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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA UNIARA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FONOAUDIOLOGIA DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM CRIANÇAS PORTADORAS DE FISSURAS LABIOPALATINAS QUEZIA OLIVEIRA RIBEIRO BACHARELADO EM FONOAUDIOLOGIA ARARAQUARA-SP 2009

Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

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As fissuras labiopalatinas são as mais comuns deformidades congênitas crânio-faciais, caracterizadas pela interrupção da fusão dos tecidos dos lábios, rebordo alveolar superior e palato duro e palato mole durante o período embrionário. Ao entrar na escola a criança adquire muitos tipos de aprendizagem, mas a expectativa maior está relacionada ao aprendizado da leitura e da escrita, crianças que apresentam fissura labiopalatina podem sofrer discriminação pela deformidade facial e pelas alterações de fala e voz gerando limites e dificuldades no desenvolvimento da comunicação oral e escrita. O objetivo deste estudo foi identificar através do relato dos pais a presença de dificuldades de aprendizagem em indivíduos com fissura labiopalatina em fase de alfabetização e estabelecer uma possível relação entre a deformidade e as dificuldades encontradas. A metodologia utilizada foi a elaboração de um questionário composto por 13 questões, aplicado a pais de 11 crianças com fissura labiopalatina que estão cursando as séries iniciais do ensino fundamental. Os resultados demonstraram que os pais de 5 (45,4%) crianças com fissura relataram existir queixas dos professores quanto a dificuldade no desempenho escolar de seus filhos, sendo que 36,3% dessas são referentes às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos, e 27,2% referente à escrita. Relacionando o tipo de fissura com a presença de dificuldade observamos que dos 3 indivíduos com fissura pré-forame apenas 1 (33%) teve relato dos pais de dificuldade no desempenho escolar. A maioria dos pais não acredita que a fissura interfira nem na frequência (72,7%) nem no desempenho escolar (81,8%) dos filhos. Concluiu-se que 45,4% das crianças com fissura labiopalatina apresentam dificuldades no desempenho escolar, sendo a maioria dos relatos referente às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos e desatenção. Em virtude do pequeno número da amostra e dos vários fatores como os ambientais, psicológicos e metodológicos, que podem influenciar na aprendizagem da criança, não foi possível estabelecer uma relação direta entre a dificuldade de aprendizagem e a fissura labiopalatina. Sugerimos um acompanhamento fonoaudiológico e psicopedagógico, para garantir uma adequada estimulação e um bom rendimento escolar de alunos com fissura labiopalatina.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE FONOAUDIOLOGIA

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM CRIANÇAS

PORTADORAS DE FISSURAS LABIOPALATINAS

QUEZIA OLIVEIRA RIBEIRO

BACHARELADO EM FONOAUDIOLOGIA

ARARAQUARA-SP

2009

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE FONOAUDIOLOGIA

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM CRIANÇAS

PORTADORAS DE FISSURAS LABIOPALATINAS

QUEZIA OLIVEIRA RIBEIRO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC APRESENTADO

COMO EXIGÊNCIA PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE

BACHARELADO EM FONOAUDIOLOGIA, SOB ORIENTAÇÃO DA

PROFª. ESP. MARIA LUISA MICELI SILVEIRA LEITE

E AVALIAÇÃO FINAL DA DISCIPLINA TCCII

SOB A RESPONSABILIDADE DA PROFª. Ms. FRANCINE T. O. BROGGIO

ARARAQUARA-SP

2009

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FOLHA DE APROVAÇÃO

O presente trabalho foi examinado, nesta data, pela Banca Examinadora

composta dos seguintes membros:

------------------------------------------------------

Maria Luisa Miceli Silveira Leite

Orientador (a)

------------------------------------------------------

Luciana Rueda Sborowski

Professor (a) Convidado (a)

------------------------------------------------------

Joselena Fachinetti

Professor (a) Convidado (a)

Análise do Texto Escrito:....................

Análise da Apresentação:....................

Análise da Defesa: ..............................

Média Aritmética: .............................

MÉDIA FINAL: ............................... DATA:...../...../2009

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TREM DA VIDA

“A vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns

acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros.

Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que,

julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco: nossos pais.

Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de

seu carinho, amizade e companhia insubstituível....mas isso não impede que, durante a

viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós, embarquem.

Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos.

Muitas pessoas tomam esse trem, apenas a passeio, outros encontrarão essa viagem somente

tristezas, ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa.

Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que,

quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.

Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros, acomodam-se em vagões

diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que

não impede, é claro, que durante a viagem, atravessemos, com grande dificuldade nosso

vagão e cheguemos até eles....só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois

já terá alguém ocupando aquele lugar. Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos,

sonhos, fantasias, esperas, despedidas...porém, jamais, retornos.

Façamos essa viagem, então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com

todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor, lembrando,

sempre, que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente,

precisaremos entender isso, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com certeza,

haverá alguém que nos entenderá.

O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada

desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso

lado.

Eu fico pensando, se, quando descer desse trem, sentirei saudades....

acredito que sim, me separar de alguns amigos que fiz nele será, no mínimo dolorido mas me

agarro na esperança que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande

emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram.....

Amigos, façamos com que a nossa estada, nesse trem, seja tranquila, que tenha valido à pena

e que, quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas

recordações para aqueles que prosseguirem.”

Silvana Duboc

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Dedicatória

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A minha mãe , Izabel Anacleto de Oliveira Ribeiro,

exemplo de garra e otimismo, que acreditou em mim e

me assegurou que estaria comigo em todos os momentos,

ajudando-me a enfrentar todos os obstáculos.

Você é o meu espelho...

Te amo!!!

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Agradecimentos

Page 8: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

A Deus, que me fortalece a cada passo de minha vida, e esteve comigo durante toda minha

caminhada me concedendo a graça de atingir o meu objetivo.

Aos meus pais e a minha tia, por terem me acompanhado lado a lado em todas as batalhas.

Pela extrema dedicação e colaboração que dispuseram em meu favor e, principalmente, por

acreditarem em minha vitória.

A minha amiga-irmã, que presenciou momentos tristes e alegres da minha caminhada muitas

vezes deixando de lado os seus problemas para ajudar-me a resolver os meus.

Ao meu irmão que esteve com meus pais em minha ausência e aguardou com paciência o

término dos meus estudos para iniciar os seus.

Aos meus amigos e futuros colegas de profissão Érika (pipoca) e Helbert, que devido às

circunstâncias nos separamos no segundo ano de faculdade mas mesmo assim mativeram a

promessa de não desfazer o trio.

As minhas eternas amigas Guidão, Berton e Nadião, que tornaram fácil a minha adaptação à

nova turma, me aproximando do grupo talvez por pena ou curiosidade, mas que se tornaram

pessoas indispensáveis no meu trajeto, e claro a Cida – desesperada, que chegou tão perdida

quanto eu, e que inicialmente se mostrou tão diferente de mim em personalidade e no final me

fez descobrir que temos muito em comum. Assim, agradeço ao quinteto fantástico, que tornará

a minha partida mais dolorosa em função do quão significante foi na minha estadia.

Agradeço a todas as minhas colegas de república que tornou a nossa casa um lar,

proporcionando uma convivência de irmãs, com muito amor, carinho, e bagunça.

Aos meus amigos de longe que sempre estiveram perto em pensamento, mensagens e

conversas.

A todos os professores por terem contribuído com sua sabedoria ajudando-me a concretizar

mais esta etapa da minha vida; especialmente a professora Joselena Fachinetti, que além dos

seus ensinamentos pude compartilhar da sua amizade e companheirismo.

A todos os colegas de turma, dos quais sentirei saudades, pela amizade, troca de

conhecimentos, lealdade e cumplicidade ao longo do curso .

