13

Diário de filipa

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Diário de Filipa

Citation preview

Page 1: Diário de filipa
Page 2: Diário de filipa

Título O diário da FilipaAutor Cátia Matias NorinhaTodos os direitos reservados. Proibida a reprodu-ção por quaisquer meios, salvo em breves cita-ções, com a indicação da fonte.Março de 2007

Pedro Martins, edição e comércio de livrosRua Quinta da Flamância, Nº3 - 3ºDtºCasal do Marco2840-030 Aldeia de Paio PiresTelefone: 210 878 [email protected]

Impressão e AcabamentoPublidisa, Publicaciones Digitales, SADepósito LegalISBN 978-989-95349-0-2

Projecto Gráfico e PaginaçãoPedro MartinsIlustraçãoFilipe Ribeiro Fernandes

Colaboração EditoralDr. José Manuel Martins

Categoria Juvenil/diário

Estimado(a) leitor(a), desejamos que este livro cor-responda às suas expectativas. Para continuarmosa publicar melhores livros, partilhe connosco assuas impressões sobre esta obra escrevendo para:[email protected]

Page 3: Diário de filipa

Cátia Matias norinhaMarço de 2007

PrefácioIsabel Pinheiro

1ª Edição

Page 4: Diário de filipa
Page 5: Diário de filipa

5

O Diário da Filipa é um livro dedicado a adolescentes ejovens, a pais e a educadores em geral.

É uma obra actual, contextualizada na realidade da vidade uma adolescente portuguesa.

Página a página deparamo-nos com os dilemas, as dúvi-das, as tentações, as frustrações que marcam o seu dia-a-dia num misto de confidências, desabafos ou pura e simples-mente a necessidade de pôr no papel o que lhe vai na alma.Como uma meada, algumas vezes meio emaranhada, o planoconduzido pelo dedo invisível d´Aquele que nos criou, acabapor mostrar-se.

Quantas adolescentes enfrentam problemas com afamília, com os amigos, na escola, consigo próprias e nãoencontram um confidente, um conselheiro ou um amigo?

Através da leitura desta obra o leitor poderá aperce-ber-se de muitas das interrogações e problemas que surgemnesta fase etária, perfeitamente normais e vitais, mas que

Page 6: Diário de filipa

precisam de ser compreendidos e acompanhados e, acima detudo, precisam ser acolhidas no amor de Deus e na Suagraça.

Correndo as páginas deste diário, sentimos a importân-cia dos amigos sinceros e aprendemos como eles podem ver-dadeiramente servir de exemplo e moldar vidas.

Como educadora e como mãe de uma adolescente reco-nheço a importância de um diário como este, que nos ajuda areviver a nossa própria adolescência e a aproximarmo-nosdos nossos filhos e de outros adolescentes, a compreendê-lose a apoiá-los.

Começamos a leitura com curiosidade, mergulhamos comrenovado interesse pelas suas páginas e sentimo-nos empol-gados em chegar ao fim!

Isabel Pinheiro

6

Page 7: Diário de filipa
Page 8: Diário de filipa
Page 9: Diário de filipa

16 de Fevereiro

Querido diário, ou querido livro, ou querido amigo… naverdade, não sei ao certo o que te chamar. Nem nunca meimaginei a escrever numa coisa destas. A minha vida édemasiadamente monótona para contá-la a alguém e, aindapor cima, não é a alguém, porque tu és apenas um pedaçode papel. Pareço louca, mas tenho que te dar utilidade.

Ontem foi o meu aniversário e a Joana resolveu ofere-cer-me um diário. Quando apalpei o embrulho, julguei tra-tar-se de um daqueles livros próprios para a minha tristeidade estúpida. Mas, infelizmente, era um livro em brancoà espera de alguém para o preencher com disparates, queé o que eu consigo escrever melhor.

Quem sabe não te tornas um confidente. Pelo menostenho a certeza que, se ninguém te abrir, tu

também não vais contar os meus segredos.Afinal, toda a gente tem um amigo invi-

sível. Apesar deparecer ridículo,

tu podes ser omeu amigoinvisível…

9

Page 10: Diário de filipa

22 de Fevereiro

Já estou farta de chorar! Os meuspais passam a vida a discutir e eu e omeu irmão acabamos por ser envolvi-dos naquelas brigas sem pés nem ca-beça. Pois, ainda não te falei daminha família, mas também não hámuito a declarar.

