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1. A vida e a obra; 2. A Lenda; 3. Renascimento – Um tempo e uma arte de mudança; 4. Imitar os clássicos, imitar a Natureza; 5. A Lírica de Camões – A tradição poética; 6. O Petrarquismo; 7. Uma poesia feita de experiências.

Camões

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Page 1: Camões

1. A vida e a obra;

2. A Lenda;

3. Renascimento – Um tempo e uma arte de mudança;

4. Imitar os clássicos, imitar a Natureza;

5. A Lírica de Camões – A tradição poética;

6. O Petrarquismo;

7. Uma poesia feita de experiências.

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Não se sabe ao certo quando nasceu, talvez por volta de

1525, possivelmente em Lisboa. Poderá ter estudado em Coimbra,

pois a vasta cultura das suas obras só se justifica se ele tenha

frequentado estudos superiores que naquela altura apenas

existia em Coimbra. Apesar disso, não foi encontrado até hoje

nenhum comprovativo da sua passagem pela universidade.

Presume-se que era fidalgo da pequena nobreza, o que lhe

terá dado acesso há corte, enquanto viveu em Lisboa. Entre 1549

e 1551 participou numa expedição ao Norte de África, onde num

acidente de guerra perdeu o seu olho direito.

Em 1552, numa briga, feriu um arrieiro do rei, pelo que é preso

na Cadeia do Tronco, até março de 1553. Após a sua libertação

cumpriu 3 anos de serviço militar no Índia. Apesar da protecção

e amizade do Vice Rei, esteve prezo por dividas.

Parece também ter estado em Macau e no regresso á Índia,

sofreu um naufrágio, no qual perdeu todos os bens, salvando-se a

nado com o manuscrito de “Os Lusíadas”. Em 1570, preparava a

publicação de “Os Lusíadas”, dedicado ao Rei D. Sebastião, que

lhe concedeu uma tença anual de 15 000 reias brancos. Em 1572

são publicados “Os Lusíadas”. Para alem de esta obra, também é

destacar de Camões a sua obra lírica onde ressaltam os sonetos,

as canções e as redondilhas.

Os seus últimos anos em Portugal, foram anos de miséria.

Morreu no dia 10 de junho de 1580. Hoje em dia os seus restos

mortais encontram-se no mosteiro dos Jerónimos.

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Não existe a comprovação de muitos fatos que contam na

lenda de Camões. Assim, as poucas certezas sobre a vida do

poeta foram sendo amplificadas por fantasias sobre os seus

amores, as suas aventuras e a sua miséria.

Sobre a vida sentimental de Camões muito se tem dito e

escrito. Que teve muitos e variados amores é verdade, e sobre o

amor escreveu abundantemente, para mulheres idealizadas ou

para mulheres que tenha conhecido.

Sabe-se que Camões viveu quase sempre com grandes

dificuldades financeiras, mas também não é certo que tenha

vivido os últimos anos de vida graças à ajuda de um criado, Jau,

que trouxe do Oriente e que, segundo a tradição. Para ele

mendigava por Lisboa.

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O renascimento é tão complexo e prolongado que é difícil

caracterizá-lo e limitá-lo no tempo e no espaço. No entanto pode

ser definido como um movimento cultural que, articulado com

fatores sociais, económicos, políticos e religiosos, criou uma

profunda dinâmica de mudança na Europa do séc. XV e XVI.

O berço do renascimento é a Itália do séc. XV, mais

precisamente cidades como Génova, Veneza e sobretudo Florença

que, enriquecidas pelo comércio, geraram uma extraordinária

elite de políticos e intelectuais responsáveis pelo movimento de

renovação da cultura.

Da Itália (e também de Flandres), o movimento expandiu-se

por toda a Europa e atingiu o seu ponto culminante nas primeiras

décadas do séc. XVI. Num tempo de luxo em que os reis e os

papas tinham todos os artistas em seus redores que construíram

palácios e igrejas que depois encheram de culturas e pinturas.

Os artistas e os intelectuais de então estabeleceram uma

autêntica rede de contactos internacionais, através das viagens e

da troca de correspondência, o que conferiu ao Renascimento um

carácter, se não universalista, pelo menos europeu.

