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CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSUNÇÃO
UNIFAI
Cristiane Nery Martins
A PSICOMOTRICIDADE COMO FORMA DE
CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL I.
SÃO PAULO
2014
1
Cristiane Nery Martins
A PSICOMOTRICIDADE COMO FORMA DE
CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL I.
Trabalho Científico Orientado
apresentado como atividade obrigatória
do Curso de Lato Sensu em
Psicomotricidade.
_______________________________________________________
ORIENTADOR (a): Profa. Dra. Vania Ramos
São Paulo, 2014.
2
Cristiane Nery Martins
A PSICOMOTRICIDADE COMO FORMA DE
CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL I.
Trabalho Científico Orientado
apresentado como atividade obrigatória
do Curso de Lato Sensu em
Psicomotricidade.
Aprovada em dezembro de 20__.
________________________________________________________
ORIENTADOR (a): Profa. Dra. Vania Ramos
3
A PSICOMOTRICIDADE COMO FORMA DE CONTRIBUIÇÃO PARA A
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL I.
PSYCHOMOTOR AS FORM OF CONTRIBUTION TO LEARNING IN EARLY
CHILDHOOD EDUCATION AND SERIES BEGINNING OF FUNDAMENTAL
EDUCATION I.
Cristiane Nery Martins1
Orientadora: Profa. Doutora Vânia Ramos2
Resumo: O presente artigo vem demonstrar a importância da psicomotricidade na
Educação Infantil como prevenção e contribuição para a aprendizagem escolar no
início da alfabetização no Ensino Fundamental I. Demonstrar a intervenção dos
movimentos do corpo aos objetivos educacionais por meio de pesquisa bibliográfica
tendo em destaques Vitor da Fonseca, Jean Le Boulch, Alves, Assis, Arnaiz, Luria e
Ajuriaguerra, pois os mesmos enfatizam a falta da educação psicomotora e o que
acarreta nas crianças em processo de alfabetização, já que a psicomotricidade
auxilia no desenvolvimento do esquema corporal, lateralidade, percepção espacial,
orientação espacial e temporal, percepção visual auditiva e tátil, auxiliando a criança
no momento de aprendizagem.
Palavras chave: Educação psicomotora, Educação Infantil, educador, alfabetização,
movimentos, contribuição psicomotora.
Abstract: This article demonstrates the importance of psychomotor skills in
kindergarten as a contribution to prevention and school learning in early literacy in
Elementary Education I. Demonstrate the intervention of body movements to the
educational objectives by means of literature highlights the taking Vitor authors da
Fonseca, Alves, Assis, Jean Leboulch , Arnaiz , Luria, and Ajuriaguerra since they
emphasize the lack of psychomotor education and what it entails in children in the
1Graduada em Pedagogia e Tecnologia Educacional pela Universidade Anhembi Morumbi, Pós graduanda em
psicomotricidade pela UNIFAI.
2Doutora em Ciências Sociais e Mestre em gerontologia pela PUC/SP. Psicopedagoga e Psicomotricista. Sócio
titular n° 132 da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade. Coordenadora do curso de pós-graduação em
Psicomotricidade da UNIFAI.
4
literacy process , since the psychomotor assists in the development of body image ,
laterality , spatial perception , spatial orientation and temporal , auditory and tactile
visual perception , assisting the child at the time of learning.
Key words: Psychomotor Education, Early Childhood Education, educator, literacy
movements, psychomotor contribution.
5
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo compreender como é que a psicomotricidade
pode contribuir para a aprendizagem na Educação Infantil e nas séries iniciais do
Fundamental I, principalmente em um momento tão delicado e importante que é a
alfabetização. Acreditamos que é necessário o professor usar a psicomotricidade
como um caráter preventivo e diferenciado no seu trabalho pedagógico, facilitando
assim, a compreensão das crianças que possuem dificuldades de comportamento e
aprendizagem.
A metodologia adotada no presente trabalho tratou-se de uma pesquisa
bibliográfica, onde através de coleta de dados em livros, teses de doutorado,
dissertações de mestrado e em artigos de revistas científicas, através dos principais
autores envolvidos com a psicomotricidade: Vitor da Fonseca, Jean Le Boulch,
Alves, Assis, Arnaiz, Luria, e Ajuriaguerra poderemos compreender a importância da
mesma como contribuição na aprendizagem e no contexto escolar.
Ressaltando a psicomotricidade como prevenção e contribuição na
Educação Infantil para que a criança consiga iniciar a fase da alfabetização com
qualidade, observando a lectoescrita, salienta-se ainda o objetivo de adquirir e
aprofundar conhecimentos sobre os diversos significados que se pode ter da
psicomotricidade e a aprendizagem na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I;
para que o professor através do aprimoramento do conhecimento e técnicas possa
incorporar, o jogo, o lúdico, o prazer e a alegria no conjunto da vida escolar, como
dimensões indissociáveis do ser humano.
