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Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO AULA 07 – CRIMES CONTRA A PESSOA FUTUROS(AS) APROVADOS(AS), sejam bem vindos a mais uma aula!!! Hoje veremos um tema cujo conhecimento é importantíssimo para o bom desempenho na sua PROVA: os crimes contra a pessoa. É um assunto bem extenso, mas que procurarei abordar da maneira mais objetiva possível. Assim, como fizemos nas aulas anteriores, darei ênfase a tudo aquilo que é exigido pelas bancas e apresentarei apenas uma noção dos demais delitos a fim de que você não seja surpreendido. Vamos começar! Bons estudos!!! ***************************************************************** 7.1 CRIMES CONTRA A VIDA 7.1.1 HOMICÍDIO O homicídio é, provavelmente, um dos crimes mais conhecidos do Código Penal. É o primeiro delito tipificado na parte especial e consiste na destruição da vida de um homem praticada por outro. Nelson Hungria considera o homicídio como: (...) o tipo central dos crimes contra a vida e é o ponto culminante na orografia dos crimes. É o crime por excelência. É o padrão da delinqüência violenta ou sanguinária, que representa como que uma reversão atávica às eras primeiras, em que a luta pela vida, presumivelmente, se operava com o uso normal dos meios brutais e animalescos. É a mais chocante violação do senso moral médio da humanidade civilizada. Apresenta a seguinte descrição típica: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

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AULA 07 – CRIMES CONTRA A PESSOA

FUTUROS(AS) APROVADOS(AS), sejam bem vindos a mais uma aula!!!

Hoje veremos um tema cujo conhecimento é importantíssimo para o bom desempenho na sua PROVA: os crimes contra a pessoa.

É um assunto bem extenso, mas que procurarei abordar da maneira mais objetiva possível. Assim, como fizemos nas aulas anteriores, darei ênfase a tudo aquilo que é exigido pelas bancas e apresentarei apenas uma noção dos demais delitos a fim de que você não seja surpreendido.

Vamos começar!

Bons estudos!!!

*****************************************************************

7.1 CRIMES CONTRA A VIDA

7.1.1 HOMICÍDIO

O homicídio é, provavelmente, um dos crimes mais conhecidos do Código Penal. É o primeiro delito tipificado na parte especial e consiste na destruição da vida de um homem praticada por outro.

Nelson Hungria considera o homicídio como:

(...) o tipo central dos crimes contra a vida e é o ponto culminante na orografia dos crimes. É o crime por excelência. É o padrão da delinqüência violenta ou sanguinária, que representa como que uma reversão atávica às eras primeiras, em que a luta pela vida, presumivelmente, se operava com o uso normal dos meios brutais e animalescos. É a mais chocante violação do senso moral médio da humanidade civilizada.

Apresenta a seguinte descrição típica:

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

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Desde já é importante ressaltar que o homicídio em sua forma fundamental (acima apresentada) não possui nenhum elemento normativo, ou seja, independe de qualquer injustiça ou violência. Assim, se Tício mata Mévio mediante veneno, por exemplo, apesar de não ter havido violência, podemos afirmar que houve homicídio.

Ocorre, entretanto, que o homicídio possui outras figuras típicas além da supracitada. Desta forma, podemos resumir o assunto da seguinte forma:

TIPOS PENAIS DO CRIME DE HOMICÍDIO

HOMICÍDIO SIMPLES Art. 121, caput

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO Art. 121, § 1º

HOMICÍDIO QUALIFICADO Art. 121, § 2º

HOMICÍDIO CULPOSO SIMPLES Art. 121, § 3º

HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO Art. 121, § 4º

PERDÃO JUDICIAL Art. 121, § 5º

7.1.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

2. SUJEITO PASSIVO: A vítima do homicídio.

OBSERVAÇÃO

NO CASO DE O FATO SER COMETIDO CONTRA O PRESIDENTE DA

REPÚBLICA, CONTRA MEMBRO DO SENADO FEDERAL, CONTRA MEMBRO

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS OU CONTRA MINISTROS DO STF, O FATO É

TRATADO COMO CRIME CONTRA A SEGURANÇA NACIONAL, COM PENA

DE RECLUSÃO DE 15 A 30 ANOS (LEI Nº 7.170/83, ART. 29).

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• MEIOS DE EXECUÇÃO: O homicídio não possui uma forma de atuação vinculada, ou seja, a lei não pormenoriza os meios de execução, admitindo-se qualquer meio. Podemos classificar os meios de execução em:

1. Comissivos ��� O homicídio ocorre através da ação do agente. Exemplo: Tício efetua um disparo contra Mévio.

2. Omissivos ��� O homicídio ocorre através de uma omissão do agente. Exemplo: Tício deixa de alimentar Mévio e este vem a falecer em decorrência da omissão de Tício.

3. Diretos ��� Situação em que o agente, através da própria conduta, ocasiona diretamente a morte. Exemplo: Tício puxa o gatilho de uma arma contra Mévio.

4. Indiretos ��� O homicídio não decorre diretamente da conduta da vítima. Exemplo: Tício induz Mévio a dirigir a noite em uma estrada que está em construção e possui um abismo no fim. Mévio cai no abismo e vem a falecer.

5. Materiais ��� O homicídio ocorre devido ao uso de um determinado objeto. Exemplo: Tício utiliza uma faca para matar Mévio.

6. Moral ��� O homicídio decorre de ato que afeta o íntimo da pessoa. Exemplo: Traumas psíquicos.

Obs.: Quanto ao meio de execução moral, embora seja de difícil aplicação e visualização, para a sua PROVA basta o conhecimento de que se trata de um meio de execução cabível para o crime de homicídio. Assim, caso a banca exija: “o meio de execução moral é viável para o delito de homicídio”, a questão/alternativa estará CORRETA.

Do exposto, podemos resumir:

MEIOS DE EXECUÇÃO

COMISSIVOS / OMISSIVOS

MATERIAIS E MORAIS

DIRETOS E INDIRETOS

OBSERVAÇÃO:

Para que o sujeito responda por homicídio cometido por omissão, faz-se

necessário que tenha o dever jurídico de impedir a produção da morte da

vítima. Esse dever jurídico advém: de um mandamento legal específico, da

posição de garantidor ou de conduta precedente (art. 13, parágrafo 2º).

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• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

� Matar;

2. SUBJETIVO:

1. Dolo ou culpa (trataremos mais à frente do homicídio culposo);

Observação: O dolo do homicídio é a vontade consciente de eliminar uma vida humana, ou seja, de matar (animus necandi), não se exigindo nenhum fim especial.

A finalidade ou motivo determinante do crime pode, eventualmente, constituir uma qualificadora ou uma causa de diminuição de pena.

Admite-se perfeitamente homicídio com dolo eventual, reconhecido pela jurisprudência em vários casos como roleta-russa, na conduta dos motoristas que se envolvem em corridas de automóveis em vias publicas ("rachas"), causando a morte de alguém que os acompanham ou assistem a essas irresponsáveis competições.

• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA: Classifica-se o crime de homicídio em simples, comum, instantâneo, material, de dano e de forma livre.

É considerado simples, pois tem apenas um bem jurídico que é a vida.

É também comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, ao contrário dos crimes próprios, que só podem ser praticados por determinadas pessoas.

STF, AI 779.275/CE, DJ 18.02.2010

CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA. PRONÚNCIA.

Havendo versão nos autos de que o réu praticava racha, empreendendo manobras arrojadas em alta velocidade, em virtude das quais veio ocorrer o acidente causador dos delitos, a pronúncia é medida que se impõe, ante a ocorrência do dolo eventual.

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Consiste, ainda, em um crime material que se consuma com a morte da vítima ou com a sua tentativa (necessidade de um resultado naturalístico).

É também instantâneo com relação ao ato praticado, pois atinge a consumação no momento da morte da vítima, não se prolongando no tempo.

É de dano, pois exige a efetiva lesão do objeto jurídico para sua consumação.

Por fim, é crime de forma livre, pois admite qualquer meio de execução.

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. O crime é consumado com a morte da vítima.

2. É admissível a tentativa.

7.1.1.2 HOMICÍDIO PRIVILEGIADO

O homicídio privilegiado encontra previsão no parágrafo 1º do art. 121, nos seguintes termos:

Art. 121 [...]

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Do supra dispositivo legal, podemos verificar que o privilégio é cabível quando o agente:

1. Matar alguém impelido por motivo de relevante valor social ��� Neste caso, o homicídio ocorre devido a determinada situação que diz

APESAR DA PALAVRA “PODE”, A REDUÇÃO DE PENA NO HOMICÍDIO

PRIVILEGIADO NÃO É FACULDADE, MAS OBRIGAÇÃO DO JUIZ.

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respeito a um interesse coletivo. Exemplo: O sujeito mata o vil traidor da pátria.

2. Matar alguém impelido por motivo de relevante valor moral ��� Aqui, o motivo do homicídio está relacionado com uma situação que afeta o particular, e não a coletividade. Exemplo: Mévio fica sabendo que Tício, seu vizinho, estuprou sua filha. Diante de tal situação, Mévio mata Tício.

3. Matar alguém sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima ��� Neste caso, para que fique caracterizado o homicídio privilegiado, é necessário que tenhamos:

a. Emoção violenta;

b. Injusta provocação da vítima; e

c. Sucessão imediata entre a provocação e a reação.

Exemplo:

7.1.1.3 HOMICÍDIO QUALIFICADO

O homicídio qualificado encontra previsão no parágrafo 1º do art. 121, nos seguintes termos:

Art. 121 [...]

TJMG: 1906478/MG DJ 20.09.2000

Homicídio Privilegiado. Relevante Valor Social.

Motivo social é aquele que corresponde aos interesses coletivos. Jamais pode ser considerado como motivo de relevante valor social o homicídio cometido, por exemplo, em razão de desavenças relacionadas com jogo de baralho.

STM, Apelfo 49.061/RS, DJ 13.02.2003

Age sob influência de violenta emoção, e não por ela dominado, o agente que, respondendo a reiteradas provocações da vítima, que o persegue até o momento em que deixava o local em seu automóvel, dispara a arma de fogo em direção àquela.

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§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo fútil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Do supracitado texto legal, podemos organizar as circunstâncias qualificadoras da seguinte forma:

1. Quanto aos motivos determinantes: mediante paga ou promessa de recompensa ou outra razão torpe ou fútil � Motivo torpe é o moralmente reprovável. É aquela causa que quando você lê no jornal pensa imediatamente: “Mas que sujeito desprezível”.

Seria o caso, por exemplo, do filho que mata o pai a fim de receber uma herança. A paga ou a promessa de recompensa também são exemplos de motivo torpe.

O motivo fútil é aquele insignificante, apresentando clara desproporção entre o crime e sua causa moral. Para exemplificar, imagine que Tício, torcedor do Internacional, verifica, ao chegar em casa, que sua esposa havia colocado um adesivo do Grêmio na janela.

STJ, HJ 80.107/SP, DJ 25.02.2008

A verificação se a vingança constitui ou não motivo torpe deve ser feita com base nas peculiaridades de cada caso concreto, de modo que, não se pode estabelecer um juízo a priori, seja positivo ou negativo. Conforme ressaltou o Pretório Excelso: a vingança, por si só, não substantiva o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato."(HC 83.309/MS, 1ª Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 06/02/2004).

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Diante de tal situação, profere oito disparos em região letal. Neste caso, temos a morte ocasionada por motivo fútil. Outro exemplo seria o de matar o garçom porque a comida está fria, ou o vendedor de uma loja devido a um mau atendimento.

2. Quanto aos meios: veneno, explosivo, fogo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa resultar perigo comum � Conceitua-se meio insidioso como sendo algo camuflado, uma conduta verdadeiramente traiçoeira, como ocorre no referido caso do emprego de substância venenosa.

Meio cruel, por sua vez, é aquele que causa sofrimento à vítima. Assim, imagine que Tício mata Mévio com um disparo em ponto letal e, após sua morte, divide o corpo em 30 pedaços. Neste caso, podemos dizer que incidiu a qualificadora “meio cruel”?

Claro que não, pois o fato de cortar o corpo ocorreu após a morte, logo, não ocasionou sofrimento ao ofendido.

Por fim, o CP também qualifica o homicídio quando praticado por meio de que pode resultar perigo comum. Seria o caso, por exemplo, do uso de fogo ou explosivos.

3. Quanto à forma de execução: traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima � Vamos tratar deste tópico através de exemplos (que eu sei que todo concurseiro adora!):

Traição ��� Mévio atira em Tício pelas costas (traição física) ou Mévio coloca uma venda nos olhos de Tício dizendo que vai conduzi-lo até uma surpresa. Ocorre, entretanto, que a “surpresa” é um buraco de 20 metros no qual Tício cai e morre (traição moral).

Emboscada ��� Tício fica escondido em cima de uma árvore aguardando a passagem de Mévio. Quando este passa, é surpreendido pelo disparo fatal.

Dissimulação ��� Tício se disfarça de policial a fim de matar Mévio (dissimulação física) ou Tício estabelece uma falsa amizade com Mévio a fim de melhor executar o homicídio.

4. Quanto à conexão com outro delito: fato praticado para garantir a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime � Seria o caso, por exemplo, do sujeito (autor) que mata o co-autor de um crime de roubo a fim de ficar com todo o produto do delito, ou mesmo o criminoso que mata uma testemunha a fim de ocultar o delito.

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Para finalizar este tópico, cabe ressaltar que, nos termos da Lei nº 8.072/90, são considerados hediondos os crimes de homicídio (art. 121), quando praticados em atividade típica de grupo de extermínio, e quando se tratar de homicídio qualificado.

