsinalaberto,operadoresdeTVpaga,operadordeTDT,
reguladores, representantes de consumidores, representantes de pessoas com
necessidadesespeciais,entreoutros.Oinstrumentodaentrevistafoicompostopor
13 perguntas abertas. Os participantes foram contactados via e‐mail, telefone e
cartaduranteOutubroeNovembrode2010.Amaioriadasrespostasfoiobtidaem
Novembro e Dezembro de 2010. Um total de 16 entrevistas foram realizadas até
finaldeJaneirode2011.Amaioriadosparticipantespreferiuresponderpore‐mail,
tendo os representantes da SIC/ Impresa, ERC e RTP optado pela entrevista
presencial: deste modo, procedeu‐se à transcrição da entrevista, que foi
posteriormente validada pelo respectivo entrevistado. Mais detalhes no relatório
“ADOPT‐DTV:Entrevistas comStakeholders” (Sequeira,Veríssimo&Quico,2011),
emanexoaesterelatóriofinal.
3) Inquérito quantitativo ‐ aplicado junto de uma amostra representativa da
população portuguesa, tendo sido baseado no instrumento anteriormente
elaborado pelo Obercom (Araújo, Cardoso & Espanha, 2008), com as necessárias
19
adaptações para o presente projecto. O inquérito foi aperfeiçoado com os
contributosde todososparceirosdoprojecto,ouseja,doObercomedaAnacom.
Ainda,foirealizadoumpré‐testeenvolvendo14indivíduosemOutubrode2010,de
acordocomasmesmascondiçõesqueseriamposteriormenteseguidasnoestudo.O
inquéritofinalfoiaplicadoaumaamostrade1.205indivíduoscommaisde18anos
de idade, sendo realizado em casa dos entrevistados por uma equipa de
entrevistadoresdaGfK,aempresadeestudosdemercadorecrutadaparaoefeito.
Nototal,oinstrumentocompreende33questõese22itensdecaracterização.Mais
detalhes no relatório “ADOPT‐DTV: Inquérito Quantitativo” (Henriques & Quico,
2011),emanexoaesterelatóriofinal.
4) Estudo de usabilidade, com uma amostra de 20 participantes, para proceder à
análise comparativa da eficácia e satisfação de alguns dos equipamentos
descodificadores de TV digital terrestre disponíveis no mercado português. Na
constituição da amostra foi dada particular atenção ao recrutamento de pessoas
comidade igualousuperiora65anoseapessoascomnecessidadesespeciais.Os
testes de usabilidade decorreram Universidade Lusófona, onde anteriormente já
foramefectuadosdiversosestudoscomumâmbito semelhanteaeste (Conceição,
Quico e Damásio, 2005). Mais detalhes no relatório “ADOPT‐DTV: Estudo de
Usabilidade”(Henriques&Veríssimo,2011),emanexoaesterelatóriofinal.
Ao longodoprojectohouveapreocupaçãodepublicaredivulgarosresultadosde
cadaumdosestudosque integramoprojectode investigação logoapósa sua conclusão,
comoobjectivodecontribuiractivamenteparaa transiçãobemsucedidadaTVanalógica
para o digital. Em Janeiro e em Março de 2011, a equipa de investigação lançou press‐
releasescomalgunsdosprincipaisdoinquéritoquantitativodopresenteestudo,disponíveis
nowebsitedoprojectohttp://adoptdtv.ulusofona.pt/.
Ainda, como os responsáveis pelo projecto ADOPT‐DTV também são responsáveis
pelo projecto de investigação e desenvolvimento “iDTV‐Health: Inclusive services to
promotehealth andwellness via digital interactive television” (UTA‐Est/MAI/0012/2009)
optou‐se por aproveitar sinergias entre os projectos. Assim, no âmbito do projecto IDTV‐
HealthfoirealizadouminquéritoquantitativosobresaúdeemediaemSetembrode2011,
tendosidoaproveitadaestaoportunidadeparavoltaracolocaralgumasdasquestõesque
faziampartedoinquéritoADOPT‐DTV,dadaaimportânciadefazerumacompanhamentoda
evoluçãodos indicadores‐chavedo inquérito.O inquéritode Setembrode2011 seguiuos
20
mesmos moldes do inquérito de Novembro de 2010: trata‐se também de uma amostra
representativadapopulaçãoPortuguesacommaisde18anos,tambémcomcercade1.200
inquiridos, tambémaplicadopresencialmentenacasadosparticipantesecujo trabalhode
campo e recolha de dados foi também da responsabilidade da empresa de estudos de
mercadoGfK.
21
2.ExecuçãoMaterialO projecto ADOPT‐DTV teve início em Abril de 2010, com um ligeiro atraso em
relação à data inicialmente prevista (Janeiro de 2010), devido a atrasos no processo de
contratualização inicial e transferência de verbas por parte da FCT. Após essa fase,
procedeu‐seaoacertoehomologaçãodeumnovocronogramaeiniciaram‐seostrabalhos
emritmonormal.
Noprimeiroanodeactividade,talcomodefinidonoplanodetrabalho,realizou‐sea
revisão de literatura relativa aos estudos e relatórios sobre a migração da TV analógica
terrestreparaodigitalnocontextoEuropeu,daresponsabilidadedeVeraAraújo(Obercom).
O relatório “ADOPT‐DTV: Estado da Arte” (Araújo, 2011) consta dos anexos a este
documento,encontrando‐sepublicadonowebsitedoprojecto.Demodoa seaprofundar
um caso de um processo de switch‐off já concluído, solicitou‐se a Peter Olaf Looms a
elaboração de um relatório de análise da experiência da Dinamarca, com o título ‐ “A
transição para a televisão digital terrestre: experiências da Dinamarca” que também
englobaumrelatóriosobreTVdigitaleacessibilidade‐“DigitalTVandaccessservices”.
Emparalelocomaelaboraçãodestesrelatórios,aequipadeinvestigaçãoavançoua
partirdeJulhode2010comostrabalhospreparatóriosdetrêsdosquatroestudosempíricos
que integram o presente projecto de investigação, nomeadamente, o estudo etnográfico,
entrevistas com os stakeholders e inquérito quantitativo. Em particular, o inquérito
quantitativo arrancou mais cedo do que o programado, a pedido da Anacom, já que
manifestouinteresseemobterresultadosmaiscedodoqueodefinidonoplanodetrabalho.
Destaforma,oinstrumentofoidesenvolvidoere‐trabalhadoemSetembro2010,seguindo‐
seopré‐testedoinstrumento,quedecorreuaté23deOutubro.Emsimultâneo,procedeu‐
seaoenviodepedidodepropostasdeorçamentoeplanoaquatroempresasdeestudosde
mercado(GfK,Eurosondagem,IMR,Intercampus),tendosidorecebidasaspropostasaté15
deOutubrode2010.AescolharecaiunaempresaGfK,quejáantestinhasidoresponsável
pelaaplicaçãodoinquéritodoObercomsobreTVdigitalem2008.Areuniãocomempresa
seleccionadadecorreua25deOutubro,naqualficouacordadoocalendáriodeaplicaçãodo
inquéritoedeentregadosresultados.Assim,otrabalhodecampotevelugaremmeadosde
NovembroeabasededadoscomosresultadosforamentreguesnoiníciodeDezembro.
Noâmbitodasentrevistascomosstakeholders,aequipacomeçouporelaboraro
guiãodeentrevistasdeJulhoaSetembrode2010,bemcomoalistadeentidades,empresas
ouespecialistasacontactarparaoefeito.Otrabalhodecampoestendeu‐separaalémdo
22
intervalo de tempo primeiro definido, já que alguns dos participantes tardaram em dar
respostaaopedidodeentrevista:aequipacontactoumaisde30stakeholderseobteve16
entrevistas.Acodificaçãodasentrevistasfoiefectuadaposteriormenteàrecepçãodaquase
totalidadedasentrevistas,aolongodoprimeirosemestrede2011,comrecursoaosoftware
deanálisequalitativaNVivo.Orelatóriofinalrelativoàsentrevistascomosstakeholdersfoi
concluídoemSetembrode2011.
Paraoestudoetnográficooptou‐seporcircunscreverotrabalhodecampoàstrês
zonas‐piloto do desligamento da emissão de TV analógica terrestre – a saber: Alenquer,
CacémeNazaré.EmJulhode2010,aequipaelaborouoguiãoedefiniuosprocedimentos
para a realização das sessões de observação, bem como teve formação em NVivo. Em
Setembro,efectuou‐seopré‐testedoguiãoemcasadetrêsfamílias. Apartirdefinaisde
Setembro, aequipade investigaçãoprocedeuao contacto comas respectivas câmarasou
juntasdefreguesiadaszonas‐piloto,deformaaobterapoionorecrutamentodasfamílias,
tarefa que acabou por ser mais morosa do que o inicialmente previsto, tendo o
recrutamentoetrabalhodecampoacabadoporseestenderatéMarçode2011.Emparalelo
comotrabalhodecampo,aequipaprocedeuàdigitalizaçãodosvídeos,análisedosvídeose
dasnotasdecampo,transcriçãodeentrevistassemi‐estruturadasefinalmente,codificação
dos conteúdos, com apoio do software NVivo. A elaboração dos relatórios individuais foi
sendoefectuadaao longodoprimeiro semestrede2011, tendo sidoentregueo relatório
finaldesteestudoemSetembrode2011.
Oquartoeúltimoestudoempírico–estudodeusabilidade–arrancouemMaiode
2011, já que foi necessário mais tempo do que o previsto para a realização dos outros
estudoempíricosqueintegramoprojecto,bemcomofoinecessáriooempenhodaequipa
de investigação na organização e logística associada à conferência internacional EuroITV
2011.Ainda,comoolaboratóriodeusabilidadedaUniversidadeLusófonaestavaemobras
foi necessário encontrar uma solução de recurso. A primeira opção acabou por ser
descartada, devido a problemas técnicosna instalaçãodeumaantenade televisãodigital
terrestre.Assim,orecrutamentodaamostraerespectivotrabalhodecampoacabouporse
atrasar,tendocoincididocomJulhoeAgosto.EmSetembro,otrabalhodecampofoidado
porconcluído.OrelatóriodoestudoeusabilidadefoifinalizadoemmeadosdeOutubrode
2011.
Relativamente às acções de divulgação dos resultados do projecto, em finais de
Dezembro de 2010, a equipa de investigação da ULHT convocou os representantes dos
parceirosObercomeAnacomparaumareuniãodedivulgaçãodosprimeirosresultadosdo
23
inquérito quantitativo. A esta reunião seguiu‐se o envio de umpress‐release no início de
Janeiro de 2011, bem como publicação no web site do projecto, com a informação
consideradacomomaisrelevante.
A 2 Março de 2011, a equipa de investigação da ULHT organizou um workshop
restritoaosparceirosnoprojecto,paraapresentaçãodetalhadadeprocessodeswitchover
naDinamarcaedaimportânciadaacessibilidadeuniversalemTVdigital,comapresençade
PeterOlafLooms.
DenotarquenoâmbitodoprojectoADOPT‐TV,aequipade investigaçãodaULHT
foi responsável pela organização do importante evento na área da TV digital interactiva
“EuroITV2011”‐http://www.euroitv2011.org/‐,quetevelugarde29deJunhoa1deJulho
de2011–cujoorelatóriofinalseencontraanexadoaestedocumento–Relatório“EuroITV
2011”.Aconferência“EuroITV”éumfórumparaprofissionaiseacadémicosdaEuropaede
todoomundoque trabalhamou têm interesseno campo televisão interactivae vídeona
web. Esta conferência anual apresenta o estado‐da‐arte na academia e na indústria no
campo da TV interactiva, tais como IPTV, mobile TV, produção de conteúdos digitais,
usabilidadeeavaliaçãodaexperiênciadosutilizadores,requisitostécnicos, infra‐estruturas
e tecnologias futuras. O “EuroITV2011” teve como entidades organizadoras e de
acolhimento a Universidade Lusófona Tecnologias e Humanidades (ULHT) e o Instituto
SuperiordeCiênciasdoTrabalhoedaEmpresa (ISCTE).Esta foianonaediçãodasériede
conferências EuroITV, que teve início em 2003 e que desde então tem vindo
progressivamenteacrescer.AconferênciatevelugarporduasvezesemBrighton(UK),em
Aalborg (Dinamarca), Atenas (Grécia), Amesterdão (Holanda), Salzburgo (Áustria), Lovaina
(Bélgica)eTampere(Finlândia).ApróximaediçãodecorreemBerlim(Alemanha),de4a6
deJulhode2012,sendoorganizadapeloFraunhoferInstitute.
Ainda, a equipa de investigação esteve activamente envolvida na organização do
colóquio“MediaeDeficiência”,quedecorreua28deSetembrode2011naUniversidade
Lusófona, comorganização conjunta entre a universidade e oGabinete para osMeios de
Comunicação Social (GMCS). No web site do colóquio serão publicados os vídeos das
sessões, bem como outra documentação relacionada com a temática da deficiência e os
media:http://www.mediaedeficiencia.com/.Finalmente,oworkshop finaldedivulgaçãoe
disseminaçãodosresultadosdoprojectodevedecorreratéaofinalde2011,emdataafixar.
NowebsiteADOPT‐DTV‐http://adoptdtv.ulusofona.pt/‐lançadoemNovembrode
2010 ‐ encontra‐se toda a documentação essencial relativa ao presente projecto de
investigação, tais como os artigos científicos aceites em conferências e em publicações
24
científicas, relatóriosdosestudosempíricosede revisãodebibliografia,bemcomooutras
informações de interesse relacionados com a transição da TV analógica terrestre para o
digital. Já emOutubrode 2011, a equipade investigação criouumapáginado Facebook,
para divulgação e disseminação dos principais resultados do projecto, disponível no
endereço:http://www.facebook.com/pages/TDT‐Adopt‐DTV/248275598555929
Relativamenteàapresentaçãodeartigosemconferênciaseàpublicaçãodeartigos
em revistas científicas, até 30 de Outubro de 2011 estes são os artigos e relatórios já
apresentadosepublicados,bemcomoosartigosjácompublicaçãogarantida.
Indicadoresderealizaçãodoprojecto–ver6.Anexosparalistacompleta
(*atéfinalde2011eaolongode2012,aequipadeinvestigaçãovaicontinuarasubmeterartigosa
conferênciaserevistasnacionaiseinternacionais)
P R
A–Publicações
Livros 2 6*
Artigosemrevistasinternacionais 5 5*
Artigosemrevistasnacionais 6 3*
B–Comunicações
Emcongressoscientíficosinternacionais 6 6*
Emcongressoscientíficosnacionais 4 2*
C‐Relatórios 4 8
D‐Organizaçãodeseminárioseconferências 2 4
E‐FormaçãoAvançada
TesesdeDoutoramento 1 1
TesesdeMestrado 1 1
Outra 0 1
F‐Modelos 1 1
25
3.Resultadosprincipais
1.PossedeTVemsinalabertoedeTVporsubscrição:taxadepenetraçãoeperfis
‐ApercentagemdapopulaçãodePortugalContinentalquerecebeexclusivamente
televisãoemsinalabertodevesituar‐sepróximodos38%,emSetembrode2011.
Noúltimo inquérito sobre TV digital daUniversidade Lusófona realizado em Setembro de
20115, 61.7% afirmaram ter TV paga em casa (n=742), o que implica que 38.3% dos
inquiridosnãopossuemTVpaga(n=460).EstesdadoscoincidemosvaloresdoBarómetro
de Telecomunicações da Marktest, que estimou em 61.9% a penetração de TV paga em
Portugal Continental, em Junho de 2011 (Anacom, 2011). Já os valores avançados pela
Anacom variam consoante o denominador considerado: 49.5 assinantes por cada 100
alojamentos, caso se considere o total de alojamentos familiares clássicos (o que inclui
alojamentosderesidênciahabitualedeusosazonalouresidênciassecundárias),enquanto
que considerando o total de famílias clássicas, a Anacom (2011) estimou que 72.2% são
assinantes de TV por subscrição no segundo trimestre de 2011. Considerando que a
populaçãoresidenteemPortugalContinental6éde10.041.813indivíduos(populaçãototal:
10.555.853 indivíduos), de acordo comúltimosdados apuradospelo InstitutoNacional de
Estatística (2011), podemos estimar que cerca de 3,8 milhões de Portugueses usufruem
exclusivamentedoscanaisdetelevisãoemsinalabertoemsuacasa.
Emrelaçãoaosresultadosapuradosnoprimeiroinquéritoquantitativorealizadono
âmbito do projecto ADOPT‐DTV, 54,7% usufruíam de um serviço de TV paga em casa
(n=655),oquesignificaque45,3%dototaldosparticipantesrecebiamsomentetelevisão
emsinalaberto (n=543).Otrabalhodecampodeste inquéritodecorreuemNovembrode
2010,juntodeumaamostrade1.205participantes,dosquais99.4%possuíampelomenos
umtelevisoremcasa(n=1198).
5Inquéritorealizadonoâmbitodoprojectodeinvestigação“iDTV‐Health:Inclusiveservicestopromotehealthandwellnessviadigitalinteractivetelevision”(UTA‐Est/MAI/0012/2009),cujotrabalhodecampodecorreude16a27deSetembrode2011,juntodeumaamostrarepresentativadapopulaçãoPortuguesacommaisde18anos,constituídapor1.207inquiridos,dosquais1.202participantesafirmaramterTVemcasa.
