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Org: Marcos Aurélio e Arturo Meneses

Caderno de Reflexões Para o Congresso ALEF 2014

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Recurso para formação de liderança, discipulado e capacitação para a prática da missão integral

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Org: Marcos Aurélio e Arturo Meneses

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“Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo. Assim

brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as

suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos

céus”.

Mateus 5.13ª, 14ª, 16 NVI

“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o

nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de

Jesus se dobre todo o Joelho, nos céus, na terra e debaixo

da terra e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor,

para a glória de Deus Pai”.

Filipenses 2.9-11 NVI

“Tu Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a

honra e poder, porque criastes todas as coisas, e por tua

vontade elas existem e foram criadas”.

Apocalipse 4. 11 NVI

Textos citados no livro - Igreja: Agente de Transformação.

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SUMÁRIO

Palavra Introdutória ---------------------------------------------------------------- 04

Guia Didático -------------------------------------------------------------------------05

PARTE I - ARTIGOS

I - Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja ------------------------------------08

Pedro Arana Quiroz

II - A Igreja que Enfrentou a Pobreza -----------------------------------------------12

Ariovaldo Ramos

III - E se o Sal não Salga... ------------------------------------------------------------15

José Marcos Silva

IV - Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo! -------------------------------------18

Wilson Costa

V - A Igreja e Seu Papel na Missão de Deus (Missio Dei) -------------------------22

Hudson Taylor Maia

VI - A Missão da Igreja ---------------------------------------------------------------25

Romildo Gurgel

VII - Transformando o Mundo Para a Glória de Deus ----------------------------30

Marcos Aurélio dos Santos

VIII - Emerge um Novo Conceito de Santidade ------------------------------------33

Antônio Carlos Costas

IX - Práticas de Liderança Para Uma Missão Transformadora ------------------35

Arturo Meneses

X - Igreja: Agencia de Transformação no Mundo Contemporâneo --------------38

Renildo Diniz Lopes Junior

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XI - O Desafio Urbano às Igrejas ----------------------------------------------------41

Sergio Paulo Ribeiro Lira

Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua

Igreja na Missão Integral de Deus---------------------------------------------------48

Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist

XII – Igreja Integral ------------------------------------------------------------------53

Leandro Silva

XIII - Implantando Pequenos Grupos na Igreja -----------------------------------61

Tiago Nogueira de Souza

PARTE II - ANEXOS

I - Para o Senhor Que Amamos: Compromisso da Cidade do Cabo -------------66

II - Declaração de Natal: Redescobrindo o Evangelho Integral

Para a Igreja Hoje ---------------------------------------------------------------------82

Equipe ALEF

III - O caráter Eclesiológico do Pacto de Lausanne --------------------------------87

Key Yuasa

IV - Sobre os Autores -----------------------------------------------------------------97

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Palavra Introdutória

É com grande alegria no Senhor Jesus que a equipe coordenadora de

metodologia do congresso ALEF – 2014, disponibiliza este relevante material

para reflexão. Atendendo tanto aos anseios de nossos leitores como da equipe

ALEF, Compartilhamos estas reflexões sobre o tema “A Igreja e sua Missão

Transformadora”, assunto que será abordado em nosso congresso de 2014 no

período de 15 a 18 de Outubro em Natal, RN.

Na primeira parte o leitor encontrará uma coleção de artigos escritos por

irmãos e irmãs comprometidos com as Escrituras e com os valores do Reino de

Deus relevado na mesma. Na segunda parte, o leitor poderá fazer a leitura e

refletir sobre dois importantes documentos. “A Declaração de fé da Cidade do

Cabo”, que aprofunda de maneira abrangente o documento do Pacto de

Laussane, e a declaração de Natal, que condensa as reflexões e compromissos

do congresso ALEF para pastores e líderes realizado no ano de 2013. Ainda

nesta sessão está disponível o texto “O caráter eclesiológico do Pacto de

Lausanne”, que reflete sobre a missão integral da Igreja.

Este caderno não tem a pretensão de entregar ao leitor, uma resposta

pronta sobre o papel da igreja e sua missão para transformar o mundo. Nosso

propósito é levar aos leitores (as) uma reflexão que produza um diálogo, para

que por meio desta, a Igreja possa encontrar uma direção que a leve a prática

da Missão de Deus.

Boa Leitura.

Marcos Aurélio dos Santos,

Coordenador de metodologia do congresso ALEF 2014.

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Guia Didático

Sugestões Para Usar este Caderno

Saudações fraternais, prezados leitores. Consideramos uma benção e uma

grande oportunidade de disponibilizar estes artigos e documentos chaves para a

sua reflexão, junto com suas congregações, no qual representa o pensamento de

mais de dez autores do Brasil e outros países.

Para facilitar o processo de estudo, vivencia e aproveitamento, oferecemos

alguns princípios e guias didáticos.

1. Dê uma olhada no Sumário de conteúdo dos artigos, para identificar aqueles

temas que possam ser de major interesse para sua igreja, grupo pequeno,

seminário ou comunidade.

2. Para maior referência, pode consultar a tabela de temas e objetivos gerais,

anexa ao final deste guia didático. De essa maneira, terá uma perspectiva mais

ampla de como o conteúdo pode apoiar na reflexão do seu ministério.

3. Utilize os artigos, como parte de um processo educativo e não só de leitura

simples. Sugerimos responder as perguntas, ao final de cada reflexão, em

trabalho de grupos, o qual ajudará para fortalecer o aprendizado e integrá-lo

na sua prática ministerial.

4. Anote qualquer pergunta que possa surgir da leitura e estudo. Venha preparado

ao Congresso nas datas 15-18 de Outubro, para interagir com os autores,

compartilhar seu feedback e esclarecer qualquer dúvida.

5. Compartilhe com outros o conteúdo do material e suas reflexões sobre as

perguntas. Pense na possibilidade de usar os artigos como apostila sobre

módulos específicos de estudo formal ou não formal nos temas de: A missão de

Deus para o mundo; A igreja e sua missão transformadora como cooperadora

de Deus; Liderança para a missão; Os desafios de transformação do contexto

brasileiro; A pobreza e a missão de Deus, etc.

6. Ore pelo Congresso ALEF 2014 e para que Deus utilize estas ferramentas de

estudo, para fortalecer o papel da Igreja Cristã na Missão Transformadora de

Deus (Missio Dei).

A seguinte tabela pode ser útil para identificar os temas de maior interesse no

contexto da sua igreja ou ministério:

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Título Objetivo geral para o aprendizado

Bases bíblicas da Missão Integral da igreja

Como a igreja pode servir as necessidades do mundo, sem perder a identidade cristã, segundo o modelo de missão de Jesus Cristo.

A igreja que enfrentou a pobreza

Articular uma proposta e ética bíblica de trabalho da igreja para combate à pobreza.

E se a sal não salga? O desafio da igreja para se mover do individualismo (idios) ao comunitário (polis) para ser sal da terra.

Cidadãos do reino, cidadãos do mundo

Como a igreja pode se envolver com causas justas na cidade. Ser fiel a Deus nos desafios para o shalom de Deus.

A igreja e seu papel na Missio Dei

Entender que a igreja não contempla as mudanças sociais como parte de seu oficio, ainda não compreendeu a missão de Deus (Missio Dei)

A missão da igreja Caraterísticas da comunidade de fé, para cumprir a missão comissionada por Deus na abrangência do modelo de Jesus.

Transformando o mundo para a gloria de Deus

Entender as dimensões da tarefa de reconciliar todas as coisas junto com Jesus, como membros da sua igreja com ministério profético.

Emerge um novo conceito de santidade

Considerar três elementos novos para a forma de vivenciar o cristianismo pelos cristãos brasileiros.

Práticas de liderança para uma missão transformadora

Entender que não pode haver missão transformadora, sem liderança também transformadora, com práticas exemplares que ajudam a recuperar sua credibilidade para viabilizar a missão.

Igreja: Agência de transformação no mundo contemporâneo

Refletir no papel e desafios da igreja, como parte do modelo estabelecido por Deus, para expandir sua missão. Propostas para uma missão transformadora.

Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para Engajar sua Igreja na Missão Integral de Deus

Propostas e desafios práticos para levar a igreja a refletir e agir dentro do contexto onde ela está inserida. Aborda questões como: Formação de liderança, pesquisas na comunidade, formação de associação e etc.

Igreja Integral Pensar de maneira bíblica e teológica sobre os desafios da igreja na busca da integralidade da missão.

Implantando pequenos Grupos na Igreja

Refletir sobre propostas e desafios para a implantação de pequenos grupos na igreja nas dimensões de edificação e evangelização.

O desafio urbano das igrejas Aspectos para delimitar a abordagem do desafio missionário, no contexto das metrópoles urbanas.

Compromisso da Cidade do Cabo (Lausanne)

Conhecer os compromissos e propostas mais recentes sobre a missão de Deus do Movimento Lausanne de Evangelização Mundial. Reunião na África do Sul em 2010.

Declaração de Natal. Congresso ALEF 2013

Revisitar as lições aprendidas, desafios e compromisso de seguimento do Congresso ALEF 2013 sobre o Evangelho Integral.

O caráter eclesiológico do Pacto de Lausanne 1974.

Reafirmar o conteúdo central do Pacto de Lausanne 1974 e as implicações para a missão da igreja, desde uma perspectiva integral.

Arturo Meneses.

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ARTIGOS

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Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja

Pedro Arana Quiroz

Queremos pensar as bases bíblicas da missão integral da Igreja a partir

de Mateus 9.35 – 10.1. Esse texto contém, em forma embrionária, a perspectiva,

o conteúdo, a motivação e o impulso para a missão. Tanto a perspectiva da

missão da Igreja como a própria missão, em sua totalidade, são vistas na vida e

ação de nosso Senhor Jesus, de forma histórica e concreta. A perspectiva dessa

missão tem como ponto determinando e determinado a vida da missão da Igreja

em sua oração sacerdotal e intercessora: “Assim como tu me enviaste ao mundo,

também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17.18)

Depois de sua morte e ressurreição, a oração se transforma, em seus

lábios, num mandamento missionário: “Assim como o Pai me enviou, assim

também eu vos envio” (Jo 20.21), sugere que a missão da Igreja deve

corresponder à própria missão de Cristo. “Dito de outra maneira, a missão de

Cristo é o modelo para a missão da Igreja: Assim como o Pai me enviou, eu

também vos envio”. Isso quer dizer que, da compreensão da missão de Jesus

Cristo, a Igreja deve deduzir a compreensão de sua própria missão.

Como foi que o Pai enviou o seu filho unigênito ao mundo?

(1) Enviou-o como homem: Adão, novo Adão (Sl 8, Hb 2).

(2) Como Filho do homem e servo sofredor (Dn 7.14, Is 53)

(3) A síntese cristológica (Mc 10.45, Lc 22.27)

(4) O novo Adão (Fl 2.5-8, Hb 4)

Jesus nos oferece o modelo perfeito de serviço e envia sua igreja ao

mundo para que seja uma igreja serva. Ele expressou seu amor em serviço, e

este é o caminho de igreja. De que forma é essencial que recuperemos esta

ênfase bíblica em nosso ministério? PATRÕES E SERVOS. CAPITALISTAS E

DEPENDENTES.

O destino do Filho de Deus foi o mundo de Deus: “Assim como o Pai me

enviou”. “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao

mundo”. O Cristo-homem veio ao mundo dos homens. Não a um mundo ideal,

mas ao mundo tal e qual ele é. Ele se reduziu a uma cultura particular – ou, dito

de outra maneira, a um espaço-tempo-recado. Por que toda cultura está

limitada pela geografia, pela história e pela situação de pecado. Jesus enviou sua

igreja “como ele foi enviado” ao mundo da história, da geografia e do pecado, o

qual, no entanto, é o mundo de Deus, o mundo das Escrituras.

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Devemos identificar-nos com este mundo, sim, mas sem perder nossa

identidade cristã. O que significa isto em termos práticos? Significa conhecer,

conviver, compartilhar e comprometer-se com o mundo.

Conhecer: este mundo deve ser conhecido, devido à natureza de nosso

trabalho. O conhecimento da situação que nos rodeia é a base para uma missão

séria da igreja. Conhecer as pessoas com o respeito que merecem aqueles a

quem iremos servir. Temos de fazer o melhor por eles, como pessoas no mundo.

O amor é a direção única que leva ao conhecimento. Amor a Deus e amor ao

próximo.

Conviver: temos de aprender a conviver com nós mesmos e com as pessoas a

quem Deus nos enviou, pessoas com as quais Ele se preocupa.

Compartilhar: tudo que o Senhor nos tem dado. Isto é, compartilhar o

evangelho em sua dimensão integral e lutar pelos valores deste evangelho:

justiça, paz, preocupação pelas necessidades humanas.

Comprometer-nos: Cristo estava comprometido com a vontade do Pai, pelo

que também se comprometia com os seus. Não se trata de servirmo-nos a nós

mesmos, mas de comprometermo-nos com os demais: “Este mundo espera a

revelação dos filhos de Deus”.

Como podemos ser melhores servos na igreja? O poder corrompe e a

igreja não está livre dessa corrupção.

A vida de Jesus foi uma vida itinerante, uma vida peregrina; uma vida,

como diria João A. Mackay, do caminho. “Jesus percorria os povos e aldeias”.

A igreja, assim como o Senhor Jesus, deve ser uma igreja do caminho e

não do balcão. Ela não pode permanecer como espectadora da história: tem de

descer para onde se travam as lutas reais dos homens. Ali se encontram as

necessidades, que são o chamado premente da Igreja para que possa cumprir

sua missão. A passagem também nos fala do conteúdo da missão. Diz que o

Senhor ensinava, pregava e servia. Talvez seja isso que a igreja tem esquecido.

De testemunha ocular dos acontecimentos humanos, ela tem de passar a

identificar-se e solidarizar com as necessidades reais das pessoas. Deve

participar como portadora de Cristo e de sua graça, oferecendo os recursos que

seu Senhor lhe confiou para a transformação, não somente da situação, mas

também da natureza dos participantes.

Essa imersão nas necessidades humanas deve levar ao nítido

reconhecimento de que a necessidade fundamental do homem é de natureza

espiritual. A ruptura entre Deus e os homens deve-se à lamentável realidade do

pecado humano. O pecado é o agente de toda desarmonia, seja com Deus e o

próximo, seja consigo mesmo e com a criação. O pecado é essencialmente

pessoal; suas consequências sociais, porém, são trágicas e imediatas.

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Jesus veio para salvar os pecadores. Cabe à Igreja fazer chegar essa

salvação, hoje, aos pecadores. Jesus, em sua tarefa, envolveu-se com os

pecadores, não com seu pecado. A Igreja, em sua história, muitas vezes

participou dos pecados dos pecadores (orgulho, egoísmo, cobiça), afastando-se,

porém, dos pecadores. Não poucas vezes, em seu distanciamento, ao invés de

fazer chegar a eles a salvação e a redenção, ofereceu-lhes somente crítica e juízo.

Quando as igrejas esquecem algumas dessas dimensões do conteúdo de

sua missão, entram em discussões estéreis que polarizam as posições e, diria eu,

caem na infidelidade, pois infidelidade quer dizer não obedecer ao que Cristo

manda e ensina. Não somente pelo preceito, mas pelo exemplo. Jesus ensinou,

anunciou o evangelho e serviu. Cada uma dessas dimensões tem lugar dentro da

missão da Igreja, sem mescla nem combinação. E se a Igreja quiser ser fiel, tem

de cumprir estas dimensões em sua tarefa missionária.

O texto fala também da motivação da missão: “Vendo ele as multidões,

compadeceu-se delas, por que estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não

tem pastor.” A motivação, a causa que moveu Jesus, a força interna que o

impulsionou, foi a compaixão: do latim “compaixão”, padecer junto a; do grego

“sun-patiens”, sofrer com. Quando nos é dito que o Senhor sentiu compaixão,

isto significa que ele se identificou com essa gente, solidarizou com suas

necessidades, colocou-se em sua pele. A Igreja também tem de fazer o mesmo.

Não pode fazê-lo, no entanto, sem a presença e o poder do Espírito santo,

que dominava a vida de Jesus Cristo, mas que nem sempre domina a vida da

Igreja.

Aqui fica muito evidente para onde o Senhor direcionava sua compaixão:

“Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas”. A Cristo importavam e

importam as pessoas. Mesmo que para a Igreja hoje importem mais os números

e as estatísticas, os edifícios, os alto-falantes e as luzes de efeito, para Cristo o

importante eram as pessoas. Hoje, uma igreja que queira ser fiel a Cristo tem de

enxergar além das estatísticas, isto é, ver as pessoas e as suas necessidades.

Deverá enxergar além das estruturas que possui ou das facilidades materiais que

desfruta e ver as mentes, os corações e a fome espiritual, emocional e física das

pessoas.

Tudo que Cristo fez, ele o fez pelo homem-em-comunidade e pelo homem

de carne e osso. Não por uma ideia do homem, não por uma alma desencarnada,

mas pelo homem vital e vivente, cheio de necessidades, angústias e problemas,

cheio de aspirações e esperanças. A este homem é que Cristo se dirigiu,

atendendo a suas necessidades.

A passagem, porém, fala não somente da perspectiva, do conteúdo e da

motivação para a missão, mas também do impulso missionário. Esse é um

impulso comprometido: “E então se dirigiu a seus discípulos: A seara na

verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da

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seara que mande trabalhadores para sua seara.” Não entrarei na exegese do

texto. O certo é que o dono da colheita é Deus, que ele tem um povo e que seus

discípulos, a Igreja, devem reunir este povo, para que façam “conhecidas, entre

os povos, as obras do Senhor”.

Esta é uma oração que compromete: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que

mande trabalhadores para sua seara”. Observem como surge a resposta: “Tendo

chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos

imundos para expeli-los, e para curar toda sorte de doenças e enfermidades”.

Afirmo que, para a igreja, o maior perigo é orar, pois o Senhor responde a

oração e nós fazemos parte da resposta. Se ele mandou que eles orassem,

deviam estar dispostos a fazer parte da resposta dessa oração. A igreja que olha

o mundo, que entende o chamado do Senhor e que escuta a Cristo, essa é a

igreja que é chamada e convocada para ser a resposta de sua própria oração,

assim como aconteceu com os discípulos.

FONTE: formacaoredefale.pbworks.com

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Em que fundamento a Igreja deve firmar-se para fazer a missão?

2. Qual a relação que a igreja deve ter como o mundo que a cerca?

3. Qual o nível de comprometimento que a igreja deve ter com o mundo?

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A Igreja que Enfrentou a Pobreza

Ariovaldo Ramos

A primeira igreja nasceu em meio à pobreza, e a enfrentou, deixando

lições preciosas. Começaram reagindo à mesma, não sendo tolerante para com a

realidade em que os pobres estavam imersos. Responderam com solidariedade,

onde os irmãos, como podiam, desfaziam-se voluntariamente de posses para

ajudar os demais, segundo a necessidade dos mesmos. Depreende-se um padrão

mínimo que, rebaixado, acionava o socorro.

E o padrão de socorro não era determinado pelas posses dos doadores,

sim pela necessidade dos beneficiários, o que indica que a ação era tomada a

partir do conceito do direito, o irmão necessitado tinha o direito de ser atendido

em sua carência, cabia à comunidade a satisfação do mesmo.

Claro que, como Paulo procura deixar claro em sua segunda carta aos

tessalonicenses: “Quem não quiser trabalhar também não coma” - 2Tes 3.10;

isto é, todas as alternativas possíveis deveriam ser tentadas, porém, sem

detrimento ao direito do irmão. Essa postura era tanto entre irmãos, quanto

entre comunidades, como no caso em que todas as comunidades se uniram para

socorrer a comunidade em Jerusalém.

Num outro momento, percebe-se o desenvolvimento de um programa

para o sustento das viúvas, uma espécie de programa previdenciário da Igreja,

assumindo a responsabilidade por aquelas que não tinham mais acesso ao

trabalho remunerante. Programa levado tão a sério, que uma categoria nova de

oficiais foi acrescentada à Igreja. Estes, os diáconos, assumiram o ministério de

seguridade social da comunidade.

Desse enfrentamento da pobreza surgiram conceitos de intensa pedagogia:

“Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe para ter com que

acudir ao necessitado” Ef 4.28. Aqui, a vitória sobre o pecado do furto é passar

a contribuir com o necessitado. De lesa-patrimônio a sustentáculo dos

despossuídos de patrimônio, e não a construtor de seu próprio patrimônio. Dá

até para pensar que, para o apóstolo, o ato da acumulação se assemelha de

alguma maneira ao furto. Há, também, nessa colocação, a sugestão de uma ética

do trabalho: a solidariedade - trabalha-se, também, por responsabilidade para

com o outro; o que amplia a dimensão da frase paulina: “A ninguém fiqueis

devendo coisa alguma...” Há um assumido débito para com o necessitado.

“Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas

para que haja igualdade, suprindo a vossa abundancia, no presente, a falta

daqueles, de modo que a abundancia daqueles venha a suprir a vossa falta, e,

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assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais;

e o que pouco, não teve falta.” 2Co 8.13-15.

Como estas palavras foram ditas no contexto da coleta para a Igreja em

Jerusalém, surge a possibilidade da leitura dum apontamento na direção de

uma universalização do trabalho solidário, algo semelhante ao conceito de

revolução permanente, capaz de gerar um conceito de acordo internacional pela

erradicação da pobreza, pela busca da igualdade entre as nações pela partilha,

onde os superavitários se responsabilizam pelos deficitários; o que ocorre numa

perspectiva de acesso universal ao trabalho e num consenso de que todos

trabalham por todos, pois a humanidade é o foco. E sendo assim, a fé cristã tem

uma proposta de revolução quanto ao fim da economia e quanto ao parâmetro

para a geopolítica internacional.

“E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem” 2Tes 3.13.

Este estímulo, dito no contexto da tentativa de alguns de se aproveitarem

da bondade da comunidade desafia a toda a Igreja a estabelecer esses valores

como inegociáveis, a despeito de quaisquer tentativas de abuso. “Bem”,

portanto, pode ser entendido como esse conjunto de valores que configura uma

ética do trabalho para o combate à pobreza.

“Como está escrito na lei de Moisés: ‘Não atarás a boca ao boi que debulha o

trigo’.” 1Cor 9.9. “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos

frutos” 2Tim 2.6.

Onde a ética dos apóstolos coloca o trabalhador? Como primeiro e

privilegiado beneficiário de seu trabalho; a exemplo do boi, que não pode ser

impedido de ser o primeiro a desfrutar de sua produção. Até porque, como o

trabalho é para a solidariedade voluntária, o trabalhador para poder exercer

essa partilha, tem de ter o que partilhar, tem de ser senhor de seu trabalho.

Aqui, mais do que um princípio ético, há um postulado econômico: O

trabalhador tem de ser o primeiro a desfrutar do resultado de seu trabalho. O

desenvolvimento deste primado há de redefinir a administração dos meios de

produção e do lucro. A primeira Igreja na sua intolerância para com o estado de

pobreza propôs abordagens desafiadoras, pertinentes e que mantêm atualidade.

FONTE: ariovaldoramos.blogspot.com

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

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1. O que deve determinar a prática de socorro na igreja?

2. A quem a igreja deve fazer o bem?

3. Qual a diferença entre socorro ao necessitado e assistencialismo?

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E, Se o Sal Não Salga....

José Marcos Silva

Imagine que você convide amigos para um churrasquinho e ao servir a

carne, todos percebam que ela está insossa. Curioso, e sabendo que colocou sal à

vontade, você vai até o saleiro, prova uma pitada do sal e verifica que o mesmo

já não está mais salgado. O que você faria?

Em Mt 5.13 Jesus faz uma analogia entre nós, os seus discípulos, e o sal.

O texto você conhece muito bem. Ele diz que aquele sal já não serve mais pra

nada, a não ser pra ser jogado fora e pisado pelas pessoas. O sal não perde o seu

sabor, enquanto se mantiver puro, porém, contaminado com outras substâncias,

é possível que não salgue mais, nem se consiga mais restaurar as suas

características. Nesses casos, nos tempos de Jesus, era comum usar o sal

insípido para pavimentação das ruas ou para ser jogado nos batentes de templos

pagãos, para evitar que as pessoas escorregassem. Em todo caso, só servia para

ser pisado pelas pessoas. Logo o sal, que era uma especiaria tão preciosa que

chegou a servir como moeda de pagamento das jornadas de trabalho, de onde

nasce o nome “salário”. Já em tempos em que não havia energia elétrica, o sal

servia também para conservar a carne. De fato, era algo muito precioso.

Vamos transportar essa comparação para a realidade da igreja

“evangélica” brasileira. Tenho uma grande luta dentro de mim: a de não perder

a esperança quando penso no rumo desta Igreja. Procuro olhar para o lado bom

das coisas a fim de que possa manter a utopia no lugar mais alto da minha vida,

ao mesmo tempo em que, na qualidade de profeta do Senhor, não posso perder

o poder da contemplação, ou seja, de olhar os fatos de maneira crítica. Não

quero deixar de enxergar a bênção na vida de um sujeito prostituído, mentiroso,

drogado, que se torna crente e abandona a cachaça, a amante e a mentira, mas

também não posso deixar de enxergar que este mesmo sujeito pode ser um

religioso tão insuportável que feche as portas do céu para quem está ao seu

redor.