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Um dos principais vectores do renascimento e daí o seu

nome, é a valorização e mesmo a imitação da antiguidade clássica

greco-romana. Na Península Itálica, a presença de marcas

arquitectónicas e artísticas do Império romano nunca deixou de

se sentir. Por outro lado, em 1453, com a queda de

Constantinopla tomada pelos turcos, muitos helenistas fugiram

para Itália, onde contribuíram para o interesse pela cultura

grega.

Deste modo, os autores e as obras greco-romanas passaram

a funcionar como modelos a seguir, porque correspondiam àquilo

que o pensamento renascentista mais apreciava: o equilibro, a

harmonia, o respeito pela proporção, o realismo naturalista. O

lema passou a ser: “Imitar os clássicos, imitar a natureza”. Os

arquitectos, os escultores e os pintores estudavam as proporções

da natureza, sobretudo das proporções do corpo humano para

criar obras parecidas co a realidade.

A arte renascentista é, pois, naturalista. Artistas como

Leonardo da Vinci ou Miguel Ângelo estudaram o volume e até a

anatomia e, por isso, os homens e os animais que pintaram e

escupiram parecem de carne e osso. Considerando que, na arte, é

essencial a representação das 3 dimensões do real, o que implica

uma ordenação radical e lógica dos elementos, os pintores

inventaram a perspectiva.

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Ao contrário de outros autores do Renascimento, Camões

não pôs de lado na sua poesia esta herança literária medieval, de

antigos poetas portugueses.

Assim, parte da sua obra lírica apresenta uma estrutura

métrica de estrófica usada pela poesia palaciana- versos de cinco

ou sete sílabas métricas (redondilha menor ou maior) organizadas

em mote e voltas.

Quanto às temáticas, encontrasse na poesia de Camões,

particularmente nas redondilhas, motivos característicos das

cantigas de amigo medievais. Encontramos também a submissão

amorosa, o cativo de amor, o Amor “posto em giolhos” , perante a

beleza sobrenatural da amada – herança de amor trovadoresco e

palaciano.

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Mas Camões é um poeta do Renascimento e, como tal,

grande parte da sua obra insere-se numa estética de imitação em

que o poeta procura identificar-se com um modelo, aceitando

regras e convenções estabelecidas.

A nível da estrutura poética, utilizou, a par da redondilha, o

decassílabo e as novas composições introduzidas pelos

renascentistas.

O modelo da poesia lírica renascentista é Petrarca, e

Camões foi petrarquista como todos os poetas do seu tempo.

Francesco Petrarca, poeta italiano do séc. XIV, cantou nos

seus poemas líricos o Amor ideal, concebido como uma

contemplação espiritual que exclui a sensualidade. As

contradições que esta filosofia amorosa despertam no ser

humano, são encaradas pelo poeta com serenidade, pois fazem

parte de um percurso purificador. A mulher amada é, também

ela, a representação de um ideal de Beleza e Perfeição.

A mulher era caracterizada com longos cabelos “de ouro”,

ondulados, pele branca e delicada, olhos claros e cintilantes que

reflectem um temperamento sereno, uma alegria discreta

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Camões apesar de se assumir petrarquista, não o transfere para

a sua poesia, afastando-se do modelo petrarquista, onde nem

sempre a mulher retratada corresponde ao ideal feminino

renascentista, e o amor nem sempre está isento de sensualidade.

É em essencial nos poemas de carácter autobiográfico, que

a diferença entre Petrarca e Camões se torna mais evidente, pois

Camões reflecte sobre a própria vida, e mostra manifestações de

perplexidade, de cansaço, de frustração e revolta.

Camões apresenta-se como um ser diferente, ao dizer ser

perseguido pela má sorte e por um destino cruel. Revoltando-se

contra o desajuste entre a capacidade de sonhar e a

concretização dos sonhos.

Segundo António José Saraiva, Camões sobe realizar a

síntese entre a tradição literária portuguesa e as invenções

introduzidas pelos italianos, afirma assim António José Saraiva

que Camões foi o melhor poeta português da escola petrarquista.

Para escrever os Lusíadas ele inspirou-se nas suas próprias

experiências de vida.