6DenotarqueaRegiãoAutónomadosAçoreseRegiãoAutónomadaMadeiratemumataxadepenetraçãodeTVpagamuitosuperioràdePortugalContinental,respectivamentecom95assinantespor100alojamentose81assinantespor100alojamentos.Fonte–Anacom(2011)“ServiçodeTelevisãoporSubscrição‐2ºtrimestrede2011”http://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1096827
26
Tabela1:PossedeTVpaga(ADOPT‐DTVeIDTVHealth‐ULHT,2011)
Novembro2010(n=1198)
%
Janeiro2011(n=1198)
%
Setembro2011(n=1202)
%
Sim 54.7 59.5 61.7
Não 45.3 40.5 38.3
De modo a compreender melhor quais os perfis dos espectadores com TV por
subscriçãoesemTVporsubscrição,aseguirseapresentaaanáliseestatísticadescritivae
inferencialdealgumasvariáveis, tendoporbaseo inquéritoprincipaldoADOPT‐DTV,cujo
trabalho de campodecorreu emNovembrode 2010.As análises realizadas respeitamum
níveldeconfiançade95% (α=0,05) tendosidousadoo testedoQui‐Quadrado,umavez
que se evidenciou como o mais adequado e potente. Quando os pressupostos do Qui‐
Quadradonãoforamverificadosrecorreu‐seaousodoTesteExactodeFisher.
No que respeita ao perfil socioeconómico dos assinantes de TV paga, os dados
indicamqueasvariáveissexoeTVporassinaturanãosão independentes,verificando‐sea
existência de diferenças estatisticamente significativas entre géneromasculino e feminino
quantoàpossedeTVpaga(χ2(1)=0,185,p=0,667,n=1.198;α=0,05).Osdadosindicam
queexisteumapercentagemmaiordeparticipantesdosexofemininoquetêmTVpagaem
casa, quando comparado com os participantes do sexomasculino. Encontramos também
uma diferença estatisticamente significativa entre a idade e a TV paga, indicando que os
participantesmaisvelhossãomenospropensosaterTVpaganassuasprópriascasas(χ2(5)
=73,879,p<0,001,n=1198;α=0,05).Verificou‐seaindaumacorrelaçãonegativarazoável
esignificativaentreaidadeepossedeTVporassinatura(P=‐0,25,p<0,001).
Tabela2:TVpagaeTVemsinalabertovs.idade(ADOPT‐DTV,Novembrode2010)
Amostratotal%
TVpaga%
TVemsinalaberto%
18‐24anos 12 14.2 7.2
25‐34anos 21 24 17.5
35‐44anos 19.1 20.8 17
45‐54anos 18.2 19.2 16.6
55‐64anos 13.3 11.3 15.8
+65anos 16.4 8.2 23
27
EmrelaçãoaostatusdosparticipantescomTVpaga,foiencontradaumacorrelação
positiva (V = 0,244; p <0,001) e diferenças estatisticamente significativas. Estes dados
indicam que os participantes com um nível de status mais elevado (A, B) têm maior
probabilidadedeterTVpagaemcasadoqueindivíduosnosgruposmenosfavorecidos(D,
E),estandoconsideravelmenteabaixodamédianasubscriçãodeserviçosdeTVpaga(χ2(4)
=71,093;p<0,001;n=1.198;α=0,05).
Tabela3:TVpagaeTVemsinalabertovs.Status(ADOPT‐DTV,Novembrode2010)
Amostratotal%
TVpaga%
TVemsinalaberto%
A 2.7 4 0.7
B 13.9 19 8.5
C 19.6 24 14.9
D 48.8 40 59.1
E 15 13 16.8
Em relação às pessoas com necessidades especiais, nomeadamente aos indivíduos com
deficiênciasvisuais,auditivasedemobilidade,maisumavezencontramosumacorrelação
positivaentreadeficiênciaeapossedeTVemsinalaberto.Osresultadosindicamaindaa
existênciadediferençassignificativasentreessasvariáveis, revelandoqueosparticipantes
com deficiência auditiva, visual ou de mobilidade são mais propensos a ter TV em sinal
abertonassuascasas(deficiênciavisualχ2(4)=21,422,p<0,001,n=1.198;α=0,05;V=
0,134,p<0,001;deficiênciaauditivaχ2(4)=42,303,p<0,001,n=1.198;α=0,05;V=0,188,
p<0,001;mobilidadereduzidaχ2(4)=66,131;p<0,001,n=1.198;V=0,235,p<0,001;α=
0,05).
Tabela4:TVpagaeTVemsinalabertovs.Deficiênciasvisuais(ADOPT‐DTV,2011)
Dificuldadesemver Amostratotal%
TVpaga%
TVemsinalaberto%
Nenhuma 62.3 68.8 56
Umpouco 13.9 12.7 15.5
Alguma 18 14.8 22.1
Muita 5.1 4.1 6.4
Nãovejo 0.1 0.2 0
28
Tabela5:TVpagaeTVemsinalabertovs.Deficiênciasauditivas(ADOPT‐DTV,2011)Dificuldadesemouvir Amostratotal
%
TVpaga
%
TVemsinalaberto
%
Nenhuma 80 86.7 71.8
Umpouco 9.4 6.4 13
Alguma 8.5 5.8 11.8
Muita 1.9 0.9 3.1
Nãoouço 0.2 0.3 0.2
Tabela6:TVpagaeTVemsinalabertovs.Deficiênciasmotoras(ADOPT‐DTV,2011)
Dificuldadesemandar Amostratotal
%
TVpaga
%
TVemsinalaberto
%
Nenhuma 77.1 85.5 67
Umpouco 10 7.6 12.9
Alguma 8.8 5.6 12.7
Muita 3.7 1.1 6.8
Nãoando 0.3 0.2 0.6
Emresumo,combasenosresultadosdoprimeiro inquéritoquantitativoaplicadoa
umaamostra representativadapopulaçãoPortuguesanoâmbitodoprojectoADOPT‐DTV,
podemosafirmarqueosindivíduoscomTVpagaemPortugalsãosobretudojovensadultos
e adultos de meia idade,mais propensos a ter níveis mais elevados de educação e a
pertenceragruposdestatusmaisalto(A/B/C)7emenospropensosateralgumtipode
deficiência (visual,auditivaoudemobilidade).Poroutro lado,os indivíduossemTVpaga
emPortugalsãomaispropensosaterumaidadeelevada,atermaisde55anosdeidade,
apossuirbaixosníveisdehabilitaçõesacadémicaseumbaixostatus(D/E)e,finalmente,
apossuiralgumníveldedeficiência(auditiva,visualoudemobilidade)8.
7OstatusédeterminadopelaempresadeestudosdemercadoGfKcombasenoníveldeescolaridadeenaocupaçãodorespondente:maisdetalhesnosanexosaesterelatório.
8Maisdetalhessobreestetópiconoartigo:Quico,Célia;Damásio,Manuel José;Henriques,Sara&Veríssimo,Iolanda (2011). “Perfis de adopters de TV digital no contexto do processo de transição da televisão analógicaterrestreparaatelevisãodigitalterrestreemPortugal”.InProc.ofSOPCOM2011.UniversidadedoPorto,Porto/Portugal.15‐17Dezembro2011.
29
2.TipodeacessoaTVemsinalaberto
‐Verifica‐sequearecepçãodeTVanalógicaterrestresemantémcomolargamente
dominante junto dos Portugueses sem TV paga, sendo o acesso à TDT pouco
expressivo,estimando‐seque35%dapopulaçãodePortugalContinentalpossaser
afectadacomodesligamentodosinal.
NoúltimoinquéritosobreTVdigitalrealizadoemSetembrode2011,dos460inquiridosque
responderam negativamente à questão “tem TV paga” (total inquiridos com TV =1.202),
92.4% afirmaram receber TV analógica através da antena tradicional (n=425) e 3%
indicaramterTDT (n=14),enquantoque2.6%referiramreceberTVgratuitamenteatravés
de parabólica e 2.6% não sabem ou não responderam a esta questão. De notar que no
inquérito anterior, realizado em Novembro de 2010, do conjunto de inquiridos que
indicaramnãoterTVpaga,96.7%afirmaramterTVanalógicaterrestre,enquantoque1.8%
afirmaram receber o sinal de TV por umaparabólica e 1.1% afirmaram receber TDT, com
0.7% a optarem por não responder e 0.2% dos inquiridos a identificarem outro tipo de
acesso.Destemodo, verificou‐seuma ligeira subidadapercentagemdosqueafirmam ter
TDT,quepassoude1.1%para3%dosinquiridossemTVpaga.
Tabela7:Tipodeacessoàtelevisãogratuitanoagregadofamiliar(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)
Novembro2010(n=543)
%
Setembro2011(n=460)
%
Antenatradicional(analógica,semTVporsubscrição)
96.7 92.4
TelevisãodigitalTerrestre(TDT= 1.1 3
Porsatélite/comparabólica(gratuita) 1.8 2.6
Outrotipodeacesso 0.2 0.2
Nãosabe/nãoresponde 0.7 2.6
(nota:haviaapossibilidadedeescolhermaisdoqueumaopção)
No estudo etnográfico, realizado junto de 30 famílias das 3 zonas‐piloto do
desligamentodaemissãoanalógicaterrestredetelevisão,5das famíliasentrevistadasnão
eramassinantesdeserviçosdetelevisão(famílias5,8,9,17e23).Jánocasodoestudode
usabilidade,dos20participantesquecolaboraramnaavaliaçãodosequipamentosdeTDT,4
nãoeramsubscritoresdeumserviçodeTVpaga.
30
3.ConhecimentosobreaTVdigitaleTDT
‐Estima‐sequeamaioriadosPortuguesesjátenhaouvidofalaremTVdigitaleem
TDT, mas que na maior parte dos casos tenham dificuldades em definir ou
caracterizarestastecnologias.
Emrelaçãoà familiaridadecomos termoseexpressões‐chaveassociadasàTVdigital ,em
primeiro lugar, 78.2% dos participantes no inquérito realizado em Setembro de 2011
conhecemoujáouviramfalardeTVdigital.Numsegundoinquéritonoâmbitodoprojecto
ADOPT‐DTV realizado em Janeiro de 2011 e divulgado em Março, 75.5% responderam
afirmativamenteaestaquestão,peloqueseverificaumligeiroacréscimonesteindicador.
Já sobre o termo “televisão digital terrestre”, em Janeiro de 2011, 46.1% dos
inquiridos afirmaram já ter ouvido falar desta plataforma de distribuição de sinal de TV
digital,enquantoquenoinquéritodeSetembrode2011,72%dosinquiridosresponderam
já ter ouvido falar de TDT, o que representa uma subida assinalável num intervalo de 8
meses. Ainda de referir que 14.3% dos inquiridos responderam conhecer a expressão
“switchover digital” neste último estudo, enquanto que em Janeiro de 2011, 11%
responderamjáterouvidofalardestaexpressão.
Tabela8:ConhecimentodeexpressõesassociadasàTVdigital(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)
Janeiro2011(n=1198)
%
Setembro2011(n=1202)
%
Sim,jáouvifalarde... Sim,jáouvifalarde...
TVDigital 75.5 78.2
TVdealtadefinição(HD 69.4 69.8
Switchoverdigital 11 14.3
TelevisãoDigitalTerrestre(TDT) 46.1 72
BOX/Caixadescodificadora(STB) 61.8 70.6
O estudo etnográfico é esclarecedor quanto à diferença entre já ter ouvido falar
sobre TV digital e saber definir ou caracterizar TV digital. Assim, verifica‐se um
desconhecimentogeneralizado sobreas característicasdaTVdigital: das 30 famílias que
integraram o estudo, em 26 famílias pelo menos um dos seus membros afirmou já ter
ouvidofalarnotema,masapenas3participantesdototalde63entrevistadosnesteestudo
31
foramcapazesdeexplicarnoqueconsisteestetipodetransmissãodesinaldetelevisãoede
dadosequaisdassuascaracterísticas.
Nestasfamíliasemquepelomenosumdosseuselementosafirmouterouvidofalar
em televisão digital, esta informação chegou através dos media nacionais ou locais, de
familiares ou de amigos, de técnicos especializados, ou das empresas operadoras de
televisão, via telefone.«Eu ouvi na televisão, até parece que ia ser a partir de Janeiro ou
qualquercoisa,masnãoseibem...»,apontaSofia,alenquerensede37anos.«Jáouvifalar,
atravésdosenhordastelevisões,onossotécnico.Elejátinhaditoquequalquerdia…Edisse
queAlenquereraumadaszonasdeexperiência‐piloto»,contaCarla,de65anos,depoisde
explicar que, quando comprou a sua última televisão, lhe disseram que esta já estava
equipadacom«nãoseioquêparaaeradigital».«Fuiabordadopelotelefone,pormaisde
uma vez (…) Falaram em televisão digital, diziam que iam aplicar um equipamento para
poderfazeratransformaçãonocasodostelevisoresquejáexistem,porqueosfuturosvêmjá
preparados», refere Manuel, de 71 anos, sublinhando que é pelo telefone, através das
empresas, que normalmente lhe chegam as primeiras informações sobre equipamentos
tecnológicos.
Apesar de, aparentemente, as pessoas se demonstrarem familiarizadas com o
termo, as ideias sobre televisão digital parecem ser vagas em 21 das 26 famílias que
afirmaram já ter ouvido falar no tema, chegando alguns indivíduos a relacionar televisão
digitalcomaspectosaindadistantesdarealidade.«OqueeuentendicomoTVDigitaléque
sãoaquelastelevisõesemqueagentenãoprecisadeter,porexemplo,umcomandopara
ligaredesligar»,sugereAdelaide,de37anos.«Agorajánãohácomandos,jánãohánada.É
tudo pelo ecrã,muito fininho», explica Luísa, apostando namesma ideia, de que digital é
sinónimode ”touch”.Na verdade, apesar demais de40 indivíduos, de26 famílias, terem
assumidoconhecerotermo“televisãodigital”,muitopoucossouberamdefini‐la,sendoas
expressõesmaisrecorrentes:«jáouvifalarnatelevisãodigital,masmuitosinceramentenão
tenhobemumaideiadoqueé…»(Sónia,35anos);«Ouvirfalarjáouvi,masnãoestouassim
muitopordentro…»(Isabel,73anos);«Jáouvifalar.Mas,nofundo,nãoseimesmooqueé
que sepassa» (Adelaide, 37anos);«Euouvi falar,masnão liguei nenhuma» (Américo, 77
anos).
Por outro lado, quase não se ouviram definições precisas de televisão digital,
destacando‐se apenas três respostas mais concretas: «A ideia que eu tenho é que é um
formato diferente, que tem a capacidade de transportar muito mais informação. O que
permiteumasériedefuncionalidades.Noimediato,umamelhorqualidadedeimagemede
32
som.EdepoisumasériedefuncionalidadesqueaTVnormalnãopermite»,explicouCarlos,
de37anos;«Édiferente,vaiserumatelevisãocommaisqualidade…Éoquedizem…Mais
qualidadedeemissão»,definiuJorge,de64anos;«Fala‐semuitonatelevisãodigital.Queé
um sistema de transmissão de televisão diferente daquele actualmente está em uso. Os
pormenores técnicos, não sei. A ideia que eu tenho é que é uma coisa nova, que vai ser
aplicadaemPortugal,masnãosónatelevisão.Noutrossistemasdecomunicaçãotambém»,
considerouManuel,de71anos9.
4.VantagensedesvantagensassociadasàTVdigital
‐A reduzidapercepçãodasvantagensedesvantagensassociadasàTVdigitaléa
situação mais comum verificada, sendo o custo identificado como a principal
desvantagem e a melhoria da qualidade de imagem e som percebida como a
principalvantagem.
Noestudoetnográfico realizado juntode30 famíliasdas zonas‐pilotododesligamento foi
perceptívelahesitaçãodosindivíduosaofalardasvantagensedesvantagensdatelevisão
digital.Aindaassim,avantagemmaismencionadafoiamelhorqualidadedeimagemesom,
seguidadaaltadefiniçãoedo3D.AdesvantagemmaisapontadafoiocustoqueaTVdigital
implica.
Entre as 26 famílias em que pelo menos um dos seus elementos admitiu já ter
ouvidofalaremTVdigital,umoumaisdosrespectivoselementosde15famíliasafirmaram
nãosaberquaissãoosseusbenefícioseem11famíliaspelomenosumdosseusmembros
disseram não conhecer quais as desvantagens. Depois do maioritário “não sei” (por 15
famílias),avantagemmaismencionadafoiamelhoriadaqualidadede imagemedosom
(por6famílias).Seguidamente,em2famílias,apossibilidadedetrazeraaltadefiniçãoouo
3D para as salas de estar são vantagens reconhecidas, tal como a possibilidade de haver
mais canais (2 famílias), mais serviços e funcionalidades (2 famílias). A diversificação dos
conteúdos, a redução das falhas técnicas e a evolução tecnológica foram outras das
vantagensmencionadaspelosentrevistados.
9Maisdetalhessobreestetópiconorelatório:Veríssimo,Iolanda;Henriques,Sara&Quico,Célia(2011)“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”.
33
Há,poroutrolado,quemnãoencontrequalquervantagemnatelevisãodigital.No
Cacém, Ana, de 34 anos, considera que as vantagens da televisão digital são«coisas que
mulheres não reparam». Em casa dos Baptista, por exemplo, a mãe, Sofia, de 37 anos,
admitequenãovênenhumavantagemnaTVdigital,aoqueafilhamaisnova,Filipa,de10
anos,responde:«Ohmãe,euvejovantagens.Imaginequedecidedarojantarnumaaltura
que está a dar um programa importante, eu possometer na pausa e assim não perco o
programa...».
Apesarde11famíliasreferiremquenãosabemosuficientesobreaTVdigitalpara
apontar as suas desvantagens, os custos são o primeiro “senão” de quem se atreve a
sugerir os inconvenientes deste tipo de transmissão. «As desvantagens são para a
carteira!», exclama Jacinto,de32anos.«Émaisumacoisaparaagentegastardinheiro»,
completa Sandra, de 34 anos. «É conforme o custo dela…», aponta Laura, de 70 anos,
virando‐separaoirmãoquedizaindanãoconhecerasdesvantagensdaTVdigital,pornão
ter informação suficiente sobre o assunto. Depois, a obrigatoriedade da adesão, a
necessidade de adaptar os equipamentos e a necessidade de haver dois comandos são
desvantagens mencionadas pelas famílias. Clara, de 67 anos, habitante de Alenquer,
consideraqueofactodenãohavernenhumavantagemevidentenamudança,masapenasa
obrigaçãodemudar,éamaiordasdesvantagens:«Nãohámotivação…».