Bom, mas, saindo deste parâmetro mais individualista, passemos para o

mais geral. Há um fenômeno na igreja “evangélica” brasileira que me intriga

muito. Somos quarenta milhões de professos seguidores de Jesus, mas, não

vemos a relevância disso, pelo menos como deveríamos. O que justifica esse

fenômeno? Dentre tantas, compartilho, pelo menos, duas pistas.

À primeira, denominarei de “Igreja Idiotizante”. Antes de você se chatear

comigo, explico que não me refiro ao termo como sinônimo de idiota, a partir do

uso pejorativo que denota aquele/a que é tolo. Não é isso. Refiro-me ao termo

no uso etimológico da palavra, do seu radical grego “idios” que se refere àquilo

que é da ordem dos interesses pessoais. É o mesmo radical que usamos para a

palavra idiossincrasia, que significa aquilo que é peculiar a mim mesmo.

Page 17: Caderno de Reflexões Para o Congresso ALEF 2014

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Criamos no Brasil, e replicamos massivamente, um modelo de igreja

focada, quase que exclusivamente, no indivíduo e suas necessidades pessoais.

Isso é tão claro que eu poderia dispensar qualquer exemplo, mas, vamos a

alguns deles: qual é a mensagem central da “igreja” que mais cresce no Brasil?

“Pare de sofrer!”. Multidões em romaria vão ao encontro dos pastores “ungidos”

e midiáticos em busca de empregos, prosperidade, curas, casamentos... Nossa

hinologia é predominantemente “idiotizante”. Entra na minha casa, entra na

minha vida, mexe com minha estrutura... Os pronomes estão, quase sempre, na

primeira pessoa do singular - eu, meu. Verifique os cultos de oração e verá que

os pedidos são, quase sempre, na ordem do pessoal, do individual.

Por estar tão focada no “eu” no “meu” (idios), esta igreja se esquece do

“nós” e do “nosso”. Criamos uma igreja que, na teoria, ora o “Pai Nosso”, mas na

prática busca o “Pão Meu”. Em função desse individualismo (idiotismo), grande

parte dessa igreja cometeu desvios tão substanciais que está se sujando com

Mamon. Isto é tão notório que identificamos um “irmão abençoado”, pela

quantidade de bênçãos (leia-se, bens) que ele consegue receber de Deus,

quando, na real, deveríamos medir nosso grau de “abençoamento”, não pelo que

recebemos de Deus, mas pelo que repassamos aos outros, ou não é verdade que

“mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”?

Ora, mas enquanto a igreja atua no varejo, Satanás atua no atacado. A

igreja foca no indivíduo e o Diabo foca nas estruturas. Sendo assim, salvamos

um e perdemos mil. Nesse aspecto, a única saída é a igreja deixar de ser

idiotizante, para ser politizante (do grego “polis” – todo, comum, cidade...).

Logicamente que não estou propondo que a igreja esqueça o sujeito. Não é isso.

Só estou sugerindo que ela se volte também para os sistemas. Essa tarefa só será

possível se a igreja recuperar a sua autoridade profética.

Entendo que o resgate da profecia é a segunda pista/ação para se evitar o

processo de insipidez da igreja. Tal retorno se dará, primariamente, por um

resgate dos significados de profeta e profecia. No senso geral, entendemos o

profeta como o adivinhador e a profecia como adivinhação. Isso é catastrófico.

Na Bíblia toda, o/a profeta/tisa é o/a “Boca de Deus” cuja missão é trazer o

realimento entre o povo e a vontade de Deus. Essa profecia, quase sempre, tinha

endereço certo: os sistemas político (Is 10.1-3; Jr 23.5, 6), social (Hc 1.2-4),

econômico (Am 8.4-6; Os 4.1-3; Mq 2.1-3) e religioso (Am 5.21-6.14; Os 6.6; Mq

3.5-7). Esse realimento com a vontade de Deus tem a justiça como o seu eixo

principal. Aliás, o principal marcador do Reino de Deus é a justiça, e não

necessariamente a quantidade de novos crentes que o nosso sistema religioso

consegue produzir, pois se fosse assim, os quarenta milhões de “evangélicos”

estariam aumentando os sinais do Reino, mas, as estatísticas dizem o contrário.

Acredito que essas duas pistas devam se constituir duas bandeiras de

reflexões e lutas da igreja: a “desidiotização” da igreja e o resgate da profecia.

Com elas, impediremos o processo de nos tornarmos “sal que não salga” e

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consequentemente, não teremos o desprazer de vermos a “igreja ser pisada

pelos homens”.

PERFUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. O que você entendeu sobre o termo “idiotização da igreja”?

2. Que aspectos devem ser levados em conta para que haja o resgate da

profecia?

3. Porque o Sal deve salgar?

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Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo!

Wilson Costa

Este breve texto de reflexão bíblica e teológica sobre a vida cristã, inicia

com esta pergunta: deve o crente em Jesus Cristo envolver-se com causas justas

neste mundo?

No início de 2012, Vitor, um jovem de 21 anos, foi espancado por cinco

rapazes ao tentar impedir que batessem em um mendigo no Rio de Janeiro. Foi

notícia no Brasil todo. Ele quase morreu, sofreu muitas cirurgias e ficou

hospitalizado por muito tempo.

Seis meses depois, um juiz criminal determinou o cancelamento da

prisão preventiva dos acusados, abrandando também a natureza do crime,

livrando os de um júri popular. O estudante lançou uma petição na internet para

cobrar punição adequada aos seus agressores, para obter 20 mil assinaturas de

repúdio às mudanças, exigindo que a justiça fosse feita. Em poucos dias já havia

obtido 15 mil assinaturas.

Este é um episódio sobre justiça e impunidade. Justiça é um valor do

Reino de Deus com o qual o crente necessariamente precisa estar conectado. E

se os crentes do Rio de Janeiro e do Brasil olhassem uma causa dessa como algo

em que eles deveriam se envolver? Não poderíamos ter as 20 mil assinaturas em

apenas um dia?

O NOSSO BEM-ESTAR DEPENDE DO BEM-ESTAR DA CIDADE

O profeta Jeremias escreveu ao povo de Deus que tinha sido levado cativo

para a Babilônia: “Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei

e orem ao SENHOR em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da

prosperidade dela”. (Jer. 29.7 versão NVI)

No meio do povo havia falsos profetas dizendo, em outras palavras: “não

se importem com esta terra, a Babilônia, pois não é a terra de vocês e logo Deus

os levará de volta pro lugar de vocês”. Parecido com o discurso dos crentes que

dizem: “não precisamos nos preocupar com este mundo, não; logo Jesus vai

voltar e este mundo será consumido pelo fogo e nós vamos para nossa pátria

celestial”.

O profeta de Deus orienta o povo de Deus olhe para a Babilônia como a

terra deles agora, na qual eles devem servir a Deus, viver as suas vidas e ser luz

para aquela nação. Eles devem agir para produzir e desfrutar do shalom mesmo

no exílio. Shalom envolve saúde integral, bem-estar material e espiritual,

harmonia com Deus, com o próximo e com a criação.

Não foi exatamente isso que Jesus deu como motivo para sua vinda? “Eu

vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” (João 10.10) Será que

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ele estava falando da vida no céu? Ou será que podemos viver em vitória na

Babilônia?

NÃO É UM CRENTE EM JESUS UM EXILADO NESTE MUNDO?

A resposta é sim! Foi o próprio Senhor Jesus que disse: “Eles não são do

mundo, como eu também não sou”. Por isso rogou ao Pai: “santifica-os na

verdade; a tua palavra é a verdade”. Desta forma, Jesus já apontava o tipo de

vida piedosa e reta que os seus teriam no mundo, à luz da verdade manifestada

por suas palavras. O sentido de santificado é que somos separados para Deus,

dedicados a Deus, mesmo vivendo neste mundo. Por isso, no meio dessa oração,

há uma declaração de envio: “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei

ao mundo”. (João 17.16-18)

O apóstolo Pedro compreendeu bem isso. Ao escrever sua Carta, refere-se

aos crentes em Jesus como “estrangeiros” e “peregrinos”. Tal qual os do povo de

Deus que foram deportados para a Babilônia.

COMO VIVEMOS NESTE MUNDO SEM SER DO MUNDO?

Não somos do mundo, mas somos enviados ao mundo pelo próprio

Senhor que nos separou para servi-lo. No meio dessa sociedade desconectada

com Deus, somos reconciliados com Deus por meio de Jesus e somos chamados

a testemunhar do amor de Deus às pessoas que Deus ama e por quem sacrificou

seu único Filho.

Precisamos ter o sentimento que houve em Jesus: “E quando chegou

perto e viu a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos

neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus

olhos. (Lucas 19.41, 42)

OS CRENTES MANIFESTAM O GOVERNO DE DEUS PARA A CIDADE

Deus é o Rei das nações e ele governa todo o mundo. Isso é cantado

muitas vezes nos Salmos. É anunciado por Jesus que, por sua vida, ensino e

obras, manifestavam o reino de Deus.

Podemos ilustrar isso assim:

A igreja, que representa a comunhão dos seguidores e seguidoras de

Jesus, está no mundo. E abrangendo a igreja e o mundo está o governo de Deus.

Deus lida com a igreja, mas também lida com o mundo. Não há por que não

levarmos a sério a recomendação de Jeremias, “orai pela prosperidade da

cidade”; e o ensino do apóstolo Pedro: “Amados, insisto em que, como

estrangeiros e peregrinos no mundo, (...) Vivam entre os pagãos de maneira

exemplar para que (...) observem as boas obras que vocês praticam e

glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.” (I Pe. 2.11, 12)

Boas obras, evidência da fé salvadora.

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O apóstolo Pedro está relembrando o ensino de Jesus: “Assim

resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas

obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5.16). A luz de

Cristo resplandece no mundo por meio da vivência do Evangelho pelos

seguidores e seguidoras de Jesus.

O apóstolo Paulo relembra isso quando escreve aos Efésios: “Porque pela

graça sois salvos, por meio da fé, (...) somos feitura sua, criados em Cristo

Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos

nelas.” (2.8-10). Então, a salvação não vem das obras, mas se manifesta nas

boas obras.

Com este entendimento podemos compreender a ênfase de Tiago: “Assim

também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (2.17, 18).

Deus nos chama para a prosperidade da cidade.

Para que nossas cidades desfrutem do shalom de Deus elas precisam

experimentar mais da manifestação da justiça de Deus no meio da sociedade. A

prosperidade da cidade depende de muitos fatores: estabilidade institucional e

política, com bons governantes, bons legisladores, bons juízes. Também

depende da economia, com oportunidade de empregos, acesso à alimentação, à

moradia, à educação, à saúde. As cidades precisam de segurança, meios de

transporte urbano, espaços de lazer e convivência social.

Se cada servo ou serva de Deus, que vive em nossa sociedade, atuando em

alguma dessas áreas da vida de nossa sociedade, for fiel a Deus exercendo bem o

seu papel na sociedade, estará servindo não só a Deus, mas também à

prosperidade da cidade. Assim, nossa vida encontra o caminho da vocação de

Deus para o serviço e o testemunho. As pessoas verão a luz de Jesus em nossas

vidas e serão atraídas para Deus e seu Filho Jesus.

Por isso a resposta à pergunta que está no início deste artigo é: sim, todo

seguidor e toda seguidora de Jesus deve se envolver com as causas justas neste

mundo.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

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1. Quais ensinamentos bíblicos oferecem base para que os crentes em Jesus se

envolvam com causas justas neste mundo?

2. O entendimento de muitos evangélicos de que a fé salvadora não envolve boas

obras tem apoio no ensino bíblico?

3. Como os crentes podem ser mais fiéis a esta palavra de Jesus: “Assim como

me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”?

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A Igreja e seu papel na missão de Deus

Hudson Taylor Maia

Quando olhamos o rumo que a Igreja do Senhor tomou ao longo dos anos

percebemos um distanciamento claro entre o Cristianismo que Jesus plantou e o

“cristianismo” que os homens criaram. No meio desses dois conceitos a

religiosidade clerical e o liberalismo herético fazem da igreja uma plataforma

cênica e cínica de líderes totalmente despreparados e com uma teologia frágil e

sem nenhuma ortodoxia.

A igreja em nossos tempos não expressa a compaixão por vidas e nem

pelo desejo ardente da transformação da comunidade. Em nada parece com a

igreja de atos 2.42. Uma igreja que movida pelo Espírito Santo preocupava-se

em quebrar sofismas, estruturas sociais injustas e acima de tudo, preocupava-se

com o sustento comum da comunidade. Quando falamos sobre essa esfera

social, os religiosos de plantão, na sua ignorância espiritual, atrelam

automaticamente ao socialismo comunista. Preferem fugir de sua

responsabilidade profética, e, estou falando do profetismo bíblico e não das

“profetadas” cada vez mais comuns em nossos dias, que viver um evangelho

autêntico e sacrificial, que empodera as pessoas para servir no Reino de Deus.

Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja bem informada,

bem articulada e bem estruturada espiritualmente. É uma igreja que não tirou

os olhos do alvo, e o alvo é Cristo.

Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja que ensina, serve,

convive, celebra e anuncia (pontos abordados por Jorge Barro no livro o qual

organizou intitulado Missão para cidade da Descoberta Editora em parceria com

a FTSA).

A igreja que não contempla as mudanças sociais como parte de seu ofício

nato ainda não compreendeu a Missio dei. Igreja e comunidade se entrelaçam e

não se dissociam em função de um fato: Cristo morreu para redimir o ser o

humano e também todas as áreas da dimensão humana.

A igreja que não compreende isto sente a necessidade de trazer para o seu

convívio alguma coisa que preencha seus vazios. Criam ministérios de várias

naturezas, redes, novas teologias, novas tendências e nova “unção”. É como se

tivessem um novo cristo totalmente adaptados a essa nova “igreja”.

A igreja que Jesus plantou é única, universal, e santa e que tem como

propósito central a salvação da humanidade pervertida pelo pecado, e isso se

estende a dimensão de sua vida na terra. Não podemos continuar dizendo Jesus

te ama e não fazermos algo para expressar na prática o amor do Deus que nos

chamou.

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A Missio dei não é uma proclamação de voto de pobreza, mas de voto de

justiça, o Espírito Santo é o Espírito de Justiça "O Reino de DEUS não é comida

nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Romanos 14.17).

Ao lermos textos como Êxodo 22.25; Levítico 19.9-10; Provérbios 13.4,18;

19.15; 20.13 percebemos a economia de Deus e o cuidado com os pobres e os

necessitados, a participação dos mais favorecidos e suas responsabilidades com

os menos favorecidos.

A igreja precisa passar por uma nova reforma onde o discurso central

deve ser a universalidade humana e seus vários viés. Precisamos viver uma

igreja que operacionalize a fé cristã na comunidade na qual está inserida, uma

igreja pastoral, uma igreja para vidas e não para “crentes” somente. Uma igreja

debatedora das questões sociais, ativa, proativa e reflexiva. Uma igreja que

pensa, age e faz. Uma igreja que tipifica o “noivo”, santa, real, fiel e que se

relaciona. Uma igreja para fora e não para dentro. Uma Igreja que muda

conceitos e filosofias pelo que faz e não somente pelo que fala. Uma igreja que

ama como Cristo nos amou. Em João 13.35 Jesus disse aos seus discípulos:

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos

outros”. A igreja precisa expressar o amor de Cristo na comunidade com ações

claras que gerem transformação.

A igreja deve ser uma agente de transformação de vidas e

consequentemente da comunidade. A igreja precisa ser percebida na

comunidade pela evangelização constante, pelo seu testemunho verdadeiro,

pelas suas ações relacionais e principalmente pelas ações sociais

transformadoras que expressam o amor de Deus de forma efetiva.

Alguns homens fizeram diferença em sua época por meio da Igreja do

Senhor: George Whitfield, um dos avivalistas mais proeminentes na Inglaterra e

Estados Unidos durante o século dezoito, pregou principalmente fora das igrejas

em áreas abertas. Abraham Kuyper foi um planejador da coalizão ideológica.

Fhilip Jacob Spener ensinou a intimidade com Deus e trouxe o movimento

pietista à igreja Luterana, cuja proposta central era que o conhecimento do

Cristianismo deve ser alcançado através da prática.

Os Anabatistas ensinaram o pacifismo e a separação entre igreja e estado.

Os puritanos, que fugiram da Inglaterra e se estabeleceram no Novo Mundo por

causa da perseguição religiosa aplicaram a bíblia em todas as áreas da vida a fim

de trazer transformação cultural.

Ao longo dos tempos Deus tem levantado pessoas e igrejas, e pessoas que são

igrejas para cumprir seu mandato universal: O reino de Deus está entre nós.

Oramos a Deus para que, por sua graça, a igreja do Senhor, possa voltar

ao primeiro amor, e as práticas da justiça e da transformação de vidas e

comunidades por meio de seus atos de justiça.

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BIBLIOGRAFIA CITADA:

Revolução do Reino – Josefh Mattera – Instituto e Publicações Transforma.

Missão para a Cidade – Org. Jorge Barro - Descoberta Editora em parceria com

a FTSA.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Como podemos contextualizar Levítico 19.9-10 com a igreja dos nossos dias?

2. Que coisas práticas devem fazer a igreja para torná-la relevante na

comunidade onde ela está inserida?

3. Quais aspectos do Profetismo bíblico são completamente diferentes dos

profetas da atualidade?

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A missão da Igreja

Romildo Gurgel Fernandes

A primeira menção das escrituras da palavra igreja (ecclesiae) se

encontra no texto de (Mateus 16). Jesus aqui interpreta não só o mistério como

também traduz o seu envolvimento direto com ela. Jesus é o fundador da igreja

cujo fundamento tem implicações diretas com a revelação da sua pessoa. Não há

como entender esse mistério sem que atentemos para a função do Senhor como

o cabeça da criação dessa comunidade. A comunidade é formada por todos

aqueles que são chamados dos que estão do lado de fora dela. Isto porque o

significado literal da palavra Igreja é: “aqueles que são chamados para fora”, ou

seja, as pessoas de todo o mundo são convidadas a saírem desse sistema

dominado pelo seu príncipe, para se tornarem Igreja.

A igreja era um mistério oculto até que o apóstolo Paulo elucidou

pormenorizadamente esse mistério através de suas cartas escritas como

(Colossenses 1:24-26, mais especificamente o vs. 26).

Compreendemos assim, que a Igreja é a detentora e o baluarte da

verdade, coluna esta de sustentação dessa grande construção, onde o mesmo

apóstolo diz que lançou o fundamento como prudente construtor, fazendo uso

dessa verdade, aonde outros viriam e edificariam sobre este fundamento que é

Jesus Cristo (1Coríntios 3:10-11). O apóstolo Pedro corroborou com os escritos

de Paulo, pois foi através da experiência de (Mateus 16) que depois escreveu em

sua primeira epístola dizendo:

“Chegamos a Ele a pedra que vive (fundamento), rejeitada, sim, pelos homens,

mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que

vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de

oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus

Cristo” (1Pedro 2:4-5).

O propósito primeiro da existência de uma comunidade cristã, é estar

nesta verdade, recebê-la, entendê-la, desfrutá-la, tornando-a sua experiência de

vida. Sabendo que ao ouvir a proclamação da verdade e crendo nela, assegura

(comunidade) sua alma para a salvação, quando reage apropriando-se através

de uma atitude de fé confessional.

Os agentes da missão são os proclamadores que abraçaram o ministério

da reconciliação. Estes são aqueles que após receberem a palavra, foram selados

e enviados a proclamarem (kerigma) essa verdade para que haja a continuidade

dessa construção do santuário do Senhor, sua Igreja, tabernáculo móvel que

envolve todos os seus santos que nasceram da semente da incorruptibilidade

(1Jo.3:9; João 1:12-13; 3:1-8).

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Os requisitos para o ministério podem ser muitos, mas

inquestionavelmente o primeiro deles deve ser a experiência do novo

nascimento efeito da conversão, reação essa que acontece após ouvir as boas

novas de salvação em Jesus Cristo.

O papel fundamental da igreja local é educar os seus membros e levá-los

a receberem os dons que Deus disponibiliza para que sejam equipados para toda

boa obra ministerial para o aumento deste edifício. Este preparo ministerial

pode ser a nível local e a nível que cruze além da sua fronteira geográfica. Os

dois níveis devem focar-se na distinção entre o que é fé e do que não é fé. Ambos

os níveis, devem ser comprometidos a exercerem ministério nos ambientes que

não exista fé perceptível ou saudável, avaliando se o fundamento edificado não

foi alterado, ou modificado. Onde quer que esteja o povo de Deus é chamado a

participar da missão de Deus (missio Dei). É Deus quem comissiona sua igreja

não ela mesma.

A essência da comunidade da fé consiste no compromisso de cumprir

essa missão comissionada por Deus. A Igreja permeia entre dois ambientes: a

comunidade da fé (comunidade em treinamento) e a comunidade sem fé (a ser

alcançada). A Igreja que não se compromete com a missão de proclamar a

salvação de Jesus, deixou de ser igreja, ou melhor, esta não é a igreja

comissionada por Deus, pois estão lançando outro fundamento que não é Cristo.

Comunidade assim, se parece com um clube religioso onde todos os meses os

seus membros pagam as suas taxas como mantenedores, e vivem como meros

amigos que aprenderam o vocabulário de uma agência de bem-estar sócio-

cultural-espiritual; que são entretidos pelos programas, correntes, promessas

financeiras e ainda mais consumindo os seus produtos em troca de bênçãos.

Podemos afirmar que esse tipo de evangelho tem o homem como centro

(evangelho humanista).

O evangelho humanista o sujeito de ação é o ser humano atuando no

palco do uso e das atribuições, enquanto que, o evangelho de Deus atua através

da trindade, tratando os homens como paciente realmente passivo. No

evangelho humanista a experiência está na pauta do engodo do consumo para

satisfação própria, como os gentios que assim procedem. E por se tratar de um

“ambiente religioso” entre aspas, se aceita tudo como sendo verdade sem

questionar. E por não perceberem, são atraídos por propostas gananciosas que

sedem sem a mínima cautela, como está escrito:

“Porque esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e, sim, a seu próprio

ventre; e, com suas palavras e lisonjas enganam os corações dos incautos”

(Romanos 16:18).

O mínimo da experiência que colhem com isso é a frustração e a

experiência do seu próprio esforço profissional ou certo desencargo de

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consciência por estarem ali apostando tudo, lhe sendo vedado a experiência do

novo nascimento. Veja a advertência do Senhor:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus

diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais entrar os que estão

entrando” (Mateus 23:13).

Continua anda o Senhor advertindo a esses falsos proclamadores:

“Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Porque rodeais o mar e a terra para

fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais

do que vós” (Mateus 23:15).

Equipar homens e mulheres é a função da igreja local e a combater a

mentira pela verdade. Na Igreja, todos os seus membros deveriam abraçar o

ministério da reconciliação, podendo exercer este ministério dentro da

comunidade (equipando os santos para toda boa obra) e ao mesmo tempo

mobilizando-os para o campo onde não exista fé explícita.

No entanto é razoável pensar que o caminho da missão não é de mão

única, é uma via de mão dupla. Jesus Cristo tanto ensinava pedagogicamente

como também praticava o que ensinava. A abrangência ministerial de Jesus

está naquilo que Ele leu em uma sinagoga na cidade de Nazaré quando lhe

deram o livro do profeta Isaias onde achou o lugar que está escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos

pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista

aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do

Senhor” (Lucas 4:18-19).

Após a leitura entregou o livro ao assistente e disse: “Hoje se cumpriu a

escritura que acabais de ouvir”(v.21).

Só deste texto podemos extrair cinco mistérios:

1 – Evangelizar aos pobres.

2 – Proclamar libertação aos cativos.

3 – Restauração da vista aos cegos.

4 – Por em liberdade os oprimidos.

5 – Apregoar o ano aceitável do Senhor.

A Igreja local é chamada a manifestar seus ministérios no mundo, não só

pelo conteúdo que proclama, mas também pelo que pode fazer em resposta às

necessidades das pessoas que estão em sua volta, através da ação primeira, a

salvação das almas. A "grande comissão" foi entregue aos apóstolos, pois a eles

foi lançado o desafio de pregar o evangelho em todo o mundo, e no evangelho de

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Marcos há mais detalhes sobre isso. Enquanto Marcos fala de pregar o

evangelho, Mateus fala também de fazer discípulos e ensinar, o que mostra que

a grande comissão tem um escopo mais amplo do que apenas pregar o

evangelho.

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do

Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas

que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a

consumação dos séculos. Amém”. (Mateus 28:19).

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem

crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”. (Marcos

16:15-16)

A grande comissão incorpora a pregação do evangelho e o ensino de

todas as coisas que Jesus tem mandado guardar. É a própria trindade que se

interessa pelos perdidos. A Igreja tem a missão de reunir todas as pessoas ao

redor do mundo, para ter comunhão com a trindade, da mesma forma que a

trindade possui comunhão entre si, devemos ter comunhão uns com os outros,

pois a parede da separação foi derrubada.

Os dons do Espírito é uma capacitação sobrenatural que habilitam o

homem de Deus a desempenhar o mandato da reconciliação.

O que muito tem sido difundido atualmente é que muitas igrejas têm se

distanciado do modelo do kerigma ensinado por Jesus e interpretado pelos seus

apóstolos.

