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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(íza) Federal da Vara em Pernambuco: Ref.: Inquérito Civil n.º 1.26.000.003226/2009-47 Ação de Improbidade Administrativa n o 7/2010 SIGILOSO O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da República ao final assinado, no desempenho de suas atribuições constitucionais e legais, com fundamento no Inquérito Civil anexo e com fulcro nos artigos 127, caput, 129, III, e 37, §4 o , da Constituição Federal; na Lei n o 8.429, de 2 de junho de 1992 (Lei de Improbidade Administrativa), e também na Lei Complementar n o 75, de 20 de maio de 1993 (Lei Orgânica do Ministério Público da União), art. 5 o , I, h, III, b e V, b, e art. 6.º, VII, b, e XIV, f, vem propor a presente AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, em face de:

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(íza) Federal da Vara em

Pernambuco:

Ref.: Inquérito Civil n.º 1.26.000.003226/2009-47

Ação de Improbidade Administrativa no 7/2010

SIGILOSO

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da

República ao final assinado, no desempenho de suas atribuições

constitucionais e legais, com fundamento no Inquérito Civil anexo e com

fulcro nos artigos 127, caput, 129, III, e 37, §4o, da Constituição Federal; na

Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992 (Lei de Improbidade Administrativa), e

também na Lei Complementar no 75, de 20 de maio de 1993 (Lei Orgânica do

Ministério Público da União), art. 5o, I, h, III, b e V, b, e art. 6.º, VII, b, e

XIV, f, vem propor a presente AÇÃO DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA, em face de:

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2MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

a) JOSÉ RICARDO DIAS DINIZ, brasileiro, casado, professor, ex-Diretor Presidente da EMPETUR, inscrito no CPF/MF sob o nº070.625.834-72, portador da Cédula de Identidade nº795.644-SSP/PE, residente na Rua Irmã Maria David, n. 155, apt. 501, Casa Forte, Recife;

b) ELMIR LEITE DE CASTRO, brasileiro, casado, economista, ex-Superintendente Administrativo e Financeiro da EMPETUR, inscrito no CPF/MF sob o nº289.539.244-72, portador da Cédula de Identidade n.1.872.458-SSP/PE, residente na Rua João Fernandes Vieira, n. 600, Apt. 502, Bl A, Boa Vista, Recife/PE;

c) WALTER HENRIQUE SCHNEIDER CAVALCANTI MALTA, titular de Walter Henrique Schneider Cavalcanti Malta ME (nome de fantasia da Walter Shows – CNPJ nº 03.890.119/0001-75), brasileiro, convivente em união estável, portador do RG. nº 2.907.654 - SSP/PE, CPF nº 038.217.744-44, com endereço profissional na Av. Fernando Simões Barbosa, 22, Sala 1215, Boa Viagem, Recife/PE;

d) MÁRCIA ROBERTA ALVES PAIVA, titular da MÁRCIA ROBERTA ALVES PAIVA ME (nome de fantasia M R Promoções e Eventos ME – CNPJ nº 10.525.540/0001-42), brasileira, convivente em união estável, portadora do RG. nº 2.071.798 - SSP-PE, CPF nº 433.395.304-91, com endereço residencial na Av. Domingos Ferreira, 3309, 1002, Boa Viagem, ou na Rua Padre Carapuceiro, 617, Bloco B, Apt. 14, Boa Viagem, Recife/PE (v. depoimento de fls. 215/217);

e) SIMONE CIBELLE DA SILVA SOUZA, titular de SIMONE CIBELLE DA SILVA SOUZA ME (nome de fantasia YAVÉ SHAMÁ – CNPJ nº 10.520.151/0001-24), brasileira, casada, portadora do RG. nº 5.592.116 - SDS/PE, CPF nº 008.080.174-97, com endereço residencial na Rua Rio Ivo, 101, UR-1, Ibura, Recife/PE (v. depoimento de fls. 211/213) .

pelas razões de fato e de direito que a seguir expõe para, ao final, requerer.

1 – DA NECESSIDADE DE DECRETAÇÃO DE SIGILO TEMPORÁRIO

Os fatos que deram ensejo à presente ação de improbidade

ocasionaram significativo prejuízo ao erário, razão pela qual o MPF está

requerendo, no item 5 desta peça, liminar com medidas de constrição dos

bens dos demandados, necessárias ao ressarcimento dos cofres públicos.

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3MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

Por razões óbvias, o sucesso dessas medidas depende do caráter

reservado da medida de constrição, razão pela qual o MPF requer a

tramitação do feito em caráter sigiloso até o cumprimento da medida liminar

eventualmente deferida por esse MM. Juízo.

Cumprida a medida liminar, deve o sigilo ser levantado, pois

nada mais justificaria manter-se a tramitação em segredo, sem prejuízo de se

manter sob sigilo eventual dado fiscal dos demandados que venham aos

autos.

2 – DOS FATOS - INTRODUÇÃO

O Inquérito Civil que lastreia a presente ação foi originado de

representação formulada nesta Procuradoria da República em que se

noticiava irregularidades na execução do Convênio Mtur/EMPETUR/GOV.PE/

Nº702536/2008, celebrado entre o Ministério do Turismo e a EMPETUR –

EMPRESA DE TURISMO DE PERNAMBUCO, com a interveniência do Governo

do Estado de Pernambuco.

Referido Convênio, cuja cópia repousa no Anexo I, vol. único,

tinha por objeto a implantação do Projeto intitulado Festejos Natalinos

2008 (Cláusula Primeira), no valor total de R$2.500.000,00 (dois milhões e

quinhentos mil reais), sendo R$2.200.000,00 repassados pelo Ministério do

Turismo e R$300.000,00 de contrapartida.

Segundo o Projeto Básico e o Plano de Trabalho respectivo, o

objetivo geral do convênio era o de “fortalecer o interior pernambucano como

atrativo turístico cultural, de lazer e entretenimento no contexto regional e

nacional de eventos turísticos”, mediante a contratação, diretamente pela

EMPETUR, de shows de diversas bandas para apresentação nas cidades de

PALMEIRINA, ARARIPINA, BELÉM DE MARIA, CAPOEIRAS, CONDADO, IPUBI,

ITAMBÉ, JUCATI, JUPI, SÃO JOÃO E SIRINHAÉM (v. fls. 22/23, Anexo I, vol.

único).

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4MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

Referidos eventos seriam realizados nos dias 24/12/2008

(Palmeirina) e 27/12/2008 (demais cidades). As bandas de música foram

contratadas diretamente pela EMPETUR por meio de três produtoras: Walter

Henrique Schneider Cavalcanti Malta – ME (WALTER SHOWS), Simone Cibelle

da Silva Souza – ME (YAVÉ SHAMÁ) e Márcia Roberta Alves Paiva ME (M R

PROMOÇÕES E EVENTOS), supostamente representantes dos

artistas/bandas.

Ao final, os recursos foram empenhados e pagos mediante os

seguintes cheques, todos do Banco do Brasil, Ag. 9.203-7:

a) nº 850001, datado de 11/3/2009, no valor de

R$1.014.667,00 (hum milhão, catorze mil, seiscentos e sessenta e sete

reais), nominal a Walter Henrique Schneider Cavalcanti Malta – ME (fl. 76,

Anexo I, vol. Único);

b) nº 850002, datado de 11/3/2009, no valor de

R$355.300,00 (trezentos e cinquenta e cinco mil e trezentos reais), nominal a

Simone Cibelle da Silva Souza (fl. 116, Anexo I, vol. Único).

c) nº 850003, datado de 11/3/2009, no valor de

R$589.950,00 (quinhentos e oitenta e nove mil, novecentos e cinquenta

reais), nominal a Márcia Roberta Alves Paiva (fl. 101, Anexo I, vol. Único);

Visando apurar a notícia de irregularidade, o MPF colacionou

aos autos do inquérito civil numerosa documentação, constante dos autos

principais e de diversos anexos. Procedeu à oitiva de diversas testemunhas,

diretamente na sede da Procuradoria da República em Pernambuco ou por

meio de cartas precatórias dirigidas às comarcas do interior do Estado e

outros órgãos do próprio MPF.

Da análise do conjunto probatório vislumbra-se com clareza a

existência de gravíssimas irregularidades no manejo dos recursos públicos,

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resultando no desvio da verba do convênio. Como será demonstrado em

detalhes mais adiante, os contratos foram todos escancaradamente

superfaturados e, apesar de os recursos públicos terem sido pagos, NENHUM

evento foi realizado nas cidades contempladas conforme Plano de Trabalho do

Convênio. Na realidade, estamos diante de vergonhosa fraude encetada para

a apropriação indevida de recursos públicos, com a utilização, inclusive, de

inúmeros documentos falsificados.

Verifica-se, além do mais, clara e grave desobediência à

preceitos legais no processo de contratação dos eventos, fator que foi

decisivo no desvio das verbas, seja porque possibilitou o impressionante

superfaturamento dos shows, seja porque possibilitou a contratação a

pessoas que não tinham representação da banda/artista, dentre outras

irregularidades.

A responsabilidade de cada réu será analisada no decorrer da

peça, adiantando apenas o MPF, para melhor compreensão dos fatos nela

narrados, que os dois primeiros demandados, JOSÉ RICARDO e ELMIR LEITE,

são ex-dirigentes da EMPETUR, responsáveis pela contratação irregular e

superfaturada das produtoras; os demandados WALTER, MÁRCIA e SIMONE

são titulares das produtoras contratadas, acima declinadas.

Conforme será esclarecido ao final desta peça, o MPF não

descarta a possibilidade de outras pessoas terem participado ou se

beneficiado do desvio das verbas, a exemplo de alguns gestores municipais

que supostamente teriam atestado a falsa realização dos shows. A

responsabilidade dessas pessoas, contudo, será objeto de análise ao final das

investigações que estão sendo encetadas pela Polícia Federal no âmbito

Criminal e pelo próprio MPF, com vistas a rastrear o caminho dos recursos

desviados.