ÉdesalientarqueasvantagensdaTVdigitalmaismencionadaspelosentrevistados
nãocoincidemcomasprincipaisrazõesqueestesdizempoderlevaraaderiràTVdigital.
Neste caso, o aumento da grelha de canais e a existência de pacotes vantajosos são as
razõesmaismencionadas,emvezdamelhoriadaqualidadedeimagem,daaltadefiniçãoe
do3D10.A títulodeexemplo, a existênciadepacotes vantajosos foi a segundamotivação
maiscitadapelosentrevistadosquandofalavamnasrazõesparaaderiràTVdigital.Nocaso
deSandra,opacotequeenglobavatelefonefixo,televisãoeinternetficavamaisemcontae
proporcionava‐lhemaiscomodidadeparafalarcomafilha,quevivecomopaibiológico:«A
gentetevequepôrMEOporqueeuassimfalomaisvezescomaminhafilha.Porqueseeu
nãotivessetelefoneemcasa,tinhaqueiraumacabinetelefonaratéàs20h30.Eassimcom
telefoneemcasa,atéàsdezdanoiteeupossotelefonar‐lhe.Éumacoisaboaqueeutenho».
10Maisdetalhessobreestetópiconorelatório:Veríssimo,Iolanda;Henriques,Sara&Quico,Célia(2011)“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”.
34
5.ConhecimentosobreodesligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestre
‐ Estima‐se que a maioria da população Portuguesa desconheça qual a data
previstadodesligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestre,a3mesesdoinício
doswitch‐off.
NoúltimoinquéritosobreTVdigitalrealizadoemSetembrode2011,59%dosparticipantes
revelaramdesconheceroanododesligamentodaemissãodaTVanalógicaterrestre,com
41%dosinquiridosaidentificarcorrectamente2012,5.2%aindicaremoanode2011,0.7%
areferiremseroanode2013e0.2%aindicaremoutroano,enquantoque52.7%detodos
osinquiridosafirmaramnãosaberqualoanodo“apagão”11
Desublinharquedos460inquiridosquenãopossuemTVpaga,62%desconhecem
queem2012estáprevistoodesligamentodosinaldeTVanalógicaterrestre.Assim,56.5%
deste inquiridos responderam não saber para que ano está previsto o “apagão” da TV
analógica terrestre, 4.3% indicaram o ano de 2011, 38% apontaram correctamente 2012,
0.9%referiramseroanode2013,enquantoque0.2%indicaramoutroano.
Tabela9:Conhecimentodoanodoswitchover(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)
Janeiro2011(n=1198;todososinquiridoscomTV)
%
Setembro2011(n=1202;todososinquiridoscomTV)
%
Setembro2011(n=460;inquiridossem
TVpaga)%
Nãosei 85.4 52.7 56.5
Sim,para2011 6.1 5.2 4.3
Sim,para2012 7.8 41 38
Sim,para2013 0.7 0.7 0.9
Sim,outroano 0% 0.2% 0.2%
EmrelaçãoaosresultadosapuradosnoinquéritodeNovembrode2010,regista‐se
um aumento substancial da percentagem de inquiridos que indicou correctamente 2012
comoo anododesligamentodo sinal analógico de televisão: no primeiro estudodo ano,
apenas 7.8% dos participantes identificaram correctamente 2012 como o ano do
desligamento, enquanto 85.4% dos inquiridos afirmaram não saber quando tal vai
11Nota:emintroduçãoaestaquestão,osinquiridosforaminformadospelosentrevistadoresqueo“switchoverdigital”éonomedadoaoprocessoemqueatransmissãotelevisivaanalógicaéconvertidaemtransmissãodigitaleque,casonãoadapteotelevisoresenãotiverTVporsubscrição,talsignificaquevaideixardereceberaRTP,SICeTVI.
35
acontecer,6,1%indicaramoanode2011comoadatadodesligamentoe0.7%apontaramo
anode2013.Neste inquérito,osparticipantesentre35e44anosforamosquerevelaram
sermelhor informadossobreoanodoswitch‐off, com13,1%respondendocorrectamente
queseriaem2012.Desublinharqueogrupodosindivíduoscommaisde65anosfoioque
revelouterummaiorníveldedesconhecimentodestadata:assim,95,5%destesinquiridos
afirmaram não saber quando ocorrerá este processo de transição, enquanto que apenas
1,1% identificou correctamenteoanododesligamento,umapercentagembemabaixodo
7,8%da amostra global.No total, 98,9%dos indivíduos com65 anosoumais não sabiam
quandoocorreráoswitch‐offdaTVanalógicaterrestre.
Estamesmaquestãofoicolocadaaosparticipantesdoestudoetnográficoeentreas
30famíliasentrevistadas,em15famíliashaviaoconhecimentodequeosinalanalógicode
televisão terrestre ia ser desligado e nas outras 15 famílias tal era desconhecido. Na
verdade,entreas15famíliasapardodesligamentohouve3casosemquealgunselementos
sabiamdoswitch‐offeoutrosnãoestavaminformados.EmcasadosRosário,porexemplo,
podia notar‐se que Carlos, o pai, de 37 anos, estava muito mais a par das novidades
tecnológicas do que qualquer outromembro da família. Apesar de a esposa e os sogros
também terem afirmado conhecer o switch‐off, foi Carlos o único que imediatamente
utilizou a palavra “apagão” para responder e demonstrou estarmais oumenos a par da
data‐limiteparaodesligamento.Damesmaforma,nafamíliaMatos,Manuel,de70anos,já
sabia queo desligamentodo sinal analógicode TV ia acontecer, enquanto a esposadisse
queasituaçãolhe«passouaolado».
Aindanesteâmbito,verificou‐sequeosindivíduosquejáouviramfalarnoswitch‐
off têm dificuldades em explicar o processo e em apontar uma data‐limite para o
desligamento da emissão de TV analógica terrestre. Apesar de alguns entrevistados já
terem ouvido, de facto, falar no “apagão” analógico, 14 famílias não sabiam qual a data‐
limite para se concretizar o processo. Assim, na altura de perguntar a data em que as
emissões analógicas iriam ser descontinuadas, ouviram‐se respostas como: «não»; «não
façoamínima ideia»;«nãoseinadadoquenosespera».Quantoaosprocedimentosater
nessaaltura,comojáfoimencionado,algumasfamíliasafirmaramsaberdanecessidadede
se comprar «um aparelho» (6 famílias). Algumas até sabiam o preço médio deste
equipamento(2famílias),masnamaioriadoslares(18famílias)subsistemasdúvidassobre
quemseráafectadoecomodeveráproceder.
A título de exemplo, temos o caso de Catarina de 73 anos e reformada, que não
estavaapardodesligamentoenãofaziaideiadarespectivadata‐limite,masdepoisdeser
36
esclarecida, sugeriu que esta será uma transição«paramelhor». Ainda assim, considerou
queestaéumamudança«paraquempode».Questionadasobreovalorqueestariadisposta
a pagar para continuar a ter TV em casa, Catarina respondeu que não poderia ser «algo
muitoelevado».Maisdoqueumavez,a idosareforçoua ideia:«Maseuvouficarmesmo
sem televisão?OhmeuDeus… Isto é aminha companhia!».Caso semelhante é de Joana,
quetem71anos,éviúvaevivesozinha,recebendodeigualmodoapenasoscanaisemsinal
aberto. Joanaestá reformadae vai fazendoalguns trabalhosde costuraemcasa, sendoa
televisãoéasuaprincipalcompanhia.Porisso,lamentaofactodeoecrãestarsemprecheio
de interferências.«Tenho saudades de ver televisão. Vou a casa de outras pessoas e vejo
televisãocomumaqualidadequeeunãotenho.Esintosaudadesrealmente.Estatelevisão
estácheiadeinterferênciasesótenhoo3eo4.Enemsempre».Joanaexplicaquegostava
que alguém a ajudasse a ter um melhor sinal de televisão, mas garante que não tem
condiçõesparaassinarumserviçodetelevisãopaga.Háunsanos,atéanulouoserviçode
telefone fixoparabaixaras contas.Por isso,a televisãopor cabooupor satélite seriaum
luxo.«Nãopossoestarapagar,porqueémaisumarenda…Eumandeitirarotelefonepara
nãoacrescermaisessadespesa.OrasevouparaistodaTVCabooucoisaassim,apoucoe
poucovaiaumentandoeapessoachegaapontosemquenãodá».
Apesardenãoconheceremotermotécnicoquedenominaodesligamentodosinal
analógico,SaraeMarianãoencaramainformaçãosobreoswitch‐offcomoumanovidadee,
peranteapossibilidadedeadquiriremTVdigitalemcasanospróximos12meses,Saradiz:
«Se a partir deMaio for (o switch‐off), tem que ser, para vermos televisão». No entanto,
nem Sara nem Maria sabem o que têm que fazer para continuarem a ter os 4 canais
gratuitos de TV em casa. «Omeu filho sóme disse isso. Também, até lá…», afirma Sara.
DepoisdefeitoumesclarecimentosobreoscustosdatransiçãoparaaTDTequestionadas
sobreseconseguirãosuportarocustododescodificadorparacontinuarematerTV,Sarae
Mariaexclamam:«Temqueser!Ficarsemtelevisãonãovamosficar».
Apesardenãoprecisaremdesepreocuparemadaptarasuatelevisãoparareceber
aTVDigital–vistojáteremtelevisãoporsubscrição–tantoManuelcomoJúliatemempela
situaçãodosseusfamiliaresmaispróximos,quenãotêmTVdigitalemtodasastelevisões.
Manuel considera que a sua mãe não quererá comprar um descodificador ou outra
televisão.«Aminhamãejátem78anos,recebeumareformadecentoetaleuros.Comoé
queelapode?».
37
6.ConhecimentodoquedeveserfeitoparacontinuaraterTVemsinalaberto
‐ Verifica‐se um baixo nível de conhecimento sobre as questões práticas
relacionadascomarecepçãodeTDT,sobretudonocasodosPortuguesessemTV
pagaemcasa.
NoúltimoinquéritodaresponsabilidadedaUniversidadeLusófonasobreTVdigitalrealizado
emSetembrode2011,38.6%detodososparticipantesafirmaramqueasuatelevisãoactual
écompatívelcomosinaldeTDT,28.4%responderamnãosercompatívele33%nãosabem
ounãorespondemaestaquestão.DenotarquenocasodosinquiridossemTVpaga,43.9%
afirmaram que o seu televisor não é compatível com a TDT e 41.5% responderam não
saber, enquanto que 14.6% indicaram que é compatível. Já no inquérito realizado em
Janeirode2011,30.1%responderamqueasuatelevisãoactualeracompatívelcomosinale
TDT,14.2%afirmaramnãosercompatívele55.8%nãosabiamounão reponderamaesta
questão.
Tabela10: Sabe sea sua televisãoactual é compatível, istoé, sepode recebero sinaldaTelevisão
DigitalTerrestre(TDT)?(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)
Janeiro2011(n=1198;todososinquiridoscomTV)
Setembro2011(n=1202;todososinquiridoscomTV)
Setembro2011(n=460;inquiridossemTVpaga)
Sim,écompatível 30.1% 38.6% 14.6%
Não,nãoécompatível 14.2% 28.4% 43.9%
Nãoseiseécompatível 55.8% 33% 41.5%
Ainda,perguntou‐seaestes460participantessemTVpagasesabemoquetêmde
fazerparapoder receberaTDTemsua casa (P.12):55.4% responderamnão saberoque
fazerparaterTDT,contra44.6%derespostasafirmativas.Emrelaçãoaosdadosapurados
emJaneirode2011edivulgadosemMarço,84.1%dos inquiridossemTVpagaafirmaram
desconhecer o que deviam fazer para receber televisão digital terrestre. Deste modo,
verifica‐seumdecréscimosignificativodapercentagemdepessoasquenãosabeoquefazer
para ter TDT, mas ainda assim 55.4% é um valor que pode ser considerado como
preocupante,atendendoaqueàdatadotrabalhodecampodoinquéritofaltavamcercade
3mesesparaaprimeira fasedodesligamentodosinalanalógicodeTV‐quevaiafectara
maioriadapopulaçãoPortuguesa.
38
Tabela11:SabeoquetemdefazerparareceberTDTemsuacasa?(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)
Janeiro2011(n=1198;todososinquiridoscomTV)
%
Setembro2011(n=1202;todososinquiridoscomTV)
%
Setembro2011(n=460;inquiridossem
TVpaga)%
Sim 23.8 53.3 44.6
Não 76.2 46.6 55.4
Sobre se a respectiva zona de residência tem cobertura de TDT, 70.4% dos
participantes no inquérito semTVpaga responderamnão saber se podem receber TDT,
18.7%afirmaramqueasuazonaderesidêncianãoestácobertae10.9%responderamque
estãocobertosporestatecnologiadedistribuiçãodesinaldetelevisão.
Tabela12:SabeseasuazonaderesidênciajátemcoberturaTDT?(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)
Janeiro2011(n=1198;todososinquiridoscomTV)
%
Setembro2011(n=1202;todososinquiridoscomTV)
%
Setembro2011(n=460;inquiridossem
TVpaga)%
Sim,temcobertura 20.3 23.5 10.9
Não,nãotemcobertura
10.9 18.5% 18.7
Nãoseisetemcobertura
68.9 58.1 70.4
Mais concretamente, no inquérito de Setembro de 2011 os participantes sem TV
paga foram questionados sobre quais os procedimentos que consideram ser necessários
parareceberaTDTemcasa,aoque44.6%responderamnãosaberseénecessárioadaptar
antenae17.8%referemserumprocedimentonecessário,38.9%indicaramnãosaberseé
necessárioterumacaixadescodificadorae55.2%respondemquetalénecessárioe37.2%
dosinquiridosafirmaramnãosaberseénecessáriocomprarumtelevisornovo,enquanto
que38.5%responderamsernecessário.
No estudo etnográfico, alguns dos participantes sabem que as famílias terão que
investirnacompradeumequipamento,apesarderegrageraldesconheceremoscustosese
39
serãoafectados.Atítuloeexemplo,Sónia‐mãededuascrianças,de5e7anos‐afirmou
queasuafamílianãosaberácomoprocedercasosevejaconfrontadacomanecessidadede
adaptarasduastelevisõesparareceberTVdigital.JáVerónica,professoradedança,de22
anos,contaquesoubedo“apagão”numaconversacomacunhada,queviveemEspanha,e
que lhe explicou queo país vizinho já tinha feito a transição. Apesar deVerónica não ter
ficadomuitoesclarecidasobreotema,percebeuqueiriahaverumamudança:«Naconversa
comaminhacunhadaapercebi‐me,massinceramenteeunãoligueimuito.Acheiestranho…
Pensei“AiagoraTVdigital, tambémagora fazemtudo.Nãomedigamquemevãotiraro
comando”.Foiaprimeiracoisaqueeudisse(risos)».ArespostadeVerónicanãofoiaúnica
deste género, a reflectir um pouco a persistência de dúvidas nas famílias em relação aos
pormenoresda transição.Porexemplo,Margarida,mulher‐a‐diasde69anos, recordaque
hádoisanos,quandocomprouasuamaisrecentetelevisão,otécnicoqueaauxilioufalou‐
lhenodesligamentoequeteriadeadquirirumaparelhoparacontinuaratertelevisãooude
investirnumatelevisãomoderna.Porém,asideiassobreoapagãopermaneceramconfusas
paraanazarena.«Euperguntei‐lhe:“Então,massevai‐seemboratudoeoqueéqueagente
fazàsnossastelevisões?”.Eeledisse‐mequeeutinhaquecomprarumaparelhonãoseio
quê. Ele até me disse que a gente depois tinha que ter plasmas e mais não sei o quê»,
recorda.
ParaAna,de34anos,odesligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestretambém
não é uma novidade. A jovemmãe foi, aliás, uma das entrevistadas que demonstrou ter
maisconhecimentossobreodesligamento,jáqueoseuempregoimplicaestaraocorrente
dasnotíciassobretelevisão.«Jásabia.Dia12deAbril...Não,emAbrilde2012.Odiaacho
que ainda não está decidido (…) Ou compram uma caixa, que faz a conversão, para a
televisãoantiga,outêmquecomprarumatelevisãonova.Atéseiopreçodessacaixa:varia
entreos50eos250euros»,conta.NocafédafamíliaSimões,emAlenquer,outraAna,de33
anos,tambémafirmouconhecervagamenteoprocessodatransiçãodatelevisãoanalógica
paraodigital,explicandoque,atravésdasconversasnocafé,percebeuqueumamudançase
avizinhava. «Ouvi dizer que estava‐se a pensar retirar todo o tipo de ecrãs domercado…
Aliás,nãoétodootipodeecrãs,massimosecrãsmaisantigos,parafazerumainstalação
de TV digital. Mas só ouvi assim isto muito vagamente. Também, na altura, não me
despertou interesse porque estava ocupada e passou. Não falei sobre o assunto com
ninguém.Nãoseicomoéqueesseprocessopoderáserfeito,nãoseiquecustoséquepoderá
ter, não sei se posso tirar alguma vantagem ou não daí». À questão «Acha que vai ser
40
afectadaporesseprocesso?»,Ana respondeunãosaber,acrescentandoque«dependeda
obrigatoriedadedascoisas»eadmitindoquenãofazideiadadatalimiteparaoprocesso.