7.1.1.4 CAUSA DE AUMENTO DE PENA

Conforme apresentado na segunda parte do parágrafo 4º do art. 121, sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

7.1.1.5 HOMICÍDIO CULPOSO SIMPLES E QUALIFICADO

O homicídio culposo previsto nos §§ 3.º e 4.º é o crime cometido por um agente que não quis o resultado morte. É causado por negligência (omissão do dever geral de cautela), imprudência (ação perigosa) ou imperícia (falta de aptidão para o exercício de arte ou ofício).

Observe o texto legal:

Art.121 [...]

§ 3º Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de um a três anos.

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.

O homicídio culposo poderá também ser qualificado quando:

• Resultar de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício ��� Seria o caso, por exemplo, do médico que, deixando de observar procedimento padrão de que tem conhecimento, ocasiona a morte da vítima.

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“Mas, professor, agora ficou uma dúvida... Este exemplo apresentado acima não seria caso de imperícia e, portanto, homicídio culposo simples?”

A resposta é negativa, pois a imperícia é caracterizada pela insuficiência de capacidade técnica, ou seja, o sujeito realmente não sabe fazer aquilo. Diferentemente, na qualificadora, o sujeito tem conhecimento da regra técnica, mas não a observa.

• O agente deixar de prestar imediato socorro à vítima ��� Imagine que Tício atropela Mévio e não lhe presta assistência. Neste caso, não responderá por homicídio culposo e omissão de socorro, mas sim por homicídio culposo qualificado pela omissão de socorro.

• O agente não procurar diminuir as conseqüências do seu ato ��� Imagine que, no caso acima, Mévio é socorrido por terceiros, mas Tício se nega a levar Mévio ao hospital com medo de sujar o banco de seu carro com sangue. Neste caso, não incide a qualificadora de omissão de socorro, pois o socorro foi prestado (mesmo que por terceiros). Todavia, o homicídio culposo será qualificado pelo fato de o agente não procurar diminuir as conseqüências do seu ato (negou-se a levar Mévio para o hospital).

• O agente fugir para evitar prisão em flagrante ��� Esta qualificadora é bem fácil de ser entendida. Cabe ressaltar, entretanto, que não há incidência da qualificadora quando o sujeito foge a fim de evitar linchamento.

Se não ocorrer nenhuma das hipóteses supra (§4.º), o homicídio culposo será dito simples.

7.1.1.6 HOMICÍDIO CULPOSO – PERDÃO JUDICIAL

Uma peculiaridade do homicídio culposo é o fato de o juiz poder deixar de aplicar a pena se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária, como, por

STJ, HC 38.985/MT, DJ 25.04.2005

A fuga motivada pela ameaça de linchamento levadas a efeito por terceiros, não guarda qualquer semelhança com a escapada objetivando frustrar a aplicação da lei penal.

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exemplo, no caso em que o agente fique paraplégico ou na hipótese de morte de um filho.

Art. 121.

[...]

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Observe os interessantes julgados que explicam e exemplificam o tema:

6.1.2 PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO

Suicídio é tirar a própria vida de modo voluntário e consciente. O suicídio, por razões de política criminal e clara desnecessidade, não é punido no ordenamento penal brasileiro.

Assim, se alguma pessoa tirou a própria vida, não haverá punição, pois, pelo principio da intranscendência da ação e da condenação penal, ninguém poderá ser responsável por fato praticado por outrem e, logicamente, os sucessores ou

TJSC, ACR 774.240/SC, DJ 10.03.2010

Afigura-se justificável a concessão do perdão judicial em que o autor de homicídio culposo já é punido diretamente pelo próprio fato que o praticou, em razão das gravosas conseqüências produzidas que o atingem de forma tão intensa que a sanção penal se torna desnecessária.

TJSC, ACR 685.049/SC, DJ 26.01.2010

Em se tratando de réu primário, que sempre teve conduta ilibada, não há dúvida de que o peso a ser carregado pela responsabilidade em causar fato com conseqüências tão graves, como a morte de um parente próximo, torna despicienda a cominação de sanção penal, permitindo o perdão judicial, uma vez que a maior punição já foi aplicada ao agente e desta não restará impune.

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herdeiros do suicida não poderão pagar penalmente por ele ter tirado a própria vida.

A modalidade tentada também não poderá ser sancionada, tendo em vista que o Estado deve procurar ajudar a pessoa, pois claramente se trata de um humano que não se encontra em suas melhores faculdades psíquicas, necessitando da colaboração do Estado para a concretização de tratamento psiquiátrico e/ou internação.

Apesar de o suicídio, como vimos, não caracterizar ilícito penal, a participação é prevista como crime e encontra previsão no art. 122 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

No supracitado dispositivo, o legislador visa proteger o direito à vida, e daqui surge um importante questionamento: Caso a participação não resulte em morte ou lesão corporal do suicida, poderá o agente ser responsabilizado?

Para ficar bem claro, imagine a seguinte situação: Mévio está no terraço de seu prédio, pronto para pular. Nesse momento, aparece Tício que começa a cantar: “PULA!!! PULA!!! PULA!!!”. Segundos após, Mévio desiste de sua ação, mas o fato é todo filmado por câmeras de segurança.

Poderá ser Tício responsabilizado pelo fato previsto no art. 122 do CP?

A resposta é NEGATIVA, pois não vindo a vítima a morrer ou a sofrer a lesão corporal de natureza grave, não haverá crime.

7.1.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

2. SUJEITO PASSIVO: A pessoa induzida ou instigada.

Observação: Exige-se que a conduta seja direcionada a uma determinada pessoa. Assim, não há o crime se um sujeito escreve

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um livro que induza seus leitores ao suicídio (pois aqui os destinatários são gerais, e não específicos).

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: São núcleos do tipo:

� Induzir;

� Instigar;

� Prestar (auxílio)

Com base nos elementos objetivos, podemos dizer que há dois tipos de participação:

• Participação moral: Praticada por meio de induzimento ou instigação � Induzir consiste em inserir a idéia do suicídio na cabeça do indivíduo, enquanto instigar consiste em reforçar idéia preexistente.

Assim, ocorre induzimento se Tício diz para Mévio: “Caro amigão, você está com tantos problemas... Já pensou em se jogar de um prédio?”. Diferentemente, ocorre instigação no caso em que Tício começa a gritar “PULA! PULA! PULA” quando Mévio já está prestes a suicidar-se.

• Participação material � Realizada por meio de auxílio. Imagine que Mévio diz para Tício: “Se eu tivesse um revólver dava um tiro em minha cabeça”. Tício responde: “É para já... tenho um no meu armário”. Neste caso, caso Mévio utilize a arma e se mate, é caso de participação material.

2. SUBJETIVO:

1. Dolo;

Observação 01: Imagine que, durante uma final de campeonato, Tício diz para Mévio em tom de brincadeira: “Para nós torcedores do Fluminense, só mesmo o suicídio para acabar com esse sofrimento.” Após esse comentário, Mévio chega em sua casa e suicida-se. Neste caso, não há que se falar em participação, pois ausente está o dolo.

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• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA: É crime material, de dano, instantâneo, comissivo, de ação livre, de conteúdo variado ou alternativo, comum, principal, simples e plurissubsistente... Ufa...acabou..rsrs. Vamos esmiuçar:

É material, pois, como já vimos, exige a lesão do bem jurídico através da morte ou da lesão corporal grave.

É instantâneo, pois não se prolonga, atingindo a consumação em momento determinado.

É comissivo, pois só há consumação no caso de uma ação no sentido de induzir, instigar ou auxiliar.

É crime de ação livre, pois admite qualquer forma de execução.

É delito de conteúdo variado ou alternativo, pois o tipo apresenta três formas de realização: induzir, instigar ou auxiliar.

É crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.

É principal, pois não está subordinado à prática de nenhum outro crime.

É delito simples, pois ou ofende a vida ou a integridade corporal.

Para finalizar, é crime plurissubsistente, pois exige a conduta inicial e o resultado, não se perfazendo em um único ato.

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Trata-se de crime material em que a consumação ocorre com a morte ou lesão corporal grave. Cabe aqui ressaltar as diversas e possíveis situações:

a. A vítima falece � Pune-se o participante com pena de reclusão de 02 a 06 anos.

b. A vítima sofre lesões corporais graves� Pune-se o participante com pena de reclusão de 01 a 03 anos.

c. A vítima sofre lesões corporais leves � O fato não é punível.

d. A vítima não sofre lesões � O fato não é punível.

2. NÃO é admissível a tentativa.

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• TIPO QUALIFICADO: Responde o agente pelo crime na forma qualificada quando, nos termos do parágrafo único do art. 122:

1. O crime é praticado por motivo egoístico ��� Um exemplo claro é o fato de o agente instigar o pai a suicidar-se, a fim de ficar com a herança.

2. A vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência ��� Seria o caso, por exemplo, de instigar ao suicídio menor de 18 anos ou indivíduo embriagado.

• ANÁLISE DE CASO CONCRETO:

1. PACTO DE MORTE ��� Imagine a seguinte situação: Tício e Mévio, visando ao suicídio, trancam-se em um quarto no qual há uma torneira que, quando aberta, libera gás tóxico. Agora vamos analisar algumas possibilidades:

a. Tício abre a torneira, libera o gás e vem a falecer. Mévio sobrevive. Neste caso, responderá Mévio por participação em suicídio.

b. Mévio abre a torneira, Tício falece e Mévio sobrevive. Neste caso, responderá Mévio por homicídio.

c. Agora uma hipótese bem interessante: Os dois abrem a torneira e os dois sobrevivem. Neste caso, os dois responderão por tentativa de homicídio.

d. Por fim, Tício abre a torneira, os dois sobrevivem e sofrem lesões corporais graves. Neste caso, Mévio responderá por participação em suicídio e Tício, que abriu a torneira, responderá por tentativa de homicídio.

7.1.3 INFANTICÍDIO

Encontra previsão no art. 159 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

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Diferentemente do que muitos pensam, o infanticídio não se trata de uma figura privilegiada do homicídio, mas sim de delito autônomo com denominação jurídica própria.

Em diplomas penais anteriores, adotava-se, para a conceituação do infanticídio, o critério psicológico, segundo o qual o delito ocorria quando o fato era cometido pela mãe, tendo por motivo o fim de ocultar desonra própria. Tal critério encontra-se completamente ultrapassado, sendo hoje adotado pelo Código Penal vigente o sistema fisiopsicológico, segundo o qual se leva em consideração, unicamente, o estado puerperal.

Mas o que é esse tal de estado puerperal?

O estado puerperal, que constitui elementar do delito de infanticídio, é o período pós-parto ocorrido entre a expulsão da placenta e a volta do organismo da mãe para o estado anterior à gravidez. Há quem diga que o estado puerperal dura somente de 03 a 07 dias após o parto, mas também há quem entenda que poderia perdurar por um mês ou por algumas horas. O certo é que a existência ou não da perturbação da saúde mental deve ser analisada caso a caso através da perícia.

A mãe em estado puerperal pode apresentar depressão, não aceitando a criança, não desejando ou aceitando amamentá-la. Às vezes, a mãe fica em crise psicótica, violenta, e pode até matar a criança, caracterizando crime de infanticídio.

7.1.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime próprio, só podendo ser cometido pela mãe.

2. SUJEITO PASSIVO: É o neonato (se ocorrido durante o parto) ou nascente (se ocorrido logo após).

TJMG: 107020417025160011 MG, DJ 08.05.2009

Se a prova dos autos, inclusive a de natureza pericial, atesta que a recorrente matou o seu filho, após o parto, sob a influência de estado puerperal, imperiosa a desclassificação da imputação de homicídio qualificado para que a pronunciada seja levada a julgamento pelo cometimento do crime de infanticídio.

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• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

� Matar;

2. SUBJETIVO:

1. Dolo;

Observação: Quanto a este ponto, cabe um relevante questionamento: “Não há no Código Penal previsão do infanticídio a título de culpa. Deste modo, caso durante o estado puerperal a mãe venha a matar a criança culposamente, responderá por homicídio culposo?”

A resposta é negativa, ou seja, caso a mãe mate seu filho, sob influência do estado puerperal, de forma culposa, NÃO RESPONDERÁ POR NENHUM DELITO.

• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA: O infanticídio é crime próprio, material, de dano, instantâneo, comissivo ou omissivo impróprio, principal, simples, de forma livre e plurissubsistente.

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Trata-se de crime material que tem sua consumação com a morte do neonato ou nascente.

2. É admissível a tentativa.

Observação

Para a caracterização do infanticídio, não basta que a mulher realize a conduta durante o período do estado puerperal. É necessário que haja um nexo de causalidade entre a morte do nascente ou neonato e o estado puerperal. Assim, caso a mãe mate o filho, mesmo que após o parto, quando ausente qualquer perturbação psíquica, responderá por homicídio, e não infanticídio.

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7.1.4 ABORTO

O aborto nada mais é do que a interrupção da gravidez com a consequente morte do feto. Pode ser classificado em:

� Natural � Quando ocorre a interrupção espontânea da gravidez. É impunível.

� Acidental � Quando a interrupção da gravidez ocorre devido a um acidente. Seria o caso, por exemplo, de uma mulher grávida que cai da escada e acaba abortando. É impunível.

� Legal ou permitido � Ocorre quando a lei confere a possibilidade de ser realizado o aborto. No nosso ordenamento jurídico, encontra cabimento nas situações descritas no art. 128, I e II. São elas:

� Quando praticado por médico, se não há outro meio de salvar a gestante (aborto necessário).

� Quando praticado por médico, se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal (aborto permitido).

