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1 O SEQUESTRO Por Evaí Oliveira [email protected] No final da tarde, Vitória estava lendo um livro enquanto esperava sua filha chegar para irem patinar no rinque do shopping. O celular de Vitória tocou. O número era desconhecido. Alô! Ao atender, já apertou o botão de gravar a ligação. Alô! Estou com a sua filha. Falou um homem com voz fria. Quem está falando? O que você quer com Cláudia? Vitória respondeu com a voz aparentemente nervosa. Depois de saber que a mulher que atendeu tinha uma filha, o sequestrador pensou que tinha conseguido mais uma vítima. O meu nome não importa. Sua filha, Cláudia, está bem. Só não ficará se você não fizer o que eu mandar. O que você quer? Por favor, não a machuque! Falou Vitória. A menina será liberada depois que você fizer um depósito para mim. Isso não poderia ter acontecido. Eu já disse para ela não sair da escola quando tiver aulas vagas. É o que acontece com meninas desobedientes. Sequestrei sua filha em uma rua ao lado escola. Disse, com tom agressivo. Calma! Eu faço o depósito. Quanto você quer? A voz denotava nervosismo controlado. Eu quero que você deposite 5 mil reais em minha conta! A voz parecia satisfeita. Se você puder me passar o número da conta, agradecerei. Não tenho bola de cristal para adivinhar. Não resistiu, teve que dizer isso. Como é? Você quer me fazer de idiota? Perguntou, com tom de raiva. Não é preciso. Tentou desculpar-se.

Conto - O Sequestro

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Page 1: Conto - O Sequestro

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O SEQUESTRO

Por Evaí Oliveira

[email protected]

No final da tarde, Vitória estava lendo um livro enquanto esperava sua filha

chegar para irem patinar no rinque do shopping.

O celular de Vitória tocou. O número era desconhecido.

– Alô! – Ao atender, já apertou o botão de gravar a ligação.

– Alô! Estou com a sua filha. – Falou um homem com voz fria.

– Quem está falando? O que você quer com Cláudia? – Vitória respondeu com a voz

aparentemente nervosa.

Depois de saber que a mulher que atendeu tinha uma filha, o sequestrador

pensou que tinha conseguido mais uma vítima.

– O meu nome não importa. Sua filha, Cláudia, está bem. Só não ficará se você não

fizer o que eu mandar.

– O que você quer? Por favor, não a machuque! – Falou Vitória.

– A menina será liberada depois que você fizer um depósito para mim.

– Isso não poderia ter acontecido. Eu já disse para ela não sair da escola quando tiver

aulas vagas.

– É o que acontece com meninas desobedientes. Sequestrei sua filha em uma rua ao

lado escola. – Disse, com tom agressivo.

– Calma! Eu faço o depósito. Quanto você quer? – A voz denotava nervosismo

controlado.

– Eu quero que você deposite 5 mil reais em minha conta! – A voz parecia satisfeita.

– Se você puder me passar o número da conta, agradecerei. Não tenho bola de cristal

para adivinhar. – Não resistiu, teve que dizer isso.

– Como é? Você quer me fazer de idiota? – Perguntou, com tom de raiva.

– Não é preciso. – Tentou desculpar-se.

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– Acho que você está esquecida de quem está aqui comigo. – Ameaçou.

– É claro que não. Pode dizer o número da conta.

Depois de passado o número da conta...

– Anotei o número, vou fazer o depósito agora mesmo.

– Vá o mais rápido possível! Quando o depósito for feito, soltarei sua filha.

Vitória se cansou de ficar ao telefone...

– Deixe eu te dizer uma coisa...

– O que é? Fale logo! Não tenho tempo a perder.

– Tem sim!

– Você está querendo me fazer de idiota?

– Eu não. Você está se passando por idiota sozinho.

– Está lembrada de que sua filha está comigo?

– Para falar a verdade, nem tenho filha. Quando você tentou me dar esse golpe

rotineiro, inventei um nome e você acreditou. Palhaço!

Depois de algumas palavras ofensivas, o falso sequestrador desligou a

chamada.

Antes de atender à ligação, lembrou-se de um relato de sua amiga sobre uma

ligação de um falso sequestro e ao ver a chamada sem identificação, pensou rápido.

Nesses casos, é comum dizerem que raptaram os filhos na saída da escola. E em

casos reais, os sequestradores não demoram na linha, para a origem da ligação não

ser identificada.

Vique fora à casa de uma colega da escola fazer uma atividade de Literatura

em dupla e, ao entrar em casa, encontrou Vitória morrendo de rir com o celular na mão.

– Qual é a piada? Quero rir também.

– Pegue seus patins. No caminho do shopping, conto tudo. – Falou ainda rindo.