Ao nascer, o único recurso que a criança possui para comunicar seus
sentimentos, necessidades é o próprio corpo, pois ainda não tem desenvolvida sua
linguagem oral, e nem mesmo possui estrutura cognitiva que lhe permita elaborar de
modo racional as suas frustrações. Assim ela comunica seus afetos e desafetos por
meio do corpo, sempre demonstrando suas emoções de modo intenso.
A partir das sensações corporais possibilitadas pela interação com o mundo
que a rodeia, desde bebê vai descobrindo o seu corpo, suas dimensões, limites e
possibilidades.
6
O comportamento físico da criança expressa, uma a uma suas dificuldades
motoras, intelectuais e emocionais. Por isso, podemos dizer que o desenvolvimento
afetivo, cognitivo e motor encontram-se intimamente relacionados, constituindo a
psicomotricidade do indivíduo.
O estudo de interesse do profissional da área de educação, pedagogos,
professores de educação infantil e séries iniciais, comprometidos com o processo de
desenvolvimento psicomotor e o trabalho pedagógico nas séries iniciais do ensino
fundamental.
De acordo, Ajuriaguerra e Marcelli (1991)
a psicomotricidade é a realização do pensamento por meio do ato
motor, econômico e harmonioso. Ou seja, é a relação entre o
pensamento-ação, envolvendo a emoção. Assim, é a partir do
suporte motor que a inteligência se desenvolve e por meio do corpo
que a criança acessa os símbolos e o raciocínio abstrato, essenciais
às diferentes aprendizagens propiciadas na escola.
1. PSICOMOTRICIDADE
Piaget (1987), estudando as estruturas cognitivas, descreve a importância
do período sensório motor e da motricidade, principalmente antes da aquisição da
linguagem, no desenvolvimento da inteligência. O desenvolvimento mental se
constrói paulatinamente: é uma equilibração progressiva, uma passagem contínua
de um estado de menor equilíbrio para ele, significa uma compensação, uma
atividade, uma resposta ao sujeito, frente às perturbações exteriores ou interiores.
Quando dizemos que houve o máximo de equilíbrio, devemos entender que houve o
máximo de atividades compensatórias.
A educação psicomotora é indispensável nas aprendizagens escolares, e
por esta razão deve ser proposta desde a escola maternal e não pode ser
desprezado durante a primeira série. Ajuda a criança a organizar-se, propiciam-lhe
melhores possibilidades de resolver atividades educativas, propostas como
exercícios de análise, lógica, relações etc.
7
É pela psicomotricidade e pela visão que a criança descobre o
mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o
mundo: porém esta descoberta a partir dos objetos só será
verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de segurar e de
largar, quando ela tiver adquirido a noção de distância entre ela e o
objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua
simples atividade corporal indiferenciada.
(OLIVEIRA, 1997, p.34).
O início da formação das memórias se dá na fase conhecida por aquisição e
que consiste na chegada das informações aos sistemas sensoriais (visual, tátil,
auditivo, olfativo e gustativo) na forma de estímulos. Os dados que chegam ao
cérebro são, então, processados em diferentes regiões e resultam em memórias.
Assim, o homem constrói sua história, por meio dos conhecimentos vividos,
adquiridos e experimentados, pela memória.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, além de uma formação
consistente é preciso um investimento educativo contínuo e sistemático para que o
professor se desenvolva como profissional de educação. O conteúdo e a
metodologia para essa formação precisam ser revistos para que haja possibilidade
de melhoria do ensino. A formação não pode ser tratada como um acúmulo de
cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico sobre a prática
educativa. Investir no desenvolvimento profissional dos professores é também
intervir em suas reais condições de trabalho (BRASIL, 1997).
A concepção de prática pedagógica é outro pressuposto da formação de
professores, uma vez que a dinâmica da escola, em grande parte, é fruto de sua
atuação. Podemos defini-la como uma prática social específica de caráter histórico e
cultural. Ela vai além da prática docente, de atividades didáticas dentro da sala de
aula, abrangendo os diferentes aspectos do projeto pedagógico da escola e as
relações desta com a comunidade e a sociedade.
O professor precisa ser um investigador, que está continuamente atento no
processo de aprendizagem com os múltiplos fatores envolvidos para desta forma
melhor conduzir a intervenção, aplicando a psicomotricidade com intenção no
contexto escolar do aluno.
8
1.1 CONCEITO DE PSICOMOTRICIDADE
O conceito de psicomotricidade teve uma evolução no século XX no Brasil,
através da influência da escola francesa, cujos estudiosos durante muitos anos
foram se habilitando, especializando e capacitando sobre o desenvolvimento da
habilidade manual e de aptidões motoras em função da idade, até chegar à sua
posição atual. (ASSIS, 2008)
Eles relacionaram o estudo da psicomotricidade às inadequações e
inadaptações escolares e sociais, pois, de acordo com Le Boulch (1981) a corrente
educativa em psicomotricidade nasceu das insuficiências, do trabalho de percepção
corporal e controle motor realizado que não teve condições de corresponder às
necessidades de uma educação real do corpo.