Ainda, verifica‐se que as fontes mais citadas pelos entrevistados quando lhes
perguntam como souberam do desligamento são o “boca‐a‐boca”, osmedia nacionais e
locais, bem como as operadoras de telecomunicações, via telefone. Neste estudo
etnográficofoitambémperceptívelque,quandoasfamíliasnãosabemcomoresolverum
problema comumdado equipamento tecnológico, recorremmaioritariamente a amigos
oufamiliares.Aspessoascommaisde50anostendemapedir“aosmaisnovos”ajudapara
lidar com os aparelhos, sejam telemóveis, computadores ou uma televisão. Porém, regra
geral,osassuntosligadosàtelevisãosãoresolvidosportécnicosespecializados12.
7.IntençãodeaquisiçãodeequipamentosouserviçosdeacessoaTVdigitaleTDT
‐Estima‐sequepertodemetadedosPortuguesessemTVpagaestejamindecisos
quantoàobtençãodeequipamentosouserviçosdeTVdigital,a3mesesdoinício
previstododesligamentodaemissãodeTVanalógicaterrestre.
Começandopormencionarosúltimosdadosrecolhidos,relativosaoinquéritorealizadoem
Setembrode2011, aos425participantesque responderamnão ter TVpagae receberTV
analógicatradicional(35.3%daamostratotaldeparticipantescomTVemcasa),perguntou‐
seseestãoaponderaradquirirousubscreverequipamentoseserviçosderecepçãodeTV
digitalnospróximos12meses13.Assim,16.2%dosinquiridossemTVpagapensamcomprar
um novo televisor, que tenha TDT integrada, 24.2% ponderam comprar uma caixa
descodificadora de TDT, 6.8% têm a intenção de subscrever um serviço de TV por cabo,
0.2%projectamsubscreverumserviçodeTVporfibra‐óptica,0.5%planeiamsubscreverum
serviço de TV por satélite e nenhum dos inquiridos identificou a opção “IPTV ou ADSL”.
Ainda, 11.3% afirmaram não ter intenção de aquisição de equipamentos e serviços de
recepção de TV digital (representam 4% da amostra total do inquérito) e
46.4%nãosabemounãoresponderamaestaquestão.
12Maisdetalhessobreestetópiconorelatório:Veríssimo,Iolanda;Henriques,Sara&Quico,Célia(2011)“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”.13Nota:nodecorrerdoinquéritofoiexplicadoaosparticipantesoqueéaTVdigitaleaTDT,bemcomoqueaTDTvemsubstituirasactuaisemissõesanalógicasequeparaterTDTseránecessáriocomprarumacaixadescodificadoraoucomprarumtelevisorjápreparadoparareceberTDT.
41
EmcomparaçãocomosdadosapuradosemNovembrode2010,os525 inquiridos
sem TV paga e com recepção de TV analógica por antena tradicional responderam do
seguintemodo:7.8%previamoptarpelaaquisiçãodeumtelevisorcomTDT integrada,8%
manifestaram estar inclinados para comprar uma caixa descodificadora de TDT, 5.8%
ponderavamoptarpelasubscriçãodeTVporcabo,1.3%consideraramapossibilidadedeter
TVporfibraóptica,0.4%ponderavamaopçãoTVsatélite,nenhumdosinquiridosidentificou
a opção “IPTV ou ADSL”, 34.1% dos inquiridos afirmaram não ter intenção de adquirir
nenhumdosprincipaisequipamentose/ouserviçosdeTVdigital,45.5%nãosabemounão
responderam se têm intenção de adquirir equipamentos e/ou serviços de TV digital nos
próximos12meses.
Tabela 13: Intenção de adquirir equipamentos ou serviços de TV digital nos próximos 12 meses
(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,2011)(inquiridossemTVpagaecomrecepçãodeTVanalogicalterrestre)
Novembro2010(n=525)
%
Setembro2011(n=425)
%
Comprarnovotelevisor,comTDTintegrada 7.8 16.2
ComprarcaixadescodificadoradeTDT 8 24.2
SubscreverserviçoTVporcabo 5.9 6.8
SubscreverserviçoTVsatélite(parabólica): 0.4 0.5
SubscreverserviçoIPTV/ADSL 0 0
SubscreverserviçoTVporfibra‐óptica 1.3 0.2
Nenhum 34.1 11.3
Nãosabe/nãoresponde 45.4 46.4
Nota:osinquiridostinhamapossibilidadedeescolhermaisdoqueumaopção
Assim, regista‐se um incremento substancial da intenção de compra caixas
descodificadorasetelevisorescomTDTintegradosporpartedosinquiridossemTVpagae
que recebem TV através analógica terrestre, que passa de 8% para 24.2% no caso dos
descodificadores e de 7.8% para 16.2% no caso dos televisores com TDT. Porém, a
percentagem destes inquiridos que não sabe ou que não responde a esta questão
manteve‐sepraticamenteigualnesteintervalode10meses:45.5%emNovembrode2010
e46.4%emSetembrode2011.Ainda,manteve‐se igualapercentagemderespondentes
42
queindicouterintençãodesubscreverumserviçodeTVpaga(TVporcabo,satélite,IPTV,
fibra‐óptica):7.5%emNovembrode2010e7.5%emSetembrode2011.
Estes mesmos 425 participantes do estudo de Setembro de 2011 foram ainda
convidados a responderquando pensam comprar um televisor ou caixa descodificadora
para ter TDT, tendo1.9%destes inquiridos afirmadoqueo fariamdaqui a 3meses, 2.8%
daquia6meses,1.2%daquia1ano,37.2%sóquandoforobrigatório,6.3%nunca,0.7%já
adquiriram, 0.2% deram outra resposta e 49.6% não sabem ou não respondem a esta
questão.No inquéritoaplicadoemNovembrode2010,dos inquiridossemTVpagaecom
recepção de TV analógica terrestre, 53.1% não sabiam ou não responderam quando
pensavam comprar um televisor ou caixa descodificadora de TDT, pelo que se regista um
ligeiro decréscimo neste indicador. Já 30.5% destes inquiridos afirmaramque o fariam só
quando fosse obrigatório, valor que aumentou no inquérito de Setembro de 2011, para
37.2%.
Tabela14:IntençãodeadquirirequipamentocompatívelcomsinaldeTDT(ADOPT‐DTVeIDTVHealth,
2011)(inquiridossemTVpagaecomrecepçãodeTVanalogicalterrestre)
Novembro2010(n=525)
%
Setembro2011(n=425)
%
Daquia1mês 0.4 0
Daquia3meses 0.2 1.9
Daquia6meses 0.6 2.8
Daquia1ano 2.1 1.2
Sóquandoforobrigatório 30.5 37.2
Nunca 12.4 6.3
Jácomprou/játem ‐ 0.7
Outra 0.8 0.2
Nãosabe/nãoresponde 53.1 49.6
Ainda, no estudo de Novembro de 2010, 12.4% afirmaram que nunca irão comprar um
televisor ou caixa descodificadora de TDT, enquanto que em Setembro de 2011 essa
percentagemdiminuiupara6.3%,oqueéumadescidasubstancial.
43
8.MotivosparaterTDT
‐Verifica‐sequeosbenefíciosassociadosàpresenteofertadeTDTtêmpoucopeso
na respectiva intenção de adopção, sendo o corte da emissão de TV analógica
terrestreapontadocomooprincipalmotivoparaterTDT.
No inquérito de Setembro de 2011, o corte da emissão de TV analógica terrestre é
identificadocomooprincipalmotivoparaterTDT,porpartede39.3%dosparticipantesno
inquérito de Setembro de 2011, ao qual se seguem os 33.2% que não sabem ou não
respondemqualomotivoparaterTDT,13.2%indicaramaqualidadedeimagemesomem
relaçãoàTVanalógica,12.5%nãoidentificaramnenhummotivoparaterTDT,3.5%porque
temTVdealtadefiniçãogratuita,0.7%apontaramoutras razõesenenhumdos inquiridos
escolheuaopção“porquetemserviçosdeinteresse,comooguiaTV”.
Tabela 15: Qual é, para si, o principal motivo para ter TDT? (ADOPT‐DTV e IDTV Health, 2011)
(inquiridossemTVpagaecomrecepçãodeTVanalogicalterrestre)
Novembro2010(n=525)
Setembro2011(n=425)
PelaqualidadedeimagemesomemrelaçãoàTVanalógica:
13.7 13.2
PorqueosinalanalógicodeTVvaiserdesligado
embreve
25.7 39.3
PorquetemTVdealtadefiniçãogratuita 1.9 3.5
Porquetemserviçosdeinteresse,comoguiaTV 0 0
Nenhum 23.6 12.5
Outrasrazões 1.3 0.7
Nãosabe/nãoresponde 36.5 33.2
No inquéritoaplicadoemNovembrode2010,quantoaoprincipalmotivopara ter
TDT,36.5%dosinquiridossemTVpagaequerecebemTVanalógicaterrestretradicionalnão
sabiamounãoresponderamaestaquestão,enquantoque25.7%dosinquiridosapontaram
o corte do sinal analógico como principal motivo para ter TDT. Ainda neste inquérito de
Novembro,23.6%destesinquiridosafirmaramnãoencontrarnenhummotivoparaterTDT,
44
tendoaqualidadedeimagemesomsidofoiapontadacomoprincipalmotivopor13.7%dos
participantese1.9%identificaramoacessogratuitoaTVdealtadefinição.
Noestudorelativoàsentrevistascomasprincipaispartesinteressadasnoprocesso
deswitchover,amelhoriadaqualidadedesomeimagemfoiidentificadocomooprincipal
argumentoparaconvencerosPortuguesesavoluntariamenteadoptaremTVdigitalpara
os16stakeholdersentrevistadosnoâmbitodesteprojectodeinvestigação,citadopor13
destes participantes. A recepção de canais em HD e em 3D foi referenciado por 7 dos
stakeholders entrevistados. Também 7 destes 16 representantes das partes interessadas
mencionaram novos serviços, funcionalidades e interactividade como um dos principais
argumentosparaaadopçãovoluntáriadeTVdigital14. Em maior detalhe, os principais
argumentosparaaadopçãovoluntáriadeTVdigitalreferidospelosstakeholdersforam:
1)Melhoriadaqualidadedeimagemesom,com13referências(ANACOM,APAP,APD,APIT,
APMP,DECO,ERC,Abreu,MediaCapital,PT,Impresa,Sonaecom,ZON);
2) Novos serviços e funcionalidades, com 7 referências (APD, APED, APMP, Abreu, PT,
Sonaecom,ZON);
‐HDe3D,com7referências(DECO,ERC,MediaCapital,Sonaecom,ZON,Abreu,RTP);
4)Maiscanaisdetelevisão,com5referências(DECO,ERC,MediaCapitalZON,RTP);
5) Switch‐off obrigatório do sinal analógico, com 4 referências (ANACOM, APAP, Impresa,
ZON);
6)5ºcanalgratuito,com3referências(APIT,Denicoli,Abreu);
7)Baixocusto,com2referências(APED,MediaCapital);
‐TDTsemvantagensousempercepçãodasvantagens,com2referências(Denicoli,DECO);
9)Acessibilidadeparapessoascomnecessidadesespeciais,com1referência(APD);
‐Libertaçãodoespectroradioeléctrico,com1referência(Abreu);
14Maisdetalhessobreestetópiconorelatório:Sequeira,Ágata,Iolanda;Henriques,Sara&Quico,Célia(2011)“ADOPT‐DTV:EntrevistascomStakeholders”.
Maisdetalhessobreestetópiconoartigo:Quico,Célia;Damásio,ManuelJosé;Henriques,Sara&Veríssimo,Iolanda(2011).“IncentivoseBarreirasàAdopçãodaTelevisãoDigitalTerrestreemPortugal:PerspectivasdosTelespectadoresedeOutrasPartesInteressadas”.InProc.ofSOPCOM2011.UniversidadedoPorto,Porto/Portugal.15‐17Dezembro2011.
45
‐RecepçãointerioremóveldeTV,com1referência(ANACOM);
‐Interoperabilidade,questõestécnicas,com1referência(MediaCapital);
‐Pacotespagoscomoutrosserviços,com1referência(MediaCapital).
Noentanto,comparandoestesdadoscomosdoinquéritoquantitativo,verificamos
que apenas 13,7% dos participantes no inquérito de Novembro de 2010 e 13.2% dos
inquiridosemSetembrode2011identificaramaqualidadedesomeimagemcomomotivo
principal para obter TV digital. Numa pergunta anterior do inquérito quantitativo de
Novembro de 2010, pediu‐se aos participantes que avaliassem a qualidade de som e
imagem do sinal de TV que recebem em casa (Q.16), de 0 (totalmente insatisfeito) a 10
(totalmente satisfeito).Apenas1,9%dos inquiridos afirmaramestar insatisfeitosoumuito
insatisfeitos (0 a 4 pontos, numa escala de 0 a 10) e 13,6% manifestaram estar
moderadamente satisfeitos (5 e 6 pontos, em 10). A vasta maioria dos participantes no
inquéritoconsideraramestarsatisfeitosoumuitosatisfeitoscomaqualidadedeimageme
som,com83,9%aavaliarcom7e10pontosaqualidadedosinalTVquerecebememcasa,
enquanto0,5%dosinquiridosoptarampornãoresponderaestapergunta.
Alémdisso,novosserviços, funcionalidadese interactividadeforammencionados
por 7 dos 16 stakeholders como um dos principais argumentos que possibilitariam a
adopção voluntária de TV digital. No entanto, em ambos os inquéritos quantitativos
nenhum dos participantes com TV analógica terrestre seleccionaram esta opção, das
diversaslistadascomomotivosparaobterTDT.
O quarto principal incentivo para adopção de TV digital motivo referido pelos
stakeholdersfoiapossibilidadedeobtermaiscanaisdetelevisão,mencionadopor5dos16
entrevistados (DECO,ERC,MediaCapital, RTPe ZON).Maisumavez comparando comos
resultados do inquérito quantitativo de Novembro de 2010, quando questionados se
queriammais canais de TV (Q.13), 86,9%dos inquiridos responderamquenãodesejavam
maiscanaisdeTV,ouseja,apenas13,1%demonstraram interesseemtermaiscanaisde
televisão.
Atítulodeexemplo,paraogrupoMediaCapital,váriosargumentossãoimportantes,
considerandoqueafalhadequalquerumdeles“podecolocaremcausaosucessodetodoo
processo”.Assim,adetentoradocanalemsinalabertoTVIenumeraaqualidadedeimagem
e som, aquantidadee tipodeprogramasemHD, custodosdescodificadores edeoutros
equipamentos, variedadedeofertade conteúdoe integração compacotesqueenglobem
outrosserviços,entreoutros.
46
Já no caso da RTP, o seu representante na entrevista – Pedro Braumman –
considerouqueemPortugal“estamosperanteumparadoxo, difícil de explicar em termos
internacionais”,ouseja,quea“ofertaprevisíveldaTDTseratéaoswitch‐off,emprincípio,
exactamenteamesmaqueaquelaqueacontecenosistemaanalógico”.Paraestedirectorda
RTP, taldificultaaadopçãoaTDTporpartedapopulaçãoportuguesa,comparandocoma
experiênciabem sucedidaemEspanha.Demodo semelhante, a associaçãodedefesados
consumidoresDECOtambémtemreservasquantoaosucessodesteprocessoemPortugal:
“Amigraçãoespontâneaserácomplicadadesuceder,vistoqueaplataformadigitalterrestre
nãoapresentademomento,nenhumavantagemóbviaparaosconsumidoresemrelaçãoao
sistemaanalógico”.
Ainda, o representante do grupo Impresa, FranciscoMaria Balsemão, começa por
questionaroqueganhamaspessoasaomudar:“Sinceramente,se fosseumcidadão,para
mim era uma chatice ter que trocar”. Este administrador do grupo que detém o canal
comercial em sinal aberto SIC acrescenta que a TDT paga poderia ter tido um impacto
positivonaadopçãodaTDTemPortugal:“antesdoconcursoparaatelevisãopagatersido
anulado,euaindapodiapensar“Épago,maspormais10eurosvoutermuitomaiscanais”.
Aí,maisgentepodiaquerermudar.“Mas,defacto,nestemomento,paraalémdaquestão
dainevitabilidade,nãovejoquehajagrandesargumentos”.
Tal opinião vem de encontro à perspectiva de um dos participantes no estudo
etnográfico«Nãohámotivação…»‐afirmaClara,de67anosehabitantedeAlenquer,que
consideranãohavernenhumavantagemevidentenamudança,masapenasaobrigaçãode
mudar,aoqueomarido,Jorge,de70anos,responde:«Oprogressoéassimnãoé?Ninguém
achabem,todaagenterefila,masdepoisacabaporaceitar».
JáAna,de33anos,observaquenestascondiçõesnãosesentemotivadaparafazer
a transição: «Não há oferta. A melhoria da qualidade de imagem não é suficiente para
motivar, mas nós os portugueses também não nos chateamos com nada, somos muito
permissivos. E se foi uma decisão da União Europeia, nós vamos ter que acatar com ela.
Claroque,sepuderemmelhoraralgumacoisa…Se,aofactodesermosobrigadosamudar
paracontinuaratertelevisão,conseguissemjuntarumamais‐valiaaocliente,sócaíabem
(risos)»,considera.Nopontodevistadestaempregadadebalcão,asuafamíliabeneficiaria
aindamais caso a TDT lhe trouxesse, para além do aumento do número de canais, mais
serviços,comoodagravaçãodeprogramasoudePausaTV.«Podiamserumamais‐valiapor
causa da situação dos horários». Gravar os filmes permitiria a Ana não ter de perder
algumashorasdedescansoparapoderverumfilmequelheinteresse.
47
9.BarreirasàadopçãodeTVdigitaleTDT
‐Os custos e as questõespráticas sãodasprincipais barreiras à obtençãode TV
digital‐eTDTemparticular–paraosPortuguesessemTVpagaemcasa.
