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2009/2010 CANCRO NA VIDA DAS PESSOAS Sensibilização Para o Cancro Ana Moreira Andreia Guimarães Bruno Magalhães Cátia Sampaio Serafim Pinto Escola Secundária de Felgueiras Área de Projecto 12ºC

Cancro na Vida das Pessoas - Livro

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Page 1: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

2009/2010 CANCRO NA VIDA DAS PESSOAS

Sensibilização Para o Cancro

Ana Moreira

Andreia Guimarães

Bruno Magalhães

Cátia Sampaio

Serafim Pinto

Escola Secundária de Felgueiras

Área de Projecto

12ºC

Page 2: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

Índice

Prefácio .................................................................................................1

O cancro ................................................................................................3

Tipos de tumores ................................................................ 3

Como diferenciar tumores benignos de tumores

malignos…………. .................................................................... 5

Cancro genético .................................................................. 7

Como se desenvolve o cancro ............................................ 8

Cancro do colo do útero........................................................................9

O que é? .............................................................................. 9

Factores de risco ............................................................... 12

Sintomas ........................................................................... 15

Diagnóstico ....................................................................... 16

Tratamento ....................................................................... 17

Incidência .......................................................................... 20

Cancro do cólon e/ou recto ............................................................... 22

O que é? ............................................................................ 22

Factores de risco ............................................................... 24

Sintomas ........................................................................... 25

Diagnóstico ....................................................................... 26

Page 3: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

Tratamento ....................................................................... 28

Incidência .......................................................................... 29

Cancro da mama ................................................................................ 31

O que é? ............................................................................ 31

Factores de risco ............................................................... 32

Sintomas ........................................................................... 33

Diagnóstico ....................................................................... 34

Tratamento ....................................................................... 41

Incidência .......................................................................... 47

Cancro da próstata ............................................................................. 49

O que é? ............................................................................ 49

Factores de risco ............................................................... 50

Sintomas ........................................................................... 51

Diagnóstico ....................................................................... 52

Tratamento ....................................................................... 53

Incidência .......................................................................... 55

Cancro dos pulmões ........................................................................... 59

O que é? ............................................................................ 59

Factores de risco ............................................................... 60

Sintomas ........................................................................... 61

Diagnóstico ....................................................................... 61

Page 4: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

Tratamento. ...................................................................... 63

Incidência .......................................................................... 65

Leucemia ............................................................................................ 66

O que é? ............................................................................ 66

Factores de risco ............................................................... 68

Sintomas ........................................................................... 70

Diagnóstico ....................................................................... 71

Tratamento ....................................................................... 72

Incidência .......................................................................... 73

Actividades desenvolvidas ................................................................. 74

Visita ao IPO ...................................................................... 74

Exposição .......................................................................... 76

Visita ao Hospital de Dia de Guimarães ............................ 80

Inquérito ........................................................................... 81

Tratamento de dados ....................................................... 84

Entrevista a doente oncológico ...................................... 100

Entrevista a familiar de doente oncológico .................... 103

Entrevista a médico oncológico ...................................... 105

Glossário ........................................................................................... 110

Bibliografia ....................................................................................... 122

Agradecimentos ............................................................................... 123

Page 5: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

1

Prefácio

Somos um grupo de alunos do 12º ano da Escola Secundária de Felgueiras

(2009/2010) e decidimos ter como tema do nosso projecto (no âmbito da

disciplina de Área de Projecto) “Cancro na Vida das Pessoas”. Seleccionamos

este assunto devido, principalmente, ao nosso interesse em desmistificar a

interpretação que as pessoas dão à palavra “cancro”. Mas também porque é

um assunto muito corrente e tem vindo a aumentar a incidência de pessoas

com esta doença ao longo dos anos. Com isto, é preciso alertar as pessoas

Page 6: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

2

para os principais factores de risco da doença, para a realização dos exames

de rotina, dos diagnósticos, dos cuidados a ter com a alimentação, etc. Mas

acima de tudo, informar que, hoje em dia, existem várias formas de

tratamento para superar esta doença.

Não devemos agrupar a palavra “cancro” com a palavra “morte”. E com

este projecto é isso que pretendemos: alertar mas também desmitificar esse

“mito”. Portanto, definimos como produto final a produção deste livro para a

concretização dos nossos objectivos, juntamente com um blogue

(http://cancronavidadaspessoas.blogs.sapo.pt) e um vídeo com as actividades

desenvolvidas ao longo do ano lectivo se encontra em anexo.

Page 7: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

3

O cancro

A palavra Cancro é utilizada para identificar um vasto conjunto de doenças

que são os tumores1 malignos. Os tumores são muito diversos, havendo

causas, formas de evolução e tratamentos diferentes para cada tipo. Há,

porém, uma característica comum a todos eles: a divisão e o crescimento

descontrolado das células.

Tipos de tumores

Nem todos os tumores correspondem a cancro. Os tumores podem ser

benignos ou malignos.

Os tumores benignos não são cancro:

Regra geral podem ser removidos;

As células destes tumores não se “espalham”, ou seja, não se

disseminam para os tecidos vizinhos ou para outras partes do

organismo;

Raramente põem a vida em risco.

1 Ver glossário

Page 8: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

4

Os tumores malignos são cancro:

Podem ser removidos, embora muitas vezes voltem a crescer;

As células destes tumores podem invadir e danificar os tecidos e

órgãos circundantes. Podem ainda libertar-se do tumor primitivo

e entrar na corrente sanguínea ou no sistema linfático – este é o

processo de metastização2 das células cancerígenas, a partir do

tumor primário, formando novos tumores noutros órgãos;

Podem colocar a vida em risco.

O nome dado à maioria dos cancros provém do tumor inicial. Por exemplo,

o cancro do pulmão tem início no pulmão e o cancro da mama tem início na

mama.

Quando o cancro metastiza, o novo tumor tem o mesmo tipo de células

anormais do tumor primário. Por exemplo, se o cancro da mama metastizar

para os ossos, as células cancerígenas nos ossos serão células de cancro da

mama; neste caso, estamos perante um cancro da mama metastizado, e não

um tumor ósseo, devendo ser tratado como cancro da mama.

2 Ver glossário

Page 9: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

5

Como diferenciar tumores benignos de tumores

malignos

Tumor benigno Tumor maligno

Tamanho

Pequeno (<6mm)

Grande (>6mm)

Crescimento

Lento

Rápido

Ulceração

Não

Sim

Sangramento

Não

Sim

Page 10: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

6

Infiltração

Não

Sim

Delimitação

Bem delimitado

Mal delimitado

Simetria

Simétrico

Assimétrico

Cor

Uma tonalidade

Diferentes tipos de cores

Inflamação

Não

Sim

Page 11: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

7

Cancro genético

Uma célula normal pode tornar-se numa célula cancerígena após

ocorrerem uma série de alterações genéticas. Algumas dessas alterações

passam de pais para filhos e na altura do nascimento estão presentes em

todas as células do organismo.

O cancro “familiar” é raro. No entanto, alguns tipos de cancro ocorrem

frequentemente em algumas famílias do que no resto da população. Vários

casos do mesmo tipo de tumor, numa família, podem estar ligados a

alterações genéticas herdadas, que podem aumentar a probabilidade de

desenvolver cancro. Na maioria das vezes, os casos de múltiplos tumores na

mesma família, são apenas coincidência.

Se tem, ou pensa ter história familiar de cancro, deve questionar o médico

acerca dos testes genéticos. Só assim podem ser investigadas certas alterações

genéticas hereditárias, que aumentam a probabilidade de desenvolver cancro.

No entanto, herdar uma alteração genética não significa, necessariamente,

que vai desenvolver cancro: significa que tem maior probabilidade de

desenvolver a doença.

Page 12: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

8

Como se desenvolve o cancro

A primeira etapa deste processo é a iniciação, em que uma mudança do

material genético da célula, causada por um agente carcinogénico3 ou por um

promotor, a prepara para se transformar em célula cancerígena.

A última etapa é a promoção, na qual a célula

modificada transforma-se em cancerosa. Assim,

vários factores são necessários para causar o

cancro.

As mutações génicas são, geralmente, muito

difíceis de detectar. Contudo, algumas mudanças

no tamanho e na forma de um cromossoma

assinala um certo tipo de cancro. Porém, o mais

provável é a existência de várias modificações

cromossómicas para que se desenvolvam alguns tipos de cancro.

3 Ver glossário

Fig. 1

Page 13: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

9

Cancro do colo do útero

O que é?

O cancro do colo do

útero localiza-se no cérvix –

a zona inferior do útero que

o liga à vagina. Os ovários,

trompas de Falópio e útero

constituem o sistema

reprodutor feminino.

O útero está localizado

entre a bexiga e o recto, é

oco, com a forma de uma pêra,

apropriada para o crescimento de bebés. Pode ser dividido em três partes: a

parte inferior mais estreita que o liga à vagina é o colo ou cérvix, no meio vai

alargando é o corpo e a parte superior arredondada é o fundo. As trompas

estão ligadas ao fundo e a estas os ovários. Tem uma camada de tecido

interna chamada de endométrio4 e uma camada muscular externa o

4 Ver glossário

Fig. 2

Page 14: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

10

miométrio5. A camada interna fica mais espessa todos os meses para preparar

o útero para uma possível gravidez. Caso não aconteça, a camada mais

espessa ao sair pela vagina provoca sangramento que é a menstruação.

O cancro ou tumor do útero é maligno e é mais frequente no colo do útero

e endométrio. O colo do útero sofre alterações ao longo da vida de uma

mulher (puberdade, durante o parto, menopausa). A área que une a região

externa do colo do útero (exocolo do útero) e a porção interna (endocolo) é

muito sensível. É aqui que se inicia a maior parte dos cancros do colo do útero.

O que é que provoca o cancro do colo do útero?

Ao contrário de muitos outros tumores malignos, o cancro do colo do

útero é provocado por um vírus. Este vírus é denominado Papilomavírus

Humano. O Papilomavírus Humano é muito comum e facilmente transmissível.

Qualquer actividade sexual que envolva o contacto íntimo ou genital com uma

pessoa infectada pode levar à transmissão do Papilomavírus Humano e não é

necessária a penetração e os preservativos não garantem protecção.

Como prevenir?

5 Ver glossário

Page 15: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

11

A vacinação contra o cancro do colo do útero como prevenção primária,

em combinação com o rastreio para detecção precoce, maximizam a eficácia

do programa de combate ao cancro do colo do útero.

Vacinação

Uma vez que o cancro do colo

do útero é causado por um vírus, é

um dos poucos tumores malignos

em que pode ser administrada uma

vacina preventiva. A vacinação pode

reduzir significativamente a

incidência de resultados anormais

nos rastreios, a necessidade das

mulheres se submeterem a exames

adicionais, ou a remoção cirúrgica das células cancerosas.

A vacina funciona através da injecção de partículas tipo-vírus (VLP – vírus-

like particles) que imitam de forma muito próxima este vírus, induzindo uma

imunidade forte e persistente contra uma futura infecção por Papilomavírus

Humano. As VLP correspondem a cápsides6 vazias de Papilomavírus Humano.

Não incluem quaisquer genes virais e por isso não podem levar ao

desenvolvimento de doença.

6 Ver glossário

Fig. 3

Page 16: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

12

Rastreio

O rastreio do cancro do colo do útero não previne a doença mas ajuda a

detectar a presença de células anormais causadas pelo Papilomavírus

Humano. O rastreio deve ser mantido dado que as raparigas ou mulheres

podem ter sido infectadas antes da vacinação e a vacinação não oferece uma

protecção contra todos os tipos de cancro do colo do útero.

Uma citologia negativa não garante que o cancro do colo do útero não irá

desenvolver-se no futuro. Em casos raros, mulheres rastreadas regulamente

podem vir a desenvolver cancro do colo do útero nos três anos após um

exame citológico negativo.

Factores de risco

Não é conhecida a causa do cancro do colo do útero, mas alguns factores

de risco aumentam a probabilidade de uma mulher desenvolver este cancro:

Vírus do papiloma humano (HPV): a infecção por HPV é o

principal factor de risco para o cancro do colo do útero. O HPV é

um conjunto de vírus que pode infectar o colo do útero. As

infecções por HPV são muito frequentes. Estes vírus podem ser

transmitidos de pessoa para pessoa através de contacto sexual,

sendo que a maioria dos adultos já foi num dado momento da sua

vida infectada com HPV. Alguns tipos de HPV podem provocar

Page 17: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

13

alterações nas células do colo do útero, alterações essas que

podem originar verrugas, cancro e outras complicações genitais.