� Criminoso ��� Ocorre quando o fato não se enquadra nas supracitadas situações. Começaremos, a partir de agora, a tratar desta espécie, que apresenta as seguintes figuras típicas:

TIPOS PENAIS DO CRIME DE ABORTO

AUTO-ABORTO Art. 124

FATO DE PROVOCAR ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE

Art. 125

FATO DE PROVOCAR ABORTO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE

Art. 126

ABORTO QUALIFICADO Art. 127

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Vamos agora tratar de aspectos pertinentes a todas as formas de aborto para, posteriormente, analisarmos cada figura típica.

7.1.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: No auto-aborto, é a gestante (crime próprio). No aborto provocado por terceiro, o autor pode ser qualquer pessoa (crime comum).

2. SUJEITO PASSIVO: Existe grande controvérsia acerca de qual seria a objetividade jurídica e quem seria o sujeito passivo do crime de aborto. Para Damásio de Jesus, a objetividade jurídica do aborto é a vida da pessoa humana e o sujeito passivo é o feto. Entretanto, salienta o autor que, no caso do aborto provocado sem o consentimento da gestante, haveria dupla objetividade jurídica, protegendo o Direito Penal também a incolumidade física e psíquica da gestante. Conseqüentemente, haveria dois sujeitos passivos: o feto e a gestante.

Discordando dessa opinião, Mirabete afirma que o "Sujeito passivo é o Estado, interessado no nascimento, e não o feto, ou seja, o produto da concepção, que não é titular de bens jurídicos, embora a lei civil resguarde os direitos do nascituro".

Para sua prova, adote o entendimento de Mirabete, pois, é o entendimento majoritário e adotado pelas bancas.

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo dos tipos:

� Provocar � Significa dar causa, produzir, promover etc. Como o crime é de forma livre, qualquer meio comissivo ou omissivo, material ou psíquico integra a conduta típica.

Sendo assim, imagine que Tício, visando atingir o aborto de Mévia, fantasia-se de “Fred Krueger” e, no período noturno, efetua um grande susto em sua parceira. Neste caso, caso o aborto seja proveniente do susto, responderá Tício por ter provocado o delito.

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2. SUBJETIVO:

1. Dolo;

Observação: É cabível o dolo eventual, como no caso em que a mulher, sabendo que está grávida, decide praticar boxe, assumindo conscientemente o risco de abortar em virtude dos contatos físicos.

• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA: O aborto é crime material, instantâneo, de dano, e de forma livre.

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Trata-se de crime material que tem sua consumação com a interrupção da gravidez.

2. É admissível a tentativa quando, provocada a interrupção da gravidez, o feto não morre por circunstâncias alheias à vontade do (a) agente.

7.1.4.2 AUTO-ABORTO

O delito encontra previsão no art. 124 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

Pena - detenção, de um a três anos.

Observe que o supra dispositivo apresenta duas figuras típicas: Na primeira, a gestante provoca o aborto em si mesma, através, por exemplo, da ingestão de remédios abortivos. Diferentemente, na segunda figura típica, a gestante presta consentimento para que terceiro lhe provoque o aborto.

7.1.4.3 ABORTO PROVOCADO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE

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O delito encontra previsão no art. 125 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Perceba que neste artigo o foco da penalização não é mais a gestante, e sim o agente que comete o aborto, neste caso, sem o seu consentimento.

Cabe ressaltar que o dissentimento (não consentimento) da ofendida é presumido quando ela é menor de 14 anos, alienada ou débil mental (art. 126, parágrafo único).

7.1.4.4 ABORTO PROVOCADO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE

Encontra previsão no art. 126 do Código Penal e apresenta a seguinte redação:

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Trata-se do chamado aborto consensual em que a vontade do terceiro coaduna-se com a vontade da gestante. Observe interessante julgado:

7.1.4.5 ABORTO QUALIFICADO

O art. 127 do Código Penal define que as penas cominadas para os delitos de aborto provocado com ou sem consentimento da gestante são aumentadas de um terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza

TJPR, Recurso em Sentido Estrito: RSE 1233505 PR, DJ 13.06.2002

Quem cede o local para as manobras abortivas é partícipe direto na prática do aborto.

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grave; e são duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Trata-se de crime preterdoloso no qual se pune o primeiro a título de dolo (aborto) e o resultado qualificador (morte ou lesão corporal grave) a título de culpa.

As formas qualificadas são aplicáveis apenas aos delitos previstos nos arts. 125 e 126. Desta forma, não se aplica ao aborto praticado pela gestante (art. 124), uma vez que o Código Penal Brasileiro não pune a autolesão.

7.2 LESÕES CORPORAIS

O legislador penal, visando proteger a integridade física e fisiopsíquica da pessoa humana, tipificou no art. 129 do Código Penal o crime de lesão corporal, nos seguintes termos:

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Ocorre, entretanto, que o crime de lesões corporais possui outras figuras típicas além da supracitada. Desta forma, podemos resumir o assunto da seguinte forma:

TIPOS PENAIS DO CRIME DE LESÃO CORPORAL

LESÃO CORPORAL SIMPLES Art. 129, caput

LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA Art. 129, §§ 4º e 5º

LESÃO CORPORAL QUALIFICADA Art. 129, §§ 1º, 2º, 3º e 9º

LESÃO CORPORAL CULPOSA Art. 129, §§ 6º e 7º

PERDÃO JUDICIAL Art. 129, § 8º

CAUSA DE AUMENTO DE PENA Art. 129, § 10º

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As lesões corporais classificam-se em:

� LESÕES CORPORAIS GRAVES (em sentido amplo) ��� Abrangem as lesões corporais graves (em sentido estrito) e gravíssimas (a expressão “lesões gravíssimas” não é legal, mas doutrinária). Ocorrem quando as lesões corporais resultam em:

1. Incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias;

2. Perigo de vida;

3. Debilidade permanente de membro, sentido ou função;

4. Aceleração de parto:

5. Incapacidade permanente para o trabalho;

6. Enfermidade incurável;

7. Perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

8. Deformidade permanente;

9. Aborto.

� LESÕES CORPORAIS LEVES ��� Ocorrem quando a lesão corporal não se enquadra nos casos acima apresentados.

� LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE ��� Caracteriza o chamado crime preterdoloso, no qual temos a lesão corporal a título de dolo, e o resultado qualificador (morte) a título de culpa. Encontra previsão no parágrafo 3º do art. 129 do Código Penal:

Art. 129.

[...]

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos

RECLUSÃO DE

01 A 05 ANOS

RECLUSÃO DE

02 A 08 ANOS

Lesões graves

em sentido

estrito

Lesões

gravíssimas.

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7.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

2. SUJEITO PASSIVO: É a vítima. A lei não exige nenhuma condição especial para que uma pessoa possa figurar no pólo passivo, salvo no que diz respeito a duas qualificadoras já apresentadas: a lesão corporal que acelera o parto ou que ocasiona aborto (neste caso, exige-se a condição de grávida).

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

� Ofender (a integridade corporal ou a saúde de outrem).

Observação: Independentemente do número de lesões, o agente responderá por um só crime de lesão corporal: ou leve, ou grave ou seguida de morte.

2. SUBJETIVO:

1. O crime de lesão corporal admite dolo, culpa e preterdolo (veremos mais à frente a lesão corporal culposa).

• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA: É crime material, de dano, plurissubsistente e de forma livre.

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Consuma-se com a efetiva ofensa à integridade corporal ou saúde física ou mental da vítima.

2. Admite-se a tentativa.

Observação: O STF já firmou entendimento de que é cabível a tentativa de lesão corporal grave, mesmo que a vítima não tenha sofrido qualquer ferimento. Exemplo: Imagine que Tício amarra Mévio em uma árvore e, com o intuito de amputar um braço, liga

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uma serra elétrica. Quando está a cerca de um centímetro do braço de Mévio, Tício é interrompido por um policial.

7.2.2 LESÕES CORPORAIS PRIVILEGIADAS

A figura típica encontra previsão no Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 129. [...]

§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Do supra dispositivo legal, podemos verificar que o privilégio é cabível quando o agente:

1. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem por motivo de relevante valor social.

2. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem por motivo de relevante valor moral.

3. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima.

Observe que já estudamos estas circunstâncias quando tratamos do homicídio privilegiado e, aqui, cabem os mesmos comentários.

7.2.3 LESÃO CORPORAL CULPOSA

A figura da lesão corporal culposa apresenta um tipo simples no parágrafo 6º do art. 129 e uma figura qualificada presente no parágrafo 7º. Observe:

Art. 129

§ 6° Se a lesão é culposa:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.

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Do supra dispositivo, retira-se que se o agente comete a lesão corporal de maneira culposa, regra geral, poderá sofrer a penalização de detenção de dois meses a um ano.

Todavia, se o crime resulta de inobservância de regra técnica, profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato ou foge para evitar prisão em flagrante, caberá na sanção um aumento de pena de um terço.

7.2.4 PERDÃO JUDICIAL

O parágrafo 8º do art. 129 do Código Penal deixa claro que se aplica ao crime de lesão corporal culposa o perdão judicial que analisamos ao estudar o homicídio culposo.

Assim, na lesão corporal culposa, pode o juiz deixar de aplicar a pena se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Aqui cabe um importante questionamento: A lesão corporal culposa cometida no trânsito encontra-se prevista no art. 303 do Código Penal Brasileiro, e este não prevê a possibilidade de perdão judicial. Será possível a aplicação do perdão judicial previsto no Código Penal aos delitos no trânsito?

Segundo a jurisprudência majoritária, há sim esta possibilidade. Observe o julgado:

TJDF - APR: APR 125833220068070003 DF – DJ 13.05.2009

Não obstante a falta de previsão legal no código de trânsito do instituto do perdão judicial para os delitos de homicídio culposo e lesão corporal culposa, razões de política criminal, aliadas à hermenêutica justificada pelo princípio da isonomia e pela busca da pacificação social, tornam possível a aplicação da figura jurídica do perdão judicial aos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa, praticados na direção de veículo automotor.

O perdão judicial vem a ser a clemência do estado quando deixa de aplicar a pena abstratamente prevista para o delito, em razão de as conseqüências do delito terem atingido o agente de forma tão grave, quer fisicamente, quer moralmente, que a imposição da penalidade se torne despicienda, ou seja, a dor sentida é mais expressiva do que eventual pena aplicada, já se consubstanciando, em si própria, uma penalidade a ser suportada.

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7.2.5 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Nos termos do parágrafo 9º do art. 129, se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, aplica-se ao agente uma penalização de detenção de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

Caso a violência doméstica resulte em lesão corporal grave ou seguida de morte, a pena deverá ser acrescida de um terço. Trata-se de causa de aumento de pena.

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).

Por fim, cabe ressaltar que o parágrafo 11 do art. 129 definiu mais uma causa de aumento de pena que ocorrerá no quantitativo de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.

§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.

7.2.6 AÇÃO PENAL NO CRIME DE LESÃO CORPORAL DOLOSA LEVE CONTRA A MULHER

Caro(a) aluno(a), recentemente tivemos uma decisão do STJ que serviu, de certa forma, para elucidar um tema que era muito debatido. Observe:

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7.3 DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Caro (a) aluno (a), trataremos agora de uma espécie de crime contra a pessoa que é muito pouco exigida em CONCURSOS PÚBLICOS. Assim, para sua PROVA, basta um conhecimento básico dos delitos referentes aos crimes de periclitação da vida e da saúde, com exceção da omissão de socorro que exige um conhecimento mais aprofundado (veremos após o quadro). Vamos esquematizar:

CRIME CONDUTA PENA OBSERVAÇÃO

PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO

(ART. 130)

Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que

sabe ou deve saber que está contaminado.

Detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Forma qualificada:

Se é intenção do agente transmitir a moléstia:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Obs.: Somente se procede mediante representação, ou seja, através de ação penal pública condicionada.

PERIGO DE CONTÁGIO DE

MOLÉSTIA GRAVE

(ART. 131)

Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia

grave de que está contaminado, ato capaz de

produzir o contágio.

Reclusão, de um a quatro anos, e

multa.

PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE

Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e

Detenção, de três meses a um ano, se o fato

Causa de aumento de pena:

STJ, REsp 1.097.042/DF, DJ 24.02.2010

É necessária a representação da vítima de violência doméstica nos casos de lesões corporais leves (Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha), pois se cuida de uma ação pública condicionada.

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DE OUTREM

(ART. 132)

iminente. não constitui crime mais

grave.

A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.

ABANDONO DE INCAPAZ

(ART. 133)

Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade e,

por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono

Detenção, de seis meses a três anos.

Formas qualificadas:

Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Causas de aumento de pena (aumentam-se de um terço):

1- Se o abandono ocorre em lugar ermo;

2-Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.

3- Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos

EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE

RECÉM-NASCIDO

(ART. 134)

Expor ou abandonar recém-nascido para ocultar desonra

própria.

Detenção, de seis meses a dois anos.

Formas qualificadas:

Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - detenção, de um a três anos.

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Se resulta a morte:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

MAUS-TRATOS

(ART. 136)

Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de

educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados

indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho

excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de

correção ou disciplina.

Detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

Formas qualificadas:

Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Causa de aumento de pena:

Aumenta-se a pena de um terço se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos.

7.3.1 OMISSÃO DE SOCORRO

Encontra previsão nos seguintes termos:

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Do supra dispositivo legal, podemos observar que a assistência tratada pelo legislador penal pode ser de duas formas:

1. Imediata � Dever de prestação imediata de socorro;

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Observação: A omissão imediata só ocorre quando é possível ao sujeito agir sem risco pessoal. Mas e se a vítima recusa o socorro? Mesmo assim existe crime, pois o objeto é irrenunciável.