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP) conceitua:
Psicomotricidade é uma ciência que tem por objeto o estudo do
homem através do seu corpo em movimento nas suas relações com
seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de
maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas,
afetivas e orgânicas. È sustentada por três conhecimentos básicos:
O movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um
termo empregado para uma concepção de movimento organizado e
integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação
é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua
socialização. (SBP, 1984).
Oliveira (2011, p.28) afirma que “O termo psicomotricidade apareceu pela
primeira vez com Dupré em 1920, significando entrelaçamento entre o movimento e
o pensamento”.
A educação psicomotora, no entender de Lagrange apud Oliveira “não é um
treino destinado à automatização, à robotização da criança”, Ele cita Vayer para
reforçar sua opinião:
Trata-se de uma educação global que, associando os potenciais
intelectuais, afetivos, sociais, motores e psicomotores da criança, lhe
dá segurança, equilíbrio, e permite o seu desenvolvimento,
9
organizando corretamente as suas relações com os diferentes meios
nos quais tem de evoluir.
A este respeito, Ajuriaguerra apud Oliveira (2011, p. 34) afirma ser um erro
estudar a psicomotricidade apenas sob o plano motor, dedicando-se:
[...] exclusivamente ao estudo de um “homem motor”. Isto conduziria
a considerar a motricidade como uma simples função instrumental de
valor puramente efetuador e dependente da mobilização de sistemas
por uma força estranha a eles, quer seja exterior ou inferior ao
individuo, despersonalizando, assim, completamente a função
motora.
Daniel Calmels in Congresso Internacional de educação da LBV3 estaca que
“a Psicomotricidade ocupa o saber sobre o corpo e suas produções”. É uma ciência
que estuda a pessoa por meio de seu corpo em movimento e em relação com o seu
mundo interno e externo e suas possibilidades de perceber, atuar e se relacionar
com os outros, com os objetos e consigo mesmo. Fonseca (1988, p. 332) a este
respeito ele declara:
“Defendemos através da nossa concepção psicopedagógica, a
inseparabilidade do movimento e da vida mental (do ato ao
pensamento), estruturas que representam o resultado das
experiências adquiridas, traduzidas numa evolução progressiva da
inteligência, só possível por uma motricidade cada vez mais
organizada e consciencializada”.
Oliveira (2011, p. 32) declara que Wallon, um dos pioneiros no estudo da
psicomotricidade, salienta a importância do aspecto afetivo como anterior a qualquer
tipo de comportamento. Existe, para ele, uma evolução tônica e corporal chamada
diálogo corporal e que constitui o “prelúdio da comunicação verbal”. Este diálogo
corporal é fundamental na gênese psicomotora, pois a ação desempenha o papel
fundamental de estruturação cortical e está na base da representação.
Fonseca (1987, p. 32) afirma: “A significação da palavra evolui com a
maturidade motora e com a corticalização progressiva. É pelo movimento que a
3 http://www.lbv.org/sites/default/files/congressodeeducacao/pdfs/2013/congresso-de-educacao-2013-
textos-oficina-uruguai.pdf
10
criança integra a relação significativa das primeiras formas da linguagem
(simbolismo)”.
Le Boulch (1992, p. 21-25) também acredita que atitude em psicomotricidade
deve ter sua própria identidade, e não relacionar necessariamente sua metodologia
a outra corrente. Ele afirma que a psicomotricidade recebe contribuições da
psicanálise, no tocante à importância do afeto no desenvolvimento e da concepção
comportamental, no sentido de valorizar o instrumento para um maior desempenho
do indivíduo. A educação psicomotora deve ser uma formação de base
indispensável a toda criança.
Por isso ela é um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global
da criança. A estrutura da educação psicomotora é a base fundamental para o
processo intelectivo e de aprendizagem da criança.
O desenvolvimento psicomotor evolui do geral para o específico. Quando
uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem, o fundo do problema, em
geral, está no nível das bases do desenvolvimento psicomotor, ou seja, na
percepção corporal, coordenação motora grossa e relações sociais primárias.
Os campos de atuação da psicomotricidade são: reeducação, terapia e
educação. A reeducação psicomotora consiste no atendimento individual ou em
pequenos grupos de pessoas que apresentam sintomas de ordem psicomotora.
1.2 BASES PSICOMOTORAS
São diversas as terminologias e classificações utilizadas para denominar as
bases psicomotoras. Porém, os conceitos são basicamente os mesmos; o diferencial
está na forma de se classificar e nomear tais conceitos.
O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional de todo
o corpo e suas partes. Geralmente este desenvolvimento está dividido em vários
fatores psicomotores. Segundo Fonseca (1995), apresenta sete fatores, os quais
são a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a noção corporal, a estruturação espaço
temporal e praxia fina e praxia global.
