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1 Antônio Ferraz de Araújo catão ANTÔNIO FERRAZ DE ARAÚJO CATÃO O Coronel Antônio Ferraz de Araújo Catão é descendente do Patriarca da Família Ferraz Joaquim Ferraz de Araújo que foi casado em 2ª núpcias com Maria Antônia de Carvalho com a qual teve nove filhos: Ricardo Ferraz de Araújo, Antônio Ferraz de Araújo Catão, Domingos Ferraz de Araújo, Francisco Ferraz de Araújo, Leocádia Ferraz de Araújo, Maria Ferraz de Araújo, Honorata Ferraz de Araújo, Helena Ferraz de Araújo e Ana Ferraz de Araújo. Antônio Ferraz de Araújo Catão foi o 2º filho de Joaquim Ferraz de Araújo com Maria Antônia de Carvalho e foi casado com Zeferina Maria de Oliveira, com a qual não teve filhos. Catão Ferraz, como era conhecido, residia na Fazenda do 'Bom do Jardim' que fica nas margens da Rodovia BA-265, e estava localizada entre a entrada da estrada que desce a serra em direção à caatinga [Bomba] chegando até próximo do Povoado de Pé da Serra na antiga estrada de terra que segue para Tremedal, passando pelo 'Posto Bambu de João Ferraz' e descendo a Serra do Jataí. Dono de grande fortuna quer em Fazendas quer em propriedades residenciais em Vitória da Conquista, deixou, ao morrer, todo o seu patrimônio à sua mulher Zeferina como usufrutuária desses bens, deixando também, logo após a sua morte, alguns dotes e terras aos seus parentes e fonte: www.robertolettiere.com.br Escritor Roberto Lettière

Antonio Ferraz de Araujo Catão

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Antônio Ferraz de Araújo catão

ANTÔNIO FERRAZ DE ARAÚJO CATÃO

O Coronel Antônio Ferraz de Araújo Catão é descendente do Patriarca da Família Ferraz Joaquim

Ferraz de Araújo que foi casado em 2ª núpcias com Maria Antônia de Carvalho com a qual teve nove filhos:

Ricardo Ferraz de Araújo, Antônio Ferraz de Araújo Catão, Domingos Ferraz de Araújo, Francisco Ferraz de

Araújo, Leocádia Ferraz de Araújo, Maria Ferraz de Araújo, Honorata Ferraz de Araújo, Helena Ferraz de

Araújo e Ana Ferraz de Araújo.

Antônio Ferraz de Araújo Catão foi o 2º filho de Joaquim Ferraz de Araújo com Maria Antônia de

Carvalho e foi casado com Zeferina Maria de Oliveira, com a qual não teve filhos.

Catão Ferraz, como era conhecido, residia na Fazenda do 'Bom do Jardim' que fica nas margens da

Rodovia BA-265, e estava localizada entre a entrada da estrada que desce a serra em direção à caatinga

[Bomba] chegando até próximo do Povoado de Pé da Serra na antiga estrada de terra que segue para

Tremedal, passando pelo 'Posto Bambu de João Ferraz' e descendo a Serra do Jataí.

Dono de grande fortuna quer em Fazendas quer em propriedades residenciais em Vitória da

Conquista, deixou, ao morrer, todo o seu patrimônio à sua mulher Zeferina como usufrutuária desses bens,

deixando também, logo após a sua morte, alguns dotes e terras aos seus parentes e afiliados. O Testamento

previa que após a morte de sua mulher Zeferina Maria de Oliveira, o que se verificou em 7 de junho de 1926,

todos os seus bens seriam destinados a uma obra de caridade, assim se expressando:

'[...] e o mais que sobrar de minha meação deixo para se criar na Vila da Vitória uma Casa de

Caridade a bem da pobreza e desvalidos'.

O que, aliás, foi feito e desta forma foi construído o prédio da 'Santa Casa de Misericórdia' em Vitória

da Conquista, e que hoje forma todo o complexo do Hospital São Vicente.