Não é a toa que o cristianismo de consumo está no centro do movimento

de crescimento dessas igrejas e seu efeito letal se encontra quase que em todas

elas. Através do seu marketing até mesmo as igrejas históricas sutilmente tem

cedido a essa dissimulação. Inevitavelmente, isso tem afetado a pregação, a

música, o ensino, as programações, as orações e o sentido real de bênção. As

pessoas pensam que ao comprar os produtos religiosos estão adquirindo a

espiritualidade tão necessária para obterem a bênção. A grande verdade é que

Jesus veio resgatar os pecadores e não os consumidores. Cabe aqui a

advertência apostólica:

“Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora

vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo: O destino deles é a

perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que

só se preocupam com as cousas terrenas” (Filipenses 3:18-19).

E ainda adverte o apóstolo:

“Admira-me que estejais passando tão depressa que vos chamou na graça de

Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há alguns que vos

perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7).

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A intenção de Deus criar a Igreja não foi de prover serviços aos seus

membros, ao contrário, ela deve desafiar os seus membros a obedecerem ao

evangelho e a servirem a Deus e a seus semelhantes.

Que Deus nos ajude e nos abençoe.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Na sua ótica o que seria fundamental para o cumprimento da missão deixada

por Jesus Cristo?

2. O que você poderia comentar do comportamento da Igreja frente aos desafios

de ser instrumento evangelizador e reconciliador?

3. Como você cumpre a missão deixada por Jesus Cristo?

BILBIOGRAFIA:

PADILLA C. Renè. O que é missão integral? pp.1-22 Editora Ultimato. Viçosa-

MG 2009.

http://www.chamada.com.br/mensagens/consumo.html

http://veshamegospel.blogspot.com.br/2010/01/cristianismo-de-

consumo.html

http://ganancia.com.br/index.php?id=63

www.respondi.com.br/2011/07/grande-comissao-de-mt-2818-20-vale-

para.html

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Transformando o Mundo Para a Glória de Deus

Marcos Aurélio dos Santos

Deus está em missão. Como Igreja do Senhor Jesus, recebemos a tarefa

de reconciliar todas as coisas juntamente com ele. Esta reconciliação acontece

em quatro dimensões na qual o homem deve buscar. Devemos reconciliar-nos

com Deus (espiritual teológica), com o próximo (sócio-cultural), consigo mesmo

(soteriológica, salvação pessoal) e com a natureza (micro-cosmomógica,

planeta), pois assim somente haverá transformação de uma forma integral e

contextual. Na missio dei, a Igreja deve entender de maneira clara seu papel

como agente de transformação, como sal (caráter), dando sabor a um mundo

destemperado pelo pecado nas áreas estrutural e pessoal. Como luz (boas

obras), devemos resplandecer em um cosmo em trevas.

A comunidade dos santos, corpo de Cristo, noiva do cordeiro, não foi

chamada para ser apenas expectadora da história, mas como o sal que deve

estar fora do saleiro, deve evolver-se para conhecer a realidade da humanidade

no poder do Espírito Santo, encarnando os valores do reino aqui e agora para

que se cumpram as Escrituras quando diz que Cristo é o Senhor de todas as

coisas. A Igreja que caminha deve exercer sua vocação de serva, expressando ao

mundo a vida e ministério daquele que a comprou por alto preço. Esta mudança

só poderá ser evidenciada por meio da proclamação e encarnação do Evangelho.

Esta igreja é viva, pois é nutrida por Cristo para sua glória. É na vida da

igreja que a missão transformadora no primeiro momento acontece. Acredito

que o passo inicial para a ação da igreja é arrepender-se do que ainda não fez, ou

deixou de fazer na história em seu chamado para a missão. É preciso haver

quebrantamento, renuncia, quebra de paradigmas, visão renovada e coragem,

tudo na dependência total do Espírito Santo. Como diz um amado companheiro

de missão, “devemos entrar em crise”. Esta que parte de uma atitude de

arrependimento e humildade diante de Deus. A ação poderosa do Espírito

causará forte impacto na liderança da igreja, que consequentemente encoraja os

demais compartilhando a nova visão.

Caso não haja um mover do Espírito e uma mudança, tanto nos conceitos

teológicos, como na maneira de realizar a missão, dificilmente a igreja cumprirá

a missão de forma integral.

Como proclamadora do Evangelho do reino, a igreja precisa encarnar sua

pregação. Devemos ir além das palavras, demonstrando o amor de Jesus em

serviço ao próximo. Não seria o mínimo que uma pessoa sensata poderia nos

pedir? Ver como é esse Evangelho que anunciamos na prática? Então, ninguém

que for alcançado pelo poder do Evangelho poderá negar que o amor de Jesus

chegou até ele. Isto só acontecerá por meio da encarnação dos valores do reino

de Deus em nós, em atos de compaixão, misericórdia e cuidado com o outro.

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Assim fez Jesus. Ele pregava e servia. Em sua peregrinação ministerial,

seus ensinamentos não se limitaram somente as pregações da sinagoga na tarde

de Sábado, mas na vida. Na condição de servo serviu a todos. Andou pelas ruas e

becos, em barquinhos, assentou-se em lugares em que os religiosos da época

passavam de longe. Quebrou preconceitos (no caso da mulher Samaritana). Seu

amor acolhedor alcançou endemôniados, crianças pobres, prostitutas, leprosos,

traidores da pátria e ladrões (publicanos), em fim, como ele mesmo disse: “Não

vim para ser servido, mas para servir”. Uma igreja que transforma deve ter em

seu caráter a vida de Jesus como referencial no exercício da missão.

Outra questão bastante pertinente, quanto à missão entregue à igreja, é a

sua vocação para o ministério profético. Como igreja, somos comissionados a

denunciar as injustiças nas dimensões econômica, pessoal, social e política. A

relevância neste ministério dar-se pelo fato de que a igreja é por natureza

profética estribando-se na pregação e vida de Jesus de Nazaré. Em

concordância, podemos ver esta feita no ministério dos profetas Hebreus e nos

apóstolos. (Veja: Os 4,1-2; Mq 6,11-12; Jo 6.14; Lc 9.19). Denunciar com voz,

como também em nossa maneira de viver o Evangelho do reino, é o referencial

maior de uma igreja profética.

Para que a igreja entenda sua missão de profetizar, é preciso também

mudar sua cosmovisão. Deve libertar-se de sua visão dualista que por muitos

anos na história separou a igreja do mundo. O Foco em extremo na “santificação

pessoal” e o antigo lema de “ganhar almas” em detrimento da missão de cuidar

das pessoas levou a igreja a uma compreensão distorcida quanto à sua forma de

encarnar a missão bíblica. Esta postura resultou em um afastamento da igreja

quanto ao seu envolvimento em questões que não fossem no seu ponto de vista,

“espirituais”. Em sua história na missão, a igreja separou-se de forma gnóstica

do mundo.

É preciso enxergar o mundo sob a ótica do reino de Deus. Uma vez que

Cristo é o Senhor de tudo, este reino deve ser manifesto por meio da igreja em

todos os lugares e em todas as dimensões da vida das pessoas. Isto implica no

seu engajamento nas questões sociais, politicas, econômicas, culturais,

espirituais, emocionais e etc. Como voz profética contra as injustiças no mundo,

a igreja deve alargar a visão de ver o cosmo como Deus o vê, de forma integral,

na expectativa de reconciliar todas as coisas para sua glória.

A igreja deve enxergar a humanidade com olhar esperançoso, como lugar

de ação do amor de Deus, de maneira positiva, esta atitude de amor deve

contribuir para a promoção da justiça aos desfavorecidos, para restauração do

caído, para o acolhimento dos pobres, para transformação do pecador em

discípulo de Jesus de Nazaré, para temperar com o caráter de Cristo, pois sem

sal não há missão, para iluminar, pois é na luz, que o mundo verá as obras de

Cristo em mim, e em você.

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Nossa voz profética deve ecoar sobre todo tipo de injustiça. Em coro, é

preciso falar em favor daqueles que não tem voz, de gente que não tem a quem

recorrer se não ao Deus de misericórdia, gente que sofre não apenas por ser

pobre, mas porque perderam o respeito, a autoestima, a dignidade de ser gente,

o direito, a autonomia. Nossa voz deve ir contra todo tipo de riqueza que produz

a miséria do povo, seres criados à imagem e semelhança de Deus.

A igreja do Senhor Jesus é a agente de transformação nesse cenário. Seu

envolvimento com as necessidades das pessoas, seu chamado para ser serva, sua

voz profética e uma vida sob a direção do Espírito Santo são alguns dos desafios

missionais da igreja de nossos dias. Sua mensagem deve ser confrontadora, pois

o Evangelho tem estes dois referenciais: Ele confronta e transforma. Que

possamos ser todos os dias confrontados pelo poder do Evangelho do reino.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. A quem pertence à missão?

2. Porque a urgência em mudar nossa cosmovisão?

3. O que vem a ser a encarnação da pregação?

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Emerge Novo Conceito de Santidade

Antônio Carlos Costa

Vejo uma ruptura de gerações em curso na vida das igrejas do país. Um

conceito de santidade de vida que começa a ganhar espaço nas mentes e

corações de milhares de jovens, que vai alterar o perfil do protestantismo

brasileiro. Pela primeira vez na história, três elementos novos farão parte, numa

extensão nunca antes vista, da forma de o cristianismo ser vivenciado pelos

cristãos brasileiros. Que características são essas?

1. COMPROMISSO COM O POBRE

Começa a se espalhar pelo Brasil o interesse por resposta, à luz das

Escrituras, para pergunta crucial: o que significa ser cristão num país de

miséria? Como alguém que passou pela espantosa obra da regeneração

responde à realidade dos barracos infestados de ratos, cujas portas são

banhadas por esgoto, dentro dos quais habitam crianças pobres, cujos pais estão

desempregados ou recebem salários irrisórios? Milhares começam a questionar

modelos eclesiásticos que negligenciam o cuidado daqueles para os quais Cristo

dedicou especial atenção.

2. DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

Como pode uma pessoa ter conceito tão elevado sobre o homem a ponto

de afirmar que seu ser carrega características que podem ser encontradas no

próprio Deus, e, ao mesmo tempo, não se indignar quando aquele que foi criado

à imagem do seu Criador é explorado, torturado e grita sob os golpes dos seus

algozes sem ter quem o ouça? Jovens cristãos começam a ver como grave

incoerência proclamar a dignidade do homem e ao mesmo tempo tratar com

indiferença a banalização da vida humana, o que muitas vezes é perpetrado pelo

próprio Estado.

3. AMOR POLÍTICO

Milhões de homens e mulheres encontram-se acorrentados a sistemas de

opressão. Sem a mínima possibilidade de encontrarem alívio para sua dor,

exceto se decisões no campo político sejam tomadas. Salários baixos, jornadas

de trabalho desumanas, falta de moradia, carência de saneamento básico,

insegurança nas ruas, hospitais mal equipados, escolas sem estrutura mínima.

Não há igreja que dê conta desses males através da pura ação filantrópica. Há

grande diferença entre dar pão e libertar o povo da escravidão do Egito.

Cristãos brasileiros começam a perceber que a sempre indispensável

generosidade pontual não dá conta do sertão nordestino, das favelas cariocas,

dos bairros de periferia de São Paulo, das comunidades ribeirinhas do

Amazonas. Há uma dimensão política no amor.

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Talvez você esteja perguntando: o que o leva a crer nessa transformação?

Sei que essa profecia é a profecia do desejo. Gostaria de ver esse cristianismo

emergir antes da minha morte. Minhas andanças pelo país, contudo, têm me

levado a crer que algo já se encontra em curso. Ouço gemidos, vejo lágrimas,

contemplo joelhos dobrados, em cultos nos quais a mensagem do amor

simétrico e integral é anunciada.

Se esses jovens conseguirem incorporar esses três elementos ao seu

conceito de santidade, sem se deixarem levar por ideologias políticas de

esquerda ou de direita, mantendo a fidelidade às Escrituras, levando o

evangelho aos que não conhecem a Cristo, exercitando o amor na igreja local e

orando no poder do Espírito Santo, essa geração de cristãos terá transcendido a

que a antecedeu.

FONTE: palavraplena.typepad.com

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Qual a importância do resgate do cuidado com os pobres?

2. A igreja deve envolver-se com as questões dos direitos humanos?

3. Estaria a igreja falhando em sua missão profética?

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Práticas de Liderança Para Uma Missão

Transformadora

Arturo Meneses

Missão Transformadora vem do texto de David Bosch: “Transforming

Mission”. O livro, quando originalmente lançado em inglês, em 1991, foi

amplamente aclamado como a obra mais importante do século sobre o caráter

missionário de Deus e os empreendimentos missionários da igreja! Com 17

impressões até 2002 (Em Inglês) e traduzido ao Português em 1998, bem vale a

pena ler, estudar e debater, para as abordagens mais teológicas da Missão de

Deus e papel da igreja, o qual não é o meu objetivo neste artigo. Deixo isso para

os teólogos.

A minha reflexão, tem a ver com o que David Bosch, já no seu livro,

chama de “Missão, a crise contemporânea” (introdução página 22). Ele disse:

“Um fundamento inadequado para a missão e motivos e metas missionárias

ambíguos, estão fadados a acarretar uma prática missionária insatisfatória”

Também acrescentou: Esse problema não é localizado “lá fora”, no campo de

missão, mas no coração da própria igreja. O resultado é determinado pelo que

acontece dentro da igreja, não fora, no campo de missão.

Em 2008, interessantemente,17 anos depois do livro de Bosch, foi

publicado outro livro por Paul Washer: Dez acusações contra a igreja

contemporânea. Num tom apaixonado e corajoso (Introdução página 9), o autor

parece afirmar que a crise continua, quando diz: “Precisamos de um

despertamento. Não entanto, não podemos esperar que o Espírito Santo venha

e arrume toda bagunça que temos feito. Temos instrução clara da Palavra de

Deus sobre o que Ele fez por meio de Cristo, como ele espera que vivamos,

como espera que organizemos sua igreja”

Na minha humilde perspectiva, tanto na reflexão de Bosch, como as

acusações radicais de Washer, estamos falando de uma crise interna da

liderança. Estratégias e práticas que são necessárias para viabilizar eficazmente

a missão da igreja, como cooperadora da Missão de Deus. Os teólogos

concordam que não pode haver missão transformadora, sem uma

espiritualidade bíblica integral. Eu me permito propor que também não existe

missão transformadora, sem uma prática de liderança também transformadora.

Pensando com esperança, vamos assumir o paradigma de que crise,

literalmente significa: (para os chineses) “Perigo de morte e também

oportunidade única”. Qual é então uma possível oportunidade? Gostaria nesse

respeito, refletir sobre a proposta de James Kouzes e Barry Posner, no texto

editado em 2004: Reflexões cristãs sobre o Desafio da Liderança.

Essa proposta, considerando que liderança é influência, convida a construir e

cultivar 5 práticas exemplares de liderança. Acho que pode ser uma experiência

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importante para ser considerada como bússola de aprendizagem nos esforços da

igreja para aprimorar uma estratégia de desenvolvimento da liderança. Essas

práticas exemplares e seus compromissos são:

Prática de liderança

Compromissos

1. Modelar o caminho. Liderar a partir daquilo em que se acredita, começando por clarificar seus valores pessoais; dar o exemplo, ser o modelo de comportamento que espera dos outros; alcançar o direito e o respeito para liderar (Tito 2:7)

Clarificar os valores Descobrir capacidades Afirmar ideais partilhados Dar exemplo, alinhando as ações com

os valores para fortalecer a credibilidade.

2. Inspirar uma visão partilhada. Ter uma visão de futuro, imaginar as possibilidades atrativas; envolver aos outros numa visão comum, a partir de um conhecimento profundo dos seus sonhos, esperanças e aspirações (Habacuque 2:2-3)

Pensar no futuro e possibilidades

apaixonantes Integrar aos outros numa visão comum Apelar as aspirações partilhadas

3. Desafiar o processo. Reconhecer boas ideias, sustentá-las e mostrar vontade de desafiar o tradicional para obter propostas inovadoras; experimentar e correr riscos, originando constantemente pequenas vitórias e aprendendo com os erros (Romanos 12:2)

Procurar oportunidades e tomar

iniciativa Criar formas inovadoras de melhorar Experimentar e assumir riscos

4. Habilitar aos outros a agir. Promover a colaboração de todos, fomentando objetivos cooperativos e construindo confiança; valorizar aos outros, partilhando poder, utilizando a palavra “nós” (1 Pedro 4:10)

Fomentar a cooperação através da confiança

Facilitar os relacionamentos e desenvolver novas capacidades

Fortalecer aos demais aumentando a autodeterminação

5. Encorajar o coração. Reconhecer as contribuições, através da apreciação pela excelência individual; celebrar os valores e as vitórias, criando um espírito de comunidade. Integrar inteligência espiritual e emocional. (Filemom 1:7)

Valorizar a participação dos colaboradores

Fomentar expectativas positivas Criar espaços para comemorar e

reconhecer ações exemplares.

Essas práticas concretas são congruentes com a seguinte definição, que

tenho adaptado destes autores e de John Maxwell: “Liderança é a arte de

avivar os dons de Deus em nós, influenciando e mobilizando eficazmente a

outros, para que aspirem fazer realidade uma visão compartilhada de

transformação integral”

Podemos concluir que não existe transformação sem liderança exemplar.

Como diz Dallas Willard, a igreja é protagonista preparada por Deus com a

mente de Cristo e o poder do Espírito, para ser parte de uma “conspiração

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divina” para a transformação do mundo. A igreja só é eficaz, quando Cristo é

formado nela (Gálatas 4:19) Não só na espiritualidade, senão também no seu

modelo de liderança servidora.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Qual é a relação das práticas exemplares de liderança com o desenvolvimento

da missão transformadora pela igreja como cooperadora de Deus?

2. Qual das práticas exemplares de liderança considera o maior desafio no

contexto da sua igreja? Por quê?

3. De que maneira, uma liderança exemplar interna na sua igreja local, fortalece

a credibilidade do seu papel para a missão transformadora?

“Quando o pastor ou servidor cristão deixa de se tornar o tipo de líder que

Deus planejou para ele ou ela, todos perdemos a grande oportunidade de

desfrutar do seu dom divino” (John Ortberg)

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Igreja: Agencia de Transformação no Mundo

Contemporâneo

Renildo Diniz Lopes Junior

O QUE SE PASSA NA ATUALIDADE

Toda vez que pensamos na igreja estamos pensando no modelo

estabelecido por Deus para expandir sua missão. A igreja é seguramente o

veículo que expressa com maior naturalidade os planos de Deus em cumprir

seus propósitos, não é a igreja apenas um simples ajuntamento de pessoas que

solidarizam símbolos religiosos, mas, uma comunidade em quem está a

responsabilidade de anunciar as Boas Novas do Reinos de Deus (Lc. 8:1), a

saber Jesus.

Nos últimos anos temos testemunhado a grande ênfase que tem sido

dada pela mídia ao crescimento das igrejas evangélicas, e aqui me refiro as

diversas igrejas locais que se espalham pelo país. O fenômeno é sem dúvida

espantoso, especialmente na América Latina e mais especificamente no Brasil,

onde segundo o senso o número de evangélicos já chega a 25% comparado às

últimas décadas. Esta expansão é variavelmente contrária ao que ocorre em

continentes como a Europa onde a secularização não só da cultura como

também da religião tem transforado os modelos de religiosidade. Enquanto no

Brasil temos uma esteira religiosa ampla e em pleno crescimento das formas

religiosas, em outros países e especialmente em países do velho continente

temos uma espécie de bricolagem que nada mais é que, uma espécie de

sincretismo que ao invés de levar o indivíduo a variar entre vários modelos

religiosos, cria um novo, não institucionalizado nem mesmo ligado as tradições

religiosas herdadas.

O caso brasileiro é interessante pois, não existe aqui uma desaceleração

dos cultos, mas, o contrário; movimentos como os neopentecostais tem crescido

bastante por exemplo. Outro fenômeno interessante paralelo ao crescimento

dos protestantes é o número cada vez maior de pessoas desvinculadas das

instituições religiosas são os chamados “sem igreja”. Isso se dá por diversos

fatores que não dará tempo trabalhar aqui, no entanto vale a pena lembrar que

estas pessoas não se desligam necessariamente das tradições herdadas,

simplesmente não querem mais envolvimento institucional.

Estes fatores que caracterizam em parte a igreja protestante brasileira

têm na verdade, produzido um grande desafio àqueles que se comprometem

com a igreja do Senhor, eu diria que as nossas igrejas precisam refletir muito

sobre o seu verdadeiro papel diante às transformações contemporâneas. Como

ser igreja diante uma sociedade com aspectos religiosos sincréticos e

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triunfalistas? Como responder aos que não acreditam mais nas instituições, que

deveriam ser manifestações da igreja invisível de Cristo, portanto, agências

sinalizadoras do Reino? Que papel esta igreja pode exercer sobre a sociedade

contemporânea? Quando começarmos a encontrar respostas sérias a estas

questões talvez estejamos dando passos significativos a uma transformação que

colocará a igreja como baluarte de transformação da nossa sociedade.

O QUE É ESSENCIAL PARA TRANSFORMAR

Uma igreja que se propõe a transformar uma sociedade necessita ter em

mente algumas características imprescindíveis. Devemos lembrar que a igreja

não é a dona da Missão, ela é cooperadora da Missão que pertence a Deus, isso

leva a igreja a entender que sua existência está sob a dependência de Deus.

Outro fator relevante está no fato que os líderes devem estimular os membros

das suas igrejas a conhecerem a realidade do mundo em que estão inseridos, por

exemplo, quem são e como vivem as pessoas do bairro. Uma das grandes

dificuldades que encontramos nas igrejas locais é sua completa alienação do

estilo e modo de vida das pessoas, na verdade estamos interessados nos

números que preencherão os bancos das nossas congregações e uma igreja que

se propõe a transformar uma sociedade não pode ignorar as lutas e sofrimentos

das pessoas. O que esperamos das nossas igrejas é que elas sejam servidoras,

nesse sentido vejo um problema; virou moda o líder ou pastor se tornar um

administrador, uma espécie de líder sênior, um técnico. O que ocorre no meu

entendimento é que os membros são levados a servirem a instituição com o

pretexto de estarem servindo a Igreja do Senhor, não é pouco o que ouvimos:

“tenha compromisso com a obra do Senhor”! Não é que esteja errado, mas, o

que significa esta obra, seriam os ministérios da igreja local? Seriam os

departamentos? Tudo isso é interessante, mas, quando falamos em uma igreja

servidora devemos ter em mente o fato que a igreja vive para servir os de fora.

Este é um aspecto fundamental, os crentes precisam internalizar a sua função

diaconal, sua tarefa em servir (Mc. 10:45) anunciando o Reino de Deus.

O pastor é, portanto uma peça importante no visionamento da igreja

quanto ao reino de Deus, Jorge Barro em O Pastor Urbano diz: “Quando a meta

da ação pastoral é outra que não o reino de Deus, consequentemente estamos

fora do modelo pastoral de Jesus e com certeza dentro de outros modelos,

especialmente os modelos dos modismos pastorais”. (Barro: pg. 187). O que é

extremamente essencial ao pastor é ter em sua mente sua tarefa bem definida,

levar a igreja a um modelo de rebanho que faça com que esta igreja seja serva da

comunidade em que está inserida.

Finalmente, diria citando Jorge Barro, que é dever do pastor ou líder

saber interpretar o seu tempo. Quando não sabemos traduzir as angustias,

sofrimentos e alegrias das pessoas cometemos o erro de ignorar estas pessoas

como agentes pessoais e as vemos apenas como números. Este erro deve ser

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evitado a todo custo, pois se persistirmos nele daremos claros sinais de que não

entendemos qual a verdadeira tarefa não só do pastorado como também da

igreja. Se queremos transformar a sociedade é tarefa nossa fazer uma releitura

do texto Sagrado, contextualizando-o a um mundo que tem sido transformado

pela secularização.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Como o líder pode interpretar a realidade em que vive?

2. Quais riscos o pastor corre quando se desvia da meta de ação pastoral?

3. Além das sugestões do texto para ser uma igreja transformadora, o que você

poderia acrescentar?

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O Desafio Urbano às Igrejas

Sérgio Paulo Ribeiro Lyra

Segundo dados da ONU, em 1950 não existia em todo o mundo mais do

que sete cidades com população superior a 5 milhões de pessoas. Os mesmos

dados apontavam haver cerca de 100 cidades com mais de um milhão de

habitantes. Apenas 50 anos depois, a realidade é completamente outra. E se

estendermos os horizontes para 2020 espera-se existir mais de 500 cidades

“milionárias”, estando a maioria delas no Terceiro Mundo.

Porém, há um outro fenômeno que também fora previsto. Trata-se da

formação das metrópoles. No entorno de grandes cidades que começaram a

crescer e desenvolver-se aceleradamente, floresceram outras cidades menores.

Não havendo uma definição precisa, no Brasil fala-se de nove a doze

metrópoles.

Conscientes da amplitude que o leque de informações disponibiliza sobre

os aspectos urbanos de uma região metropolitana, tornou-se imperativo

sumariar e delimitar nossa abordagem em apenas quatro aspectos: o

econômico, a sociabilidade, as ações eclesiásticas e as oportunidades

missionárias.

A) Estrutura econômica da Metrópole.

Há duas faces opostas nas grandes cidades. Uma é aquela que

frequentemente aparece nos congressos e relatórios de propaganda

governamentais, nos folders das empresas, nas agências e mapas turísticos.

Nesta face, a cidade é bonita, bem organizada, progressista, afável e ordeira para

com os seus habitantes ou visitantes.