11
1.2.1 - Tonicidade indica o tono muscular, tem um papel fundamental no
desenvolvimento motor, é ela que garante às atitudes, a postura, as mímicas, as
emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas.
1.2.2 - Equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e
dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle postural e o desenvolvimento
das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de
equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de apresentar a capacidade de
manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido
com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de
sustentação.
1.2.3 - Lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da dominância lateral da mão,
olho e pé, do mesmo lado do corpo. A lateralidade corporal se refere ao espaço
interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo com maior
desembaraço. O que geralmente acontece é a confusão da lateralidade com a
noção de direita e esquerda, que esta envolvida com o esquema corporal. A criança
pode ter a lateralidade adquirida, mas não saber qual é o seu lado direito e
esquerdo, ou vice-versa. No entanto, todos os fatores estão intimamente ligados, e
quando a lateralidade não está bem definida, é comum ocorrerem problemas na
orientação espacial, dificuldade na discriminação e na diferenciação entre os lados
do corpo e incapacidade de seguir a direção gráfica.
1.2.4 - Noção Corporal a formação do "eu", isto é, da personalidade, compreende o
desenvolvimento da noção ou esquema corporal, através do qual a criança toma
consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por seu intermédio.
Ajuriaguerra apud Fonseca (1995) relata que a evolução da criança é
sinônimo de conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo,
e através dele que esta elabora todas as experiências vitais e organiza toda a sua
personalidade.
A noção do corpo em psicomotricidade não avalia a sua forma ou as suas
realizações motoras, procura outra linha da análise que se centra mais no estudo da
12
sua representação psicológica e linguística e nas suas relações inseparáveis com o
potencial de alfabetização.
Este fator resume dialeticamente a totalidade do potencial de aprendizagem,
não só por envolver um processo perceptivo polissensorial complexo, como também
por integrar e reter a síntese das atitudes afetivas vividas e experimentadas.
1.2.5 - Estruturação espaço temporal decorre como organização funcional da
lateralidade e da noção corporal, uma vez que é necessário desenvolver a
conscientização espacial interna do corpo antes de projetar o referencial
somatognósico no espaço exterior (Fonseca, 1995).
Este fator emerge da motricidade, da relação com os objetivos localizados
no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo, enfim das múltiplas relações
integradas da tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal.
A estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da
situação de seu próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe
conscientizar-se do lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às
pessoas e coisas.
1.2.6 - Praxia Global a praxia tem por definição a capacidade de realizar a
movimentação voluntária pré-estabelecida com forma de alcança um objetivo. A
praxia global está relacionada com a realização e a automação dos movimentos
globais complexos, que se desenrolam num determinado tempo e que exigem a
atividade conjunta de vários grupos musculares.
1.2.7 - Praxia Fina compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a
função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e
durante a fixação da atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual,
além de abranger as funções de programação, regulação e verificação das
atividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas.
Crianças que têm transtornos na coordenação dinâmica manual geralmente
têm problemas visomotores, apresentando inúmeras dificuldades de desenhar,
13
recortar, escrever, ou seja, em todos os movimentos que exijam precisão na
coordenação olho/mão.
2. PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A psicomotricidade está diretamente ligada ao desenvolvimento integral da
criança, pois tem como objetivo ajudar na tomada de consciência do seu “EU”
corporal, estimulando e respeitando as fases de desenvolvimento da criança.
(ALVES, 2007)
A psicomotricidade é de grande importância no trabalho com a educação
infantil, pois, a partir do estudo do próprio corpo, a criança se situa em relação ao
mundo em que vive, orienta-se e aos poucos, vai se conhecendo e desenvolvendo
sua personalidade. (ARNAIZ, Sanches Pilar, 2003)
O ato de aprender é próprio do ser humano, porém a qualidade e a
quantidade dos novos saberes dependerão muito dos estímulos recebidos e
principalmente da eficácia de cada um deles. Grande parte desses fatores de
influência são originários do meio social, no qual o indivíduo está inserido, porém há
que se considerar limitações físicas ou predisposições pessoais que cada um
carrega em seu próprio código genético (FONSECA, 2004).
Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação,
memória e outras funções cognitivas estão profundamente
interligados. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e
contribui para o processo de apropriação de signos sociais. Cria
condições para uma transformação significativa da consciência
infantil, por exigir das crianças formas mais complexas de
relacionamento com o mundo. Isso ocorre em virtude das
características da brincadeira: a comunicação interpessoal que ela
envolve não pode ser considerada “ao pé da letra”; sua indução a
uma constante negociação de regras e à transformação dos papeis
assumidos pelos participantes faz com que seu enredo seja sempre
imprevisível. (OLIVEIRA, 2008, p.160)
Na Educação infantil, é interessante se trabalhar com movimentos que
possuem ritmo, pois além de ser uma forma de se expressar o ritmo ainda ajuda na
14
flexibilidade dos movimentos, trabalha a atenção e a concentração das crianças.