Não realizar o exame de Papanicolau regularmente: o cancro do

colo do útero é mais frequente em mulheres que não realizam

periodicamente o exame de Papanicolau. Este exame possibilita a

detecção de células pré-cancerígenas. O tratamento das

alterações cervicais pré-cancerígenas previne, muitas vezes, o

desenvolvimento de cancro.

Sistema imunitário enfraquecido (o sistema de defesa natural do

organismo): as mulheres infectadas com VIH (o vírus que provoca

SIDA) ou sob medicação inibidora do sistema imunitário,

apresentam risco aumentado de desenvolver cancro do colo do

útero. Nestas mulheres, os médicos recomendam o rastreio

regular do cancro do colo do útero.

Idade: o cancro do colo do útero ocorre com maior frequência a

partir dos 40 anos de idade.

História sexual: as mulheres que tenham tido muitos parceiros

sexuais apresentam risco aumentado para o desenvolvimento do

cancro do colo do útero. As mulheres que tenham tido relações

sexuais com homens que, por sua vez, tenham tido muitas

parceiras sexuais, apresentam também maior risco de

desenvolver cancro do colo do útero. Em ambos os casos, o risco é

Page 18: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

14

acrescido, uma vez que estas mulheres têm maior risco de

infecção por HPV.

Tabagismo: as

mulheres fumadoras

com infecção por

HPV apresentam um

risco acrescido de

desenvolver cancro

do colo do útero.

Tomar a pílula durante longos períodos de tempo: tomar a pílula

durante longos períodos de tempo (5 anos ou mais) pode

aumentar o risco de desenvolver cancro do colo do útero, em

mulheres infectadas por HPV.

Ter muitos filhos: estudos efectuados sugerem que as mulheres

infectadas por HPV que tenham muitos filhos, podem apresentar

risco acrescido para o desenvolvimento de cancro do colo do

útero.

Hormonas: há maior probabilidade de surgir em mulheres com

excesso de estrogénio, baixos níveis de progesterona e obesas.

Fig. 4

Page 19: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

15

Alguns estrogénios são produzidos pelo tecido adiposo (gordo)

pelo que as obesas têm maior quantidade de estrogénios no

organismo do que as magras.

Raça: as pessoas brancas têm maior taxa de cancro do colo do

útero do que os de raça negra.

Antecedentes familiares: se houver antecedentes de familiares

com a doença aumenta a probabilidade de sofrer cancro.

Sintomas

Em mulheres jovens pode surgir menorreia (menstruação muito

abundante) ou hemorragia (sangramento) no espaço de tempo

entre duas menstruações;

Em mulheres após a menopausa pode ser sinal o corrimento

vaginal de sangue;

Hemorragia após relação sexual, irrigação vaginal ou exame

pélvico;

Períodos menstruais mais prolongados e intensos do que o

anterior;

Dor pélvica;

Page 20: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

16

Dor durante as relações sexuais

Pode haver outros problemas de saúde a provocar as hemorragias, sem ser

o cancro.

Diagnóstico

O exame que permite um

diagnóstico é feito pelo

ginecologista. Este faz um

exame que consiste em

introduzir um cotonete grande

pela vagina até à parede interna

do útero para retirar uma

amostra (exame Papanicolau).

Se uma mulher apresentar um dos sintomas típicos ou um resultado do

exame de Papanicolau que possa sugerir a presença de células pré-

cancerígenas ou de cancro do colo do útero, o médico irá certamente sugerir

outros procedimentos para obter o diagnóstico, nomeadamente:

Fig. 5

Page 21: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

17

Colposcopia7;

Biópsia8;

O prognóstico depende do estado em que se encontra o tumor quando é

diagnosticado. Cerca de 80% dos casos encontrados numa fase inicial têm

cura, pelo que as consultas anuais, principalmente após os 40 anos, são

fundamentais para detectar cedo a doença.

Tratamento

Se o tumor estiver numa fase inicial o tratamento passa pela cirurgia

retirando o útero (histerectomia parcial) ou histerectomia total se houver

necessidade de retirar útero, trompas de Falópio e ovários. De acordo com o

cirurgião e o tamanho do cancro, o doente pode ser aconselhado a retirar

também, como medida preventiva, os gânglios linfáticos da pelve e abdómen.

Se houver suspeitas ou verificar que o cancro está espalhado (metástases ou

raízes) o cirurgião encaminha o doente para o médico de oncologia, que

poderá indicar a necessidade de fazer tratamentos de radioterapia e depois

quimioterapia.

7 Ver glossário 8 Ver glossário

Page 22: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

18

Durante os tratamentos são realizados exames para verificar a sua eficácia

ou se é necessário mudar de tratamento.

O tratamento do cancro do colo do útero pode envolver cirurgia,

radioterapia ou quimioterapia. Algumas pessoas fazem uma combinação de

tratamentos.

Cirurgia

Page 23: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

19

A maioria das mulheres com cancro no útero faz uma cirurgia, para

remoção do útero (histerectomia), através de uma incisão no abdómen. O

médico remove, ainda, as trompas de falópio e ambos os ovários; este

procedimento é designado por salpingo-ooforectomia bilateral. O médico

pode, também, remover os gânglios9 linfáticos na região do tumor, para ver se

há envolvimento

tumoral. Se as

células

cancerígenas

tiverem

"chegado" aos

gânglios

linfáticos, pode

significar que a

doença já

metastizou para

outras partes do

corpo. Se as células cancerígenas não tiverem metastizado além do

endométrio, pode não ser necessário qualquer tratamento adicional. O

internamento no hospital, pode variar de alguns dias a uma semana.

Após uma histerectomia, geralmente a mulher apresenta alguma dor e

sente-se extremamente cansada. A maioria das pessoas volta à sua actividade

normal 4 a 8 semanas após a cirurgia. No entanto, pode ser necessário mais

9 Ver glossário

Fig. 6

Page 24: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

20

tempo. Depois da cirurgia, algumas mulheres podem ter náuseas e vómitos, e

algumas apresentam problemas de bexiga e intestino. No início, o médico

pode restringir a dieta a líquidos, seguida de uma introdução, gradual, de

alimentos sólidos.

Pessoas que tenham feito uma histerectomia, deixam de ter período

menstrual, e deixa de ser viável engravidar. Quando os ovários são removidos,

a menopausa ocorre repentinamente. Neste caso, os afrontamentos e outros

sintomas da menopausa, causados pela cirurgia, podem ser mais acentuados e

graves do que os provocados por uma menopausa natural. Para algumas

mulheres, a histerectomia pode afectar a sua intimidade sexual, pode ter

sentimentos de perda, que tornem difícil a intimidade.

Radioterapia10

Quimioterapia11

Terapêutica hormonal12

Incidência

10 Ver glossário 11 Ver glossário 12 Ver glossário

Page 25: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

21

São diagnosticadas anualmente cerca de 500.000 cancros do colo do útero

em todo o mundo e 250.000 mulheres morem por esta doença neste período

de tempo (o equivalente a quase 685 mulheres por dia ou 30 por hora). Na

Europa, são anualmente diagnosticados cerca de 33.500 cancros do colo do

útero e 15.000 mulheres morrem em consequência da doença por ano (o

equivalente a 40 mulheres por dia e duas mulheres por hora).

Apesar do rastreio para a detecção numa fase inicial, o cancro do colo do

útero permanece a segunda maior causa de morte (a seguir ao cancro da

mama) entre mulheres jovens (idades compreendidas entre os 15 – 44), na

Europa.

O cancro do colo o útero é causado exclusivamente pelo Papilomavírus

Humano. Estima-se que aproximadamente 70% de pessoas sexualmente

activas serão expostas ao Papilomavírus Humano num determinado momento

das suas vidas, frequentemente na adolescência ou na fase de jovens adultos.

Page 26: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

22

Cancro do cólon e/ou recto

O que é?

O Cancro do Cólon e/ou

do Recto é, também,

chamado Cancro Colo-Rectal.

A maioria dos cancros

Colo-Rectal, desenvolvem-se

a partir de lesões benignas no

intestino grosso ou cólon,

conhecidas como adenomas13

ou póliposadenomatosos

(pólipos14).

Esta evolução é geralmente sem sintomas, nalguns casos, as lesões podem

aumentar de tamanho e pode ocorrer no organismo uma série de

transformações nas células. Esta situação pode resultar em alterações na

13 Ver glossário 14 Ver glossário

Fig. 7

Page 27: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

23

função, estrutura e forma das células levando a tumores malignos, ou até

mesmo ao Cancro.

Tumores benignos:

- Não invadem os tecidos circundantes nem metastizam, devendo

ser removidos por colonoscopia15.

- Se não forem removidos podem-se converter em tumores

malignos.

Tumores malignos:

- Podem-se espalhar a outras partes do corpo (principalmente

fígado e pulmão), onde se formam novos tumores (metástases).

15 Ver glossário

Page 28: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

24

Factores de risco

Em estudos efectuados, foram já identificados os seguintes factores de

risco para Cancro Colo-Rectal:

Idade: a probabilidade de ter cancro colo-rectal aumenta com a

idade. Mais de 90% dos diagnósticos desta doença, são

efectuados em pessoas com mais

de 50 anos.

Pólipos colo-rectais: os

pólipos são saliências do

tecido da parede do cólon

ou do recto. São comuns em

pessoas com mais de 50

anos. A maioria dos pólipos

é benigna (não

cancerígena), mas alguns

pólipos podem tornar-se cancerígenos (adenomas). Detectar e

remover os pólipos, pode reduzir o risco de Cancro Colo-Rectal.

Fig. 8

Fig. 9 Pólipo do cólon com 5 mm de diâmetro

Page 29: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

25

História familiar: os familiares próximos (pais, irmãos ou filhos) de

uma pessoa com história de cancro colo-rectal, têm maior

probabilidade de desenvolver a doença, especialmente se o

familiar teve a doença ainda jovem. Se muitos familiares tiverem

história de cancro colo-rectal, então o risco ainda é maior.

Alterações genéticas: se houver alterações em determinados

genes, aumenta o risco de desenvolver Cancro Colo-Rectal.

Sintomas

Os principais sintomas do Cancro Colo-Rectal são:

Alteração dos hábitos intestinais;

Diarreia, obstipação ou sensação de que o intestino não esvazia

completamente;

Sangue nas fezes;

Fezes menores que o habitual;

Desconforto abdominal generalizado (dores de gases, inchaço,

enfartamento)

Perda de peso inexplicada;

Page 30: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

26

Cansaço constante;

Náuseas e vómitos.

Na maioria das vezes, estes sintomas não estão relacionados com um

cancro, e podem, ser provocados por tumores benignos ou outros problemas.

Normalmente, as fases iniciais do cancro não causam dor. Se tem estes

sintomas, não espere até ter dor para consultar o médico, o qual deverá

confirmar se são provocados por um tumor ou por qualquer outra causa.

Diagnóstico

O médico pode recorrer a diversos métodos para determinar a existência

ou não de Cancro Colo-Rectal:

Exame rectal digital ou toque rectal: o médico insere um dedo

protegido por uma dedeira ou luva, no recto, para sentir se

existem nódulos. Muitos cancros Colo-Rectais são detectados

deste modo;

Page 31: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

27

Pesquisa de sangue oculto nas fezes: recorrendo a uma tira

indicadora colorida, este teste é utilizado para detectar se existe

sangue nas fezes que não seja visível a olho nu;

Clister opaco: trata-se de um tipo

especial de radiografia, precedida da

administração dum enema (clister)

com um material radio-opaco

(bário), que permite o exame de

todo o intestino grosso, destacando

o perfil da parede do intestino (e

qualquer possível tumor), na

película

radiográfica;

Recto-

Sigmoidoscopia

flexível: utiliza-

se um aparelho constituído por um tubo fino e flexível, com um

canal oco por onde é possível passar pinças para execução de

biópsias, e que tem acoplada uma câmara, que permite estudar o

Fig. 10

Fig. 11

Page 32: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

28

interior do recto e o segmento final do cólon (sigmoide) sob visão

directa;

Recto-Sigmoidoscopia rígida: em vez de um tubo flexível, este

método utiliza um tubo iluminado rígido. Tal como na

sigmoidoscopia flexível, este método pode ser utilizado para a

colheita de biópsias;

Colonoscopia: semelhante à

anterior, mas permite

avaliar todo o cólon. Esta

técnica também pode ser

utilizada para remover

pólipos e recolher amostras

de tecido para biopsia. Pode

ser administrado a doente um sedativo fraco antes do

procedimento, a fim de reduzir o desconforto.

Tratamento

Cirurgia:

Fig. 12

Page 33: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

29

Cancro colo-rectal em fase inicial: se o cancro não se

espalhou por outras partes do corpo, recorre-se à

cirurgia para tentar curar o cancro;

Cancro metastático: se o cancro se espalhou, mas apenas

de forma limitada, pode tentar-se a cirurgia. A cirurgia

também é utilizada por vezes, porque o cancro está a

bloquear a passagem das fezes (obstrução). Esta

intervenção não irá curar o cancro, mas poderá aliviar os

sintomas e evitar algumas complicações graves.

Radioterapia;

Quimioterapia.

Infelizmente, quando o cancro se espalhou pelo corpo, a probabilidade de

cura é reduzida. A quimioterapia é normalmente administrada a pessoas com

cancro neste estádio a fim de prolongar o mais possível o tempo de vida,

reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida. A isto chama-se

tratamento paliativo.

Incidência

Page 34: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

30

O cancro Colo-Rectal (CCR) é a segunda maior causa de morte por

cancro em todo o mundo e é o terceiro tipo de cancro mais

frequente em ambos os sexos;

Um em cada 20 portugueses pode vir a ter este tipo de cancro;

Em Portugal, a mortalidade por cancro colo-rectal progrediu 5%

ao ano nos últimos 10 anos;

Todos os anos mais de 4.000 portugueses são atingidos por este

cancro;

A idade média das pessoas diagnosticadas de CCR situa-se entre

os 60 e os 70 anos, embora esta doença possa afectar pessoas de

qualquer idade;

Nos grupos etários entre os 60 e os 80 anos há três vezes mais

casos de cancro colo-rectal recém-diagnosticados que em

qualquer outro.

Page 35: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

31

Cancro da mama

O que é?

O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres e

corresponde à segunda causa de morte, por cancro, nas mulheres.

O cancro da mama é uma das doenças com maior impacto na nossa

sociedade, não só por ser muito frequente, mas porque atinge um órgão com

muito simbolismo na maternidade e na feminilidade.

Em Portugal, cerca de 1% de todos os cancros da

mama, são no homem.

A investigação continua a esclarecer questões

relacionadas com o cancro da mama: são descobertos

novos dados acerca das suas causas e novos modos de

prevenir, detectar e tratar esta doença. Assim, as

pessoas com cancro da mama podem esperar uma

melhor qualidade de vida e menor hipótese de morrer devido a esta doença.

Fig. 13

Page 36: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

32

Factores de risco

Não é conhecida nenhuma causa específica para o cancro da mama. Mas,

sabe-se que embates violentos na mama não provocam, por si só, cancro da

mama. No entanto, é conveniente ter cuidado.

Podemos enumerar alguns factores de risco para esta doença:

Idade: a possibilidade de ter cancro da mama aumenta com o

aumento da idade, sendo menos comum antes da menopausa;

História pessoal com cancro da mama: uma mulher que já tenha

tido cancro da mama (numa mama), tem maior risco de ter esta

doença na outra mama;

História familiar: o risco de uma mulher ter cancro da mama está

aumentado se houver história familiar de cancro da mama;

Raça: o cancro da mama ocorre com maior frequência em

mulheres caucasianas (brancas), comparativamente a mulheres

Latinas, Asiáticas ou Afro-Americanas;

Outros.

Page 37: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

33

Sintomas

O cancro da mama pode causar alterações físicas detectáveis, que devem

ser observadas com atenção:

Aparecimento de nódulo ou endurecimento da mama ou debaixo

do braço;

Mudança no tamanho ou no formato da mama;

Alteração na coloração ou sensibilidade da pele da mama ou

auréola;

Secreção contínua por um dos ductos;

Retracção da pele mama ou do mamilo (mamilo virado para

dentro);

Inchaço significativo

Apesar dos estádios iniciais do cancro não causarem dor, se sentir dor na

mama ou qualquer outro sintoma que não desapareça, deve consultar o

médico. Na maioria das vezes, estes sintomas não estão associados a cancro,

mas é importante ser vista pelo médico, para que qualquer problema possa

ser diagnosticado e tratado atempadamente.

Page 38: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

34

Diagnóstico

Pode dizer-se que o diagnóstico começa com a observação de qualquer

alteração no funcionamento geral do organismo. É fundamental que o

diagnóstico do cancro da mama seja feito o mais precocemente possível, pois

isto aumenta as hipóteses de cura, evita que o cancro se metastize para outras

partes do corpo, favorecendo o prognóstico, a recuperação e a reabilitação.

Para um diagnóstico precoce do cancro da mama, é necessário que todas

as mulheres:

Façam o auto-exame mensalmente, após o período menstrual;

Vão ao médico especialista em patologia mamária uma vez por

ano;

Sejam interessadas em programas de rastreio.

Auto-exame da mama

O auto-exame da mama deverá ser feito mensalmente, para avaliar

quaisquer alterações nas mamas. Quando faz este exame, é importante

lembrar que as mamas são diferentes, de mulher para mulher, e que podem

surgir alterações, devidas à idade, ao ciclo menstrual, gravidez, menopausa, ou

Page 39: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

35

à toma de pílulas contraceptivas ou outras hormonas. É normal sentir que as

mamas são um pouco irregulares e não lisas. Também é comum que as mamas

se apresentem inchadas e sensíveis, no período antes da menstruação.

A melhor altura para realizar o auto-exame da mama é aproximadamente

uma semana depois da menstruação (no fim do período menstrual). Se não

tem uma menstruação regular, deverá realizar, preferencialmente, o auto-

exame sempre no mesmo dia de cada mês.

Passo 1. Observação

Para realizar o auto-exame de forma

correcta, deverá colocar-se de pé, em frente a

um espelho, com os braços caídos ao longo do

corpo. É importante estar relaxada e certificar-

se de que pode fazer o auto-exame

calmamente, sem interrupções.

1º Braços levantados;

2º Braços ao longo do corpo

3º De perfil

Fig. 14

Fig. 15 Fig. 16

Page 40: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

36

O que se deve observar:

Mamas

Mamilos

O que se deve observar no mamilo e na

mama:

Tamanho

Forma

Cor

Eczemas

Passo 2. Palpação

A palpação deve ser feita deitada com

uma almofada debaixo do ombro ou no

duche.

Fig. 17

Fig. 18

Page 41: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

37

Deve-se palpar a mama esquerda com a

mão direita e vice-versa, em pequenos

movimentos circulares.

Na axila, ao palpar deve-se verificar a

existência de caroços em ambos os lados.

Alterações mais frequentes detectadas no auto-exame:

Da mama: nódulo, inchaço, espessamento, volume e forma, dor;

Do mamilo: tamanho, forma, cor, corrimento;

Da pele: retracção, depressão, textura casca de laranja.

Fig. 19

Fig. 20

Page 42: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

38

O exame clínico da mama pode confirmar ou esclarecer o auto-exame

realizado pela mulher. O médico submeterá a mulher a um cuidadoso exame

clínico e fará algumas perguntas sobre a história familiar.

Podem-se salientar os seguintes exames:

Mamografia16

Ultrassonografia (ecografia)17

Biópsia

Receptores hormonais

É importante conhecer alguns dos termos utilizados para descrever os

cancros da mama, porque o tratamento e prognóstico variam de doente para

doente e em função do tipo de tumor.

Adenocarcinoma: quase todos os tumores malignos da mama

têm origem nos ductos ou nos lóbulos da mama, que são tecidos

16 Ver glossário 17 Ver glossário

Page 43: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

39

glandulares. Os dois tipos mais frequentes são o carcinoma ductal

e o carcinoma lobular.

In situ: este termo define o cancro da mama precoce, quando se

encontra limitado aos ductos (carcinoma ductal in situ) ou lóbulos

(carcinoma lobular in situ), sem invasão dos tecidos mamários

vizinhos ou de outros órgãos.

Carcinoma ductal in situ (CDIS): o carcinoma ductal in situ é o

tumor da mama não invasivo mais frequente. Praticamente

todas as mulheres com CDIS podem ser curadas.

Carcinoma lobular in situ (CLIS): embora não seja um

verdadeiro cancro, o CLIS é por vezes classificado como um

cancro da mama não invasivo.

Carcinoma ductal invasor (CDI): este é o cancro invasor da mama

mais frequente. Tem origem nos ductos e invade os tecidos

vizinhos. Cerca de 80% dos cancros da mama invasores são

carcinomas ductais.

Carcinoma lobular invasor (CLI): tem origem nas unidades

produtoras de leite, ou seja, nos lóbulos. À semelhança do CDI

pode disseminar-se (metastizar) para outras partes do corpo.

Cerca de 10% dos cancros da mama invasores são carcinomas

lobulares.

Page 44: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

40

Carcinoma inflamatório da mama: este é um cancro agressivo

mas infrequente, correspondendo a cerca de 1% a 3% de todos os

cancros da mama.

Outros tipos mais raros de cancro da mama são o Carcinoma Medular, o

Carcinoma Mucinoso, o Carcinoma Tubular e o Tumor Filoide Maligno, entre

outros.

O cancro da mama é também classificado em estádios:

Estádio 0: corresponde ao carcinoma ductal in situ.

Estádio I: quando o tumor tem até 2cm, sem qualquer evidência de se ter

espalhado pelos gânglios linfáticos próximos.

Estádio II: inclui tumores de até 5cm, mas com envolvimento de gânglios

linfáticos ou então, um tumor primário com mais de 5cm, sem metástases.

Estádio III: quando o tumor tem mais de 5cm e há envolvimento dos gânglios

linfáticos da axila do lado da mama afectada.

Estádio IV: quando existem metástases distantes, como no fígado, ossos,

pulmão, pele ou outras partes do corpo.

Uma vez identificado o estádio, é possível ao médico planear o tratamento

mais adequado.

Page 45: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

41

Tratamento

O cancro da mama tem boas opções de tratamento. A escolha depende:

Do estádio da doença;

Do tipo de tumor;

Do estado geral de saúde do doente.

O especialista em patologia mamária é a pessoa mais indicada para avaliar

e escolher o tratamento mais adequado a cada caso.

A cirurgia é o tratamento inicial mais comum e o principal tratamento

local. O tumor da mama será removido, assim como os gânglios linfáticos da

axila (esses gânglios filtram a linfa que flui da mama para outras partes do

corpo e é através deles que o cancro pode alastrar-se).

Existem vários tipos de cirurgia para o cancro da mama, e eles vão ser

indicados de acordo com a fase evolutiva do tumor:

Page 46: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

42

Tumorectomia - é a cirurgia que remove apenas o tumor. Em

seguida, aplica-se a terapia por radiação. Às vezes, os gânglios

linfáticos das axilas são retirados como medida preventiva. É

aplicada em tumores mínimos.

Quadrantectomia - (tratamento que conserva a mama) é a

cirurgia que retira o tumor, uma parte do tecido normal que o

envolve e o tecido que recobre o peito abaixo do tumor.

Mastectomia - intervenção cirúrgica em que se realiza a remoção

da mama. Há vários tipos de mastectomia:

Mastectomia parcial - remoção do tumor da mama e

algum tecido normal à volta do tumor.

Fig. 21

Page 47: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

43

Mastectomia simples - a mama é removida, na sua

totalidade, pelo cirurgião.

Mastectomia profilática - uma ou mesmo ambas as

mamas são por vezes removidas nos doentes que

apresentam alto risco de vir a ter cancro, a fim de evitar

que isso aconteça

Mastectomia radical - remoção de todo o tecido da

mama, todos os gânglios linfáticos da axila a dos

músculos peitorais

Mastectomia radical modificada - Remoção da mama e

dos gânglios linfáticos da axila, através da cirurgia, mas

com conservação do músculo grande peitoral.

Seguidos de cirurgia vêm os seguintes tratamentos, quando indicados pelo

médico:

Radioterapia

Quimioterapia

Hormonoterapia

Reabilitação

Page 48: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

44

Reconstrução mamária

Algumas mulheres com cancro da mama, que fazem uma mastectomia,

decidem fazer a reconstrução da mama, durante a cirurgia ou mais tarde;

outras preferem usar uma prótese. Outras, ainda, decidem não fazer nada.

Qualquer das opções tem vantagens e desvantagens e, essencialmente, o que

está bem para uma, pode não estar para outra. Cada pessoa tem várias

opções.

Reconstrução imediata - feita durante a cirurgia de remoção do tumor,

através da colocação de um expansor que mais tarde permitirá receber uma

prótese definitiva, ou a reconstrução com tecidos da paciente (retalho

Fig. 22 Reconstrução imediata com expansor

Fig. 23 Reconstrução com retalho abdominal

Page 49: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

45

abdominal ou dorsal).

Reconstrução mamária diferida - feita através dos mesmos métodos, mas

algum tempo depois da cirurgia de remoção do tumor.

A prática de exercícios físicos após a cirurgia ajuda a restabelecer os

movimentos e a recuperar a força no braço e no ombro. Auxilia, também, na

diminuição da dor e da rigidez nas costas e no pescoço.

Os exercícios são cuidadosamente programados e devem ser iniciados logo

que o médico permita, o que costuma ocorrer um ou dois dias após a

operação. Inicialmente, os exercícios são suaves e podem ser feitos na cama.

Fig. 24 Reconstrução com retalho dorsal

Page 50: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

46

1. Exercícios que promovam a mobilidade da cervical

Flexão / extensão – “olhar para o chão / olhar para o tecto”

Inclinação lateral (direita / esquerda) – “levar a cabeça ao

ombro direito / esquerdo”

Rotação (direita / esquerda) – “olhar para a direita /

esquerda”

2. Exercícios que promovam a mobilidade do ombro

Flexão / extensão – “trazer os dois braços para a frente e para

cima”

Abdução / adução – “ trazer os dois braços para os lados e para

cima”

Fig. 25

Page 51: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

47

Descoaptação – “ balançar os dois braços”

Antepulsão / retropulsão – “com os dois braços à frente, simular

que empurra uma parede”

Rotação interna – “apertar o soutien” / rotação externa – “apertar

o colar”

3. Exercícios de relaxamento

Executados no final do grupo de exercícios, servem para

descontrair as estruturas e o próprio indivíduo.

Incidência

Fig. 26

Page 52: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

48

O cancro da mama é o cancro mais comum nas mulheres americanas,

sendo responsável por 27% dos casos de cancro das mulheres, e a sua

incidência está a crescer gradualmente

Em Portugal existem cerca de 3000 a 3500 novos casos de cancro de mama

por ano, uma média de 9 a 10 novos casos por dia e em cada 100 casos de

cancro da mama, 99 são em mulheres e 1 em homens.

A incidência do cancro da mama aumenta ao longo da vida sendo que aos

30 anos há uma incidência de 1 em cada 3000 mulheres e aos 80 anos de 1

para cada 10 mulheres.

Page 53: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

49

Cancro da próstata

O que é?

Cancro da próstata é uma doença na qual o seu desenvolvimento ocorre

numa glândula do sistema reprodutor masculino. Este cancro ocorre quando

as células da próstata sofrem mutações e começam a multiplicar-se sem

controlo. Estas células podem espalhar-se desde a próstata até outras partes

do corpo, assim como os ossos, gânglios linfático e pulmões. O cancro de

próstata na coluna pode também comprimir a medula espinhal, causando

fraqueza nas pernas e incontinência urinária. Sabemos também que o cancro

da próstata pode causar dor, dificuldade em urinar, disfunção eréctil e outros

sintomas.

O que é a próstata?

A próstata faz parte do sistema

reprodutor masculino. Localiza-se à frente

do recto e sobre a bexiga. O tamanho de

uma próstata saudável, é semelhante ao

Fig. 27

Page 54: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

50

de uma avelã, e tem a forma de um "donut". A uretra (tubo através do qual

fluí a urina), passa através da próstata. Se a próstata aumentar muito de

tamanho, comprime a uretra, podendo causar problemas urinários, pois

diminui ou pára o fluxo da urina, desde a bexiga até ao pénis.

Factores de risco

Os mecanismos que levam ao aparecimento do cancro da próstata não

estão completamente esclarecidos, mas acredita-se que resultem de

influências entre a herança genética de cada indivíduo e a interacção desses

factores com causas ambientais.

Idade: é o factor de risco mais importante, em especial a partir

dos 50 anos, com a maioria dos diagnósticos a serem feitos depois

dos 65 anos.

Raça: por razões que não estão ainda esclarecidas, este tumor é

muito mais comum em países da América do Norte e da Europa

Ocidental (e nestes, nos indivíduos negros) do que, por exemplo

na Ásia, África ou América do Sul.

Histórico familiar: o risco do homem ter cancro da próstata é

mais elevado do que a média, se o pai ou irmão já tiveram a

doença.

Page 55: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

51

Dieta: alguns estudos sugerem que os homens que fazem uma

dieta rica em gordura de animal, ou em carne, correm mais riscos

de sofrer de3 cancro da próstata.

Determinadas alterações da próstata: apresentar células

anómalas, chamadas neoplasias intra-epitelial da próstata de grau

elevado, pode aumentar o risco de contrair doença.

Sintomas

Geralmente, os sintomas do cancro da próstata podem incluir:

Problemas urinários;

Incapacidade em iniciar e manter um jacto contínuo de urina;

Necessidade frequente de urinar, principalmente à noite;

Fluxo de urina fraco ou intermitente;

Dificuldade em ter uma erecção;

Sangue na urina ou no sémen;

Dor frequente na zona inferior nas costas, nas ancas ou na zona

superior das coxas.

Page 56: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

52

Diagnóstico

O diagnóstico de certeza implica recolher, por biopsia, uma pequena

amostra de tecido prostático, que, ao microscópio e com o auxílio de outras

técnicas, permita identificar as células malignas e classificar o tumor de acordo

com a sua agressividade e extensão. Esta avaliação é decisiva para delinear o

tratamento indicado em cada

caso.

Para o diagnóstico é

especialmente importante

considerar a presença dos

sinais e sintomas da doença;

testes laboratoriais como o

“prostatic specific anting” ,

uma substancia produzida na

próstata mas também

encontrada no sangue e cuja a

elevação permite, de uma forma precoce, suspeitar de Cancro da próstata; a

avaliação morfológica pormenorizada da por ecografia transrectal.

Todos estes métodos podem ajudar no diagnóstico precoce do cancro da

próstata e também para uma maior probabilidade de sucesso no tratamento,

mas são, infelizmente, falíveis. É, por isso, importante salientar que, em alguns

casos, estas informações podem ser muito tardias e noutros casos, não serem

Fig. 28

Page 57: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

53

suficientemente precisas para evitar intervenções que procuram confirmar a

existência de um tumor que afinal não existe.

Por outro lado, não permitem distinguir os tumores mais agressivos, em

que o tratamento poderá ser mais útil, daqueles em que, pela lentidão da

evolução do tumor, o tratamento não confere benefícios significativos, mas

apenas contribui com efeitos laterais que limitam a qualidade de vida da

pessoa em causa.

No fim dos tratamentos possíveis se não for diagnosticado o cancro, o

médico pode receitar medicamentos para que os sintomas causados por uma

próstata aumentada sejam reduzidos. Caso contrario, isto é, se realmente for

detectado o cancro, o patologista refere qual o grau do tumor, revelando-nos

assim se o tecido tumoral difere muito do tecido prostático normal. Sugere-

nos a velocidade provável de crescimento do tumor. Os tumores de alto grau

tendem a crescer mais rapidamente.

Tratamento

O tratamento é variável, dependendo do estado da neoplasia, que de certo

modo pode ser dividido em tumor localizado e tumor metastático.

O tratamento do tumor localizado pode ser cirúrgico ou radioterápico.

Page 58: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

54

O tratamento de tumor metastático baseia-se no bloqueio hormonal da

testosterona, inibindo assim o crescimento da massa tumoral sendo

frequentemente um tratamento adicional importante.

Para se tratar o cancro recorre-se a vários

métodos tais como:

Cirurgia: prostatectomia, que

consiste na recessão da

próstata;

Hormonoterapia;

Radioterapia

Quimioterapia

A crioterapia prostática é uma alternativa à cirurgia, minimamente

invasiva, e com raras complicações.

A crioterapia é uma técnica alternativa à cirurgia e à radioterapia que

consiste na destruição de células anormais através do seu congelamento. Para

tal aplica-se nitrogénio líquido a -125° C através da introdução por via

percutânea de uma sonda metálica ecoguiada. Este líquido congela o tecido

circundante através da formação de cristais de gelo intra e extracelularmente,

produzindo uma série de reacções e consequentemente a necrose tecidual.

Fig. 29

Page 59: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

55

As indicações da criocirurgia são muitos semelhantes às da braquiterapia,

tendo um interesse especial quando há extensão extracapsular. Neste tipo de

situação, ao alargar-se o volume de tecido a tratar, os nervos erectores ficam

comprometidos, atingindo 80% os casos com disfunção eréctil.

De um modo geral as complicações são raras, havendo uma taxa de

incontinência que ronda os 3% e as complicações mais graves incluem

congelamento e perfuração do recto, bexiga, uretra. A dificuldade da

criocirurgia é ter certeza de que as margens cirúrgicas estão seguras (livres de

tumor), uma vez que não se obtém material para exame anátomo-patológico.

Incidência

As taxas de incidência deste tipo de cancro variam: o cancro é menos

comum no sul e no este da Ásia e mais comum na Europa e Estados Unidos. O

cancro é menos comum entre homens asiáticos e mais comum entre homens

negros. Este tipo de cancro desenvolve-se mais frequentemente em homens

acima dos 50 anos de idade. Ocorre apenas em homens, já que a próstata é

uma glândula exclusiva deste sexo. É o tipo de cancro mais comum em

homens nos Estados Unidos, país em que é a segunda maior causa de mortes

masculinas por cancro. Entretanto, muitos homens que desenvolvem cancro

de próstata não apresentam sintomas e acabam por morrer devido a outras

causas.

Page 60: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

56

Formas de prevenir o cancro da próstata

Como em todas as doenças oncológicas, existem alguns factores que

podem ser considerados como tendo uma acção preventiva.

O estilo de vida e a dieta parecem ter, de algum modo, uma influência

preventiva. Como por exemplo uma alimentação rica em antioxidantes,

vitaminas A, D, E e selénio, que podem ser encontrados na dieta mediterrânica

(pão, cereais, fruta, cenoura, espinafres, melancia, alho e cebola), tomate

cozinhado e vinho tinto parecem ter algum papel protector contra o cancro da

próstata.

Estima-se que 40% dos homens

com mais de 50 anos sofrerá de

cancro da próstata no futuro. Com

esta perspectiva, é importante que

os homens com mais de 45 anos

façam regularmente análises e

recorram também a outros meios de

diagnóstico como o toque rectal e ecografia para despistar a doença.

Fig. 30

Page 61: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

57

Todas as doenças da próstata são malignas?

Não. Pois os tipos de patologia prostática mais frequentes são:

Infecção: situação de infecção da glândula, que se manifesta por grande

dificuldade em urinar, ardor ou dor à micção, febre e queda do estado geral,

por vezes de surgimento súbito que obriga a terapêutica com antibióticos. É,

por vezes, o primeiro sinal de doença prostática.

Hipertrofia benigna da próstata (HBP): uma patologia que surge a partir

dos 50 anos. É uma doença benigna que tem como consequências a

diminuição do jacto urinário, urinar frequentemente e em pequenas

quantidades de dia e de noite, urgência miccional ou mesmo grande

dificuldade em começar a micção. Trata-se da doença mais frequente da

próstata, benigna, que pode requerer tratamento médico ou cirúrgico.

Cancro da próstata: em fase inicial não tem qualquer sintoma, podendo

ser detectado em associação com um quadro de HBP ou porque em análises

de rotina foi detectado um aumento de valores de PSA ou alteração do toque

rectal que leva à realização de uma biopsia prostática.

Page 62: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

58

Diferentes estádios da doença:

A-1: Se o tumor é de

dimensões reduzidas, então

localiza-se apenas dentro da

próstata.

B-2: Apesar do cancro já ter

atingido uma dimensão maior,

continua a limitar-se à cápsula

da glândula da próstata.

C-3: O tumor começou a

infiltrar-se e a espalhar-se para

os tecidos vizinhos.

D-4: O cancro evoluiu para os ossos, fígado e pulmões.

Curiosidades

Segundo peritos da Universidade da Califórnia, o sumo de romã trava o

crescimento das células que originam o cancro da próstata. Os doentes

submetidos a radioterapia ou a cirurgia à próstata registaram notáveis

melhoras quanto ao tratamento foi complementado com sumo de romã.

Fig. 31

Page 63: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

59

Cancro dos pulmões

O que é?

O cancro do pulmão é uma doença

grave, caracterizada por uma neoplasia

que se expande mais ou menos

rapidamente.

Os tumores que têm início no

pulmão, dividem-se em dois grupos

principais: cancro do pulmão de não-

pequenas células e cancro do pulmão de

pequenas células, dependendo de qual o

aspecto das células envolvidas, quando

observadas ao microscópio. Estes dois tipos de cancro do pulmão, crescem e

metastizam de formas diferentes, ou seja, têm um comportamento distinto e,

como tal, são também tratados de forma diferente.

O cancro do pulmão de não-pequenas células, é mais comum que o cancro

do pulmão de pequenas células e, geralmente, cresce e metastiza mais

lentamente, ou seja, tem um comportamento menos agressivo.

Fig. 32

Page 64: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

60

O cancro do pulmão de pequenas células é menos comum que o cancro do

pulmão de não-pequenas células. Este tipo de tumor cresce mais

rapidamente, e é mais provável que metastize para outros órgãos.

Factores de risco

Envelhecimento;

Tabaco;

Luz solar;

Radiação ionizante;

Determinados

químicos e outras

substâncias;

Alguns vírus e

bactérias;

Determinadas hormonas;

Álcool;

Dieta pobre, falta de actividade física ou excesso de peso.

Fig. 33

Page 65: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

61

Sintomas

Tosse que não desaparece e piora com o passar do tempo ou

acompanhada de sangue;

Dor constante no peito;

Falta de ar, asma ou rouquidão;

Problemas recorrentes, como pneumonia ou bronquite;

Inchaço do pescoço e rosto;

Perda de apetite ou de peso

Fadiga.

Diagnóstico

Broncoscopia: o médico

insere um broncoscópio (um

tubo fino e iluminado),

dentro da boca ou nariz e

"empurra-o" através da

Fig. 34

Page 66: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

62

traqueia, para ver as passagens de ar. Através deste tubo, o

médico pode recolher células ou pequenas amostras de tecido.

A broncoscopia é indicada em várias situações:

Para identificar problemas das vias aéreas, que podem se

expressar por escarros com sangue, tosse ou falta de ar.

Realizar biópsias quando a radiografia de tórax ou a

tomografia mostram manchas anormais, não

diagnosticadas por outros meios.

Para remover corpos estranhos que bloqueiam as vias

aéreas.

Para controlar sangramento (ver hemoptise).

Para diagnosticar e avaliar a extensão em casos de

tumores de pulmão.

Toractomia: a cirurgia para abrir

o peito é, algumas vezes,

necessária para diagnosticar o

cancro do pulmão.

Aspiração por agulha: é inserida

uma agulha no tumor, através do

peito, para remoção de uma

Fig. 35

Page 67: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

63

amostra de tecido.

Toracocentese: usando uma agulha, o médico remove uma

amostra do fluido que envolve os pulmões, para procurar células

cancerígenas.

Tratamento

Quimioterapia;

Radioterapia;

Cirurgia: a cirurgia é uma operação para remoção do tumor. O

tipo de cirurgia realizada depende da localização do tumor, no

pulmão. Uma operação para remoção de apenas uma pequena

parte do pulmão, chama-se ressecção segmentar ou em cunha.

Quando o cirurgião remove um lobo inteiro do pulmão, o

procedimento chama-se lobectomia. A pneumectomia

corresponde à remoção total de um pulmão. Alguns tumores não

são operáveis, ou seja, não podem ser removidos por cirurgia,

devido ao seu tamanho ou localização; por outro lado, algumas

pessoas não podem ser submetidas a cirurgia, por outros motivos

médicos.)

Terapêutica fotodinâmica (PDT).

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Cancro na Vida das Pessoas

64

Tratamento do cancro do pulmão de não-pequenas células

O cancro do pulmão de não-pequenas células, pode ser tratado de diversas

formas. A escolha do tratamento depende, principalmente, do tamanho,

localização e extensão do tumor. A cirurgia, é o tratamento mais comum para

este tipo de cancro do pulmão. A criocirurgia, um tratamento que congela e

destrói o tecido cancerígeno, pode ser usada para controlar os sintomas, nos

estádios mais avançados do cancro do pulmão de não-pequenas células. A

radioterapia e a quimioterapia, também podem ser usadas para atrasar o

progresso da doença e para controlar os sintomas.

Tratamento do cancro do pulmão de pequenas células

O cancro do pulmão de pequenas células, metastiza rapidamente. Em

muitos casos, quando a doença é diagnosticada, as células cancerígenas já se

disseminaram para outras partes do organismo. Para atingir as células

cancerígenas, em todo o organismo, quase sempre é feita quimioterapia. O

tratamento também pode incluir radioterapia, dirigida ao tumor no pulmão ou

a tumores noutras partes do corpo, tal como o cérebro. Alguns doentes fazem

radioterapia ao cérebro, apesar de não ter sido encontrado qualquer tumor.

Este tratamento, chamado radioterapia profilática ao crânio, é feito para

prevenir que se formem tumores no cérebro. A cirurgia, faz parte do plano de

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Cancro na Vida das Pessoas

65

tratamentos de um pequeno número de pessoas com cancro do pulmão de

pequenas células.

Incidência

A mortalidade por Cancro dos pulmões é muitíssimo elevada.

Em Portugal, todos os anos morrem cerca de 3100 pessoas com cancro do

pulmão, apresentando um aumento por ano de 2% na sua incidência mundial.

Fig. 36

Page 70: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

66

Leucemia

O que é?

A leucemia é um tipo de

cancro que tem início nas

células do sangue. A leucemia

é um cancro que tem início nas

células do sangue. Nas pessoas

com leucemia, a medula óssea

produz glóbulos brancos

anómalos; estas células

anómalas são células de leucemia. No início, as células de leucemia funcionam

quase normalmente. Com o tempo, ultrapassam, em número, os glóbulos

brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas. Torna-se, assim, difícil o

sangue conseguir realizar a sua função. A produção de glóbulos brancos

anómalos é causada por uma mutação somática nas células que originam os

glóbulos brancos.

Fig. 37

Page 71: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

67

Células normais: as células do sangue formam-se na medula

óssea. A medula óssea é a substância mole que existe no interior

dos ossos. As células do sangue, quando imaturas, chamam-se

células estaminais. A maioria das células sanguíneas, amadurecem

(maturam) na medula óssea e seguem, depois, para os vasos

sanguíneos.

Células de Leucemia: nas pessoas com leucemia, a medula óssea

produz glóbulos brancos anómalos. No início, as células de

leucemia funcionam quase normalmente. Com o tempo,

ultrapassam, em número, os glóbulos brancos, os glóbulos

vermelhos e as plaquetas. Torna-se, assim, difícil o sangue

conseguir realizar a sua função.

Os principais tipos de leucemia:

Leucemia mielóide aguda: este é o tipo mais comum de leucemia,

ocorre em crianças e adultos.

Leucemia mielóide crónica: este tipo de leucemia afecta

principalmente os adultos. É associada a uma anomalia do

cromossoma chamado de cromossoma Filadélfia, que cria um

gene anormal chamada BCR-ABL. Este gene produz uma proteína

anormal chamada tirosina quinase, que os médicos e

pesquisadores acreditam ser a causa das células da leucemia

Page 72: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

68

crescerem e desenvolverem. Uma pessoa com esta leucemia pode

ter poucos ou nenhuns sintomas durante meses ou anos antes de

entrar na fase em que as células de leucemia crescem mais

rapidamente.

Leucemia linfocítica aguda: este é o tipo mais comum de

leucemia em crianças jovens.

Leucemia linfocítica crónica: surge geralmente em adultos e os

sintomas podem estar ausentes por anos. É mais comum no povo

judeu de origem russa ou do Leste Europeu.

Factores de risco

Os principais factores de risco para o desenvolvimento da leucemia são:

Níveis muito elevados de radiação - pessoas expostas a níveis

muito elevados de radiação, apresentam maior probabilidade de

desenvolver leucemia.

Trabalhar com determinados químicos - a exposição a níveis

elevados de benzeno, no local de trabalho, pode causar leucemia.

Também o formaldeído é usado na indústria química, os

Page 73: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

69

trabalhadores expostos ao formaldeído, também podem ter um

risco mais elevado de ter leucemia.

Quimioterapia - uma pessoa com cancro,

tratada com determinados fármacos anti-

cancerígenos, anos mais tarde pode vir a

desenvolver leucemia. Por exemplo, a

classe terapêutica anti-cancerígena dos

agentes alquilantes, está associada ao

desenvolvimento secundário de leucemia,

muitos anos depois do tratamento.

Síndrome de Down e outras doenças genéticas - algumas

doenças genéticas, causadas por cromossomas anormais, podem

aumentar o risco de leucemia.

Vírus dos linfomas T humanos (HTLV-1) - este vírus causa um tipo

raro de leucemia linfocítica crónica, conhecida como leucemia das

células T humanas. No entanto, a leucemia não é contagiosa.

Síndrome mielodisplásico - uma pessoa com esta doença do

sangue, tem um risco elevado de desenvolver leucemia.

Fig. 38

Page 74: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

70

Sintomas

Os principais sintomas da leucemia são:

Febres e suores nocturnos;

Infecções frequentes;

Sensação de fraqueza ou cansaço;

Dor de cabeça;

Sangrar e fazer nódoas negras

(hematomas) facilmente:

gengivas que sangram, manchas

arroxeadas na pele, ou pequenas

pintas vermelhas sob a pele;

Dor nos ossos e articulações;

Inchaço ou desconforto no abdómen (em consequência do

aumento do baço);

Gânglios inchados, especialmente os do pescoço e das axilas;

Perda de peso;

Fig. 39

Page 75: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

71

Diagnóstico

Exame físico: o médico observa a pessoa, para verificar se existem

alterações, por exemplo, dos gânglios linfáticos, do baço e do

fígado.

Análises sanguíneas: o

laboratório faz a contagem

de células do sangue. A

leucemia causa uma

grande elevação da

contagem dos glóbulos

brancos, ou diminuição dos mesmos. Também provoca níveis

baixos de plaquetas e hemoglobina. Através da análise do sangue,

no laboratório, também pode verificar-se se a leucemia afectou o

fígado e os rins.

Biópsia: uma biópsia corresponde à remoção do tecido ósseo,

para verificação da existência de células cancerígenas. O médico

remove uma porção de medula óssea, do osso da bacia, a amostra

é analisada ao microscópio, por um patologista. A biópsia é o

único método seguro de saber se as células tumorais se

encontram na medula óssea.

Fig. 40

Page 76: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

72

Citogenética: em laboratório, são feitas análises aos cromossomas

de células colhidas de amostras de sangue periférico, de medula

óssea ou de gânglios linfáticos.

Punção lombar: o médico remove algum líquido cefalo-raquidiano

(líquido que preenche o espaço dentro e em redor do cérebro e

da espinal medula). O procedimento é realizado com anestesia

local. O líquido é analisado, num laboratório, para detecção de

possíveis células tumorais ou outros sinais de patologias.

Radiografia ao tórax: os raios-X são importantes para avaliar

indirectamente os pulmões e o coração.

Tratamento

Quimioterapia;

Imunoterapia;

Radioterapia;

Transplante de células estaminais.

Page 77: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

73

Incidência

A maioria dos casos aparecem em adultos e pessoas com mais de 60 anos,

mas a leucemia linfóide aguda tem uma taxa crescente de crianças.

Anualmente, cerca de 10000 casos em adultos são diagnosticados como

leucemia mielóide aguda, 8000 são leucemia linfocítica crónica, 500 são de

leucemia mielóide crônica e cerca de 3500 são formas de leucemia linfocítica

aguda.

Todos os tipos de leucemia são mais encontrados nos homens do que nas

mulheres.

Page 78: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

74

Actividades desenvolvidas

Visita ao IPO

No dia 20 de Janeiro de 2010, pelas 14 horas, fomos visitar o Instituto

Português do Oncologia do Porto (IPOP). O nosso objectivo com esta visita era

obtermos mais informações sobre o cancro, conhecer as instalações, o

funcionamento, relação entre os profissionais e doentes.

Fomos recebidos no Centro de Ensino e Formação por profissionais

que nos encaminharam para ouvirmos uma palestra prestada pelas

enfermeiras que nos acompanharam ao longo da visita. Antes de tudo, todos

os grupos presentes na visita se apresentaram, referindo o nome do projecto

que estavam a desenvolver e expondo algumas das actividades que se

propunham a realizar ao longo do ano lectivo. Relativamente à palestra supra

mencionada, as enfermeiras falaram sobre o cancro de uma forma geral em

formato power point. Mencionaram os principais factores de risco, alguns

sintomas, os tipos de tratamento existentes, os tipos de cancro mais

frequentes e alertaram-nos para os comportamentos de risco que,

principalmente os jovens, cometem nos dias que correm. Tais como o

tabagismo e excessiva exposição solar.

De seguida fomos conduzidos até ao Hospital de Dia para ficarmos a

conhecer a sala onde os doentes fazem a quimioterapia. A profissional

Page 79: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

75

responsável por esta secção do IPO tirou todas as dúvidas que lhe foram

dirigidas pelos grupos. Na sala onde é feita a quimioterapia, não pudemos

interagir com nenhum doente, de maneira a que não fosse causado qualquer

tipo de perturbação. Prosseguimos a visita para a zona onde é feita a

radioterapia onde uma médica, responsável por fazer os moldes para cada

doente, nos explicou como trabalha com todo o processo de moldagem.

Vimos também todos os exames que são necessários para que se possa

começar a realizar este tipo de tratamento e as respectivas máquinas para a

radioterapia.

Para finalizar a visita fomos ver o centro de investigação do IPO, onde

uma técnica nos decifrou como decorre uma investigação de cada caso de

cancro que aparece e a sua evolução.

Durante esta visita tivemos oportunidade de realizar a entrevista a

uma das enfermeiras que nos acompanhou.

Fig. 41

Page 80: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

76

Exposição

No dia 4 de Fevereiro de 2010, Dia Mundial da Luta Contra o Cancro

realizamos na biblioteca da escola, a exposição sobre os seis tipos de cancro

que trabalhamos.

Começamos por colocar de forma ordenada os cartazes nos locais mais

chamativos, os panfletos de forma organizada numa mesa, espalhamos pelos

seis blocos da escola cartazes do IPO com informação sobre o cancro,

colocamos livros bastante interessantes e com imensas curiosidades sobre o

tema e por fim um vídeo feito por nós que passou durante todo o dia.

Esta exposição tinha como objectivo alertar e sensibilizar a

comunidade escolar para esta doença que é cada vez mais comum nos dias de

hoje, a comunidade escolar mostrou-se interessada na nossa exposição e no

tema, principalmente funcionários e professores que elogiaram o nosso

trabalho e o tema escolhido para projecto final de 12ºano, deste modo

cumprimos mais um dos nossos objectivos.

Fig. 42 Fig. 43

Page 81: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

77

Fig. 44 Fig. 45

Fig. 46 Fig. 47

Fig. 48 Fig. 49

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Cancro na Vida das Pessoas

78

Fig. 50 Fig. 51

Fig. 52 Fig. 53

Fig. 54

Fig. 55

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Cancro na Vida das Pessoas

79

Fig. 56 Fig. 57

Fig. 58 Fig. 59

Fig. 60

Page 84: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

80

Visita ao Hospital de Dia de Guimarães

No dia 8 de Abril de 2010, pelas 9h e 30 min fomos visitar o Hospital de dia

de Guimarães.

Esta visita tinha como objectivos conhecer as instalações, conhecer o tipo

de tratamento disponibilizado aos doentes e contactar com os funcionários

directamente ligados aos serviços de Oncologia, para recolher informações

sobre a forma como os mesmos lidam com os doentes.

Fomos recebidos por uma enfermeira que nos guiou ate á sala de reuniões

de oncologia onde esperamos ansiosamente pela Doutora Camila Coutinho,

médica oncológica que nos iria acompanhar na visita e nos daria toda a

informação que necessitávamos.

Após a chegada da Doutora Camila Coutinho, esta acompanhou nos numa

visita guiada ao piso de oncologia, onde visualizamos as salas de tratamento,

depois da visita fomos novamente para a sala de reuniões onde fizemos uma

entrevista á Doutora na qual esclarecemos bastantes dúvidas e adquirimos

ainda mais informação sobre o tema: O Cancro.

Fig.61

Page 85: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

81

Inquérito

Somos um grupo de alunos do 12ºC e estamos a elaborar estes

inquéritos no âmbito da disciplina de Área de Projecto, com o objectivo de

avaliar os conhecimentos dos alunos da área de Ciências e Tecnologias do

11º ano, face ao tema: O Cancro.

Idade: ___

F M

1. Para ti, o que significa a palavra cancro?

_____________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

2. Que tipos de cancro conheces?

Cancro da mama Cancro do colo do útero

Cancro da próstata Cancro do cólon

Page 86: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

82

Cancro dos pulmões Leucemia

Outros:_______________________________________________________

3. Os factores de risco para esta doença, são:

Idade Alimentação

Falta de exercício físico Radiações

Tabaco Antecedentes com a doença

4. As pessoas com cancro podem manifestar sintomas?

Sim Não

4.1. Se sim, quais?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

5. O cancro quando detectado tardiamente:

Page 87: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

83

É inofensivo

Pode provocar a morte

Pode causar desconforto

6. Que tipos de tratamentos conheces?

Quimioterapia Radioterapia

Hormonoterapia Imunoterapia

Cirurgia

7. Achas que há formas de prevenir o aparecimento de cancro?

Sim Não

7.1. Se sim, quais?

_____________________________________________________________

8. Que dúvidas gostarias de ver esclarecidas sobre o cancro?

Causas Sinais e sintomas

Formas de prevenção Diagnóstico

Page 88: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

84

Outras:_______________________________________________________

Tratamento de dados

Este tratamento de dados destina-se à análise dos dados obtidos através

das respostas aos inquéritos realizados aos alunos de seis turmas do 11º ano

do curso de Ciências e Tecnologias, no âmbito da disciplina de Área de

Projecto.

Através da figura 1, podemos verificar que 2% dos inquiridos tinham 15

anos, 68% tinha 16 anos, 20% tinha 17 anos, 5% tinha 18 anos, 3% tinha 19

anos e 2% tinha 20 anos.

Fig. 62 Gráfico representativo das idades dos inquiridos.

Page 89: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

85

Através da figura 2, podemos verificar que os tipos de cancro mais

conhecidos pelas inquiridas são o cancro da mama, o cancro da próstata e o

cancro do colo do útero, tendo estes uma percentagem de conhecimento de

100%. Quanto ao cancro dos pulmões há uma percentagem de conhecimento

de, aproximadamente, 96.6%. A leucemia tem uma percentagem de

conhecimento de 89.8% e o cancro do cólon é o menos conhecido pelas

inquiridas, tenho este uma percentagem de conhecimento de 73%.

Fig. 63 Gráfico representativo dos tipos de cancro conhecidos pelos inquiridos do sexo feminino.

Page 90: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

86

Relativamente a outros tipos de cancro conhecidos, verificamos que

conhecem também o cancro da pele, cancro do pâncreas, cancro do esófago,

cancro do estômago, cancro da língua, cancro do fígado, cancro da bexiga,

cancro da faringe. O mais enunciado pelas inquiridas foi, sem dúvida, o cancro

da pele, com cerca de uma percentagem de 60%.

Através da figura 3, podemos verificar que os tipos de cancro mais

conhecidos pelos inquiridos são o cancro da mama, o cancro do colo do útero

e o cancro dos pulmões, tendo estes uma percentagem de conhecimento de

100%. Quanto ao cancro da próstata, tem uma percentagem de 98%, a

leucemia apresenta uma percentagem de conhecimento de 86.7%. O cancro

Fig. 64 Gráfico representativo dos tipos de cancro conhecidos pelos inquiridos do sexo masculino.

Page 91: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

87

do cólon é o que apresenta menor percentagem de conhecimento (à

semelhança do que acontece com as inquiridas), sendo esta de 80.4.%.

Relativamente a outros tipos de cancro conhecidos, verificamos que

conhecem também o cancro da pele, cancro do pâncreas, cancro do

estômago, cancro da língua, cancro do fígado, cancro da bexiga, cancro dos

testículos. O mais enunciado pelos inquiridos foi, sem dúvida, o cancro da

pele, com cerca de uma percentagem de 70%.

Através da figura 4, podemos verificar que o tabaco e os antecedentes com

a doença são os factores de risco mais conhecido pelas inquiridas, tendo estes

uma percentagem de conhecimento de 96.6% e 98.3%, respectivamente.

Fig. 65 Gráfico representativo dos factores de risco conhecidos pelos inquiridos do sexo feminino.

Page 92: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

88

Quanto às radiações, podemos verificar que, aproximadamente, 77.9% das

inquiridas conhece este factor de risco. A alimentação é considerada um factor

de risco por, aproximadamente, 37.3% das inquiridas. Quanto à idade e falta

de exercício são os factores de risco menos conhecidos, tendo estes uma

percentagem de 20.3% e 16.9%, respectivamente.

Fig. 66 Gráfico representativo dos factores de risco conhecidos pelos inquiridos do sexo masculino.

Page 93: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

89

Através da figura 5, podemos verificar que as radiações, o tabaco e os

antecedentes com a doença são os factores de risco mais conhecidos pelos

inquiridos, tendo estes uma percentagem de conhecimento de,

respectivamente, 92%, 96% e 72.5%. Quanto à alimentação, podemos verificar

que 45% dos inquiridos considera um factor de risco. A idade e a falta de

exercício físico são os factores de risco menos conhecidos pelos inquiridos,

com percentagens de conhecimento de, respectivamente, 35.5% e 31.4%.

Através da figura 6, podemos verificar que 88% das inquiridas são da

opinião que as pessoas com cancro podem manifestar sintomas. No entanto

Fig. 67 Gráfico representativo acerca das opiniões dos inquiridos do sexo feminino quanto à possibilidade de manifestação de sintomas.

Page 94: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

90

7% das inquiridas acham que não. Os restantes 5% não responderam a esta

questão.

Quanto aos sintomas, os mais conhecidos pelas inquiridas foram fadiga,

falta de apetite, inchaços, tumores, dores do corpo, desmaios, má disposição,

tonturas, hemorragias, queda de cabelo, emagrecimento repentino,

envelhecimento precoce.

Fig. 68 Gráfico representativo acerca das opiniões dos inquiridos do sexo masculino quanto à possibilidade de manifestação de sintomas.

Page 95: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

91

Através da figura 7, podemos verificar que 88% dos inquiridos são da

opinião que as pessoas com cancro manifestam sintomas. Os restantes 12%

não acham que essas pessoas manifestam sintomas.

Quanto aos sintomas, os mais conhecidos pelos inquiridos foram

emagrecimento, fadiga, dores no corpo, manchas na pele, queda de cabelo,

aparecimento de tumores, inchaços, tosse, desmaios, cegueira, vómitos e

tonturas.

Através da figura 8 podemos constatar que, aproximadamente, 98.3% das

inquiridas acha que o cancro pode provocar a morte. No entanto,

Fig. 69 Gráfico representativo das respostas dos inquiridos do sexo feminino relativamente às respostas à pergunta “O cancro quando detectado tardiamente:”.

Page 96: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

92

aproximadamente, 1.7% é da opinião que o cancro quando detectado

tardiamente é inofensivo. Os restantes são da opinião que o cancro apenas

pode causar desconforto.

Através da figura 9, podemos verificar que 100% dos inquiridos consideram

que detectar o cancro tardiamente pode provocar a morte. Destes inquiridos,

5% considera também que pode causar desconforto. Nenhum destes

considera que seja inofensivo.

Fig. 70 Gráfico representativo das respostas dos inquiridos do sexo masculino relativamente às respostas à pergunta “O cancro quando detectado

tardiamente:”.

Page 97: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

93

Através da análise da figura 10, podemos concluir que 100% das inquiridas

conhece a quimioterapia como um tratamento para esta doença. A cirurgia e a

radioterapia têm uma percentagem de conhecimento de 81.3% e 69.5%,

respectivamente. No entanto, a hormonoterapia e a imunoterapia são os

menos conhecidos com 6.8% e 15.2%, respectivamente.

Fig.71 Gráfico representativo dos tipos de tratamentos conhecidos pelos inquiridos do sexo feminino.

Page 98: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

94

Através da análise da figura 11, podemos concluir que 100% dos inquiridos

conhece a quimioterapia como um tratamento para esta doença. A cirurgia e a

radioterapia têm uma percentagem de conhecimento de 74.5% e 52.9%,

respectivamente. No entanto, a hormonoterapia e a imunoterapia são os

menos conhecidos com 7.8% e 9.8%, respectivamente.

Fig. 72 Gráfico representativo dos tipos de tratamentos conhecidos pelos inquiridos do sexo masculino.

Page 99: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

95

Através da figura 12, podemos apurar que 69% das inquiridas acha que

existem formas de prevenção no aparecimento do cancro. 29% é da opinião

que não há formas de prevenir o aparecimento desta doença e os restantes

2% não respondeu.