Tomando a cidade do Recife como exemplo, ela é vista como o maior

centro comercial do Nordeste, o segundo melhor centro médico do país,

ostentando dezenas de faculdades e universidades e o seu polo de informática

possui projeção internacional. Além disso, possui diversos polos industriais,

destacando-se o Porto de Suape que vai abrigar o maior estaleiro do hemisfério

sul, uma refinaria de petróleo e outros mega-investimentos. Foi olhando para

essa face das cidades que surgiu a frase publicitária de um “Pernambuco como

nunca se viu”.

Triste, mas verdadeira, é a existência de outra face. As cidades

metropolitanas no Brasil abrigam centenas de favelas e milhões de miseráveis. É

facílimo se deparar com crianças e adolescentes fazendo alguma coisa nos sinais

de trânsito, em busca de conseguir alguns trocados. A cidade da face bela, de

repente, se transmuta e se torna local de milhares de desabrigados,

desempregados, viciados, verdadeiros miseráveis que, vivendo à margem sem

desfrutar de acessos econômicos, se utilizam de meios escusos para viver.

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Se focalizarmos o aspecto da geração de renda e da oferta de empregos,

as metrópoles nordestinas não fogem ao panorama nacional, agravando-o,

inclusive. Pesquisa do IPEA com 130 países, apresenta o Brasil no vergonhoso

segundo lugar no ranking das piores distribuições de renda. Só somos

“melhores” do que a péssima distribuição de Serra Leoa na África. E mais, “de

acordo com o Banco mundial, durantes os primeiros 25 anos do século 21, a

pobreza mundial será cada vez mais concentrada nos grandes centros urbanos.”

Milhares de retirantes das cidades do interior, em particular daquelas que não

apresentam opções de renda, chegaram, e ainda chegam, às capitais em busca

de melhores condições de vida. Isto amplia as dificuldades e geram uma grande

grama de problemas estruturais. São essas pessoas que adensam as favelas e

produzem uma imensa oferta de mão de obra não qualificada, sendo muitos os

analfabetos.

Mudanças na sociabilidade urbana

Ao contrário das pequenas cidades do interior, o contexto urbano das

metrópoles impõe a pressa, a concorrência, a presença incógnita, a valorização

extrema da privacidade e o consequente isolacionismo social, a preocupação

com a segurança, a inversão do valor de ser pelo ter e a inevitável restrição à

sociabilidade que tudo isto provoca.

As grandes transformações urbanísticas e tecnológicas não permitem

mais o compartilhar de espaços comuns. Os espaços antes representados pelas

praças e passeios públicos não têm mais importância na lógica atual da vida

urbana. Assim, a metrópole não é mais a cidade portadora de um centro

marcado por monumentos, casas de espetáculo, restaurantes e ruas de lazer e

compras. Hoje os habitantes de classe média das metrópoles pertencem mais

aos bairros, verdadeiros novos centros onde lá se encontra praticamente tudo.

Quanto mais rico o bairro, mais limpeza, mais iluminação, mais segurança,

melhores acessos e mais oferta variada de produtos e serviços.

Diante deste novo ambiente, fatores geradores de sociabilidade como a

rua, a feira, a praça e a igreja central perdem completamente os seus papeis

como elementos facilitadores da socialização na cidade, descaracterizando,

quase que por completo, o perfil interiorano na metrópole. A metrópole

moderna foi afetada por mudanças radicais. Uma simples análise deixa exposto

o seguinte para a classe média urbana:

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Quadro comparativo (Adaptado)

Dentre as características de sociabilidade nas metrópoles, a exigência por

privacidade se destaca como uma sensora vigilante. Mora-se geograficamente

próximo, mas, esses vizinhos pouco sabem além do número do apartamento um

do outro.

Não podemos deixar de questionar quanto dessa mudança de

sociabilidade urbana tem afetado as igrejas. A primeira vista, identificamos

quatro áreas seriamente afetadas e que carecem de investigações posteriores

mais acuradas.

(1) Primeiro, identifica-se claramente pais cristãos educando seus filhos não

para servirem a Deus, mas para buscarem o sucesso conceituado e estabelecido

pela sociedade não-cristã, produzindo a idolatria, ou no mínimo uma mega-

valorização, do dinheiro, da carreira e do benefício sócio-econômico.

(2) Segundo, há um processo de evangelização elitizada, e consequentemente, a

criação do isolamento, gerando a formação de guetos evangélicos, entenda-se

comunidade auto-centrada, que pressupõem um nível social “adequado” para

uma determinada igreja.

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(3) Terceiro, o isolamento quase que anula as possibilidades de ser testemunha,

pois fechando-se na redoma da auto-proteção e auto-interesse, como cruzar

barreiras e servir de testemunha de Jesus à cidade?

(4) Quarto, o elitismo separatista faz com que a comunidade cristã dessas

igrejas fique alheia à realidade da cidade que fica cada vez mais distante e

alienada em todos os sentidos.

Outro exemplo do isolacionismo social urbano atual é a preponderância

do “carro individualizado” como meio de transporte, cuja ostentação de

privilégio é a negação à sociabilização igualitária, quando comparado à

sociabilização que o transporte coletivo proporciona. Nas metrópoles há bairros

onde o fluxo de carros particulares na ida e volta ao trabalho é tão intenso, que

produz congestionamentos regulares e quilométricos. A pobreza nesses bairros

ricos é uma chaga indesejável, perigosa, uma agressão ao que se ver. A presença

de pobres é apenas de passagem, eles só se fazem perceptíveis através das

empregadas domésticas, funcionários de prédios e outros profissionais de

serviços com pouca qualificação profissional.

Entretanto, outra é a realidade nos bairros periféricos e nas cidades

agregadas às capitais. Milhares de pessoas agrupadas pela parca renda e

disponibilidade de investimentos, formam outro gueto, agora caracterizado pelo

ciclo da pobreza. São pessoas cujo estilo de vida reflete muito da sociabilidade

das cidades do interior. A rua e os lugares públicos, os festejos populares e

religiosos voltam a assumir valores de sociabilização.

Essa duplicidade exclusivista retrata a realidade de toda metrópole. Há a

existência de uma “polifonia social” que mistura contextos sócio-econômicos

colocando-os lado a lado pela teia de atividades da cidade, e também produz

isolacionamento, elitização, marginalização e aglomeração geográfica de classes

sociais.

Não se deve passar despercebido que o contexto econômico nas

metrópoles impõe certas posses como um status quo social. Isto faz com o fato

de possuir determinado objeto significa progresso e participação social, gerando

uma sensação de semelhança e pertencimento. O melhor exemplo disto é o

telefone celular. A grande cidade “determinou“ que é imprescindível para todos

os seus habitantes possuírem um. Assim, quem o possui está atualizado e

“conectado” com os demais habitantes da metrópole, podendo ser “achado” no

meio da multidão a qualquer hora. Em menores proporções, o mesmo vem

ocorrendo com o DVD, a roupa e o sapato da estação etc.

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Oportunidades missionárias.

Uma região metropolitana é um verdadeiro misto de realidades sócio-

econômicas. Não é possível, por hipótese alguma, imaginar que a concentração

metropolitana de tecnologia, meios de transportes, serviços públicos, escolas,

hospitais e os fatores de sociabilidade estão igualitariamente distribuídos. Logo,

é fácil deduzir que o perfil de uma pessoa urbana, irá sofrer a influência,

desejável ou não, dessa distribuição diferenciada de acessos e fatores,

modelando a pluralidade. Consequentemente, as igrejas também irão sofrer tal

fatiamento urbano, mesmo que em menor escalar. Por essa razão, quando

falamos em oportunidades urbanas, nos referimos à pluralidade de contextos e

situações que existem nas metrópoles e que irão potencializar as ações

missionárias a partir de suas igrejas locais.

Esses múltiplos perfis precisam ser vistos pelas igrejas como

oportunidades missionárias. Na pesquisa que realizamos, identificamos que na

Região Metropolitana do Recife, em particular para a Igreja Presbiteriana do

Brasil, a existência de sete presbitérios, com um total de 53 igrejas organizadas.

Adicionando a existência de igrejas batistas, metodistas, congregacionais e de

outras denominações evangélicas, essa metrópole se torna um estratégico centro

missionário. Leve-se em consideração que há igrejas estabelecidas em quase

todos os locais, porém elas não trabalham missionariamente articuladas.

Parece-nos até que apenas crentes de uma ou outra denominação terão acesso

ao Reino de Deus.

Outro fator de importância missiológica identificado é que há muitos

membros das igrejas metropolitanas que possuem parentes em outras partes da

metrópole. Uma vez quebrado o muro da inércia e da alienação, inúmeras

oportunidades missionárias poderão surgir simplesmente através de vínculos

familiares.

Entretanto, o que observamos é que a grande maioria das ações

missionárias urbanas é o resultado de uma iniciativa das igrejas locais sem

planejamento. A parceria de igrejas em prol do Reino precisa ser restaurada

como uma verdadeira oportunidade missionária a partir da metrópole, podendo

somar esforços, difundir e suprir necessidades, oferecer treinamentos

específicos, oportunizando diversas propostas de missões.

Por fim, merece atenção, ainda, cinco aspectos da ação social e da

evangelização aos pobres.

(1) Primeiro, que é inegociável reconhecer que nenhuma comunidade de servos

de Deus pode alienar-se à realidade da miséria existente no contexto em que a

igreja está inserida, por mais doloroso que tal processo de conhecimento e

participação venha a ser, ou por maior que seja a extensão da miséria.

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(2) Segundo, é preciso afirmar que as grandes proporções de pobreza existente,

não podem servir de justificativas para a inércia da Igreja. A Igreja é a

comunidade “sal e luz” e precisa se voltar para o mundo não-cristão com

modelos de solidariedade, com projetos e ações criativas produzindo mudanças

permanentes, mesmo que atinja pequenas proporções de pessoas com almas

sedentas de graça e corpos famintos de pão.

(3) Terceiro, a participação das igrejas urbanas mais abastadas precisa mudar o

foco da auto-aplicação dos recursos materiais e humanos e direcioná-los mais

abundantemente para as áreas de pobreza das cidades e também para áreas

rurais de miséria.

(4) Quarto, seguindo a orientação do apóstolo Paulo, em cada igreja local as

famílias devem ser incentivadas a reservar mensalmente um pouco do seu

ganho para ser destinado ao socorro dos necessitados, desfrutando assim da

bem-aventurança de dar (At. 20:35).

(5) Quinto, é urgente a necessidade de quebrar os muros de separação e

produzir participação em ações de parcerias sociais com outras comunidades

reconhecidamente evangélicas, no propósito se fazer ouvida em alto e bom som

a voz profética da Igreja contra a injustiça social e o descaso contra os

desprovidos, tornando tal atuação uma influência nas decisões políticas de

investimentos e planejamento sociais, à semelhança do ideal de ajuda aos

pobres e igualdade social que João Calvino desejava e buscou produzir na

cidade de Genebra.

Por amor a Cristo; por crermos que a Sua igreja é comissionada para

evangelização e ação social; por obediência à Palavra; por vermos no outro

necessitado a imagem de Deus e por crermos que o estado de pobreza e miséria

não honra a Deus, embora possa ser por Ele usado como disciplina e ensino

divinos, não cuidar da causa do pobre e miserável é inquestionavelmente

pecado!

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PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Porque nas grandes metrópoles há grande concentração de miseráveis?

2. Qual a relação entre o desvio do capitalismo e a pobreza nas grades Cidades?

3. E a Igreja? Qual o seu papel diante desta realidade?

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Os Fatores Essenciais e as Melhores Práticas para

Engajar sua Igreja na Missão Integral de Deus

Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist

Qual a missão do Povo de Deus (ou seja, da Igreja)? Em poucas palavras,

a missão dos seguidores de Jesus se refere à proclamação e demonstração das

boas novas da nova vida em Jesus e da presença do Reino de Deus. Enfatiza um

compromisso de viver nossa fé individual e coletiva “à maneira de Jesus” (1 Jo.

2.4-6). Destaca que Deus chama seu povo a compartilhar a plenitude do

Evangelho que transforma a vida em todas as suas dimensões: do indivíduo

para a sociedade. Mas, como conduzir a igreja no processo de amadurecimento

a fim de que ela se torne um canal eficaz do todo Evangelho em palavras e ações,

cooperando com Deus na missão integral dEle?

Os seguintes fatores e práticas foram identificados numa pesquisa feita

com várias igrejas da Convenção Batista Nacional do Brasil (CBN) já engajadas

em ministérios que refletem a missão integral de Deus.* Eles representam um

entendimento comum a respeito dos elementos, práticas ou estratégias

necessários que facilitem a transição da igreja focada em si mesma para uma

igreja equilibrada que, simultaneamente, cuida dos seus membros e os equipa

para mostrar o amor de Deus e as Boas Novas de Jesus em palavras e ações.

Fatores essenciais

1. O PASTOR

O pastor é a pessoa chave para promover a visão da missão integral de

Deus e o papel da igreja local nela. O pastor precisa ter uma compreensão

profunda e clara do mandato bíblico de que cada discípulo deve se engajar na

missão de Deus no mundo, “na maneira de Jesus”. Se o pastor estiver relutante

ou tiver dúvidas sobre a necessidade de participar da missão de Deus além das

quatro paredes da igreja, a igreja continuará a andar lentamente, investindo

exclusivamente em ministérios que beneficiam os próprios membros.

O pastor é quem seleciona e treina a equipe de liderança responsável por

mobilizar a igreja para a missão integral. Um pastor afirmou com paixão:

“Permita o seu povo trabalhar! Liberte o seu povo para fazer aquilo que o

Espírito Santo o chamou a fazer!”

2. ORAÇÃO

Pela oração, a igreja busca a vontade de Deus para a sua missão

específica. Uma igreja mobilizada para a missão integral de Deus organiza

campanhas de oração e inclui em sua pauta de oração tanto os de dentro quanto

os de fora da igreja.

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A campanha de oração não é somente para “conseguir algo” de Deus, mas

sim, para que cresçamos em nossa compreensão acerca da Sua vontade e da

nossa identidade como a igreja. A conversa com Deus em oração nos ajuda a

compreender melhor o nosso papel particular na missão divina. Pedimos a Deus

que nos revele qual a vocação específica da igreja e a maneira como ela pode

abençoar sua comunidade.

3. O ESPÍRITO SANTO

As igrejas que Deus usa para abençoar a comunidade e o mundo ouvem à

instrução do Espírito e se apressam a obedecer. O Espírito fala de diversas

maneiras: por meio de sonhos, pregações, da leitura da Bíblia, profecias e do

conselho ou ensinamento de outros discípulos.

A obra do Espírito Santo é de promover unidade, força, perseverança, e

crescimento espiritual e missionário da igreja, de mobilizar todo membro a fazer

parte da missão integral de Deus. Um estudo sobre o papel e as funções dos

dons espirituais possibilita os membros a descobrirem seus dons particulares.

4. A EQUIPE DE MOBILIZADORES DE MISSÕES

Igrejas atuantes na missão integral de Deus têm um determinado grupo

de pessoas que guia e incentiva a participação de todo membro nos projetos.

Membros da “Equipe de Mobilizadores de Missões” são homens e mulheres de

fé profunda, pessoas apaixonadas a cooperar com Deus na missão dEle no

mundo, que demonstram perseverança diante de dificuldades, e são respeitadas

pela igreja porque mostram todas essas qualidades. O tamanho ideal para a

Equipe é de cinco a doze membros. Sua tarefa é mobilizar os dons e habilidades

dos membros para responder às necessidades de um determinado projeto.

O ideal seria que os membros da Equipe ficassem responsáveis para as

funções de: educação missionária, comunicação, levantamento de recursos,

informação e intercessão (oração), e gestão de projetos missionários. Uma

tarefa importante da Equipe é de compartilhar informações sobre o progresso

dos projetos, e levantar as necessidades espirituais e físicas deles diante da

igreja.

5. FORMAÇÃO DA LIDERANÇA DA IGREJA

O pastor e a Equipe de Mobilizadores de Missões aproveitam toda

oportunidade para comunicar claramente à liderança qual a visão de Deus para

a igreja. Uma responsabilidade importante do pastor e dos líderes é ajudar os

membros a descobrirem por que a igreja existe, e em qual parte eles podem

atuar individualmente e coletivamente na missão de Deus. Em particular, a

liderança ensina que os membros fazem parte da igreja e recebem a cura de

Deus e o cuidado da igreja não apenas para o próprio benefício, mas sim, para

serem capazes de compartilhar essas mesmas bênçãos com pessoas que ainda

não fazem parte da família de Deus..

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6. COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO TRABALHO

Um papel importante da Equipe de Mobilizadores de Missão e do pastor

é divulgar os ministérios da igreja com regularidade, empregando vários meios

de comunicação, tais como fotos, vídeos, PowerPoints, um blog, Facebook, um

web site, cartazes e exibições. Os líderes convidam membros da igreja que

servem num determinado ministério para contar a sua história durante o culto,

testemunhando como Deus está trabalhando em e por meio de todos os

envolvidos no projeto.

Uma igreja pesquisada afixa grandes cartazes (de um metro quadrado)

destacando os vários ministérios dela no fundo do templo. Junto com os

cartazes, ela coloca um banner enorme que apresenta a relação financeira,

mostrando as ofertas recebidas e os investimentos feitos em cada ministério.

Muitas igrejas dedicam um quadro de notícias no hall de entrada para afixar

fotos dos trabalhos e os resultados atualizados.

7. CONFERENCIA MISSIONÁRIA

A conferência missionária estimula a compreensão e o compromisso dos

membros para a missão integral que Deus tem para a igreja. Os membros

aprendem que Deus tem chamado e capacitado a igreja para participar da

missão dEle simultaneamente em Jerusalém, na Judeia, e até aos confins da

terra (Atos 1.8).

Melhores Práticas e Estratégias para Engajar sua igreja na Missão Integral de

Deus

1. DESCOBRIR O “DNA MISSIONÁRIO” DA IGREJA

Cada igreja-família é composta por uma constelação única de membros

com vários dons, habilidades e experiências, que são os principais componentes

do “DNA missionário” da igreja. Outros componentes incluem os recursos

físicos e financeiros, o contexto onde a igreja está localizada, sua experiência

congregacional em projetos evangelísticos e missionários, e sua paixão por um

determinado tipo de ministério (por exemplo, trabalhar com crianças,

moradores de rua, mães solteiras, jovens profissionais, viúvas, dependentes

químicos, etc.).

A liderança da igreja estimula os membros a refletirem sobre questões

cruciais a respeito da identidade da igreja: Quem somos nós como igreja? Deus

está nos preparando e chamando a fazer o que nessa comunidade? No mundo?

Estamos apaixonados com o que, ou com quem (com qual tipo de trabalho ou

público alvo)?

2. PESQUISAR A COMUNIDADE

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Para que a igreja cresça na fidelidade e obediência e participe da missão

de Deus, é necessário descobrir as oportunidades que Deus já preparou por ela

na comunidade local. O processo começa com uma pesquisa do contexto social,

geográfico e político ao redor da igreja.

Uma maneira prática para realizar uma pesquisa na comunidade é

realmente andar pelas ruas, observando o povo (idade, raça, nível

socioeconômico, situação familiar), a presença ou ausência de serviços (saúde,

educação, espiritual, polícia, bombeiros, bem-estar social), a condição das

moradias, os recursos da comunidade, e o “humor” espiritual do bairro.

Andando pela comunidade, a igreja ora pelas pessoas, pelos seus

relacionamentos, e pelo futuro da comunidade.

3. VISITAR OUTRAS IGREJAS

É proveitoso visitar outras igrejas para aprender com elas, mas nunca

para imitá-las. Em nenhum caso uma igreja deve “importar” o modelo da outra,

com a expectativa de produzir resultados semelhantes. Isso é uma receita para

decepção, desânimo e até desastre. Além disso, mostra desdém pela forma única

em que Deus forma e chama cada igreja-família.

4. COMEÇAR COM UM PROJETO “SEMENTE”

Todas as igrejas estudadas começaram com um pequeno projeto

“semente”. Depois que a igreja experimentar sucesso em um pequeno projeto

com objetivos discretos, ela estará pronta a expandir o projeto ou criar outros.

Simultaneamente, os membros são orientados pelas sermões, aulas e

pelos estudos bíblicos sobre a teologia e a prática da missão integral. O processo

de reflexão–ação rende mais fruto quando os participantes se envolvem em um

processo dinâmico de “aprender por fazer”: aprender os princípios básicos da

missão de Deus, aplicar a teoria (ou teologia), refletir sobre os resultados,

adquirir conhecimento teórico adicional, testá-lo na aplicação, e assim por

diante.

5. DAR TEMPO!

Participar da missão integral de Deus é um modo de vida que requer

compromisso a longo prazo, paciência e perseverança para avançar passo a

passo. Além disso, o trabalho na comunidade requer que a igreja prepare

equipes com a experiência e as habilidades necessárias, obtenha a autorização

necessária, e crie uma infraestrutura adequada. Tudo isso leva tempo, e exige

muita paciência e compromisso.

6. MANTER A TRANSPARÊNCIA FINANCEIRA

Os membros têm todo prazer em doar à igreja, mas somente com a

confiança de que suas doações estão sendo usadas corretamente. No mundo de

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hoje, com corrupção desenfreada, até com pastores de destaque abusando das

finanças da igreja, os apoiadores precisam ter a certeza de que seu dinheiro não

esteja sendo desviado para o uso pessoal do pastor ou outro líder da igreja.

É imperativo que a liderança da igreja seja extremamente transparente

com todos os recursos financeiros recolhidos e utilizados para o ministério. Um

relatório financeiro fornece uma prestação de contas periódico de como os

fundos foram gastos. Acima de tudo, o relatório financeiro destaca como Deus

tem graciosamente utilizado os membros da igreja para abençoar outros.

7. FORMAR UMA ASSOCIAÇÃO

Algumas igrejas têm criado uma associação paralela, mas juridicamente

independente, da igreja para administrar seus projetos em missão integral. A

separação jurídica entre a igreja e a associação tem duas vantagens. Por um

lado, ela protege a igreja de julgamentos de tribunal que podem resultar do

trabalho social. Por outro, a independência legal também permite a igreja a

utilizar verbas do governo nos programas comunitários.

PEGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Dos fatores essenciais, quais sua igreja já tem e quais ela ainda precisa

desenvolver?

2. Das práticas essenciais, quais sua igreja já exerce e quais ela ainda precisa

desenvolver?

3. Identifique uma área em que sua igreja deve crescer baseada nos resultados

dessa pesquisa citada no texto. Quem é a pessoa chave para conduzir essa

mudança?

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Igreja Integral

Leandro Silva Virgíneo

“Deus, por sua graça, tem dado à igreja local a tarefa da missão integral. O

futuro da missão integral se define em termos de plantar igrejas locais e

capacitá-las para que transformem as comunidades das quais fazem parte. As

igrejas, como comunidades inclusivas e que se importam, estão no âmago do

que significa fazer missão integral.” (Declaração de Miquéias sobre missão

integral)

“Em todo mundo, uma das áreas mais negligenciadas da pesquisa

missionária é a eclesiologia”. Essa é uma das importantes constatações que

Charles Van Engen faz na introdução de seu clássico livro “Povo Missionário,

Povo de Deus”. Ela aponta para a urgência de uma profunda reflexão sobre o

papel, identidade e impacto da igreja local como principal agência de Deus para

a transformação, a qual já está presente na maioria das comunidades e que

continuará presente no futuro.

Como afirma C. René Padilla:

“um dos maiores desafios que temos como cristãos no início do terceiro milênio

é a articulação e a implementação prática de uma eclesiologia que vê a igreja

local, e particularmente a igreja das pessoas pobres, como o principal agente

da missão integral”.

Quais seriam os aspectos distintivos, as marcas, a identidade de uma igreja local

fielmente comprometida em ser cooperadora da missão de Deus no mundo? Por

certo, existem indicadores e marcos de referencia para o desenvolvimento de

uma igreja que avança sendo ela própria transformada e transformando a

comunidade em que foi plantada pelo Senhor.

IGREJA INTEGRAL: SUA INDENTIDADE

Qual a expectativa de Cristo quanto a seu povo? Ele a expressa de forma clara no

sermão do monte, usando as metáforas do sal e da luz:

“Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo?

Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens.

Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre

um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de

uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a

todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens,

para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos

céus” (Mateus 5.13-16).

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Em seu livro “Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos”, John Stott destaca

que estas duas metáforas abrangem duas verdades fundamentais quanto à

identidade da igreja:

Vejamos:

1. Os cristãos devem ser fundamentalmente diferentes daqueles que não

são cristãos. Ambas as imagens – sal e luz – distinguem as duas

comunidades. O mundo é sombrio, mas os cristãos devem ser sua luz. O

mundo é decadente, mas os cristãos devem ser o sal que impede a

deterioração. Se o sal não mantiver sua salinidade, para nada serve. Se a

luz não mantiver seu brilho, torna-se inútil. Os seguidores de Cristo

devem mergulhar no mundo, e serem agentes de transformação por meio

de sua salinidade e brilho, bem destacados no restante do sermão do

monte: “Uma justiça melhor – a do coração -, um amor maior – que

abarca até mesmo os inimigos -, a uma devoção mais profunda – que

inclui crianças chegando ao pai, e a uma ambição mais nobre – buscar

em primeiro lugar o governo de Deus e a sua justiça”.