(OLIVEIRA, 2001).
Durante as atividades psicomotoras é interessante se trabalhar com
movimentos que possuem ritmo, pois além de ser uma forma de se expressar o
ritmo ainda ajuda na flexibilidade dos movimentos, trabalha a atenção e a
concentração das crianças. (OLIVEIRA, 2001).
As atividades psicomotoras são muito importantes no desenvolvimento da
criança, e ainda ajudam no processo de ensino/aprendizagem. É através dessas
atividades que a criança se conhece, conhece seu corpo, aprende a se expressar
através dele, conhece o mundo em que vive as pessoas e os objetos que a cercam.
É o começo de todas as suas conquistas.
A aquisição da leitura e escrita requer condições básicas de desenvolvimento.
É necessário que a criança possua maturidade suficiente para ser submetida ao
processo de alfabetização. A integridade das funções sensoriais, um nível de
desenvolvimento intelectual correspondente à idade de 6 anos e 6 meses,sendo
quase um ingresso para o Ensino Fundamental, uma linguagem suficientemente
elaborada, uma boa orientação espacial, uma personalidade íntegra do ponto de vista
afetivo-emocional que garantam a capacidade de atenção, concentração e
participação são pré-requisitos indispensáveis para que ocorra a aprendizagem
escolar. Através da observação do desenvolvimento neuropsicomotor da criança, há
possibilidades de se detectar precocemente aspectos desarmônicos inadequados e
sugestivos de defasagem evolutiva.
2.1 A EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA
CONTRIBUIÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR
Quando a psicomotricidade é usada na prática educativa das escolas, é
chamada de Educação Psicomotora. O trabalho da educação psicomotora
especialmente na Educação Infantil deve favorecer a formação de base
indispensável para seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando
15
oportunidade para que por meio de jogos e atividades lúdicas planejadas, a criança
se conscientize sobre seu corpo. (FERREIRA, 2008)
A educação psicomotora estimula o pleno desenvolvimento da
personalidade da criança, seu objetivo maior é permitir à criança viver em harmonia
com seu corpo, com os outros e com o ambiente que a cerca. Também são objetivos
da educação psicomotora: favorecer o desenvolvimento dos gestos e movimentos e
a capacidade de percepção, desenvolver o equilíbrio, aprimorar e desenvolver a
percepção do corpo e permitir à criança adquirir o sentimento de segurança,
favorecer e melhorar a psicomotricidade global e fina, sobretudo a grafomotricidade
por meio da manipulação, revelar e reforçar o predomínio manual, atenuar os
bloqueios que interferem na aprendizagem escolar, sensibilizar o ambiente
envolvente – família, escola – em face das dificuldades da criança. (FERREIRA,
2008)
A psicomotricidade está associada à afetividade e a personalidade, pois o
sujeito utiliza seu corpo para mostrar o que sente. A educação psicomotora é a
educação da criança através de seu corpo, de seu movimento. Nessa perspectiva a
criança é vista na sua totalidade e nas possibilidades que apresenta em relação ao
meio ambiente. (FERREIRA, 2008)
A psicomotricidade segundo Alves (2008), deve contemplar o estudo do
desenvolvimento infantil a partir do corpo e das representações, procurando
englobar a fase não verbal da criança que se caracteriza por um período
fundamental na construção do psiquismo. Por meio de experiências vividas nessa
fase, a criança vai interagir com o meio que a cerca e, de acordo com a qualidade
dessa relação, ela vai permitir ou não ter com ele uma transformação dialética.
(ALVES, 2008)
Ao se trabalhar com a educação infantil, o conhecimento e a aplicação da
motricidade são de grande importância, pois ao se falar em psicomotricidade se fala
também em estímulos, se fala em desenvolvimento.
A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação
de base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados
pré-escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da
lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir
habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A
16
educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade;
conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis
de corrigir quando já estruturadas (LE BOULCH, 1987, P.11).
A educação psicomotora aliada a currículos e projetos educacionais onde a
criança possa utilizar-se de seu corpo para explorar, perceber, criar, brincar,
relacionar, sentir pode funcionar como elemento facilitador da aprendizagem.
A psicomotricidade favorece a aprendizagem quando reconhece que
diferentes fatores de ordem física, psíquica e sociocultural atuam em
conjunto para que se dê a aprendizagem. Trabalhado no ser humano
cada uma das etapas, possibilitando trabalhar a consciência corporal,
a consciência de mundo que o cerca, o relacionamento deste com o
seu corpo e com o que está ao seu redor. Proporcionar ao indivíduo
a capacidade de ser, ter, aprender a fazer e a fazer, na medida em
que se reconhece por inteiro, alcançando a organização e o equilíbrio
das relações com diferentes meios e sua distinção. Relacionam-se
de forma equilibrada. (ALVES, 2008, p.87).