2. Mediata � Dever de pedir ajuda à autoridade pública.

7.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

2. SUJEITO PASSIVO: Podem ser sujeitos passivos do crime de omissão de socorro:

� Criança abandonada (pelos responsáveis);

� Criança extraviada (criança perdida);

� Pessoa inválida, ao desamparo, ou seja, sem possibilidade de afastar o perigo com suas próprias forças;

� Pessoa ferida, ao desamparo;

� Pessoa em grave e iminente perigo;

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: São núcleos do tipo:

• Deixar de prestar (assistência);

• Não pedir (socorro).

2. SUBJETIVO: Dolo;

• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA: É crime omissivo próprio, ou seja, é caracterizado pela simples conduta negativa do agente.

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

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1. Consuma-se no momento da omissão.

2. Não se admite a tentativa, pois ou o sujeito não presta assistência e o delito está consumado, ou presta socorro à vítima.

� TIPO QUALIFICADO

O tipo qualificado do crime de omissão de socorro encontra previsão no parágrafo único do art. 135. Veja:

Art. 135 [...]

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

7.4 DA RIXA

Entende-se por rixa o desentendimento, a rivalidade, a disputa, a briga em que os participantes atacam-se corporalmente, sendo a agressão recíproca, mesmo que praticada de forma desproporcional.

Segundo a norma vigente, é a briga entre mais de duas pessoas, acompanhada de vias de fato ou violências físicas recíprocas, de

modo que cada sujeito age por si mesmo contra qualquer um dos outros contendores.

Cabe ressaltar que, para a caracterização de tal crime, faz-se necessário a participação de no mínimo três participantes, e que são, ao mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos do crime. Incorre no crime de rixa não só o sujeito que participa diretamente do conflito, mas também o individuo que instiga, trata e combina, citando como exemplo aqueles que “marcam” encontro para as torcidas organizadas de futebol entrarem em confronto.

O crime de rixa encontra-se previsto no art. 137 do Código Penal, com a seguinte redação:

Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Pena: detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

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PROFESSOR PEDRO IVO O referido crime tem como objetividade jurídica a proteção da vida e da saúde física e mental da pessoa humana.

A razão pela qual se iniciou o desentendimento, a disputa, as brigas, é irrelevante para a caracterização do crime e o momento da participação pelo agente em nada importará. Assim, estará caracterizado o crime de rixa se o agente tiver dado inicio ao conflito, ingressado no seu curso ou dele sair sem que se tenha terminado.

Cabe ressaltar que, além das agressões físicas diretas entre os conflitantes, a luta pode ser realizada por meio de lançamento de objetos, o que muitas vezes acontece quando, por algum motivo, grupos acabam que se distanciando.

O crime de rixa consuma-se a com a prática das violências recíprocas, instante em que há a produção do resultado e surge o evento dano. No referido crime, admite-se a tentativa, hipótese em que o crime somente não se consuma em razão de ser frustrado por outrem.

São elementos qualificadores do crime de rixa a lesão corporal grave e a morte. Observe:

Art. 137. [...]

Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

A ocorrência de lesão corporal de natureza grave ou morte qualifica a rixa, respondendo por ela inclusive a vítima da lesão grave. Mesmo que a lesão grave ou a morte atinja estranho não participante da rixa, alguém que passava no local, por exemplo, ainda assim se configura a qualificadora.

Quando não é identificado o autor da lesão grave ou homicídio, todos os participantes respondem por rixa qualificada; sendo identificado o autor, os outros continuam respondendo por rixa qualificada e o autor responderá pelo crime que cometeu em concurso material com a rixa qualificada.

A morte e as lesões graves devem ocorrer durante a rixa ou em conseqüência dela, não podendo ser nem antes nem depois. Assim, se ocorrerem antes, não a qualifica simplesmente porque não foram sua conseqüência, mas sua causa.

É indispensável, portanto, a relação de causalidade, isto é, que a rixa seja a causa do resultado (lesão grave ou morte). A ocorrência de mais de uma morte ou lesão grave não altera a unidade da rixa qualificada que continua sendo crime único, embora deva ser considerado na dosimetria penal às "conseqüências do crime".

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PROFESSOR PEDRO IVO O resultado agravado recairá sobre todos os que dela tomaram parte, inclusive sobre eventuais desistentes. O participante que sofrer lesão corporal grave também incorrerá na pena da rixa agravada em razão do ferimento que ele próprio recebeu. Não é punição pelo mal que sofreu, mas pela participação na rixa, cuja gravidade é representada exatamente pela lesão que o atingiu.

Observa-se, por fim, que no crime de rixa a ação penal é pública incondicionada, ou seja, não depende de queixa ou representação do ofendido.

7.5 DOS CRIMES CONTRA A HONRA

O Cap. V do Título I da Parte Especial do Código Penal Brasileiro trata “Dos Crimes Contra a Honra”, definindo condutas delituosas do art. 138 ao 141.

Na definição de Victor Eduardo Gonçalves, a honra “é o conjunto de atributos morais , físicos e intelectuais de uma pessoa , que a tornam merecedora de apreço no convívio social e que promovem a sua auto-estima”.

O conceito de honra abrange tanto aspectos objetivos quanto subjetivos:

Objetivos ��� Representam o que terceiros pensam a respeito do sujeito, ou seja, trata da reputação do indivíduo.

Subjetivos ��� Representam o juízo que o sujeito faz de si mesmo, ou seja, seu amor-próprio.

Ao tratar dos crimes contra honra, o legislador penal definiu três espécies de delito. Vamos analisá-los:

7.5.1 CALÚNIA

Consiste em atribuir falsamente a alguém a responsabilidade pela prática de um fato determinado definido como crime. Encontra previsão no art. 138 do Código Penal:

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

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Na jurisprudência, podemos encontrar a seguinte definição por parte do STF: “a calúnia pede dolo específico e exige três requisitos: imputação de um fato + qualificado como crime + falsidade da imputação” (RT 483/371).

A calúnia pode ser:

1. Explícita: Exemplo: Tício diz: “Mévio é procurado devido à prática de vários roubos”.

2. Implícita: Exemplo: Tício diz para Mévio em uma discussão: “Você pode até pensar isso de mim, mas não sou eu que sobrevivo às custas de dinheiro roubado dos contribuintes.” (Perceba que, implicitamente, Tício atribui a ocorrência de um fato delituoso a Mévio)

3. Reflexa: É o caso em que o caluniador, apesar de tratar de situação referindo-se a apenas um indivíduo, acaba caluniando dois. Exemplo: Tício diz que Mévio, juiz federal, só absolveu o réu porque foi subornado. Neste caso, o caluniador atinge não só o juiz, mas também o réu.

No crime de calúnia, a falsidade é o elemento normativo do tipo e pode ser quanto:

1. À existência do fato (situação em que o agente narra fato sabendo que não ocorreu).

2. À autoria (situação em que o fato existiu, porém o agente sabe que a pessoa não foi a vítima).

Aqui podemos levantar um importante questionamento e, para isso, vamos voltar alguns anos para a véspera do dia em que o adultério passou a não ser mais considerado crime.

Imaginemos que Tício, nesta data, disse para Mévia, falsamente, que ela cometeu o adultério. Podemos afirmar que se trata de calunia?

A resposta é positiva, pois um fato falso, tipificado como crime, está sendo imputado a alguém.

Ocorre, entretanto, que no dia seguinte o adultério deixa de ser crime. Neste caso, irá se manter o processo por calúnia?

A resposta é negativa. Nesta situação em que o fato deixa de ser crime, ocorre a desclassificação para a difamação ou mesmo torna o fato atípico.

A calúnia é crime formal e sua consumação ocorre no instante em que a imputação chega ao conhecimento de terceira pessoa, independente do

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momento em que a vítima foi informada. A tentativa é admitida na forma escrita (escrito calunioso interceptado).

Observação 01 � O fofoqueiro também é punido!!! O parágrafo 1º do art. 138 define que na mesma pena atribuída à calúnia incorre quem, sabendo falsa a imputação, propala-a ou divulga-a.

Propalar é relatar verbalmente e divulgar é relatar utilizando outros meios (megafone, panfleto etc.). Visa o tipo do parágrafo 1º punir aquele que ouviu e espalhou, enquanto o caput visa o precursor da mentira.

Observação 02 � Pode ir preso aquele que caluniar os mortos!!! O parágrafo 2º do art. 138 deixa claro que é punível a calúnia contra os mortos.

“Mas professor, como o morto vai ser sujeito passivo de um crime?”

Obviamente, nesta espécie de delito não é o morto que é o sujeito do delito, mas sim o cônjuge, o ascendente, o descendente, enfim, aqueles que são titulares da objetividade jurídica, que se reflete na honra dos parentes sobrevivos.

Observação 03 � É possível que o sujeito se livre do crime de calúnia, bastando para isso que PROVE o fato imputado a outrem!!! Trata-se da chamada exceção da verdade, situação em que o réu terá o direito de comprovar que o que disse é a mais pura verdade.

Imagine, por exemplo, que Tício diz a todos que Mévio roubou o carro de Caio e, devido a isso, é processado por calúnia. Caso Tício prove, através de filmagens das câmeras de segurança de uma loja, que o fato realmente ocorreu, atípica será sua conduta.

Assim, podemos afirmar que, regra geral, a exceção da verdade é admitida no crime de calúnia. Ocorre, todavia, que, segundo o parágrafo 3º do art. 138, nos seguintes casos não será admitida a exceção da verdade:

1. Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;

Existem determinados crimes que atingem de uma maneira tão forte o íntimo do indivíduo que o estado transfere a este a titularidade para dar início e conduzir a ação penal. São os casos de ação penal privada.

Assim, imagine que Tício impute a Mévio um crime processado mediante ação penal privada. Neste caso, poderá Tício provar no Tribunal a ocorrência de tal fato?

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A resposta é negativa, pois mesmo se o fato for verdadeiro, se a própria vítima preferiu não processar Mévio e manter o caso em silêncio, é mais do que correto que não se permita a um outro indivíduo (Tício) tornar o caso público através da exceção da verdade.

Cabe, por fim, ressaltar que a exceção da verdade poderá ocorrer caso já haja sentença penal irrecorrível.

2. Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;

Não é admissível a exceção da verdade no caso de calúnia proferida contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro.

3. Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

Nos casos em que a própria justiça absolve o réu, não pode o caluniador querer provar que a decisão judicial foi errada.

Observação 04 � É cabível a retratação!!! Retratar-se significa retirar aquilo que foi dito referente à determinada pessoa. Em linguagem clara, nada mais é do que o sujeito admitir que errou.

Nos termos do art. 143 do Código Penal, no caso da calúnia, o querelado que, antes da sentença, retrata-se cabalmente, fica isento de pena.

7.5.2 DIFAMAÇÃO

Consiste em atribuir a alguém fato determinado, ofensivo à sua reputação. Seria o caso, por exemplo, de Tício dizer que Mévio foi trabalhar embriagado. Encontra previsão no art. 139 do Código Penal:

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua

reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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A calúnia se aproxima da difamação por atingirem a honra objetiva de alguém através da imputação de um fato, por se consumarem quando terceiros tomam conhecimento de tal imputação (crimes formais), por admitirem a tentativa na modalidade escrita e por permitirem a retratação total, até a sentença de 1a Instância, do querelado.

Porém, diferenciam-se pelo fato da calúnia exigir que a imputação do fato seja falsa e, além disso, que este seja definido como crime, o que não ocorre na difamação.

Assim, se Tício diz que Mévio foi trabalhar embriagado, pouco importa se tal fato é verdadeiro ou não, afinal, a intenção do legislador no delito de difamação foi deixar claro que as pessoas não devem fazer comentários desabonadores de que tenham conhecimento sobre essa ou aquela pessoa.

Quanto ao elemento subjetivo, o crime de difamação exige o DOLO e também que a conduta detenha certo cunho de seriedade. Sobre este tema, observe o importantíssimo, interessantíssimo e recente julgado:

STF, Inq 2.899/BA, DJ 23.03.2010

A consumação do delito de difamação exige um elemento subjetivo correspondente à

vontade específica de macular a imagem de alguém (animus difamandi), o que não foi

evidenciado na narrativa dos fatos. Assim, o cenário fático delineado nos autos denota

que não houve o dolo específico de difamar RITA DE CÁSSIA PINHO.

Daí a conclusão de que, na esteira da melhor doutrina e da orientação jurisprudencial

do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, o delito fica excluído

quando a intenção for apenas de caçoar (animus jocandi), defender-se (animus

defendendi), narrar (animus narrandi) ou criticar (animus criticandi).

Com efeito, é perceptível que a vontade do Querelado está desacompanhada da

intenção de ofender, elemento subjetivo do tipo, vale dizer, praticou o fato com animus

criticandi, pelo que não há que se falar em crime de difamação.

Nesse mesmo sentido, colaciona-se a seguinte decisão do Supremo Tribunal

Federal:‘(...) CRIMES CONTRA A HONRA -ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. -A intenção

dolosa constitui elemento subjetivo, que, implícito no tipo penal, revela-se essencial à

configuração jurídica dos crimes contra a honra. A jurisprudência dos Tribunais tem

ressaltado que a necessidade de narrar ou de criticar atua como fator de

descaracterização do tipo subjetivo peculiar aos crimes contra a honra, especialmente

quando a manifestação considerada ofensiva decorre do regular exercício, pelo agente,

de um direito que lhe assiste e de cuja prática não transparece o ‘pravus animus’, que

constitui elementos essencial à configuração dos delitos de calúnia, difamação e/ou

injúria. (...). Precedentes.’ Grifado -SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL -2ª Turma. Recurso

em Habeas Corpus nº 81750, relator Ministro CELSO DE MELLO, DJ de 10.08.2007.