2. Os cristãos devem influenciar a sociedade. Assim como antes da

refrigeração (quando o sal era o melhor conservante conhecido), o sal

deveria ser esfregado na carne para deter a decomposição bacteriana,

apesar de não ser completamente impedida. A luz é ainda mais eficaz,

pois quando acesa dissipa totalmente a escuridão. Isso nos leva a

pergunta: porque os cristãos não influenciam muito mais a sociedade em

favor do bem? Porque o grande exercito de cristãos presentes nas igrejas

locais não tem tido um papel mais efetivo para servir a sociedade em

favor da justiça?

Tom Sine assim responde a essa pergunta:

“Temos sido extremamente eficientes em diluir seu ensino rígido (de Cristo) e

em mutilar seu evangelho radical. Isso explica porque (...) fazemos uma

diferença tão pequena na sociedade, o que é embaraçoso”.

Para que esse quadro mude precisamos de um discipulado integral, que leve a

igreja a um envolvimento com os desafios da sua comunidade, pois como diz

Stott,

“mais importante do que meros números de discípulos professos é a qualidade

do seu discipulado e sua ação estratégica para influenciar a sociedade”.

Se a rua estiver escura ao anoitecer, não faz sentido culpar a rua. O

Senhor Jesus nos disse para sermos o sal da terra e a luz do mundo. Se a

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escuridão e a podridão abundam, grande parte da culpa é nossa e devemos nos

arrepender e passar a uma atitude de serviço e testemunho junto a nossa

comunidade e sociedade.

IGREJA INTEGRAL: MARCAS

Em seu artigo "Uma Eclesiologia para a Missão Integral", o teólogo

latino-americano René Padilla fala sobre quatro características de uma igreja

que, pelo poder do Espírito Santo, está em condições de cumprir o papel de "sal

da terra" e "luz do mundo" na sua comunidade:

"As igrejas que produzem um verdadeiro impacto evangélico - derivado do

evangelho e, consequentemente, transformador na sociedade - são igrejas que

tem certas características comuns que não impedem, mas facilitam esse

impacto".

Em resumo são elas:

1. O COMPROMISSO COM JESUS CRISTO COMO SENHOR DA TOTALIDADE

DA VIDA E DA CRIAÇÃO

A afirmação de Jesus como Senhor, que bem poderia ser considerada o

eixo da mensagem apostólica, equivale à afirmação de que o Reino de Deus se

tornou uma realidade presente na história e pessoa de Jesus Cristo. Esta igreja

entende que todos os âmbitos da vida são "campos missionários" e busca formas

de afirmar a soberania universal de Jesus Cristo em todos eles (família,

profissão, estudos, comunidade, etc).

2. O DISCIPULADO CRISTÃO

O discipulado entendido como um estilo de vida missionário (a

participação ativa na realização do propósito de Deus para a vida humana e para

toda a criação relevado em Jesus Cristo ao qual cada membro da igreja foi

convocado resume o conteúdo da missão da igreja. Na perspectiva bíblica a

ortopraxia (a obediência pratica a tudo o que Jesus ordenou a seus discípulos) é

tão importante quanto a ortodoxia (ensino), já que tem como meta que os

discípulos vivam uma vida marcada pelo amor. Os discípulos se distinguem pelo

estilo de vida que reflete o amor e a justiça do Reino de Deus.

3. UMA VISÃO BÍBLICA DE IGREJA

A igreja é a comunidade que confessa Jesus Cristo como Senhor de tudo e

de todos, de tal modo que nela se vislumbra o inicio de uma nova humanidade.

O testemunho da Igreja não consiste somente em palavras: seu testemunho é

essencialmente encarnacional. O senhorio de Jesus constitui a base da missão

da igreja. Porque Ele recebeu todo o poder e autoridade nos céus e na terra, a

igreja é chamada a fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20).

4. OS DONS E MINISTÉRIOS

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Os dons e ministérios são o meio que o Espírito de Deus utiliza para

capacitar a igreja, como gestora de mudanças na sociedade - mudanças que

refletem o propósito de Deus para a vida humana e para toda a criação - e a

todos os crentes para o cumprimento de sua vocação como colaboradores de

Deus no mundo (1 Coríntios 12.4-6). O papel dos pastores e líderes é capacitar o

povo para a obra do ministério, para edificar o corpo de Cristo (Efésios 4.11-12).

IGREJA INTEGRAL: SEU IMPACTO

Como avaliar o impacto e o ministério de uma igreja integral na

comunidade onde Deus a plantou? Em nosso serviço junto a igrejas locais, é

natural que desejemos avaliar como estamos indo. E que para isso definamos

indicadores claros que nortearão nosso entendimento e nos dirão quão exitoso

tem sido nosso serviço ministerial. Timothy Keller, pastor e plantador da Igreja

Presbiteriana O Redentor (Redeemer Presbiterian Church) na cidade de Nova

York, aborda na introdução de seu livro “Central Church” (“La Iglesia

Centrada”, em espanhol. Ainda sem tradução para o português) algumas formas

de fazer essa avaliação:

Sugue as três formas de maneira resumida:

1. Êxito. Essa é a forma como muitos ministros avaliam seu ministério e igreja

hoje. Dizem que se sua igreja está crescendo em número de conversões,

membros e ofertas, isto se dá devido a um ministério eficaz. Se este for o único

indicador para avaliar o ministério de uma igreja local, como lidar com o fato de

que o crescimento numérico dos templos e do número de evangélicos tem

produzido tão pouca transformação social, ética, econômica, espiritual nos

bairros e cidades brasileiras? O “êxito” (definido em números, prédios,

estatísticas, finanças, etc) não constitui um critério suficiente para mensurar o

impacto de uma igreja em sua comunidade.

2. Fidelidade. Keller aponta que por outro lado, em contraposição a ênfase no

êxito numérico, muitos entendem que o único critério verdadeiro para os

ministros é a fidelidade. Sob este ponto de vista, o que importa é que o ministro

tenha uma doutrina solida, seja de caráter piedoso e fiel em sua pregação e

trabalho. Ainda assim a repercussão negativa “fiel sem êxito” é um simplismo

que também oferece perigos. É simplista dizer que o que importa é somente

fidelidade. Há muitos ministérios fieis em sua pregação e vida piedosa, mas que

não tem nenhum impacto para além dos muros do templo onde a igreja se

reúne. É necessário mais que fidelidade para avaliar se na realidade estamos

sendo os ministros que deveríamos ser.

3. Produtividade (Frutificação). Keller propõe outra premissa para a

avaliação ministerial, com um caráter mais bíblico do que somente o êxito ou a

fidelidade: a produtividade (ou frutificação). Jesus disse que seus discípulos

deveriam “dar muito fruto” (João 15.8). O apóstolo Paulo ensinou essa verdade

de modo ainda mais especifico:

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- Ele se referiu as conversões como “fruto” quando quis pregar a mensagem do

evangelho em Roma, “para ter também entre vós algum fruto, como entre os

demais gentios” (Romanos 1:13).

- Também falou do “fruto” do caráter piedoso que o ministro deseja ver crescer

nos cristãos que estão sob seu pastoreio. Isto inclui o “fruto do Espirito”

(Gálatas 5.22).

- As boas obras, como ser compassivo com o pobre e o necessitado, trabalhar

por justiça e por transformação, também são denominadas como “fruto”

(Romanos 15.28).

Ao falar sobre o desenvolvimento pastoral das congregações, Paulo as

comparou a um jardim. Ele se referiu aos cristãos coríntios como “campo de

cultivo de Deus”, no qual alguns ministros plantaram, alguns regaram e outros

colheram. Como aponta Keller, “A metáfora do jardim nos demonstra que o

êxito ou a fidelidade por si mesmo são critérios insuficientes para avaliar o

ministério. Os jardineiros devem ser fieis em seu trabalho, porem devem ser

também habilidosos, ou o jardim não florescera”. O fruto que deve florescer no

seio de nossas igrejas locais e nas regiões onde estão plantadas são vidas e

comunidades radicalmente transformadas; o caráter piedoso e vida de serviço

que são fruto de um discipulado integral; obras de justiça e amor, que

expressem uma criativa e impactante resposta as imensas necessidades ao nosso

redor. Todos estes sinais da presença dinâmica do Reino de Deus atuando nos

cristãos a por meio destes.

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BIBLIOGRAFIA:

STOTT, John. Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos. Viçosa. Editora

Ultimato. 2014.

PADILLA, C. René; COUTO, Péricles. Igreja: Agente de Transformação.

Curitiba. Ediciones Kayros e Missão Aliança. 2011.

ENGEN, Charles Van. Povo Missionário, Povo de Deus: Por uma redefinição do

papel da igreja local. São Paulo. Vida Nova. 1996.

MUZIO, Rubens. O DNA da Igreja: Comunidades cristãs transformando a

nação. Curitiba. Editora Esperança. 2010. KELLER, Timothy J. La Iglesia

Centrada: cómo ejercer un ministerio equilibrado y centrado en el evangelio em

su ciudad. Miami. Editorial Vida. 2012.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Leia novamente Mateus 5.13-16 e responda: como sua igreja poderá exercer o

papel de “sal” e “luz” no contexto de sua comunidade? Quais são as necessidades

do povo a quem vocês são chamados a servir?

2. No texto foram citadas quatro marcas de uma Igreja Integral. Que atividades

poderiam ser realizadas no atual momento de sua igreja para cooperar no

desenvolvimento de cada uma destas quatro marcas que facilitam o impacto da

igreja como agente de transformação integral? Use a tabela na página seguinte:

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Marca Liste algumas iniciativas que

poderiam ser tomadas hoje em

sua igreja

PROMOVER O COMPROMISSO

COM JESUS CRISTO COMO

SENHOR DA TOTALIDADE DA

VIDA E DA CRIAÇÃO

TER UM PROCESSO

DISCIPULADO CRISTÃO

INTEGRAL

FORMAR UMA VISÃO BÍBLICA

DE IGREJA

MOBILIZAR OS CRISTÃOS

PARA O USO DOS DONS E

MINISTÉRIOS NO SERVIÇO A

SOCIEDADE

3. Use as tabela abaixo para refletir sobre o impacto e crescimento de sua igreja

e em seguida responda: existe um crescimento equilibrado em todas as

dimensões? Em quais áreas estão suas fraquezas? O que deve ser feito para

mudar este quadro?

Analise cada fruto em relação à realidade atual de sua igreja e dê uma nota

sincera entre 1 a 5, sendo:

1. Nenhum progresso nos últimos 12 meses

2. Pouco progresso nos últimos 12 meses

3. Médio progresso nos últimos 12 meses

4. Bom progresso nos últimos 12 meses

5. Ótimo progresso nos últimos 12 meses

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“FRUTO” NOTA

“Fruto” de vidas convertidas a Jesus Cristo (Romanos 1:13).

- “Fruto” do caráter transformado e piedoso crescendo nos

cristãos. Isto inclui o “fruto do Espirito” (Gálatas 5.22).

- “Fruto” de boas obras, como ser compassivo com o pobre

e o necessitado, trabalhar por justiça e por transformação

em sua comunidade e cidade (Romanos 15.28).

(Pense para além de ações como a “campanha do alimento”,

dia de ação social ou outras atividades corriqueiras).

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Implantando Pequenos Grupos na Igreja

Tiago Nogueira de Souza

Como bem sabemos, o Pacto de Lausanne afirma: "O evangelho todo,

para o homem todo e para todos os homens”. Em minha caminhada cristã,

tenho aprendido que as dimensões da igreja se aplicam nessa perspectiva.

Dessa forma, uma igreja que trabalha em pequenos grupos não foge

dessa realidade. A integralidade do ser humano está presente no dia a dia, nos

relacionamentos, amizades, discipulado, evangelismo, ou seja, um pequeno

grupo sadio tem a obrigação de se envolver com a missão integral e desenvolver

uma prática que, onde ela estiver inserida, possa fazer diferença. Um pequeno

grupo precisa fazer a diferença na vida das pessoas que ele tem alcançado, dessa

maneira será Sal e Luz.

A igreja desenvolvendo a Missão de Deus

Portanto, estamos diante a uma grande missão. A Missio Dei é a nossa

missão. Imagine o que seria de nossa igreja se os cristãos realmente

entendessem isso e levassem a sério a Missão de Deus. O que significa, em

primeiro lugar, que a igreja não está centrada na igreja em si, mas está centrada

no que Jesus chamou de o Reino de Deus.

Certa vez ouvi uma história de uma igreja de duas asas, que podia voar

por toda a terra e fazer a vontade do Criador. Uma asa era o grande grupo e a

outra era o grupo pequeno. Conforme a história avança, a serpente orgulhosa

que não tinha nenhuma asa veio e convenceu a igreja a voar apenas com a asa

do grupo grande, e não usar mais a asa do grupo pequeno. Com isso, a asa do

grupo pequeno atrofiou e a igreja não pode fazer muito mais do que voar em

círculos, e gastou muito do seu tempo no chão em sua casa de passarinho.

Então, o Criador teve que fazer uma nova igreja com duas asas que pudesse voar

novamente para cumprir os seus planos.

Quando a igreja perde de vista a centralidade do Senhor Jesus Cristo,

deixa de ser a igreja e passa a ser uma seita religiosa incapaz de relacionar sua

mensagem com vida prática e a vida pública. A igreja integral é aquela que

entende que todos os âmbitos da vida são campos missionários e busca forma de

afirmar a soberania de Jesus Cristo em todos eles.

Em pequenos grupos, uma igreja consegue compreender melhor a

respeito dos seus dons e serviços e consegue praticá-los de maneira mais

objetiva. Cada pequeno grupo se torna um núcleo missionário, cada líder

cuidando de um pequeno rebanho e ajudando na formação de outros líderes,

que cuidarão de pequenos rebanhos. Ao mesmo tempo, cada pequeno grupo

realiza a sua missão, discipulando outras pessoas, agindo no meio social,

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trazendo amigos e parentes para os grupos, vivendo, enfim, o seu chamado, não

de maneira teórica, mas de maneira prática.

Pessoas se relacionando com outras pessoas - Igreja se

desenvolvendo

A evangelização por meio dos pequenos grupos foge um pouco do sistema

tradicional e é focada na base dos relacionamentos. As pessoas aceitam o seu

convite para uma reunião ou a um evento porque lhe conhecem e não veem

como você poderia desejar algo para elas que não fosse bom. Isso está

diretamente ligado ao tipo de cristão que estamos desenvolvendo. Numa igreja

sadia, que produz cristãos sadios, esse processo se dá com naturalidade. Assim,

se cumpre o propósito da evangelização.

Eu creio tanto na asa do grupo grande como na do grupo pequeno. Creio

que o modelo de ministério em pequenos grupos é um modelo bíblico de

ministração. Ele é o que melhor expressa o caráter e a vida de Deus entre nós e

permite que todos os membros sejam ministros (e não apenas o pastor). É um

modelo evangelístico e pode ser aplicado às mais diversas culturas, fazendo dele

um modelo para plantar igrejas.

Pequenos Grupos na formação das pessoas

Compartilhar nossas vidas com as outras pessoas na presença de Jesus

vai nos unir em uma forte malha que não pode ser rompida. A força de um

indivíduo não é o único fator determinante para sua caminhada com Deus. O

restante do pequeno grupo apoia cada membro com oração, encorajamento e

visão pelos perdidos para mantê-los crescendo em Cristo. A presença de Jesus

no centro da reunião é a força do grupo. Ele é o único que pode oferecer o poder

e a visão para caminhar uma vida cristã.

Quando o pequeno grupo se encontra para a edificação, o foco está em

experimentar Jesus em cada parte do encontro. Pequenos grupos são tanto para

edificação como para evangelismo. Se um pequeno grupo não traz visitantes,

não cresce e não se multiplica, e se tornará um grupo apenas voltado para o

egoísmo, enfadando-se até morrer. Se um pequeno grupo não pastorear e

edificar as pessoas, não desenvolverá liderança, não formará um caráter

aprovado nas pessoas e as pessoas eventualmente cairão em sua caminhada com

o Senhor (ou eles irão para algum lugar em que podem ser supridos). O grupo

deve focalizar-se tanto em edificar uns aos outros, como investir, orar e alcançar

os perdidos.

Pequenos Grupos que servem

Os pequenos grupos servem para cuidar uns dos outros, como vemos no

livro de Atos 2: 42-47 "E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na

comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos

prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que

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creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas

propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém

tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam

pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de

coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto

isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.”

Temos a oportunidade de nos engajar através de ações comunitárias de ação

social, pequenos grupos de apoio a pessoas com vícios, onde um cuida do outro.

Pequenos grupos inseridos na sociedade, fazendo a diferença e deixando

que suas atitudes falem mais que suas palavras podem transformar o mundo!

Jesus nos ensinou que seríamos conhecidos como seus discípulos ao viver o

amor uns pelos outros… É hora de viver esse amor e deixar que Deus seja

glorificado em nós, mesmos nas coisas mais simples, para que sejamos a

manifestação do Rei em tudo o que fizermos! Amém.

Tiago Nogueira de Souza é pastor presbiteriano independente em

Machado-MG. Formado em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de

Campinas e pós-graduando em Plantação e Revitalização de Igrejas pelo

Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas. É o responsável pela transição

da 1ª IPI de Machado para o sistema celular. Coordenador do Projeto Igreja em

Células. É membro da FTL-Brasil, Projeto Timóteo e Renovaré.

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PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:

1. Jesus priorizou, em seu ministério, se relacionar com um grupo de 12 pessoas,

por que a igreja tem preferido, de certa maneira, o grupo maior ao invés do

menor?

2. Muitas igrejas tem se utilizado de eventos de impacto para o evangelismo,

mas pouco se relacionam com as pessoas em sua região, como equilibrar essa

balança?

3. Os primeiros cristãos se reuniam, no templo para adorar a Deus, para

ouvirem os ensinos e a pregação das Sagradas Escrituras. Nos lares, os recém-

convertidos eram acolhidos e alimentados espiritualmente. Ali aprendiam a

respeito de Jesus, suas necessidades eram supridas, recebiam cuidados e

acompanhamento até se sentirem aptos para cuidarem com carinho de outros.

Qual a diferença do culto no templo e nas casas?

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ANEXOS

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Para o Senhor que Amamos: Compromisso da

Cidade do Cabo

1. NÓS AMAMOS PORQUE DEUS NOS AMOU PRIMEIRO

A missão de Deus flui do amor de Deus. A missão do povo de Deus flui do

nosso amor a Deus e a tudo o que Deus ama. A Evangelização mundial é o

derramamento do amor de Deus em nós e através de nós. Nós afirmamos a

primazia da graça de Deus e então respondemos a esta graça pela fé,

demonstrada através da obediência em amor. Nós amamos porque Deus nos

amou primeiro e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.

A) O amor a Deus e o amor ao próximo constituem os primeiros e mais

importantes mandamentos, dos quais dependem toda a lei e os profetas. O amor

é o cumprimento da lei e o primeiro fruto, chamado do Espírito. O amor é a

evidência de que nascemos de novo; a garantia de que conhecemos a Deus e a

prova de que Deus habita em nós. O amor é o novo mandamento de Cristo, que

disse aos seus discípulos que somente se obedecessem a este mandamento a

missão deles seria visível e crível. O amor cristão de uns pelos outros é a

maneira através da qual o Deus invisível, que se fez visível em seu Filho

encarnado, continua a fazer-se visível para o mundo. O amor estava entre as

primeiras coisas que Paulo observou e elogiou entre os novos crentes,

juntamente com a fé e a esperança. Mas o amor é o maior, porque o amor jamais

acaba.

B) Tal amor não é fraco nem sentimental. O amor de Deus é pactualmente fiel,

comprometido, abnegado, sacrificial, forte e santo. Visto que Deus é amor, o

amor permeia todo o seu ser e todas as suas ações; a sua justiça, bem como a

compaixão. O amor de Deus se estende a toda a sua criação. Recebemos o

mandamento de amar de forma que o amor de Deus seja refletido em todas

essas dimensões. É isto o que significa andar no caminho do Senhor.

C) Assim, ao estruturarmos nossas convicções e nossos compromissos nos

termos do amor, assumimos o desafio bíblico mais básico e difícil de todos de:

amar o Senhor nosso Deus de todo coração, alma, mente e força; amar nosso

próximo (inclusive o estrangeiro e o inimigo) como a nós mesmos; amar uns aos

outros como Deus em Cristo nos amou e amar o mundo com o amor Daquele

que deu seu único Filho para que através dele o mundo pudesse ser salvo.

D) Tal amor é dom de Deus derramado em nossos corações, mas também é

mandamento de Deus que exige obediência da nossa vontade. Tal amor significa

ser como o próprio Cristo: firme na perseverança, mas manso em humildade;

forte para resistir o mal, mas gentil em compaixão pelo sofredor; corajoso no

sofrimento e fiel, mesmo até a morte. Tal amor tem como modelo Cristo na terra

e é mensurado pelo Cristo ressuscitado em glória.

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Afirmamos que este amor, bíblico abrangente, deve ser a autenticação da

identidade e a marca dos discípulos de Jesus. Em resposta à oração e ao

mandamento de Jesus, esperamos que seja assim conosco. Infelizmente

confessamos que muitas vezes não é assim. Por isso reafirmamos nosso

compromisso de nos esforçar para viver, pensar, falar e agir de forma a

expressar o que significa andar em amor – amor a Deus, amor de uns para com

os outros e amor pelo mundo.

2. NÓS AMAMOS O DEUS VIVO

Nosso Deus, a quem amamos, se revela na Bíblia como o único Deus vivo

e eterno, que governa todas as coisas de acordo com a sua vontade e para seu

propósito de salvação. Na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, somente

Deus é o Criador, o Soberano, o Juiz e o Salvador do mundo. Por isso amamos a

Deus – dando-lhe graças por nosso lugar na criação, submetendo-nos à sua

soberana providência, confiando na sua justiça e louvando-o pela salvação que

ele conquistou por nós.

A) Nós amamos a Deus acima de todos os rivais. Recebemos o mandamento de

amar e adorar apenas ao Deus vivo. Mas assim como Israel no Antigo

Testamento, deixamos que nosso amor a Deus seja adulterado ao seguirmos os

deuses deste mundo, os deuses dos povos que nos rodeiam. Caímos no

sincretismo, seduzidos por ídolos como a ganância, o poder e o sucesso,

servindo a mamon em vez de servir Deus. Aceitamos o domínio de ideologias

políticas e econômicas sem respaldo bíblico. Somos tentados a comprometer

nossa fé na singularidade de Cristo diante da pressão do pluralismo religioso.

Assim como Israel, precisamos ouvir o apelo dos profetas e do próprio Jesus ao

arrependimento, e a que abandonemos todos esses rivais e voltemos ao amor

obediente e à adoração a Deus somente.

B) Nós amamos a Deus com paixão pela sua glória. A maior motivação para a

nossa missão é a mesma que impulsiona a missão do próprio Deus – que o

único e verdadeiro Deus vivo seja conhecido e glorificado em toda a sua criação.

Este é o objetivo final de Deus e deve ser a nossa maior alegria.

“Ora, se Deus deseja que todo joelho se dobre a Jesus e toda língua confesse seu

nome, esse deve ser também o nosso desejo. Nós deveríamos “ter ciúmes” ou,

como às vezes diz a Escritura, “zelar” pela honra do seu nome: preocupar-nos

quando ele ainda continua desconhecido, sofrer quando é ignorado, indignar-

nos quando é blasfemado e empenhar-nos firmemente para que lhe deem a

honra e a glória que lhe são devidas. De tudo o que nos impele à obra

missionária, a maior motivação não é, nem a obediência à Grande Comissão

(apesar de toda a sua importância), nem o amor aos pecadores que estão

alienados e perecendo (por mais forte que seja este incentivo, principalmente

diante da ira de Deus), mas sim o zelo – zelo ardente e cheio de paixão – pela

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glória de Jesus Cristo...Diante deste propósito supremo da missão cristã,

qualquer outra motivação defina e morre.” (John Stott).

Nossa maior tristeza deve ser o fato de que o Deus vivo não é glorificado em

nosso mundo. O Deus vivo é negado num ateísmo agressivo. O único Deus

verdadeiro é substituído e distorcido na prática das religiões do mundo. O nosso

Senhor Jesus Cristo é insultado e deturpado em algumas culturas populares. E a

face de Deus revelada na bíblia é obscurecida pelo nominalismo, pelo

sincretismo e pela hipocrisia cristãos.

Amar a Deus em meio a um mundo que o rejeita e o distorce, exige um

testemunho corajoso, porém humilde do nosso Deus; uma defesa enérgica,

porém graciosa da verdade do evangelho de Cristo, o Filho de Deus; e confiança

piedosa na obra de convencimento do Espírito Santo. Nós nos comprometemos

com tal testemunho, pois se declaramos que amamos a Deus, devemos partilhar

a primazia de Deus, qual seja, que o Seu nome e a Sua Palavra sejam exaltados

acima de todas as coisas.

3. NÓS AMAMOS O DEUS PAI

Através de Jesus Cristo, o Filho de Deus, e sendo ele o único caminho, a

verdade e a vida, viemos a conhecer e a amar a Deus como Pai. Quando o

Espírito Santo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus, então

clamamos as palavras que Jesus orou “Aba Pai” e oramos a oração que Jesus

ensinou, o “Pai Nosso”. Nosso amor por Jesus, comprovado pela nossa

obediência a ele, vai ao encontro do amor do Pai por nós quando o Pai e o Filho

fazem morada em nós, em uma troca mútua de amor. Esta relação íntima tem

profundas bases bíblicas.