Os custos associados à TV digital foram a preocupação dominante manifestada pelos
participantes ao inquérito deNovembro de 2010, com60,6%dos inquiridos a concordar
com a afirmação “A minha principal preocupação são os custos que vou ter com esta
mudança”.
Tabela 16: Até que ponto concorda com cada uma destas afirmações sobre este processo de
switchover?(paratodososinquiridoscomTVemcasa;n=1.198)(ADOPT‐DTV,2010)
Discordocompleta‐mente%
Discordo%
Nãoconcordonemdiscordo
%
Concordo%
Concordocompleta‐mente%
Nãosabe/Não
responde%
Tudobem:nãoháproblemaparamim
5.4 15.5 21.6 36.3 5.9 15.1
Estousatisfeitocomofimdatransmissão,aindaquehajaalguminconvenientenasituação
7.3 21 28.3 26.6 2.6 13.9
Estousurpreendido‐nãosabiaqueosinalanalógicodeTViaserdesligadoembreve
4.3 13.9 20.7 36.9 11.4 12.7
Estouansiosoedescontenteporserforçadoafazerestamudança
3.8 17.9 31.7 25.6 7.1 13.8
Achoqueesteprocessodeviasermaisdemoradodandooportunidadesàspessoasparaadquiriremmaisinformação
1.3 8.1 22.1 35.6 17.9 15.1
Aminhaprincipalpreocupaçãosãooscustosquevoutercomestamudança
1.3 6.8 18.4 37.4 23.2 12.8
Estoupreocupadocomasquestõespráticascomoterumanovaantenaoucablagemeumnovoequipamentoafuncionardevidamente
2.2 12.2 22.1 36.5 13.3 13.8
Nãoacreditoquevãodesligarosinalanalógicoem2012
2.6 11.9 33.3 22.3 4.2 25.6
Segue‐sedoconjuntodeafirmaçõespré‐definidassobreoprocessodeswitch‐off,a
preocupação com as questões práticas associadas à TV digital, como a cablagem a
instalação do equipamento, com 49,8% de todos os inquiridos a manifestarem a sua
48
preocupaçãoquantoaesteaspecto.Destaqueparaos53,7%deinquiridosqueconcordam
afrase“Achoqueesteprocessodeveriasermaisdemorado,dandomaisoportunidadeàs
pessoasparaadquiriremmaisinformação”eaindaparaos48,3%queconcordaramcoma
afirmação“Estousurpreendido–nãosabiaqueosinalanalógicodeTViaserdesligadoem
breve”.
Neste caso, verifica‐se a concordância entre as perspectivas dos stakeholders e as
perspectivas dos participantes no inquérito quantitativo, no respeitante às principais
barreiraseobstáculosàadopçãodeTVdigital,sendooscustosreferidoscomooprincipal
obstáculo. A seguir se apresentamasprincipais barreirasmencionadaspelos stakeholders
consultadosnoâmbitodesteprojectodeinvestigação:
1)Custos,com9referências(APAP,APD,APED,APMP,Denicoli,Abreu,PT,RTPe
Sonaecom);
2)Ausênciaouinsuficiênciadeinformação,com7referências(Anacom,APAP,APD,DECO,
ERC,MediaCapital,Sonaecom);
3)FaltadevantagensdaTDToudepercepçãodasmesmas,com6referências(APED,DECO,
Denicoli,MediaCapital,Impresa,RTP);
4)Condiçõesdomercado,com3referências(Denicoli,Abreu,MediaCapital);
5)InexistênciadetransmissãodeTValtadefiniçãonaTDT,com2referências(Anacom,PT);
‐Inexistênciado5ºcanalououtroscanais,com2referências(Anacom,PT);
‐Baixaliteraciatecnológica,com2referências(Anacom,APMP);
8)AcçãodoGovernoemodeloparaaTDT,com1referência(Denicoli);
‐Ocontextodacriseeconómica,com1referência(Denicoli);
‐Insuficientecobertura,com1referência(MediaCapital);
‐Duraçãodoprocessodetransição,com1referência(APMP);
‐Idadeegénerodostelespectadores,com1referência(APMP);
‐Acçãoobrigatóriaparatelespectadores,com1referência(APIT);
‐Utilizaçãodainternet,com1referência(Abreu).
Curiosamente,aquestãodoscustosfoireferidapelaPortugalTelecom,operadorde
TDT,queconsiderouopreçodoequipamentocomo“umentrave”paraaexpansãodaTDT
em Portugal, “há bem pouco tempo, não existiam sequer no mercado equipamentos
49
compatíveis comanormaTDTportuguesa,queremquantidadequeremacessibilidadede
preço”.
A ausência ou insuficiência de informação foi a segunda barreira mais
referenciada,comaERCaconsiderarque“aprincipalbarreiraqueexiste,nestemomento,é
a falta de informação”, referindo que o processo de transição deveria ser explicado ao
consumidorcomoumavendadirecta,talcomoocaboouIPTVévendido,sendoexplicadoa
todos os consumidores as vantagens associadas a este processo. Por outro lado, a DECO,
associaçãonacionalquerepresentaosconsumidores,referecomoprincipalproblemaafalta
deinformaçãoeopoucovalorqueaTDTacrescentaàtelevisãoportuguesa.
Noestudo etnográfico, no que respeita às razões que desmotivam as famílias a
teremtelevisãodigital,aquestãodoscustosapareceemprimeirolugar.OcasodeJoana,
de 71 anos, é semelhante ao de Catarina, dois anos mais velha. Em comum, estas
reformadastêmofactodeviveremnoconcelhodeAlenquer,sozinhas,edatelevisãolhes
servirdecompanhia todososdias.Damesmamaneira, JoanaeCatarinagostariamde ter
maiscanaisparapreencherasváriashorasemfrenteaoecrã,masdeparam‐sesemprecom
asmesmasquatroestações.Naverdade,Joanalembraquenemosquatrocanaisconsegue
apanhar,eCatarinasublinhaasconstantes interferênciasaroubarem‐lhea imagem.Ainda
assim,estasidosas‐quenemseconhecem‐rejeitamcompletamenteahipótesedevirema
terumserviçodetelevisãopaga,maisumavez,porumamesmarazão:abaixareforma.Por
outro lado, também há jovens famílias a descartar a opção “televisão digital”. A família
“Simões”,porexemplo,éservidapelosinalanalógicoterrestredetelevisão.Anaexplicaque
nãopodejuntarmaisumamensalidadeàsdespesasdeumafamílianumerosacomoasua.
«Comoestoupouco tempoemcasa,nãose justificaeupagarumvaloracrescidoparaver
mais televisão. Porque esse valor também conta no orçamento da família e é um grande
abalonoagregadofamiliar.Numagregadofamiliargrandecomoomeu,tudoconta,enão
se justifica. Às vezes osmiúdos chateiam‐meporque gostavamde ver o Panda. E eu digo
“quandoláforesabaixoaocafé,vês”.Têmqueterpaciência(…)Nãosejustificaporqueos
preçostambémsãoelevadíssimos».
Ainda,deformaacompreenderasmotivaçõespordetrásdarelutânciaemterTDT,
pediu‐se aos 124 indivíduos que afirmaram não ter nenhum motivo para obter TDT –
representando 10,3% da amostra total do inquérito quantitativo de Novembro de 2010 ‐
que indicassem o seu nível de concordância com um conjunto de afirmações sobre este
tema. Esta questão baseou‐se numa das questões do estudo Attitudes to switchover de
50
Klein,KargereSinclair(2004),maisexactamentenaQ.44.
Tabela17:Qualoseugraudeconcordânciacomcadaumadasseguintesfrases?(ADOPT‐DTV,2010)
(sóparaindivíduosquereferemnãotermotivoparaterTDT;n=124)
Discordocompleta‐mente%
Discordo%
Nãoconcordonemdiscordo
%
Concordo%
Concordocompleta‐mente%
Nãosabe/Não
responde%
ATVnãoéimportanteparamim,eunãomevouincomodaremfazeraconversão
3.2 21 21.8 36.2 4 13.7
EunãoqueroTDTnaminhacasa 1.6 15.3 20.2 36.3 10.5 16.1
EugostavadecontinuaraterTVemcasamaséumaquestãodecustos
0.8 2.4 9.7 62.9 15.3 8.9
EunãoseicomoterTDT.Étudomuitocomplicado
0 8.1 12.9 50.8 11.3 16.9
EugostavadecontinuaraterTVmasnãoseicomoinstalarTDT
0.8 9.7 16.9 43.5 8.9 20.2
EugostavadecontinuaraverTVmasachoquenuncavouconseguirpercebercomofuncionaaTDT
1.6 15.3 23.4 27.4 8.1 24.2
Assim,77,9%destegrupodeinquiridosconcordaramcomaafirmação“Querocontinuara
ver televisãomas é umaquestãode custos”. A dificuldade em saber o que fazer, a nível
prático, foi identificada em segundo lugar nesta lista, com 62,1% destes inquiridos a
concordarcomaafirmação“NãoseicomoterTVdigital,étudomuitocomplicado”.Ainda
de sublinhar que 46,8% destes inquiridos afirmaram concordar com a afirmação “Eu não
queroTVdigitalemminhacasa”(58pessoas,4,8%daamostratotal)e40,2%concordaram
com a afirmação “A TV não é importante paramim e não vou ter o trabalho de fazer a
mudançaparaTVdigital”(50participantes,4,1%daamostratotal).
10.AdopçãodeTVdigitaleTDT–perfis
‐Propõem‐sequatroperfisdeadoptersdeTVdigitalemPortugal,considerandoa
possedeTVpagaeaintençãodeusodeTVdigital:
10.a.Grupo– “JáAdoptou”: que correspondeaquem temTVpagapor cabo,DTH, IPTV,
51
fibra‐ópticaeoutrastecnologias15,;
10.b. Grupo – “Adopta”: espectadores de TV em sinal aberto que estão a considerar
comprarumacaixadescodificadoraoutelevisorcomTDTintegradoouentãosubscreverum
serviçodeTVpagaparacontinuaravertelevisãoemcasa;
10.c. Grupo – “EmDúvida”: espectadores de TV em sinal aberto que não sabem ou não
responderamqualasuaintençãodeaquisiçãodeTVdigital;
10.d. Grupo – “Não Adopta”: espectadores de TV em sinal aberto que alegam não ter
intençãoemadoptarTVdigital.
Os perfis foram definidos com base na disponibilidade de TV paga em casa (P.3) e na
intençãoemsubscreverumserviçodeTVpagaoudeadquirirequipamentosreceptoresde
TVdigital(P.28).
Tabela18:PerfisbaseadosnapossedeTVpagaenaintençãodeusodeTVdigital(ADOPT‐DTV,2011)
Novembro2010(n=525)
%
Comprarnovotelevisor,comTDTintegrada
ComprarcaixadescodificadoradeTDT
SubscreverserviçoTVporcabo
SubscreverserviçoTVsatélite(parabólica):
SubscreverserviçoIPTV/ADSL
Grupo“Adopta”
SubscreverserviçoTVporfibra‐óptica
23.4
Grupo“NãoAdopta”
Nenhum 34.1
Grupo“EmDúvida”
Nãosabe/nãoresponde 45.4
Nota:osinquiridostinhamapossibilidadedeescolhermaisdoqueumaopção.
Deformaaprocuraranalisarascaracterísticasdosindivíduosdeacordocomasuaintenção
deusodeTVdigital–temintençãodeadoptarTVdigitalnospróximos12meses(“Adopta”),
15DeacordocomosdadospublicadospelaAnacomemSetembrode2011,78%dosassinantesdeserviçosdeTVporcabousufruemdoformatodigital‐númeroquecontinuaacrescer‐,representandoosassinantesdeTVporcabo50.2%detodosossubscritoresdeserviçosdeTVpaga.Osrestantessistemas–IPTV,DTH,fibra‐ópticaeoutrastecnologiasnomercadoportuguês‐são100%digitais.
52
nãotem intençãodeadoptarTVdigitalnospróximos12meses (“NãoAdopta”)eestáem
dúvida sepretendeadoptarTVdigital (“EmDúvida”) ‐ foi realizadaaanálisedas variáveis
sexo,idade,habilitaçõesacadémicas,statusedificuldadesauditivas,visuaisemotoras.
Osdadosindicamaexistênciadediferençassignificativasparaumníveldeconfiança
de95%entreogénerofemininoemasculinoparaavariável intençãodeuso(χ2(2)=8,083;
p=0,017).Deacordocomosdadosdescritivosexisteumamaiorpercentagemdesujeitosdo
géneromasculinocomintençãodeadoptarTVdigital,valoresmuitosemelhantesentreos
géneros nos grupos que referem não ter intenção de adoptar TV digital e uma
percentagemsuperiordogénerofemininonogrupoquerespondeestaremdúvidasobrea
aquisiçãodeequipamentosouserviçosdeacessoaTVdigital.
Tabela19:IntençãodeadoptarTVdigitalVsSexo(ADOPT‐DTV,2011)
SEXO
MASCULINO FEMININO Total
N 90 89 179NãoAdopta
% 50,3% 49,7% 100,0%
N 63 44 107Adopta
% 58,9% 41,1% 100,0%
N 102 137 239
Intenção
deUso
EmDúvida
% 42,7% 57,3% 100,0%
Emrelaçãoàvariável idadeforamnovamenteencontradasdiferençassignificativas
entreosgrupos (χ2(10)=46,380;p<0,001).Analisandoa tabelaseguinteépossívelverificar
queossujeitosquereferemnãoterintençãodeadoptarTVdigitalsãomaioritariamente
pessoasde idademaisavançada,com55oumaisanos.Pelocontrário,os indivíduosque
afirmaramterintençãodeadoptaraTVdigitaldentrode12mesessãosobretudoosmais
jovens,comidadescompreendidasentreos18e44anos.
53
Tabela20:IntençãodeadoptarTVdigitalVsIdade(ADOPT‐DTV,2011
Idade
18‐24
anos
25‐34
anos
35‐44
anos
45‐54
anos
55‐64
anos
mais65
anos Total
N 9 26 17 28 37 62 179NãoAdopta
% 5,0% 14,5% 9,5% 15,6% 20,7% 34,6% 100,0%
N 18 18 27 19 14 11 107Adopta
% 16,8% 16,8% 25,2% 17,8% 13,1% 10,3% 100,0%
N 15 47 46 42 31 58 239
Intenção
deUso
Dúvida
% 6,3% 19,7% 19,2% 17,6% 13,0% 24,3% 100,0%
No que respeita ao nível de habilitações académicas encontraram‐se diferenças
significativasentreosgruposearespectivaintençãodeuso(χ2(14)=40,219;p<0,001).Deste
modo,ogrupodeindivíduosquetemintençãodeadoptarTVdigitalcaracteriza‐seporter
habilitaçõesacadémicasmaiselevadas,enquantoqueosindivíduosqueestãoemdúvida
ou afirmaram não ter intenção de adoptar TV digital possuem baixas habilitações
académicas–denotarque60.9%dosinquiridoscomTVanalógicaterrestrequeafirmaram
não ter a intenção de adquirir serviços ou equipamentos de acesso à TV digital
frequentaramapenasainstruçãoprimáriaounãosabemlernemescrever.
Tabela21:IntençãodeadoptarTVdigitalVsHabilitaçõesacadémicas(ADOPT‐DTV,2011
IntençãodeUso
NãoAdopta Adopta Dúvida
N % N % N %
Universitário/Pós‐Grad./Mestrado/Doutoramento 5 2,8% 6 5,6% 4 1,7%
Cursomédio/Politécnico 1 ,6% 3 2,8% 1 ,4%
Frequênciadecursosuperior/médio 1 ,6% 1 ,9% 3 1,3%
12ºano(7ºanoliceal/11ºano) 24 13,4% 18 16,8% 33 13,8%
9ºano(5ºanoliceal) 18 10,1% 28 26,2% 39 16,3%
6ºano(2ºanoliceal) 21 11,7% 21 19,6% 37 15,5%
Instruçãoprimáriacompleta 74 41,3% 25 23,4% 87 36,4%
Instruçãoprimáriaincompleta/analfabeto 35 19,6% 5 4,7% 35 14,6%
Total 179 100,0% 107 100,0% 239 100,0%
54
Em relação às dificuldades em ver, ouvir ou andar, foram encontradas diferenças
significativas entre os grupos para as três situações (dificuldades em ver χ2(6)=28,755;
p<0,001;dificuldadeemouvir χ2(8)=21,424;p=0,006;dificuldadesemandar χ2(8)=35,691;
p<0,001). Assim, verifica‐se uma percentagemmais elevada de pessoas com alguma ou
muita dificuldade em ver, ouvir ou andar no grupo dos sujeitos que referem não ter
intençãodeadoptarTVdigital,bemcomoumapercentagemmaiselevadadestesinquiridos
estão em dúvida se adoptarão essa tecnologia, comparativamente com os inquiridos que
indicaramnãoterdificuldadesouterpoucasdificuldadesemver,ouvirouandar.
Tabela22:IntençãodeadoptarTVdigitalVsDificuldadesemver(ADOPT‐DTV,2011
P.34.Temdificuldadeemvermesmousando
óculosoulentesdecontacto?
Nenhuma
dificuldade
Pouca
dificuldade
Alguma
dificuldade
Temmuita
dificuldade Total
N 78 32 50 19 179NãoAdopta
% 43,6% 17,9% 27,9% 10,6% 100,0%
N 79 13 12 3 107Adopta
% 73,8% 12,1% 11,2% 2,8% 100,0%
N 136 37 54 12 239
Intenção
deUso
EmDúvida
% 56,9% 15,5% 22,6% 5,0% 100,0%
Tabela23:IntençãodeadoptarTVdigitalVsDificuldadesemouvir(ADOPT‐DTV,2011
P.35.Equantoàaudição?Temdificuldadeemouvirmesmo
usandoumaparelhoauditivo?
