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NOÇÕES SOBRE TÍTULOS DE CRÉDITO 1 1. LETRA DE CÂMBIO É uma ordem de pagamento que uma pessoa (sacador) emite contra alguém (sacado) em benefício de uma terceira pessoa (tomador). - Sacador ou emissor: É a pessoa que dá a ordem de pagamento, a favor de outrem ou à sua ordem, autorizado por um crédito contra outra pessoa que é o sacado. - Sacado: Pessoa obrigada a pagar a letra. Quem deverá realizar o pagamento. - Aceitante: denominação do sacado, após o aceite. - Tomador ou beneficiário: É a pessoa a quem o título deve ser pago É aquele que recebe a letra e deve cobrá-la, sendo, pois, o primeiro portador. - Endossante ou endossador: Alienante de crédito documentado por uma cambial. - Avalista: Garante o pagamento do título em favor do sacado ou de um dos demais coobrigados. EXEMPLO: Joaquim é credor de João e devedor de José. Joaquim (sacador) emite uma letra de câmbio, dando ordem a João (sacado) para que pague determinado valor a José (tomador). Requisitos da letra de câmbio: a) palavra “letra de câmbio” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para redação deste título; b) ordem incondicional de pagar uma quantia determinada. A quantia deve ser exata; c) o nome de quem deve pagar o título; identificado pelo CPF ou CNPJ (DOCUMENTOS QUE IDENTIFIQUEM A PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA); d) o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem a letra deve ser paga (tomador); e) indicação da data em que a letra é sacada; f) indicação do lugar onde a letra é sacada; g) assinatura do sacador. Cambial incompleta ou em branco: a letra que não contenha todos os seus requisitos poderá ser preenchida pelo seu portador, ocasião em que será considerado como mandatário do devedor, se o fizer de boa-fé.(Súmula 387 STF) Saque: é o ato de criação, de emissão da letra de câmbio, vinculando o sacador à posição de co-devedor e ao pagamento da letra, se o sacado não pagar o título. Aceite: o sacado não está obrigado a pagar o título. O ato em que o sacado concorda em acolher a ordem incorporada pela letra chama-se aceite. A recusa do aceite pelo sacado gera o vencimento antecipado da letra de câmbio, podendo o tomador cobrar o título de imediato do sacador. Cláusula não-aceitável: uma letra de câmbio com essa cláusula não poderá ser apresentada ao sacado para aceite antes do dia do vencimento. PRAZO DE RESPIRO: apresentado o título ao sacado, este tem o direito de pedir que lhe seja reapresentado no dia seguinte. As regras estudadas sobre endosso, aval, pagamento e protesto são aqui aplicadas. 2. NOTA PROMISSÓRIA A nota promissória é uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra. 1 Fonte: Faculdade UVB. 1

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NOÇÕES SOBRE TÍTULOS DE CRÉDITO1

1. LETRA DE CÂMBIOÉ uma ordem de pagamento que uma pessoa (sacador) emite contra alguém (sacado) em benefício de uma terceira pessoa (tomador).- Sacador ou emissor: É a pessoa que dá a ordem de pagamento, a favor de outrem ou à sua ordem, autorizado por um crédito contra outra pessoa que é o sacado.- Sacado: Pessoa obrigada a pagar a letra. Quem deverá realizar opagamento.- Aceitante: denominação do sacado, após o aceite.- Tomador ou beneficiário: É a pessoa a quem o título deve ser pagoÉ aquele que recebe a letra e deve cobrá-la, sendo, pois, o primeiroportador.- Endossante ou endossador: Alienante de crédito documentado por uma cambial.- Avalista: Garante o pagamento do título em favor do sacado ou de um dos demais coobrigados.EXEMPLO: Joaquim é credor de João e devedor de José. Joaquim (sacador) emite uma letra de câmbio, dando ordem a João (sacado) para que pague determinado valor a José (tomador).Requisitos da letra de câmbio:a) palavra “letra de câmbio” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para redação deste título;b) ordem incondicional de pagar uma quantia determinada. A quantia deve ser exata;c) o nome de quem deve pagar o título; identificado pelo CPF ou CNPJ (DOCUMENTOS QUE IDENTIFIQUEM A PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA);d) o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem a letra deve ser paga (tomador);e) indicação da data em que a letra é sacada;f) indicação do lugar onde a letra é sacada;g) assinatura do sacador.Cambial incompleta ou em branco: a letra que não contenha todos os seus requisitos poderá ser preenchida pelo seu portador, ocasião em que será considerado como mandatário do devedor, se o fizer de boa-fé.(Súmula 387 STF)Saque: é o ato de criação, de emissão da letra de câmbio, vinculando o sacador à posição de co-devedor e ao pagamento da letra, se o sacado não pagar o título. Aceite: o sacado não está obrigado a pagar o título. O ato em que o sacado concorda em acolher a ordem incorporada pela letra chama-se aceite. A recusa do aceite pelo sacado gera o vencimento antecipado da letra de câmbio, podendo o tomador cobrar o título de imediato do sacador.Cláusula não-aceitável: uma letra de câmbio com essa cláusula não poderá ser apresentada ao sacado para aceite antes do dia do vencimento.PRAZO DE RESPIRO: apresentado o título ao sacado, este tem o direito de pedir que lhe seja reapresentado no dia seguinte.As regras estudadas sobre endosso, aval, pagamento e protesto são aqui aplicadas.2. NOTA PROMISSÓRIAA nota promissória é uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra.Enquanto a nota promissória é uma promessa, a letra de câmbio é uma ordem de pagamento.Com a sua emissão, criam-se duas situações jurídicas:1) EMITENTE, SACADOR OU SUBSCRITOR: quem promete pagar quantia determinada;2) SACADO OU BENEFICIÁRIO: o credor beneficiário da promessa.Requisitos:a) expressão “nota promissória” inscrita no próprio texto;b) promessa incondicional, pura e simples, de pagar quantia determinada;c) nome do beneficiário (inexiste NP ao portador);d) data do saque;e) local do saque;f) assinatura do sacador e sua identificação. Caso não conste na nota promissória a data e local de pagamento, ela será um título pagável a vista no local do saque.

1 Fonte: Faculdade UVB.

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Aplica-se à nota promissória o estudo feito com relação à letra de câmbio, com exceção do ACEITE. A nota promissória não admite aceite.

3. CHEQUEO cheque é uma ordem de pagamento a vista, de uma certa quantia em dinheiro, dada com base em suficiente provisão de fundos ou decorrente de contrato de abertura de crédito disponíveis em banco ou instituição financeira equiparada. Emitente: É a pessoa que dá a ordem de pagamento para o sacado, após a verificação dos fundos, pagar. É o devedor principal.Sacado: É o banco ou instituição financeira a ele equiparada. O sacado de um cheque não tem, em nenhuma hipótese, obrigação cambial.Beneficiário: É a pessoa a quem o sacado deve pagar a ordem emitida pelo sacador.Requisitos:1) palavra cheque inscrita no título;2) ordem incondicional de pagar quantia determinada;3) nome do banco ou da instituição que deve pagar;4) indicação de lugar de pagamento;5) dia e lugar onde é passado;6) assinatura do emitente ou mandatário.O cheque é título de modelo vinculado, cuja emissão só pode ser feita em documento padronizado, fornecido pelo banco.O cheque pode ser nominativo ou ao portador (até R$ 100,00), podendo ser transmitido por endosso.MODALIDADES DE CHEQUEA) CHEQUE VISADO: é aquele cuja quantia é, desde logo, transferida para o banco, à disposição do beneficiário, deixando de figurar na conta corrente do emitente. Não pode ser ao portador.B) CHEQUE ADMINISTRATIVO: é um cheque emitido pelo banco contra suas próprias caixas. Só pode ser nominativo. Por exemplo: traveller’s check.C) CHEQUE CRUZADO: só poderá ser pago a um banco. O cruzamento é especial, quando tem escrito entre os dois traços o nome do banco, caso em que só a este poderá ser pago.D) CHEQUE PARA SER CREDITADO EM CONTA: tem o mesmo objetivo do cheque cruzado, não é pago em dinheiro. Sua liquidação será feita somente por lançamento contábil.APRESENTAÇÃO DO CHEQUEO cheque deve ser apresentado para pagamento no prazo de 30 (trinta) dias de sua emissão, se for emitido na mesma praça em que deve ser pago, ou em 60(sessenta) dias, quando for emitido em outra praça.A inobservância desses prazos acarreta:a) perda do direito de crédito contra os co-obrigados (endossante, avalista) do cheque;b) perda do direito de crédito contra o emitente, se havia fundos durante o prazo de apresentação e eles deixaram de existir. Por exemplo: quebra do banco.Se o cheque não for apresentado durante o prazo legal, mesmo assim poderá ser pago pelo sacado, desde que não esteja prescrito e haja fundos.PRESCRIÇÃOA possibilidade de ajuizar ação de execução de um cheque prescreve:a) em 06 meses, contados da expiração do prazo de apresentação: do portador contra o emitente e seus avalistas; do portador contra os endossantes e seus avalistas (neste caso, o cheque deve ter sido apresentado em tempo hábil e a recusa do pagamento comprovada pelo protesto/declaração do sacado);b) De qualquer dos coobrigados contra os demais: 06 meses contados do dia em que pagou o cheque ou foi acionado.Endosso: a transmissão de cheque nominativo é feita por meio do endosso, com ou sem a cláusula “à ordem”. Com a CPMF, somente é possível um único endosso. A sua circulação segue a mesma regulamentação da letra de câmbio, com as seguintes diferenças:a) não se admite o endosso-caução;b)o endosso do sacado é nulo (exceção: endosso feito por um dos estabelecimentos do sacado para pagamento em outro estabelecimento). Aval: expresso da forma convencional ou pela simples assinatura no anverso do cheque. Aceite: o cheque não admite aceite.SUSTAÇÃOO pagamento do cheque pode ser sustado de duas formas:a) REVOGAÇÃO: limita ao prazo de apresentação a eficácia do cheque, findo o qual, caso o cheque ainda não tenha sido liquidado, ficará sustado o seu pagamento. É feito por escrito com a exposição das razões motivadoras do ato.

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b) OPOSIÇÃO: produz efeitos a partir da cientificarão do banco, desde que anterior a liquidação do título. É feito mediante aviso escrito, baseado em relevante razão de direito. Por exemplo: roubo, extravio, entre outros.PROTESTOO cheque deve ser protestado no prazo fixado em lei para sua apresentação. O protesto de cheque sem fundos pode ser substituído, para fins de conservação do direito, por declaração escrita e datada pelo banco sacado.4. DUPLICATAPela lei 5474/68, nas vendas mercantis a prazo, é obrigatória a emissão, pelo vendedor, de uma fatura contendo a relação das mercadorias vendidas, com sua natureza, quantidade e valor.Por venda mercantil a prazo entende-se aquela cujo pagamento é parcelado em período não inferior a 30 dias, ou cujo preço deva ser pago, integralmente, em 30 dias ou mais.Hoje, os comerciantes utilizam a “nota fiscal-fatura”, uma única relação de mercadorias que tem efeitos de fatura para o direito comercial e de nota fiscal para o direito tributário, emitida mesmo que a venda seja a vista.Da “nota fscal-fatura”, que tem natureza obrigatória, o vendedor poderá extrair um título de crédito denominado duplicata, que é facultativa.Requisitos:a) expressão “duplicata”, data de emissão e número de ordem;b) número de ordem da fatura ou da NF-fatura;c) data certa do vencimento ou indicação de título a vista; d) identificação do vendedor e comprador (Nome/domicílio do comprador/vendedor); e) importância a pagar;f) local de pagamento;g) declaração de reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la destinada ao aceite;h) assinatura do emitente. A duplicata é um título de modelo vinculado, devendo ser lançada em impresso próprio do vendedor, confeccionado de acordo com o padrão legal.ACEITEA duplicata deve ser apresentada pelo vendedor ao comprador no prazo de 30 dias de sua emissão.Recebendo a duplicata, o comprador pode:a) assinar o título e devolvê-lo ao vendedor no prazo de 10 dias do recebimento;b) devolver o título ao vendedor acompanhado de declaração, por escrito, das razões que motivaram sua recusa em aceitá-lo;c) não devolver o título;d) devolver o título ao vendedor sem assinatura.A duplicata é título de ACEITE OBRIGATÓRIO. Este só pode ser recusado nos casos previstos em lei.A recusa do aceite de uma duplicata só é admissível nos seguintes casos previstos em lei:a) avaria ou não-recebimento de mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por conta e risco do comprador;b) vícios na qualidade ou quantidade das mercadorias;c) divergência nos prazos e nos preços ajustados.PROTESTOA duplicata pode ser protestada por falta de aceite, de devolução ou de pagamento.Se o comprador não restitui o título ao vendedor, o protesto poderá ser feito por indicação (sem o título), ou poderá ser emitida uma TRIPLICATA (segunda via da duplicata).O protesto deve ser efetuado na praça de pagamento no prazo de 30 dias a contar de seu vencimento. A inobservância desse prazo importa na perda, por parte do credor, do direito de crédito contra os endossantes e seus avalistas. Contra o devedor principal do título e seu avalista, não é necessário o protesto.DUPLICATA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

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A duplicata de prestação de serviços pode ser emitida por pessoa física ou jurídica que realize essa atividade econômica.Distingui-se da duplicata mercantil por:a) a causa que autoriza a sua emissão não é a compra e venda mercantil,mas a prestação de serviços;b) o protesto por indicações depende da apresentação, pelo credor, de documento comprobatório da existência de vínculo contratual e da efetiva prestação de serviços.Aplicam-se quanto aos demais aspectos desse título, as normas pertinentes à duplicata mercantil.

ReferênciasBRASIL. Código Civil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 17.ed. São Paulo: Saraiva, 2006.GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e Contratos Mercantis. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.SODERO FILHO, Fernando Pereira. Manual dos Títulos de Crédito. São Paulo: Paulistanajur, 2004.

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