Quanto às formas de prevenção indicadas pelas inquiridas foram: realizar

exames frequentes, não fumar, tomar vacinas, ter uma alimentação saudável,

ter cuidado com as radiações solares.

Fig. 73 Gráfico representativo das opiniões dos inquiridos do sexo feminino acerca da

existência de formas de prevenção no aparecimento do cancro.

Page 100: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

96

Através da figura 13, podemos constatar que 71% dos inquiridos acha que

há formas de prevenir o aparecimento do cancro. E os restantes 29% são da

opinião que não existem formas de prevenção no aparecimento desta doença.

Quanto às formas de prevenção indicadas pelos inquiridos foram: realizar

exames de rotina, evitar comportamentos de risco, fazer exercício físico, ter

uma alimentação saudável, não fumar, tomar vacinas, evitar exposição aos sol

nas horas de maior calor, não ingerir bebidas alcoólicas.

Fig. 74 Gráfico representativo das opiniões dos inquiridos do sexo masculino acerca da existência de formas de prevenção no aparecimento do cancro.

Page 101: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

97

Através da figura 14, podemos concluir que 74.6% das inquiridas gostaria

de ser esclarecidas relativamente às formas de prevenção da doença. 72.3%

gostaria de ver esclarecidos os sinais e sintomas e 64.4% gostariam que

fossem as causas. Quanto ao diagnóstico, 59.3% das inquiridas gostaria de ver

esclarecido este assunto. 3,4% não apresenta quaisquer questões que queiram

ver esclarecidas.

Nenhuma das inquiridas referiu outros assuntos face a esta doença, para

serem esclarecidos.

Fig. 75 Gráfico representativo das dúvidas que os inquiridos do sexo feminino gostariam de ver esclarecidas relativamente ao cancro.

Page 102: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

98

Através da figura 15, podemos concluir que 82.4% dos inquiridos gostaria

de ser esclarecidas relativamente às formas de prevenção da doença. 72.5%

gostaria de ver esclarecidos os sinais e sintomas e 70.6% gostaria que fossem

as causas. Quanto ao diagnóstico, 41.2% dos inquiridos gostaria de ver

esclarecido este assunto. 5.9% não apresenta quaisquer questões que

queiram ver esclarecidas.

Apenas dois inquiridos gostariam de ver esclarecidos os comportamentos

dos doentes após a notícia dada pelo médico acerca da sua doença e os

diferentes tratamentos existentes.

Pergunta 1: Quanto às opiniões dos inquiridos relativamente ao que

significa a palavra cancro, 60% acha que é uma doença, 17% dizem que é uma

doença que pode levar á morte e os restantes 23% não responderam.

Fig. 76 Gráfico representativo das dúvidas que os inquiridos do sexo masculino gostariam de

ver esclarecidas relativamente ao cancro.

Page 103: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

99

Conclusão

Através da análise dos dados concluímos que o nível de conhecimentos

que os inquiridos possuem é razoável. Relativamente aos sintomas,

verificamos que há alguma confusão entre estes e os efeitos secundários que

os tratamentos acarretam. Há inquiridos que ainda brincam muito com este

assunto, com respostas menos apropriadas. E a maior parte é da opinião que

esta doença equivale à morte.

Por estas razões, vamos tentar elucidar a comunidade escolar quanto a

essas dúvidas.

Page 104: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

100

Entrevista a doente oncológico

Somos o grupo 1 de área de projecto do 12ºC. Esta entrevista foi realizada

a um doente oncológico.

1. Qual foi o tipo de cancro que lhe foi diagnosticado?

Cancro da mama.

2. Há quanto tempo lhe foi diagnosticado o referido cancro?

Há 8 meses.

3. Como detectou a doença?

Através do auto-exame da mama realizado pela minha ginecologista e

posterior extracção e análise do tumor.

4. De que forma, o momento em que descobriu a doença mudou a sua

vida?

Mudou a minha vida toda. Tive que parar de trabalhar e mudar muitos

hábitos da minha vida para começar uma nova etapa e dedicar-me apenas a

ultrapassar esta doença.

Page 105: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

101

5. Em alguma ocasião teve de procurar apoio, ou foi-lhe concebido

apoio imediatamente?

Tive logo apoio da minha família e do médico que me seguiu.

6. Recebeu algum tipo de apoio psicológico?

Não.

7. Considera que foi bem informada pelos médicos sobre todo o

tratamento?

Fui sempre muito bem acompanhada e esclareceram-me todas as dúvidas.

8. Quanto tempo demorou a iniciar os tratamentos depois do

diagnóstico?

Realizei uma mastectomia radical após 10 dias me terem diagnosticado a

doença. Os restantes tratamentos vieram passado um mês da cirurgia.

9. A que tipo de tratamentos foi sujeita?

Cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia.

10. Qual a fase dos tratamentos que mais lhe custou realizar?

Quimioterapia, sem dúvida.

11. Sentiu-se sempre bem tratada?

Page 106: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

102

Sim.

12. Considera que os serviços prestados pelos profissionais e os

respectivos meios para o tratamento poderiam ser melhores?

Não tenho quaisquer tipos de queixas sobre isso.

13. Quais os cuidados que tem de ter daqui para a frente?

Muita vigilância, acima de tudo. Mas não posso fazer muitos esforços do

lado a que fui submetida à cirurgia, fazer exercício físico todos os dias, não

usar roupas com fibras, não usar desodorizantes, não fazer depilação nas

axilas com cera, máquina depiladora ou a laser.

14. Onde foi buscar força para ultrapassar todos os momentos difíceis?

À minha família, principalmente às minhas filhas.

15. Considera que falar com outras pessoas que se encontram numa

situação semelhante à sua, conforta-a?

Conforta-me e conforto também as outras pessoas. Ajuda-nos a perceber

melhor a nossa doença e fazer com que as pessoas não tenham medo de falar

sobre isso. Tem que deixar de ser um assunto tabu.

16. Deixe uma mensagem de apoio a outros doentes.

Nunca desistir porque vale sempre apena o sofrimento para lutar pela

vida.

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Cancro na Vida das Pessoas

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Entrevista a familiar de doente oncológico

Somos o grupo 1 de área de projecto do 12ºC. Esta entrevista foi realizada

ao familiar de um doente oncológico.

1. Qual o seu grau de parentesco com o doente?

1º grau.

2. Como reagiu à notícia da doença do seu familiar?

Ninguém da família reagiu bem. Acho que ninguém está à espera de uma

notícia dessas quando se trata de uma pessoa que nos é muito querida.

Porque, infelizmente, a maioria das pessoas têm esta doença como o sinónimo

de morte. É claro que não é uma coisa boa, mas também não podemos

associar logo a morte. Aliás, o papel da família é apoiar o doente e nunca

fraquejar em frente dele, muitas vezes temos que ter força para nós e para

eles.

3. Foi fácil à aceitação da doença por parte dos familiares e amigos?

Como devem imaginar, nunca é fácil aceitar uma doença como esta. Mas

todos temos que acabar por aceitar.

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Cancro na Vida das Pessoas

104

4. De que maneira deu força ao doente?

Nunca estar triste à beira dela, brincar com ela para que vejamos um

sorriso, distraí-la para que esqueça um bocado tudo o que está a passar.

5. O que mudou no seu dia-a-dia, devido à doença do seu familiar?

Apenas comecei a passar mais tempo com a minha mãe e fazer as tarefas

de casa que ela não pode fazer.

6. A doença influenciou a sua relação com o doente?

Sim.

7. Se sim, de que forma?

Como passo mais tempo com a minha mãe, acabei por me aproximar

muito mais dela, desabafando com ela sobre coisas que antes não me

imaginaria a desabafar, passo a maior parte do tempo com ela. Se calhar

porque o medo de a poder perder falou mais alto que o resto das outras

coisas, acabei por dar mais importância ao que ela fez e faz por mim. Ou seja,

a relação que agora tenho com a minha mãe é muito melhor o que tinha

antes.

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Entrevista a médico oncológico

Somos o grupo 1 de área de projecto do 12ºC. Esta entrevista realizou-se a

uma médica oncológica, Dr.ª Camila Coutinho.

1. Porque escolheu oncologia para o seu futuro?

Quando fui para medicina, na realidade, não me ocorria trabalhar neste

tipo de patologia. Depois, durante o percurso do internato, trabalhei com um

oncologista, o Dr. Rui Nabiço, um médico de Braga, e acho que gostei do tipo

de doentes, do trabalho que fazíamos com eles e fui um bocadinho no escuro

porque nós durante o curso não temos muito contacto e a especialidade de

oncologia é uma especialidade muito arrepiante, portanto nós não sabemos

muito bem como era a nossa vida como oncologistas, era difícil na altura

perspectivar isso. Mas senti que era por ali, não tive grandes dúvidas em

escolher esta especialidade. Acho que é uma especialidade em que nós damos

muito mas também recebemos imenso, é muito gratificante trabalhar em

oncologia. E passados estes anos, acho que não me arrependo de todo, acho

que o curso de medicina e a vida de médico é uma vida complicada.

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106

2. Gosta de profissão que exerce?

Gosto muito.

3. Há quanto tempo exerce a sua profissão?

Mais ou menos há 7 ou 8 anos que sou oncologista. Tive o internato que

são 5 anos e já estou há cerca de 7 anos a exercer oncologia.

4. Como é lidar com doentes estando a doença num estado avançado?

É assim, é um dar e receber. Nós damos aquilo que podemos em termos

de melhorar a qualidade de vida do doente, mas depois também recebemos

muito dos doentes porque os doentes ensinam-nos imenso. A forma como

lidam com a doença na fase terminal, muitas vezes até são um exemplo para

nós. Acho que crescemos com os exemplos que os doentes nos dão. É uma

fase difícil e alguns deles vão mesmo abaixo. Muitas vezes temos com os

doentes uma ligação forte porque contactamos muito com o doente,

sistematicamente, e depois também é um bocadinho difícil essa fase para nós.

Mas já estamos habituados e entendemos que é um processo natural, que é a

lei da vida, portanto tentamos dar o máximo. O nosso objectivo não é curar os

doentes, é dar o melhor que conseguirmos naquela fase da doença e se

conseguirmos chegar a esse objectivo, a esse limite que nos impomos ficamos

bem connosco porque fizemos o máximo possível naquela fase. Não podemos

fazer coisas que não são possíveis.

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Cancro na Vida das Pessoas

107

5. Quando sabe o que realmente o doente tem, como se prepara para

poder contar ao doente e familiares?

Habitualmente, essa fase, não sou eu que faço. Normalmente, não dou eu

essa má notícia. São os cirurgiões que fazem as biopsias, depois têm que dizer

o resultado das biopsias. A maior parte das vezes, quando os doentes chegam

aqui às consultas já sabem que têm a doença. De qualquer forma, os doentes

andam sempre em vigilância e quando andam em tratamentos e corre mal,

temos que dar a notícia de que a doença agravou, o tratamento não está a

resultar. Tenho muitas más notícias para dar, infelizmente, ao longo dos dias.

Mas também boas. E aquilo que costumo fazer é: os doentes vão

questionando sobre como é que as coisas estão a correr e eu vou dando as

notícias à medida que os doentes querem saber o que se passa com eles e

também, na minha perspectiva se o doente está capaz de conseguir ouvir a

verdade. A verdade é muito relativa, muitas vezes nem a sei. Muitos doentes

perguntam quantos meses de vida têm, eu não sei a maior parte das vezes,

fazemos apenas uma perspectiva. É um período variável.

6. Acha que o tempo é uma variável importante para a comunicação

entre o médico e o seu paciente?

Na altura em que eu fiz o curso, não tivemos abordagem sobre a

comunicação com os doentes e era muito importante. Portanto, tecnicamente

podemos ser fantásticos e na comunicação falharmos muito. Se o objectivo é

o doente ficar bem, física e psicologicamente, podemos dar-lhe a melhor

medicação e o doente não ficar bem. Há técnicas de comunicação e isso

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108

depende do que nós somos. Há erros graves de comunicação que depois são

muito importantes para o decorrer da forma como o doente aceita a doença e

evolui durante o processo de tratamento.

7. A Dra. possui alguma técnica para comunicar um diagnóstico e

explicar o tratamento para o seu paciente?

Não podemos usar sempre a mesma técnica porque as situações são

sempre diferentes e as pessoas são completamente diferentes a nível de

cultural, a forma como aceitam as coisas. Muitas vezes nós não podemos dizer

na primeira consulta muita coisa, temos que perceber primeiro quem é que

está do outro lado para depois entender até onde podemos ir. Agora, há uma

série de regras como dizer sempre a verdade, ter disponibilidade, estar num

sítio calmo, não ser interrompido.

8. No geral, como são as reacções dos seus pacientes?

Temos cá de tudo, há pessoas que ficam deprimidas, perdem a auto-

estima, mas depois acabam por dar a volta, a recomeçar todo um processo de

luta, alguma esperança de melhorar. Podemos é tentar dar a má notícia de

uma melhor forma. Obviamente que os doentes ficam tristes, alguns choram,

há doentes que se nota perfeitamente que desistem, depois há aqueles que

têm uma capacidade incrível e que surpreendem.

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Cancro na Vida das Pessoas

109

9. Há doentes que, quando chegam cá, sabem perfeitamente o que lhes

pode acontecer? Existem muitos casos desses?

Tenho muitos casos de doentes absolutamente conscientes do tempo de

vida que têm. Aliás, há muitos doentes que chegam aqui e dizem que outros

médicos lhe deram um certo tempo de vida e vêm saber uma outra opinião.

Agora há muita informação, os doentes têm internet embora muitos não

queiram ir lá sequer, preferem não estar a par das coisas.

10. A família recebe algum tipo de orientação para falar sobre a doença

com o doente?

Nós temos cá psicólogos para acompanharem os doentes e os familiares.

Mas há muitas pessoas que não querem ir porque acham que só vai quem

está maluco e acham que o psicólogo não é quem lhes vai tirar o problema

que eles têm. Há muitas técnicas na área de oncologia e nós temos cá um

grupo onde os doentes são seguidos.

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Cancro na Vida das Pessoas

110

Glossário

Adenoma: tumor benigno, constituído por tecido glandular.

Aguda: situação clínica ou doença que surge subitamente e de curta duração.

Analgésico: medicamento ou fármaco utilizado para o alívio de dor.

Anemia: afecção em que o organismo não produz uma quantidade suficiente

de glóbulos vermelhos ou de hemoglobina, tendo como resultado a

diminuição da capacidade de transporte de oxigénio para os tecidos. Entre os

sintomas contam-se a palidez, o cansaço e as palpitações.

Anorexia: alteração física ou psicológica caracterizada pela perda de apetite.

Anticorpos: proteínas especiais produzidas pelas células do sistema imunitário

que cooperam no combate a infecções.

Antiemético: medicamento utilizado para prevenir ou tratar as náuseas e os

vómitos.

Antifúgico: medicamento utilizado no tratamento de infecções causadas por

fungos.

Page 115: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

111

Apoptose: processo normal que conduz á morte programada das células.

Arritmia: irregularidade mais ou menos persistente do ritmo cardíaco.

Biópsia: intervenção cirúrgica destinada á colheita de um fragmento de tecido.

O tecido é posteriormente examinado ao microscópio para a identificação da

sua natureza benigna ou maligna.

o Biópsia por punção: o médico utiliza um dispositivo oco e afiado

para retirar pequenas quantidades de tecido cervical.

o LEEP: o médico utiliza um fio eléctrico com laço para cortar uma

porção fina e arredondada de tecido.

o Curetagem endocervical: o médico utiliza uma cureta (pequeno

instrumento em forma de colher) para raspar uma pequena

amostra de tecido do canal cervical. Pode utilizar-se uma escova

fina e macia em vez da cureta.

o Biópsia em cone: o médico recolhe uma amostra de tecido em

forma de cone. A biópsia em cone, ou conização, permite ao

patologista observar se existem células anómalas no tecido abaixo

da superfície do colo do útero. Este exame pode ser feito no

hospital mediante anestesia geral. A biópsia em cone pode ainda

ser utilizada para remover uma zona pré-cancerígena.

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Cancro na Vida das Pessoas

112

Bioterapia: tipo de tratamento que estimula o sistema imunitário ou utiliza

anticorpos ou outros meios para combater as doenças malignas.

Broncoscopia: exame dos brônquios e das suas ramificações por meio da

introdução, por via oral ou nasal, de um tubo fino, flexível e munido de um

dispositivo de iluminação, que permite ver e biopsiar o interior dos brônquios,

aplicar próteses, etc.

Carcinoma: tumor maligno desenvolvido a partir de células epiteliais, ou seja

as células que revestem os órgãos em contacto com o meio externo.

Carcinogénico: cancerígeno.

Cápsides: é a casca de uma proteína do vírus.

Células estaminais: células progenitoras ou células-mãe capazes de se auto-

regenerar e de regenerar os tecidos; Na medula óssea dão origem a todas as

células sanguíneas (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas).

Clister ou enema: são nomenclaturas que designam a introdução de líquido

no ânus para lavagem, purgação ou administração de medicamentos.

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Cancro na Vida das Pessoas

113

Colonoscopia: exame realizado através da introdução de um tubo fino,

flexível e munido de um dispositivo de iluminação por via rectal, até ao cólon.

Permite a visualização deste órgão para identificação de tumores, pólidos, etc.

Colposcopia: exame á vagina e ao colo do útero, para visualização directa,

com procedimentos semelhantes á colonoscopia, utilizado neste caso um

dispositivo de acesso chamado colposcópio.

Doença crónica: situação clínica que persiste ao longo do tempo (mais que

dois ou três meses).

Doença terminal: é a fase terminal da evolução de uma doença crónica e

incurável, incluindo em geral os últimos seis meses de vida.

Ecografia: exame efectuado com ultra-sons que permite observar e criar

imagens de partes do organismo, nomeadamente da forma r da actividade de

órgãos internos.

Eczema: é uma lesão da pele decorrente de sua inflamação.

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Cancro na Vida das Pessoas

114

Efeitos secundários: sinais ou sintomas resultantes de tratamentos de

tratamentos, tais como a perda de cabelo, náuseas e os vómitos.

Endometrio: é a membrana mucosa que reveste a parede uterina.

Ensaio clínicos: Uma forma de experimentação de um tratamento, de um

meio de diagnóstico ou de um dispositivo biológico. Consiste no estudo

controlado dos efeitos de um fármaco novo ou no estudo comparativo de um

tratamento inovador. Quando o tratamento administrado ao doente for

escolhido por sorteio, designa-se por ensaio clínico aleatório. Os ensaios em

que se emprega um placebo “iludindo” o doente e/ou o médico designam-se

por ensaios com ocultação (ou dupla ocultação) ou ensaios cegos (ou

duplamente cegos).

Estádio ou Estado: sistema de classificação dos tumores, em função da sua

extensão e da sua disseminação pelo organismo.

Expectoração: secreções produzidas pelos brônquios.

Fármacos: medicamento.

Page 119: Cancro na Vida das Pessoas - Livro

Cancro na Vida das Pessoas

115

Gânglios: estão espalhados pelo corpo inteiro em posições estratégicas para

defendê-lo dos agentes agressores.

Genoma: conjunto do património genético de um organismo.

Glóbulos vermelhos: células sanguíneas responsáveis pelo transporte de

oxigénio pelo sangue a todo o organismo.

Hemoglobina: proteína dos glóbulos vermelhos responsável pelo transporte

de oxigénio para as células do organismo.

Hormonas: substâncias químicas, produzidas por diversas glândulas, que

circulam no organismo, regulando e integrando o funcionamento dos tecidos

e o crescimento e a reprodução do organismo.

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Cancro na Vida das Pessoas

116

Imunoterapia: utiliza a capacidade natural do nosso organismo para combater

o cancro, através do sistema imunitário.

Imunidade: sistema de identificação e de defesa do organismo contra

doenças, infecções, moléculas ou tecidos estaminais.

Leucemia: doença maligna dos glóbulos brancos do sangue. O organismo

produz uma grande quantidade de células sanguíneas anormais por

imaturidade ou por longevidade aumentada;

Linfoma: doença maligna do sistema linfático caracterizada pela formação de

“massas tumorais” nos gânglios ou nódulos linfáticos.

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Cancro na Vida das Pessoas

117

Maligno: o mesmo que cancro ou neoplasia maligna. Tumor que tem a

capacidade de invadir e destruir os tecidos adjacentes, dissiminando-se depois

para outras partes do corpo.

Mamografia: exame radiológico da mama.

Marcadores tumorais: substâncias produzidas por algumas células

cancerígenas. Podem estar presentes nos tecidos, no sangue ou na urina de

doentes com cancro; Também podem ser produzidos em situações benignas,

tal como nos processos inflamatórios.

Mastectomia: excisão cirúrgica da mama.

Medula óssea: tecido de consistência mole e esponjosa que preench a parte

central do osso; Nele são formadas, amadurecem e proliferam as células

sanguíneas antes de migrar para o sangue.

Melanoma: doença maligna das células responsáveis pelo fabrico de

pigmento na pele. Em geral, desenvolve-se a partir de um sinal que muda de

tamanho, formato ou cor.

Metastização: disseminação de um tumor maligno a partir do local onde se

desenvolveu, para os gânglios linfáticos regionais e para os órgãos, incluíndo

os mais distantes.

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Cancro na Vida das Pessoas

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Miométrico: é a camada média da parede uterina composta por células de

músculo liso.

Neoplasia: crescimento anormal de células. Dando origem a um tumor. Pode

ser benigno, inicial ou localizado, ou maligno.

Oncologia: estudo e tratamento das doenças malignas.

Oncologista: médico especializado no tratamento de doenças malignas.

Pólido ou Pólipo: Saliência de uma membrana mucosa. Os pólidos localizam-

se ao nível do intestino, vesícula, etc.

Prognóstico: previsão do risco evolutivo de uma doença.

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Cancro na Vida das Pessoas

119

Quimioterapia: tipo de tratamento com fármacos citostáticos que destroem

as células cancerígenas.

Radiografia: método que utiliza níveis baixos de radiação para

visualização dos ossos e de alguns órgãos internos.

Radioterapia: tipo de tratamento oncológico que utiliza diferentes

fontes de radiação.

Receptores hormonais: são teste de laboratório solicitados pelo

médico, caso o cancro seja diagnosticado durante a biopsia. Estes

testes revelam se as hormonas podem ou não estimular o crescimento

do cancro.

Regressão: diminuição do volume e/ou massa celular do tumor.

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Cancro na Vida das Pessoas

120

Resistência a fármacos: acontece quando os fármacos deixam de

actuar e perdem a sua eficácia.

Sistema linfático: é uma rede complexa de órgãos linfóides, linfonodos,

ductos linfáticos, tecidos linfáticos, capilares linfáticos e vasos linfáticos

que produzem e transportam o fluido linfático (linfa) dos tecidos para o

sistema circulatório.

Transplante de medula óssea: administração de uma quantidade extra

de células normais de medula óssea para a reconstituição da medula

após o tratamento com doses elevadas de quimioterapia.

Tumores: massa de células em proliferação ou multiplicação. Podem ser

benigno ou maligno.

Ultrassonograma: Ver ecografia.

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Cancro na Vida das Pessoas

121

Ulcera: é o nome genérico dado a quaisquer lesões superficiais em tecido

cutâneo ou mucoso.

Ulceração: Processo patológico que leva à formação de uma úlcera.

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Cancro na Vida das Pessoas

122

Bibliografia

http://saude.sapo.pt/

http://www.conhecersaude.com/

http://www.manualmerck.net/

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http://www.tecnet.pt/

http://www.pop.eu.com/

http://www.roche.pt/

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http://www.portaldasaude.pt/

http://www.saojoaodedeus.pt/

http://www.min-saude.pt/

http://www.cancrodamama.com/

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Cancro na Vida das Pessoas

123

http://jovemcomcancrodamama.com/

Agradecimentos

Para a realização deste trabalho, colaboraram connosco:

Professora Deolinda Mendes;

Professora Isabel Miguelote;

Hospital Guimarães;

Dr.ª Camila Coutinho;

IPO – Porto;

Enfermeiras IPO;

Escola Secundária Felgueiras;

Entrevistados;

Obrigado pela colaboração.

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Cancro na Vida das Pessoas

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Conclusão

Em suma, o projecto que desenvolvemos ao longo do ano foi concluído

com êxito. Gostamos muito desta experiência em grupo que contribuiu de

forma bastante positiva para nós, como pessoas. Esperamos que este livro

seja útil e que cumpra o nosso objectivo inicial: sensibilizar e informar.

A vida sempre foi complexa de explicar e complexa de realizar, certos

problemas não se podem combater, mas muitos vale a pena lutar.

Cancro vale a pena lutar, cancro tem cura!

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