A Psicomotricidade na educação infantil como um aspecto pedagógico deve
ser entendida como uma proposta educativa preventiva visando sempre o
desenvolvimento integral da criança. A inclusão da educação psicomotora na escola
tem aspecto preventivo e educativo, uma vez que ajuda prevenir dificuldades de
comportamento e aprendizagem. (ARNAIZ, 2003)
Dessa forma tem relação direta com o trabalho do psicopedagogo
institucional escolar que também tem a função de exercer uma tarefa de caráter
preventivo na escola. Tanto na área da psicopedagogia como na área da
psicomotricidade, o sujeito aprendente precisa ser visto de forma global, o seu
cognitivo, o motor e o lado afetivo são trabalhados e analisados. Portanto a
psicopedagogia e a psicomotricidade são áreas que se interligam já que ambas
atuam em nas áreas cognitiva, psicomotora, pedagógica e afetiva. (ARNAIZ, 2003)
Não se concebe um psicopedagogo que trabalhe com o corpo
estático, e que desconheça os movimentos desse no aprender. Não
se concebe um psicomotricista que trabalhe com o corpo discursivo
do sujeito que aprende. É preciso que haja interdisciplinaridade na
ação ensinar-aprender para que o sujeito que aprende seja
17
compreendido em sua totalidade, mesmo dentro de uma abordagem
específica. COSTA (2001, p. 34)
O desenvolvimento psicomotor da criança revela a relação da mesma com
seu corpo e o mundo que a rodeia. A Educação Psicomotora estimula o
desenvolvimento global da criança, além disso, possui um aspecto preventivo e
educativo, uma vez que ajuda a prevenir dificuldades de comportamento e
aprendizagem. Caberá ao psicomotricista, a conscientização dos professores e
educadores da instituição sobre os benefícios de se desenvolver a prática
psicomotora na escola.
A Educação Psicomotora visa desenvolver a formação de base necessária
para assimilação de aprendizagens escolares, portanto, se torna uma prática
necessária e eficaz no que diz respeito à prevenção dos problemas de
aprendizagem, oferecendo dessa maneira, uma grande contribuição ao trabalho do
educador.
2.2 PSICOMOTRICIDADE E APRENDIZAGEM
Para Fonseca (1996, p.142) a primeira necessidade seria, portanto: [...]
alfabetizar a linguagem do corpo e só então caminhar para as aprendizagens triviais
que mais não são que investimentos perceptivos motores ligados por coordenadas
espaço-temporais e correlacionados por melodias rítmicas de integração e resposta.
As crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem possivelmente
não tiveram chances suficientes para desenvolver sua psicomotricidade; nessas
crianças em que o esquema corporal está mal constituído, os gestos são menos
coordenados, sua escrita pode ser lenta, além de apresentar problemas de ritmo na
leitura.
Uma criança com problema de lateralidade, devido à indefinição da sua
dominância lateral, pode apresentar em distinguir as diferentes posições entre as
letras confundindo-as.
Partindo da premissa que a criança aprende com o corpo, é fundamental
que a escola crie ambiente e situações lúdicas que propiciem aos seus alunos
18
experiências de âmbito corporal, fato que lhes favorecerá a aprendizagem de
conteúdos abstratos em idade madura.
A escola não deve ensinar apenas conceitos, tampouco a mecânica
realização de exercícios com o corpo. Deve antes, visar fornecer ao aluno subsídios
para compreender e perceber seu corpo, de modo a construir na criança a
consciência do próprio eu físico-corporal, de suas possibilidades e limitações.
Assim a criança, já entre os 3 e 7 anos , atenta para as noções de
orientação (direita/ esquerda, acima/ abaixo, frente /atrás), situação ( dentro /fora),
tamanho (grande / pequeno, alto / baixo) e direção (aqui / ali , desde, até).
A queixa básica relaciona-se a problemas de adaptação e a dificuldades
específicas em geral, tais como falhas de atenção, de concentração, coordenação
visomotora pobre, manifestações motoras desadaptadas, dificuldades quanto à
lateralização. Na verdade, essas dificuldades ou déficits discretos passam
normalmente despercebidos pelos pais durante as primeiras fases de
desenvolvimento que normalmente antecedem o período pré-escolar.
Como estimulação aos movimentos da criança, tem como meta: motivar a
capacidade sensitiva através das sensações e relações entre o corpo e o exterior (o
outro e as coisas); cultivar a capacidade perceptiva através do conhecimento dos
movimentos e da resposta corporal; organizar a capacidade dos movimentos
representados ou expressos através de sinais, símbolos, e da utilização de objetos
reais e imaginários; fazer com que as crianças possam descobrir e expressar suas
capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção; ampliar e
valorizar a identidade própria e a autoestima dentro da pluralidade grupal; criar
segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser valioso, único e
exclusivo e uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos demais.