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Observação ��� A exceção da verdade não é regra na difamação!!! Segundo o parágrafo único do art. 139, a difamação só admite a exceção da verdade se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. O fundamento desta possibilidade reside no resguardo da honorabilidade do exercício da função pública. Essa excepcionalidade da exceção da verdade ocorre porque na difamação é irrelevante se o fato é falso ou verdadeiro.

7.5.3 INJÚRIA

Consiste em atribuir a alguém qualidade negativa que ofenda sua dignidade ou decoro. Atinge a honra SUBJETIVA do sujeito. Assim, se Tício chama Mévio de ladrão, imbecil, burro, feio etc., constitui crime de injúria. Encontra previsão no art. 140 do Código Penal. Observe:

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Perceba que na injúria não há ATRIBUIÇÃO DE FATO, mas de QUALIDADE NEGATIVA ao sujeito. Desta forma, se Tício diz: “Mévio roubou o carro de Caio”, temos o crime de calúnia. Todavia, se a frase é: “Mévio é ladrão”, temos o delito de injúria.

No que diz respeito ao elemento subjetivo, assim como na difamação, a injúria exige o dolo e que o agente imprima seriedade à sua conduta.

A injúria é crime formal e consuma-se no momento em que o ofendido fica sabendo da imputação de qualidade negativa. Assim como a calúnia e a difamação, é admissível a tentativa na modalidade escrita.

Cabe ressaltar que, para que exista a injúria, é irrelevante que a vítima tenha se sentido realmente ofendida, bastando que a atribuição negativa seja capaz de ofender.

OBSERVAÇÃO:

Caso o fato seja cometido contra funcionário público em razão da função e na presença deste, trata-se de desacato, e não de injúria.

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Observação 01 ��� O sujeito pode ser perdoado (perdão judicial)!!! Segundo o parágrafo 1º do art. 140, o juiz pode deixar de aplicar a pena:

1. Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria: Seria o caso, por exemplo, em que Tício aplica uma “cantada” na esposa de Mévio e é por este injuriado.

2. No caso de retorsão imediata que consista em outra injúria: Exemplo: Dicesar diz: “A Anamara é falsa”. Por sua vez, Anamara responde: “Você é que é falso e feio por dentro e por fora” (Espero que vocês não tenham perdido tempo de estudo para assistir ao BBB 10 ou 11...rsrs...Vamos continuar com o que interessa!).

Observação 02 ��� Injúria real!!! Existem casos em que através do uso da violência (produz lesão corporal) ou vias de fato (comportamento agressivo, mas que não produz lesões) o agente age com a intenção de humilhar a vítima e, para estas situações, conhecidas como injúria real, o Código Penal prevê:

Art. 140

[...]

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

Do supra dispositivo, é possível retirar que quando a injúria real é cometida mediante vias de fato, estas são absorvidas pelo delito de maior gravidade. Todavia, quando a injúria ocasiona lesão corporal, deve o agente responder pela injúria real e pelo crime de lesão corporal.

“Professor, dá para exemplificar?”

Claro que sim... Imagine que em uma festa, Mévia, ao encontrar a ex-namorada de seu atual marido, rasga-lhe o vestido com o fim de gerar humilhação Neste caso, temos a injúria real devido a vias de fato.

Imagine, agora, que Tício fica atrás de uma árvore aguardando a passagem de sua sogra a fim de atirar-lhe excremento. Neste caso, também está caracterizada a injúria real.

Por fim, imagine que Tício, após derrubar Mévio com um chute, começa a cavalgar a vítima com intenção ultrajante. Neste caso, responderá Tí2cio pela injúria real e pelas lesões corporais.

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Observação 03 ��� Injúria qualificada!!! Encontra-se definida no art. 140, parágrafo 3º do Código Penal. Veja:

Art. 140.

[...]

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:

Pena - reclusão de um a três anos e multa.

Assim, a título de exemplo, se Tício chama Mévio, japonês, de “japa”, em tom pejorativo, responderá pela injúria qualificada.

Observação 04 ��� É impossível a retratação!!! Isto ocorre, pois a injúria não se refere a fato, mas a qualificação negativa.

7.5.4 DISPOSIÇÕES COMUNS DOS CRIMES CONTRA A HONRA

7.5.4.1 FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS

Nos termos do art. 141 do Código Penal, as penas cominadas para todos os crimes contra a honra aumentam-se de um terço se qualquer dos crimes é cometido:

1. Contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro;

2. Contra funcionário público, em razão de suas funções;

3. Na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.

4. Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.

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Observação: Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.

7.5.4.2 CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE

Conforme o art. 142 do CP, não constitui injúria ou difamação punível:

1. A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;

2. A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;

3. O conceito desfavorável emitido por funcionário público em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.

Observação: Nos casos 1 e 3, acima apresentados, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.

7.5.4.3 PEDIDO DE EXPLICAÇÃO EM JUÍZO

Imagine que Tício profere a seguinte declaração: “Maria é uma pessoa muito educada e sempre convida para que entrem em seu lar todos os que batem em sua porta. Que o diga o carteiro, o leiteiro, o açougueiro.”

Essa declaração pode ser interpretada com duplo sentido e, para estes casos em que ocorre dúvida ao intérprete quanto à real intenção da declaração, é cabível que se peça explicações em juízo. Observe:

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.

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7.6 DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Neste tópico, daremos uma atenção especial ao crime de constrangimento ilegal. Posteriormente, veremos as características que você precisa saber para concursos públicos referente aos outros delitos.

7.6.1 CONSTRANGIMENTO ILEGAL

O crime de constrangimento ilegal encontra previsão no art. 146 do CP, que apresenta a seguinte redação:

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Para que reste caracterizado o delito, é essencial que seja ilegítima a pretensão do sujeito ativo, ou seja, que não tenha o direito de exigir da vítima a conduta almejada. Assim, a título de exemplo, caso Tício exija, mediante grave ameaça, que Mévio, torcedor do Palmeiras, vista a camisa do Corinthians e cante o hino do “Timão”, estará caracterizado o crime de constrangimento ilegal.

7.6.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: Pode ser qualquer pessoa (crime comum).

2. SUJEITO PASSIVO: Pode ser qualquer pessoa, desde que tenha capacidade de autodeterminação, ou seja, consciência e liberdade de vontade nas suas ações.

• ELEMENTOS:

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1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

� Constranger (mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência);

2. SUBJETIVO:

1. Dolo;

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Trata-se de crime material que se consuma no instante em que a vítima faz ou deixa de fazer alguma coisa.

2. É admissível a tentativa.

• TIPO QUALIFICADO: Conforme o parágrafo 1º do art. 146, as penas aplicam-se cumulativamente e em dobro quando, para a execução do crime, reúnem-se mais de três pessoas ou há emprego de armas.

• CAUSAS DE EXCLUSÃO DE TIPICIDADE: Não caracterizam o constrangimento ilegal a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida e a coação exercida para impedir suicídio.

7.6.2 AMEAÇA, SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO

CRIME CONDUTA PENA OBSERVAÇÕES

AMEAÇA

(ART. 147)

Ameaçar alguém por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer

outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave.

Detenção, de um a seis meses, ou

multa

Obs. 1: A ameaça é distinta do constrangimento ilegal, pois enquanto neste busca-se uma atividade positiva ou negativa da vítima, na ameaça o intuito é apenas o de atemorizar.

Obs. 2: A ameaça não se confunde com a “praga” ou o “esconjuro”. Assim, se Tício manda Mévio “ir

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para o inferno”, ou Tício conhece o caminho ou, obviamente, não há ameaça.

SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO

Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere

privado.

Obs. 1: Atualmente, a distinção entre

sequestro e cárcere privado é irrelevante, pois a penalização

aplicada é a mesma.

Obs. 2: É possível a ocorrência do delito na forma omissiva, como no caso de deixar de por em

liberdade o indivíduo que se restabeleceu de doença mental.

Reclusão, de um a três anos.

TIPOS QUALIFICADOS

A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:

• Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;

• Se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;

• Se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.

• Se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;

• Se o crime é praticado com fins libidinosos.

A pena é de reclusão, de dois a oito anos:

• Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral.

7.7 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

7.7.1 VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO

O art. 150 do Código Penal tipifica a seguinte conduta:

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

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A incriminação da violação de domicilio, segundo Damásio de Jesus, não protege a posse, nem a propriedade. O objeto jurídico é a tranquilidade doméstica, tanto que não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia desabitada. Há diferença entre casa desabitada e casa na ausência dos seus moradores. Quando ausentes os moradores, subsiste o crime de violação de domicilio.

Bom, caro(a) aluno(a), estamos falando bastante do termo casa, mas qual a real abrangência desta palavra para o direito penal?

A importante resposta para este questionamento é encontrada no parágrafo 4º do art. 150 do Código Penal, que discorre:

§ 4º - A expressão "casa" compreende:

I - qualquer compartimento habitado;

II - aposento ocupado de habitação coletiva;

III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

A fim de não deixar dúvidas, o legislador achou por bem definir no parágrafo 5º casos que não se enquadram neste conceito:

§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":

I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;

II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

7.7.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: Pode ser qualquer pessoa (crime comum).

2. SUJEITO PASSIVO: São os titulares do direito de admissão e proibição da entrada de alguma pessoa. Via de regra, em uma residência familiar, esta figura repousa nos cônjuges.

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Assim, imagine que Mévio, namorado da filha de Tício (e “odiado” por ele), resolve entrar pela janela no quarto de seu grande amor, tendo o consentimento da menina. Neste caso, poderemos falar em violação de domicílio?

A resposta é positiva, pois adentrou a CASA sem o consentimento de quem detêm direito para permitir a entrada ou não de alguém.

Agora, outra pergunta: Será que o marido permitiria a entrada em seu lar do amante da esposa? Essa eu vou deixar sem resposta, mas sobre este tema já se pronunciou o STF:

Por fim, um último questionamento: Caso o proprietário de um imóvel alugado penetre na casa do inquilino, haverá o crime?

A resposta é POSITIVA, pois, como vimos, a tipificação da violação de domicílio não visa proteger a propriedade ou a posse, mas sim a TRANQUILIDADE DOMÉSTICA.

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: São núcleos do tipo:

� Entrar; e

� Permanecer.

2. SUBJETIVO:

1. Dolo;

2. Contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito.

• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA: Trata-se de crime de mera conduta, pois o legislador penal apenas define o comportamento do sujeito, sem referência a qualquer resultado.

Quanto ao núcleo “entrar”, é crime instantâneo. Com relação ao núcleo “permanecer”, é crime permanente.

O STF entende que não há crime na entrada do amante da esposa infiel no lar conjugal, com o consentimento daquela e na ausência do marido, para fins amorosos. (RTJ, 47/734)

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É, também, crime de formulação típica alternativa (entrar ou permanecer).

• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. Trata-se de crime de mera conduta que se consuma com a entrada ou permanência.

Observação: Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:

� Durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;

� A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.

2. É admissível a tentativa.

• TIPO QUALIFICADO

Qualifica-se o crime de violação de domicílio se este é cometido:

1. Durante a noite;

2. Em lugar ermo;

3. Com o emprego de violência ou de arma;

4. Por duas ou mais pessoas:

Para os supracitados casos, o Código Penal prevê uma pena de detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.

Ainda nos termos do CP, qualificando o delito, aumenta-se a pena de um terço se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei ou com abuso do poder.

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7.8 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA Futuro(a) Aprovado(a), trataremos agora de uma espécie de delito para o qual basta um conhecimento básico das tipificações. Vamos esquematizar:

CRIME CONDUTA PENA OBSERVAÇÃO

VIOLAÇÃO DE CORRESPON-

DÊNCIA

(ART. 151)

Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem.

Detenção, de um a seis meses, ou multa.

Causa de aumento de pena:

As penas aumentam-se de metade se há dano para outrem.

Forma qualificada:

Se o agente comete o crime com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:

Pena - detenção, de um a três anos.

SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO

DE CORRESPON-

DÊNCIA

(ART. 151, I)

Apossar-se indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada, e sonegá-la ou destruí-la no todo ou em parte.

VIOLAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEGRÁFICA, RADIOELÉTRIC

A OU TELEFÔNICA

(ART. 151, II, III E IV)

Indevidamente, divulgar, transmitir a outrem ou utilizar abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;

Impedir a comunicação ou a conversação referida acima;

Instalar ou utilizar estação ou aparelho radioelétrico sem observância de disposição legal.

CORRESPON-DÊNCIA

COMERCIAL

(ART. 152)

Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo.

Detenção, de três meses a dois anos

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7.9 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS

Caro(a) aluno(a), trataremos agora da última espécie de delito:

CRIME CONDUTA PENA OBSERVAÇÃO

DIVULGAÇÃO DE SEGREDO

(ART. 153)

Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem.

Detenção, de um a seis meses, ou multa.

Somente se procede mediante representação.

Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública.

Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Somente se procede mediante representação, salvo quando resultar prejuízo para a Administração Pública, situação em que a ação penal será incondicionada.

VIOLAÇÃO DO SEGREDO

PROFISSIONAL

(ART. 154)

Revelar alguém, sem justa causa, segredo de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Somente se procede mediante representação.

**********************************************************

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Companheiros de estudo,

Parabéns por mais uma etapa completada!!!

Continue firme em busca do seu objetivo que em breve a recompensa virá!!!