A Luísa, por seu exemplo como pessoa e orientadora, que me ajudou no direcionamento deste

trabalho, com carinho, incentivo e prontidão a me orientar, confiando em minha capacidade.

Aos pais que aceitaram participar desta pesquisa, mostrando prontidão e prazer em ajudar.

As gerentes do NADEF e ADAF por tornarem possível a realização deste trabalho, agradeço

pela receptividade e apoio.

A todos que, direta ou indiretamente ajudaram na realização deste trabalho, compartilhando

das alegrias e tristezas ocorridas neste período, e que foram constantes incentivadores para sua

concretização.

Meus eternos agradecimentos!!!

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Resumo

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As fissuras labiopalatinas são as mais comuns deformidades congênitas crânio-faciais,

caracterizadas pela interrupção da fusão dos tecidos dos lábios, rebordo alveolar superior e

palato duro e palato mole durante o período embrionário.Ao entrar na escola a criança adquire

muitos tipos de aprendizagem, mas a expectativa maior está relacionada ao aprendizado da

leitura e da escrita, crianças que apresentam fissura labiopalatina podem sofrer discriminação

pela deformidade facial e pelas alterações de fala e voz gerando limites e dificuldades no

desenvolvimento da comunicação oral e escrita. O objetivo deste estudo foi identificar através

do relato dos pais a presença de dificuldades de aprendizagem em indivíduos com fissura

labiopalatina em fase de alfabetização e estabelecer uma possível relação entre a deformidade

e as dificuldades encontradas. A metodologia utilizada foi a elaboração de um questionário

composto por 13 questões, aplicado a pais de 11 crianças com fissura labiopalatina que estão

cursando as séries iniciais do ensino fundamental. Os resultados demonstraram que os pais de

5 (45,4%) crianças com fissura relataram existir queixas dos professores quanto a dificuldade

no desempenho escolar de seus filhos, sendo que 36,3% dessas são referentes às dificuldades

em leitura e cálculos matemáticos, e 27,2% referente à escrita. Relacionando o tipo de fissura

com a presença de dificuldade observamos que dos 3 indivíduos com fissura pré-forame

apenas 1 (33%) teve relato dos pais de dificuldade no desempenho escolar. A maioria dos pais

não acredita que a fissura interfira nem na frequência (72,7%) nem no desempenho escolar

(81,8%) dos filhos. Concluiu-se que 45,4% das crianças com fissura labiopalatina apresentam

dificuldades no desempenho escolar, sendo a maioria dos relatos referente às dificuldades em

leitura e cálculos matemáticos e desatenção. Em virtude do pequeno número da amostra e dos

vários fatores como os ambientais, psicológicos e metodológicos, que podem influenciar na

aprendizagem da criança, não foi possível estabelecer uma relação direta entre a dificuldade de

aprendizagem e a fissura labiopalatina. Sugerimos um acompanhamento fonoaudiológico e

psicopedagógico, para garantir uma adequada estimulação e um bom rendimento escolar de

alunos com fissura labiopalatina.

Palavras chaves: Fissura labiopalatina, dificuldades de aprendizagem, desempenho escolar.

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO _____________________________________________________01

1.1.Objetivo ________________________________________________________05

1.2.Hipóteses _______________________________________________________05

1.3.Justificativa______________________________________________________05

II. LITERATURA______________________________________________________06

2.1.Dificuldade de Aprendizagem _______________________________________07

2.1.1. Conceito __________________________________________________07

2.1.2. Fatores que influenciam na aprendizagem escolar__________________08

2.1.2.1. Âmbito institucional_____________________________________10

2.1.2.2. O professor____________________________________________11

2.1.2.3. Âmbito familiar ________________________________________12

2.1.2.4. O aluno_______________________________________________13

2.2.Fissura Labiopalatina______________________________________________15

2.2.1. Embriologia _______________________________________________15

2.2.2. Etiologia__________________________________________________16

2.2.3. Incidência_________________________________________________16

2.2.4. Classificação_______________________________________________17

2.2.5. Tratamento das fissuras labiopalatinas___________________________23

2.2.6. Distúrbios da comunicação decorrentes da fissura labiopalatina_______24

2.2.7. Desempenho escolar de crianças com fissuras labiopalatinas _________26

2.2.8. Intervenção Fonoaudiológica__________________________________30

2.2.8.1. Linguagem e fala _______________________________________30

2.2.8.2. Audição ______________________________________________31

III. METODOLOGIA ___________________________________________________33

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO________________________________________35

V. CONCLUSÃO ______________________________________________________43

VI. REFERÊNCIAS_____________________________________________________45

VII. ANEXOS__________________________________________________________53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Quantificação e porcentagem quanto gênero e tipo de fissura que os filhos dos

sujeitos apresentam.

Tabela 2: Quantificação e porcentagem quanto à queixa do professor sobre a dificuldade no

desempenho escolar, que os filhos dos sujeitos apresentam.

Tabela 3: Quantificação e porcentagem da amostra quanto ao tipo de fissura e relato de

dificuldade no desempenho escolar.

Tabela 4: Quantificação e porcentagem da amostra quanto aos tipos de dificuldades no

desempenho escolar referidas pelo professor.

Tabela 5: Quantificação e porcentagem da amostra quanto a outros tipos de dificuldades

referidas pelo professor.

Tabela 6: Quantificação e porcentagem quanto à idade de ingresso escolar e a presença de

dificuldade no desempenho escolar.

Tabela 7: Quantificação e porcentagem quanto à relação entre a série escolar e a presença de

dificuldade no desempenho escolar.

Tabela 8: Quantificação e porcentagem quanto à relação entre o tipo de escola frequentada e a

presença de dificuldade no desempenho escolar.

Tabela 9: Quantificação e porcentagem quanto interferência da fissura na frequência e no

desempenho escolar segundo a concepção dos pais.

Tabela 10: Quantificação e porcentagem segundo os comportamentos/atitudes apresentados

pelas crianças com fissuras frente às dificuldades encontradas.

Tabela 11: Quantificação e porcentagem de ocorrência de apelido atribuído à criança com

fissura.

Tabela 12: Quantificação e porcentagem da amostra segundo a participação dos pais na vida

escolar do filho.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fissura pré-forame incisivo unilateral incompleta (A) e unilateral completa (B).

Figura 2: Fissura pré-forame incisivo bilateral incompleta (A) e bilateral completa (B).

Figura 3: Fissura pré-forame incisivo mediana incompleta (A) e mediana completa (B).

Figura 4: Fissura transforame unilateral (A), bilateral (B) e mediana (C).

Figura 5: Fissura pós-forame incisivo completo (A) e incompleta (B).

Figura 6: Fissuras raras de face – buco ocular (A), macrostomia (B) e oblíqua (C).

Figura 7: Fissura submucosa.

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Introdução

Page 15: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

2

As fissuras labiopalatinas são deformidades congênitas caracterizadas pela interrupção

da fusão dos tecidos dos lábios, rebordo alveolar superior e palato duro e palato mole durante

o período embrionário. Elas representam as mais comuns das malformações congênitas crânio-

faciais, presente na população humana. A classificação das fissuras é dividida em quatro

categorias, tomando como ponto o forame incisivo, que é o limite entre o palato primário e

secundário, são elas: fissura pré-forame incisivo, são as fissuras exclusivamente labiais e

podem ser unilateral esquerda ou direita, bilateral e mediana; fissura pós-forame incisivo, são

as fissuras palatinas em geral medianas, que podem situar-se apenas na úvula, palato mole ou

palato duro; fissura transforame incisivo, são as fissuras de maior gravidade, podem ser

unilaterais direita ou esquerda ou bilaterais e atinge o lábio, a arcada alveolar e todo o palato e

fissuras raras da face, que envolvem o lábio, nariz e o olho.

