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RIBERIRO, L. M. (____). Algumas Considerações sobre a Teoria Poliárquica. Rio de Janeiro: Fórum dos alunos do IUPERJ, 19__. João Paulo Cardoso dos Santos 1 No texto a ser resenhado o objetivo do autor é “explorar algumas premissas da teoria Poliárquica”(p.41). A partir do seu objetivo é levantado um questionamento para embasamento da investigação, na qual se coloca na dinâmica de pensamento a característica atribuída ao pensamento pluralista, em que a poliárquia é um modelo político que só postula “resultados políticos ótimos [...], ao contrario, estará a poliárquia condenada a produzir resultados subótimos?” (p.41). Para tal, seu estudo apresenta duas óticas com relação ao seu objetivo, partindo das principais ideias e depois suas aberturas na qual recebe críticas. O que a poliárquia comporta de diferente com relação às teorias anteriores, em primeiro lugar destaca-se a participação e representação política, bem como um olhar as demandas oriundas dos cidadãos. A poliárquia foi um conceito proposto por Robert Dahl, um dos principais expoentes da corrente política do pluralismo, no qual em detrimento a corrente política anterior, é dada importância ao cenário político aos grupos presentes em sociedades que refletem as necessidades presentes na mesma, e os colocam como influentes no direcionamento de fazer política que atendam as necessidades, uma vez que para se manterem como atores precisam que os grupos os coloquem. 1 Estudante de Ciências Sociais, Licenciatura, pela Universidade Federal de Alagoas, 4º período, disciplina Ciência Política III.

Considerações sobre a teoria poliarquica

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RIBERIRO, L. M. (____). Algumas Considerações sobre a Teoria Poliárquica. Rio de

Janeiro: Fórum dos alunos do IUPERJ, 19__.

João Paulo Cardoso dos Santos1

No texto a ser resenhado o objetivo do autor é “explorar algumas premissas da teoria

Poliárquica”(p.41). A partir do seu objetivo é levantado um questionamento para

embasamento da investigação, na qual se coloca na dinâmica de pensamento a característica

atribuída ao pensamento pluralista, em que a poliárquia é um modelo político que só postula

“resultados políticos ótimos [...], ao contrario, estará a poliárquia condenada a produzir

resultados subótimos?” (p.41). Para tal, seu estudo apresenta duas óticas com relação ao seu

objetivo, partindo das principais ideias e depois suas aberturas na qual recebe críticas.

O que a poliárquia comporta de diferente com relação às teorias anteriores, em primeiro lugar

destaca-se a participação e representação política, bem como um olhar as demandas oriundas

dos cidadãos. A poliárquia foi um conceito proposto por Robert Dahl, um dos principais

expoentes da corrente política do pluralismo, no qual em detrimento a corrente política

anterior, é dada importância ao cenário político aos grupos presentes em sociedades que

refletem as necessidades presentes na mesma, e os colocam como influentes no

direcionamento de fazer política que atendam as necessidades, uma vez que para se manterem

como atores precisam que os grupos os coloquem.

Outra peculiaridade do modelo poliárquico é que o governo passa a ter uma responsabilidade

com os anseios dos cidadãos, - que na tendência anterior havia uma forte subjugação com

relação aos mesmos -, passando agora a serem considerados iguais politicamente. “A

participação política dos cidadãos nas poliárquias dá-se através de procedimentos eleitorais

em atividades de associações de interesse, o que significa que elas são não só regimes de

partidos políticos, como também pluralistas”( Dahl, apud, RIBEIRO, p.45). Logo, pode-se

notar que o poder não acaba concentrado em apenas um aparado burocrático político.

A não – de certa forma – centralização de poder demonstra que um funcionamento de uma

estrutura política depende da mobilização de grupos, que não necessariamente é a elite

política. Outro reflexo dessa compartilhação de poder por diversos grupos de indivíduos é a

limitação que se coloca, fazendo com que nenhum grupo ou individuo tenha mais força que

outro, protegendo o equilíbrio para a garantia do mínimo de bem estar social para todos que

1 Estudante de Ciências Sociais, Licenciatura, pela Universidade Federal de Alagoas, 4º período, disciplina Ciência Política III.

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vivem sobre este regime. O governo aqui é colocado como um árbitro que estará entre a

difusão de interesses dos grupos.

O governo garantiria a força legal de legitimação da competição entre grupos e o “respeito das

regras do jogo”, para depois converter o que foi produzido por esses grupos em políticas que

convergissem com os interesses apresentados. Como efeito o que for convertido, irá se

encaixar com as premissas que a nova sociedade convoca: “diversidade de interesses e de que

os indivíduos orienta sua ação pelo cálculo maximizador dos seus próprios interesses”(p.45).

Essa nova premissa coloca em jogo o equilíbrio do sistema poliárquico, na qual revela

problemas com a ação coletiva dos grupos.

O problema com ação coletiva está relacionado com o egoísmo individual. Esta abordagem

foi feita por Olson. Este mostra que a suposição que se tinha em detrimento de que uma vez

houvesse a existência de interesses ordinários entre os indivíduos, já seria “condição

suficiente para sua reunião capazes de satisfazê-los através de ações coordenadas; entretanto,

“a motivação egoísta dos indivíduos e da natureza de bem público do interesse do bem

comum”(p.46). Logo, indivíduos que são egoisticamente motivados se preocuparem em

deliberarem nos grupos, uma vez que as conquistas obtidas por eles seria disposta também a

eles – faz lembrar, que para a premissa de maximização interesses pessoais teria um ganho

com relação principalmente ao gasto de energia.