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

[email protected]

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio simples

Art 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo fútil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Homicídio culposo

§ 3º Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

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PROFESSOR PEDRO IVO Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único - A pena é duplicada:

Aumento de pena

I - se o crime é praticado por motivo egoístico;

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

DAS LESÕES CORPORAIS

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

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PROFESSOR PEDRO IVO Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

II - perigo de vida;

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2° Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incurável;

III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesão corporal seguida de morte

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Diminuição de pena

§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Substituição da pena

§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:

I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;

II - se as lesões são recíprocas.

Lesão corporal culposa

§ 6° Se a lesão é culposa:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Aumento de pena

§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.

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PROFESSOR PEDRO IVO Violência Doméstica

§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).

§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.

CAPÍTULO III DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

CAPÍTULO IV DA RIXA

Rixa

Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

Exceção da verdade

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;

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PROFESSOR PEDRO IVO III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

Difamação

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Exceção da verdade

Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Injúria

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:

Pena - reclusão de um a três anos e multa.

Disposições comuns

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.

IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.

Retratação

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.

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PROFESSOR PEDRO IVO Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.

SEÇÃO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Constrangimento ilegal

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Aumento de pena

§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.

§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;

II - a coação exercida para impedir suicídio.

Ameaça

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Seqüestro e cárcere privado

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:

I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;

II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;

III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;

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PROFESSOR PEDRO IVO V – se o crime é praticado com fins libidinosos.

§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

SEÇÃO II DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

Violação de domicílio

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.

§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.

§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:

I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;

II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.

§ 4º - A expressão "casa" compreende:

I - qualquer compartimento habitado;

II - aposento ocupado de habitação coletiva;

III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":

I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;

II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

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EXERCÍCIOS

1. (CESPE/Analista Judiciário–TRE MT/2010) O homicídio praticado mediante paga ou promessa de recompensa classifica-se doutrinariamente como crime bilateral.

Correto. Crime bilateral é aquele que, por sua própria natureza, exige o encontro de dois agentes, sem o qual o mesmo não seria possível. No homicídio praticado mediante paga ou promessa de recompensa, também conhecido como mercenário, há a figura do mandante e a do executor.

2. (CESPE/Promotor–MPE SE/2010) A natureza jurídica do homicídio privilegiado é de circunstância atenuante especial.

Errado. A natureza jurídica do homicídio privilegiado é caso de diminuição de pena. Crime privilegiado é aquele no qual o legislador diminui, em abstrato, os limites mínimo e máximo da pena. Traz o Código Penal em seu art. 121, §1°, que o juiz partirá da pena de homicídio simples, diminuída de um sexto a um terço.

3. (CESPE/Administração–PM DF/2010) Um médico praticou aborto de gravidez decorrente de estupro, sem autorização judicial, mas com consentimento da gestante. Nessa situação, o médico deverá responder por crime, já que provocar aborto sem autorização judicial é sempre punível, segundo o CP.

Errado. A questão reporta-se a um dos tipos de aborto legal, quando há gravidez resultante de estupro, art. 128, II, do CP. O Código é expresso, na descrição do artigo, que não há punição quando presentes os requisitos: consentimento da gestante e que seja praticado por médico. Trata-se de uma norma penal permissiva. Não há necessidade de autorização judicial.

4. (CESPE/Promotor–MPE SE/2010) Acerca do homicídio privilegiado, estando o agente em uma das situações que ensejem o seu reconhecimento, o juiz é obrigado a reduzir a pena, mas a lei não determina o patamar de redução.

Errado. O §1° do art. 121 do CP trata do homicídio privilegiado. É uma causa especial de diminuição de pena e, sendo direito subjetivo do agente, caso ele se

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PROFESSOR PEDRO IVO enquadre nas hipóteses previstas, o juiz é obrigado a aplicar a redução de um sexto a um terço da pena.

5. (CESPE/Promotor–MPE SE/2010) Getúlio, a fim de auferir o seguro de vida do qual era beneficiário, induziu Maria a cometer suicídio, e, ainda, emprestou-lhe um revólver para que consumasse o crime. Maria efetuou um disparo, com a arma de fogo emprestada, na região abdominal, mas não faleceu, tendo sofrido lesão corporal de natureza grave. Em relação a essa situação hipotética, Apesar de a conduta praticada por Getúlio ser típica, pois configura induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, ele é isento de pena, porque Maria não faleceu.

Errado. Tipificado no art. 122 do CP, o crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio é um crime material, e consuma-se com o resultado morte ou lesão corporal grave. O parágrafo único enuncia as hipóteses de aumento de pena, dentre as quais o motivo egoístico, aquele torpe, mesquinho, no qual o agente quer alcançar algum proveito. Na questão em tela Getúlio deve responder pelo crime consumado, tendo a pena duplicada pela prática do crime por motivo egoístico.

6. (CESPE/Promotor–MPE SE/2010) Acerca do homicídio privilegiado, a violenta emoção, para ensejar o privilégio, deve ser dominante da conduta do agente e ocorrer logo após injusta provocação da vítima.

Correto. O art. 121, §1° preceitua as hipóteses para o reconhecimento do homicídio privilegiado. Uma delas é estar o agente sob violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima. Esta emoção deve ser absorvente, plena, fazendo com que o agente perca sua capacidade de autocontrole. E a expressão logo em seguida aponta um elemento temporal, devendo ser quase que imediatamente após injusta agressão.

7. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) É inadmissível a ocorrência de homicídio privilegiado-qualificado, ainda que a qualificadora seja de natureza objetiva.

Errado. A ocorrência de homicídio privilegiado-qualificado é sim admissível, desde que a qualificadora seja de natureza objetiva, para que exista compatibilidade entre elas.

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PROFESSOR PEDRO IVO Explicação detalhada: As circunstâncias privilegiadoras são todas subjetivas, posto que se relacionam com o motivo do crime ou com o estado de animo do agente. Encontram previsão no parágrafo 1º, art. 121, do Código Penal:

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Para que seja possível a existência de um homicídio qualificado e privilegiado, é indispensável que as qualificadoras sejam de natureza OBJETIVA. No entanto, não são todas as qualificadoras que cumprem este requisito. Veja:

ARTIGO 121, CÓDIGO PENAL

§ 1°: PRIVILEGIADORAS

§ 2°: QUALIFICADORAS

*Motivo de relevante valor social ou moral

Motivo torpe – SUBJETIVA

Motivo fútil – SUBJETIVA

* Domínio de violenta emoção Meio cruel – OBJETIVA

Meio insidioso – OBJETIVA

Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime -SUBJETIVA

8. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) No delito de infanticídio incide a agravante prevista na parte geral do CP consistente no fato de a vítima ser descendente da parturiente.

Errado. O infanticídio está previsto no art. 123 do Código Penal. É um homicídio cometido pela mãe contra seu filho, nascente ou neonato. É um crime próprio, ou seja, só pode ser cometido pela genitora que se encontra sob a influência do estado puerperal. O legislador optou por eleger este tipo de homicídio a um delito

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PROFESSOR PEDRO IVO autônomo, com peculiaridades próprias, não incidindo assim a agravante prevista na parte geral do CP.

9. (CESPE/Delegado de Polícia RN/2009) Na legislação brasileira, não se mostra possível a existência de um homicídio qualificado-privilegiado, uma vez que as causas qualificadoras, por serem de caráter subjetivo, tornam-se incompatíveis com o privilégio. Além disso, a própria posição topográfica da circunstância privilegiadora parece indicar que ela não se aplicaria aos homicídios qualificados.

Errado. Vamos reforçar o conceito da questão 07:

A ocorrência de homicídio privilegiado-qualificado é admissível, desde que a qualificadora seja de natureza objetiva, para que exista compatibilidade entre elas. Exemplo didático, um pai mata com veneno (qualificadora objetiva) o estuprador de sua filha (privilégio subjetivo - relevante valor moral). A incompatibilidade se apresenta se o homicídio for praticado com uma qualificadora de caráter subjetivo. Exemplificando, não há possibilidade de uma pessoa cometer homicídio por motivo fútil e relevante valor moral concomitantemente.

10. (CESPE/Soldado–PM DF/2009) Uma jovem de 20 anos de idade, brasileira, residente em Brasília, engravidou do namorado, tendo mantido a gestação em segredo. Dois dias após o nascimento do seu filho, recebeu alta hospitalar e, no caminho para casa, abandonou-o na portaria de um prédio residencial para ocultar de seus familiares sua própria desonra, já que moravam em outra cidade e não sabiam da gravidez. Nessa hipótese, a jovem em tela praticou o delito de abandono de incapaz.

Errado. No caso citado a jovem praticou o crime de exposição ou abandono de recém-nascido, disposto no art. 134 do CP. É uma forma privilegiada de abandono de incapaz. Existe um fim específico, que é ocultar desonra própria e o sujeito passivo é o recém-nascido, ao contrário do art. 133, que pode ser qualquer incapaz.

11. (CESPE/Escrivão de Polícia PB/2009) O crime de constrangimento ilegal é caracterizado pela ausência de violência ou grave ameaça por parte de quem o comete.

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PROFESSOR PEDRO IVO Errado. O art. 146 do CP traz o delito de constrangimento ilegal, tipificando como crime constranger alguém a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda, mediante violência ou grave ameaça.

12. (CESPE/Escrivão de Polícia PB/2009) O delito de ameaça pode ser praticado de forma verbal, escrita ou gestual.

Correto. Em consonância como o prevê a lei no artigo 147 do Código Penal, ameaçar alguém de causar-lhe mal injusto e grave, por palavra, escrito ou gesto. É crime de forma livre, admitindo inúmeros meios de execução.

13. (CESPE/OAB/2009.1) Não constituem injúria ou difamação punível a ofensa não excessiva praticada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu advogado e a opinião da crítica literária sem intenção de injuriar ou difamar.

Correto. Determina o art. 142 do CP que não constitui injúria ou difamação punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador. Trata-se de imunidade judiciária, garantidora do princípio da ampla defesa. Determina ainda o mesmo artigo que a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando evidente a intenção de difamar ou injuriar, também não constitui injúria ou difamação punível. Trata-se de imunidade literária, artística ou científica, para o salutar desenvolvimento da cultura.

14. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) São compatíveis, em princípio, o dolo eventual e as qualificadoras do homicídio. É penalmente aceitável que, por motivo torpe, fútil etc., assuma-se o risco de produzir o resultado.

Correto. É entendimento pacífico nos Tribunais Superiores que não existe impedimento na aplicação das qualificadoras de homicídio no caso de ter ocorrido dolo eventual. A justificativa é que a valoração dos motivos é feita objetivamente da mesma forma que os meios e os modos. Portanto, motivos, meios e modos estão cobertos também pelo dolo eventual.

15. (CESPE/OAB/2009.1) O CP prevê, para os crimes de calúnia, de difamação e de injúria, o instituto da exceção da verdade, que consiste na possibilidade de o acusado comprovar a veracidade de suas alegações, para a exclusão do elemento objetivo do tipo.

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Errado. O instituto da exceção da verdade não é cabível para a injúria. Ela é admitida para a calúnia e na difamação, de acordo com o art. 138, §3° e art. 139, parágrafo único, respectivamente. No entanto, não há previsão legal para o crime de injúria.

16. (CESPE/Analista Judiciário–TRE MA/2009) Maria Paula, sabendo que sua mãe apresentava problemas mentais que retiravam dela a capacidade de discernimento e visando receber a herança decorrente de sua morte, induziu-a a cometer suicídio. A vítima atentou contra a própria vida, vindo a experimentar lesões corporais de natureza grave que não a levaram à morte. Nessa situação hipotética, Maria Paula cometeu o crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, na forma consumada.

Errado. O caso de aumento de pena do crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, previsto no art. 122, II, do CP, é quando a vítima tiver diminuída sua capacidade da resistência, diferente da situação enunciada na questão. Neste caso, como a vítima apresentava a capacidade de discernimento suprimida pelos problemas mentais, não ensejará o crime do art. 122 e sim tentativa de homicídio em sua forma qualificada.

17. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) No delito de aborto, quando a gestante recebe auxílio de terceiros, não se admite exceção à teoria monista, aplicável ao concurso de pessoas.

Errado. Diferentemente do que afirma a questão, no delito de aborto, quando a gestante recebe auxílio de terceiros, o terceiro que executa o aborto responde pelo crime de aborto consensual, art. 126 do CP, e a gestante responderá pelo crime de aborto consentido, art. 124, segunda parte. Nesse caso, de forma excepcional, o Código Penal adota a teoria pluralista do concurso de pessoas, no qual existem dois tipos penais diversos para agentes que procuram o mesmo resultado.

18. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) Por ausência de previsão legal, não se admite a aplicação do instituto do perdão judicial ao delito de lesão corporal, ainda que culposa.

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PROFESSOR PEDRO IVO Errado. O perdão judicial para a lesão corporal culposa, conforme art. 129, §8° do CP, veio previsto de maneira idêntica ao delito de homicídio culposo. Assim, se as consequências da lesão atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária, o juiz poderá deixar de aplicar a pena.

19. (CESPE/Escrivão de Polícia PB/2009) O chefe de uma equipe de vendedores de uma grande rede de supermercados exigiu a presença, em sua sala, de um subordinado que não havia cumprido a meta de vendas do mês e, com a intenção de ofender-lhe o decoro, chamou-o de burro e incompetente. Durante a ofensa, apenas os dois encontravam-se no recinto. Nessa situação, o chefe não deverá responder por nenhum delito, uma vez que os crimes contra a honra só se consumam quando terceiros tomam conhecimento do fato.

Errado. O chefe dos vendedores no exemplo da questão praticou o crime de injúria. Depreende-se do art. 140 do CP que aquele que ofende a dignidade ou decoro de outrem comete injúria. É um insulto, uma qualidade negativa, que macula a honra subjetiva da vítima, ou seja, o que a pessoa pensa de si mesma, sua auto-estima. Não há necessidade, para consumação do delito, de conhecimento do fato injurioso por terceiros.