Deste modo, com o trabalho adequado da psicomotricidade em sala de aula
e com o auxilio e dedicação do educador poderá amenizar as dificuldades de
aprendizagem presenciadas pelos educandos, diminuindo o fracasso escolar,
contribuindo para uma educação de qualidade.
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3. LACUNAS PSICOMOTORAS CAUSADAS PELA FALTA DA PREVENÇÃO DA
PSICOMOTRICIDADE
A falta da psicomotricidade na Educação Infantil geram dificuldades para a
criança ao se integrar ao meio, dificultando sua compreensão quanto aos conceitos
considerados necessários à aprendizagem escolar. Esses obstáculos resultam em
uma posição de desigualdade da criança com relação ao grupo em que se insere
fato responsável por algumas consequências negativas facilmente observáveis na
conduta infantil, tais como ansiedade, tensão, insegurança e, consequentemente,
problemas emocionais que podem interferir nas suas atividades intelectuais e na
adaptação sócio-afetiva.
As crianças que apresentam lacunas psicomotoras podem apresentar como
características, alguns problemas no equilíbrio do corpo, dificuldade em se orientar
no espaço, movimentos desajeitados para a idade, dificuldades na execução dos
movimentos finos, em especial da escrita, tais como o não respeitar a linha do
caderno, letra visivelmente irregular com traçado muito forte, ou muito fraco,
dificuldade em recortar com precisão, dificuldade em respeitar os limites do traçado
do desenho ao pintar, letra muito grande, ou muito pequena, dificuldade em segurar
o lápis para a escrita.
Muitas das dificuldades escolares não se apresentam em função do nível da
turma a que as crianças chegaram, mas segundo Le Boulch (1983), em relação a
elementos básicos ou “pré-requisitos”, condições mínimas necessárias para uma
boa aprendizagem, que constituem a estrutura da educação psicomotora.
Fonseca ressalta o caráter preventivo da psicomotricidade, afirmando ser a
exploração do corpo, em termos de seus potenciais uma “propedêutica das
aprendizagens escolares”. Para ele as atividades desenvolvidas na escola como a
leitura, o ditado, a redação, a cópia, o cálculo, o grafismo, a música e enfim, os
movimentos, estão ligados à evolução das possibilidades motoras e as dificuldades
escolares estão, portanto, diretamente relacionadas aos aspectos psicomotores.
A falta do estímulo para desenvolver o espaço temporal, poderá apresentar
posteriormente quando estiver em processo de alfabetização ela trocas como b por
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d, p por q, e até mesmo 21 por 12 e ter dificuldades com grandeza, classificação,
seriação e cálculos. Na falta de se desenvolver a orientação espacial e temporal
pode trazer dificuldades em perceber o antes e depois na ordenação de sílabas,
palavras e números, na matemática a noção de fileira, coluna, formas, ordem de
dezenas e unidades.
Nesse sentido, é de suma importância a atividade lúdica, realizada através
de atividades psicomotoras, no sentido de colaborar para o desenvolvimento integral
da criança, e para que ela possa sedimentar bem esses pré-requisitos, fundamentais
também para a sua vida escolar.
4. ALGUNS TRANSTORNOS PSICOMOTORES QUE PODEM SER
OBSERVADOS EM SALA DE AULA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL I
Trata-se de um transtorno cuja característica principal é um atraso no
movimento da coordenação dos movimentos, que não pode ser explicado por um
atraso intelectual geral ou por um transtorno neurológico específico, congênito ou
adquirido (distinto do envolvimento na anomalia da coordenação). “O mais frequente
é que a lentidão de movimentos seja acompanhada de certo grau de déficit na
resolução de tarefas cognoscitivas viso espaciais”. (Calmels, 2003)
O transtorno psicomotor é uma dificuldade na articulação corporal
proveniente da carência de vivências motoras inerentes às fases do
desenvolvimento humano; manifesta-se como inquietação ou apatia causando
perturbações na vida, podendo se refletir aos níveis cognitivo, social e afetivo
(Teresa Borghi, 2010).
O transtorno psicomotor pode ter fundo patológico ou disfuncional,
constituindo um obstáculo para o bom desempenho da aprendizagem.
A eficiência, a economia, a adequação, a perfeição, a plasticidade, a
ritmicidade, a harmonia nos movimentos, etc. surgem normalmente afetadas ou
imaturas na criança com distúrbio de aprendizagem (Fonseca, 1995:285).
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De acordo com Ajuriaguerra (2003), a dispraxia afeta o desenvolvimento da
escrita, a organização do trabalho gráfico, sendo importante diferenciar a criança
com dispraxia que apresenta dificuldades motoras e uma criança com traços
psicopatológicos marcantes.