A) Nós amamos a Deus como o Pai do seu povo. O Israel do Antigo Testamento

conhecia a Deus como Pai, como aquele que os trouxe à existência e que os

guiou, disciplinou e chamou à obediência; Pai daqueles cujo amor desejou e por

quem demonstrou perdão, compaixão e amor paciente e inabalável. Todas essas

coisas permanecem verdadeiras para nós, como povo de Deus em Cristo, em

nosso relacionamento com nosso Deus Pai.

B) Nós amamos a Deus como o Pai, que tanto amou o mundo que deu Seu único

Filho pela nossa salvação. Quão grande é o amor de Deus para conosco, ao

ponto de sermos chamados filhos de Deus. Quão imensurável é o amor de Deus,

que não poupou seu único Filho, antes o deu por todos nós. Este amor do Pai ao

entregar o Filho, foi refletido pelo amor abnegado do Filho. Houve completa

concordância de decisão entre o Pai e o Filho na obra de expiação que

realizaram na cruz por meio do Espírito eterno. O Pai amou o mundo e deu seu

Filho; “o Filho de Deus me amou e se entregou por mim”. Esta unidade entre o

Pai e o Filho, confirmada pelo próprio Jesus, encontra eco na saudação tão

repetida de Paulo: “graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus

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Cristo, que se entregou a si mesmo por nossos pecados...de acordo com a

vontade do nosso Deus e Pai, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém”.

C) Nós amamos a Deus como o Pai cujo caráter refletimos e em cujo cuidado

confiamos. No Sermão do Monte, Jesus aponta repetidamente para nosso Pai

celestial como modelo ou foco de nossa ação. Devemos ser pacificadores, como

filhos de Deus. Devemos praticar boas obras, para que nosso Pai receba o

louvor. Devemos amar nossos inimigos refletindo o amor paternal de Deus.

Devemos exercer a prática de dar, orar e jejuar somente diante dos olhos do Pai.

Devemos perdoar aos outros como nosso Pai nos perdoa. Não devemos viver

ansiosos, mas confiar na provisão do nosso Pai. Com este tipo de

comportamento, decorrente do caráter cristão, faremos a vontade do nosso Pai

no céu, nos limites do reino de Deus.

Confessamos que, com frequência, temos negligenciado a verdade da

Paternidade de Deus e nos privado das riquezas do nosso relacionamento com

ele. Renovamos nosso compromisso de vir ao Pai através de Jesus, o Filho: para

receber e responder ao seu amor Paternal; para viver em obediência à sua

disciplina Paternal; para refletir seu caráter Paternal em nosso comportamento

e em todas as nossas atitudes; e para confiar na sua provisão Paternal em

qualquer circunstância para a qual ele nos guie.

4. NÓS AMAMOS O DEUS FILHO

Deus ordenou a Israel que amasse o SENHOR Deus com lealdade

exclusiva. Da mesma forma, para nós, amar o Senhor Jesus Cristo significa

afirmar de forma perseverante que somente ele é Salvador, Senhor e Deus. A

Bíblia ensina que Jesus opera os mesmos atos soberanos que Deus. Cristo é o

Criador do universo, Soberano da história, Juiz de todas as nações e Salvador de

todos que se voltam para Deus. Ele compartilha a identidade de Deus na divina

igualdade e unidade do Pai, Filho e Espírito Santo. Assim como Deus chamou

Israel para amá-lo numa aliança de fé, obediência e testemunho servil, nós

afirmamos nosso amor por Jesus Cristo confiando nele, obedecendo-o e

tornando-o conhecido.

A) Nós confiamos em Cristo. Cremos no testemunho dos Evangelhos, de que

Jesus de Nazaré é o Messias, o escolhido e enviado de Deus para cumprir a

missão única de Israel do Velho Testamento, que é trazer a bênção da salvação

de Deus a todas as nações, como Deus prometeu a Abraão.

Em Jesus, concebido pelo Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, Deus

assumiu nossa forma humana e viveu entre nós, totalmente Deus e totalmente

humano.

Em sua vida, Jesus andou em perfeita fidelidade e obediência a Deus. Ele

anunciou e ensinou o reino de Deus, e foi um exemplo para seus discípulos de

como viver sob a soberania de Deus.

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Em seu ministério e em seus milagres, Jesus anunciou e demonstrou a vitória

do reino de Deus sobre o mal e sobre os poderes do mal.

Em sua morte na cruz, Jesus tomou nosso pecado sobre si em nosso lugar,

suportando todo o seu preço, pena e vergonha, venceu a morte e os poderes do

mal e completando a reconciliação e a redenção de toda a criação.

Em sua ressurreição corporal, Jesus foi vindicado e exaltado por Deus,

completou e demonstrou a plena vitória da cruz, e tornou-se o precursor da

humanidade redimida e da criação restaurada.

Desde sua ascensão, Jesus está reinando como Senhor sobre toda história e

criação.

Na sua volta, Jesus executará o julgamento de Deus, destruirá Satanás, o mal e a

morte, e estabelecerá o reino universal de Deus.

B) Nós obedecemos a Cristo. Jesus nos convida ao discipulado, a tomar a nossa

cruz e a segui-lo no caminho da abnegação, da servidão e da obediência. “Se

vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”, ele disse. “Por que vocês

me chamam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que eu digo?”. Fomos chamados

para viver como Cristo viveu e para amar como Cristo amou. Professar a Cristo e

ignorar seus mandamentos é uma insensatez perigosa. Jesus nos adverte que

muitos que proclamam o seu nome com ministérios milagrosos e espetaculares

serão renegados por ele como malfeitores. Estejamos atentos à advertência de

Cristo, pois nenhum de nós está imune a este terrível perigo.

C) Nós proclamamos Cristo. Foi somente em Cristo que Deus se revelou de

maneira plena e definitiva, e somente através de Cristo Deus alcançou a

salvação para o mundo. Portanto, como discípulos de Jesus de Nazaré, nos

ajoelhamos aos seus pés e, com Pedro, dizemos: “Tu é o Cristo, o Filho do Deus

vivo”, e com Tomé, “Senhor meu e Deus meu”. Apesar de não o termos visto,

nós o amamos. E nos alegramos com esperança enquanto aguardamos pelo dia

da sua volta, quando o veremos como ele é. Até aquele dia nos unimos a Pedro e

a João proclamando que “não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do

céu não há nenhum outro nome dado aos homens que qual devamos ser salvos”.

Nós renovamos nosso compromisso de testemunhar de Jesus e de tudo o que ele

ensinou, em todo o mundo, sabendo que só podemos dar tal testemunho se nós

mesmos vivermos em obediência aos seus ensinamentos.

5. NÓS AMAMOS O ESPÍRITO SANTO

Nós amamos o Espírito Santo na unidade da Trindade, juntamente com o

Deus Pai e o Deus Filho. Ele é o Espírito missionário enviado pelo Pai

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missionário e pelo Filho missionário, que sopra vida e poder na Igreja

missionária de Deus. Nós amamos e oramos pela presença do Espírito Santo,

pois sem que o Espírito testemunhe de Cristo, o nosso testemunho é inútil. Sem

a obra de convencimento do Espírito, é vã nossa pregação. Sem os dons, a

direção e o poder do Espírito, nossa missão é mero esforço humano. E sem o

fruto do Espírito, nossas vidas desinteressantes não conseguem refletir a beleza

do evangelho.

A) No Antigo Testamento vemos o Espírito de Deus ativo na criação, em obras

de libertação e de justiça, enchendo pessoas do Espírito e capacitando-as para

todo tipo de serviço. Profetas cheios do Espírito aguardavam ansiosamente a

vinda do Rei e Servo, cuja Pessoa e obra seriam capacitadas pelo Espírito de

Deus. Os profetas também aguardavam a era que seria marcada pelo

derramamento do Espírito de Deus, trazendo nova vida, obediência renovada e

dons proféticos para todo o povo de Deus, jovens e velhos, homens e mulheres.

B) No Pentecostes, Deus derramou o Espírito Santo, conforme prometido pelos

profetas e por Jesus. O Espírito santificador produz o seu fruto nas vidas dos

que creem e o primeiro fruto é sempre o amor. O Espírito equipa a Igreja com

seus dons, os quais “desejamos ansiosamente” como elementos indispensáveis

para o serviço cristão. O Espírito nos dá poder para missões e para a grande

variedade da obra de ministério. O Espírito nos capacita para proclamar e

demonstrar o evangelho, para discernir a verdade, para orar de maneira eficaz e

para triunfar sobre as forças das trevas. O Espírito inspira e acompanha a nossa

adoração. O Espírito fortalece e consola aqueles discípulos que são perseguidos

ou provados por causa de seu testemunho de Cristo.

C) O nosso compromisso em missões, então, é inútil e infrutífero sem a

presença, a direção e o poder do Espírito Santo. Isto se aplica a missões em

todas as suas dimensões: evangelismo, testemunho da verdade, discipulado,

pacificação, envolvimento social, transformação ética, cuidado com a criação,

vitória sobre poderes do mal, libertação de espíritos demoníacos, cura de

doentes, sofrimento e perseverança na perseguição. Tudo o que fazemos em o

nome de Cristo deve ser guiado e capacitado pelo Espírito Santo. O Novo

Testamento deixa isso claro na vida da Igreja primitiva e no ensinamento dos

apóstolos. Hoje vemos isso demonstrado nos frutos e no crescimento das Igrejas

onde os seguidores de Jesus agem confiantemente no poder do Espírito Santo,

com dependência e esperança.

Não há evangelho verdadeiro ou pleno, nem missão bíblica autêntica sem a

Pessoa, a obra e o poder do Espírito Santo. Oramos por um maior

despertamento para esta verdade bíblica e para que sua experiência seja

realidade no corpo de Cristo presente em todo o mundo. Entretanto, estamos

cientes dos muitos abusos cometidos em nome do Espírito Santo, e das muitas

maneiras pelas quais todo tipo de fenômeno é praticado e valorizado, que não

são, porém, dons do Espírito Santo conforme o claro ensino do Novo

Page 73: Caderno de Reflexões Para o Congresso ALEF 2014

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Testamento. Há grande necessidade de um discernimento mais profundo, de

advertências claras contra enganos, para que sejam expostos os manipuladores

fraudulentos que trabalham para seu próprio benefício, que usam poderes

espirituais para próprio enriquecimento pecaminoso. Acima de tudo, há uma

grande necessidade de contínua pregação e ensinamento bíblicos, embebidos

em humilde oração, que equiparão cristãos comuns para que compreendam e se

alegrem no evangelho verdadeiro e para que reconheçam e rejeitem falsos

evangelhos.

6. NÓS AMAMOS A PALAVRA DE DEUS

Nós amamos a Palavra de Deus nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento,

ecoando o prazer alegre do salmista no Torá: “Amo os teus mandamentos mais

do que o ouro... Como amo tua lei”. Recebemos toda a Bíblia como a Palavra de

Deus, inspirada pelo Espírito de Deus, falada e escrita através de autores

humanos. Nós nos submetemos a ela como suprema e única autoridade, que

rege a nossa fé e o nossos atos. Nós testificamos o poder da Palavra de Deus

para cumprir o seu propósito de salvação. Afirmamos que a Bíblia é a palavra

final, escrita, de Deus, insuperável por qualquer outra revelação, mas também

nos alegramos que o Espírito Santo ilumine a mente do povo de Deus a fim de

que a Bíblia continue a falar a verdade de Deus de outras maneiras para pessoas

de todas as culturas.

A) A Pessoa que a Bíblia revela. Nós amamos a Bíblia como a noiva ama as

cartas do seu marido, não pelo papel em si, mas pela pessoa que fala através

dela. A Bíblia nos dá a revelação do próprio Deus de sua identidade, caráter,

propósitos e ações. É a principal testemunha do Senhor Jesus Cristo. Ao lê-la,

nos deparamos com ele através do seu Espírito com grande alegria. Nosso amor

pela Bíblia é uma expressão do nosso amor por Deus.

B) A história que a Bíblia conta. A Bíblia conta a história universal da criação, da

queda, da redenção na história e da nova criação. Esta narrativa abrangente nos

oferece uma perspectiva bíblica coerente e molda nossa teologia. No centro

desta história estão os culminantes eventos salvadores da cruz e a da

ressurreição de Cristo, que constituem o coração do evangelho. É esta história,

(no Antigo e no Novo Testamento) que nos conta quem somos, por que estamos

aqui e para onde vamos. Este relato da missão de Deus define nossa identidade,

dirige nossa missão e nos assegura de que o fim está nas mãos de Deus. Esta

história deve moldar a memória e a esperança do povo de Deus e determinar o

conteúdo do seu testemunho evangelístico, ao ser transmitido de geração em

geração. Devemos usar todos os meios possíveis para tornar a Bíblia conhecida,

pois sua mensagem é para todos os povos da terra. Portanto, nós renovamos

nosso compromisso com a tarefa contínua de traduzir, disseminar e ensinar as

escrituras em todas as culturas e línguas, inclusive naquelas que são

predominantemente orais e não literárias.

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C) A verdade que a Bíblia ensina. A Bíblia toda nos ensina o pleno conselho de

Deus, a verdade que Deus quer que saibamos. Nós nos submetemos a ela como

verdadeira e fidedigna em tudo o que afirma, pois é a Palavra do Deus que não

pode mentir e que nunca falhará. É clara e suficiente para revelar o caminho da

salvação. É o fundamento para explorar e entender todas as dimensões da

verdade de Deus.

Vivemos, no entanto, em um mundo cheio de mentiras e de rejeição da verdade.

Muitas culturas apresentam um relativismo dominante que nega que qualquer

verdade absoluta exista ou possa ser conhecida. Se amamos a Bíblia, então

devemos nos levantar em defesa da verdade que ela anuncia. Devemos

encontrar novas formas de articular a autoridade bíblica em todas as culturas.

Mais uma vez, nós nos comprometemos na luta para defender a verdade da

revelação de Deus como parte do nosso trabalho de amor pela Palavra de Deus.

D) A Vida que a Bíblia exige. “A Palavra está em sua boca e em seu coração; por

isso vocês poderão obedecer-lhe”. Jesus e Tiago nos chamam para sermos

praticantes da Palavra e não somente ouvintes. A Bíblia retrata uma qualidade

de vida que deve marcar a vida do cristão e da comunidade dos fiéis. De Abraão

a Moisés, através dos salmistas, dos profetas, dos sábios de Israel, e com Jesus e

seus apóstolos, aprendemos que este estilo de vida bíblico inclui justiça,

compaixão, humildade, integridade, honestidade, castidade sexual,

generosidade, bondade, espírito de sacrifício, hospitalidade, pacificação, não

retaliação, boas obras, perdão, alegria, contentamento e amor – todas essas

coisas reunidas em vidas de adoração, louvor e fidelidade a Deus.

Nós confessamos que com facilidade declaramos amar a Bíblia sem amar a vida

que ela ensina – a vida de obediência a Deus, de prática e sacrifício, através de

Cristo. No entanto, nada qualifica o evangelho de maneira mais eloquente do

que uma vida transformada, e nada o leva a mais descrédito do que a

incoerência pessoal. É nossa responsabilidade viver de maneira digna do

evangelho de Cristo, até mesmo “tornando-o mais atraente” e realçando sua

beleza através de vidas santas. Portanto, por causa do evangelho de Cristo, nós

renovamos nosso compromisso de provar nosso amor pela Palavra de Deus

crendo nela e obedecendo-a. Não há missão bíblica sem vida bíblica.

7. NÓS AMAMOS O MUNDO DE DEUS

Nós compartilhamos da paixão de Deus pelo seu mundo, amando tudo o

que Deus criou, nos alegrando na providência e na justiça de Deus para com

toda sua criação, proclamando as boas novas para toda a criação e para todas as

nações, e aguardando o dia em que a terra será cheia do conhecimento da glória

de Deus como as águas cobrem o mar. Nós amamos o mundo da criação de

Deus. Este amor não é apenas uma mera afeição sentimental pela natureza (que

em nenhum lugar a Bíblia ordena) e, muito menos, é uma adoração panteísta da

natureza (que a Bíblia proíbe expressamente). Pelo contrário, é consequência

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lógica do nosso amor a Deus, ao cuidarmos do que lhe pertence. “Do Senhor é a

terra e tudo o nela existe”. A terra é propriedade do Deus que afirmamos amar e

obedecer. Nós cuidamos da terra, simplesmente porque ela pertence àquele a

quem chamamos de Senhor.

A) A terra é criada, sustentada e redimida por Cristo. Não podemos dizer que

amamos a Deus enquanto destruímos o que pertence a Cristo por direito de

criação, redenção e herança. Nós cuidamos da terra e de maneira responsável

fazemos uso dos seus abundantes recursos, não de acordo com a mentalidade

deste mundo secular, mas por causa do Senhor. Se Jesus é o Senhor de toda a

terra, não podemos desvincular nosso relacionamento com Cristo da forma

como agimos em relação à terra. Proclamar o evangelho que diz que “Jesus é

Senhor” é proclamar o evangelho que inclui a terra, uma vez que o senhorio de

Cristo é sobre toda a criação. O cuidado com a criação é, portanto, uma questão

do evangelho dentro do Senhorio de Cristo.

Tal amor pela criação de Deus exige que nos arrependamos da nossa

contribuição na destruição, no desperdício e na poluição dos recursos da terra e

do nosso consentimento com a idolatria tóxica do consumismo. Em vez disso,

nos comprometemos com urgente e profética responsabilidade ecológica.

Apoiamos os cristãos cujo chamado missionário particular seja principalmente

em defesa e ação em favor do meio ambiente, bem como aqueles

comprometidos com o cumprimento do mandato divino de proporcionar bem

estar e atender as necessidades humanas, exercendo domínio e mordomia

responsáveis. A Bíblia declara o propósito redentor de Deus para a própria

criação. Missão integral significa discernir, proclamar e viver a verdade bíblica

de que o evangelho é a boa nova de Deus, através da cruz e da ressurreição de

Jesus Cristo para indivíduos e para a sociedade e para a criação. Todos os três

estão feridos e sofrem por causa do pecado; todos os três estão incluídos no

amor redentor e na missão de Deus; todos os três devem fazer parte da missão

global do povo de Deus.

B) Nós amamos o mundo das nações e das culturas. “De um só fez ele todos os

povos, para que povoassem toda a terra”. A diversidade étnica é dom de Deus na

criação e será preservada na nova criação, quando será libertada das divisões e

rivalidade advindas da queda. Nosso amor pelos povos reflete a promessa de

Deus de abençoar todas as nações da terra e a missão de Deus de criar para si

um povo de toda tribo, língua, povo e nação. Devemos amar tudo o que Deus

escolheu abençoar, o que inclui todas as culturas. Historicamente, a missão

cristã, embora marcada por erros destrutivos, tem sido fundamental na

proteção e preservação de culturas nativas e suas línguas. O amor piedoso, no

entanto, também inclui discernimento crítico, uma vez que todas as culturas

mostram não apenas a evidência positiva da imagem de Deus nas vidas

humanas, mas também as impressões negativas de Satanás e do pecado.

Desejamos ardentemente ver o evangelho presente e incorporado em todas as

culturas, redimindo-as de dentro para fora, para que possam exibir a glória de

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Deus e a plenitude radiante de Cristo. Aguardamos com grande expectativa a

riqueza, a glória e o esplendor de todas as culturas sendo trazidas para a cidade

de Deus – redimidas e purificadas de todo o pecado, enriquecendo a nova

criação.

Tal amor por todos os povos exige que rejeitemos os males do racismo e do

etnocentrismo, e tratemos todos os grupos étnicos e culturais com dignidade e

respeito, em razão do seu valor para Deus na criação e na redenção.

Tal amor também exige que busquemos fazer o evangelho conhecido entre todos

os povos e culturas em todos os lugares. Nenhuma nação, judia ou gentia, está

excluída do escopo da grande comissão. O evangelismo flui de corações cheios

do amor de Deus por aqueles que ainda não o conhecem. Confessamos

envergonhados que ainda existem muitas nações no mundo que jamais ouviram

a mensagem do amor de Deus em Jesus Cristo. Nós renovamos o compromisso

que inspirou o Movimento Lausanne desde o seu início, de usar todos os meios

possíveis para alcançar todos os povos com o evangelho.

C) Nós amamos todos aqueles que vivem em pobreza e sofrimento no mundo. A

Bíblia nos diz que o Senhor tem amor para com todas as suas criaturas, defende

a causa do oprimido, ama o estrangeiro, alimenta o faminto, sustenta o órfão e a

viúva. A Bíblia também mostra que Deus deseja fazer essas coisas através de

seres humanos comprometidos com tal ação. Deus responsabiliza

principalmente aqueles que são nomeados para liderança política ou jurídica na

sociedade, mas ao povo de Deus também foi ordenado – através da lei e dos

profetas, dos Salmos e Provérbios, de Jesus e Paulo, Tiago e João – que

refletisse o amor e a justiça de Deus em atos de amor e justiça para com o

necessitado.

Tal amor pelo pobre exige não apenas nosso amor, nossa misericórdia e nossas

obras de compaixão, mas também que façamos justiça, expondo e nos opondo a

tudo o que oprime e explora o pobre. “Não devemos ter medo de denunciar o

mal e a injustiça onde quer que existam”. Envergonhados confessamos que

falhamos em partilhar a paixão de Deus, falhamos em assumir o amor de Deus,

falhamos em refletir o caráter de Deus e falhamos em fazer a vontade de Deus.

Dispomo-nos a promover a justiça, incluindo a solidariedade e a defesa em favor

dos marginalizados e oprimidos. Reconhecemos tal luta contra o mal como uma

dimensão da guerra espiritual, que só pode ser travada através da vitória da cruz

e da ressurreição, no poder do Espírito Santo, e em constante oração.

D) Amamos nosso próximo como a nós mesmos. Jesus convidou seus discípulos

a que obedecessem a esse mandamento como o segundo maior na lei, mas

depois aprofundou radicalmente a exigência (no mesmo capítulo), de “ame o

estrangeiro como a si mesmo” para “ame o inimigo”.

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Tal amor pelo nosso próximo exige que respondamos a todos a partir do coração

do evangelho, em obediência ao mandamento de Cristo e seguindo o exemplo de

Cristo. Este amor pelo próximo inclui pessoas de todas as crenças e se estende

àqueles que nos odeiam, fazem calúnias, perseguem e até matam. Jesus nos

ensinou a responder à mentira com a verdade, aos que nos fazem mal, com atos

de bondade, misericórdia e perdão, à violência e morte dos seus discípulos, com

abnegação, a fim de atrair a ele todos e quebrar a cadeia do mal. Rejeitamos

enfaticamente o uso de violência na propagação do evangelho e renunciamos à

tentação de retaliar com vingança contra aqueles que nos fazem mal. Tal

desobediência é incompatível com o exemplo e ensinamento de Cristo e do Novo

Testamento. Ao mesmo tempo, o nosso dever de amar ao nosso próximo em

sofrimento nos obriga a buscar justiça em seu benefício, por meio de recursos

apropriados junto a autoridades legais e públicas, que agem como servos de

Deus para punir infratores.

E) O mundo que não amamos. O mundo da boa criação de Deus tornou-se o

mundo da rebelião humana e satânica contra Deus. Recebemos o mandamento

de não amar o mundo do desejo pecaminoso, da ganância e do orgulho humano.

Confessamos com pesar que exatamente são essas marcas de mundanismo que

tantas vezes desfiguram a nossa presença cristã e negam o nosso testemunho do

evangelho.

Nós renovamos nosso compromisso de não flertar com o mundo caído e suas

paixões transitórias, mas amar o mundo todo como Deus ama. Portanto,

amamos o mundo com o desejo santo de ver redenção e renovação em Cristo de

toda a criação e de todas as culturas, de ver o ajuntamento do povo de Deus de

todas as nações até os confins da terra e o fim de toda destruição, toda pobreza e

toda inimizade.

8. NÓS AMAMOS O EVANGELHO DE DEUS

Como discípulos de Jesus, somos pessoas do evangelho. O cerne de nossa

identidade é a nossa paixão pela boa nova bíblica da obra salvadora de Deus

através de Jesus Cristo. Somos unidos por nossa experiência com a graça de

Deus no evangelho e por nossa motivação de fazer o evangelho da graça

conhecido nos confins da terra através de todos os meios possíveis.

A) Nós amamos a boa nova em um mundo de más notícias. O evangelho aborda

os efeitos terríveis do pecado, da incapacidade e da necessidade humana. Os

serem humanos se rebelaram contra Deus, rejeitaram a autoridade de Deus e

desobedeceram a Palavra de Deus. Neste estado pecaminoso, estamos alienados

de Deus, uns dos outros e da ordem criada. O pecado merece a condenação de

Deus. Aqueles que se recusam a arrepender-se e “e não obedecem o evangelho

do nosso Senhor Jesus Cristo, serão punidos com destruição eterna e separação

da presença de Deus”. Os efeitos do pecado e do poder do mal corromperam

todas as dimensões da pessoa humana (espiritual, física, intelectual e

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relacional). Eles permeiam a vida cultural, econômica, social, política e religiosa

através de todas as culturas e gerações da história. Eles têm causado sofrimento

incalculável à raça humana e danos à criação de Deus. Neste contexto sombrio,

o evangelho bíblico é realmente uma boa notícia.

B) Nós amamos a história que o evangelho conta. O Evangelho anuncia como

boas novas os eventos históricos da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo de

Nazaré. Como filho de Davi, o prometido Rei Messias, Jesus é aquele através de

quem Deus estabeleceu seu reino e atuou para a salvação do mundo, permitindo

que todas as nações da terra fossem abençoadas, conforme promessa a Abraão.