“O problema a que ação coletiva coloca para a participação política é ampliado pelo

argumento de Michels(1982) sobre a tendência de oligarquização das organizações”(p.47).

Partindo de que as organizações precisam atingir seus objetivos, haveria um recrutamento de

lideres – aqui não haveria um recrutamento de grupos, mas indivíduos – na qual sua força

seria aumentada com relação aos demais, e esses líderes conduziriam o exercício político. Ou

seja, segundo a hipótese de Oslon – citado por Ribeiro – baseando-se em “cálculos para que

uma ação coordenada seja bem-sucedida é, em si, um bem coletivo: implica custos e energias

que favorecerão todos os demais membros”(p.47), daí resulta que apenas poucos indivíduos

se exercem essas atividades com intuito de obter algo.

Baseando na premissa de maximização de interesses, se coloca, a partir do paragrafo anterior,

um terreno com condições que implicam diretamente a não participação política em uma

democracia. A tendência acima relatada resulta a volta de característica presentes no elitismo,

pois transfere os interesses dos grupos a indivíduos, e por conseguinte se enquadra na

concepção shumpeterniana reduzindo a participação da população ao momento das eleições.

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Apesar de que dentro da concepção pluralista até a não participação ou o não contentamento

dos cidadãos refletem uma conduta racional valida que serve para refletir a condução da

política. Entretanto, não necessariamente seria algo tão positivo; os grupos que seriam

influentes para a dinâmica da política ficam fracos e segmentados uma vez que os princípios

de legitimação são minados pela suposta necessidade de voltar ater a eleição de lideres.

Coloca-se neste contexto a atuação dos grupos de pressão que também enfrenta problemas

com relação à forma de ação dessas associações e dos partidos político. E dependendo da

associação de interesses, estes podem influir diretamente na poliárquia trazendo resultados

não desejáveis. Logo, se tem um panorama em que se apresenta a tensão de grupo de

interesses independentes e a atuação dos mesmos em sociedade, tal atuação segundo

argumenta Dahl “prejuízos potenciais para sociedade inerentes à atuação dessas

organizações”(Dahl, apud, Ribeiro, p.49), tais prejuízo diz respeito a estabilização de

injustiças, deformação a consciência cívica, distorção da agenda pública e alienação com

controle da agenda.

Para tal influência o determinante será a quantidade de recursos manipulados por essas

organizações e se os elementos que fazem parte desses grupos são ou não organizados, pois

este fator pode diferenciar os acessos às instâncias de poder. Se uma organização detém mais

recursos, esta pode facilmente distorce o que estiver em jogo ao seu favor. Entretanto, Dahl

atribui a este acontecimento como peculiar de cada sociedade, com isso seria desviado a

atenção no que se refere a quem seria atribuído à falha, e não seria para o modelo pluralista,

mas por falhas na democratização ou até mesmo na estrutura do capitalismo. Mais uma vez

Olson “a questão central na reflexão do autor se refere à possibilidade da a sociedade atingir

resultados eficientes através de barganhas entre os grupos de interesses organizados – questão

importante na teoria poliárquica”(p.50).

“Uma vez que em grupos de todas as sociedades determinados grupos de interesses não se

organizam, é inevitável a inexistência de organizações simétricas de representação de todos os

interesses da sociedade”(p.50), ou seja, se no caso houver um grupo mais organizado que os

demais, este terá mais força no que diz respeito a luta por políticas públicas. Logo, o que, por

conseguinte acaba por acontecer é a formação de pequenos oligopólios que se tornam mais

hábeis na execução da ação coletiva. É apresentado também que a ação de grupos de interesse

produziria um “impacto negativo sobre a ação da administração pública e sobre os papel do

governo”(p.51).

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Proporcionando dois caminhos gerais sobre a teoria poliárquica de Robert Dahl, podemos

extrair o seguinte: a política não se pontua em um meio sistêmico funcional que não reage

uniformemente, logo, outras possibilidades se apresentam. É o caso das contribuições da

teoria apresentada; entretanto, a cultura política não educa os cidadãos a participação do seu

ciclo funcional, com isso o que há é, de modo geral, um desencantamento com relação a

mesma, o que de fato vai em de encontro com a função que os grupos da sociedade teria por

meio da interação força para mudar as ações políticas, uma vez que se coloca uma relação

entre os atores políticos.

Outro fator importante diz respeito às subjetividades dos sujeitos que são – de certa forma –

apresentados como indivíduos que não expressam interesses individuais que sobrepõem os

interesses comuns, mas, como observado na argumentação de Olson, aqui apresentado por

Ribeiro, os indivíduos são egoístas e, por mais que a participação de todos se faz necessária

em um grupo, isto não significa que ele realmente queria o que foi alcançado para si e, ao

mesmo tempo ele sabe que mesmo não participando diretamente, também receberá os

benefícios. O que fica evidente é que o grupo sempre vai estar fragmentado, assim como

também a descentralização de poder dos próprios grupos, pois no fim haverá um que se

tornará responsável por liderar o grupo e em consequência terá mais recursos para privilegiar

este ou aquele interesse.