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Autor: Lisliê Lúcia Lima Pereira Ribeiro Instituição: Faculdade Mário Schenberg – Grupo Lusófona Brasil - Cotia SP - 2011 Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores com acesso ao Mestrado Europeu em Ciências da Educação Docente Responsável - Profª Dra. Maria Regina Peres

Apresentação lisliê

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Autor: Lisliê Lúcia Lima Pereira RibeiroInstituição: Faculdade Mário Schenberg – Grupo Lusófona Brasil - Cotia SP - 2011Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores com acesso ao Mestrado Europeu em Ciências da EducaçãoDocente Responsável - Profª Dra. Maria Regina Peres

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O estudo sobre a formação de professores me lançou o desafio de refletir sobre os anseios e as razões que me conduziram ao magistério. Desfio que me fez reportar, de modo reflexivo, as minhas origens.

Nasci no estado de Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte, no dia 22 de janeiro de 1.984, numa família relativamente numerosa. Tenho seis irmãos, dentre os quais sou a quarta filha.

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Entrei para a escola aos sete anos de idade, não fiz a pré-escola, pois, não era oferecido pelo governo como atualmente. Sempre estudei em escola pública, num primeiro momento foi à municipal e num segundo momento a estadual.

Lembro-me de que ainda criança, tinha muita vontade de aprender a ler e a escrever, porque meus três irmãos mais velhos já sabiam, e eu não conseguia entender o significado daqueles símbolos.

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Quando cheguei à escola estava eufórica para conhecer a minha professora e a turma, confesso que me assustei, estava matriculada em uma turma de “repetentes” da 1ª série, todos os outros alunos eram mais velhos, só eu tinha sete anos.

A professora foi muito importante para minha adaptação, o nome dela era Realina. Gostei do nome dela, por ser diferente como o meu, mas além do nome ela também era diferente das demais professoras que via passando pelo corredor, ela sorria, brincava e nos abraçava.E assim mesmo, fazendo parte de uma turma tão heterogênea, consegui me sobressair e passar de ano.

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Em casa sempre fomos incentivados a estudar. Meu pai, todo fim de semana fazia a mesma coisa: escolhia um texto e chamava cada um dos filhos para ler, depois fazia a mesma coisa com a tabuada.

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O tempo foi passando, e eu tinha certeza de que queria ser professora. Até o momento que iniciei o ensino médio. Nessa época surgiu uma interrogação enorme em minha cabeça: E agora, vou ser mesmo professora? E a resposta foi negativa.

Almejava uma profissão que fosse respeitada, valorizada e que o retorno financeiro fosse significativo. Os professores do ensino médio demonstravam justamente o contrário.

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Durante os três anos do ensino médio, a escola que estudava, realizou testes vocacionais com os alunos, todos os que eu fiz apontava para a área de Humanas, mais especificamente a Pedagogia. Mesmo assim, prestei vestibular para enfermagem, não deu certo e precisei ir para o mercado de trabalho sem uma formação.

Neste tempo, comecei a dar aulas de reforço para crianças perto da minha casa e gostei, meu pai ficou orgulhoso e dizia para as pessoas que tinha uma filha professora.

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O tempo passou, em 2005 me casei e vim morar no estado de São Paulo, na cidade de Cotia e, surgiu à oportunidade de cursar o Magistério. Foi um curso em EAD, oferecido em parceria pela Secretaria Municipal de Educação de Cotia e o IESDE – Inteligência Educacional e Sistema de Ensino, todo ministrado por vídeo-aulas, com atividades presenciais e a distancia.

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Por ser um curso na modalidade EAD, foi muito criticado, as pessoas não confiavam que se pudesse aprender com vídeos-aula, eu até entendo, mas felizmente não é o meu caso.

Iniciei o curso e me apaixonei pelas disciplinas. Percebi quanto tempo perdera tentando realizar outras atividades as quais não me identificava.Quando realizei o estágio fiquei apreensiva com o número de alunos, as condições de trabalho, a valorização, o respeito, mas como tinha me decidido resolvi correr o risco.

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Antes de terminar o magistério iniciei a graduação em Pedagogia. Em 2007 ingressei por concurso público na rede municipal de Cotia. Comecei a lecionar e me senti perdida, só tinha a prática do estágio. Que desafio!

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Nesta época conheci duas professoras: Ângela e Viviane, que ingressaram comigo e por coincidência fomos para a mesma escola. Alguns meses depois para completar a “nossa turma”, chamada carinhosamente de “Isabetes” chegou a Nilde. Acabamos nos tornando companheiras de trabalho, por semelhança em nossos ideais e, consequentemente amigas.

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Foi junto com elas que aprendi a por em prática a teoria estudada no magistério e na graduação, e a realizar o projeto “Roda de Leitura”, que faz toda a diferença em minha prática pedagógica.

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Em 2008 me formei, que sensação boa! Porém, percebi que faltava algo em minha formação. Queria algumas respostas que a graduação não tinha fornecido. Minhas indagações eram diferentes daquelas que me levaram a realizar a graduação.

Desejava saber como trabalhar com alunos especiais; como favorecer o processo ensino aprendizagem dos alunos; como trabalhar com os alunos indisciplinados; como relacionar a teoria e a prática; dentro do meu contexto, da minha realidade de sala de aula.

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Dentre essas questões que me afligiam, busquei a Pós-Graduação em Psicopedagogia. O atendimento psicopedagógico foi essencial para responder algumas dessas questões e também para embaralhar outras, por exemplo, como favorecer os alunos com problemas de aprendizagem em uma sala de aula com 35 alunos, se eles precisam de um acompanhamento individualizado?

Novamente, vem a questão da teoria e da prática. Na teoria tudo parece possível, mas a prática é complexa e

desafiadora.

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Terminei a especialização e decidi dar um tempo em meus estudos acadêmicos para realizar meu anseio de ser mãe e dedicar-me ao meu filho.

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Em agosto de 2010, surgiu uma oportunidade única, realizar o curso de Pós-Graduação com acesso ao mestrado europeu, juntamente com meu marido e minhas amigas. Relutei, porque agora não teria mais todo o tempo para dedicar-me aos estudos, visto que agora tenho um filho que requer minha atenção.

No entanto, por ser uma oportunidade única, aceitei o desafio e hoje estou aqui persistindo nessa jornada para melhor compreender minha prática em sala de aula e, assim aperfeiçoá-la.

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Decidir iniciar o curso foi desafiador, permanecer nele está sendo mais ainda.Durante o módulo de Modelos e Práticas de Formação de Professores, pude refletir sobre a minha formação, desde a mais tenra idade e, percebi que desde os primeiros anos escolares até a graduação, minha formação foi tradicional, ou seja, transmissão de conhecimentos, os quais seriam cobrados em avaliações.

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Neste módulo, além de refletir sobre minha formação, refleti também sobre a formação dos professores no Brasil e em Portugal, tendo em vista a contextualização histórica da formação de professores, suas incumbências e o desafio de formar professores crítico-reflexivo.

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Partindo da contextualização histórica, Tanuri (2000), refaz o percurso histórico da formação docente, no Brasil, em seu artigo “História da Formação de Professores”. A autora percorre os diversos períodos históricos do país, desde a colonização, onde as escolas normais fizeram parte do sistema provincial com o modelo europeu, devido a nossa colonização; até chegar a atual LBD 9394/96, onde estabelece a formação em nível superior para os professores, porém, admitindo a formação em nível médio.

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Nóvoa (1995 ), em seu texto “Os professores e sua formação”, refaz o percurso histórico da formação docente em Portugal, citando as principais mudanças ocorridas, dentre elas:

a substituição da igreja, que até o final do século XVIII era responsável pela educação, pelo professor;

investimento na formação de professores, devido ao último lugar nas estatísticas europeias;

a profissionalização dos professores, devido ao excesso de professores sem formação especifica;

e a formação continuada, para assegurar o sucesso da Reforma do Sistema Educacional

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Em decorrência do contexto histórico, a profissão docente, ao longo século XIX, é associada ao apostolado e ao sacerdócio, como uma vocação. Neste mesmo período, a profissão docente vive uma ambigüidade, segundo Nóvoa (1995), o professor “não deve saber demais, nem de menos; não deve se misturar com o povo, nem com a burguesia; não devem ser pobres, nem ricos...” (p.16)

Portugal foi impelido a realizar mudanças, uma vez que o país estava em desenvolvimento, e a educação não poderia ficar em último plano.

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Penso que estas questões colocadas por Nóvoa estão acontecendo na atualidade do nosso país, uma vez que não se tem claro quem é o professor, qual sua formação e sua incumbência, citando Nóvoa ainda, “a tendência no sentido da intensificação do trabalho dos professores, com uma inflação de tarefas diárias e uma sobrecarga permanente de actividades.”(p.24).

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Hoje o professor em vez de dedicar-se ao processo ensino aprendizagem do aluno, fica tão ocupado com a burocracia, o preenchimento de papelada, que na maioria das vezes ficam engavetadas, que o essencial na profissão docente se perde que é a dedicação ao processo ensino aprendizagem.

Se formos olhar o que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, (LDBEN) nº 9394/96, nos diz sobre as incumbências dos professores, encontraremos no artigo 13, o seguinte:

Os docentes incumbir-se-ão de:I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

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II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

III - zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;

V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;

VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

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Assim, de acordo com minha experiência profissional, é possível afirmar que a teoria muitas vezes não tem relação com a prática vivenciada no cotidiano escolar, justamente por conseqüência da inflação de tarefas delegadas ao professor.

Paralelamente as incumbências do professor, temos a sua formação, que atualmente fala-se em professor crítico-reflexivo, inspirado na proposta de Schon (1990).

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A formação do professor crítico-reflexivo inicia-se na graduação, tendo seqüência nos cursos de formação continuada e não tem um fim, visto que uma formação crítico-reflexivo deve estimular a autoformação, o pensamento autônomo, havendo trocas e partilhas, pois, o professor é simultaneamente formado e formando.

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O grande desafio atual na formação de professores, é conceber a escola como um espaço educativo, onde todos os envolvidos possam aprender e ensinar, tendo objetivos comuns entre o grupo de docentes pertencentes à escola.

“A inteligência se alimenta de desafios. Diante de desafios, ela cresce e

floresce. Sem desafios, ela murcha e encolhe”.

Rubem Alves

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Nóvoa, A. Os profesores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Cuadernos de Pedagogía, Barcelona, n. 286, p. 102-108. 1999.

Nóvoa, A. Os professores e sua formação. Lisboa: D.Quixote, 1995.

Tanuri, L. M. História da formação de professores. Revista Brasileira de Educação, nº14, Mai/Jun/Jul/Ago: 2000.

Zeichner, K. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. Lisboa:Educa, 1993.

REFERÊNCIAS