Torpor motriz: é chamada a imperfeição habitual e contínua dos movimentos
da vida cotidiana. É caracterizado por gestos grosseiros, travados; caminhar pouco
harmonioso, aliado a uma atitude postural discorrente o que origina o torpor dos
movimentos voluntários. Já as sincenesias são os movimentos de caráter
involuntário que são difusos e associativos. Envolve também, a paratonia, que é o
termo utilizado para designar a impossibilidade extrema de relaxar-se voluntária
mente, ou seja, que não permite deixar o músculo em repouso Dupré4 o chamou de
debilidade motora.
Como menciona Wallon, o Transtorno de lateralização compromete a
construção do corpo e o esquema da imagem corporal. Nestes casos a criança
apresenta dificuldades na velocidade e eficácia dos movimentos: criança
ambidestra, canhoto contrariado, lateralidade cruzada.
Disgrafia, segundo Calmels apud Distúrbio de Aprendizagem (2011, p. 130)
vem a ser uma dispraxia especializada e funciona com um sensor das perturbações
nas construções do corpo. Insistir em corrigir a letra, esquecendo-se da problemática
corporal que ela expressa não faz mais que fixar o sintoma.
Instabilidade Psicomotora a criança não consegue começar e terminar a
brincadeira e é assim com todas as suas produções corporais. Há uma dificuldade
em inibir seus movimentos, provocando ações explosivas e agressivas. São crianças
agitadas, ansiosas e inquietas, pois possuem uma grande necessidade em
movimentar-se.
Segundo Levin, Inibição Psicomotora a criança não usa seu corpo para
relacionar-se com o mundo ou com os outros. É o oposto da instabilidade motora,
pois também há uma falta de limite, mas esta falta barra o agir da criança. Ela
mostrasse então sempre cansada, demonstrando pouca expressão facial e corporal.
4 http://www.lbv.org/sites/default/files/congressodeeducacao/pdfs/2013/congresso-de-educacao-2013-
textos-oficina-uruguai.pdf
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Seu aspecto é de extrema fragilidade e debilidade e é nele que se reconhece e é
reconhecida. São crianças “quietinhas demais”.
É de extrema importância a atualização no campo da psicomotricidade.
Desta forma, o professor não pode se descuidar de sua formação para melhor atuar
frente aos transtornos psicomotores, pois até mesmo uma observação com intenção
contribui para o ensino aprendizagem possibilitando novas formas para que o aluno
sinta-se bem dentro de sua própria pele.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos neste artigo uma compreensão de como é que a Educação
Psicomotora na Educação Infantil pode contribuir para a aprendizagem na Educação
Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental I.
A importância do movimento humano não se restringe apenas ao aspecto
biológico. Independentemente das divergências e discussões em torno de diferentes
abordagens, pode-se evidenciar um aspecto comum entre elas que é a importância
do movimento no desenvolvimento do ser. É de fundamental importância se associar
os movimentos do corpo aos objetivos educacionais.
Concluímos que a queixa básica relaciona-se a problemas de adaptação e a
dificuldades específicas em geral, tais como falhas de atenção, de concentração,
coordenação visomotora pobre, manifestações motoras desadaptadas, dificuldades
quanto à lateralização. Na verdade, essas dificuldades ou déficits discretos passam
normalmente despercebidos pelos pais durante as primeiras fases de
desenvolvimento que normalmente antecedem o período pré-escolar.
Diante do que foi exposto nesse trabalho, foi possível também concluir que a
Psicomotricidade é de grande importância no trabalho com crianças especialmente
na Educação Infantil que a primeira etapa da educação básica, pois, a partir do
conhecimento do próprio corpo, a criança será capaz de se situar em relação ao
mundo em que vive e dessa forma vai se conhecendo melhor e desenvolvendo de
forma harmoniosa sua personalidade.
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Na sala de aula não apresentam qualquer problema de postura, de atenção,
lêem e escrevem sem dificuldades, conhecem a noção do tempo e espaço. Todavia,
verificamos alguns alunos " diferentes", e embora tenham uma inteligência normal ou
superior, são lentos, não seguram corretamente no lápis, escrevem claro demais ou
forte demais, não se concentram, não respeitam ordens, pulam letras quando lêem
ou escrevem, sentem-se perdidos (direita / esquerda), não conseguem controlar o
tempo das atividades, concluímos mais uma vez que a Educação Psicomotora é de
extrema importância no contexto escolar.
A escola não deve se preocupar em ensinar essas habilidades apenas para
que o aluno saiba executá-las bem ou para facilitar a execução das tarefas
escolares, mas sim direcionar a aprendizagem para a formação integral do aluno.
No desenvolver do trabalho psicomotor deve-se perceber cada criança como
um ser único e com expressividade própria. Dessa maneira, pode-se oferecerá ela a
possibilidade de existir, construindo sua própria história pessoal, a partir de suas
próprias competências. Desta maneira estarão sendo trabalhados os conceitos de
autonomia, diálogo e manifestação de desejos.
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atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. 6 ed. Rio de
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