Catão, apesar de sua grande riqueza foi sempre um homem muito simples que criou os filhos de

muitos de seus parentes e compadres, entre esses, Honorina Ferraz de Oliveira Dantas, que foi a esposa de

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Napoleão Ferraz de Araújo e Vitória Ferraz de Oliveira Dantas que mais tarde casou-se com Cícero Ferraz de

Oliveira e que eram sobrinhas de Zeferina Maria de Oliveira.

Catão até mesmo na sua morte dispensou as pompas de estilo de uma figura ilustre e rica como ele,

deixando em seu testamento expresso o seguinte:

'[...] é de minha vontade que o meu corpo seja amortalhado de preto e meu enterro seja feito

sem pompa e sem grandeza...'.

'[...] devendo o meu corpo ser sepultado na Igreja ou Cemitério que ficar mais próximo ao lugar

do meu falecimento'.

Em 1894, por ocasião da abertura só testamento de Antônio Ferraz de Araújo Catão, teve seus bens

imóveis avaliado em de 29:566$658 [Vinte e nove contos e quinhentos e sessenta e seis mil e seiscentos e

cinquenta e oito réis.] que representava uma verdadeira fortuna.

Apesar desse desprendimento material e vontade de cuidar 'dos pobres e desvalidos', Catão Ferraz

esteve envolvido em vários inquéritos policiais e figura inclusive como mandante de um assassinato,

contudo, saiu-se livre dos processos.

Catão, como os demais membros de sua família, também ocupou cargos públicos. Foi Juiz Municipal e

Delegado de Polícia, por duas vezes, em 1880 e 1882.

Catão não teve morte natural, foi assassinado conforme declarou sua mulher Zeferina Maria de

Oliveira que seu marido Catão Ferraz:

'[...] fora barbaramente assassinado com um tiro nas costas ao chegar na porteira da Fazenda

em 02 de junho de 1893'.

Sua morte ocorreu quase um ano após ter sido concluído o processo criminal do qual era réu.

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TESTAMENTO DE CATÃO

O testamento de Antônio Ferraz de Araújo Catão foi lavrado em 5 de março de 1887, tendo ele sido

assassinado no ano de 1893:

'[...] Jesus Maria José, em nome da Santíssima Trindade – Padre Filho e Espírito Santo, em que

eu Antônio Ferraz de Araújo Catão, firmemente creio em cuja fé protesto viver e morrer, este

meu testamento última vontade que há de prevalecer depois de minha morte'.

'Declaro que me achando são e em perfeito juízo e entendimento e receando a morte que, a

todos é certa determinei fazer meu testamento pela forma seguinte':

'Declaro que sou brasileiro, natural da Freguesia de Santo Antônio da Barra [ Condeúba], filho

legítimo de Joaquim Ferraz de Araújo e Maria Antônia de Carvalho já falecidos. Declaro que

sou casado com Dona Zeferina Maria de Oliveira, filha legítima do Capitão Luiz Fernandes de

Oliveira e de Dona Teresa de Oliveira Freitas, de cujo casamento não tivemos filhos.

Declaro que é minha vontade que o meu corpo seja amortalhado de preto e meu enterro seja

feito sem pompa e sem grandeza, dando-se aos pobres, no dia em que for sepultado, duzentos

mil réis de esmolas, devendo o meu corpo ser sepultado, na igreja ou cemitério que ficar mais

próximo do lugar do meu falecimento. Quero que, por minha alma se diga uma capela de

missas, meia capela por alma de todos quantos tenho lesado neste mundo, meia capela por

alma de meus pais e mais dez missas pelas almas do purgatório. Deixo para reparo da capela de

Nossa Senhora da Saúde, de São Felipe, trezentos mil réis'.