Nenhuma
dificuldade
Pouca
dificuldade
Alguma
dificuldade
Temmuita
dificuldade
Não
consegue
ouvir Total
N 113 24 31 10 1 179NãoAdopta
% 63,1% 13,4% 17,3% 5,6% ,6% 100,0%
N 90 10 6 1 0 107Adopta
% 84,1% 9,3% 5,6% ,9% ,0% 100,0%
N 176 33 24 6 0 239
Intenção
deUso
EmDúvida
% 73,6% 13,8% 10,0% 2,5% ,0% 100,0%
55
Tabela24:IntençãodeadoptarTVdigitalVsDificuldadesemandar(ADOPT‐DTV,2011)
P.36.Equantoàlocomoção?Temdificuldadeemandarou
emsubirdegraus?Diriaque...
Nenhuma
dificuldade
Pouca
dificuldade
Alguma
dificuldade
Temmuita
dificuldade
Não
consegu
eandar Total
N 96 30 32 19 2 179NãoAdopta
% 53,6% 16,8% 17,9% 10,6% 1,1% 100,0%
N 92 5 5 4 1 107Adopta
% 86,0% 4,7% 4,7% 3,7% ,9% 100,0%
N 164 32 29 14 0 239
Intenção
deUso
EmDúvida
% 68,6% 13,4% 12,1% 5,9% ,0% 100,0%
No que toca a variável status social, os dados indicam que não se encontram
diferençassignificativasentreosgruposA,B,C,DeEparaaintençãodeusodeTVdigital
(χ2(8)=9,035;p=0,269).A tabela seguinteapresentaosdadosdescritivos referentesaesta
variáveleaintençãodeadopçãodeTVdigital.
Tabela25:IntençãodeadoptarTVdigitalVsStatus(ADOPT‐DTV,2011)
STATUSSOCIAL
A B C D E Total
N 0 13 27 115 24 179NãoAdopta
% ,0% 7,3% 15,1% 64,2% 13,4% 100,0%
N 2 11 18 56 20 107Adopta
% 1,9% 10,3% 16,8% 52,3% 18,7% 100,0%
N 2 17 31 142 47 239
Intenção
deuso
Dúvida
% ,8% 7,1% 13,0% 59,4% 19,7% 100,0%
Emsíntese,cadaumdestesgrupospodesercaracterizadodaseguinteforma:
10.b. Grupo – “Adopta” (espectadores de TV em sinal aberto que estão a considerar
comprarumacaixadescodificadoraoutelevisorcomTDTouentãosubscreverumserviçode
TV paga para continuar a ver televisão em casa) sãomais propensos a serem homens, a
teremidadescompreendidasentreos18eos44anos,apossuíremhabilitaçõesacadémicas
56
elevadasemenospropensos a ter algumnível dedeficiência (visual, auditivaoumotora);
10.c. Grupo – “EmDúvida” (espectadores de TV em sinal aberto que não sabem ou não
responderamqualasuaintençãodeaquisiçãodeTVdigital)existeumamaiorprobabilidade
de serem mulheres, a terem baixas habilitações académicas e possuírem um nível
significativodedeficiência(visual,auditivaoumotora);
10.d. Grupo – “Não Adopta” (espectadores de TV em sinal aberto que alegam não ter
intençãoemadoptarTVdigital) sãomaispropensosa teremmaisde55anosde idade, a
possuírem um baixo nível de habilitações académicas (instrução primária completa ou
menos)eateremumnívelsignificativodedeficiência(visual,auditivaoumotora).
Finalmente, de notar que houve uma evolução substancial da percentagem de
inquiridos com acesso a TV analógica terrestre que indicou ter intenção de adquirir
equipamentosouserviçospararecepçãodeTVdigitaldoinquéritodeSetembroe2011em
relaçãoaoinquéritodeNovembrode2010,quepassoude23.4%para47.9%.Porseuturno,
apercentagemdestesinquiridosqueafirmaramnãoterintençãodecompradeserviçosou
equipamento de TV digital diminuiu substancialmente, de 34.1% em Novembro de 2010
para11.3%paraSetembrode2011.
Tabela 26: Comparativo da evolução percentual dos perfis baseados na posse de TV paga e na
intençãodeusodeTVdigital(ADOPT‐DTV,2011)
Novembro2010(n=525)
%
Setembro2011(n=425)
%
Comprarnovotelevisor,comTDTintegrada
ComprarcaixadescodificadoradeTDT
SubscreverserviçoTVporcabo
SubscreverserviçoTVsatélite(parabólica):
SubscreverserviçoIPTV/ADSL
Grupo“Adopta”
SubscreverserviçoTVporfibra‐óptica
23.4
47.9
Grupo“NãoAdopta”
Nenhum 34.1 11.3
Grupo“EmDúvida”
Nãosabe/nãoresponde 45.4 46.4
Nota:osinquiridostinhamapossibilidadedeescolhermaisdoqueumaopção.
Jáapercentagemdeparticipantesquenãosabeounãorespondeuàperguntaque
57
equipamentosouserviçosdeTVdigitalestáapensaradquirirousubscrevernospróximos
12mesesmanteve‐sepraticamente inalteradaentreosdois inquéritos.Aaveriguaçãodos
perfis destes grupos de participantes do inquérito de Setembro de 2011 já sai fora do
âmbito do presente relatório ‐ até porque os resultados são de outro projecto de
investigação da responsabilidade do CICANT e chegaram à equipa de investigação em
meados de Outubro de 2011 ‐ mas há a intenção de proceder a essa averiguação
posteriormenteemartigosasubmeterarevistaseconferênciascientíficas.
Hipóteseprincipaldoprojectodeinvestigação
‐ Verificou‐se a validação da hipótese principal do projecto de investigação, em
quenocontextodatransiçãodaTVanalógica‐digital,aadopçãodaTVdigitalestá
significativamente condicionada por factores de expectativa de desempenho,
expectativa de esforço e influência social, com forte probabilidade de rejeição
significativaporpartedesegmentosdapopulaçãocomidademaisavançada,com
menoreshabilitaçõesacadémicasecomnecessidadesespeciais.
Conformefoireferidonaparte introdutóriadesterelatório,osautoresdaTeoriaUnificada
deAceitaçãoeUsodeTecnologia (UnifiedTheoryofAcceptanceandUseof Technology–
UTAUT) defendem que a expectativa de performance, expectativa de esforço, influência
social e condições facilitadoras são determinantes directos da intenção de uso e
comportamentos de adopção de inovações, sendo o impacto destes quatro factores é
mediadopela idade,género,experiênciaevoluntariedadedeuso(Venkateshetal.,2003).
Combasenestateoriaforamformuladasasseguinteshipótesesdeinvestigação:
H1.AsexpectativasdedesempenhotêmumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleoseu
efeitoémaiornosjovensenoshomens.
H2.AsexpectativasdeesforçotêmumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleoseuefeito
émaiorparaosmaisvelhos,comhabilitaçõesacadémicasmaisbaixaseparaasmulheres.
H3.AinfluênciasocialtemumefeitonaintençãodeusodeTVdigitaleoseuefeitoémaior
paraosmaisvelhos,comhabilitaçõesacadémicasmaisbaixaseparaasmulheres.
H4.AscondiçõesfacilitadorasnãotêmumefeitosignificativonaintençãodeusodeTV
digitalnamaioriadapopulação,mastêmumefeitosignificativonosmaisvelhos.
58
H5.a)Aauto‐eficácianousodetecnologiasnãoteminfluênciasignificativanaintençãode
usodeTVdigital
H5.b)Aansiedadeemrelaçãoaousodetecnologiasnãoteminfluênciasignificativana
intençãodeusodeTVdigital
H5.c)Asatitudesemrelaçãoaousodetecnologiasnãotêminfluênciasignificativana
intençãodeusodeTVdigital.
De formaa testarashipóteses teóricasdoprojectooptou‐seporrealizaraanálise
estatísticapordoisprocessos,analisando‐seaprimeirapartedashipótesesatravésdeuma
análisedevariânciaeasegundapartedashipótesesatravésdeumaANOVAmultivariada,
procurando‐se analisar a interacção de novos factores na intenção de uso para cada
dimensãodaescalaadaptadadomodeloUTAUT.
Comointuitodesimplificaraleituradaanálise,optou‐seporreferirbrevementeas
designaçõesusadasparacadavariáveleonúmerodevariáveisaanalisar.Assim,emrelação
àsdimensõesdaescala(adaptaçãodomodeloUTAUT)usadanoinquéritoquantitativosão
examinadassetedimensões:expectativadedesempenho,expectativadeesforço,influência
social,condiçõesfacilitadoras,auto‐eficácia,ansiedadeeatitudes.
Noque tocaa variável intençãodeusodeTVdigital foram formados três grupos:
Grupo–“Adopta”:grupodeindivíduosquepretendemadoptarTVdigital(têmintençãode
comprar uma TV que tenha TDT integrada ou caixa descodificadora, ou subscrever algum
serviçodeTVdigital–TVporcabo,satélite, IPTVoufibraóptica,nospróximos12meses);
Grupo–“Nãoadopta”:grupodeindivíduosquenãopretendemadoptarTVdigital(nãotêm
intençãodecomprarousubscreverqualquerdosserviçosacimaindicados);
Grupo – “Em dúvida”: grupo de indivíduos que estão em dúvida se adoptarão TV digital
(pessoas que responderam “não sei” às questões acima enumeradas, oumesmo pessoas
queoptarampornãoresponder).
De formaa analisar se a variável intençãodeusodeTVdigital tem influêncianas
dimensões resultantes da adaptação do modelo UTAUT, foi realizada uma análise de
variânciaatravésdecomparaçãodemédias,ANOVAOne‐Way,apósaverificaçãodosseus
pressupostos. Os dados indicam a existência de diferenças significativas para um nível de
confiança de 95% (alpha=0.05) em todas as variáveis respeitantes ao modelo referido
(expectativa de desempenho F(2,417)=9,785; P<.001; expectativa de esforço
F(2,317)=11,180; p<.001; Influência social F(2,416)=9,989; p<.001; Condições facilitadoras
F(2,400)=13,928; p<.001; Atitudes de uso F(2,390)=10,184; p<.001; Auto‐eficácia
59
F(2,380)=5,064; p=.007; Ansiedade F(2,404)=6,438;p=0.002). De acordo com o teste de
Tuckey,encontram‐sediferençassignificativasparaavariávelExpectativasdeDesempenho
entreosgrupos“Nãoadopta”Vs“Adopta”(p<0.001);“Adopta”Vs“Emdúvida”(p<0.001);
paraavariávelExpectativadeEsforçoentreosgrupos“Nãoadopta”Vs“Adopta”(p<0.001);
“Nãoadopta”Vs“Dúvida”(p=0.01);paraavariável InfluênciaSocialentreosgrupos“Não
adopta” Vs “Adopta” (p=0.001); “Adopta” Vs “Em dúvida (p<0”.001); para a variável
CondiçõesFacilitadorasentreosgrupos“Nãoadopta”Vs“Adopta”(p<0.001);“Adopta”Vs
“Emdúvida” (p<0.001); para a variávelAtitudesdeUso entreos grupos “Nãoadopt”aVs
“Adopta” (p<0.001) e “Adopta” Vs “Em dúvida” (p<0.001); para a variável Auto‐Eficácia
entre os grupos “Não adopta” Vs “Adopt”a (p=0.005); e por último, para a variável
Ansiedadeentreosgrupos“Nãoadopta”Vs“Adopta”(p=0.001)e“Adopta”Vs“Emdúvida”
(p=0.028).
TabelaH1.MédiasdasvariáveisdomodeloUTAUTeIntençãodeuso
N* Média Desvio‐padrão Mínimo Máximo
NãoAdopta 137 8,18 3,294 1 14
Adopta 101 9,79 2,974 2 14
Expectativade
desempenho
EmDúvida 182 8,25 3,058 1 15
NãoAdopta 106 7,52 3,237 1 15
Adopta 90 9,54 2,961 1 14
Expectativadeesforço
EmDúvida 124 8,69 2,867 2 15
NãoAdopta 140 7,59 2,800 1 14
Adopta 98 8,95 2,665 2 15
Influênciasocial
EmDúvida 181 7,42 2,957 1 15
NãoAdopta 134 5,87 3,593 1 13
Adopta 98 8,20 3,446 1 14
Condiçõesfacilitadoras
EmDúvida 171 6,22 3,539 1 15
NãoAdopta 129 8,20 3,355 2 15
Adopta 99 9,97 2,844 1 15
Atitudesdeuso
EmDúvida 165 8,42 3,197 1 15
NãoAdopta 121 7,83 2,848 1 15
Adopta 100 9,02 3,104 2 15
Autoeficácia
EmDúvida 162 8,29 2,516 2 14
NãoAdopta 128 8,18 3,281 1 15
Adopta 100 9,65 3,079 2 15
Ansiedade
EmDúvida 179 8,65 2,993 2 15* o número de sujeitos por perfil difere ligeiramente por dimensão já que foram eliminadas do cálculo as
respostas“Nãosei/Nãorespondo”.
60
Deacordocomasmédiasdecadagrupoemcadadimensão,épossívelverificarqueogrupo
“Adopta” apresenta valores mais elevados nas comparações onde se encontraram
diferenças significativas, sendo possível perceber que as diferentes dimensões domodelo
propostocontribuempositivamenteparaaintençãodeadopçãodeTVdigital.Denotarque
adimensãoAnsiedade foi construídananegativa, tendoos valoresobtidosnaescala sido
invertidospararealizaracotaçãodavariáveleposterioranálise.Destaforma,énecessário
conceptualizaressamesmadimensãopelanegativa–Nãoansiedade,compreendendoque
osvaloreselevadosdogrupo“Adopta”nestadimensãoapontamamesma(não‐ansiedade)
comotendoumefeitopositivonaintençãodeusodeTVdigital.
GráficoH1.MédiasdasvariáveisdomodeloUTAUTeIntençãodeuso
De forma a analisar o efeito de interacção foi realizada umaANOVAmultivariada
após a verificação dos seus pressupostos em todas as variáveis (normalidade e
homogeneidadedevariância).Noquerespeitaaprimeirahipótesedoestudo,queinvestiga
a intenção de uso e a sua interacção com o género e idade relativamente à variável
expectativasdedesempenho(variávelprovenientedomodeloUTAUT),procura‐seperceber
seexisteumefeitopositivoda intençãodeuso,portantomaiorprobabilidadedeadopção
deTVdigital,nossujeitosmaisjovensdaamostraedogéneromasculino.Atabelaseguinte
apresentaasmédiasparaarelaçãoentreasvariáveisemquestão.
61
TabelaH2.Médias:intençãodeusoegéneroparaavariávelexpectativasdedesempenho
Expectativasdedesempenho
Intençãode
usoSexo Média Desvio‐Padrão N
MASCULINO 8,65 3,031 74NãoAdopta
FEMININO 7,62 3,521 63
MASCULINO 9,98 2,977 60Adopta
FEMININO 9,51 2,984 41
MASCULINO 8,46 3,001 83EmDúvida
FEMININO 8,08 3,109 99
De acordo com os dados alcançados, não se verifica um efeito de interacção
significativoentreaintençãodeusoeogéneroparaavariávelexpectativadedesempenho
(F(3,414)=0,461;p=0,631).Aausênciade interacção indicaqueadiferençada intençãode
usoentrehomensemulhereséigualparaossujeitoscomintençãodeadoptar,nãoadoptar
ouemdúvidadeadopçãodeTVdigital.Ográficoseguinterepresentaascombinaçõesentre
intençãodeusoeogénero,evidenciandotrajectóriassemelhantesparaogénerofemininoe
masculinooqueindicaanãoexistênciadeinteracçãoentreasvariáveisnoquerespeitaas
expectativasdedesempenho.
GráficoH2.Interação–intençãodeusoegéneroparaexpectativasdedesempenho
62
No entanto, no que toca aos efeitos principais, verifica‐se que existem diferenças
significativas para a intenção de uso (F(2,416)= 9,167; p<0,001) e para género (F(1,416)=
4,041;p=0,045)isoladamente.AtravésdotestedemúltiplascomparaçõesdeBonferroni,as
diferençasencontram‐seentreosgruposmasculinoVsfeminino,noquetocaaogénero,e
entreosgrupos “Adopta”Vs “NãoAdopta” (p<0,001)eAdopta”Vs “Dúvida” (p<0,001).O
géneromasculinoeogrupo“Adopta”apresentammédiassuperioresemambososcasos.
Os dados indicam assim que, apesar de não se encontrar interacção significativa
entre o factor idade e o factor intenção de uso para esta dimensão, existe uma relação
positiva entre a intenção de adoptar TV digital e o género nas expectativas de
desempenho, sendoqueo géneromasculinoeo grupoquepretendeadoptar TVdigital
apresentamvaloressuperioresaosrestantesgrupos.
Em relação à idade, procurou‐se igualmente perceber se existe um efeito de
interacçãoentreaidadeeaintençãodeusoparaasexpectativasdedesempenho.Osdados
indicam a não existência de interacção entre os factores F(10,402)=0,310; p=0,978),
verificando‐secontudodiferençassignificativasnosfactoresisoladamente(intençãodeuso:
F(1,402)=5,333;p=0,005e IdadeF(5,402)=11,321;p<0,001).Analisandoosvaloresdoteste
deBonferroni,asdiferençassignificativasencontram‐seentreosgrupos“Adopta”Vs“Não
Adopta” (p<0,001) e “Adopta” Vs “Em Dúvida” (p<0,001). A tabela 3 apresenta os dados
descritivosparaasvariáveisemquestãoeográfico2representaastrajectóriasdosescalões
etários para variável intenção de uso, considerando as expectativas de desempenho.
Novamente o grupo “Adopta” apresenta médias superiores em relação aos restantes
grupos. Noquetocaàvariável idade,verificam‐semédiassuperioresnosescalõesetários
maisjovens(dos18aos24anos,dos25aos34anoseainda,dos35aos44anos).Apesarde
nãoseverificarinteracçãoentreosfactores,isoladamenteanalisadososmesmosindicam
uma relação positiva entre escalões etários mais jovens e intenção de adopção de TV
digitalnadimensãodeexpectativasdedesempenho.
TabelaH3.Médias:intençãodeusoeidadeparaavariávelexpectativasdedesempenho
Média Desvio‐padrão N
18‐24anos 10,71 1,496 7
25‐34anos 9,70 3,267 23
35‐44anos 9,07 2,764 15
45‐54anos 8,91 3,502 23
55‐64anos 7,11 3,059 28
NãoAdopta
mais65anos 6,88 3,059 41
63
18‐24anos 11,50 2,036 18
25‐34anos 10,78 1,957 18
35‐44anos 9,73 2,933 26
45‐54anos 9,71 3,312 17
55‐64anos 8,23 3,086 13
Adopta
mais65anos 7,00 3,000 9
18‐24anos 9,00 1,871 13
25‐34anos 9,32 2,595 44
35‐44anos 8,59 3,219 37
45‐54anos 8,42 2,430 36
55‐64anos 7,56 3,468 18
EmDúvida
mais65anos 6,41 3,439 34
GráficoH3.Médias:intençãodeusoeidadeparaavariávelexpectativasdedesempenho
Emrelaçãoàsegundahipóteseteórica,questiona‐seseasvariáveisidadeegénero
terãoalgumefeitonaintençãodeuso,considerandoaexpectativasdeesforço(variáveldo
modelo UTAUT). A análise recorreu novamente à ANOVA multivariada, procurando um
efeitodeinteracçãoentreasvariáveisreferidas.Osdadosindicamqueavariávelgéneronão
interage com a variável intenção de uso no que toca às expectativas de esforço
(F(2,314)=1,547; p=0,214). Em relação aos efeitos principais dos factores encontram‐se
diferenças significativas para a variável intenção de uso (F(2,314)=10,744; p<0,001) e
género(F(2,314)=10,742; p=0,001;) nos grupos masculino Vs feminino, “Adopta” Vs “Não
64
Adopta” (p<0,001) e “Adopta” Vs “Em Dúvida” (p=0,009). Em relação à variável idade,
também não se encontrou interacção entre os factores (F(10,302)=0,732; p=0,694),
verificando‐se contudo diferenças estatisticamente significativas para os factores
isoladamente:Intençãodeuso(F(2,302)=6,003;p=0,003;)eidade(F(5,302)=6,782;p<0,001).
As diferenças encontradas são entre o grupo masculino Vs feminino e entre os grupos
“Adopta”Vs“NãoAdopta”(p<0,001)e“NãoAdopta”Vs“EmDúvida”(p<0,009).Astabelas
seguintes apresentam os dados descritivos para as variáveis relativas à segunda hipótese
teóricaeosgráficosapresentamastrajectóriasdasvariáveisemquestão.
Novamente,épossívelverificarqueogrupomasculinoapresentamédiassuperiores
quando comparado, isoladamente, com o feminino e os escalões etários mais jovens
apresentam médias superiores quando comparados com os escalões de idades mais
elevadas.Noque tocaosgruposde intençãodeuso,ogrupo“Adopta”apresentamédias
mais elevadas, seguido do grupo “Em Dúvida” (ver tabelas descritivas seguintes). Desta
forma, os dados confirmam a hipótese teórica colocada, a intenção de uso tem uma
relaçãocomasexpectativasdeesforçosendoqueogrupodossujeitosdogénerofeminino
edeescalõesetáriosmaiselevadosapresentammédiasmaisbaixas.
TabelaH4.Interacçãoentreintençãodeusoegéneroparaavariávelexpectativasdeesforço
SEXO Média Desvio‐padrão N
MASCULINO 7,76 3,344 59NãoAdopta
FEMININO 7,21 3,106 47
MASCULINO 10,42 2,658 50Adopta
FEMININO 8,45 2,987 40
MASCULINO 9,10 2,721 59EmDúvida
FEMININO 8,31 2,963 65
65
GráficoH4.Interacçãoentreintençãodeusoegéneroparaavariávelexpectativasdeesforço
TabelaH5.Interacçãoentreintençãodeusoeidadeparaavariávelexpectativasdeesforço
Intençãode
uso Idade Média Desvio‐padrão N
18‐24anos 8,43 3,359 7
25‐34anos 8,90 2,844 21
35‐44anos 8,62 3,404 13
45‐54anos 9,06 3,255 16
55‐64anos 6,41 2,425 17
NãoAdopta
mais65anos 5,78 2,904 32
18‐24anos 10,00 3,162 18
25‐34anos 10,25 2,082 16
35‐44anos 9,04 3,113 24
45‐54anos 11,15 1,994 13
55‐64anos 8,18 2,960 11
Adopta
mais65anos 7,88 3,643 8
18‐24anos 9,18 1,601 11
25‐34anos 9,44 1,795 34
35‐44anos 9,14 3,399 22
45‐54anos 8,58 2,928 26
55‐64anos 8,40 3,239 10
d
i
m
e
n
s
i
o
n
1
EmDúvida
mais65anos 7,00 3,464 21
66
GráficoH5.Interacçãoentreintençãodeusoeidadeparaavariávelexpectativasdeesforço
Emrelaçãoàterceirahipótesedoestudo,argumenta‐sequeaidadeegénerotêm
um efeito na intenção de uso de TV digital, no que toca à variável influência social. De
acordocomosdadosoefeitodeinteracçãoentreestesfactoresnãoseverifica,querparaa
idade(F(2,413)=0,585;p=0,557)querparaogénero(F(2,413)=,P=0,557),masnovamenteos
factoresisoladosapresentamdiferençassignificativasentreosgrupos.Assim,noquetocaa
variável intenção de uso (F(2,413)=9,256; p<0,001) e idade (F(1,313)=4,835; p=0,028)
existem diferenças significativas entre os grupos “Adopta” Vs “Não Adopta” (p=0,001) e
“Adopta”Vs “EmDúvida” (p<0,001), sendoqueo grupo “Adopta” apresentamédiasmais
elevadasemambososcasos(consultartabeladescritivaseguinte).
Em relação à interacção com a variável género, novamente os factores isolados
apresentamdiferençassignificativasentreosgrupos,evidenciandoogrupomasculinocom
médias mais elevadas. Desta forma, os dados confirmam a hipótese teórica colocada, a
intençãodeusotemumarelaçãocomasinfluênciasocial,sendoqueogrupodossujeitos
dogénerofemininoedeescalõesetáriosmaiselevadosapresentammédiasmaisbaixas.
67
TabelaH6.Interacçãoentreintençãodeusoegéneroparaavariávelinfluênciasocial
Intençãodeuso Sexo Média Desvio‐padrão N
MASCULINO 8,07 2,468 75NãoAdopta
FEMININO 7,05 3,069 65
MASCULINO 9,18 2,823 57Adopta
FEMININO 8,63 2,426 41
MASCULINO 7,60 3,121 81
dimension1
EmDúvida
FEMININO 7,27 2,824 100
GráficoH6.Interacçãoentreintençãodeusoegéneroparaavariávelinfluênciasocial
TabelaH7.Interacçãoentreintençãodeusoeidadeparaavariávelinfluênciasocial
Intençãodeuso Idade Média Desvio‐padrão N
18‐24anos 7,25 3,240 8
25‐34anos 8,70 2,183 23
35‐44anos 8,00 3,183 16
45‐54anos 8,59 2,282 22
55‐64anos 7,63 2,684 30
d
i
m
e
n
s
i
o
n
1
NãoAdopta
mais65anos 6,32 2,832 41
68
18‐24anos 9,33 2,849 18
25‐34anos 9,69 2,330 16
35‐44anos 9,08 2,208 26
45‐54anos 8,53 3,484 17
55‐64anos 8,83 2,725 12
Adopta
mais65anos 7,44 2,128 9
18‐24anos 7,31 2,658 13
25‐34anos 8,09 2,662 43
35‐44anos 7,62 3,157 37
45‐54anos 7,86 2,631 36
55‐64anos 6,48 3,502 21
EmDúvida
mais65anos 6,42 2,986 31
18‐24anos 8,23 2,978 39
25‐34anos 8,57 2,519 82
35‐44anos 8,18 2,921 79
45‐54anos 8,23 2,739 75
55‐64anos 7,48 3,058 63
Total
mais65anos 6,48 2,816 81
GráficoH7.Interacçãoentreintençãodeusoeidadeparaavariávelinfluênciasocial
69
Noque respeita aquartahipótesedoestudo, argumenta‐seque a idade temum
efeitona intençãodeusoemconsideraçãoàdimensãocondiçõesfacilitadoras.Deacordo
com os dados, não existe interacção entre o factor idade e o factor intenção de uso
(F(0,643;p=0,777), contudo os factores isolados apresentam diferenças significativas nos
seus grupos (intenção de uso: F(2,385)=9,306; p<0,001 e idade F(5,385)=4,925; p=0,000).
Assim, com base no teste de Bonferroni, as diferenças encontradas são entre os grupos
“Adopta”Vs“NãoAdopta”(p<0,001)e“Adopta”Vs“EmDúvida”(p<0,001),sendoque,tal
como é possível observar na tabela seguinte, as médias são superiores para o grupo de
sujeitosquetêmintençãodeadoptarTVdigitalnosescalõesetárioscentraisesuperiores.
TabelaH7.Média:intençãodeusoeidadeparaavariávelcondiçõesfacilitadoras
Intençãodeuso Idade Média Desvio‐padrão N
18‐24anos 5,50 2,976 8
25‐34anos 7,68 3,286 22
35‐44anos 6,33 4,117 15
45‐54anos 6,81 3,027 21
55‐64anos 5,26 3,460 27
NãoAdopta
mais65anos 4,73 3,668 41
18‐24anos 9,39 2,593 18
25‐34anos 8,72 3,322 18
35‐44anos 7,72 3,814 25
45‐54anos 8,31 3,807 16
55‐64anos 8,58 2,811 12
Adopta
mais65anos 5,44 3,358 9
18‐24anos 7,55 3,532 11
25‐34anos 7,37 2,984 43
35‐44anos 6,06 3,626 34
45‐54anos 5,91 3,137 34
55‐64anos 6,18 4,433 17
d
i
m
e
n
s
i
o
n
1
EmDúvida
mais65anos 4,72 3,612 32
70
GráficoH7.Média:intençãodeusoeidadeparaavariávelcondiçõesfacilitadoras
A hipótese 5 e derivadas ficaram respondidas com a ANOVA simples, tendo os dados
indicado a existência de diferenças significativas para um nível de confiança de 95%
(alpha=0.05) nestas variáveis respeitantes ao modelo referido (Atitudes de uso
F(2,390)=10,184; p<.001; Auto‐eficácia F(2,380)=5,064; p=.007; Ansiedade F(2,404)=6,438;
p=0.002).
71
4.Recomendações
Considerando os resultados antes apresentados e a revisão de literatura conduzida no
âmbito deste projecto de investigação, apresentam‐se as seguintes recomendações às
principaispartesinteressadasenvolvidasnoprocessodetransiçãodaTVanalógicaterrestre
paraodigitalterrestreemPortugal:
1. Ponderaro adiamentodasdatasdedesligamentodo sinal analógico terrestre
‐ tendo sobretudo em consideração as pessoas que recebem em exclusivo as
emissõesdeTVanalógicaterrestre,estimando‐sehaverumriscoelevadodeque
partesubstancialdestapopulaçãopossa ficarsemacessoaosinaldetelevisão,a
manterem‐seasdatasprevistasparaodesligamentodaTVanalógicaterrestre.
O presente projecto de investigação estima que cerca de 38% da população de Portugal
Continental receba somenteTVemsinal aberto, a3mesesdo iníciododesligamentodas
emissões de TV analógica terrestre. Ainda, estima‐se que a recepção de TV analógica
terrestresemantenhacomolargamentedominantejuntodestesPortuguesessemTVpaga,
sendoo acesso à TDT pouco expressivo.No inquérito quantitativo aplicado junto de uma
amostrarepresentativadapopulaçãodePortugalContinental,dos38.3%quenãopossuem
TV paga em casa, apenas 3% afirmaram receber TDT, enquanto que 92.4% afirmaram
receberTVanalógica,atravésdaantenatradicional.Estemodo,estima‐sequecercade35%
dapopulaçãodePortugalContinentalpossaserafectadacomo“apagão”,deacordocomos
dadosapuradosemSetembrode2011.
A ter também em consideração o baixo nível de conhecimento sobre a data do
desligamento, bem como o baixo nível de conhecimento sobre o deve ser feito para
continuar a ter TV em sinal aberto. No presente projecto estimou‐se que a maioria da
população Portuguesa desconheça qual a data prevista do desligamento do sinal de TV
analógicaterrestre,verificou‐seumbaixoníveldeconhecimentosobreasquestõespráticas
relacionadas com a recepção de TDT e estimou‐se que perto demetade dos Portugueses
sem TV paga estejam indecisos quanto à obtenção de equipamentos ou serviços de TV
digital,a3mesesdoinícioprevistododesligamentodasemissõesdeTVanalógicaterrestre.
Atertambémemconsideraçãoquenocasodos inquiridossemTVpaga,43.9%afirmaram
queoseu televisornãoécompatível comaTDTe14.6% indicaramsercompatível, sendo
estesdadosrelativosaSetembrode2011.Aindaqueestesresultadosnãopossibilitemdar
72
uma resposta rigorosa e definitiva à questão “quantos Portugueses não estão preparados
para o desligamento da TV analógica terrestre?” ‐ até pelo elevadonúmerode inquiridos
sem TV paga que em Setembro de 2011 afirmaram não saber se têm um televisor
compatívelcomTDT(41.5%)equeafirmaramnãosaberseasuazonaderesidênciajátem
cobertura TDT (70.4%) ‐ ainda assim são elementos significativos a serem tidos em
consideraçãopelosdecisoresnestamatéria.
De notar que nos Estados Unidos da América o desligamento do sinal de TV
analógicaterrestrefoiadiadoportrêsvezes:de2006para31Dezembrode2008,aoqualse
seguiuoadiamentopara17deFevereirode2009e,finalmente,para12deJunhode2009
(Hart,2009).EmJaneirode2009,acercadeummêsdadata‐limiteanunciadaparadesligar
o sinal analógico de televisão, a Nielsen estimou que quase 7% de todos os lares com
televisãonãoestavampreparadosparao fimda televisãoanalógica terrestre (7,8milhões
delares),jáquenãopossuíamumtelevisoroudescodificadordetelevisãodigital(InformiTV,
2008).
Assim,orecém‐eleitopresidentedosE.U.A.BarackObamaavançoucomaproposta
deadiaroswitch‐offnosE.U.A.,declarandoque“milhõesdeAmericanos,incluindoaqueles
nascomunidadesmaisvulneráveis, teriamsidodeixadosàsescurasseaconversãotivesse
idoemfrentecomoplaneado”(cit. inHart,2011).Amenosde2semanasdadataprevista
para o desligamento – marcado para 17 de Fevereiro de 2009 ‐, a Câmara dos
Representantes viria a aprovar a proposta de adiamento de Barack Obama, já antes
aprovada pelo Senado (Stelter, 2009). Na perspectiva do investigador Norte‐Americano
Jeffrey Hart (2011) o adiamento da transição de Fevereiro para Junho de 2009 ajudou a
evitardisrupçõesgravesnoquotidianodoscidadãos,“enquantoesforçosadicionaislevados
a cabopelaFCCeaNTIAdepoisdaseleiçõesdeNovembroparaemendaroprogramade
cupõesparaaquisiçãodosdescodificadoreseparaeducaros consumidoresacabarampor
ajudarareduziroscustosdoajustamentoparaospobreseosidosos”.
Por outro lado, há a destacar o processo de switchover na Dinamarca, que é
consideradocomoumcasodesucessodamigraçãodaTVanalógicaterrestreparaodigital.
Estimou‐seque24%dapopulaçãoseriaafectadacomo“apagão”,ouseja,cercade601.000
famílias‐aDinamarcatemcercade5,5milhõeshabitantes.Assim,nodiadodesligamento,
a 31 de Outubro de 2009, 6.000 famílias Dinamarquesas não estavam preparadas para o
desligamento da emissão de TV analógica terrestre, tendo a linha telefónica de apoio à
populaçãorecebido4.000chamadasnodiadatransição(Vejlgaard,2010).
Destemodo, revela‐se ser essencialmonitorizar com regularidade o progresso da
73
migraçãocomrecursoaindicadores‐chave,atravésdeentidadesindependentesecredíveis,
àsemelhançadoqueaconteceuempaísescomoosE.U.A.,EspanhaeDinamarca.Atítulode
exemplo,osindicadores‐chaveutilizadosnocontextodatransiçãodaTVanalógicaterrestre
paraodigitalterrestrenaDinamarcaforamosseguintes:
A. Tem conhecimento que o sinal de TV analógica vai ser desligado a 31 de Outubro de
2009?
B. Sabe se o televisor principal de sua casa será afectado com o desligamento do sinal
analógicodeTV?
C.AsuacasaestápreparadaparaosinaldeTVdigital?
Ainda a ter em consideração, observa Vejlgaard (2010) que àmedida que a data‐
limiteseaproxima,operíododeinovação‐decisãosetornamaiscurto.Ditodeoutromodo,
mesmoqueos indicadoresdeconversãoparaaTVdigitalpossamestaraquémdasmetas
definidas,seaestratégiafoibemconcebidaeexecutada,essasmetasaindasãopossíveisde
atingir.
