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O Candeeiro - Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas, nº 1429 A comunidade Sítio Sabiá faz parte do município de Tabuleiro do Norte, na região Vale do Jaguaribe, no Ceará, bem em cima da Chapada do Apodi, já quase na divisa com o Rio Grande do Norte. É lá que residem Gardênia Nobre, de 38 anos e Raimundo Cleudo Silva, de 47.
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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1429
Julho/2013
Cultivo de hortaliças e frutíferas garante sustentação familiar
A comunidade Sítio Sabiá faz parte do município de Tabuleiro do Norte, na região Vale do Jaguaribe, no Ceará, bem em cima da Chapada do Apodi, já quase na divisa com o Rio Grande do Norte. É lá que residem Gardênia Nobre, de 38 anos e Raimundo Cleudo Silva, de 47.
A história deste casal é bem parecida com a de tantos outros sertanejos. Cleudo, sempre trabalhou na agricultura familiar. Quando ainda era pequeno teve que ajudar no roçado para contribuir com o sustento da família, pois seu pai o abandonou, deixando-o com mais nove irmãos.
A falta de terra para a família sempre o obrigou a trabalhar em terras dos outros, tendo que dividir pela metade, do pouco que colhia, mesmo que depois faltasse na sua mesa o pão de cada dia.
A maior paixão de Cleudo, segundo conta, era cultivar hortaliças e frutíferas, até que certo dia foi contratado para trabalhar num sítio, onde também podia plantar para si um canteiro de cebola.
Em determinado momento o patrão de Cleudo não teve mais como pagar para que ele permanecesse na terra, obrigando-o a procurar outros meios. Na época, Cleudo foi morar com Gardênia, filha de um senhor que dispunha de uma terrinha e que o ofereceu para cuidar.
Cleudo e Gardênia iniciaram o plantio de hortaliças e frutíferas, no intuito de garantir uma alimentação mais completa, como também, uma renda a mais. No entanto, mesmo com a terra do sogro, eles encontraram dificuldades, pois a falta de água para regar as plantas passou a ser o maior empecilho. “A gente não tinha água, mas queria plantar e fomos adiante”, disse, se referindo à perfuração de um poço artesiano.
O sonho de Cleudo (ter água para plantar) era também o de seu sogro, que pouco tempo depois ganhou a perfuração de um poço, como um presente dado pelos filhos.
“Depois do poço aberto eu fui fazer o quintal, remendando buraco com papel, juntando e emendando mangueira com plástico. Fui juntando o que eu trouxe do sítio onde eu trabalhava, emendando para poder começar a plantação”.
Tabuleiro do
Norte
Gardênia e Cleudo
Plantação de hortaliças
Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará
Como menciona Cleudo, com os gastos na perfuração do poço o dinheiro ficou mais escasso, pois tudo o que tinham investiram na tecnologia, restando apenas o sonho de continuar lutando.
Com água perto de casa a luta se intensificou. E a meta de Gardênia e Cleudo agora era conseguir recurso para efetivar a plantação. Reuniram-se com a família e sugeriram que fizessem um consórcio de mil reais, envolvendo dez pessoas. Durante dez meses cada um dava cem reais, e os beneficiados iam sendo contemplados de acordo com o sorteio de recebimento do recurso. Gardênia e Cleudo foram os primeiros a receberem.
Todo dinheiro que Cleudo e Gardênia ganhavam era pouco para investir na plantação, pois faltava cano, aspersores, e vários itens necessários para uma pequena irrigação, mas aos poucos foram conseguindo. . A plantação da família começou aos poucos. Primeiro fizeram dois canteiros de coentro e cebola. Quando esta primeira plantação rendeu frutos, começaram a vender e aumentar e empregar o dinheiro na própria área. “Comecei a vender um moinho de coentro aqui, outro moinho acolá, ia pegando no dinheiro e investindo ali mesmo”, diz Cleudo, referindo-se às compras que fazia.
Com o passar do tempo a plantação só aumentou. Atualmente, trabalham com 44 canteiros, todos muito bem cuidados e de uma vista belíssima. A maior plantação é de coentro e cebola, mas a bananeira, o mamoeiro e limão complementam o seu quintal.
Há um diferencial em relação às práticas agrícolas da Chapada do Apodi se comparadas com a plantação de hortaliças e frutíferas de Cleudo e Gardênia. Os projetos de irrigação são mantidos com um alto nível de agrotóxicos, enquanto que a plantação da família de Cleudo, além de ser diversificada, é também orgânica. Eles não usam nenhum tipo de veneno. Para controlar os insetos utilizam a calda do nim, outras vezes, catam as lagartas com a mão.
Eles reconhecem o grande benefício que favorece a comunidade. “Aqui a gente tem orgulho de vender para o povo, porque é puro e a gente tá contribuindo com a saúde da comunidade”, ressalta Gardênia.
O casal continua intensificando sua plantação, mas o maior sonho é ter um espaço certo onde possam vender o que colhem e passar os ensinamento adquiridos.
Querem também receber uma cisterna do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), do patrocínio da Petrobrás, para poder ampliar a produção.
Realização Patrocínio
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Cleudo e Gardênia caminham contentes em meio à plantação de coentro e cebola