Moro num quinto andar, rodeadode vizinhos misteriosos, algures nacidade da Covilhã. A minha mãe é con-tabilista e o meu pai é engenheiroinformático. O meu irmão tem dezoitoanos e está a acabar o décimo segun-do ano, na mesma escola que eu. Nãotenho uma grande relação com ele,pois considero-o chato e completa-mente desinteressante. Gosta deheavy metal, veste-se de escuro etem umas ideias muito estranhas.«Réprobo» é o nome que lhe pus echego mesmo a esquecer que o nomedele é João Miguel.

Tínhamos tudo para ser uma famí-lia normal, não fossem estas brigasconstantes dos meus pais. A minha mãe

Page 11: Diário de filipa

não gosta dos horários do meu pai e eu também não. Na ver-dade, há dias que não o chego a ver e a minha mãe também sedeve sentir bastante sozinha.

E ainda não te falei de uma das pessoas mais importan-tes da minha triste vida – a Joana. Ela é a minha melhor amigae somos completamente inseparáveis. A Joana é como umairmã. Antes de eu falar, ela já sabe o que estou a sentir.

Bem, estou cansada… amanhã continuamos.

23 de Fevereiro

Duhhh… o pessoal da minha turma anda completamentemaluquinho, a precisar de férias e de orientação. Hoje pagá-mos todos por uns idiotas que se lembraram de deitar «pei-dos engarrafados» na sala. Na verdade, não foi lá muito boaideia, porque a prof não achou piada nenhuma e fechou-nostodos lá dentro.

Estou de fim-de-semana pela frente e a tentar conven-cer os meus pais para me deixarem ir à discoteca, no sába-do. Vamos ver se uma chantagem psicológica, género «vocêstambém não vão estar em casa, eu posso ir, pelo menos nãofico sozinha», vai resultar.

Já sei que a Joana não vem comigo. Sabes, é que aminha melhor amiga pertence a uma dessas igrejas evangé-licas e não gosta de fumar, de beber ou de ir à discoteca.Mas sendo a Joana tão certinha, ainda assim sinto-me tão

11

Page 12: Diário de filipa

bem quando estou com ela. Tem uma paz diferente. Observao mundo com outros olhos. Eu não consigo explicar, masestar junto dela faz-me bem.

28 de Fevereiro

A última vez que escrevi não sabia se ia à discoteca.Pois é… fui! Os meus pais deixaram-me ir e sabes quem láestava? O Bernardo, um amigo colorido.Estuda na turma do meu irmão e eu der-reto-me quando o vejo. Tem uns olhosverdes de me fazer cair para o ladoe uma voz de me fazer perder. Jáando com o olho nele desde o iníciodo ano lectivo. Mas acho que elenem repara em mim. Também comestes pontos vermelhos que mepercorrem a cara… quem é que mequer? Estou farta desta vida de ado-lescente, cheia de borbulhas e deoutros desastres ambientais pelo corpo.Em vez de curvas, tenho precipícios.

Vim para casa às três da manhã, cheia de dores de cabe-ça e maldisposta porque ainda tive que levar com o vomitadodo Rui, o meu vizinho do terceiro esquerdo, e sem um olhar,sequer, do Bernardo.

12

Page 13: Diário de filipa

No domingo, ainda ouvi sermão dos meus pais, porquefizemos barulho ao entrar no prédio e não me vão deixar irtão depressa à discoteca. Estes cotas matam-me. Mudam deideias como quem muda de sapatos. Tranquei-me no quarto esó saí de lá segunda de manhã.

15 de Março

Já passou metade do mês e eu tenho imensas coisaspara te contar. A minha vida vai de mal a pior… e a culpa édo meu irmão! Descobriu que gosto do Bernardo e chanta-geia-me. Obriga-me a fazer as coisas dele. Aiiiiiiiiiiiii… queraiva! E, ainda por cima, faço de tudo para chamar a atençãodo Bernardo e ele nem dá pela minha presença.

Hoje empurrei a Joana para cima dele, na tentativa deque olhasse para uma de nós, mas nada. Acho que

nem se apercebeu… Sou mesmo uma pobre invi-sível! Estou a pensar escrever-lhe uma cartaou um e-mail ou conseguir o número dele e,quem sabe, enviar mensagens anónimas e per-didamente apaixonadas. Se calhar o melhormesmo é escrever para um desses progra-mas de televisão, que juntam os apaixona-

dos e pedir ajuda. Vou lá cantar para elee saímos de lá juntos! Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…isto não me está a acontecer.

13