Existe grande possibilidade, assim, de nova ação vir a ser

ajuizada em detrimento de outras pessoas. A prova já carreada aos autos,

porém, a apontar a contundente responsabilidade dos ora demandados pelas

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irregularidades, bem como a necessidade de se perseguir de logo o

ressarcimento ao erário, justifica o ajuizamento imediato da ação ora

proposta

3 – DAS IRREGULARIDADES

As irregularidades na execução do Convênio são inúmeras,

começando pelo próprio processo de contratação dos artistas/bandas, aí

incluído o superfaturamento, desobediência à formalidades legais referentes à

inexigibilidade de licitação e apresentação de documentos falsos, culminando

com a inexecução total do objeto pactuado, apesar de paga integralmente a

quantia respectiva. O MPF demonstrará cada uma das irregularidades a

seguir, começando por esta última.

3.1) DA INEXECUÇÃO DO OBJETO DO CONVÊNIO.

Conforme dito acima, NENHUM evento foi realizado nas

cidades contempladas conforme o Plano de Trabalho do Convênio. Isto

mesmo: nenhum! As provas são fartas nesse sentido, apresentando o MPF a

seguir as principais:

a) falsidade das cartas de exclusividade;

b) fraude na prestação de contas;

c) confissão do demandado Walter Schneider.

3.1.a) DA FALSIDADE DAS CARTAS DE EXCLUSIVIDADE

No Anexo IV consta a documentação relativa à contratação de

cada evento, aí incluídas diversas “Cartas de Exclusividade”, supostamente

repassadas pelos artistas/bandas para uma das três produtoras: WALTER

HENRIQUE SCHNEIDER CAVALCANTI MALTA (Walter Shows), Yavé Shamá

(SIMONE CIBELLE DA SILVA SOUZA) e MR Promoções e Eventos (MÁRCIA

ROBERTA ALVEZ PAIVA).

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7MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

Referidas Cartas, no entanto, que dariam poderes para as

produtoras contratarem os shows respectivos, são em sua imensa maioria

falsas, não sendo reconhecidas pelas pessoas indicadas nos documentos

como as subscritoras. Em resumo, as produtoras acima declinadas não

tinham a representação dos artistas/bandas respectivos para a realização dos

eventos contratados. Vejamos cada um desses eventos:

3.1.a.1) MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO (Anexo IV, vol. único,

fls.4/27)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e a demandada SIMONE CIBELLE DA SILVA SOUZA

previa a realização de evento em Araripina (embora no contrato conste

equivocadamente a menção à Araripina, toda a documentação a ele acostada

refere-se ao Município de São João) no dia 27 de dezembro de 2008, com a

apresentação da BANDA RAÇA NEGRA, BETO BARBOSA E BANDA e GILBERTO

E BANDA. Para tanto, juntou-se à documentação as Cartas de Exclusividade

de fls. 22 e 25, Anexo IV, referentes às duas primeiras bandas, não existindo

na documentação encaminhada pela EMPETUR a carta da GILBERTO E

BANDA.

A Carta de Exclusividade da Banda Raça Negra teria sido

subscrita pelo Sr. José Roberto F. de Moura, CPF/MF nº377.379.964-00 (fl.

22, Anexo IV, vol. único). Ouvido nesta Procuradoria da República, no

entanto, o Sr. José Roberto negou categoricamente ter assinado referido

documento, até porque não era o representante da referida banda em 2008

(fls. 223/224, autos principais):

“(...) QUE o depoente é empresário do ramo de eventos, titular da da empresa Forrozão Promoções Ltda., sendo ele um dos sócios e com poderes de representação; QUE é já foi representante de várias bandas conhecidas como Calypso, Limão com Mel, Cavalo de Pau, Mel com Terra; QUE dessas bandas apenas a Calypso não é mais representada pela empresa do depoente, já que passou a ser da responsabilidade da Luan Promoções e Eventos; QUE atua no ramo desde o ano de 1994, iniciando com a representação da Banda Mastruz com Leite; QUE pode afirmar que trabalha na praça duas grandes empresas, sendo uma delas a dele depoente e a

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8MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

outra justamente a Luan; QUE em relação à Banda Raça Negra apenas a partir do mês de fevereiro deste ano (2010) passou a ter a condição de representante exclusivo da referida banda; QUE nunca antes dessa data teve tal representação; QUE apresentado ao depoente a carta de exclusividade de fls. 22 do anexo IV, afirma categoricamente que não se trata de sua assinatura, nem mesmo é ela parecida, muito embora o nome e o CPF ali constante sejam seus; QUE nunca ouviu falar da firma produtora de shows Yavé Shamá, nem tampouco de sua titular Simone Cibelle da Silva Souza; QUE também nunca ouviu falar da firma MR Promoções e Eventos, muito menos de sua titular Márcia Roberta Alves Paiva; QUE em contato telefônico com o sócio, dele depoente, Jósimo Costa da Silva, foi esclarecido por este último que havia ele telefonado nesta data para Luís Carlos, vocalista e titular da banda Raça Negra, e que ele garantiu não haver tocado no Estado de Pernambuco no final do ano de 2008 (...);

Por seu turno, teria subscrito a Carta de Exclusividade de BETO

BARBOSA E BANDA o Sr. Valdir Siqueira Souza, CPF/MF nº304.946.134-91.

Ouvido nesta Procuradoria da República, também negou categoricamente o

Sr. Valdir ter assinado referido documento (fl.225, autos principais):

“(...)QUE o depoente trabalha na área de shows e eventos, muito embora não tenha isso por sua profissão, atuando de forma esporádica no auxílio da realização de eventos, tais como a sua divulgação, distribuição de CDs promocionais etc; QUE chegou a instituir uma firma, Master Produções e Eventos, mas nunca teve capital suficiente para movimentar a empresa, estando trabalhando para ver se nesse próximo período junino consegue organizar algum evento; QUE apresentado ao depoente a carta de exclusividade de fls. 25 do anexo IV, em que figura como representante exclusivo de Beto Barbosa e Banda, afirma não reconhecer a assinatura como sua, não sendo sequer parecida com a sua firma, concluindo-se que nem ao mesmo procuraram imitá-la, muito embora o nome, CPF e RG ali consignados sejam seus (...)”

3.1.a.2) MUNICÍPIO DE ARARIPINA (Anexo IV, vol. único,

fls.28/52):

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e a demandada SIMONE CIBELLE DA SILVA SOUZA

previa a realização de evento em Araripina no dia 27 de dezembro de 2008,

com a apresentação da BANDA ARREIO DE OURO, BANDA FURACÃO DO

FORRÓ e BANDA BALI. Para tanto, juntou-se à documentação as Cartas de

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Exclusividade de fls. 46, 47 e 49, Anexo IV.

A Carta de Exclusividade da BANDA ARREIO DE OURO teria

sido subscrita pelo Sr. Rogério Paes e Silva, representante da empresa Luan

Promoções e Eventos Ltda, que teria o direito de representação da referida

Banda. Ouvido nesta Procuradoria da República, no entanto, negou o Sr.

Rogério tivesse assinado referido documento (fls. 226/229, autos principais):

“(...) QUE apresentado ao depoente carta de exclusividade que repousa por cópia à fl 46, do anexo IV, em que a empresa Luan Promoções e Eventos Ltda. autoriza a Yavé Shamá a acordar a contratação da Banda Arreio de Ouro para realizar um Show em Araripina em 27/12, tem a dizer que não reconhece como sua a assinatura ali constante, muito embora tenha havido uma tentativa de imitação; QUE o depoente apresenta a certidão do tabelionato de notas da comarca de Abreu e Lima, em que se menciona não ter naquele tabelionato cartão de autógrafos do ora depoente, razão pela qual não se reconheceria a sua firma no documento ora apresentado; QUE pode afirmar que a banda Calypso não se apresentou em qualquer cidade de Pernambuco como parte do evento “Festejos Natalinos”; QUE embora acredite que a banda Arreio de Ouro também não tenha se apresentado em Araripina como parte do aludido evento em dezembro de 2008, necessita verificar em seus registros para confirmar com certeza, comprometendo-se a encaminhar a esta Procuradoria da República por escrito para confirmar essa informação.(...)”

A Carta de Exclusividade da BANDA FURACÃO DO FORRÓ teria

sido subscrita pelo Sr. Antonio Célio Fernandes, CPF/MF nº308.613.813-00,

com endereço na Rua Delmiro Gouveia, 1109, Centro – Iguatú, Ceará.

Deprecada a oitiva do referido senhor, constatou-se que o endereço

constante na Carta de Exclusividade não existe naquela cidade, sendo pessoa

ali desconhecida (v. fl.106/106v, do Anexo V).

Por seu turno, a Carta de Exclusividade da BANDA BALI teria

sido subscrita pelo Sr. Thiago Leite Lavour, CPF/MF nº917.449.543-72

(fls.47, Anexo IV). Deprecada a sua oitiva, negou ter subscrito referido

documento (fls. 139/140, Anexo V):

“(...) que trabalha no ramo de segurança eletrônica na cidade de Juazeiro do Norte; que a empresa do depoente foi aberta no mês de agosto ou setembro de 2009; que o nome da empresa é DPA -

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Distribuidora de Portões Automáticos Cariri Ltda.; que não teve qualquer negócio no Estado de Pernambuco no ano de 2008; que não era empresário à época; que não tem qualquer relação com a Banda Bali; que nunca atuou no ramo de produções artísticas; que não sabe a razão de ter sido chamado porque sua atividade nada tem a ver com produções artísticas; que acrescenta a informação de que seu nome (LAVOR) não é o mesmo do constante da carta de exclusividade constante às fls.13 dos autos (LAVOUR); que assinatura constante na carta de exclusividade às fls.13 não é do depoente; que nunca perdeu os documentos; que não conhece qualquer pessoa participante do ramo de produções artísticas; que não conhece qualquer pessoa relacionada às bandas Pegada Quente, Brasas do Forró e Bali; que nunca trabalhou no ramo de shows e eventos; que a carta de exclusividade de fls. 13 é inautêntica; que não tem a quem atribuir a responsabilidade pela falsidade da carta de exclusividade às fls. 13, a não ser a própria Banda; que nunca ouviu falar de WALTER SHOWS, YAVÉ SHAMÁ e M R PRODUÇÕES E EVENTOS e de seus representantes, respectivamente, Walter Henrique Schneider, Simone Cibelle da Silva Souza e Márcia Roberta Alves Paiva; que solicita uma cópia integral dos autos a fim de tomar as providências cabíveis; que junta cópia da identidade, cópia do CPF e cópia da Carteira Nacional de Habilitação; que nunca participou de qualquer festa na cidade de Araripina, Juti e Jucati, localizadas em Pernambuco, no dia 27 de dezembro de 2008.(...)”