Paulo define o evangelho ao afirmar que “Cristo morreu pelos nossos pecados

segundo as escrituras, que ele foi sepultado, que ele ressuscitou no terceiro dia,

segundo as escrituras, e que apareceu a Pedro e depois aos Doze”. O Evangelho

declara que, na cruz de Cristo, Deus tomou sobre si, na pessoa do Seu Filho, o

nosso lugar, o julgamento merecido pelos nossos pecados. No mesmo

importante ato de salvação, finalizado, justificado e declarado através da

ressurreição, Deus teve vitória decisiva sobre Satanás, sobre a morte e os

poderes do mal, nos libertou do seu poder e temor e garantiu sua destruição

final. Deus realizou a reconciliação dos cristãos com ele e uns com os outros

cruzando todas as fronteiras e inimizades. Deus também cumpriu o seu

propósito de reconciliação final de toda a criação e na ressurreição corporal de

Jesus nos deu as primícias da nova criação. “Deus em Cristo estava

reconciliando consigo o mundo”. Como amamos a história do evangelho!

C) Nós amamos a segurança que o evangelho traz. Somente através da confiança

unicamente em Cristo, somos unidos com Cristo através do Espírito Santo e

considerados justos em Cristo diante de Deus. Sendo justificados pela fé, temos

paz com Deus e nenhuma outra condenação há para nós. Recebemos o perdão

de nossos pecados. Nós nascemos de novo para uma viva esperança, partilhando

a vida ressurreta de Cristo. Somos adotados como coerdeiros com Cristo.

Tornamo-nos cidadãos do povo em aliança com Deus, membros da família de

Deus e lugar de habitação de Deus. Assim, ao confiarmos em Cristo, temos

plena certeza da salvação e da vida eterna, uma vez que a nossa salvação

depende, em última instância, não de nós mesmos, mas da obra de Cristo e da

promessa de Deus. “Nada na criação será capaz de nos separar do amor de Deus

que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Como amamos a promessa do

evangelho!

D) Nós amamos a transformação que o evangelho produz. O evangelho é o

poder transformador de Deus operante no mundo. “É o poder de Deus para

salvação de todo aquele que crê”. A fé é o único meio pelo qual as bênçãos e a

certeza do evangelho são recebidas. A fé salvadora, no entanto, nunca

permanece só, mas invariavelmente se mostra em obediência. A obediência

cristã é a “fé que atua pelo amor”. Não somos salvos pelas boas obras, mas tendo

sido salvos pela graça apenas, somos “criados em Cristo Jesus para fazermos

boas obras”. “A fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta”.

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Paulo viu a transformação ética que o evangelho produz como obra da graça de

Deus – graça que alcançou nossa salvação na primeira vinda de Cristo e graça

que nos ensina a viver com ética, à luz da sua segunda vinda. Para Paulo,

“obedecer ao evangelho” significava tanto confiar na graça como ser ensinado

pela graça. O objetivo missionário de Paulo era chamar dentre todas as nações

um povo “para obediência que vem pela fé”. Esta linguagem fortemente pactual

lembra Abraão. Abraão creu na promessa de Deus, e isto lhe foi imputado por

justiça, ele então obedeceu ao mandamento de Deus em demonstração da sua

fé. “Pela fé Abraão... obedeceu”. Arrependimento e fé em Jesus Cristo são os

primeiros atos de obediência exigidos pelo evangelho; contínua obediência aos

mandamentos de Deus é o modo de vida que a fé evangélica possibilita, através

da santificação do Espírito Santo. A obediência é, portanto, a prova viva da fé

salvadora e seu fruto vivo. A obediência é também o teste do nosso amor por

Jesus. “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama”.

“Sabemos que o conhecemos, se obedecemos aos seus mandamentos”. Como

nós amamos o poder do evangelho!

9. NÓS AMAMOS O POVO DE DEUS

O povo de Deus é feito de pessoas de todas as eras e de todas as nações a

quem Deus em Cristo amou, escolheu, chamou, salvou e santificou como um

povo para si mesmo, para compartilhar na glória de Cristo como cidadãos da

nova criação. Como esses, então, a quem Deus amou de eternidade a eternidade

e por toda nossa história de turbulência e rebelião, recebemos o mandamento de

amar uns aos outros. Visto que “Deus nos amou, também nós devemos amar

uns aos outros” e, assim, ser “imitadores de Deus... e viver uma vida de amor,

como Cristo nos amou e se entregou por nós”. Amar uns aos outros na família

de Deus não é uma mera escolha, mas um mandamento inevitável. Esse amor é

a primeira evidência de obediência ao evangelho, a expressão imprescindível de

nossa submissão ao Senhorio de Cristo e um potente motor da missão mundial.

A) O Amor exige Unidade. O mandamento de Jesus aos seus discípulos para que

amassem uns aos outros está ligado à sua oração para que eles fossem um.

Tanto o mandamento como a oração são missionais - “com isso todos saberão

que vocês são meus discípulos”, “e para que ‘o mundo creia que tu [o Pai] me

enviaste”. A marca mais convincente e poderosa da verdade do evangelho é

quando os cristãos se unem em amor além das barreiras das divisões arraigadas

do mundo – barreiras de raça, cor, gênero, classe social, privilégio econômico e

alinhamento político. No entanto, poucas coisas destroem tanto nosso

testemunho como quando cristãos espelham e amplificam as mesmas divisões

entre si. Precisamos urgentemente buscar uma nova parceria global dentro do

corpo de Cristo em todos os continentes, enraizados em profundo amor

recíproco, em submissão mútua e na partilha econômica significativa, sem

paternalismo ou dependência doentia. E que essa busca não seja apenas como

demonstração da nossa unidade no evangelho, mas também pelo nome de

Cristo e da missão de Deus em todo o mundo.

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O amor exige Honestidade. O amor fala a verdade com graça. Ninguém amou

mais o povo de Deus do que os profetas de Israel e o próprio Jesus. No entanto,

ninguém os confrontou de maneira mais honesta com a verdade do seu fracasso,

de sua idolatria e rebelião contra o Senhor da sua aliança. Ao fazer isso, eles

chamaram o povo de Deus ao arrependimento, para que pudessem ser

perdoados e restituídos ao serviço da missão de Deus. A mesma voz de amor

profético deve ser ouvida hoje, pela mesma razão. Nosso amor pela Igreja de

Deus sofre com tristeza diante da feiúra entre nós que tanto desfigura a face do

nosso querido Senhor Jesus Cristo e esconde a sua formosura do mundo –

mundo este que precisa desesperadamente ser atraído a ele.

B) O amor exige Solidariedade. Amar uns aos outros inclui principalmente

importar-se com aqueles que são perseguidos ou aprisionados por causa da sua

fé e do seu testemunho. Se uma parte do corpo sofre, todas as partes sofrem

com ela. Somo todos, como João, “companheiros no sofrimento, no Reino e na

perseverança em Jesus”. Nós nos comprometemos a partilhar do sofrimento dos

membros do corpo de Cristo em todo o mundo, através da informação, da

oração, da defesa e de outros meios de apoio. Vemos este compartilhamento, no

entanto, não apenas com um exercício de piedade, mas também ansiando

aprender o que a Igreja sofredora pode ensinar e oferecer àquelas partes do

corpo de Cristo que não estão sofrendo da mesma maneira. Somos advertidos

que a Igreja que se sente à vontade na sua riqueza e autossuficiência pode, como

Laodicéia, ser a Igreja que Jesus vê como a mais cega quanto à sua própria

pobreza, e diante da qual ele próprio se sente um estranho do lado de fora.

Jesus chama todos os seus discípulos para que sejam uma família entre as

nações, um corpo reconciliado no qual todas as barreiras pecaminosas estão

derrubadas através da sua graça reconciliadora. Esta Igreja é uma comunidade

de graça, obediência e amor, na comunhão do Espírito Santo, na qual os

atributos gloriosos de Deus e as características da graça de Cristo são refletidos

e a sabedoria multiforme de Deus é demonstrada. Como a expressão mais vívida

do reino de Deus no presente, a Igreja é a comunidade dos reconciliados que

não vivem mais para si mesmos, mas para o Salvador que os amou e se entregou

por eles.

10. NÓS AMAMOS A MISSÃO DE DEUS

Nós estamos comprometidos com a missão mundial, porque ela é central

para nosso entendimento de Deus, da Bíblia, da Igreja, da história humana e do

futuro final. Toda a Bíblia revela a missão de Deus de trazer unidas sob Cristo

todas as coisas, no céu e na terra, reconciliando-as através do sangue da sua

cruz. No cumprimento da sua missão, Deus transformará a criação ferida pelo

pecado e pelo mal em uma nova criação na qual não exista mais pecado nem

maldição. Deus cumprirá sua promessa a Abraão de abençoar todas as nações

na terra, através do evangelho de Jesus, o Messias, a semente de Abraão. Deus

transformará o mundo partido formado pelas nações espalhadas sob o juízo de

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Deus em uma nova humanidade, de toda tribo, nação, povo e língua, redimida

pelo sangue de Cristo, reunidos ali para adorar nosso Deus e Salvador. Deus

destruirá o reino de morte, corrupção e violência quando Cristo voltar para

estabelecer seu reino eterno de vida, justiça e paz. Então, Deus, Emanuel,

habitará conosco, e o reino do mundo se tornará o reino do nosso Senhor e do

seu Cristo e ele reinará para sempre e sempre.

A) Nossa participação na missão de Deus. Deus chama seu povo para partilhar

sua missão. A Igreja de todas as nações, através do Messias Jesus, está em

continuidade com o povo de Deus no Antigo Testamento. Com eles, fomos

chamados por meio de Abraão e comissionados para ser benção e luz para as

nações. Com eles, somos moldados e ensinados através da lei e dos profetas

para ser uma comunidade de santidade, compaixão e justiça em um mundo de

pecado e sofrimento. Fomos redimidos através da cruz e da ressurreição de

Jesus Cristo e capacitados pelo Espírito Santo para dar testemunho do que Deus

fez em Cristo. A Igreja existe para adorar e glorificar a Deus por toda a

eternidade e para participar da missão transformadora de Deus na história.

Nossa missão origina-se totalmente na missão de Deus, tem como alvo toda a

criação de Deus e seu fundamento central na vitória redentora da cruz. Este é o

povo a quem pertencemos cuja fé confessamos e cuja missão compartilhamos.

B) A integridade da nossa missão. A origem de toda nossa missão é o que Deus

fez em Cristo pela redenção de todo o mundo, conforme revelado na Bíblia.

Nossa tarefa evangelística é fazer as boas novas conhecidas a todas as nações. O

contexto de toda a nossa missão é o mundo no qual vivemos, o mundo de

pecado, de sofrimento, de injustiça e de desordem da Criação, para onde Deus

nos envia a fim de que amemos e sirvamos por amor a Cristo. Toda a nossa

missão deve, portanto, refletir a integração do evangelismo e do envolvimento

comprometido com o mundo, sendo ambos ordenados e conduzidos por toda a

revelação bíblica do evangelho de Deus.

“Evangelismo propriamente dito é a proclamação do Cristo bíblico e histórico

como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir outros a que venham a ele

pessoalmente e, assim, sejam reconciliados com Deus. Os resultados da

evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua Igreja e o serviço

responsável no mundo... Afirmamos que tanto a evangelização quanto o

envolvimento sociopolítico fazem parte do nosso dever cristão. Pois ambos são

expressões necessárias das nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, do

nosso amor por nosso próximo e da nossa obediência a Jesus Cristo... A salvação

que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas

responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta”.

“A missão integral é a proclamação e a demonstração do evangelho. Não

significa simplesmente que a evangelização e o compromisso social devam ser

realizados de forma concomitante. Mas sim, que na missão integral nossa

proclamação tem consequências sociais quando convocamos as pessoas ao amor

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Todos os Diretos Reservados a ALEF (Associação dos Lideres Evangélicos de Felipe Camarão)

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e ao arrependimento em todas as áreas da vida. E nosso compromisso social

tem consequências para a evangelização na medida em que testemunhamos da

graça transformadora de Jesus Cristo. Se ignoramos o mundo, traímos a Palavra

de Deus, que nos envia para que sirvamos ao mundo. Se ignoramos a Palavra de

Deus, não temos nada a oferecer ao mundo.”

Nós nos comprometemos com o exercício integral e dinâmico de todas

as dimensões da missão para a qual Deus chama sua Igreja.

Deus ordena que façamos conhecida a todas as nações a verdade da revelação

de Deus e o evangelho da graça salvadora de Deus através de Jesus Cristo,

chamando todas as pessoas ao arrependimento, à fé, ao batismo e ao

discipulado obediente.

Deus ordena que reflitamos o seu caráter através do cuidado

compassivo do necessitado e que demonstremos os valores e o poder do reino

de Deus na luta por justiça e paz e no cuidado da criação de Deus.

Em resposta ao amor infinito de Deus por nós em Cristo e ao nosso amor

transbordante por ele, nós nos dedicamos novamente, com a ajuda do Espírito

Santo, a obedecer plenamente a todos os mandamentos de Deus com

humildade abnegada, alegria e coragem. Nós renovamos nossa aliança com o

Senhor – o Senhor que amamos porque ele nos amou primeiro.

FONTE: www.lausanne.org

Page 83: Caderno de Reflexões Para o Congresso ALEF 2014

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Declaração de Natal – Redescobrindo o Evangelho

Integral para a Igreja Hoje

Equipe ALEF

Reunidos na cidade de Natal nós: líderes, pastores, servos e membros do

Corpo de Cristo, participamos do Congresso da Associação dos Líderes

Evangélicos de Felipe Camarão (ALEF) – EVANGELHO INTEGRAL: o

Evangelho Todo, para o homem todo, em todas as comunidades celebrado de 16

a 19 de Outubro, 2013.

Celebrando e agradecendo a bondade e a provisão de Deus para fazer este

Congresso uma realidade, compartilhamos esta declaração com alegria e

esperança.

O Congresso teve como objetivo: “Provocar um Impacto na Visão

Ministerial e servir Pastores e Lideres Proporcionando Treinamento de alto

nível e apoio para fortalecer o Ministério Integral das Igrejas em suas

respectivas comunidades”. A proposta nasceu da visão da diretoria da ALEF e

outros líderes cristãos da cidade de reconhecer nossa necessidade de

continuarmos formando para promover uma missão integral da igreja em

nossas comunidades para anunciar, defender e confirmar o Evangelho de Jesus

Cristo. A igreja é a agência do Reino de Deus para que a multiforme sabedoria

de Deus seja dada a conhecer agora neste mundo, que geme pela sua

transformação (Efésios 3:10). Assumimos com responsabilidade o desafio dessa

missão e abraçamos com esperança a expectativa de um melhor futuro para

todas as comunidades em todas as dimensões da vida: física, mental, social e

espiritual, conforme o modelo de Jesus Cristo. Refletir sobre a missão de

anunciar e viver o Evangelho Integral de forma prática é o principal passo para

o resgate da natureza missionária da igreja.

A NECESSIDADE DE FORMAÇÃO PERMANENTE E APRENDIZAGEM DO

EVANGELHO INTEGRAL

1. Reafirmamos nossa convicção de que a missão da igreja também tem a ver

com equipar-nos para servir com excelência em nosso ministério, sendo

cooperadores de Deus na causa do seu Reino. (1 Coríntios 3:9)

2. A transformação, fruto do Evangelho de Cristo, vem não somente com

informação e uma mensagem tradicional nos Domingos na igreja. Precisa de

formação constante para desenvolver nosso potencial como filhos e filhas de

Deus que, como a luz de um novo dia, crescemos e crescemos até brilhar em

toda a plenitude Dele (Provérbios 4:18)

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3. A nossa formação precisa de um currículo educativo que procura como alvo a

semelhança de Jesus como modelo de missão, modelo de liderança e modelo de

espiritualidade integral. (Lucas 2:52; Romanos 8:29)

4. Nessa perspectiva, celebramos este encontro de pensadores e servos cristãos

que compartilharam temas importantes no congresso como: Igrejas que

transformam, Um ministério relevante na realidade brasileira, A história

transformadora, Jesus nosso modelo de crescimento e desenvolvimento,

Disciplinas de amor, Matemáticas do Reino de Deus. O ABC da cultura,

Equipando a Igreja local, O poder da história, Desenvolvimento de líderes na

igreja local, Implementando pequenos grupos, O Evangelho todo para toda a

criança, Igreja local e missão transformadora, Vida trabalho e vocação.

5. Temos a certeza de que a missão integral da igreja é “um processo” e não só

um “evento”. Por isso mesmo agradecemos que até aqui nos ajudou o Senhor e

nos sentimos encorajados por Deus para que estes temas estudados, sejam

encarnados na vida e ministério cotidiano das nossas igrejas e comunidades. É

nossa convicção que o Senhor concederá a sabedoria e discernimento para dar

seguimento na integração e metabolização do Evangelho Integral na vida e

influência da igreja no diverso contexto brasileiro.

A ESSÊNCIA E IMPORTÂNCIA DO EVANGELHO INTEGRAL

Participamos do Congresso com expectativa, esperança e com os nossos

ouvidos atentos a perceber com humildade a sabedoria de Deus.

Testemunhamos que Deus usou aos seus servos participantes nas reflexões

diversas, para nos ministrar, educar e até exortar sobre alguns temas relevantes

para a nossa práxis como Corpo de Cristo, incluindo:

A meta suprema da igreja e das pessoas redimidas deve ser a glória de Deus.

Deus quer que seu povo reflita sua glória. Como Ele é nossa glória, nós devemos

ser para sua glória. Vivamos então de uma maneira que os que nos observam

glorifiquem a Deus não pela nossa identidade teórica mas pela consistência

concreta de nossa ação e compaixão cristã (Mateus 5:16; Efésios. 1:14; 1 Pedro

2:12)

O Evangelho do reino de Deus é uma proposta “contra cultural”. É

importante reconhecer a influência da cultura em nossos povos, principalmente

na América Latina (linguagem, música, artes, provérbios e outros). Nossa

cosmovisão do Evangelho precisa de uma proposta abrangente de discipulado

da nação toda, incluindo a influência transformadora nos aspectos culturais que

possam ser opostos ou contraditórios aos valores do Reino de Deus. (Romanos

14:17)

O Evangelho integral não é a descoberta de um marco teórico e vazio. Pelo

contrário, precisa de nossa prática concreta para desenhar, plantar, cultivar e

acompanhar projetos sustentáveis de desenvolvimento da pessoa toda: corpo,

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alma e espírito em todas as dimensões da vida: física, social, mental, emocional

e espiritual. (Lucas 2:52)

Entendemos que na Bíblia o Evangelho tem uma dimensão política (polis =

cidade) que precisamos discernir com sabedoria. O profeta Jeremias nos exorta

a: “Buscar a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem ao Senhor

em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela"

(Jeremias 29:7). Também o apóstolo Paulo em 1 Timóteo 2:2 nos convida a orar

pelos que exercem autoridade para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica.

Em outras palavras, a oração deve incluir um clamor pela “viabilização da

esperança” por meio da graça comum de Deus na sociedade através das

autoridades políticas.

O Evangelismo e ação Social, são aspectos indissociáveis do agir redentor de

Deus. Precisamos então redescobrir a vocação histórica da igreja na ação social

transformadora sob a inspiração sobrenatural do Espirito Santo e o exemplo

concreto de Jesus (Lucas 4:18)

A igreja como Corpo de Cristo, é uma comunidade com características

irrenunciáveis e irreversíveis de: Comunidade apostólica, Comunidade cristã,

Comunidade dos santos “no mundo”, Comunidade dos fiéis e Comunidade dos

amados. (Efésios 1:1-7)

Uma perspectiva de impacto transformador da igreja na comunidade está

alicerçada em valores do Reino de Deus e na “matemática do Reino” onde: Os

últimos são primeiros; os maiores são os que servem; Os que se humilham são

exaltados; Os insignificantes são valorizados e as boas novas são dadas aos

pobres e libertação é proclamada aos cativos. Deus só pede que nós, demos

nossa vida, nosso esforço, nossos dons e nosso coração contrito e humilhado.

Ele o multiplicará para glória de Seu Nome e para benefício daqueles mais

carentes na sociedade.

O papel da igreja no mundo, precisa de uma cosmovisão ou visão do mundo,

que seja baseada no teísmo bíblico (João 17:15-19) e não secular, reducionista,

dualista ou animista. Não desacoplada nem conformada com o mundo, mas

impactando a transformação do mundo. (Romanos 12:2)

A igreja tem a responsabilidade de aprender e desaprender para gerar uma

prática transcendente e integral de missão que anuncia, defende e confirma o

projeto histórico de redenção divina em todas suas dimensões (criação, rebelião,

a missão, a cruz, a tarefa e a volta do Rei). Como foi proclamado desde o Pacto

de Lausanne 1974: “Uma igreja que pregue a Cruz deve, ela própria, ser marcada

pela Cruz. Ela torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização quando trai o

evangelho ou quando lhe falta uma fé viva em Deus, um amor genuíno pelas

pessoas, ou uma honestidade escrupulosa em todas as coisas”

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O Evangelismo e ação Social, são aspectos indissociáveis do agir redentor de

Deus. Precisamos então redescobrir a vocação histórica da igreja na ação social

transformadora sob a inspiração sobrenatural do Espirito Santo e o exemplo

concreto de Jesus (Lucas 4:18)

NOSSO DESAFIO E COMPROMISSO DE SEGUIMENTO

Reconhecemos que ainda não temos alcançado tudo. É indispensável, para ser

igreja com uma teologia e uma prática transformadora do Evangelho Integral,

continuar aprendendo e desaprendendo, ao mesmo tempo que oramos e

abraçamos a graça de Deus como companheira inseparável nesta tarefa de fé,

portanto nos comprometemos:

Lembrar o pedido dos Apóstolos: “Senhor ensina-nos a orar”, e colocar-nos

diante do trono da graça em oração, clamando para que ela seja: inclusiva e

abrangente, que reconhece nossa vulnerabilidade humana, que revela um

coração contrito e humilhado, que clama pela justiça em nossa sociedade, que

encarna a oração do Senhor: “Venha teu reino, seja feita tua vontade” (Mateus

6:10), Que anuncia e vivência que Jesus Cristo em nós é a esperança de glória

(Colossenses 1:27) e que demonstra com uma práxis compassiva que o Reino de

Deus não consiste de palavras más de poder e que o Reino de Deus, não é

comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo (1 Coríntios

4:20; Romanos 4:17)

Reconhecer a nossa necessidade de exercitar o dom que recebemos de Deus

para servir ao nosso próximo, como bons administradores da multiforme graça

de Deus. Nossa referência é o modelo de liderança servidora de Jesus Cristo,

nosso Salvador, Senhor e Mestre. (1 Pedro 4:10)

Reafirmar nosso compromisso para redescobrir uma visão compartilhada e

unânime para a unidade da igreja, em resposta a oração de Jesus ao Pai. “Para

que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também

estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Joao 17:21).

Integrar a nossa prática do paradigma do Evangelho Integral, uma

redescoberta de modelos de espiritualidade bíblica também integral. Uma

espiritualidade não saudável pode tornar irrelevante nossa missão. Não

deixaremos de orar, como exorta o Apóstolo Paulo: “Para ser cheios do pleno

conhecimento da vontade de Deus, com toda sabedoria e entendimento

espiritual” (Colossenses 1:9)

Assumir com humildade o desafio de revisitar e reinventar nossos

paradigmas de liderança. A vivência do Evangelho Integral somente é viável

com a liderança servidora modelada por Jesus. Ele veio para servir e não para

ser servido. Para dar a sua vida em resgate por muitos (Mateus 20:28).

Reconhecemos também que nossa liderança necessita buscar de maneira

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intencional a formação, treinamento e competência que só encontramos em

nossa intima comunhão com Deus (2 Coríntios 3:5-6)

Ser instrumentos de Deus para reposicionar de maneira integral e sem

nenhuma omissão, a Grande Comissão de Mateus 28:18-20 que com grande

esperança para toda a criação de Deus, nos desafia a: Contar com TODA a

autoridade que foi dada a Jesus no céu e na terra; Ir e fazer discípulos de

TODAS as nações, batizando-os em nome do Pai, Filho e do Espírito Santo;

Ensinando-os a obedecer TODO o Evangelho do Reino de Deus, para a pessoa

TODA; Inspirar-nos na promessa de que Jesus está e estará conosco TODOS os

dias até a consumação dos séculos.

A Ele, somente a Ele seja a glória. Pois Nele vivemos, nos movemos e existimos.

Eis nos aqui Senhor, envia-nos para que o mundo saiba que tu és Deus e que as

coisas que fazemos são em obediência a tua Palavra. Amém!

EM CRISTO, e também em Natal, RN, confirmamos nosso chamado e

compromisso. Aos dezenove dias do mês de Outubro do ano de dois mil e treze.

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O caráter eclesiológico do Pacto de Lausanne

Key Yuasa

1. O PACTO DE LAUSANNE COMO UMA ATUALIAZAÇÃO.

(AGIORNAMENTO)

O Congresso Internacional para a Evangelização Mundial em Lausanne,

Suiça, em 1974, serviu para o universo evangélico (evangelical) como um evento

de “aggiornamento”, ou atualização como o Concílio do Vaticano II (1959-1963)

serviu para a Igreja Católica Romana.

Verdade as nações do Ocidente fizeram a sua atualização na

transformação da antiga Sociedade das Nações em Nações Unidas, com uma

nova carta de Organização e a formulação de sua Carta Magna, a Declaração dos

Direitos Universais do Homem em 1947 e 48.