20. (CESPE/ Advogado OABSP/2008) Caso um advogado militante, na discussão da causa, acuse o promotor de justiça de prevaricação durante uma audiência, o crime de calúnia estará amparado pela imunidade judiciária.

Errado. Atentando-se ao art. 142 do Código Penal, é de fácil constatação que ele não abrange o crime de calúnia. A imunidade judiciária, prevista em seu inciso I, refere-se tão somente aos crimes de injúria e difamação, por ofensa proferida em juízo, pela parte ou por seu procurador, na discussão da causa.

21. (CESPE/Agente Técnico–MPE AM/2008) Independentemente das consequências do crime de rixa, a punição aos contendores é sempre aplicável.

Correto. O crime de rixa é uma luta desordenada, um tumulto, envolvendo troca de agressões entre três ou mais pessoas. É um crime instantâneo, ocorrendo sua consumação com as agressões recíprocas, pois é nesse momento que ocorre o perigo à vida ou à saúde da pessoa humana. Os participantes da rixa devem

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PROFESSOR PEDRO IVO responder pelos atos de violência, momento em que há a produção do resultado, independente das consequências.

*****Armando e Sérgio deviam a quantia de R$ 500,00 a Paulo, porém se recusavam a pagar. No dia marcado para o acerto de contas, Armando e Sérgio, com o ânimo de matar, compareceram ao local do encontro com Paulo portando armas de fogo, emprestadas por Mário, que sabia para qual finalidade elas seriam usadas. Armando e Sérgio atiraram contra Paulo, ferindo-o mortalmente. Com relação à situação hipotética apresentada acima, julgue os itens seguintes.

22. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Paulo é sujeito passivo do crime de homicídio privilegiado.

Errado. Claramente, o delito é cometido com motivação torpe, o que qualifica, e não privilegia o delito. Como vimos, chama-se de torpe a motivação repugnante, ignóbil, desprezível, vil, profundamente imoral.

23. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Segundo determina a Lei n.o 8.072/1990, o homicídio de Paulo é considerado crime hediondo.

Correto. O homicídio qualificado é crime hediondo, elencado no art. 1.º, da lei n.º 8.072/90.

24. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) O crime de homicídio descrito acima se consumou no momento em que a vítima foi ferida em sua integridade física.

Errado. O crime de homicídio tem por caracterizada a sua consumação com a efetiva destruição da vida, e não com o ferir da integridade física.

25. (CESPE / ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL / 2002) Rui era engenheiro e participava da construção de uma rodovia, para a qual seria necessária a destruição de uma grande rocha, com o uso de explosivos. Rui, contudo, por insuficiência de conhecimentos técnicos, não calculou bem a área de segurança para a explosão. Por isso, um fragmento da rocha acabou atingindo uma pessoa, a grande distância, matando-a. Nessa situação, devido ao fato de a morte haver decorrido do uso de explosivos, o caso é de homicídio qualificado.

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PROFESSOR PEDRO IVO Errado. No caso em tela, Rui não responderá por homicídio qualificado porque não havia a intenção de matar. Todo crime de homicídio qualificado é doloso e, portanto, ausente está, no caso, o elemento subjetivo.

Trata-se de crime de homicídio culposo, na modalidade imperícia.

26. (CESPE / AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL / 2004) Vítor desferiu duas facadas na mão de Joaquim, que, em conseqüência, passou a ter debilidade permanente do membro. Nessa situação, Vítor praticou crime de lesão corporal de natureza grave, classificado como crime instantâneo.

Certo. Nos termos do art. 129, parágrafo 1º, III, o crime de lesão corporal é qualificado como grave quando resulta em debilidade permanente de membro, sentido ou função. Trata-se de crime instantâneo, pois se consuma no instante da lesão, não possuindo a conduta caráter permanente.

27. (CESPE / DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL / 1997) Se for doloso o homicídio, a pena será aumentada de um terço, no caso de crime praticado contra pessoa menor de catorze anos.

Certo. A questão está em perfeito acordo com o que dispõe o §4.º, do art. 121, do CP.

28. (CESPE / DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL / 1997) O perdão judicial pode ser aplicado ao crime de lesões corporais dolosas simples.

Errado. O perdão judicial (art. 121, § 5.°) somente se aplica nos casos de lesões corporais CULPOSAS e se as conseqüências da infração atingiram o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

O perdão judicial, causa extintiva de punibilidade, somente pode ser aplicado nos casos previstos em lei. Assim, não cabe aplicação do perdão para a lesão corporal dolosa por ausência de previsão legal (TJAP - APELACAO CRIMINAL: ACR 262307 AP – DJ 23.11.2007).

29. (CESPE / DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL / 1997) Não é crime o aborto realizado pela própria gestante, se for provado que o feto estava contaminado com vírus causador de doença incurável.

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Errado. A contaminação do feto com vírus causador de doença incurável não autoriza do aborto.

Como vimos em nossa aula, somente encontramos duas espécies de aborto legal autorizadas:

Aborto necessário - "Não se pune o aborto praticado por médico: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante”; e

Aborto sentimental - “Não se pune o aborto praticado por médico: II- se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.".

30. (CESPE / DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL / 1997) O evento morte, ocorrido durante uma rixa, qualifica a conduta de todos os contendores.

Correto. Todos que participaram incorrerão no crime de rixa qualificada com resultado morte porque contribuíram, de alguma forma, para o resultado.

Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. (grifei)

31. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Maria, proprietária de um supermercado, sabendo que seu próprio filho praticara furto em seu estabelecimento, atribuiu ao empregado José tal responsabilidade, dizendo ser ele o autor do delito. Nessa situação, Maria cometeu o crime de calúnia.

Correto. O crime de calúnia encontra previsão no art. 138 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

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PROFESSOR PEDRO IVO Do dispositivo legal, retira-se que o crime de calúnia consiste na afirmação, em relação a alguém, de um fato criminoso, sabidamente falso.

32. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Antônia, ao presenciar a prisão de seu filho, proferiu xingamentos aos policiais que a efetuavam, ofendendo-os. Nessa situação, é correto afirmar que Antônia praticou o crime denominado injúria.

Errado. Essa questão é muito comum em provas e, apesar disto, muitos candidatos ainda erram. No caso em tela, ocorre o delito de desacato, e não de injúria.

No caso apresentado pela banca, a conduta de Antônia foi desenvolvida para ofender a autoridade pública no exercício de sua função e, portanto, caracterizado está o crime contra a Administração Pública.

33. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Nos crimes contra a honra, a retratação do ofensor somente é possível nos crimes de calúnia e difamação.

Correto. A retratação do querelado só é admitida na calúnia e na difamação, e não na injúria. A calúnia e a difamação dizem respeito a fatos que podem ser desmentidos. A injúria refere-se a dizeres contendo qualidades pessoais negativas, não havendo imputação de fato, e aqui a retratação dificilmente conseguiria desfazer o efeito da ofensa.

34. (CESPE / DELEGADO – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Manoel trancafiou seu desafeto em um compartimento completamente isolado e introduziu nesse compartimento gases deletérios (óxido de carbono e gás de iluminação), os quais causaram a morte por asfixia tóxica da vítima. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime de homicídio qualificado.

Correto. O caso apresentado pela banca diz respeito ao homicídio qualificado pelo meio insidioso ou cruel, previsto no inciso III, do §2.º, do art. 121, do CP (com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum).

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PROFESSOR PEDRO IVO Além da supracitada qualificadora, dependendo do caso concreto, a conduta ainda poderia ser qualificada pelo motivo torpe e pelo uso de meio que impossibilitou a vítima de oferecer resistência.

35. (CESPE / DELEGADO – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. João e Maria, por enfrentarem grave crise conjugal, resolveram matar-se, instigando-se mutuamente. Conforme o combinado, João desfechou um tiro de revólver contra Maria e, em seguida, outro contra si próprio. Maria veio a falecer; João, apesar do tiro, sobreviveu. Nessa situação, João responderá pelo crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.

Errado. Em nossa aula analisamos um caso bem parecido com este.

Na situação em tela, João desfechou um tiro de revólver contra Maria, isto é, executou a ação de matar a mulher. Assim, haverá crime de homicídio, e não induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.

36. (CESPE / DELEGADO – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Durante um entrevero, Carlos desferiu um golpe de facão contra a mão de seu contentor, que veio a perder dois dedos. Nessa situação, Carlos praticou o crime de lesão corporal de natureza grave, por resultar debilidade permanente de membro.

Correto. No caso em questão, não resta dúvida que a lesão corporal é de natureza grave. Todavia, a banca tenta confundir o candidato quanto à circunstância qualificadora.

Caso o indivíduo perdesse a mão, seria lesão corporal qualificada pela perda ou inutilização do membro, sentido ou função. Entretanto, como perde “apenas” os dedos, trata-se de lesão corporal qualificada pela debilidade permanente de membro, sentido ou função.

37. (CESPE / DELEGADO – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Jorge constrangeu um cego deficiente físico de se deslocar até uma agência bancária para receber um benefício, privando-o de seu guia e destruindo as suas muletas. Nessa situação, Jorge praticou o crime de constrangimento ilegal.

Correto. O constrangimento ilegal encontra previsão no art. 146 do Código Penal:

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PROFESSOR PEDRO IVO Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Observe que a conduta apresentada pela banca se enquadra perfeitamente na tipificação: Jorge, de forma perversa, impediu uma pessoa (cego deficiente físico) de fazer algo (comparecer até uma agência bancária para receber um benefício), mediante violência (privando-o de seu guia e destruindo as suas muletas).

38. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- TO / 2008) Considere que um boxeador profissional, durante uma luta normal, desenvolvida dentro dos limites das regras esportivas, cause ferimentos que resultem na morte do adversário. Nessa situação, o boxeador deverá responder por homicídio doloso, com atenuação de eventual pena, em face das circunstâncias do evento morte.

Errado. No caso, a banca deixa claro que o boxeador profissional realizou uma luta normal, desenvolvida dentro dos limites das regras esportivas. Assim, caracterizado está o exercício regular de direito, excludente de ilicitude, previsto no art. 23 do Código Penal.

39. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- TO / 2008) O aborto, o homicídio e a violação de domicílio são considerados crimes contra a pessoa.

Correto. Questão fácil que exige apenas o conhecimento de quais são os crimes contra a pessoa.

40. (CESPE / TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJRR / 2006) Mesmo resultando em lesão corporal grave ou morte, o latrocínio encontra-se capitulado nos crimes contra o patrimônio e não, nos crimes contra a pessoa.

Correto. Questão que, apesar de fácil, ainda engana muitos candidatos. Vamos relembrar o tema:

Como você já sabe, o latrocínio é o roubo qualificado pelo resultado morte. Classifica-se, no Código Penal, como crime contra o patrimônio, e não contra a pessoa.

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PROFESSOR PEDRO IVO 41. (CESPE / TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJRR / 2006) Não se pune o aborto se a gravidez resulta de estupro, sobretudo se é precedido de consentimento da gestante.

Correto. A hipótese do aborto sentimental encontra-se prevista no art. 128, II, do Código Penal, ocorrendo quando a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

42. (CESPE / TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJRR / 2006) No caso do homicídio culposo, o juiz poderá conceder o perdão judicial se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Correto. O perdão judicial encontra previsão no art. 121, parágrafo 5º e é perfeitamente tratado na questão. Relembre:

Art. 121 [...]

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

43. (CESPE / ANALISTA PROCESSUAL – TJRR / 2006) O delito de homicídio é crime de ação livre, pois o tipo não descreve nenhuma forma específica de atuação que deva ser observada pelo agente.

Correto. Crime de ação livre é aquele que pode ser praticado de qualquer forma. O homicídio se enquadra perfeitamente nesta definição, pois o tipo penal simplesmente tipifica a conduta de matar, independentemente do meio utilizado.

44. (CESPE / ANALISTA PROCESSUAL – TJRR / 2006) Tentado ou consumado, o homicídio cometido mediante paga ou promessa de recompensa é crime hediondo, recebendo, por conseqüência, tratamento penal mais gravoso.

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PROFESSOR PEDRO IVO Correto. Mais uma questão que exige do candidato o conhecimento do art. 1º da lei nº 8.072/90. Segundo este dispositivo legal, o crime de homicídio qualificado é hediondo, na forma tentada e na forma consumada.

45. (CESPE / ANALISTA PROCESSUAL – TJRR / 2006) No crime de rixa, a co-autoria é obrigatória, pois a norma incriminadora reclama como condição obrigatória do tipo a existência de pelo menos três autores, sendo irrelevante que um deles seja inimputável.

Correto. Para caracterizar o crime de rixa, há necessidade de, no mínimo, três pessoas. Conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial consolidado, é irrelevante que um deles seja inimputável.

46. (CESPE / PROMOTOR DE JUSTIÇA DE TOCANTINS / 2004) No interior de um bar, iniciou-se uma briga entre integrantes de duas torcidas. Júlio, que a tudo assistia, passou a desferir socos e pontapés nos contendores, sendo que um deles veio a sofrer ferimentos de natureza grave, causados por outro contendor. Nessa situação hipotética, a conduta praticada por Júlio caracteriza-se como tentativa de homicídio.

Errado. A situação narrada configura crime de rixa qualificada por lesão corporal de natureza grave.

47. (CESPE / PROMOTOR DE JUSTIÇA DE TOCANTINS / 2004) Se, após consumado o estupro, o autor, temeroso em ser reconhecido, mata a vítima, esse homicídio é qualificado, para assegurar a impunidade.