3.1.a.3) MUNICÍPIO DE ITAMBÉ (Anexo IV, vol. Único,

fls.53/73)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e a demandada MÁRCIA ROBERTA ALVES PAIVA

previa a realização de evento em ITAMBÉ no dia 27 de dezembro de 2008,

com a apresentação da BANDA CALCINHA PRETA, BANDA DESEJO DE

MENINA e BANDA AFRODITE. Para tanto, juntou-se à documentação as

Cartas de Exclusividade de fls. 70, 71 e 72.

Muito embora o representante legal da banda Calcinha Preta

tenha confirmado sua apresentação (v. fls. 221/221v, anexo V), o mesmo

não se pode afirmar em relação à banda DESEJO DE MENINA.

Com efeito, a Carta de Exclusividade da BANDA DESEJO DE

MENINA teria sido subscrita pelo Sr. Rogério de Medeiros Cabral Júnior, CPF

nº915.849.574-68 (fl. 72, Anexo IV). Ouvido nesta Procuradoria da

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República, afirmou (fls. 235/236):

“(...)QUE o depoente é representante da banda Desejo de Menina; QUE apresentado ao depoente a carta de exclusividade de fl. 72, anexo IV, em que a banda Desejo de Menina concede exclusividade à empresa MR Promoções e Eventos ME para acordar a realização de um show em 27/12/2008 na cidade de Itambé/PE, tem a dizer que não reconhece como sua a assinatura constante da referida carta, não sendo sequer parecida com a sua firma ; QUE a banda Desejo de Menina não se apresentou no município de Itambém do mês de dezembro de 2008, nem em janeiro de 2009; QUE mo dia 27/12/2008, conforme consulta em sua agenda banda estava se apresentando em Jeremoabo/BA; QUE o cachê da referida banda gira em torno de 30mil a 40mil reais, dependendo do local e da época da apresentação;(...)”

3.1.a.4) MUNICÍPIO DE CONDADO (Anexo IV, vol. único,

fls.74/100)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e a demandada MÁRCIA ROBERTA ALVES PAIVA

previa a realização de evento em CONDADO no dia 27 de dezembro de 2008,

com a apresentação da BANDA SERTANEJOS DO FORRÓ, BANDA DESEJO DE

MENINA, BANDA RABO DA GATA e BANDA ANJOS. Para tanto, juntou-se à

documentação as Cartas de Exclusividade de fls. 93, 96, 97 e 99, Anexo IV.

A Carta de Exclusividade da Banda Sertanejos do Forró teria

sido subscrita por Clibson Pergentino de Almeida, CPF/MF 008.678.274-67,

fato negado pelo próprio em seu depoimento (fl. 87/89, Anexo V):

“(…) que, de fato, trabalha no ramo de shows e eventos; que é proprietário da "Banda Sertanejos do Forró", embora o nome da banda não esteja patenteado; que sua banda nunca se apresentou na cidade de Condado; que sequer sabe onde fica a cidade de Condado, sabendo apenas que é município de Pernambuco; que se recorda que, em junho do ano de 2008, durante os festejos juninos, o declarante forneceu uma "carta de exclusividade" para uma apresentação no município de Sirinhaém; que não recorda o nome da empresa que contratou sua banda ("Sertanejos do Forró"), sabendo apenas dizer que o proprietário da referida empresa era a pessoa conhecida como "Walter"; que não conhece a pessoa de Márcia Roberta Alves Paiva e também nunca ouviu falar da Empresa "MR Promoções e Eventos ME"; Que o show em Sirinhaém foi contratado pela quantia de R$ 2.000,00 (dois mil

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reais) e não chegou a ser realizado por problemas na sonorização; que não recebeu os valores do Show; que não formalizou contrato para a apresentação do show em Sirinhaém, já que o ajuste foi verbal; que afora esta data (junho/2008), nunca foi contratado para realizar shows em Sirinhaém; Que, da mesma forma, jamais se apresentou na cidade de Condado, pois, como disse acima, nem sabe onde se situa tal cidade; que a "Carta de Exclusividade" que lhe é apresentada nesse instante não é autêntica; que não reconhece, como sua a assinatura lançada no referido documento; que não possui firma reconhecida no Tabelionato de Cabo de Santo Agostinho(...)”

Por seu turno, o representante da Banda Desejo de Menina

Rogério Medeiros Cabral Júnior (Carta de Exclusividade de fl. 96) afirmou em

seu depoimento (fls. 235/236, autos principais):

“(...) QUE em relação à carta de exclusividade de fls. 96, anexo IV, em que a banda Desejo de Menina confere exclusividade à empresa MR Promoções e Eventos ME para a realização de um show em 27/12/2008 na cidade de Condado/PE tem a dizer que não reconhece a assinatura ali constante, não havendo sequer semelhança com a sua firma; QUE pode afirmar que referida banda não se apresentou em Condado em dezembro de 2008 nem janeiro de 2009;(...)

Ao seu tempo, a respeito das Bandas Rabo da Gata e Banda

Anjos, afirmou o Sr. Rogério Medeiros, experiente produtor de eventos desta

cidade (fls. 235/236, autos principais):

“(...)QUE embora já tenha ouvido falar da Banda Rabo da Gata, já faz muitos anos que o depoente dela não tem notícias, não sabendo dizer sequer se ainda existe; QUE mesmo assim acredita que o cachê de R$55.000,00 consignado no contrato de fl. 74 é totalmente irreal; QUE nunca ouviu falar da banda Anjos;(...)”

3.1.a.5) MUNICÍPIO DE CAPOEIRAS (Anexo IV, vol. único,

fls.101/126)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e a demandada MÁRCIA ROBERTA ALVES PAIVA

previa a realização de evento em Capoeiras no dia 27 de dezembro de 2008,

com a apresentação da BANDA BONDE DO FORRÓ, BONDE DO MALUCO e

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13MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

GILBERTO E BANDA. Juntou-se à documentação as Cartas de Exclusividade

de fls. 120, 122 e 124, Anexo IV.

O Sr. Antonio Pedro da Silva, suposto subscritor da Carta de

Exclusividade da Banda Bonde do Forró (fl. 120, Anexo IV), afirmou em seu

depoimento (fls. 237/238, autos principais):

“(...)QUE há cerca de oito anos trabalha no ramo de produção de eventos, sendo titular da empresa TN Produções Ltda., com endereço mencionado na qualificação supra; QUE o depoente nunca foi representante da Banda “Bonde do Forró”, muito embora conheça o seu proprietário, conhecido por DJ Maluco, desconhecendo o seu nome próprio; QUE referida banda é sediada no Estado de São Paulo; QUE apresentado ao depoente a carta de exclusividade de fl. 120 do anexo IV, em que ele, na qualidade de representante exclusivo da banda “Bonde do Forró”, autoriza a empresa MR Promoções e Eventos ME a acordar a contratação de Show da referida banda para o dia 27/12/2008 no município de Capoeiras, tem a dizer que a assinatura ali constante não partiu de seu punho, não sendo sequer uma imitação da sua firma, conforme documento de identidade policial ora apresentado, onde se pode constatar o total desacordo das firmas referidas. (...)

Idem, em relação à Sra. Roseane Maria Fernandes Trindade

Cavalcanti, supostamente subscritora da Carta de Exclusividade da Bonde do

Maluco (fl. 122, Anexo IV), conforme depoimento de fls. 239/240:

“(...)QUE a depoente nunca trabalhou com promoção de eventos, não tendo qualquer relação com o meio artístico; QUE a depoente nunca ouviu falar na banda “Bonde do Maluco”, não sabendo sequer o gênero de música que toca; QUE apresentada à depoente a carta de exclusividade de fl. 122 do anexo IV, em que Roseane Maria se apresenta como representante legal do “Bonde do Maluco”, autorizando a empresa MR Promoções e Eventos ME a acordar a contratação de Show da referida banda para o dia 27/12/2008 no município de Capoeiras, tem a dizer que a assinatura ali constante não partiu de seu punho, não sendo sequer uma imitação da sua firma; QUE o endereço constante na referida carta, o CPF e o nome ali constante são efetivamente dela depoente, desconhecendo totalmente o motivo e quem teria utilizado seus dados;(...)”

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14MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

3.1.a.6) MUNICÍPIO DE JUPI (Anexo IV, vol. único,

fls.127/151)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e o demandado WALTER HENRIQUE SCHNEIDER

CAVALCANTI MALTA - ME previa a realização de evento em JUPI no dia 27

de dezembro de 2008, com a apresentação da BANDA TARADÕES DO

FORRÓ, BANDA PEGADA QUENTE e BANDA PISADA DE BAKANA. Para tanto,

juntou-se à documentação as Cartas de Exclusividade de fls. 145, 147 e 149,

Anexo IV.

O Sr. Eclésio da Silva Dantas, suposto representante exclusivo

da Banda Taradões do Forró (fl.145, Anexo IV), afirmou em seu depoimento

de fl.75/76, Anexo V:

“(...) que é empresário do ramo artístico, ou seja, trabalha com shows e eventos; que não possui uma firma, mas trabalha para a firma BM2 Eventos -ME, de propriedade de José Alberto Cândido da Silva; que nunca foi empresário nem representante da banda Taradões do Forró; que não reconhece como sua a assinatura constante do documento de fl. 13; que reafirma que nunca contratou um show da banda Taradões do Forró;(...)

Idem, em relação ao Sr. Paulo Henrique Façanha de Queiroz,

suposto representante da Banda Pegada Quente (fl.147, Anexo IV), conforme

se vê de seu depoimento de fl. 142, Anexo V:

“(...) que trabalha no ramo de shows e eventos há, aproximadamente, 05 anos; que trabalha avulso, não possuindo qualquer empresa; que já trabalhou com duas Bandas certas, Brasas do Forró e Forró Moral; que não teve qualquer relação com a apresentação da Banda Pegada Quente no dia 27 de dezembro de 2008 no município de Jupi/PE; que é inautêntica a carta de exclusividade constante às fls. 17 dos autos; que a assinatura não é sua, apesar de os números da identidade, endereço e CPF serem do depoente; que atribui a Walter a possível falsificação da assinatura do depoente, tendo em vista que não teve qualquer relação com referida apresentação; que deseja juntar informação tirada da internet acerca da empresa Somax Estúdios, cujo endereço é o mesmo constante na carta de exclusividade constante às fls. 17(...)

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15MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

3.1.a.7) MUNICÍPIO DE BELÉM DE MARIA (Anexo IV, vol.

único, fls.152/171)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e o demandado WALTER HENRIQUE SCHNEIDER

CAVALCANTI MALTA - ME previa a realização de evento em Belém de Maria

no dia 27 de dezembro de 2008, com a apresentação da BANDA CANA COM

LIMÃO, THIAGUINHO E BANDA e BANDA AMARULA. Para tanto, juntou-se à

documentação as Cartas de Exclusividade de fls. 168, 169 e 170, Anexo IV.

O Sr. Olival Batista da Silva, representante da Banda Amarula

(fl. 168, Anexo IV), foi o único em seu depoimento que confirmou a

realização do show, mesmo assim com preço bem inferior ao constante no

contrato celebrado com a EMPETUR (R$57.000,00). Vejamos (fls. 244/245,

autos principais):

“(...) QUE o depoente trabalha com promoção de shows (palco, iluminação, som etc); QUE o depoente é representante da banda Amarula, com sede na cidade do Recife, no endereço mencionado no preâmbulo deste termo; QUE referida banda é eclética, executando diversos ritmos, de acordo com a época festiva do ano; QUE o depoente sabe informar que a banda “Amarula” apresentou-se na cidade de Belém de Maria em dezembro de 2008, tendo sido acompanhada pelo gerente da banda, uma vez que o depoente não pôde comparecer; QUE o contrato firmado com a empresa Walter Shows previu o pagamento de cachê de R$15.000,00, sendo que desse valor R$1.500,00 foi dado ao depoente em espécie para despesas de transporte, e o restante, no valor de R$ 13.500,00, mediante transferência eletrônica efetuada na conta corrente pessoal do ora depoente, no dia 30/10/2009, conforme extrato da referida conta, que o ora depoente passa por cópia e autoriza expressamente sua juntada aos autos (...)”

O suposto subscritor da Carta de Exclusividade de Thiaguinho

e Banda (fl. 169, Anexo IV), Bruno Pflueger Borges, porém, negou a

autenticidade do documento (fls. 42/43, Anexo V):

“(...) Que em dezembro de 2008 era contratante da Banda "Thiaguinho e Banda" do Recife-PE, havendo um Termo de Contratação e Representação de Exclusividade, subscrito pelo contratante e o representante da Banda, embora sem registro em Cartório, que o período de contratação foi de outubro a dezembro

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16MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

de 2008; que trabalhava desde o ano de 2006 até hoje no ramo de shows e eventos, tendo um escritório de produção e Eventos, funcionando hoje em Goiana, situado no mesmo endereço residencial, sendo no 1º andar; que apresentada a cópia da DECLARAÇÃO DE EXCLUSIVIDADE, com numeração MPF PR/PE SOTC Fl 169, não reconhece a sua autenticidade, dizendo que a assinatura não é a sua e, de imediato, apresenta a cédula do RG mostrando a sua assinatura, adiantando que já escreveu seu nome por extenso, mas nunca da forma que está posta no documento; Que ,não sabe informar se houve a apresentação da "Thiaguinho e Banda" no dia 27 de dezembro de 2008, no evento "FESTEJOS NATALINOS", na cidade, de Belém de Maria-PE, e, acaso tenha havido, não foi objeto de contrato por sua pessoa, daí, não tem a menor condição de falar sobre possível cachê recebido;(...)

Por último, o suposto representante da Banda Cana com

Limão, Sr. Kenio Kallyson Lapenda de Aquino não foi encontrado no endereço

declinado na Carta de Exclusividade de fl. 168, Anexo IV (v. certidão de fl.

150, autos principais).

A confirmar que o evento contratado pela Empetur realmente

não ocorreu nos moldes do Plano de Trabalho, o Prefeito do Município de

Belém de Maria, Sr. Wilson de Lima e Silva, informou que as bandas que

efetivamente se apresentaram no evento realizado naquela localidade não

foram aquelas mencionadas no contrato, como se vê abaixo (fl. 194):

Que pelo que se lembra se apresentaram no evento 3 bandas; que somente se recorda do nome de duas bandas, a saber: Banda “É o Jeito” e “Silvânio Vieira e os Guardiões do Forró”;

3.1.a.8) MUNICÍPIO DE PALMEIRINA (Anexo IV, vol. Único,

fls.172/196)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e o demandado WALTER HENRIQUE SCHNEIDER

CAVALCANTI MALTA - ME previa a realização de evento em Palmeirina no dia

27 de dezembro de 2008, com a apresentação da BANDA BABY SOM, FLÁVIO

JOSÉ E BANDA e BANDA PERFIL. Juntou-se à documentação as Cartas de

Exclusividade de fls. 188, 189 e 190, Anexo IV.

O suposto representante da banda Baby Som, Sr. Carlos

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Ramalho Lopes Filho, conforme Carta de Exclusividade de fl. 189, Anexo IV,

afirmou em seu depoimento de fl. 248/249 dos autos principais:

“(...) QUE o depoente não trabalha e nunca trabalhou na promoção de eventos/shows; QUE o depoente há 17 anos trabalha na Somax Produtora Ltda, que é um estúdio de gravação de CDs, onde exerce a função de técnico de gravação, sendo conhecido no meio por “Cacau Mix”; QUE em relação à banda Baby Som o único contato que teve com ela foi no estúdio da empresa que trabalha, há cerca de oito anos, ocasião em que participou da gravação do CD respectivo; QUE apresentado ao depoente a carta de exclusividade de fls. 189, do anexo IV, em que ele, aparece como representante da banda Baby Som e autorizaria a empresa Walter Henrique Schneider ME a negociar o show da referida banda para apresentação em praça pública no Município de Palmeirina no dia 27/12/2008, tem a dizer que a assinatura ali constante não partiu de seu punho, não sendo sequer uma imitação da sua firma, conforme se pode verificar de sua carteira de motorista, ora apresentada, bem como das assinaturas de sua carteira de trabalho e várias cópias de contracheque ora apresentados; QUE os dados de CPF e identidade ali constantes são seus, não sabendo o depoente como foram obtidos pela pessoa que forjou aludido documento; (...)”

O Sr. Eduardo José da Silva, suposto representante de Flávio

José e Banda (carta de exclusividade de fl. 188, Anexo IV), afirmou no

depoimento de fl. 250/251 dos autos principais:

“(...) QUE o depoente é músico, realizando shows há cerca de dois anos e meio, atuando, porém, como compositor há cerca de 12 anos; QUE o depoente não trabalha como produtor de shows; QUE o depoente conhece o artista de Flávio José e Banda, conhecido por Flávio José; QUE já compôs uma música para referida banda; QUE o depoente nunca foi representante da referida banda; QUE apresentado ao depoente a carta de exclusividade de fls. 188, anexo IV, em que ele, supostamente concede poderes à empresa Walter Henrique Schneider Cavalcanti Malta ME para acordar a contratação de Flávio José e Banda, para realização de show em Palmerina no dia 27/12/2008, tem a dizer que referida assinatura não partiu de seu punho, embora o depoente acredite que tenham tentado imitá-la, mas sem êxito, uma vez que não se parece muito com a sua firma; QUE os dados qualificatórios constantes da aludida carta de exclusividade são de fato do depoente, inclusive no que se refere ao endereço da Domingos Ferreira, 4023, sl. 401, Boa Viagem, que é da empresa que negocia os Shows do depoente(...)”

Por fim, o Sr. Willame de Moraes Andrade, suposto subscritor

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18MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

da carta de exclusividade da banda Perfil (fl. 190, Anexo IV), testemunhou às

fl.73/74, Anexo V:

“(...)que é empresário artístico, ou seja, trabalha em shows e eventos; que é empresário da Banda Perfil Ltda; que a banda é de Serra Branca-PB, mas o declarante é a representante da mesma na região agreste de Pernambuco; que não reconhece como sua a assinatura constante na Carta de Exclusividade de fl. 17; que não tem firma reconhecida no Cartório de Registro Civil da Encruzilhada, localizado no município do Recife-PE; que a Banda Perfil não fez nenhum show no município de Palmeirina-PE no dia 27 de dezembro de 2008;(...)“

3.1.a.9) MUNICÍPIO DE SIRINHAÉM (Anexo IV, vol. único,

fls.197/219)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e o demandado WALTER HENRIQUE SCHNEIDER

CAVALCANTI MALTA - ME previa a realização de evento em Sirinhaém no dia

27 de dezembro de 2008, com a apresentação da BANDA FORRÓ PLAYBOY,

BANDA MULHERES PERDIDAS e BANDA BAGÁGIO. Juntou-se à

documentação as Cartas de Exclusividade de fls. 212, 213 e 214, Anexo IV.

O Sr. Francisco Simão Nobre Saraiva, supostamente

subscritor da carta de exclusividade da banda Forró Playboy (fl. 212, Anexo

IV), não foi encontrado no endereço ali declinado (fl. 90, Anexo V). O Sr. José

de Sá Pereira, subscritor da Carta de Exclusividade da Banda Mulheres

Perdidas confirmou a assinatura no referido documento, como se pode ver à

fl. 252/253 dos autos principais.

Por fim, Roberto Casado Cavalcanti da Silva, subscritor da

carta de exclusividade da Banda Bagagio (fl. 214, Anexo IV), apesar de

confirmar a negociação com o Sr. Walter, afirmou que a banda não se

apresentou em Sirinhaém na data referida (fl. 254/255, autos principais):

“(...)QUE o depoente trabalha há cerca de 17 anos no ramo de produção de shows e eventos; QUE o depoente trabalha como pessoa física, tendo, no entanto, uma aberto uma firma individual há vários anos, de nome roberto Casado, mas que nunca foi de fato

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19MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

ativa; QUE o depoente já foi representante da banda Bagagio para um único evento, realizado em Serinhaém no dia 26 ou 27 de dezembro de 2008; QUE referido evento, no entanto, não ocorreu, havendo sido cancelado uns três ou quatro dias antes da data prevista, sendo ele comunicado por tal fato pelo seu cliente, Walter, titular da firma Walter Shows; QUE foi dito pelo Sr. Walter que não haveria mais o show da banda porque o evento em Serinhaém teria sido cancelado, não tendo o depoente, contudo, condições de afirmar se realmente houve ou não referido evento; QUE sabe dizer, contudo, que a banda Bagagio não tocou naquele dia (26 ou 27/12/2008)(...)

3.1.a.10) MUNICÍPIO DE IPUBI (Anexo IV, vol. único,

fls.220/241)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e o demandado WALTER HENRIQUE SCHNEIDER

CAVALCANTI MALTA - ME previa a realização de evento em IPUBI no dia 27

de dezembro de 2008, com a apresentação da BANDA FORRÓ DO MUÍDO,

BANDA TROPICÁLIA e ORQUESTRA BRASIL. Juntou-se à documentação as

Cartas de Exclusividade de fls. 235, 236 e 237, Anexo IV.

O suposto subscritor da carta de Exclusividade da Banda Forró

do Muído, Sr. Emerson Bernardino de Sena, afirmou no depoimento de fl. 34,

Anexo V:

“(...) QUE: não trabalha no ramo de shows e eventos, ressaltando que, muita vezes, toca bateria em alguns eventos, em pequenas bandas; que não é autêntica a carta de exclusividade apresentada e não foi ele declarante que assinou a rubrica ali constante; recorda-se que assinou uma carta de exclusividade da Banda Bonitões do Forró, conforme cópia que apresenta neste momento, sendo encaminhada para o MPF; que não sabe a quem atribuir a falsidade da carta de exclusividade(...)”

Por sua vez, o Sr. Leonardo Celso Martins de Deus, apontado

na carta de exclusividade de fl. 237, Anexo IV, como sendo representante da

Orquestra Brasil, contestou esse fato no depoimento de fls. 259/260 dos

autos principais:

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20MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

“(...)QUE o depoente nunca trabalhou na área de shows e eventos, exercendo a função de advogado há oito anos; QUE é advogado, na área trabalhista, de algumas pessoas que trabalham na área de shows e eventos; QUE o depoente nunca ouviu falar da “Orquestra Brasil”; QUE apresentado ao depoente a carta de exclusividade de fls. 237, em que na qualidade de representante exclusivo da Orquestra Brasil declara que a empresa Walter Henrique Schneider Cavalcanti Malta ME teria a exclusividade da referida orquestra para o dia 27/12/2008 para os “Festejos Natalinos” na cidade de Ipubi/PE, tem a dizer que a assinatura ali constante não partiu de seu punho, não sendo sequer uma imitação da verdadeira, conforme ora apresenta seu documento de identidade da OAB.(...)”

3.1.a.11) MUNICÍPIO DE JUCATI (Anexo IV, vol. único,

fls.242/263)

O contrato firmado entre a EMPETUR, representado pelos dois

primeiros demandados, e o demandado WALTER HENRIQUE SCHNEIDER

CAVALCANTI MALTA - ME previa a realização de evento em JUCATI no dia 27

de dezembro de 2008, com a apresentação da BANDA CALYPSO e BANDA

BRASAS DO FORRÓ. Juntou-se à documentação as Cartas de Exclusividade

de fls. 259 e 260, Anexo IV.

A Banda Calypso é representada, como já visto, pela Luan

Promoções e Eventos Ltda, titularizada pelo sócio Rogério Paes e Silva. Em

seu depoimento de fl. 226/229, no entanto, afirma referido senhor:

“(...)QUE a exemplo da carta de exclusividade mencionada anteriormente, também não reconhece como sua a assinatura constante do documento de fls. 260, anexo IV, em que autoriza Walter Henrique Schneider Cavalcanti Malta a acordar a contratação de Show da banda Calypso no dia 27/12 para festejos Natalinos no Município de Jucati.; QUE reafirma que referida banda não se apresentou em dezembro de 2008 na referida cidade;(...)”

Deprecada a oitiva de Antonio Ivanildo Façanha Moreira,

representante da Banda Brasas do Forró (fl. 259, Anexo IV), afirmou em seu

depoimento de fl. 153/154, Anexo V):

“(...)que trabalha no ramo de shows e eventos; que é proprietário da Banda Brasas do Forró desde a sua fundação, no ano de 1984; que não foi contratado para fazer a Festa na cidade de Jucati/PE no

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21MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

dia 27 de dezembro de 2008; que a Banda também não realizou qualquer festa no município de Jupi e Araripina; que não reconhece como autêntica a carta de exclusividade contida às fls.24 dos autos; que a assinatura não é sua, apesar de os números do CPF e Identidade serem os do depoente;(...).

Constata-se, assim, que as produtoras Walter Shows, Yavé

Shamá e M R Promoções e Eventos não tinham poderes de representar a

contratação da absoluta maioria das bandas mencionadas nos contratos

respectivos, de onde se conclui que os shows ali mencionados simplesmente

não ocorreram, apesar de pagos.

3.1.b) DA FRAUDE NA PRESTAÇÃO DE CONTAS

A confirmar que os shows consignados nos contratos

efetivamente não ocorreram, constatou-se evidente fraude na prestação de

contas da execução do convênio.

Com efeito, a Secretaria de Turismo do Estado de

Pernambuco instaurou Tomada de Contas Especial – TCE - para apurar as

notícias de irregularidades envolvendo a EMPETUR. Cópia da referida TCE foi

requisitada pelo MPF e encontra-se no Anexo VI, em dez volumes.

No curso da referida TCE, solicitou-se fosse efetuada perícia,

pela Polícia Científica, nas fotografias que comprovariam a realização dos

eventos, juntadas na prestação de contas. O Laudo da Polícia Científica

acostado à fls. 3038/3052, vol. IX, Anexo VI, é categórico ao afirmar que

todas as fotografias foram objeto de adulteração.

A Secretaria de Defesa Social, por seu turno, informou nos

autos da Tomada de Contas Especial que “..após buscas realizadas por

nossas Agências Setoriais de Inteligência, não foram encontrados nenhum

registro (Ordem de Serviço, Registro de Ocorrência, Reforço Policial ou Escala

Extra de Serviço), sobre as realizações dos shows referentes ao FESTEJO

NATALINO 2008, nos referidos Municípios” (v. fl. 3412, Anexo VI, vol. X).

Evidente, assim, que os eventos não ocorreram.

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Concluiu a TCE, por fim, que os eventos FESTEJOS

NATALINOS 2008 não foram efetivamente realizados. As evidências citadas

nos tópicos anteriores também nos autorizam a concluir no mesmo sentido.

3.1.c) DA CONFISSÃO DO DEMANDADO WALTER HENRIQUE

SCHNEIDER CAVALCANTI MALTA

Sabedor de que não teria como sustentar a versão de que os

eventos referentes ao FESTEJOS NATALINOS 2008 teriam sido realizados, o

demandado Walter Henrique, ouvido nesta Procuradoria da República (fls.

218/222, autos principais) logo no início das investigações, tratou de afirmar:

(...)QUE esclarece que em todas as cidades ocorreram os eventos mencionados nos contratos, muito embora, em algumas delas não tenha sido realizados nas datas previstas no contrato; QUE a razão disso é a mesma mencionada anteriormente, a pouca antecedência com que foram autorizados os eventos; QUE reitera que em nenhum dos contratos celebrados o show respectivo foi realizado no dia 27/12/2008, sendo que a maior parte deles foi realizada já no mês de janeiro e um ou dois nos meses subsequentes;(...) QUE em relação ao contrato de fl. 197/199, referente ao município de Serinhaém, pode afirmar que, a exemplo dos demais, os shows não foram realizados no dia 27/12/2008, mas sim em algum dia subsequente, tendo a vaga lembrança de ter sido no dia 31/12/2008 ou 01/01/2009; QUE não se recorda quais foram as bandas que efetivamente tocaram no referido evento; (grifei).

No entanto, nem mesmo a afirmação de que a maior parte

dos shows foi realizado em data posterior, mesmo que com bandas distintas

daquelas previstas no contrato (o que por si só já seria ilegal), encontra

guarida nas demais provas dos autos, como visto nos tópicos anteriores.

3.2) DOS VÍCIOS DAS CONTRATAÇÕES.

3.2.1) CONSIDERAÇÕES GERAIS

O assombroso desvio dos recursos públicos não teria ocorrido,

pelo menos no vulto aqui verificado, acaso a EMPETUR tivesse seguido os

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23MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

preceitos legais referentes ao processo de inexigibilidade de licitação,

previstos na Lei nº8.666/93, bem como tivesse procedido com um mínimo de

zelo nas contratações.

Cediço que a contratação de profissional artista, devido a sua

singularidade, torna inviável a competição, caracterizando causa de

inexigibilidade de licitação. No entanto, a lei não deixa ao livre arbítrio do

administrador a escolha do contratado.

Ao contrário, fixa requisitos que devem ser observados, razão

pela qual a inexigibilidade de licitação reclama a obediência a procedimento

administrativo formal, onde a escolha pela Administração do contratado e o

preço respectivo devem estar devidamente justificados. Vejamos o que diz a

Lei nº8.666/93:

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:I e II - omissisIII - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.…§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos. (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber , com os seguintes elementos:I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso;II - razão da escolha do fornecedor ou executante;III - justificativa do preço.IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)

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24MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

Da simples leitura dos dispositivos legais, pode-se facilmente

inferir as exigências mínimas para a contratação de artistas:

a) ser o contratado artista profissional, não se admitindo amadores (art. 25, III);

b) ser o contratado consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública (art. 25, III), não podendo, por consequência, contratar-se artista desconhecido1;

c) a existência de procedimento formal de inexigibilidade (art. 26, caput e p.u);

d) a instrução desse procedimento (alínea “c”) com a justificativa da escolha do contratado (acerca do preenchimento dos requisitos das alíneas “a” e “b”) e justificativa de preço (art. 26, p.u., II e III).

A consagração pela crítica especializada ou pela opinião

pública poderia ser demonstrada, por exemplo, com a juntada de currículo da

banda/artista, mencionando os shows já realizados e público respectivo, ou

mesmo recortes de jornais com matérias contendo noticiário ou crítica sobre

o contratado.

Por seu turno, muito embora a singularidade de cada artista

dificulte a comparações de preços entre eles, não se pode descurar que o

próprio mercado cuida de definir parâmetros de preço, de acordo com a

aceitação do artista em cada localidade, demanda, música que esteja

atualmente fazendo sucesso nas paradas musicais etc. Cada artista, assim,

tem o seu preço de mercado, refletindo o valor geralmente cobrado para

apresentações.

Está o Administrador, portanto, obrigado a pesquisar o valor

médio cobrado pelo artista para realizar show equivalente ao pretendido,

estando impedido o Poder Público de contratá-lo por valor superior ao que

cobra no mercado. Não é outra a razão da exigência de justificação de preço

contida no art. 26, p.u., VI, da Lei de Licitações.

1 (...)Não há nehuma subjetividade nessa escolha de profissionais. Se o artista tem grande valor e sensibilidade, mas é desconhecido, não pode ser escolhido, a não ser por concurso.(...) in Das Licitações Públicas – Cretella Júnior, José – Forense, 2008, pag. 245.

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Com essas breves considerações, demonstrar-se-á abaixo que

a EMPETUR, representada pelos dois primeiros demandados, desobedeceu

aos preceitos legais específicos da inexigibilidade de licitação, além de outros

gerais da Administração Pública, fato que acarretou na contratação de

algumas bandas/artistas sem expressão, bem como, em todas elas, por preço

incrivelmente superfaturados.

Mesmo que os contratos tivessem sido corretamente

cumpridos, com a realização do eventos conforme previsto no Plano de

Trabalho do Convênio (o que não ocorreu), ainda assim estariam presentes

as graves irregularidade na contratação, com se verá abaixo:

3.2.2) DA AUSÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO DA CONTRATAÇÃO:

O MPF requisitou à EMPETUR o encaminhamento de toda a

documentação referente aos procedimentos de inexigibilidade de licitação em

tela, sendo por ela enviada a documentação constante no Anexo IV.

Chama a atenção, de logo, que os contratos foram assinados

em 2 de janeiro de 2009, para a realização dos eventos que deveriam ter

ocorridos em 27/12/2008.

Pode-se verificar, ainda, a ausência de procedimento formal

de inexigibilidade de licitação, bem como de justificativa das contratações,

conforme exige a lei.

De fato, a documentação apresentada em cada contratação

resume-se basicamente ao empenho, proposta de preço da produtora,

documentos de constituição e certidões negativas de órgãos públicos relativas

à produtora, inscrição dos artistas na Ordem dos Músicos e às referidas

cartas de exclusividade.

Não há procedimento formal em que conste os requisitos

vistos linhas atrás, tal como a justificativa sobre ser cada um dos

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26MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

contratados consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. Por

consequência, sentindo-se a Administração com poderes arbitrários para

escolher, veio a celebrar contrato com algumas bandas desconhecidas do público

e até mesmo de produtores do ramo.

Com efeito, do depoimento de Rogério Paes e Silva, empresário

da LUAN PRODUÇÕES E EVENTOS LTDA, uma das maiores produtoras locais,

pode-se inferir que algumas bandas são desconhecida dele, que milita no meio

há bastante tempo (fls. 226/229, autos principais):

(...)QUE o depoente já trabalha há muitos anos com shows e eventos, tendo sido um dos proprietários do circo Maluco Beleza, que funcionou na Av. Rui Barbosa há cerca de 18 anos atrás; QUE instituiu a empresa Luan há cerca de sete anos; QUE por conta disso conhece bem a maior parte das empresas e pessoas que trabalham no ramo; QUE apesar desse tempo no mercado nunca ouviu falar da empresa Yavé Shamá, nem tampouco de Sua titular Simone Cibelle da Silva Souza; QUE também nunca ouviu falar da firma MR Promoções e Eventos, muito menos de sua titular Márcia Roberta Alves Paiva; (...) sendo nunca ouviu falar de “Gilberto e Banda”; (…) , nunca tendo ouvido falar da Banda Bali; (...), sendo que nunca ouviu falar em Banda Afrodite; (...)QUE em relação ao contrato de fl. 74, não conhece a banda Sertanejos do Forró nem a banda Anjos e que sabe dizer que a Banda Rabo da Gata existiu há muito tempo, na época do Circo Maluco Beleza, e, pelo que sabe, foi desativada; (….) nunca tendo ouvido falar em “Gilberto e Banda”, (...) QUE no que tange ao contrato de fl. 152, apenas ouviu falar da banda Amarula, acreditando que o cachê está situado entre 8mil e 10mil reais; (…) nunca tendo ouvido falar da banda Bagagio;(...)

Outro empresário do ramo, José Roberto Fernandes de Moura,

da Forrozão Promoções Ltda, que também milita no meio artístico há

bastante tempo e possui a representação de bandas famosas, desconhece

várias das contratadas pela EMPETUR:

QUE o depoente é empresário do ramo de eventos, titular da da empresa Forrozão Promoções Ltda., sendo ele um dos sócios e com poderes de representação; QUE é já foi representante de várias bandas conhecidas como Calypso, Limão com Mel, Cavalo de Pau, Mel com Terra; (…) QUE atua no ramo desde o ano de 1994, iniciando com a representação da Banda Mastruz com Leite; QUE pode afirmar que trabalha na praça duas grandes empresas, sendo uma delas a dele depoente e a outra justamente a Luan; (…) QUE nunca ouviu falar da firma produtora de shows Yavé Shamá, nem

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tampouco de sua titular Simone Cibelle da Silva Souza; QUE também nunca ouviu falar da firma MR Promoções e Eventos, muito menos de sua titular Márcia Roberta Alves Paiva (…) QUE a empresa do depoente nunca operou com a EMPETUR, nunca havendo sido procurada pela EMPETUR para a contração de qualquer show; (…) QUE não conhece a banda Bali (fl. 28 – anexo IV); (…) QUE não conhece a banda Sertanejos do Forró(...); (depoimento de fls. 223/224, autos principais)…

“QUE não conhece Gilberto e Banda, ali mencionada; (…) QUE não conhece a banda Pisada de Bakana; (…) QUE não conhece nenhuma das bandas mencionadas no contrato 08/2009 (fl. 152 – bandas Cana com Limão, Thiaguinho e Banda e Amarula), razão pela qual nunca pagaria o cachê ali previsto; (…) QUE em relação ao contrato 06/2009 (fl. 197) não conhece a banda Forró Playboy (…) QUE não conhece a banda Bagagio, acreditando que ela sequer existe; (…) QUE não conhece a orquestra Brasil, muito embora já tenha visto faixa da mesma pendurada em alguma via da cidade; (…) QUE também reafirma não ter sido ele o depoente consultado pela EMPETUR sobre o preço de mercado cobrado por qualquer uma das bandas/artistas contratados para realização do evento “Festejos Natalinos” mencionado nesse depoimento e também no anterior, realizado no dia 10/03/2010; (depoimento de fls. 256/258)

Aliás, mostra-se incompreensível a própria negociação da

EMPETUR com as demandadas Simone Cibele da Silva Souza (Yavé Shamá) e

Márcia Roberta Alves Paiva (MR Promoções e Eventos Ltda), constituídas

poucos dias antes da contratação. Da documentação de SIMONE CIBELE DA

SILVA SOUZA (Yavé Shamá) acostada no Anexo IV vê-se que foi requerida a

constituição da firma individual em 19/11/2008 (ver, p. ex. fl.10, Anexo

IV). MÁRCIA ROBERTA, por seu turno, efetuou o requerimento de

empresário, em 5/11/2008 (v. fl. 59, Anexo IV).

Estranho que a EMPETUR, para contratar shows de diversas

bandas em eventos a serem realizados em dezembro de 2008, não tenha

procurado produtoras estabelecidas no mercado, mas optado por contratar

produtoras recém-instituídas. Estranho, também, que sequer tenha

suspeitado que essas produtoras calouras, em tão pouco tempo, tenham

obtido a representação de tantas bandas/artistas, algumas delas bem

conhecidas, como a Calypso. E mais, que tinham o direito de representação

para uma única data (27/12/2008), quando se sabe que as grandes bandas

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28MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

mantém representantes estáveis.

Mas não é só: as três produtoras, na realidade, são uma só,

geridas pelo demandado WALTER HENRIQUE!!! A produtora Yavé Shamá e

MR Promoções e Eventos são laranjas, já que suas titulares apenas

emprestaram os nomes ao Walter, uma delas sequer sabendo onde situada a

sede da empresa de que seria titular.

Colhe-se do depoimento da demandada SIMONE CIBELE, na

sede desta Procuradoria da República (fls. 211/213, autos principais):

“QUE a depoente reconhece ser titular da empresa cujo nome de fantasia é Yavé Chamá, situada no município de Cabo de Santo Agostinho, muito embora não saiba precisar o endereço; QUE referida empresa foi constituída em face de ter acordado com seu marido, Rogério de Souza (fones: 8826-7456 - 9269-1680), um meio para incrementar sua renda (....) QUE seu marido tinha algum conhecimento com o Sr. Walter Schneider, uma vez que já havia prestado serviços de som ao mesmo; QUE considerando que a depoente e seu marido não levaram adiante os negócios da empresa, passou o Sr. Walter, que tinha mais penetração no mercado, a conduzir a empresa, muito embora não tenha havido qualquer formalização nesse sentido; QUE a depoente, não frequentando a sede da empresa, limitava-se a assinar algum documento que lhe era levado por seu marido, acreditando que ele (Walter) não assinava nada pela empresa, até mesmo porque não tinha poderes para tanto; QUE a empresa não tinha empregados; QUE a depoente não conhece o cotidiano da empresa, razão pela qual não sabe informar sobre eventuais contratações mantidas pela mesma;

No mesmo sentido, a demandada MÁRCIA ROBERTA (fl.

215/217, autos principais):

“(...)QUE a depoente é representante da empresa M R promoções e Eventos ME, com endereço na Rua Visconde de Pelópidas, Centro, Cabo de Santo Agostinho, não se recordando do número do imóvel; QUE referida empresa funciona até hoje no referido local; QUE a depoente é divorciada e vive em união estável com o Sr. Walter Henrique Schneider Cavalcanti Malta; (...) QUE a empresa MR Promoções e Eventos foi instituída pela depoente por solicitação do seu companheiro, que alegou razões comerciais para instituir empresa distinta daquela possuída por seu companheiro; (...); QUE neste sentido, a depoente instituiu a MR Promoções apenas para atender a solicitação de seu companheiro, mas nunca ficou à

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29MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

frente da referida empresa; QUE a empresa foi instituída no final de 2008, não lembrando exatamente o mês; QUE não sabe dizer, por essa razão, qualquer informação sobre o funcionamento da empresa, tal como a existência de empregados etc.;

E o demandado WALTER HENRIQUE (fls. 218/222, autos

principais):

“(...) QUE sempre foi o depoente quem geriu de fato a MR Promoções e Eventos; QUE muitas vezes o contato e negociação com as bandas para realização de shows era realizado por interpostas pessoas, nem sempre o depoente negociando diretamente com elas, seja em nome da MR, seja em nome da Walter Show; QUE a empresa Yavé Shamá, é titularizada pela Sra. Simone Cibelle, cujo marido trabalha com o ora depoente, na qualidade freelancer, há cerca de 3 anos; QUE referido senhor, de nome Rogério, tem um pequeno som, sendo muitas vezes solicitado pelo ora depoente para a realização de algum evento; QUE a empresa aberta pela Sra. Simone não deu certo, razão pela qual o ora depoente voluntariou-se a administrá-la de fato; QUE para administrar a referida empresa o ora depoente solicitava à Sra. Simone que endossasse os cheques respectivos (…) QUE a Sra. Simone nunca compareceu à sede da Yavé Shamá e sempre que era preciso assinar qualquer documento o depoente ligava para ela e solicitava sua presença no escritório dele depoente;

Em outras palavras, a EMPETUR negociou de fato todos os

eventos apenas com um produtor!!!! Incompreensível que existindo

empresas produtoras renomadas no mercado, a exemplo da LUAN

PROMOÇÕES, sabidamente representante da banda Calypso, não tenha

sequer sido procurada para a contratação de show da referida banda.

3.2.3. DO SUPERFATURAMENTO DAS CONTRATAÇÕES

Da mesma forma como relatado no item anterior, a EMPETUR

não fez pesquisa de preços de mercado antes das contratações das bandas,

apesar de estar obrigada para tanto, conforme visto em tópico próprio.

Como consequência, percebe-se que as contratações de

todos os eventos apresentam grave vício de superfaturamento.

Com efeito, nos quadros abaixo constam os valores

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contratados pela EMPETUR por cada atração, comparados com o preço real

de cada uma delas, informado pelos representantes oficiais dessas

bandas:

BandaValor Contrato

EMPETUR (R$)

Fls.Anexo

IVValor Real (R$) Fls.

ARREIO DE OURO 90.000,00 28 30.000,00 226/229

DESEJO DE MENINA 80.000,00 53 e 74 30.000,00 a 40.000,00 235/236

CALYPSO 130.000,00 242 100.000,00 226/229

AMARULA 57.000,00 152 15.000,00 244/245

MULHERES PERDIDAS 90.000,00 197 20.000,00 a 25.000,00 252/253

BAGÁGIO 47.000,00 197 7.000,00 a 20.000,00 254/255

PERFIL 37.000,00 172 10.000,00 a 15.000,00 73/74 – anexo V

SERTANEJOS DO FORRÓ 55.000,00 74 2.000,00 87/89 – anexo V

Como se vê, o superfaturamento das contratações são muito

expressivos, chegando até a mais de 2700% no caso da contratação da

banda Sertanejos do Forró.

A tabela acima foi formada com preços repassados pelos

próprios empresários dos artistas/bandas. Na tabela abaixo compara-se o

preço da contratação com os de mercado informados por produtores

artísticos ouvidos na instrução do feito, cujos depoimentos estão indicados na

última coluna da tabela.

Artista/Banda

Valor Contrato EMPETUR

(R$)

Fls.Anexo

IV

Valor de Mercado (R$) Fls.

Furacão do Forró 80.000,00 28 25.000,00 a 30.000,00

223/224, 226/229 e 235/236

Raça Negra 90.000,00 04 30.000,00 226/229

Calcinha Preta 130.000,00 53 50.000,00 a

100.000,00

223/224, 226/229 e 235/236

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Artista/Banda

Valor Contrato EMPETUR

(R$)

Fls.Anexo

IV

Valor de Mercado (R$) Fls.

Rabo da gata 55.000,00 74 10.000,00 a 30.000,00 223/224 e

226/229

Beto Barbosa 80.000,00 04 15.000,00 a 25.000,00 225, 226/229 e

235/236

Bonde do Forró 90.000,00 101 25.000,00 a 30.000,00

226/229, 237/238 e 256/258

Taradões do Forró 60.000,00 127 10.000,00 a 20.000,00

226/229, 256/258 e 75/76

(anexo V)

Pegada Quente 80.000,00 127 10.000,00 a 15.000,00

226/229, 235/236 e 256/258

Pisada de Bakana 47.000,00 127 10.000,00 a 30.000,00 226/229 e

256/258

Banda Forró Playboy 50.000,00 197 2.000,00 a 7.000,00 226/229 e 87/89

(anexo V)

Forró do Muído 90.000,00 220 40.000,00 a

100.000,00*

226/229, 235/236 e 256/258

Tropicália 80.000,00 220 25.000,00 a 35.000,00 226/229 e 256/258

Brasas do Forró 67.000,00 242 20.000,00 a 40.000,00

226/229, 235/236 e 256/258

Baby Som 80.000,00 172 10.000,00 a 40.000,00 248/249 e 256/258

Flávio José 80.000,00 172 20.000,00 a 40.000,00 250/251 e 256/258

Bonde do Maluco 80.000,00 101 30.000,00 256/258

(*) Conforme se verifica do depoimento de um dos produtores que prestou informação de preço, muito embora a banda Forró do Muído tenha ganhado muito destaque nos últimos tempos, o que refletiu no preço do cachê atualmente pago a ela, chegando hoje até a R$100.000,00, na época dos fatos (2008) referida banda não tinha a mesma expressão, podendo ser considerada àquela época uma “banda pequena e relativamente desconhecida” (depoimento de fls. 256/258).

A ausência de procedimento de inexigibilidade de licitação

formal, bem como da imprescindível pesquisa de preços por parte da

EMPETUR, acarretou, portanto, expressivo prejuízo ao erário, não se podendo

dizer que se trata de mera irregularidade formal.

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4 - DO PREJUÍZO AOS COFRES PÚBLICOS

O valor total do Convênio importava em R$2.500.000,00 (dois

milhões e quinhentos mil reais), sendo R$2.200.000,00 repassados pelo

Ministério do Turismo e R$300.000,00 de contrapartida da convenente. A

EMPETUR devolveu ao Ministério do Turismo a quantia de R$373.517,97 (v.

fl. 111 dos autos principais) em face da não realização de serviços de

publicidade atinentes ao Convênio, restando, portanto, R$ 2.126.482,03.

Considerando a inexecução total do Convênio, os demandados

são responsáveis pelo prejuízo de R$ 2.126.482,03 (R$2.500.000,00 – R$

373.517,97). No decorrer da ação, deverá a EMPETUR esclarecer se restou

algum saldo na conta específica do convênio.

5 – DA TIPIFICAÇÃO LEGAL

As condutas ilícitas empreendidas pelos réus JOSÉ RICARDO

DIAS DINIZ e ELMIR LEITE DE CASTRO estão devidamente tipificadas no art.

10, I e XII, da Lei no 8429/92, que versa sobre a Improbidade Administrativa

que causa prejuízo ao erário:

“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

(…)

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

De fato, na qualidade de administradores da EMPETUR,

celebraram ilegalmente contratos de prestação de serviços com preços

extremamente superfaturados, omitindo-se no dever legal de justificar o

preço da contratação, mediante pesquisa de mercado, conforme já

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33MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

explicitado.

Além do mais, não observaram os demais requisitos legais de

inexigibilidade de licitação, deixando de justificar a escolha dos

artistas/bandas acerca da consagração da crítica especializada ou opinião

púbica, agindo com indesculpável informalidade e à margem da lei no trato

de vultosos recursos públicos. Negociaram, ainda, todos os contratos com um

único produtor, deixando de fora os reconhecidos representantes legais das

bandas/artistas mais famosas. Tais condutas favoreceram o desvio de

recursos públicos a eles confiados.

Por sua vez, os demais demandados, por terem concorrido e

se beneficiado do ato de improbidade, por ele respondem, nos termos do art.

3º, da Lei no 8429/92:

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Ressalte-se que essa tipificação pode vir a ser modificada

acaso novos elementos demonstrem o efetivo enriquecimento ilícito dos

agentes públicos.

Incide também, em relação a todos os demandados, o

preceito do art. 25, §2º, da Lei 8.666/93:

Art. 25. (...)§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

Em obediência aos princípios constitucionais da

individualização da pena (art. 5º, XLVI) e da proporcionalidade (que é

implícito, mas amplamente reconhecido pela doutrina e pela jurisprudência),

caberá a esse juízo aplicar aos requeridos as sanções que entender

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adequadas, segundo a sua natureza e quantidade, dentre as previstas nos

art. 12, II, da Lei da Improbidade Administrativa.

6 – DO PEDIDO LIMINAR DE INDISPONIBILIDADE DOS

BENS DOS RÉUS. DO CABIMENTO EM SEDE DA AÇÃO

PRINCIPAL:

Modernamente, tem-se admitido o requerimento de liminar

nos autos da própria ação principal, privilegiando a desburocratização do

processo, em obediência ao princípio da instrumentalidade. De fato, o art. 12

da Lei nº 7.347/85 preceitua que o juiz, com ou sem justificação prévia,

poderá conceder mandado liminar nos autos da ação principal, estendendo-se

essa possibilidade às tutelas cautelares previstas na Lei de Improbidade. Esse

é o entendimento de Rogério Pacheco Alves:

“No campo da tutela dos interesses difusos, tomando partido sobre a questão, permite o art. 12 da Lei nº 7.347/85 ao juiz que conceda ‘mandado liminar, com ou sem justificação prévia’ nos próprios autos da ação principal, regra que merece aplausos por sua economicidade e informalidade, corolários do acesso à justiça. Veja-se que, por óbvio, nada impede o ajuizamento de ações cautelares antecedentes, a depender da conveniência de utilização de tal técnica processual, o que demandará autuação em apartado. O que a lei buscou garantir foi a possibilidade de decretação das providências urgentes independentemente do ajuizamento de ação própria, permitindo a formulação do requerimento ‘em tópico destacado da petição inicial’.

Uma vez definida a incidência da técnica de tutela prevista na Lei de Ação Pública também ao campo da improbidade, tem-se como certa a possibilidade de deferimento de todas as medidas cautelares previstas na Lei nº8.429/92 nos autos do processo dito principal, prescindindo-se de pedido e decisão em autos apartados.”2

Este, inclusive, tem sido o entendimento da jurisprudência do

STJ:

“Processual – Ação Civil Pública – Improbidade Administrativa (L. 8.429/85) – Arresto de Bens – Medida Cautelar – Adoção nos Autos do Processo Principal – L. 7.347/85, art. 12.

1. O Ministério Público tem legitimidade para o exercício de ação

2 ALVES, Rogério Pacheco & GARCIA, Emerson. Improbidade Administrativa. p. 621. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002.

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35MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

civil pública(L. 7.347/85), visando reparação de danos ao erário causados por atos de improbidade administrativa tipificados na Lei nº 8.429/92.

2. A teor da Lei 7.347/85(art. 12), o arresto de bens pertencentes a pessoas acusadas de improbidade, pode ser ordenado nos autos do processo principal”. (Resp nº 199.478-MG, 1ª T., un., rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 21/3/2000, DJ 8/5/2000).

Reforça esse entendimento o advento da Lei nº 10.444/2002,

que acrescentou ao art. 273 do Código de Processo Civil o § 7º, possibilitando

que se conceda liminar nos autos da ação principal. Reza o texto:

“§ 7º Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental.”

Ressalte-se que a exigência de processo distinto, além de não

trazer vantagem para qualquer das partes, acarretaria enorme dispêndio de

recursos públicos, com a necessidade de se extrair cópias da petição inicial

para instruir os mandados, cópias de centenas de documentos etc, além do

maior trabalho no manuseio dos autos e da repetição de atos por parte da

secretaria da Vara.

Por essas razões, passa o Ministério Público Federal a

demonstrar nestes autos a presença dos requisitos necessários à concessão

de liminar, com o fim de assegurar a reparação do dano e o pagamento da

multa prevista na Lei de Improbidade.

Conforme visto acima, os fatos narrados nesta peça estão

lastreados em farta prova documental, que revelam claramente a prática de

ato de improbidade por parte dos réus, causando um prejuízo R$

2.126.482,03 (dois milhões, cento e vinte e seis mil, quatrocentos e oitenta e

dois reais e três centavos), em valores históricos, aos cofres públicos.

No que tange ao periculum in mora, deve-se ter em

consideração o estado de perigo em que se encontra a satisfação dos pedidos

formulados na ação, tendo em vista a magnitude da lesão sofrida pela União,

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36MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

que reclama considerável patrimônio para garantir seu ressarcimento.

Nesses termos, alude-se ao perigo da demora na entrega da

prestação jurisdicional, o qual se verifica, in casu, na possibilidade dos réus

desfazerem-se do próprio patrimônio no decorrer do processo, o que

frustraria o interesse público na reparação do dano causado à União e a

satisfação da multa civil prevista no art. 12, da Lei da Improbidade

Administrativa.

É entendimento da melhor doutrina que a Constituição

presume a existência do periculum in mora, ao estabelecer, em seu art. 37,

§4º, que os atos de improbidade importam indisponibilidade dos bens. Tal

orientação está em sintonia com a proteção que a Carta quis conferir ao

patrimônio público. Nesse sentido, Rogério Pacheco Alves leciona:

Quanto ao periculum in mora, parte da doutrina se inclina no sentido de sua implicitude, de sua presunção pelo arto 7o da Lei de Improbidade, o que dispensaria o autor de demonstrar a intenção de o agente dilapidar ou desviar o seu patrimônio com vistas a afastar a reparação do dano. Neste sentido, argumenta Fábio Osório Medina que "O periculum in mora emerge, via de regra, dos próprios termos da inicial, da gravidade dos fatos, do montante, em tese, dos prejuízos causados ao erário", sustentando, outrossim, que "a indisponibilidade patrimonial é medida obrigatória, pois traduz conseqüência jurídica do processamento da ação, forte no arto 37, § 4o , da Constituição-Federal". De fato, exigir a prova, mesmo que indiciária, da intenção do agente de furtar-se à efetividade da condenação representaria, do ponto de vista prático, o irremediável esvaziamento da indisponibilidade perseguida em nível constitucional e legal. Como muito bem percebido por José Roberto dos Santos Bedaque, a indisponibilidade prevista na Lei de lmprobidade é uma daquelas hipóteses nas quais o próprio legislador dispensa a demonstração do perigo de dano. Deste modo, em vista da redação imperativa adotada pela Constituição Federal (art. 37, § 4o ) e pela própria Lei de Improbidade (art. 7o), cremos acertada tal orientação, que se vê confirmada pela melhor jurisprudência.3

Aliás, tem-se mostrado comum, em casos dessa natureza, o

agente envolvido repassar o patrimônio a outrem, com o fim de garantir o

exaurimento do ilícito.

3 ALVES, Rogério Pacheco & GARCIA, Emerson. Improbidade Administrativa. p. 641. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002

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37MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

Assim, como providência acautelatória destinada a evitar que

os réus se tornem voluntariamente insolventes, requer-se a presente medida

liminar com o fito de tornar indisponíveis os bens dos réus. A

indisponibilidade ora requerida encontra amparo no art. 37, §4º, da

Constituição Federal e no art. 7º da citada Lei nº 8.429/92, que assim dispõe:

“Art. 7º. Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para indisponibilidade dos bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.”

Requer o Ministério Público Federal, assim, que se digne

Vossa Excelência, em juízo liminar, deferir, inaudita altera pars, em face da

demonstrada necessidade de se evitar a insolvência dos requeridos, a

decretação da indisponibilidade dos patrimônios respectivos, bastantes à

reparação do dano causado a União e ao pagamento da multa civil prevista

no art. 12, da Lei n.º 8.429/92.

Nada impede, efetivada a medida de indisponibilidade, que se

verifique, em cada caso e com bom senso, o alcance necessário da cautela

sobre os bens dos réus.

Deferida a liminar, requer o parquet:

a) a expedição de ofício ao Departamento de Trânsito de Pernambuco,

determinando a indisponibilidade dos veículos existentes em nome

dos demandados;

b) sejam bloqueados, por meio do sistema BACENJUD, quaisquer

valores em contas-correntes, poupança e em quaisquer fundos ou

aplicações que cada um dos réus mantenha perante instituições

financeiras. Na hipótese de alguma dessas medidas não puder ser

efetivada pelo sistema BACENJUD, requer o parquet a expedição de

ofício ao Banco Central do Brasil, para cumprimento de tal mister;

c) a expedição de ofícios aos cartórios de imóveis informados na

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38MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

relação em anexo, referentes a alguns municípios da Região

Metropolitana do Recife e dos principais destinos turísticos do

Estado, com o fim de que informem a existência de imóveis em

nome dos Réus, determinando-se, de logo, a indisponibilidade

respectiva, com o devido registro, evitando-se alegação posterior de

adquirente de boa-fé;

d) a expedição de ofício à Receita Federal, solicitando-se o “dossiê

integrado” dos demandados a partir do ano de 2008.

As diligências acima deverão ser tomadas antes da

notificação dos réus, com o fim de que não venham eles a frustrar o

objetivo perseguido por meio da presente medida cautelar.

Sugere o MPF que os documentos pertinentes à medida

supra sejam autuados em autos apartados, apensos aos desta ação,

facilitando-se, assim, o manuseio dos autos principais, na medida em

que o deixa livre de documentação desnecessária ao julgamento da

lide. Com a adoção dessa medida, igualmente, a tramitação do feito

seria facilitada, pois apenas o volume que contiver dados fiscais dos

demandados necessitará tramitar lacrado.

7 – DOS PEDIDOS FINAIS

Diante do exposto, requer o Ministério Público Federal que se

digne Vossa Excelência de mandar notificar os réus para os fins do art. 17,

§7º4, da Lei de Improbidade, recebendo a inicial em seguida, determinando-

se a citação deles para, querendo, apresentarem resposta e acompanharem a

ação até seu final, sob pena de revelia, julgando-se procedente a presente

demanda para o fim de serem condenados os demandados nas penas do art.

12, II, da mencionada Lei, de acordo com suas condutas devidamente

individualizadas acima.

4 Art. 17. (...)§7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.(Redação da pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

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39MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCOAção de Improbidade Administrativa nº 7/2010

Requer, caso se mostre necessária, a ulterior juntada de

documentos, a oitiva de testemunhas, o depoimento pessoal dos réus e a

produção dos demais meios de prova juridicamente admitidos.

8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esclarece o MPF que a Policia Federal instaurou inquérito

policial para apurar os fatos em tela, tendo em vista caracterizarem, em tese,

crime de peculato e falsidade documental, além do crime previsto no art. 89,

da Lei nº8.666/93.

Também esclarece o MPF que em breve requererá

judicialmente a quebra do sigilo bancário dos demandados, com vistas a

rastrear o destino final dos recursos desviados e a consequente

responsabilidade de eventual(is) beneficiário(s) do desvio das verbas, não

incluído(s) nesta ação. O resultado da diligência poderá, até mesmo, vir a

influenciar na tipificação da conduta ora atribuída aos demandados.

Não se descarta, assim, a possibilidade de outras pessoas

terem participado ou se beneficiado do desvio das verbas, a exemplo de

alguns gestores municipais que supostamente teriam atestado a falsa

realização dos shows. A responsabilidade dessas pessoas, contudo, será

objeto de análise ao final das investigações mencionadas.

Dá-se à causa o valor de R$ 2.126.482,03 (dois milhões,

cento e vinte e seis mil, quatrocentos e oitenta e dois reais e três centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

Recife, 31 de maio de 2010.

Antonio Carlos de V. Coelho Barreto Campello

Procurador da Repúblicacampello/prdc/acao/AIA EMPETUR