2.TornaratractivaaofertadeTDT,commaiscanaisTVeserviçosúteis
‐actualmenteasvantagensdaTDTsãopraticamenteinexpressivas,mantendo‐sea
mesma oferta de canais da TV analógica terrestre: a melhoria da qualidade de
imagem e som não deve ser suficiente para motivar a mudança voluntária da
grandemaioriadapopulaçãoaserimpactadapeloswitch‐off.
No caso de Portugal, o investimento obrigatório na compra de televisores com TDT
integradooucaixasdescodificadorasnãoresultaactualmentenumacréscimodecanaisde
televisãodisponíveisemsinalaberto,aocontráriodoqueaconteceuregrageralemtodosos
paísesquepassarampelomesmoprocesso.
A título de exemplo, emEspanhaos espectadores usufruíamde 4 canais em sinal
aberto através do sistema de TV analógico terrestre e passaram a receber 20 canais
gratuitoscomaTDT(ImpulsaTDT,2010).NospaísesEuropeuscomTDTonúmerodecanais
nacionaistransmitidosgratuitamenteatravésdestaplataformasãoosseguintes,deacordo
comosdados recolhidospelo investigadorSérgioDenicoli (2011),daUniversidadeMinho:
74
Tabela27:CanaisnacionaisemitidosgratuitamenteemsistemasdeTDTnaEuropa(Denicoli,2011)
ReinoUnido 43canais Eslovénia 8canais
Itália 39canais Áustria 7canais
Alemanha 35canais Hungria 7canais
Espanha 27canais Irlanda 7canais
França 18canais Suécia 7canais
Grécia 17canais Chipre 6canais
Finlândia 14canais Eslováquia 6canais
Lituânia 14canais Estónia 4canais
Luxemburgo 12canais Letónia 4canais
Polónia 12canais Portugal 4canais
RepúblicaCheca 10canais PaísesBaixos 3canais
Bélgica 9canais Bulgária 3canais
Dinamarca 8canais Malta 2canais
A questão da atractividade da oferta de TDT foi sublinhada por Michael Starks,
especialistaempolíticaspúblicasrelacionadascomoswitch‐offeautordolivroSwitchingto
Digital Television sobre o processo de transição da TV analógica para o digital no Reino
Unido,referindoque“seaTVdigitalfosseatractivaparaosconsumidores,amaioriadeles
iriagastaroseuprópriodinheirovoluntariamente,especialmentequandoseesperaqueas
famíliasmédiassubstituamos televisoresprincipaisdentrodeumadécada”. (Starks,2007:
11).Assim, seria possívelmanter relativamente baixo o número de casas para os quais a
mudançaseriaforçada.
Em Portugal, conforme apontou Sérgio Denicoli, faltam elementos que levem o
telespectador a querermigrar voluntariamente para a TDT: “Em Espanha, por exemplo, a
TDTtrouxemaisde20canaisdeacessolivre.Ouseja,oscidadãosinvestiramnacomprade
um aparelho deTVcom sintonizadordigitalou de uma set‐top‐box porque sabiam que
teriamumaprogramaçãodiferenciada”(entrevistaconcedidaàequipadoprojectoADOPT‐
DTV a 15‐10‐2010). Tal perspectiva foi corroborada pela associação de defesa dos
consumidores DECO, que considerou que será difícil que os Portugueses migrem
75
espontaneamente para a TDT: “visto que a plataforma digital terrestre não apresenta de
momento, nenhuma vantagem óbvia para os consumidores em relação ao sistema
analógico.Temososmesmoscanais,nívelderesolução,formatodeimagem(4:3)eapenaso
guiaelectrónicodeprogramas(EPG)comoserviçoadicional”(entrevistaconcedidaàequipa
doprojectoADOPT‐DTVa11‐11‐2010).
Quando questionados sobre que recomendações fariam para que o processo de
transiçãoda televisãoanalógicaparaaTDT fossebem‐sucedido,aquestãodo5ºcanal foi
referida por 5 dos 16 stakeholders como uma mais‐valia, bem como a possibilidade dos
canais públicos que agora apenas estãodisponíveis na redepaga (RTPN e RTPMemória)
seremdisponibilizadosnaredeabertadigital,oudesepermitirqueaSICeTVIpudessemter
direito a usufruir de mais espectro radioeléctrico para que os seus canais de notícias
pudessem também ser disponibilizados gratuitamente através da TDT. Igualmente, foi
sugerida por Denicoli a criação de canais regionais ou de universidades que estivessem
disponíveisnanovaplataformasemserempagos.No fundo,oquese recomendaéquea
passagem de TV analógica para a digital implique um aumento da oferta de canais
disponíveisgratuitamente,deformaaquelheestejaassociadaumamais‐valiaóbvia.
De recordar que no presente estudo se verificou que os benefícios associados à
presenteofertadeTDTtêmpoucopesonarespectivaintençãodeadopção,comocorteda
emissãodeTVanalógicaterrestreaseridentificadocomooprincipalmotivoparaobterTDT
noúltimoinquéritorealizadoemSetembrode2011,por39.3%dosinquiridossemTVpaga,
com33.2%aescolheraopção“nãosei/não respondo”àquestãoqualoprincipalmotivo
para ter TDT. Amelhoria da qualidade de imagem de som da TV digital em relação à TV
analógica foi indicada por 13.2% destes participantes, uma percentagem que semanteve
praticamente igualàapuradano inquéritodeNovembrode2010(13.7%).Aindadereferir
quenoinquéritodeSetembrode2011,12.5%dosparticipantessemTVpagaafirmaramnão
encontrarnenhummotivoparaterTDT.
3.Promovercampanhasdecomunicaçãomaisinformativaseesclarecedoras
‐ sobretudoteremconsideraçãoaspopulaçõesmaisvulneráveis, comosejamos
mais idosos, as pessoas com baixo status socioeconómico e pessoas com
necessidadesespeciais,quecorrespondemàmaioriadaspessoasafectadascomo
desligamentodasemissõesdeTVanalógicaterrestre.
76
OpresenteestudodeinvestigaçãoverificouqueosindivíduossemTVpagaemPortugalsão
mais propensos a ter mais de 55 anos de idade, a possuir baixos níveis de habilitações
académicas e um baixo status (D/ E) e, finalmente, a possuir algum nível de deficiência
(auditiva, visual ou demobilidade). A adequação dasmensagens a estes público‐alvo, em
particular da terminologia ausar, reveste‐se assimdeparticular cuidadoe atenção, já se
trata de explicar um processo de conversão de tecnologia obrigatório, com poucas
vantagensperceptíveisparaosespectadoresPortugueses,conformefoiantesreferenciado.
Mesmonoutroscontextosemqueasvantagensdaconversãosãomaisnotórias,comoéo
casodoReinoUnido,aquestãodapersuasãodosespectadoresemrelaçãoaumamedida
compulsória não tem sidomatéria pacífica, como apontaMichael Starks (2007: 2): “Estas
expectativas vieram a colocar dilemas quer aos políticos, cujos instintos de sobrevivência
politicaosalertaramparanãoseremdemasiadoevangelizadoressobreoassunto,querpara
oscanaisdetelevisãoeaindustriadeequipamentosreceptoresdeTV,quetêmquecultivar
assuasprópriasrelaçõescomapopulaçãoequeeramsensíveisaosriscosdesetornaremos
portadoresdasmásnotíciasdoGoverno”.
EmpaísescomoaEspanhaeReinoUnidoforamcriadasdeentidadesresponsáveis
pela implementação, divulgação e avaliação do processo de transição para o digital,
resultantes de parcerias entre os principais stakeholders neste campo – tais como
reguladores,operadoresdetelevisão,canaisdetelevisão,entreoutros.
No caso da Espanha, a entidade formada para este efeito tinha a designação
“Impulsa TDT” definiu que a quarta e última fase da sua estratégia de comunicação teria
comoobjectivosensibilizarosgruposresistentesàmigraçãoparaaTDT,paraqueninguém
ficasse de fora do processo. De notar que esta entidade deu inicio as campanhas de
comunicaçãosobreatransiçãoparaaTDTem2006,ouseja,4anosantesdodesligamento
definitivo das emissões de TV analogia terrestre em Espanha, tendo na altura como
principaisobjectivosdaraconheceraTDTeoiníciodoprocessodetransiçãoecomunicaros
benefíciosracionaistrazidosporestatecnologia(taiscomomelhorqualidadedeimageme
som,maiscanaisdetelevisãogratuitos,interactividade,entreoutrosaspectos).
NoReinoUnido,aentidadesemfinslucrativos“DigitalUK”foifundadaem2005em
respostaaumasolicitaçãodoGovernobritânico,juntandoosesforçosdecanaisdetelevisão
públicos e privados (BBC, ITV, Channel 4, Five, S4C), operadores dos multiplexes (SDN,
Arqiva), reguladores (Ofcom, BIS, DCMS) e diversas associações de defesa dos
consumidores.
77
AcampanhadecomunicaçãonoReinoUnidoestevecentradanapersonagem“Digit
Al”, tendo por objectivo de certo modo humanizar a tecnologia. A estratégia de
comunicação contemplou não só os meios de comunicação demassas como a televisão,
como também a divulgação através da web e comunicação de proximidade, através da
distribuiçãodefolhetosnascasasdaspessoasede“roadshows”protagonizadospeloDigit
Al,quepercorreuopaísaexplicaroqueeraesteprocessodemigraçãoaTDTeoquefazer
para continuara ter televisão. Emparalelo,os fornecedorese vendedoresde televisõese
caixas descodificadoras foram alvo de acções comunicação específicas, para que
disponibilizasseminformaçãorigorosaeajustadaaospossíveisclientes.
Ainda, na Dinamarca foi levada a cabo uma linha de comunicação dirigida às
populações mais vulneráveis neste processo ‐ em particular, os mais idosos (Vejlgaard,
2010).Estessãoexemplos,entreoutrospossíveis,decampanhasdecomunicaçãofeitaspela
positivaecentradasnospúblicos‐alvoaseremimpactadospelodesligamentodosinaldeTV
analógicoterrestre.
4.Reforçarosapoiosespecíficosdirigidosàspopulaçõesmaisvulneráveis
‐ os mais idosos, os mais carenciados e as pessoas com deficiências visuais,
auditivas emotoras devemmerecer umamaior atenção da parte das entidades
responsáveis nesta matéria, nomeadamente com através do reforço dos apoios
específicosdisponíveis.
AAnacomePTtornarampúblicosemMarçode2011quaisosgruposelegíveisàatribuição
de um subsídio de aquisição de equipamentos descodificadores de TDT e quais os
procedimentosnecessáriosàobtençãodorespectivosubsídio‐asaber:
a.Cidadãos comnecessidades especiais, comgrau de deficiência igual ou superior a 60%;
b.Beneficiáriosdorendimentosocialdeinserção;
c.Reformadosepensionistascomrendimentoinferiora500eurosmensais.
Assim,osubsídioparaaquisiçãodeequipamentosdeTDTficoufixadoem“50%do
valor do equipamento descodificador TDT adquirido, até um máximo de € 22,00, já
considerando um custo de € 3,00 relativo ao processo de tratamento da solicitação”16.
Porém, tendo em consideração que o preço médio das caixas mais baratas no mercado
16Anacom(2011).DecisãosobreaatribuiçãodesubsídioàaquisiçãodeequipamentosTDT.Acedidoa27‐10‐2011,em:http://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1079309
78
ronda sobretudo os 40 e os 50 euros (Deco, 2011) e que pode acrescer o custo da
deslocaçãodeumtécnicoa casa,o reembolsomáximode22eurospodeser considerado
comomanifestamenteinsuficienteparacobriroscustosdestamigraçãoobrigatória17.
Ainda,jáquecercade13%dapopulaçãoPortuguesanãoiriasercobertapelarede
deTDT,haviaocompromissoporpartedaPTemsubsidiarestesespectadores“incluindoa
mão‐de‐obra, equipamentos receptores terminais, antena e cablagem, (...) paraqueestes
não tenham qualquer acréscimo de custos, face aos utilizadores daquelas»18, tal como
previstonoregulamentodoconcursoparaatribuiçãododireitodeutilizaçãodefrequências
de âmbito nacional para o serviço de TDT em sinal aberto e no respectivo caderno de
encargos.Actualmente,opreçodo“KitTDTComplementar” ‐destinadoaosespectadores
quenãoestãocobertospela rededeTDT ‐éde77euros.Aestevaloracresceocustode
instalação,quenocasodeser realizadaporagentesprópriosouparceirosdaPTcobrarão
pelamesmaumvalormáximode61euros.Estesespectadorespodemsolicitaroreembolso
de22eurosàPT,deacordocomainformaçãodisponívelnositedaAnacom19.
Emcontraste,nocasodeEspanhaacoberturadarededeTDTficoupróximade99%,
superando deste modo a anterior taxa de cobertura da rede de TV analógica terrestre,
ficandoarecepçãouniversalasseguradaa100%comautilizaçãodadistribuiçãoviasatélite
(Impulsa TDT, 2010). Em Espanha, os seguintes grupos de pessoas podiam solicitar a
instalaçãogratuitadeumacaixadescodificadoradeTDTàsentidadescomcompetênciana
matéria:
1. pessoas com 80 ou mais anos, que vivam sós ou acompanhadas por outra pessoa
igualmentecom80oumaisanosdeidade;
2. pessoas com mais de 65 anos de idade que tenham reconhecidamente um nível de
dependência de grau II (dependência severa) ou grau III (grande dependência);
3. pessoas com reconhecida incapacidade visual ou auditiva, igual ou superior a 33%
(ImpulsaTDT,2010).
17AestepropósitoderecordarqueemAbrilde2009aPTanuncioucriarumfundoparasubsidiaracompradereceptoresdeTVdigital,dosquais15milhõesseriampara“receptoressimplesdecanalabertoeosrestantes25milhões para descodificadores do sinal” (Correio da Manhã, 2009). Ainda, o presidente da PT, Zeinal Bavasublinhou na altura que este fundo serviria para subsidiar as “caixas de quem tem dificuldades financeiras.'Queremosgarantirquetodososportuguesescontinuemavertelevisão'”.
18Anacom(2011).Decisãodedefiniçãodoprocedimentodecomparticipaçãodeinstalaçõeseequipamentosnaszonasabrangidaspormeiosdecoberturacomplementares(DTH),noâmbitodaTDT.Acedidoa27‐10‐2011,em:http://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1080844
19Anacom(2011)Televisãodigitalterrestre‐comparticipaçãoemzonasDTH.Acedidoem27‐10‐2011,em:http://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1080885
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No Reino Unido, os cidadãos commais de 75 anos e com necessidades especiais
podem requerer um apoio totalmente gratuito à migração para a TV digital, designado
“Switchover Help Scheme”, que contempla a oferta de uma caixa descodificadora de TV
digital, da instalação do equipamento por um técnico credenciado e ainda 12 meses de
assistênciaatravésdeumalinhatelefónicadedicada.Estimou‐sequecercade7milhõesde
pessoaspodiambeneficiargratuitamentedo“SwitchoverHelpScheme”.Ainda,estemesmo
programademigraçãopara a TVdigital, da responsabilidadedaBBC, podia ser requerido
por outras populações mediante o pagamento fixo de 40 libras (aproximadamente 45
euros),incluindoosmesmosbenefíciosacimaapontados.
JánocasodosEstadosUnidosdaAmérica,oGovernopromoveuumprogramade
subsidiaçãodas caixasdescodificadoras, atribuindoa cada casadois cupõesde40dólares
para aquisição de equipamentos receptores de TDT (aproximadamente 29 euros x 2 = 58
euros). No total, 34,4milhões de domicílios beneficiaram deste programa, representando
1,5 mil milhões de dólares de subsídios. O programa de subsidiação foi pago com uma
pequenapartedodinheiroencaixadopeloEstadono leilãodasfrequênciastornadas livres
apósodesligamentodosinaldeTVanalógicaterrestre,queascendeua20milmilhõesde
dólares(DVB,2009).
Assim, se recomenda o reforço da subsidiação da compra e instalação das caixas
descodificadoras. Para tal, poderia ser aplicada uma parcela do encaixe financeiro do IVA
porpartedoEstadoresultantedasvendasdostelevisoresecaixasdescodificadorasdeTDT
ouumaparceladoencaixefinanceiroresultantedofuturoleilãodasfrequênciasdoespectro
radioeléctricotornadaslivrescomodesligamentodasemissõesanalógicasdetelevisão.
80
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(ISCSP‐UTL).
Veríssimo,Iolanda(empreparação)"TVlocalemPortugal:perspectivasdedesenvolvimento
da televisão de proximidade no novo cenário digital". Mestrado de Ciências da
Comunicação.FaculdadedeCiênciasSociaiseHumanas–UniversidadeNovadeLisboa.
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6.AnexosB–RelatóriosdoprojectoADOPT‐DTV
Relatório“ADOPT‐DTV:EstudodeUsabilidade”Autoria:RuiHenriques,comIolandaVeríssimoeInêsMartinsRelatório“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”Relatório“ADOPT‐DTV:EstudoEtnográfico”‐AnexosAutoria:IolandaVeríssimo,comSaraHenriques
Revisãoecoordenação:CéliaQuico
Relatório“ADOPT‐DTV:EntrevistascomStakeholders”Relatório“ADOPT‐DTV:EntrevistascomStakeholders”‐AnexosAutoria:ÁgataSequeira,comIolandaVeríssimoRevisãoecoordenação:CéliaQuico
Relatório“ADOPT‐DTV:InquéritoQuantitativo”Autoria:SaraHenriquesRevisãoecoordenação:CéliaQuico
RelatórioFinal“EuroITV2011”Autoria:CéliaQuicoRelatório“Atransiçãoparaatelevisãodigitalterrestre:experiênciasdaDinamarca”Autoria:PeterOlafLooms
Relatório“EstadodaArtenaEuropa”Autoria:VeraAraújo
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