As Igrejas históricas do Protestantismo da Europa e seus contrapartes no

Atlântico Norte e várias Igrejas na África, Ásia e América Latina, mais ou menos

alinhadas com elas, fizeram a sua atualização depois da II Guerra Mundial, em

1948 quando da formação do Conselho Mundial de Igrejas e da redação de sua

carta dos princípios para os relacionamentos inter-eclesiásticas, a cooperação

mútua e afirmação da Missão das Igrejas e seus desdobramentos no Mundo

Contemporâneo.

A União Soviética sob liderança de Mikhail Gorbatchev tentou a sua

atualização nos dias de Perestroika e de Glassnost, mas as diversas unidades

nacionais da União parece resolveram declarar sua independência da União

para enfrentar os desafios do Mundo contemporâneo por si mesmos. E a União

Soviética se desfez como um castelo de cartas ante os olhos atônitos do mundo

inteiro.

O Pacto de Lausanne representa um esforço de Igrejas evangelicais do

mundo inteiro, e elas cresceram enormemente na Ásia, África e América Latina,

- para fazer frente aos desafios do Mundo Contemporâneo com Nações Unidas e

Declaração de Direitos Humanos Universais, os avanços no Movimento

Ecumênico estilo WCC ou estilo Católico Romano, e ainda o processo de

revivescência das grandes e pequenas religiões não cristãs.

O pacto é uma chamada a Igreja para a evangelização como tarefa

inacabada, é reafirmação de responsabilidades e orientações para ação

evangelizadora da Igreja nos dias de hoje, mas para assim fazer, ele reafirma

convicções básicas sobre fundamentos e princípios que norteiam a existência da

igreja. E é por isso que se pode identificar o caráter eclesiológico das afirmações

de Lausanne.

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Não sabemos se será possível, mas era de se desejar que o universo árabe

e muçulmano realizasse também a sua atualização, para estabelecer um

relacionamento de convivência com o mundo.

2. O PACTO DE LAUSANNE COMO UMA PROCLAMAÇÃO DA MISSÃO

INTEGRAL DA IGREJA

O Pacto de Lausanne pode ser considerado a proclamação da Missão

Integral da Igreja, pelos grupos evangelicais do mundo, com afirmações claras,

abrangentes e com algumas frases verdadeiramente lapidares, antológicas sobre

o tema:

“A evangelização mundial requer que a Igreja inteira leve o evangelho

integral ao mundo todo” (6. Igreja e a Evangelização).

“Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto

devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela reconciliação em toda a

sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo o tipo de opressão” (5.

A Responsabilidade Social).

“Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda a pessoa sem

distinção de raça, religião ou cor, cultura ou classe social, sexo ou idade possui

dignidade intrínseca em razão da qual deve ser servida e não explorada” (5.

Resp. Social).

“Embora a reconciliação com o homem não seja a reconciliação com

Deus, nem a ação social evangelização nem a libertação política salvação,

afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte

do nosso dever cristão, Pois ambos são necessárias expressões de nossas

doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de

nossa obediência a Jesus Cristo’ (5. Responsabilidade Social)

“A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre

toda a forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter

medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam.” (5. A

Responsabilidade Social)

“Os evangelistas de Cristo tem de humildemente procurar esvaziar-se de

tudo exceto de sua autenticidade pessoal a fim de se tornarem servos dos outros,

e as igrejas tem de procurar transformar e enriquecer a cultura; tudo para a

glória de Deus” (10. A evangelização e a Cultura).

Mas o propósito deste trabalho é fazer a indicação do caráter

eclesiológico deste pacto.

3. O CARÁTER ECLESOLÓGICO DO PACTO DE LAUSANNE

Quero chamar a atenção para as afirmações sob pelo menos três aspectos

a) fundamentos eclesiológicos, b) Referencias sobre a natureza da Igreja e c)

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sobre a vida e missão da Igreja. Fazendo esse recenseamento, podemos verificar

quão séria e abrangentemente o Pacto de Lausanne trata a questão eclesiológica.

A. Fundamentos Eclesiológicos

A Igreja pertence ao Senhor Jesus, e é constituída por pessoas salvas pelo

Senhor.

“Nos membros da Igreja de Jesus Cristo procedentes de mais de 150

nações, participantes do Congresso internacional de Evangelização em

Lausanne, louvamos a Deus por sua grande salvação…” (Preâmbulo)

Uma descrição, ou definição do que é a Igreja. A Igreja é um povo

reunido por um chamamento (ekklesia) para ser salva, santificada e preparada

para ser reenviada ao mundo com uma missão: serviço, testemunho, estender o

seu reino, edificar um povo, corpo de Cristo, para a glória de seu nome. Quem

usa a expressão “o corpo de Cristo”, está dizendo o cabeça da Igreja é Jesus

Cristo.

“Ele (Deus Triuno, Pai Filho e Espirito Santo) tem chamado do mundo

um povo para si, enviando-o novamente para o mundo como seus servos e

testemunhas, para estender o seu Reino, edificar o corpo de Cristo e também

para a glória do seu nome” (1. Propósito de Deus)

A noção dinâmica de igreja antes como o povo de Deus do que como

instituição é afirmada na seguinte frase:

“A Igreja é antes a comunidade do Povo de Deus do que uma instituição,

e não pode ser identificada com qualquer cultura em particular, nem com

qualquer sistema social ou político, nem com ideologias humanas” (6 A Igreja e

a Evangelização)

A Igreja tem na verdade um tremendo lugar nos planos de Deus e tem

uma dignidade que emana do chamamento de Deus. A grandiosidade dessa

chamada está expressada na Carta aos Efésios, por exemplo, ou no tratado sobre

a Liberdade Crista de Martinho Lutero.

“A Igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e

é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho” (6 A Igreja e a

Evangelização)

“Eclésia reformata, sempre reformada” diz um dos motos da Reforma

Protestante do século XVI, e aqui se reafirma a necessidade de reforma, de

renovação, para poder cumprir com o chamado da Igreja.

“Cremos no Espírito Santo. ...o Espírito Santo é um Espírito missionário.

...A evangelização mundial só se tornara realidade quando o Espírito renovar a

igreja na verdade, na sabedoria, na fé, na santidade, no amor e no poder.

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...portanto instamos com todos os cristãos que orem pedindo a visita do

soberano Espírito de Deus” (14 O Poder do Espirito Santo)...

4. SOBRE A NATUREZA DA IGREJA

B) Sobre a Natureza da Igreja: mencionaremos B1) A Apostolicidade da Igreja

B2) A Catolicidade da Igreja B3) A Unidade da Igreja B4) A Santidade da Igreja

B1) A Apostolicidade da Igreja:

“Afirmamos a inspiração divina, a veracidade e a autoridade das

Escrituras, tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade como a

única Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que ela afirma, e a única

regra infalível de fé e pratica”

Esta reafirmação muito cara ao povo evangélico de todas as gerações

pode parecer para alguns reflexo de um fundamentalismo biblicista, mas

queremos indicar aqui, que ela se liga a questão da apostolicidade da Igreja.

Porque os autores do NT são apóstolos, ou pessoas cumprindo com a função

apostólica.

Esta função apostólica é testemunhar sobre a vida de Cristo, “ desde o

batismo de João até a ascensão, passando pela cruz e ressurreição” na expressão

de Atos 1:21 e 22. Essas testemunhas ouviram a Jesus, viram com os seus

próprios olhos, e contemplaram com coração, e com as mãos apalparam com

respeito ao Verbo da vida, Jesus;

Quando se afirma a inspiração divina, a veracidade e a autoridade das

palavras dos apóstolos, estamos afirmando que nós em nossa geração ouvimos e

vemos a Cristo através dos ouvidos olhos dos apóstolos, através da

contemplação de fé desses apóstolos. Existe aqui uma dependência orgânica e

espiritual, na pessoa dos apóstolos como os órgãos no mesmo corpo dependem

uns dos outros. Nós precisamos dos seus ouvidos, dos seus olhos, do seu

coração e de sua fé para contemplar a Jesus, para conhecê-lo, e para seguir a ele.

“o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que

vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora a nossa comunhão é com o

Pai e com seu Filho Jesus Cristo” I Jo 1:3

Esta nossa dependência orgânica e espiritual para com os apóstolos é a

primeira metade da questão da apostolicidade. A outra metade se refere à

dependência dos apóstolos, missiologicamente falando em nós.

O livro de Hebreus, referindo-se aos heróis da fé do passado, afirma:

“Ora todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé, não obtiveram,

contudo a concretização da promessa, por haver Deus provido cousa superior

a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados” Heb. 11: 39,

40.

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Hebreus está se referindo a uma grande diferença de situações entre os

que receberam a promessa da vinda do Messias, o Ungido, com aqueles que

viram a concretização, o cumprimento dessa promessa na pessoa bendita do

nosso Senhor Jesus Cristo. Mas essas palavras podem se referir também ao

relacionamento entre os apóstolos e nós. Existe um sentido em que promessas

do Senhor Jesus, por exemplo “e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e

toda a Judéia, em Samaria e até aos confins do mundo” só está se realizando em

nossos dias...

Eles receberam o mandato de ir até os confins do mundo a todas as

nações, mas não puderam fazê-lo. Em Pentecostes os apóstolos falaram muitos

idiomas, mas não consta que houvessem falado o Português. Para percorrer os

caminhos do Brasil, (de Portugal. Moçambique ou Angola), eles precisam de

nossas pernas. Para amar hoje o povo dessas nações os apóstolos precisam de

nosso coração. E para falar das grandezas de Deus no idioma de Camões, eles

precisam de nossas bocas. Eles dependem também, orgânica e espiritualmente

de nós, de nossa fidelidade, de nossa obediência como os órgãos no mesmo

corpo. O realizar hoje a obra do evangelho com essa unidade orgânica e

espiritual com os apóstolos, é o que dá o sentido de apostolicidade em nossa

vida e missão como corpo de Cristo nos dias de hoje.

B2) Catolicidade

“... Haverá um crescente esforço conjugado das igrejas, o que revelara

com maior clareza o caráter universal da igreja de Cristo”

Neste parágrafo sobre o esforço conjugado de igrejas na evangelização, se

afirma a fé no caráter universal da igreja de Cristo. E importante, anotar

também o que o Manifesto de Manila 1989 ( O Lausanne II, 15 anos após o

Lausanne 1974) acrescenta sobre este tópico:

“Nossa referência a “toda a igreja” não é uma afirmação presunçosa de

que a igreja universal e a comunidade evangélica sejam sinônimas. Porque

reconhecemos que há muitas igrejas que não são parte do movimento

evangélico”

“As atitudes evangélicas diante a Igreja Católica Romana e as Igrejas

Ortodoxas diferem enormemente. Alguns evangélicos estão orando,

conversando, estudando as escrituras e trabalhando com essas igrejas. Outros se

opõe fortemente a qualquer forma de diálogo ou cooperação com elas. Todos os

evangélicos estão conscientes de que ainda subsistem entre nós sérias

diferenças teológicas. Onde seja apropriado e na medida em que não se veja

(indevidamente) comprometida, a cooperação pode ser possível em áreas tais

como a tradução da Bíblia, o estudo de temas éticos e teológicos

contemporâneos, o trabalho social e a ação política Devemos deixar claro

Page 93: Caderno de Reflexões Para o Congresso ALEF 2014

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entretanto, que uma evangelização conjunta, demanda um compromisso

comum ao evangelho bíblico”.

“Alguns de nós somos membros de igrejas que pertencem ao Conselho

Mundial de Igrejas, e cremos que uma participação ativa, mas crítica de sua

obra e nosso dever cristão. Outros de nós não temos nenhuma relação com o

referido Conselho. Todos nós instamos o Conselho Mundial de Igrejas a que se

identifique com uma compreensão bíblica e consistente da evangelização”.

A Universalidade da Igreja decorre 1) Da Unicidade de Cristo e da Igreja

2) do fato de que temos um só fundamento nos profetas e apóstolos, 3) do fato

de que Cristo não pode ter mais de uma noiva 4) e da exortação para que

tenhamos comunhão com todos os santos como afirmado na seguinte passagem

de Efésios.

“e assim, habite Cristo no vossa coração pela fé, estando vós arraigados e

alicerçados em amor, afim de poderdes compreender com todos os santos,

qual é a largura, e comprimento, e a altura e a profundidade e conhecer o

amor de Cristo que excede todo o entendimento, para que sejais tomados de

toda a plenitude de Deus! Ef. 3: 17-19.

B3) Unidade da Igreja

“Afirmamos que e propósito de Deus haver na igreja uma unidade visível

de pensamento quanto a verdade. A evangelização também nos convoca a

unidade porque o ser um só Corpo reforça o nosso testemunho, assim como a

nossa desunião enfraquece o evangelho da reconciliação.”

No parágrafo sobre a Cooperação na Evangelização lemos estas frases

que indicam a consciência de Unidade da Igreja que é da natureza da Igreja.

“Empenhamo-nos por encontrar uma unidade mais profunda na verdade,

na adoração, na santidade, e na missão” 7

O Manifesto de Manila, em 1989, 15 anos depois de Lausanne acrescenta:

“Confessamos que nos cabe também uma parte da responsabilidade pelo

fracionamento do Corpo de Cristo, que constitui um grande obstáculo para a

evangelização do mundo. Comprometemo-nos a prosseguir a busca dessa

unidade na verdade pala qual Cristo orou.. Estamos convictos de que a forma

correta de avançar em direção a uma melhor cooperação,, é um diálogo franco e

paciente baseado na Bíblia com todos os que compartilham nossas

preocupações. A isso nos comprometemos com alegria.” (Manifesto B Toda a

Igreja)

B4) A Santidade da Igreja

“Mas uma igreja que pregue a Cruz deve ela ser marcada pela Cruz.”

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“Ela torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização quando trai o

evangelho ou Quando lhe falta uma fé viva em Deus, um amor genuíno pelas

pessoas, ou uma honestidade escrupulosa em todas as coisas inclusive em

promoção e finanças” 6. A Igreja e a Evangelização

“A evangelização mundial só se tornara realidade quando o Espírito

renovar a igreja na verdade, na sabedoria, na fé, na santidade, no amor e no

poder. ...portanto instamos com todos os cristãos que orem pedindo pela visita

do soberano Espírito de Deus”... (14 O poder do Espírito Santo)

Fica assim demonstrado que o Pacto está tratando de 4 importantes

aspectos da natureza da Igreja de Cristo: Apostolicidade, Catolicidade, Unidade

e Santidade.

5. SOBRE A VIDA E A MISSÃO DA IGREJA

C1. Marturia (testemunho e martírio) - C2 kerygma, kerussein (proclamação,

proclamar) -C3-baptizein (batizar)- C4 - matheteuein (discipular)- C5 didakê

(ensino)- C6 Diakonia (serviço)- C7 kononia (comunhão, compartilhar) - C8

Oikodomein ten ekklesian (edificar a igreja) C9 Profeteuein (profetizar) C10 –

Doxazein (Louvar, Adoração). Com base no texto de Lausanne seria possível

indicar muitos outros pontos ainda.

C1) Marturia (testemunho e martírio)

Em muitíssimos parágrafos a questão do testemunho, e do sofrimento

por causa do evangelho é mencionado: Em Parágrafo sobre o Poder do Espírito

Santo se cita o versículo 8 de Atos 1, assim como no parágrafo sobre o Retorno

de Cristo. E esse versículo da grande comissão (versão do livro de atos) promete

que os discípulos seriam testemunhas de Cristo em Jerusalém e em todas as

partes do mundo.

“Acreditamos que o período que vai desde a ascensão de Cristo até o seu

retorno será preenchido com a missão do povo de Deus, que não pode parar esta

obra antes do Fim” (15 O Retorno de Cristo)

“Também expressamos nossa profunda preocupação com todos os que

foram injustamente encarcerados, especialmente com nossos irmãos que estão

sofrendo por causa do seu testemunho do Senhor Jesus” (13. Liberdade e

perseguição).

“Afirmamos que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como

o Pai o enviou e que isso requer que haja uma dedicação de igual modo

profunda e sacrificial! Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e

penetrar na sociedade não cristã” (6. A Igreja e a Evangelização).

C2 – Kerygma (mensagem, proclamação)

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Elementos kerigmáticos estão presentes nas seguintes afirmações:

“Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por

nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras. E de que como Senhor e

Rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a

todos os que se arrependem e creem.”

“A evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e

histórico como Salvador e Senhor, com intuito de persuadir as pessoas a vir a ele

pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus.”

C3 – Baptizein (Batizar)

Este elemento está subentendido em expressões como “ingressar na

Igreja”, “fazer discípulos” e a passagem de Mat. 28:19 que se refere a batizar e

fazer discípulos está citado nos parágrafos 1 Proposito de Deus, 6 a Igreja e a

Evangelização.

“Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso

em sua igreja e um serviço responsável no mundo” (4. A natureza da

evangelização”)

C4 – Matheteuein (Discípular)

“decidimo-nos a obedecer ao mandamento de Cristo de proclamá-lo a

toda a humanidade e fazer discípulos de todas as nações” (Introdução)

“ao fazermos o convite ao evangelho, não temos o direito de esconder o

custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram seguí-lo a

negarem-se a si mesmos, a tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova

comunidade” (4 a natureza da Evangelização);

C5 – Didakê (Ensino)

“Reconhecemos que há uma grande necessidade de desenvolver educação

teológica, especialmente para líderes eclesiásticos”

“em toda nação e em toda cultura deve haver um eficiente programa de

treinamento para pastores e leigos em doutrina, em discipulado e evangelização,

em edificação e em serviço” (11. Educação e Liderança)

C6 – Diakonia (Serviço)

Este pacto elimina a dicotomia evangelização e serviço social . Toma o

serviço aos membros e à comunidade humana maior onde está inserida a igreja,

não como uma atividade separada da evangelização, mas sim como uma parte

integrante e indispensável da proclamação da Palavra.

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“Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso

em sua igreja e um serviço responsável no mundo” (4 A natureza da

evangelização)

“A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na

totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é

morta” (5. A responsabilidade social)

A frase mais famosa deste pacto expressa a integralidade do Evangelho

que devemos anunciar:

“A evangelização do mundo requer que a igreja inteira leve o evangelho

integral ao mundo inteiro” (6. A igreja e a evangelização)

C7- Koinonia (Comunhão e Compartilhamento)

A noção de koinonía, inclue tanto a comunhão no sentido usual da

palavra, como no sentido de compartilhar bens e a vida, como expressado pela

igreja no dia de Pentecostes.

“nós que partilhamos a mesma fé bíblica, devemos estar intimamente

unidos na comunhão uns com outros nas obras e no testemunho! (7 Cooperação

na Evangelização)

“Aqueles dentre nós que vivem em meio à opulência aceitam como

obrigação sua desenvolver um estilo de vida simples afim de contribuir mais

generosamente tanto para aliviar os necessitados como para a evangelização

deles” (9. Urgência da Tarefa Evangelística)

C8- Oikodomein ten ekklesia (edificar igreja)

As frases seguintes subentendem a tarefa de edificar a igreja, o Corpo de Cristo:

“A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo e é

o agente que ele promoveu para difundir o evangelho” ( 6. A Igreja e a

evangelização)

C9 – Profeteuein (Profetizar)

A frase seguinte se refere à missão da igreja de atuar profeticamente

pronunciando-se em favor da justiça e equidade quando necessário.

“A mensagem de salvação implica também uma mensagem de juízo sobre

toda a forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter

medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam.”

C10 – Doxazein – (Louvar, Adorar)

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“Jesus Cristo foi exaltado sobre todo e qualquer nome. Anelamos pelo dia

em que todo joelho se dobrará diante dele e toda língua o confessará como

Senhor.”

(3 A Unicidade e a Universalidade de Cristo).

“Aleluia!” (Conclusão)

A dimensão de louvor, parte da missão da igreja estão expressadas nas

palavras acima citadas.

6. CONCLUSÕES

1. Demonstramos nesse pequeno ensaio que o Pacto de Lausanne (1974)

foi redigido por pessoas que tinham um piedoso apego à Igreja de Cristo, e

tinham noção de seus fundamentos, de sua natureza e aspectos cruciais da vida

e missão da Igreja.

2. O Pacto não é formulação de eclesiologia, mas seria possível a partir de

suas palavras compor uma excelente eclesiologia. Em cada um de seus

parágrafos, as nossas igrejas locais e ou denominações, somos instruídos e

desafiados, sobre as dimensões de ser igreja do Senhor, em nossos dias.

3. Por isso esse documento serve de denominador comum ou plataforma

contemporânea sobre o qual diferentes igrejas, podem colaborar.

4. Ele tem um equilíbrio entre afirmação da necessidade de envolvimento

sócio-politico-cultural, e afirmação da natureza e realidade da Igreja como

Corpo de Cristo.

Fonte: www.ultimato.com.br

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Sobre os Autores

1. Pedro Arana Quiroz – Pastor da Igreja Presbiteriana Pueblo Libre,

PERU. É secretário geral da Sociedade Bíblica do Peru e presidente executivo

do conselho do New College San Andrés. Doutorado honorário em 1990 por

John Calvin Seminário Teológico da Igreja Presbiteriana Independente do

México.

2. Ariovaldo Ramos – Teólogo, Filósofo, escritor e presbítero na Igreja

Cristã Reformada de São Paulo. Atualmente é diretor da Visão Mundial - setor

Brasil.

3. José Marcos Silva – Pastor da Igreja Batista Coqueiral – Recife – PE.

Bacharel em Teologia pelo Seminário Batista do Norte. Bacharel em Psicologia

pela Universidade Federal de Pernambuco. Pós-graduado (Lato Sensu) em

Ciências Políticas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Atualmente é presidente do instituto Solidare.

4. Wilson Costa – Bacharel em Teologia, Pastor Presbiteriano na Cidade de

Campinas – SP. Atualmente é diretor Executivo da Aliança Cristã Evangélica

Brasileira.

5. Hudson Taylor Maia – Pastor presidente da Igreja Ministério Fé Cristã,

Coordenador do Movimento Bola na Rede, RENAS – RN. É secretário da

Missão ALEF.

6. Romildo Gurgel Fernandes – Bacharel em Teologia. Licenciatura em

gestão pessoal, Pastor da Igreja de Cristo em Natal - RN. Coordenador do

Curso Casados para Sempre.

7. Marcos Aurélio dos Santos - Bacharel em Teologia, coordenador e

professor do curso de Bacharelado em Teologia livre no STP, (Seminário

Teológico Potiguar), Escritor e editor do Blog Reflexões Teológicas. Membro

do conselho fiscal da Missão ALEF e membro da igreja de Cristo em Natal RN.

8. Antônio Carlos Costa – Pastor da Igreja presbiteriana no Rio de Janeiro,

presidente do ministério Palavra plena. Possui mestrado em Teologia

Histórica pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, no

Instituto Presbiteriano Mackenzie. É doutorando pela Faculté Libre de

Théologie Réformée, França. É também presidente do movimento Rio de Paz.

9. Arturo Meneses – Membro da Igreja Batista Viva em Natal – RN.

Mestrado em Administração e Educação de Adultos pelas Faculdades:

Americus University e Achieve Global International – EUA. Estudos pastorais

e de teologia na Faculdade Latinoamericana de Estudos Teológicos e Chapel

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Hill University, Georgia, EUA. Atualmente trabalha como consultor e Diretor

Regional da Eastern University para a América Latina. Sede: Natal - RN.

10. Renildo Diniz Lopes – Bacharel em Teologia pelo Seminário Batista

Bereano, Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Pastor da Igreja Batista Esperança, Natal RN. Atualmente

vice-presidente da MISSÃO ALEF.

11. Sergio Paulo Lyra Ribeiro - Pastor Presbiteriano. É formado em

Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, Ciência da

Computação pela UFPE, tendo cursado o mestrado em missiologia no CPPAJ-

SP e doutorado em ministérios no Reformed Theological Seminary.

12. Key Yuasa – Teólogo, pastor da Igreja Evangélica Holyness, em Curitiba,

é presidente da Aliança Evangélica Brasileira (AEVB) e membro da Aliança

Evangélica Mundial.

13. Leandro Silva Virgíneo - Missionário e presidente da Missão ALEF,

Coordenador do núcleo FTL Natal RN, Membro Integrante da RENAS.

Membro da Igreja do Nazareno em Natal RN.

14. Ann E. C. Borquist – Pastora na primeira igreja Batista em Brasília.

Têm experiência transcultural e missionária em 9 países, entre eles: Gana

(1978-81), Filipinas (1987-96), Brasil (2004+); treinamentos e consultorias em

Haiti, Tailândia, Mianmar, Vietnã, Índia, os EUA. É pedagoga e socióloga.

Presta também seus serviços a convenção Batista Nacional.

15. Bruce R. Borquist - Formação em Ciências Ambientais, Língua e

Literatura Russa. Têm experiência transcultural e missionária em 9 países,

entre eles: Gana (1978-81), Filipinas (1987-96), Brasil (2004+); treinamentos e

consultorias em Haiti, Tailândia, Mianmar, Vietnã, Índia, os EUA. Presta

também seus serviços a convenção Batista Nacional.

16. Tiago Nogueira de Souza - É pastor na presbiteriana independente em

Machado-MG. Formado em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de

Campinas e pós-graduando em Plantação e Revitalização de Igrejas pelo

Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas. É o responsável pela transição

da 1ª IPI de Machado para o sistema celular. Coordenador do Projeto Igreja

em Células. É membro da FTL-Brasil, Projeto Timóteo e Renovaré.

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