Correto. Nos termos do art. 121, parágrafo 2º, inciso V, qualifica o crime de homicídio o fato de ser cometido para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.

48. (CESPE / PROMOTOR DE JUSTIÇA DE TOCANTINS / 2004) Matar alguém sob o domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima, caracteriza o homicídio privilegiado.

Correto. A questão traz hipótese de cabimento de circunstância privilegiadora prevista no parágrafo 1º do art. 121. Relembre:

Art. 121. Matar alguém:

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PROFESSOR PEDRO IVO Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

49. (CESPE / DEFENSOR PÚBLICO ALAGOAS / 2003) Os delitos de infanticídio, de aborto e de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio são denominados crimes contra a vida.

Correto. Questão fácil que exige apenas o conhecimento de quais são os crimes contra a vida. Para que você relembre, são crimes contra a vida o homicídio, o infanticídio, o aborto e o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio.

50. (CESPE / ESCRIVÃO – POLÍCIA CIVIL- PA / 2006) Há homicídio qualificado se o agente tiver praticado crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral.

Errado. O relevante valor social ou moral não QUALIFICAM O CRIME, mas sim privilegiam.

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LISTA DOS EXERCÍCIOS APRESENTADOS

1. (CESPE/Analista Judiciário–TRE MT/2010) O homicídio praticado mediante paga ou promessa de recompensa classifica-se doutrinariamente como crime bilateral.

2. (CESPE/Promotor–MPE SE/2010) A natureza jurídica do homicídio privilegiado é de circunstância atenuante especial.

3. (CESPE/Administração–PM DF/2010) Um médico praticou aborto de gravidez decorrente de estupro, sem autorização judicial, mas com consentimento da gestante. Nessa situação, o médico deverá responder por crime, já que provocar aborto sem autorização judicial é sempre punível, segundo o CP.

4. (CESPE/Promotor–MPE SE/2010) Acerca do homicídio privilegiado, estando o agente em uma das situações que ensejem o seu reconhecimento, o juiz é obrigado a reduzir a pena, mas a lei não determina o patamar de redução.

5. (CESPE/Promotor–MPE SE/2010) Getúlio, a fim de auferir o seguro de vida do qual era beneficiário, induziu Maria a cometer suicídio, e, ainda, emprestou-lhe um revólver para que consumasse o crime. Maria efetuou um disparo, com a arma de fogo emprestada, na região abdominal, mas não faleceu, tendo sofrido lesão corporal de natureza grave. Em relação a essa situação hipotética, Apesar de a conduta praticada por Getúlio ser típica, pois configura induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, ele é isento de pena, porque Maria não faleceu.

6. (CESPE/Promotor–MPE SE/2010) Acerca do homicídio privilegiado, a violenta emoção, para ensejar o privilégio, deve ser dominante da conduta do agente e ocorrer logo após injusta provocação da vítima.

7. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) É inadmissível a ocorrência de homicídio privilegiado-qualificado, ainda que a qualificadora seja de natureza objetiva.

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PROFESSOR PEDRO IVO 8. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) No delito de infanticídio incide a agravante prevista na parte geral do CP consistente no fato de a vítima ser descendente da parturiente.

9. (CESPE/Delegado de Polícia RN/2009) Na legislação brasileira, não se mostra possível a existência de um homicídio qualificado-privilegiado, uma vez que as causas qualificadoras, por serem de caráter subjetivo, tornam-se incompatíveis com o privilégio. Além disso, a própria posição topográfica da circunstância privilegiadora parece indicar que ela não se aplicaria aos homicídios qualificados.

10. (CESPE/Soldado–PM DF/2009) Uma jovem de 20 anos de idade, brasileira, residente em Brasília, engravidou do namorado, tendo mantido a gestação em segredo. Dois dias após o nascimento do seu filho, recebeu alta hospitalar e, no caminho para casa, abandonou-o na portaria de um prédio residencial para ocultar de seus familiares sua própria desonra, já que moravam em outra cidade e não sabiam da gravidez. Nessa hipótese, a jovem em tela praticou o delito de abandono de incapaz.

11. (CESPE/Escrivão de Polícia PB/2009) O crime de constrangimento ilegal é caracterizado pela ausência de violência ou grave ameaça por parte de quem o comete.

12. (CESPE/Escrivão de Polícia PB/2009) O delito de ameaça pode ser praticado de forma verbal, escrita ou gestual.

13. (CESPE/OAB/2009.1) Não constituem injúria ou difamação punível a ofensa não excessiva praticada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu advogado e a opinião da crítica literária sem intenção de injuriar ou difamar.

14. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) São compatíveis, em princípio, o dolo eventual e as qualificadoras do homicídio. É penalmente aceitável que, por motivo torpe, fútil etc., assuma-se o risco de produzir o resultado.

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PROFESSOR PEDRO IVO 15. (CESPE/OAB/2009.1) O CP prevê, para os crimes de calúnia, de difamação e de injúria, o instituto da exceção da verdade, que consiste na possibilidade de o acusado comprovar a veracidade de suas alegações, para a exclusão do elemento objetivo do tipo.

16. (CESPE/Analista Judiciário–TRE MA/2009) Maria Paula, sabendo que sua mãe apresentava problemas mentais que retiravam dela a capacidade de discernimento e visando receber a herança decorrente de sua morte, induziu-a a cometer suicídio. A vítima atentou contra a própria vida, vindo a experimentar lesões corporais de natureza grave que não a levaram à morte. Nessa situação hipotética, Maria Paula cometeu o crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, na forma consumada.

17. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) No delito de aborto, quando a gestante recebe auxílio de terceiros, não se admite exceção à teoria monista, aplicável ao concurso de pessoas.

18. (CESPE/Defensor Público–DPE PI/2009) Por ausência de previsão legal, não se admite a aplicação do instituto do perdão judicial ao delito de lesão corporal, ainda que culposa.

19. (CESPE/Escrivão de Polícia PB/2009) O chefe de uma equipe de vendedores de uma grande rede de supermercados exigiu a presença, em sua sala, de um subordinado que não havia cumprido a meta de vendas do mês e, com a intenção de ofender-lhe o decoro, chamou-o de burro e incompetente. Durante a ofensa, apenas os dois encontravam-se no recinto. Nessa situação, o chefe não deverá responder por nenhum delito, uma vez que os crimes contra a honra só se consumam quando terceiros tomam conhecimento do fato.

20. (CESPE/ Advogado OABSP/2008) Caso um advogado militante, na discussão da causa, acuse o promotor de justiça de prevaricação durante uma audiência, o crime de calúnia estará amparado pela imunidade judiciária.

21. (CESPE/Agente Técnico–MPE AM/2008) Independentemente das consequências do crime de rixa, a punição aos contendores é sempre aplicável.

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*****Armando e Sérgio deviam a quantia de R$ 500,00 a Paulo, porém se recusavam a pagar. No dia marcado para o acerto de contas, Armando e Sérgio, com o ânimo de matar, compareceram ao local do encontro com Paulo portando armas de fogo, emprestadas por Mário, que sabia para qual finalidade elas seriam usadas. Armando e Sérgio atiraram contra Paulo, ferindo-o mortalmente. Com relação à situação hipotética apresentada acima, julgue os itens seguintes.

22. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Paulo é sujeito passivo do crime de homicídio privilegiado.

23. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Segundo determina a Lei n.o 8.072/1990, o homicídio de Paulo é considerado crime hediondo.

24. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) O crime de homicídio descrito acima se consumou no momento em que a vítima foi ferida em sua integridade física.

25. (CESPE / ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL / 2002) Rui era engenheiro e participava da construção de uma rodovia, para a qual seria necessária a destruição de uma grande rocha, com o uso de explosivos. Rui, contudo, por insuficiência de conhecimentos técnicos, não calculou bem a área de segurança para a explosão. Por isso, um fragmento da rocha acabou atingindo uma pessoa, a grande distância, matando-a. Nessa situação, devido ao fato de a morte haver decorrido do uso de explosivos, o caso é de homicídio qualificado.

26. (CESPE / AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL / 2004) Vítor desferiu duas facadas na mão de Joaquim, que, em conseqüência, passou a ter debilidade permanente do membro. Nessa situação, Vítor praticou crime de lesão corporal de natureza grave, classificado como crime instantâneo.

27. (CESPE / DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL / 1997) Se for doloso o homicídio, a pena será aumentada de um terço, no caso de crime praticado contra pessoa menor de catorze anos.

28. (CESPE / DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL / 1997) O perdão judicial pode ser aplicado ao crime de lesões corporais dolosas simples.

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29. (CESPE / DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL / 1997) Não é crime o aborto realizado pela própria gestante, se for provado que o feto estava contaminado com vírus causador de doença incurável.

30. (CESPE / DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL / 1997) O evento morte, ocorrido durante uma rixa, qualifica a conduta de todos os contendores.

31. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Maria, proprietária de um supermercado, sabendo que seu próprio filho praticara furto em seu estabelecimento, atribuiu ao empregado José tal responsabilidade, dizendo ser ele o autor do delito. Nessa situação, Maria cometeu o crime de calúnia.

32. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Antônia, ao presenciar a prisão de seu filho, proferiu xingamentos aos policiais que a efetuavam, ofendendo-os. Nessa situação, é correto afirmar que Antônia praticou o crime denominado injúria.

33. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Nos crimes contra a honra, a retratação do ofensor somente é possível nos crimes de calúnia e difamação.

34. (CESPE / DELEGADO – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Manoel trancafiou seu desafeto em um compartimento completamente isolado e introduziu nesse compartimento gases deletérios (óxido de carbono e gás de iluminação), os quais causaram a morte por asfixia tóxica da vítima. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime de homicídio qualificado.

35. (CESPE / DELEGADO – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. João e Maria, por enfrentarem grave crise conjugal, resolveram matar-se, instigando-se mutuamente. Conforme o combinado, João desfechou um tiro de revólver contra Maria e, em seguida, outro contra si próprio. Maria veio a falecer; João, apesar do tiro, sobreviveu. Nessa situação, João responderá pelo crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.

36. (CESPE / DELEGADO – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a

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PROFESSOR PEDRO IVO seguinte situação hipotética. Durante um entrevero, Carlos desferiu um golpe de facão contra a mão de seu contentor, que veio a perder dois dedos. Nessa situação, Carlos praticou o crime de lesão corporal de natureza grave, por resultar debilidade permanente de membro.

37. (CESPE / DELEGADO – POLÍCIA CIVIL- RR / 2003) Considere a seguinte situação hipotética. Jorge constrangeu um cego deficiente físico de se deslocar até uma agência bancária para receber um benefício, privando-o de seu guia e destruindo as suas muletas. Nessa situação, Jorge praticou o crime de constrangimento ilegal.

38. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- TO / 2008) Considere que um boxeador profissional, durante uma luta normal, desenvolvida dentro dos limites das regras esportivas, cause ferimentos que resultem na morte do adversário. Nessa situação, o boxeador deverá responder por homicídio doloso, com atenuação de eventual pena, em face das circunstâncias do evento morte.

39. (CESPE / AGENTE – POLÍCIA CIVIL- TO / 2008) O aborto, o homicídio e a violação de domicílio são considerados crimes contra a pessoa.

40. (CESPE / TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJRR / 2006) Mesmo resultando em lesão corporal grave ou morte, o latrocínio encontra-se capitulado nos crimes contra o patrimônio e não, nos crimes contra a pessoa.

41. (CESPE / TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJRR / 2006) Não se pune o aborto se a gravidez resulta de estupro, sobretudo se é precedido de consentimento da gestante.

42. (CESPE / TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJRR / 2006) No caso do homicídio culposo, o juiz poderá conceder o perdão judicial se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

43. (CESPE / ANALISTA PROCESSUAL – TJRR / 2006) O delito de homicídio é crime de ação livre, pois o tipo não descreve nenhuma forma específica de atuação que deva ser observada pelo agente.

44. (CESPE / ANALISTA PROCESSUAL – TJRR / 2006) Tentado ou consumado, o homicídio cometido mediante paga ou promessa de

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PROFESSOR PEDRO IVO recompensa é crime hediondo, recebendo, por conseqüência, tratamento penal mais gravoso.

45. (CESPE / ANALISTA PROCESSUAL – TJRR / 2006) No crime de rixa, a co-autoria é obrigatória, pois a norma incriminadora reclama como condição obrigatória do tipo a existência de pelo menos três autores, sendo irrelevante que um deles seja inimputável.

46. (CESPE / PROMOTOR DE JUSTIÇA DE TOCANTINS / 2004) No interior de um bar, iniciou-se uma briga entre integrantes de duas torcidas. Júlio, que a tudo assistia, passou a desferir socos e pontapés nos contendores, sendo que um deles veio a sofrer ferimentos de natureza grave, causados por outro contendor. Nessa situação hipotética, a conduta praticada por Júlio caracteriza-se como tentativa de homicídio.

47. (CESPE / PROMOTOR DE JUSTIÇA DE TOCANTINS / 2004) Se, após consumado o estupro, o autor, temeroso em ser reconhecido, mata a vítima, esse homicídio é qualificado, para assegurar a impunidade.

48. (CESPE / PROMOTOR DE JUSTIÇA DE TOCANTINS / 2004) Matar alguém sob o domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima, caracteriza o homicídio privilegiado.

49. (CESPE / DEFENSOR PÚBLICO ALAGOAS / 2003) Os delitos de infanticídio, de aborto e de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio são denominados crimes contra a vida.

50. (CESPE / ESCRIVÃO – POLÍCIA CIVIL- PA / 2006) Há homicídio qualificado se o agente tiver praticado crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral.