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CBD- INFORMAÇÃO E CULTURA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: HISTÓRICO E DELIMITAÇÃO DO CAMPO CHARLENE GISELI JOELI MAIO DE 2010

Ciência da Informação: histórico e delimitação do campo

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Seminário apresentado na matéria Informação e Cultura Pós-Graduação em Ciência da Informação da ECA/USP. Temática: Ciência da Informação: histórico e delimitação do campo. Textos abordados: BUCKLAND, M.K. Information as thing. Journal of the American Society for Information Science (JASIS), v.45, n.5, p.351-360, 1991. _______. What is a document? (JASIS 1997)
- What is a digital document? (Document Numerique 1998) FROHMANN, B. Revisiting ‘what is a document’ . Journal of Documentation, v.66, n.2, p.291-303. Disponível em: http://www.fims.uwo.ca/people/faculty/frohmann/Documents/Revisiting_JDOC.pdf FROHMANN, B. O caráter social, material e público da informação. In FUJITA, M.S.L.; MARTELETO, R.M.; LARA, M.L.G., orgs. A dimensão epistemológia da Ciência da Informação e suas itnerfaces técnicas, políticas e institucionais nos processos de produção, acesso e disseminação da informação. São Paulo: Cultura Acadêmica Ed.; Marília: FUNDEPE, 2008. p.13-34.

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CBD- INFORMAÇÃO E CULTURA

CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: HISTÓRICO E DELIMITAÇÃO DO

CAMPO

CHARLENEGISELIJOELI

MAIO DE 2010

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APRESENTAÇÃO• BUCKLANDInformação como coisa

O que é documentoO que é documento digital

Informação como coisa• BERND FROHMANNRevisitando "o que é documento?”O caráter social, material e público da

informação

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•Nasceu em 1941 na Inglaterra;

•Professor emérito da UC Berkeley School of Information;

•Co-Diretor do Electronic Cultural Atlas Initiative.

Michael Keeble Buckland

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Há vários sentidos, conceitos e definições do termo “informação” (Machlup; Schlader; Wellisch; Nato; Wersing e Neveling).

Mas os principais usos do termo “informação” em CI podem ser identificados, classificados e caracterizados:

Informação como coisa

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• Informação-como-processo – corresponde ao ato de informar, quando alguém é informado, o que se sabe é modificado;

• Informação-como-conhecimento – é aquilo que é percebido na informação-como-processo, ou seja, é a informação que é assimilada, compreendida. É intangível porque é algo subjetivo (convicções, opiniões) que pertence ao indivíduo, não pode ser tocado ou medido;

• Informação-como-coisa – é a informação registrada. Por isso é tangível, porque é algo expresso, descrito ou representado de alguma forma física.

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Autores questionam a abordagem “informação-como-coisa” (Wiener, Machlup e Faithorne), porque não concordam com o uso do termo “informação” para denotar uma coisa no terceiro sentido. Porém Buckland diz que “a linguagem possui suas limitações e que nós não podemos dispensar o termo ‘informação-como-coisa’ até que seja usualmente compreendido como o significado de ‘informação’”.

Intangível Tangível

Entidade Informação-como-conhecimentoConhecimento

Informação-como-coisaDados, documentos

Processo Informação-como-processoTornar-se informado

Processo da informaçãoProcessamento de dados,

de documentos

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O que é informativo?

Buckland utiliza uma aproximação indireta (que coisas são informativas?), ou seja, ele inverte a abordagem e pede para as pessoas identificarem por quais objetos elas são informadas. E elas dirão que são informadas por uma imensidão de variedades de coisas, desde dados, documentos, eventos físicos e até por inspiração divina.

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Quando a informação não é informação?

O que não poderia ser informação? Ou que coisas não poderiam ser atribuídas como informativas?

Buckland concluí que é incapaz de classificar efetivamente qualquer coisa que não possa ser informação. Porque qualquer coisa pode vir a ser informativa quando alguém a transforma em algo notável. Se qualquer coisa é ou pode ser informativa, então tudo é, ou provavelmente seja, informação.

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Informação como evidência

Usa-se o termo evidência porque denota algo relacionado a compreensão, algo que, se encontrado e corretamente compreendido, possa mudar um saber, uma crença, que diga respeito a algum assunto.

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É possível aprender através do exame de vários tipos de coisas.

Por isso é razoável vislumbrar informação-como-coisa como evidência, embora sem implicar que o que foi lido, visto ouvido, percebido ou observado tenha sido necessariamente pertinente aos propósitos do usuário.

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Tipos de informação

Há uma variedade de “informação-como-coisa” (dados, textos, documentos, objetos e eventos).

Buckland não assumi nenhuma distinção definida entre dados, documento e texto.

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• Dados – do latim “datum” - “coisas que podem ser dadas”, ou seja, processadas de alguma forma para uso posterior.

• Textos e documentos – o termo “documento” é normalmente usado para denotar textos ou, mais exatamente, objetos textuais (registros escritos em vários tipos e formato).

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ObjetosOs objetos são informação-como-coisa?

Na literatura em CI e no senso comum, objetos não são documentos. Mas objetos são também potencialmente informativos (fósseis de dinossauros, coleção de rochas, herbário de plantas conservadas, etc.)

Objetos são coletados, armazenados, recuperados e examinados como informação, como base para tornar-se informado.

Ex.: Prédios históricos.

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Eventos

Eventos são (ou podem ser) fenômenos informativos e por isso deveriam ser incluídos em qualquer aprendizado em CI.

Na prática encontramos a evidência de eventos usados de 3 diferentes maneiras:

1)  Objetos como evidência associado com eventos;

2)  Representações do próprio evento;

3)  Em alguns casos eventos podem ser criados ou recriados.

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Buckland não restringe a definição de informação como outros autores (Meadows), ele define informação em termos de potencial para o processo de informar, isto é, como evidência (qualquer coisa da qual se possa aprender).

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DOCUMENTO• “O que é um documento” e “o que é

documento digital”?

• Objetos tinham uma materialidade bem definida pelo suporte: papiro e microfilme

Um software é um documento? Um sistema operacional é um documento?

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DOCUMENTO DIGITAL• O conceito de um “documento” torna-se

menos claro para os diferentes tipos de documentos digitais.

Exemplo: Multimídia Web

• Definições pragmáticas ou metafóricasAlguma coisa que pode se dar um nome e

ser estocada em uma media eletrônicaConhecimento capturado

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PROFISSIONAIS DA CI Refletir sobre o que é um documento

• Eficiência e a interoperabilidade para os SRIs

• Informação estocadas, a informação como coisa (forma física da informação)

• Surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs)

meio, mensagem e significado

• Documento não somente como texto

evento, processo, imagem e objeto

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DOCUMENTAÇÃO• Documentalistas  séc. XIX – Europa

ocidental.

• Os documentalista conseguiram alargar a noção de documento além de textos escritos

“Qualquer expressão do pensamento humano”

(BUCKLAND, 1997, p.805)

• Os materiais gráficos e audiovisuais passaram a ser considerados documentos

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CONTEXTO DE SURGIMENTODA DOCUMENTAÇÃO

• A criação de novas disciplinas

• Explosão documental (publicações científicas)

• Técnicas usadas pela biblioteconomia não atendiam o novo contexto.

• Necessidade de meios eficientes para o tratamento:  criação, disseminação, utilização dos documentos

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• Os documentalistas precisavam de técnicas eficientes para administrar a explosão documental

(desenvolvimento de coleção, organização,representação, recuperação, reprodução e

disseminação)• Bibliografia Dec.20 Documentação Dec.50 Ciência da Informação

CONTEXTO DE SURGIMENTODA DOCUMENTAÇÃO

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PAUL OTLET• Tratado da documentação em 1934 • Objetos como documento

(objetos 3 dimensionais)

“Gráficos e registros escritos são representações de idéias ou de objetos, mas os próprios objetos podem ser considerados como "documentos" se você for informado pela observação deles” (BUCKLAND, 1998, p.204)

• Objetos naturais, artefatos, objetos com vestígios de atividade humana como os achados arqueológicos (Antropologia)

• Jogos educativos e obras de arte (Museologia)

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SUZANNE BRIET• Documento como evidência• Documentação: acesso às provas e não com

o acesso aos textos“documento é qualquer sinal físico ou simbólico, conservado ou

gravada, destinados a representar, reconstruir ou demonstrar um fenômeno físico ou conceitual”. (BUCKLAND, 1998, p.204)

DOCUMENTO NÃO É DOCUMENTO

SECUNDÁRIO PRIMÁRIO

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SUZANNE BRIET

1. Há materialidade: Somente objetos físicos podem ser documentos

2. Há intencionalidade: pretende-se que o objeto seja tratado como evidencia

3. Quando os objetos são  tratados para serem documentos  e nós pensamos que são

4. Há uma posição fenomenológica: o objeto é percebido como e  tratado como um documento.

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DOCUMENTALISTASDonker Duyvis: a dimensão espiritual aos

documentos“Um documento é o repositório de expressão do conhecimento.

Conseqüência esse conteúdo tem  um caráter espiritual”. (BUCKLAND, 1998, p.205)

• Contribuição: aspectos cognitivos do meio da mensagem.

Ranganathan: micro-pensamento sobre uma superfície plana

• Documento apto para o tratamento físico, transporte e preservação através do tempo numa superfície plana

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SEMIÓTICA• Todos objetos significam em algum sentido.

Entretanto precisamos destacar os objetos  que tenham mais significado  para nós, que não estejam apensas cumprindo sua função.

•  Objetos funcionam como veículos de significados (documentos por atribuição)

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COMENTÁRIOS• Percepção do espectador • Propósitos dos SRIs é a de armazenar e

manter o acesso a materiais que já são tidos como evidência ou que possam vir a serem

• Cada tecnologia tem diferentes capacidades e diferentes restrições

• “O que é um documento digital?” Não esquecer do caminho já percorrido pelos documentalistas

• As definição de um documento devem percorrer em termos de sua função em vez de seu  formato físico

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Ser informação é circunstancial

Informação-como-coisa é circunstancial e, também, uma questão de julgamento individual, de opinião.

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Informação por consensoSe o que é informativo depende de uma

composição de julgamentos subjetivos, como encontrar um consenso por trás da anarquia de opiniões individuais?

Depende de um acordo, ou no mínimo de algum consenso. Onde há um consenso de julgamento, o consenso é algumas vezes tão forte que o status dos objetos transformam a informação em inquestionável.

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Cópias de informação e representações

• Cópias idênticas – impressas e representativas.

A criação de idênticas, cópias igualmente autênticas é o resultado de tecnologias de produção de massa (ex. impressão).

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Nos manuscritos medievais, em geral, cada cópia apresentava diferenças, mesmo que mínimas.

Em arquivos e museus, dois documentos fisicamente idênticos são considerados diferentes se ocorrerem em diferentes lugares por causa do contexto do acervo no qual foram arquivadas.

Nas bases de dados a situação é mais complicada – há cópias temporárias, virtuais e pode-se imprimir (e a cópia ter um erro mecânico).

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Interpretações e conclusões de evidências

As representações possuem características importantes: toda representação é incompleta em alguns aspectos; são construídas por conveniência; são normalmente substituições do evento ou do objeto texto; detalhes adicionais relacionam-se ao objeto mas não as evidências, podem ser repetidas indefinidamente e são, comumentes, mais breves ou diminutas do que o documento original.

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Informação, Sistemas de informação, Ciência da Informação

Oferece uma base para a classificação das atividades de informação relacionadas com atividades diferentes (retórica, recuperação bibliográfica, análise estatística) e, desse modo, define um campo para a CI.