'Com a condição de servirem a minha mulher, a exceção dos escravos Sabino, Januário e

Apolinário, deixo os mais todos forros e libertados e, a todos os meninos que eu tenho criado,

uma das melhores fazendas que tenho, deixo para eles a qual nunca poderá ser alienada.

Declaro que deixo às duas meninas que estou criando Maria Clemência e Júlia dez cabeças de

gado para o seu dote. Declaro que não tenho descendentes e nem ascendentes e deixo o uso

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fruto de minha meação à minha mulher Dona Zeferina Maria de Oliveira. Depois de sua morte

será entregue dois contos de réis, em dinheiro ou em bens a minha afilhada Jesuína, filha do

meu compadre Joaquim Gonçalves de Santana e, o mais que sobrar de minha meação deixo

para se criar na Vila da Vitória uma casa de caridade a bem da pobreza e desvalidos'. [grifos

meus]

SENTENÇA JUDICIAL DE INCORPORAÇÃO

[...] Considerando que, o falecido Antônio Ferraz de Araújo Catão, deixou em seu testamento de

5 de março de 1887, a meação de bens para se criar na Vila da Vitória hoje Cidade de Conquista,

uma Casa de Caridade a bem da pobreza e desvalidos: ficando, porém, sua mulher Dona

Zeferina Maria de Oliveira no usufruto dos referidos bens; considerando que tendo o falecido

Antônio Ferraz de Araújo Catão, foram inventariados os bens do casal, cumprindo o testamento,

sendo o inventário julgado por sentença em 3 de outubro de 1894, não tendo havido no decorrer

de 32 anos, após a abertura do testamento, nenhuma impugnação contra as cláusulas

testamentárias; considerando que, para dar cumprimento as disposições testamentárias,

diversos cidadãos aqui domiciliados, fundaram um estabelecimento de caridade que é a santa

Casa de Misericórdia, destinado à pobreza e desvalidos, tal qual o determinara o testador, em se

investindo assim aí nesse estabelecimento de grande utilidade social; considerando que a

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia desta Cidade no direito de reclamar os bens legados,

logo que se verificasse a extinção de usufruto, requereu seu procurador geral, na petição de fls.

03, que fossem transferidas pelos meios de direito, os bens legados; considerando que tendo

falecido a usufrutuária Dona Zeferina Maria de Oliveira, em 7 de junho de 1926, como se

verifica no documento de fls.105, ficou extinto o usufruto que lhe foi dado pelo seu marido

Antônio Ferraz de Araújo Catão; considerando que, sendo assim, devem ser transferidos todos

os bens que usufruídos pela falecida Zeferina Maria de Oliveira à Irmandade da Santa Casa

de Misericórdia desta Cidade, que está funcionando com todas as prescrições legais; '[...]

Considerando finalmente o mais que dos autos consta, parecer do Dr. Promotor Público às fls.

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115 e 116, julgo extinto os usufrutos dos bens da meação do falecido Antônio Ferraz de Araújo

Catão, em cujo gozo estava sua mulher Dona Zeferina Maria de Oliveira que falecera a 7 de

junho de 1926. Mando assim que sejam incorporados todos os bens ao patrimônio da

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia desta Cidade, para que possa exercer a caridade a

bem da pobreza e desvalidos, ficando a mesma Irmandade na obrigação de entregar a quantia

de 2:000$000 dois contos de réis em dinheiro ou bens a Dona Joaquina, filha de Joaquim

Gonçalves de Santana, conforme disposição do testador. Publique-se em audiência. Conquista,

29 de outubro de 1927. Panfilo Luiz de Souza – Juiz de Direito. [grifos meus]

Como se vê, o atual Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Vitória da Conquista,

inclusive a Maternidade e o Hospital São Vicente, deve a sua atual pujança, em grande parte, ao Coronel

Antônio Ferraz de Araújo Catão, um belocampense, que deixou todos os seus bens materiais a essa

Benemérita Instituição, impulsionando e solidificando suas bases para os serviços futuro.

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