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Buckland classifica as áreas da CI com respeito ao seu relacionamento com informação-como-coisa:

• A informação-como-coisa difere em suas características físicas e assim não são igualmente processadas para o armazenamento e recuperação de sistemas de informação;

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• Informação-como-coisa relacionada com informação-como-conhecimento (a informação-como-coisa poderia ser usada para identificar e definir outra classe de sistemas de informação nos quais o princípio de relação é baseado no conhecimento representado);

• Informação-como-coisa relacionada com informação-como-processo (a informação-como-coisa poderia também ser a base para definir a classe de estudos de informação-relatada).

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ComentáriosBuckland pretende trazer uma unificação teórica aos

campos heterogêneos associados a CI.

Buckland analisou vários usos do termo informação em CI, concluindo que pode ser usado em relação a coisas, processos e conhecimento.

A análise de Buckland parece ter 3 conseqüências importantes:

• - reintroduz o conceito de documento (informação-como-coisa);

• - indica a natureza subjetiva da informação (qualquer coisa pode ser informativa/informação);

• - informação-como-coisa é a única forma de informação que é diretamente tratada pelos sistemas de informação.

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Revisiting “What is a document?”

Bernd Frohmann

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Bernd Frohmann• Professor Associado da Faculty of Information and Media Studies at The University of Western Ontario.

• PHD em Filosofia pela University of Toronto,

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Objetivo

Apresentar uma revisão do "O que é documento?" do Michael Buckland, analisando-o a partir da utilização de  definições para "documento" e "Documentação".

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• Buckland (1998)

“Os problemas criados pelo aumento nos documentos impressos levou ao desenvolvimento das técnicas de documentação. No entanto, o aumento da documentação levou, por sua vez, a uma nova e intrigante pergunta que recebeu pouca atenção direta desde então.”

– O que é documento?– O que não pode ser um documento?

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• A área demonstrou que quer respostas por discutir a questão durante as conferências da área.

• Para Buckland e Frohmann – A resposta é complexa e a questão

permanece em aberto.

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• Frohman (2009) faz outras perguntas:

– O que estamos querendo quando pedimos definições?

– Podemos pensar de maneira produtiva sobre documentos e documentação sem definições?

 

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• Existem 3 motivações filosóficas para querer definições– Instrumental - definições para fins específicos - não

há ansiedades filosóficas. Não pretende captar a natureza real da “coisa definida”.

– Realista - busca definir a natureza real da "coisa definida", especificando suas caracteristicas significativas em virtude do conhecimento científico que se tem sobre ela. (John Stuart Mill).

– Fundamentalismo da Língua - As definições devem estar ligadas às palavras para fazer sentido em usá-la. (ortodoxos Wittgensteinianos).

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• Definições

– Wittgensteinianos – critérios oferecem justificativas para o uso das palavras.

– S. Mill – as definições não podem ser de significados convencionais. A responsabilidade do filósofo é descobrir qual é o significado que um termo deve ter, a fim de contribuir para uma classificação científica das coisas e, assim, trazê-lo para pensamento e comunicação.

• Tanto os wittgensteinianos quanto Mill pressupõe que a filosofia justifica o uso das palavras.

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• Putman e Linda Zirelli criticam a posição wittgensteiniana:

– “Há poucas evidências de que a falta de rigidez em nossos conceitos constitui uma ameaça permanente para nossa vida com a linguagem e com os outros”.

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“A moral da minha história até agora é que os critérios, normas e definições podem ser usados especificamente para fins particulares, porém nem sempre estão lá, nos orientando em como falamos, e nós geralmente não somos obrigados a fornecê-los, nem existe qualquer ambigüidade generalizada da linguagem que constitui uma ameaça ao pensamento e à comunicação mesmo quando a imprecisão e a ambigüidade podem representar uma ameaça para tipos específicos de que dependem definições formadas, mais fixas, significados e regras claras do falar.”

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• O tema da definição de documento nos leva diretamente às perguntas sobre como pensar os documentos e a documentação.

• O que estamos querendo quando pensamos sobre esses conceitos?

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Regras e Histórias

• Einstein; Riemann e Lobachevski violaram as "regras" da física para mostrar que não são necessários um "quadro de regras" como base para novos caminhos. 

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Regras e Histórias

• Putnam fala que podemos criar definições apenas através de bons argumentos, sem necessidade de uma preocupação mais fundamental ou uma reflexão filosófica. Não precisamos de regras, nem definições!

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• Podemos projetar a palavra "documento" em novas situações, sem precisar fazer isso com base em novos critérios, normas, significados ou definições.

• Uso apenas de argumentos e recursos intelectuais relevantes, como também táticas específicas e introdução de novos casos, por analogia, similaridade, semelhança e assim podemos trazer uma compreensão ampliada de documentos e documentação.

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Coisas

– Alguns lugares, como o museu, o zoológico, a biblioteca etc. incentivam reivindicações e proposições sobre a coisa em si mesma.

– O conceito de prova é unido ao conceito de documento.

– Exemplo: O antílope na selva e o antílope no zoológico.

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•  Alguns inibem, restringem e limitam.

• Exemplo: Gabinetes de Curiosidades do século XVI.

• Os gabinetes de curiosidades surgiu para ser uma compilação de exemplos contraditórios, de anomalias que desafiavam as teorias existentes.

Gabinetes de Curiosidades

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• Não foram feitos para informar.

• Nem para gerar conexões de prova com outros objetos.

• Foram feitos para resistir as teorizações e generalizações.

Gabinetes de Curiosidades

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• Eram frutos de uma curiosidade ociosa, ou seja, os objetos não tinham qualquer finalidade prática ou instrumental.

• Não seguia uma ordenação.

•  O conceito de prova perde força aqui. Visto que as curiosidades eram apreciadas resistindo a pedidos de provas.

• A ciência se apropria disso. Deram origens aos Museus.

Gabinetes de Curiosidades

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Conclusões• A definição das palavras justificada por

razões de demanda filosófica são questionáveis.

• As extensões dos conceitos não são ilegítimas, no que se refere a quebrar regras, definições e significados, pois nosso uso da linguagem não depende deles.

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Conclusões• Não é preciso temer a anarquia da linguagem. Bons

argumentos são suficientes.

• Deve-se resistir a tentação da "teoria de tudo", pois existem outras abordagens para documentação que têm como objetivo não tanto a precisão e exatidão de uma representação científica de documentos e documentação, mas a de forjar conceitos que busquem aumentar seu poder e força, com mais preocupação com o que eles fazem, do que com o que significam e representam.

 

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Conclusões

• Os benefícios do alargamento dos conceitos de documento e documentação tem como objetivo multiplicar esses conceitos e buscar formas de hospitalidade que pode se estender para muitas áreas diferentes de sua área de aplicação.

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Apreciação• Exceto para fins determinados,

instrumentais, não há razão filosófica para perguntar: "O que é um documento?". Existem boas razões para prosseguir os estudos de documentação, sem os impedimentos das definições de "documento" ou "documentação". (definir "O que é documento?" limita o uso do termo)

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Originalidade

• O trabalho traz uma contribuição originial para o recente interesse nos estudos da área de documentação, fornecendo recursos conceituais para multiplicação, ao invés de restringir as áreas de aplicação dos conceitos de documentos e documentação.

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Bernd Frohmann

O caráter social, material e público da informação

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INFORMAÇÃO• Impacto no cotidiano dos seres humano

• Práticas sociais e públicas, das realidades políticas, da economia e da cultura.

• Regime de informação com o apoio da “Teoria de atores e redes” (TAR) de Bruno LatourExemplos: corporações de mídias, publicações acadêmicas,

bibliotecas, são alguns nós de redes de informação ou elementos de regimes de informação específicos.

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REGIMES DE INFORMAÇÃO

• Os regimes de informação se estabelecem pela forte presença da tecnologia, sustentados pelos SRIs que conseguem coletar, processar e disponibilizar as informações para o uso.

Exemplo: Matéria do New York Times

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MATERIALIDADE• Ponte de ligação entre informação e práticas

sociais e públicas• Uma das formas como a materialidade se

manifesta é através do “documento”•  Importância de estudos sobre a

documentação• A documentação se torna o meio de

materialização da informação. Estudar a documentação é estudar as consequências da materialidade da informação

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ENUNCIADOS DE FOUCAULT• Enunciados não são documentos• Os enunciados são materiais: não conseguimos

analisar a informação se ela não existir em algum lugar

• Materialidade: não existe por si só, mas ela possui enunciados que tem força que podem trazer algum tipo de impacto (estabilidade, acomodação e de resistência a transformação, desestabilização ou deterioração)  e energia  (poder de afetar e criar efeitos na sociedade).

exemplo: documentação médica

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INSTITUIÇÕES• As redes de relações de um documentos 

exemplo: os registros psiquiátricos

• Vida Institucional do documento: permite avaliar a massa, peso, inércia e energia.

• Documentação como subsídio dos “mecanismos da disciplina” e não somente com fins comunicativos.

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CIÊNCIA• Fleck : Práticas não-documentárias tem

impacto em enunciados científicos documentados.

• Latour: Práticas escritas proporcionam peso e massa a estes enunciados: produção de enunciados

exemplo: literatura científica e citações sem questionamento

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INVENTANDO PESSOAS• Importância da documentação para o

surgimento de uma categoria.

Homossexuais e Suicidas (século XIX)“...o que não havia era um corpo de enunciados que

tivesse uma vida documentária e institucional numa rede de instituições interligadas, tal que as categorias “homossexual” ou “ suicida” pudessem ganhar massa e peso de identidade específicas, ou meios específicos de existirem como uma pessoa..” (p.29).

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ENUNCIADOS DIGITAIS

• Processos de informação em nosso tempo

• Materialidade não apensa por meios institucionais, mas também por meios tecnológicos.

• Documento digital: velocidade, força e energia que produzem efeitos em nossas vidas em escala única na história.

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ENUNCIADOS DIGITAIS• Enunciados digitais são produzidos no

ciberespaço, mas com consequências públicas, sociais, políticas, econômicas etc.

Documentos digitais do mercado de ações

• Monitoramento de dados: processamento automático e autonomamente da informação

• Os regimes de informação usam os enunciados digitais como uma das formas de se estabelecer o poder (soldado cyborg na Guerra do Vietnã)

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CONCLUSÃO

Uma das formas de se estudar o impacto da informação em nosso tempo é analisar a materialização da informação através da

documentação identificando seus enunciados na sociedade.

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Bibliografia• CAPURRO, Rafael; HJORLAND, Birger. O conceito de

informação. Perspectivas em Ciência da Informação, Minas Gerais, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan./abr. 2007.

• ORTEGA, Cristina Dotta; LARA, Marilda Lopes de. A noção de documento: de Otlet aos dias de hoje. DataGramaZero – Revista de Ciência de Informação, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, abr. 2010.

• SANTOS, Paola. Paul Otlet: um pioneiro da organização das redes mundiais de tratamento e difusão da informação registrada. Ciência da Informação, Brasília, v. 36, n. 2, p. 54-63, maio/ago. 2007.

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Bibliografia

• UNGER, Roberto J.G.; FREIRE, Isa Maria. Sistemas de informação e linguagens documentárias no contexto dos regimes de informação: um exercício conceitual. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Brasília, DF,v.4, n.1, p. 102-115. Disponível em: <http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/viewarticle.php?id=82>. Acesso em: 15 abr. 2010.

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Problemática

• A área de CI precisa da definição de documento?

• Como lidar com o conceito de informação, quando essa se apresenta de forma mutável, sem suporte fixo aparente ou um ponto central, como no caso da internet?

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Muito obrigada!