A etiologia é controversa, ainda não se conseguiu isolar um fator causal específico,

mas sim apontar alguns possíveis fatores, como o fator genético e fator ambiental. Quanto ao

fator genético, destaca-se a hereditariedade e alterações cromossômicas e quanto ao fator

ambiental, todo e qualquer fator adverso ao meio uterino interferindo no período embrionário.

Atualmente, com o avanço da medicina e com o advento da avaliação por imagens e da

avaliação instrumental, o diagnóstico das fissuras da face ainda durante o período pré-natal

pode ser feito. Este fato exigiu a formação de equipes interdisciplinares, preparadas para uma

atuação junto à família do paciente fissurado, que envolve esclarecimentos quanto aos

recursos disponíveis para o tratamento em relação as atuais técnicas cirúrgicas, aos aspectos

nutricional, auditivo, da linguagem, psicológico e educacional. Neste processo, nas equipes

interdisciplinares a presença do fonoaudiólogo é fundamental para estabelecer a conduta

terapêutica mais adequada a cada caso, pois as alterações estéticas e funcionais presentes no

fissurado, normalmente, acarretam prejuízos na alimentação (dificuldade para sugar, deglutir,

mastigar), e no desenvolvimento da fala e linguagem, além da alteração de voz.

Tabith (1986) descreveu que, as fissuras de lábio e de palato são geralmente

acompanhadas de distúrbios da comunicação, como os distúrbios do desenvolvimento da

linguagem, o qual atribui aos aspectos ambientais e emocionais; distúrbio de fala e distúrbio

da voz, e podem variar muito quanto ao tipo e severidade do comprometimento.

O aspecto psicossocial dos indivíduos portadores de fissuras labiopalatinas é

duramente afetado devido à baixa auto-estima e ao auto-reconhecimento provocando um

Page 16: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

3

impacto negativo em relação às reações e expectativas dos outros. Embora o ambiente escolar

seja de fundamental importância para a integração e relação interpessoal de qualquer criança,

aquelas que apresentam uma fissura labiopalatina podem sofrer discriminação pela

deformidade facial e pelas alterações de fala e voz gerando limites e dificuldades no

desenvolvimento da comunicação oral e escrita.

A participação da família e principalmente dos pais tem um papel fundamental no

desempenho social e escolar destes indivíduos, a relação entre a família e a escola colabora

para um equilíbrio no desempenho escolar.

A aprendizagem refere-se a aspectos funcionais e resulta de toda estimulação

ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida. O processo de aprendizagem sofre

interferência de vários fatores – intelectual, psicomotor, físico, social e emocional.

O ser humano aprende e incorpora conhecimentos, sendo a linguagem o aspecto

distintivo do homem em relação aos demais animais, pois só ele é capaz de se comunicar

através da linguagem falada e da linguagem escrita, sendo que para que esta aprendizagem se

processe, se faz necessário uma série de aquisições prévias para que a criança seja capaz de

realizar esses conhecimentos, portanto para que seja possível a aquisição de qualquer tipo de

aprendizagem, é necessário um desenvolvimento neurológico harmônico em interação com as

influências ambientais.

Ao entrar na escola a criança adquire muitos tipos de aprendizagem, mas a expectativa

maior está relacionada ao aprendizado da leitura e da escrita. A leitura e a escrita são descritas

como parte integrante do desenvolvimento da linguagem, não é uma aprendizagem isolada, ela

faz parte de um processo linguístico complexo e adquirido através de etapas, as quais são

obedecidas hierarquicamente. Todo este processo pode ser adquirido normalmente por muitas

crianças enquanto que outras demonstram uma grande dificuldade nesta aquisição.

A dificuldade de aprendizagem é um termo usado de maneira geral e manifesta-se

como dificuldade para integrar os elementos simbólicos percebidos na unidade de uma palavra

ou uma frase e atinge em diversos graus a leitura, a escrita, a ortografia e o raciocínio

matemático.

Segundo Souza (2000), as crianças que apresentam dificuldades em lidar com os sons

da fala possivelmente terão dificuldades em relacionar estes sons com as letras das palavras

escritas.

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Stefanini e Cruz (2006), pesquisaram sobre a concepção dos professores sobre a

dificuldade de aprendizagem, e encontraram três concepções distintas: dificuldade de assimilar

o conteúdo, dificuldade na leitura e escrita, e dificuldade em relação ao raciocínio, que podem

aparecer conjuntamente, apenas duas delas ou somente uma. Mas são dificuldades

consideradas reversíveis, segundo os professores.

Existem poucos estudos que relacionam as deformidades faciais – fissuras

labiopalatinas – às dificuldades de aprendizagem.

Broder; Richman e Matheson (1998) investigaram a frequência de dificuldade de

aprendizagem, o nível de realização escolar e a frequência de retenção da classe em crianças

com fissuras. Os resultados evidenciaram que essas crianças têm uma taxa

desproporcionalmente elevada de dificuldade de aprendizagem, retenção e uma baixa taxa de

rendimento escolar.

O desempenho acadêmico e a influência das expectativas do professor são questões

primordiais na relação entre a fissura e a escola. Dados atuais parecem indicar um déficit em

geral, associado aos problemas verbais ligados quase sempre a essas deformidades, entretanto

parece não haver relação entre deformidade facial e déficit intelectual (AMARAL,1997).

Por apresentar um variado número de alterações, o portador de fissura labiopalatina

deverá sempre ser assistido por uma equipe multidisciplinar, que irá proporcionar o adequado

aproveitamento de todas as suas potencialidades possibilitando um desenvolvimento

psicossocial integral e um bom desempenho escolar . Em relação ao trabalho do

fonoaudiólogo, ele deve ser iniciado o mais precocemente possível e tem como objetivo

primeiramente desenvolver a comunicação oral e escrita, pois dela dependerá a sociabilização

do indivíduo, para depois serem abordadas as alterações vocais e miofuncionais.

Page 18: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

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1.1.OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é identificar através do relato dos pais a presença de

dificuldade de aprendizagem apresentadas em crianças com fissuras labiopalatinas em fase de

alfabetização, a fim de estabelecer uma possível relação entre a deformidade e as dificuldades

encontradas.

1.2.HIPÓTESES

Acredita-se que, os indivíduos portadores de fissura labiopalatina apresentam um

desempenho escolar relativamente baixo, o que sugere uma relação entre essa deformidade

crânio-facial e a dificuldade de aprendizagem.

Acredita-se que, os indivíduos portadores de fissura labiopalatina apresentam um

rendimento escolar satisfatório, o que sugere que não há interferência da fissura no

desempenho acadêmico do portador.

1.3.JUSTIFICATIVA

Através desta pesquisa pretende-se evidenciar as principais dificuldades escolares

apresentadas por crianças com fissuras palatinas, pois observa-se uma ocorrência significativa

na clínica fonoaudiológica, de dificuldades de aprendizagem nesse grupo de indivíduos e o

número de pesquisas que evidenciam uma provável relação entre fissuras labiopalatinas e

dificuldade de aprendizagem é escasso.

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Literatura

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2.1.Dificuldade de Aprendizagem

2.1.1.Conceito

Na literatura não há uma definição comum sobre o que é dificuldade de aprendizagem,

como e por que ela se manifesta, mas diversos autores relatam que o baixo rendimento escolar

não indica necessariamente que a criança tenha dificuldade de aprendizagem.

Para Boone e Plante (1994), a criança ao entrar na escola enfrenta um novo mundo, e suas

capacidades de linguagem desempenham um papel crítico em seu sucesso ou fracasso.

Garcia (1998) destacou que, apesar das várias definições existentes, muitas têm apenas

valor histórico. Em seu livro apresenta uma definição bastante consensual proposta pelo

National Joint Committe on Learning Disabilities (NJCLD):

Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um

grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades

significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita,

raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são

intrínsecos ao indivíduo, supondo-se devido à disfunção do sistema

nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem

existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas

condutas de auto-regulação e percepção e interação social (NJCLD,

1988).

Segundo Smith e Strick (2001), as dificuldades não referem a um único distúrbio, mas

uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho escolar. Sendo

o baixo rendimento em atividades de leitura, escrita ou cálculo apresentado por escolares em

relação ao que se poderia esperar de acordo com sua inteligência e oportunidades, a

característica principal de uma dificuldade de aprendizagem. Podem ocorrer a qualquer

momento no processo de ensino-aprendizagem e correspondem a déficits funcionais

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superiores, tais como, cognição, linguagem, raciocínio lógico, percepção, atenção e

afetividade.

Para Guerra (2002), crianças com dificuldade de aprendizagem não são deficientes, não

são incapazes e ao mesmo tempo, demonstram dificuldades para aprender. Incapacidades de

aprendizagem não devem ser confundidas com dificuldades de aprendizagem.

Em estudos Osti (2004) concluiu que, o professor concebe a dificuldade de aprendizagem

como um aspecto relacionado ao desempenho escolar do aluno, ou seja, ser um aluno com

dificuldade de aprendizagem implica em não atingir o mínimo esperado, na incapacidade para

assimilar informações e em não avançar na aprendizagem.

2.1.2.Fatores que influenciam na aprendizagem escolar

Drouet (1990) ressaltou que, para que ocorra o processo de ensino-aprendizagem é

necessário o respeito ao professor, aos alunos, aos conteúdos e ao meio social. A falha em

algum desses elementos causa sérios problemas em relação à aprendizagem.

Fonseca (1995), considerou como fator das dificuldades de aprendizagem a integração

entre uma etiologia hereditária e neurobiológica e uma etiologia sócio-cultural e classifica-os

em fatores biológicos, sociais, fatores de envolvimento e de privação cultural e fatores sócio-

econômicos.

Souza (1996), relacionou diretamente os fatores ambientais, psicológicos e metodológicos

ao sucesso e ao fracasso acadêmico.

Os problemas emocionais e os métodos de ensino inadequados, são apontados por Moraes

(1997), como as principais causas de dificuldades de aprendizagem.

Page 22: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

9

O desempenho escolar depende de diferentes fatores: características da escola (físicas,

pedagógicas, qualificação do professor), da família (nível de escolaridade dos pais, presença

dos pais e interação dos pais com escola e deveres) e do próprio indivíduo (ARAÚJO, 2002).

Segundo Stevanato (2003), as dificuldades de aprendizagem quase sempre se apresentam

associadas a problemas de outra natureza, principalmente comportamentais e emocionais, e as

crianças que a apresentam são descritas como menos envolvidas com as tarefas escolares que

os seus colegas sem dificuldades.

Conforme Ciasca (2003), ensinar e aprender são processos lentos, individuais e

estruturados, quando não se completam por falha interna ou externa surgem os distúrbios e as

dificuldades de aprendizagem. A dificuldade de aprendizagem leva a criança não só a

desmotivação, mas também ao desgaste e reprovação, transformando-a num rótulo dentro da

escola.

De acordo com Pacheco (2005), existem fatores inter-relacionados que interferem no

processamento de informações e no uso social da linguagem. Dentre eles, cita o estresse

familiar, o grau de estimulação no lar, a eficácia das mães no ensino de seus filhos, as

limitações econômicas, a saúde, o grau de satisfação com a vida, as oportunidades disponíveis

para os pais, o apoio social dos familiares entre outros.

São várias as causas que influenciam na aprendizagem escolar, os professores atribuem ao

insucesso escolar da criança fatores como: os problemas familiares, os problemas da própria

criança e os problemas relativos à escola (STEFANINI e CRUZ, 2006).

Atribui-se a dificuldade de aprendizagem a diversos fatores, necessitando assim abordar a

relação entre o processo de aprendizagem e a construção da história escolar do aluno,

considerando o âmbito: institucional, do professor, familiar e do aluno.

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2.1.2.1. Âmbito institucional

De acordo com Kiguel (1976), a escola pode contribuir para o fracasso escolar vivenciado

por algumas crianças, em função de classes muito numerosas, salas de aula planejadas

inadequadamente, mudança contínua de professores, professores inexperientes ou

insuficientemente treinados, e utilização de metodologia inadequada.

Schliemann; Carraher e Carraher (1995), atribuíram o fracasso escolar da criança à

instituição escolar, relatando que a escola não aproveita os conhecimentos informais aplicados

pelas crianças em situações cotidianas.

Segundo Ribeiro (2004), a escola herda todo o “histórico emocional” do aluno, o que vai

conferir uma adaptação ao contexto escolar específico em cada caso. Tanto a boa provisão

ambiental inicial como as inevitáveis falhas serão sentidas no decorrer das vivências escolares.

A escola é um dos agentes responsáveis pela integração da criança na sociedade. Tem

uma tarefa relevante no resgate da auto-imagem distorcida da criança, e responsabilidade e

competência em desvendar para a criança o significado e o sentido do aprender. Ela deve

buscar formas de prevenção nas propostas de trabalho, preparar os professores para

entenderem seus alunos, respeitando o ritmo de cada um, e mobilizar-se frente ao surgimento

de algum problema com algum aluno, a fim de que solucionem a possível dificuldade

(BELLEBONI, 2004).

Na percepção de Osti (2004), a escola precisa reconhecer seu papel e contribuir para um

melhor desempenho do aluno com dificuldade de aprendizagem, seja revendo sua metodologia

e dando respaldo para o trabalho do professor, quando a origem da dificuldade for decorrente

de problemas da própria instituição, bem como orientar os pais possibilitando desta forma,

uma educação justa que visa propiciar o desenvolvimento pleno do aluno.

De acordo com Ribeiro e Gusmão (2005), prestação de serviços de qualidade e boas

condições de trabalho no ambiente físico escolar dependem de espaços educativos

Page 24: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

11

organizados, limpos, arejados, cuidados, com móveis, equipamentos e materiais didáticos

adequados à realidade da escola. Sendo necessário dispor-se de recursos suficientes e de

qualidade, para uma relação adequada entre o ambiente físico escolar, as necessidades do

processo educativo e o envolvimento da comunidade.

O apoio da escola é fundamental para a prática pedagógica, em se tratando de crianças

com dificuldades de aprendizagem. A escola deve dispor de meios de auxiliar o educador a

trabalhar com esses alunos. Ressaltando que, em nenhum momento, a criança com

dificuldades de aprendizagem deve passar por algum tipo de constrangimento no ambiente

escolar (FEITOZA e LUZ, 2006).

Lima e Ribeiro (2007) afirmaram que, um ambiente escolar facilitador para o crescimento

pessoal do aluno no início de sua vida escolar é um dos fatores determinantes na prevenção

dos problemas educacionais, dificuldades no aprendizado e outras problemáticas. Entendem

que o processo de escolarização pode contribuir tanto favorecendo o desenvolvimento humano

como estabelecendo ou acirrando dificuldades já trazidas pela criança.

2.1.2.2. O professor

De acordo com Gontijo (2001), é necessário que o professor avalie a importância de sua

atuação na sala de aula; esteja atento aos esforços demonstrados pela criança; e às relações

construídas em sala de aula, que são essenciais para que ocorra aprendizagem. O professor

deve ter uma exata noção de seus objetivos ao ensinar, levando em conta as características do

aluno e da classe, seu domínio e suas habilidades.

Cool (2001) relatou que, a representação que o professor tem de seu aluno, as intenções e

capacidades que lhe atribui, podem modificar o comportamento real dos alunos na direção das

expectativas associadas a tal representação.

É de extrema importância que o professor conheça seu aluno, saiba dados sobre sua

realidade, sua família, saiba identificar e respeitar as diferenças entre esses alunos em sala,

Page 25: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

12

tendo a sensibilidade para observar as dificuldades de alguns alunos e conseguir trabalhar

essas dificuldades sem que o aluno se sinta diferente ou menos capaz que os demais. Devem

estar aptos a detectar os sintomas das dificuldades de aprendizagem e saber como trabalhá-las

em classe, bem como solicitar o encaminhamento para providenciar o diagnóstico e meios

para um atendimento adequado (OSTI, 2004).

Para Guimarães (2004), a motivação intrínseca do aluno não resulta de treino ou de

instrução, mas pode ser influenciada principalmente pelas ações do professor. A motivação do

professor é vulnerável a fatores sócio-contextuais como, por exemplo, o número de alunos em

sala de aula, o tempo de experiência no magistério, o gênero, a idade, as interações com a

direção da escola, as concepções ideológicas, entre outros. E configura-se em uma importante

fonte de influência para o desempenho, emoções e motivação dos alunos em relação à escola.

Segundo Pietromillo (2005), as atitudes do professor dentro da sala de aula interferem

positiva ou negativamente no desempenho dos alunos, sendo que suas atitudes podem gerar

desde desconforto e desestruturação no desempenho dos alunos, até uma maior motivação

para aprenderem com os erros de maneira construtiva.

Costa (2007), citou aspectos importantes envolvidos no desempenho escolar do aluno,

como a interação professor-aluno, os programas de ensino, os métodos, a capacidade didática,

e o conhecimento das técnicas de avaliação utilizadas pelo professor. E sugere que os

profissionais da educação adotem uma postura ética em relação ao aluno, tornando a transição

do ambiente familiar para o escolar menos aflitiva, permitindo a criança reconhecer-se como

pertencente ao grupo e revelar todas suas potencialidades sem medo de rótulos e exclusão.

2.1.2.3.Âmbito familiar

Para Sousa (1996), o ambiente de origem da criança é altamente responsável pelo seu

desempenho em atividades e na aquisição de novas experiências. Um ambiente com

preocupações constantes e predominância de autoritarismo torna a criança tensa e submissa,

Page 26: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

13

enquanto um lar acolhedor permite a livre expressão emocional da criança, levando-a a reagir

com seus sentimentos, positivos ou negativos, livremente.

Smith e Strick (2001) relataram que, as crianças que recebem um incentivo carinhoso

durante toda a vida tendem a ter atitudes positivas, tanto sobre a aprendizagem quanto sobre si

mesmas, buscando formas de contornar qualquer dificuldade apresentada.

Segundo Chechia e Andrade (2002), a participação dos pais na vida escolar do filho

desempenha um papel importante no seu desempenho. As autoras consideram que a criança e

os pais trazem consigo uma ligação íntima com o desempenho e o diálogo entre a família e a

escola, tende a colaborar para um equilíbrio no desempenho escolar. Afirmam que os filhos

vivem reflexos negativos e positivos do contexto familiar, internaliza-os conforme o modelo

recebido, e esses modelos parecem possuir um peso considerável no contexto escolar, e que a

presença dos pais na vida escolar dos filhos constitui um fator indispensável para desempenho

escolar e enfatizando a importância da presença dos pais principalmente nas reuniões

realizadas nas escolas.

Na relação família e escola, a família legitima o discurso escolar, buscando adequar as

práticas culturais familiares às praticas escolares, e atua de forma conjunta com a escola,

intervindo na aprendizagem de seus filhos, de modo a garantir que as crianças possam receber

um suporte preventivo, em idade de aquisição da leitura e da escrita (MAIMONI e RIBEIRO,

2006).

2.1.2.4. O aluno

Fonseca (1995) considerou que, as crianças com dificuldade de aprendizagem

desenvolvem uma diversidade de comportamentos que geram vários problemas, que se

vinculam e comprometem a aprendizagem; esses podem ser cognitivos, perceptivos,

emocionais, psicolinguísticos, psicomotores, de atenção e de memória.

Page 27: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

14

Considerando o aspecto cognitivo e social, e também a idade em que começam a

freqüentar a escola, pode imaginar a importância que essa terá no desenvolvimento das

crianças. Para estas, a escola representa uma grande mudança no nível de expectativa e

exigências dos pais. Com o início da escolarização formal, começam a surgir papéis

específicos que fazem parte de cada cultura e o aprendizado de determinadas competências

passa a ser fundamental para o desenvolvimento de qualquer ser humano. A vida diária de

uma criança em idade escolar é modelada pelas horas passadas na escola, pela companhia dos

amigos e pela sociedade e cultura que a envolvem. (MIRANDA e GOMES, 2002).

Zucoloto e Sisto (2002), investigaram a compreensão da leitura de 194 alunos de 2ª e 3ª

séries com dificuldade de aprendizagem escrita, em relação ao gênero e idade. Relataram que

o desempenho geral da segunda série foi inferior ao desempenho geral da terceira série,

considerando que quanto mais inicial a série maiores as dificuldades encontradas, mas

ressaltando que a dificuldade de aprendizagem está relacionada a níveis de compreensão e à

idade, independendo da série escolar.

Martini e Del Prette (2002), ao investigar atribuições de causalidade de professores do

Ensino Fundamental para situações de sucesso ou fracasso escolar dos seus alunos,

observaram que, o sucesso e fracasso no processo ensino-aprendizagem foram compreendidos

pelos professores como sendo primordialmente de responsabilidade dos alunos. Nas situações

de sucesso escolar, as professoras atribuíram o bom desempenho dos alunos principalmente à

capacidade e esforço dos próprios alunos, e relacionaram o fato de os alunos não fazerem bem

uma lição e também de os alunos de baixo desempenho escolar não tirarem boas notas à falta

de capacidade. Sendo esta geralmente reconhecida como uma causa interna e incontrolável ao

sujeito e considerada como uma causa predominantemente estável, que contribui para

problemas comportamentais, de aprendizagem e de motivação.

As crianças com dificuldade de aprendizagem possuem bom potencial intelectual apesar

de manifestarem problemas em algumas aquisições cognitivas, o que diferencia são seus

estilos e ritmos de aprendizagem. Em função disso acabam se convencendo que não

aprenderão, apesar de seus esforços, e que tenderão ao fracasso escolar. Implicações no seu

Page 28: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

15

autoconceito e em todo o arsenal de expectativas de desenvolvimento do “eu” podem gerar

desequilíbrios emocionais que afetam não só processos psicológicos básicos da aprendizagem

como a personalidade global da criança (NEVES e MARINHO-ARAÚJO, 2006).

Para Mól (2007), é importante conhecer as habilidades cognitivas que estão envolvidas no

desempenho acadêmico de cada aluno, para que se saiba intervir no processo de

aprendizagem, respeitando as variações de desempenho que poderão ocorrer ao longo da sua

trajetória escolar, sendo que o aluno não pode simplesmente ser responsabilizado pelo seu

fracasso na escola.

2.2.Fissura Labiopalatina

2.2.1.Embriologia

Tabith (1986) relatou que, as fissuras de lábio são resultantes da falha de fusão entre os

processos frontonasal e maxilar, por volta da sexta semana do desenvolvimento embriológico,

e as fissuras de palato resultam da falta de fusão das placas palatinas do processo maxilar, que

ocorrem por volta da nona semana de desenvolvimento.

De acordo com Capelozza et al (1988), a extensão da fissura varia conforme a intensidade

e a época de atuação do agente teratogênico.

Para Cardim (1992), a ocorrência do erro de fusão dos processos embrionários, atribui-se a

uma alteração da velocidade migratória das células da crista neural, encarregada de comandar

o fenômeno de fusão das proeminências.

Roxo; Lacerda e Bacigalupo (1997), definiram as fissuras labiopalatinas como

deformidades congênitas caracterizadas pela interrupção na continuidade dos tecidos de lábio

superior, rebordo alveolar superior e palato.

Page 29: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

16

2.2.2.Etiologia

Segundo Capelozza Filho et al (1988), as fissuras labiopalatinas não possuem um fator

causal específico, resultam de causas multifatoriais, incluindo fatores genéticos e ambientais.

Lofiego (1992), destacou a influência dos fatores nutricionais, infecciosos, psíquicos,

materno-fetais, tabagismo, alcoolismo, agrotóxicos, idade dos pais e fatores sócio-econômicos

em geral.

Capelozza Filho e Silva Filho (1994) relataram que, a genética responde apenas por 30%

dos casos, enquanto o restante atribui-se a todo e qualquer fator adverso ao meio uterino

durante o período embrionário.

Entre os fatores ambientais, Modolin e Cerqueira (1997) mencionaram os relacionados

com a mãe, ao estresse, as infecções e medicamentos, às carências alimentares e às

irradiações.

2.2.3. Incidência

Capelozza Filho e Silva Filho (1994) afirmaram que, as fissuras labiopalatais acometem

todos os grupos raciais e étnicos, independente de sexo e classe socioeconômica, apresentando

diversificação quanto à raça. A maior incidência ocorre na raça amarela e a menor na raça

negra, enquanto a raça branca apresenta uma incidência intermediária.

Em estudo, Loffredo et al. (1994), analisaram 450 crianças cadastradas no Hospital de

Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais de Bauru, SP. Dos 450 casos estudados, 354

(78,6%) apresentavam fissura labial ou lábio-palatina e 96 (21,3%) fissura palatina. Quanto à

distribuição por sexo, verificaram o predomínio do sexo masculino entre os portadores de

fissura labial ou lábio-palatina, sendo que a fissura palatina foi mais prevalente no sexo

feminino.

Page 30: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

17

De acordo com Neto (1996), aproximadamente 90% dos portadores de fissuras

labiopalatinas apresentam esta malformação isolada. O restante vem associado a outras

malformações congênitas; são cerca de 280 síndromes associadas

França (2002), estudou a incidência das fissuras lábio-palatinas de crianças nascidas na

cidade de Joinville/SC no período de 1994 a 2000. Dos 58.054 nascidos, 72 eram portadores

de fissura lábio-palatina. A incidência média de fissura lábiopalatina encontrada foi de 1,24

por 1.000 nascidos vivos. A fissura pós-forame incisivo foi a mais prevalente (40,28%),

seguida pela fissura transforame incisivo (30,56%), fissura pré-forame incisivo (22,22%),

fissura pré e pós-forame incisivo (4,17%) e a fissura mediana foi a menos encontrada (2,78%).

As fissuras unilaterais foram mais encontradas que as bilaterais sendo o lado esquerdo o mais

afetado, não encontrando diferença estatística entre os sexos.

Furlaneto e Pretto (2000), analisaram 750 prontuários de pacientes com fissura

labiopalatina do Serviço de Defeitos de Face da Faculdade de Odontologia da Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e evidenciaram uma maior ocorrência de fissuras

labiopalatais na raça branca e no gênero masculino, sendo que as fissuras labiais com ou sem

envolvimento do palato têm maior predominância no gênero masculino e os casos de fissura

palatina isolada no gênero feminino.

Coutinho et al (2009), realizaram um estudo com 1.216 com fissura labial e/ou palatina,

atendidas no Centro de Defeitos da Face do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando

Figueira de 2002 a 2005. Observou-se discreto predomínio no sexo masculino (57,4%) e

maior ocorrência no lado esquerdo, sendo a labial e lábio-palatina mais frequente no sexo

masculino e a palatina no feminino.

2.2.4.Classificação

A classificação da fissura deve encerrar simplicidade, objetividade e clareza ao descrever

as formas de fissuras lábio-palatais. Entre as classificações propostas para os tipos de fissuras

labiopalatinas mais usadas no Brasil, é a de Spina et. al (1972), que leva em consideração o

Page 31: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

18

forame incisivo. Na descrição de Capelozza e Silva (1994), esta nomenclatura está dividida

em:

Fissura pré-forame incisivo

Incluem-se as fissuras localizadas à frente do forame incisivo podendo abranger o lábio e o

rebordo alveolar. As manifestações clínicas podem variar desde pequenos entalhes na mucosa

do vermelhidão e/ou pele do lábio, até o rompimento total do lábio e rebordo alveolar,

passando pelo assoalho primário e atingindo o forame incisivo. A partir do momento em que a

fissura atinge o forame incisivo, ela é denominada completa. Subclassificam-se em unilateral

completa ou incompleta (figura 1), bilateral completa ou incompleta (figura 2) e mediana -

fissuras raras que acometem o filtro do lábio superior (figura 3).

Figura 1:Fissura pré-forame incisivo unilateral incompleta (A) e unilateral completa (B).

A B

Page 32: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

19

Figura 2: Fissura pré-forame incisivo bilateral incompleta (A) e bilateral completa (B).

A B

Figura 3: Fissura pré-forame incisivo mediana incompleta (A) e mediana completa (B).

A B

Fonte:AIELLO, C.A.; SILVA FILHO, O.G.; FREITAS, J.A.S. Fissuras labiopalatais: uma visão contemporânea

do processo reabilitador . In: MUGAYAR, L.R.F. Pacientes portadores de necessidades especiais: manual de

odontologia e saúde oral. São Paulo: Pancast; 2000.

Fissura transforame incisivo

Fissuras totais, que rompem a maxila em toda a sua extensão, desde o lábio até a úvula.

Este constitui o grupo mais grave, acarretando problemas estéticos e funcionais relevantes.

Subdividem-se em unilateral - direita ou esquerda, bilateral e mediana - parcial ou total (figura

4).

Page 33: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

20

Figura 4: Fissura transforame unilateral (A), bilateral (B) e mediana (C).

A B

C

Fonte:AIELLO, C.A.; SILVA FILHO, O.G.; FREITAS, J.A.S. Fissuras labiopalatais: uma visão contemporânea

do processo reabilitador . In: MUGAYAR, L.R.F. Pacientes portadores de necessidades especiais: manual de

odontologia e saúde oral. São Paulo: Pancast; 2000.

Fissura pós-forame incisivo

Fissuras isoladas de palato que se localizam posteriormente ao forame incisivo.

Representam uma entidade clínica totalmente distinta dos grupos pré e transforame por não

apresentar os problemas estéticos ao rompimento da estrutura peribucal. Dividem-se em

completas e incompletas (figura 5).

Page 34: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

21

Figura 5: Fissura pós-forame incisivo completa (A) e incompleta (B).

A B

Fonte:AIELLO, C.A.; SILVA FILHO, O.G.; FREITAS, J.A.S. Fissuras labiopalatais: uma visão contemporânea

do processo reabilitador . In: MUGAYAR, L.R.F. Pacientes portadores de necessidades especiais: manual de

odontologia e saúde oral. São Paulo: Pancast; 2000.

Fissuras raras de face

Envolvem estruturas faciais além do lábio e/ou palato (figura 6). O próprio nome sugere a

raridade do seu aparecimento, podendo manifestar-se como: fissura naso-ocular; fissura

oblíqua (buco-ocular); fissura horizontal (macrostomia); fissura transversa (buco-auricular) e

fissuras da mandíbula, lábio inferior e nariz.

Figura 6: Fissuras raras de face – buco ocular (A), macrostomia (B) e oblíqua (C).

A B C

Fonte:AIELLO, C.A.; SILVA FILHO, O.G.; FREITAS, J.A.S. Fissuras labiopalatais: uma visão contemporânea

do processo reabilitador . In: MUGAYAR, L.R.F. Pacientes portadores de necessidades especiais: manual de

odontologia e saúde oral. São Paulo: Pancast; 2000.

Page 35: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

22

Altmann; Khoury e Ramos (1997), acrescentaram dois tipos de fissuras:

Submucosa: caracterizada pela tríade (úvula bífida; diástase da musculatura velar; e

chinfradura na borda alveolar do palato duro), além da orientação das fibras musculares do

véu.

Submucosa oculta: apresenta uma concavidade na linha mediana da superfície nasal do

véu palatino.

De acordo com Martins (2000) a fissura submucosa não apresenta deformidades

anatômicas visíveis, entretanto apresenta comprometimento funcional considerável como a

hipernasalidade.

Figura 7: Fissura submucosa

Fonte: OLIVEIRA, R.P. Relação entre os sinais clínicos da fissura de palato submucosa e a sintomatologia específica: uma

abordagem preventiva.[dissertação] Hospital de reabilitação de anomalias craniofaciais da Universidade de São Paulo. Bauru,

2002.

2.2.5. Tratamento das fissuras labiopalatinas

Embora a fissura lábio-palatal não possa ser prevenida, todas suas inerências podem ser

minoradas senão evitadas, tendo um acompanhamento interdisciplinar. O tratamento requer

Page 36: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

23

paciência e tempo tanto dos pais como dos profissionais, para uma eficaz reabilitação

morfológica, funcional e psico-social do paciente (CAPELOZZA E SILVA, 1994).

Roxo; Lacerda e Bacigalupo (1997) afirmaram que, o tratamento cirúrgico deve ser

realizado o mais precocemente visando o restabelecimento anatômico e funcional, propiciando

um equilíbrio muscular e um adequado crescimento facial. O tratamento precoce conduz o

paciente fissurado a uma auto-imagem positiva e conseqüente melhor integração social.

Segundo D’Agostino; Machado e Lima (1997), a cronologia e técnica cirúrgica varia de

acordo com cada cirurgião, geralmente a queiloplastia (correção de lábio) é realizada por volta

dos 3 meses e a palatoplastia (correção do palato) anterior aos 12 ou 15 meses e a posterior

até 18 meses.

Guedes (1998) relatou que, o fonoaudiólogo é responsável pela orientação a mãe quanto à

alimentação, estimulação da sensibilidade proprioceptiva oral e musculatura perioral da

criança, levando a um bom padrão de fala e linguagem e reduzindo o aparecimento de

mecanismos compensatórios.

Entre as especialidades de destaque no tratamento da fissura está a cirurgia plástica, a

ortodontia e a fonoaudiologia, pois juntas planejam as etapas terapêuticas que serão aplicadas

nestes pacientes. A fonoaudiologia realiza prevenção, avaliação e reabilitação dos distúrbios

da comunicação presente nestes pacientes, bem como das funções orais (GENARO;

YAMASHITA e TRINDADE, 2004).

De acordo com Ribeiro e Moreira (2005), o tratamento das fissuras labiopalatinas é

importante devido ao seu impacto na fala, audição, aparência e cognição, tem uma influência

prolongada e adversa na saúde e integração social. O custo causado pelas fissuras labiais e

palatinas em termos de morbidade, cuidados de saúde, distúrbios emocionais, sociais e

exclusão do trabalho é considerável para o indivíduo afetado, sua família e a sociedade.

Page 37: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

24

2.2.6.Distúrbios da comunicação decorrentes da fissura labiopalatina

Segundo Tabith (1995), as áreas da comunicação oral que podem estar afetadas são:

linguagem, articulação e voz. Os aspectos ambientais (atuação dos pais), aspectos emocionais

e intercorrência de outras patologias que afetam o desenvolvimento da linguagem, são fatores

que podem contribuir para alterações de linguagem.

Crianças portadoras de fissuras labiopalatinas apresentam uma grande ocorrência de otites

de repetição, originando dificuldades de compreensão auditiva. Como relatou Azevedo et al

(1995), tais dificuldades podem acarretar futuras alterações de linguagem e do aprendizado

agravadas quando associadas ao baixo nível sociocultural e a reduzida experenciação auditiva

e de linguagem.

Segundo Altmann et al (1997), as crianças fissuradas são consideradas de risco para o

desenvolvimento de um quadro de atraso de aquisição de fala e linguagem. O

desenvolvimento de fala e linguagem em crianças com fissura labiopalatina é similar ao de

crianças normais, entretanto, fatores ambientais, culturais e emocionais podem influir positiva

ou negativamente neste desenvolvimento. Sendo a quantidade e a qualidade dos padrões

linguísticos recebidos pela criança muito importante para o desenvolvimento da comunicação

e da linguagem.

As alterações no desenvolvimento da linguagem e da fala enquadram-se nos distúrbios da

aquisição, pois as etapas de aquisição da linguagem ocorrem dentro da normalidade, estando

apenas comprometido seu desempenho de fala. Caso ocorra atraso na aquisição da linguagem

e fala, deve-se procurar uma etiologia auditiva, neurológica, cognitiva ou afetivo-emocial

(D’AGOSTINO; MACHADO e LIMA, 1997).

De acordo com Bishop (2002), as anomalias velofaríngeas da fenda palatina comprometem

a função normal da tuba auditiva acarretando incessante perda auditiva de condução, essa

perda afeta o desenvolvimento fonológico das crianças. A autora afirmou que, os problemas

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25

com a produção da fala comprometem a comunicação e a capacidade da criança compreender

a linguagem, somente quando estão afetadas a audição e a inteligência.

Conforme relatou Coelho e Castanheira (2004), a criança portadora de fissuras, em geral,

apresenta características psicológicas peculiares, relacionadas à anomalia presente, por

exemplo, a reação inicial dos pais, de aceitação ou rejeição; o desenvolvimento da criança, em

especial relacionado à fala, linguagem e ao desenvolvimento intelectual; e a resposta

emocional do paciente, da família e da comunidade diante de possíveis deformações faciais.

Silva e Santos (2004) afirmaram que, para produção adequada da fala é necessário boa

integridade anatomofuncional dos órgãos fonoarticulatórios, articulação adequada, equilíbrio

entre as cavidades de ressonância e funcionamento propício da válvula velofaringeana; a

função inadequada deste esfíncter constitui-se em aspecto determinante da maioria dos

distúrbios da comunicação oral. Em seu estudo as autoras analisaram 44 prontuários do

Núcleo de Atenção Médica Integrada / NAMI da UNIFOR, com a finalidade de investigar

quais alterações de fala e motricidade oral frequentemente ocorrem em pacientes portadores de

fissuras labiopalatinas, e observou que todos demonstraram alguma alteração relacionada à

hipernasalidade, golpe de glote e/ou ronco nasal; emissão de fricativa faríngea; distorções,

omissões e substituição por traço de sonoridade e ainda, a ocorrência de escape de ar nasal,

alteração de mobilidade e/ou tonicidade de lábios, língua e/ou bochechas, bem como

alterações de postura de língua e compensações.

Para Manoel (2006), as crianças com fissura labiopalatina podem estar expostas desde

muito cedo a problemas ambientais, emocionais, culturais e problemas de orelha média, que

podem interferir no desenvolvimento da fala, linguagem e habilidades do processamento

auditivo.

Segundo Lima et al (2007), a fissura palatina acarreta uma diversidade de transtornos

orgânicos, funcionais e estéticos que interferem intensamente na vida dos indivíduos,

principalmente no que se refere ao convívio social. Alterações articulatórias e de ressonância

acarretam em dificuldades comunicativas porque afetam a inteligibilidade da fala, o que

Page 39: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

26

chama a atenção do interlocutor para a sua particularidade e dificulta a aceitação do indivíduo

nos ambientes familiar, escolar, profissional e social.

Lemos (2007) relatou que, a fissura labioplatina é um indicador de risco para alterações de

orelha média e estas podem prejudicar o desenvolvimento de habilidades auditivas como, por

exemplo, a atenção que é essencial para o aprendizado de novas habilidades, inclusive da

comunicação oral e escrita.

A principal razão para a ocorrência da otite média com efusão nas crianças com fissura

palatina é a disfunção tubária, a presença de altas prevalências de otite média nesta população

faz dela um grupo bastante vulnerável em relação à saúde auditiva. Este grupo deve ser tratado

precocemente, tendo-se sempre a lembrança de que uma via auditiva perfeita é fundamental

para a aquisição da linguagem falada: é justamente no período em que a criança adquire esta

linguagem que mais se observa a otite média com efusão e sua consequente perda auditiva

(SILVA et al, 2008).

Boscariol; André e Feniman (2009), ao verificar o desempenho de 20 crianças com fissura

isolada de palato em testes do processamento auditivo, observaram que essas demonstraram

apresentar importantes alterações nas habilidades auditivas avaliadas, verificadas por meio de

seu desempenho ruim nos testes especiais comportamentais do processamento auditivo.

2.2.7.Desempenho escolar de crianças com fissuras labiopalatinas

Amaral (1986) relatou não existir indícios que mostrem haver relação entre deformidade

facial e déficit intelectual; para ela as crianças com fissura labiopalatina apresentam condições

intelectuais idênticas às crianças normais para se saírem bem na escola, o rendimento escolar

não é uma função unicamente associada a fatores intelectuais. A autora refere-se à

interferência da aparência no cotidiano do aluno e afirma que é pela face que o indivíduo se

apresenta e ao ingressar na escola a criança que apresenta qualquer deformidade facial se torna

objeto de discriminação e preconceito, sendo olhada, julgada e avaliada. Mas ressalta que

Page 40: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

27

embora possam apresentar problemas psicossociais verifica-se bons ajustamentos e

funcionamento psicossocial em sujeitos com fissura labiopalatina.

Para a criança com fissura labiopalatina o ingresso na escola é um período crítico. Inicia-se

uma luta íntima da criança, porque sente a necessidade de aprender e tem que vencer o

constrangimento de se apresentar entre as outras pessoas. Porém, nesta idade não é só a

curiosidade das outras crianças que cria um ambiente desagradável; além disso, há o espírito

de crítica, que já começa a desabrochar em sua forma mais contundente, que é o apelido.

Nesse momento, desencadeia-se um sentimento de revolta ou alheamento e indiferença pelos

atrativos do meio. Além disso, as crianças com malformações ou cicatrizes são

frequentemente encaradas com preconceito, sendo consideradas como intelectualmente

inferiores por seus colegas e até pelos seus professores. Problemas dessa natureza podem gerar

na criança um sentimento de insegurança e hostilidade para com o meio que a cerca.

Consequentemente, ela será tímida, retraída, inibida, insegura, dependente, apresentando

dificuldades em participar de atividades sociais e de se relacionar com pessoas estranhas ao

seu ambiente, principalmente na escola, onde a competição está sempre presente

(MESQUITA, 1991).

Para a criança portadora de deformidade facial, a escola será a primeira e a mais

importante experiência sistemática fora do ambiente familiar, será o palco onde terá de

enfrentar novos relacionamentos, será olhada, julgada, avaliada e sua aparência física será uma

variável importante nestes julgamentos (AMARAL, 1992).

De acordo com Tavano (1994), o ingresso da criança com fissura na escola merece atenção

especial, pois se percebe grande ansiedade de seus pais em torno de suas capacidades

intelectuais. Para o autor, o ambiente escolar pode ocasionar na criança com fissura

labiopalatina, situações de timidez, recolhimento ou agressividade, percebendo a hostilidade e

discriminação dos demais, interferindo no seu desenvolvimento acadêmico e emocional.

Afirmou ainda que a existência do baixo desempenho acadêmico do aluno com fissura está

geralmente relacionada aos problemas verbais ou ao comportamento adotado pelo aluno.

Porém não é possível afirmar que exista uma relação entre a fissura e o fracasso escolar.

Page 41: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

28

Richman (apud Amaral, 1997), ao avaliar 44 crianças, de 4ª a 8ª série, portadoras de

fissura labiopalatina, observaram que crianças com fissura apresentam maior isolamento em

sala de aula e realização acadêmica mais baixa. Sugere que o isolamento e consequente, baixo

rendimento escolar, pode estar relacionado a um modo adaptativo de comportamento

aprendido. Para o autor os fissurados aprenderam a evitar comportamentos que geram atenção

em direção a si e se esquivar de possíveis respostas negativas dos outros em relação a sua fala

e aparência.

Altmann; Khoury e Ramos (1997) relataram que, além de afecções na linguagem oral, os

indivíduos portadores de fissura labiopaltina, quando não tratados precocemente, podem

apresentar alterações na linguagem escrita devido às assimilações dos problemas existentes na

fala.

Segundo Minervino-Pereira (2005), na fase de escolarização a criança enfrenta a

necessidade de conseguir a aprovação social através da produtividade; quando não é capaz de

desenvolver a capacidade esperada, corre o risco de comprometer-se com sentimento de

inferioridade. Sua ida à escola significa sua primeira separação da família e envolve sua

adaptação a um novo conjunto de regras. Entretanto, é nesta fase que as crianças têm a

oportunidade de se revelarem em muitas habilidades que surpreendem aqueles que só a

reconheciam como portadora de um comprometimento.

Para Ribeiro e Moreira (2005), quando a criança entra em contato com outras crianças

pode ocorrer o preconceito e a supervalorização dos estigmas da doença, tornando-as

introvertidas, com comportamento imaturo ou agressivo. Na escola a criança se sente excluída

das atividades que exigem uma fala bem articulada e não podendo corresponder a esses

anseios sociais, se sente limitada e excluída, recebe apelidos, e se sente inferior e solitária,

podendo inclusive abandonar a escola.

Duarte (2005), relatou que a inserção precoce da criança na escola nos remete a inferir a

estimulação precoce dessa, favorecendo no seu desempenho escolar, relacionamento com os

Page 42: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

29

colegas, entre outros aspectos. Em estudo sobre o desempenho escolar de crianças com fissura

labioplatina na visão dos pais, verificou que a maioria deles relatou que não tem queixas dos

professores quanto à dificuldade de aprender de seus filhos, e observou relatos de melhor

desempenho nos indivíduos com fissura pré-forame; a autora associa o fato ao não

comprometimento de fala nesse tipo de fissura.

Domingues (2007), ao investigar o desempenho escolar de 61 indivíduos com fissuras

labiopalatinas por meio da opinião dos professores, concluiu que a frequência da maioria dos

alunos pesquisados foi considerada assídua e com desempenho escolar dentro da média da

classe, dentre os que apresentaram desempenho insatisfatório verificou-se predominância do

sexo feminino e os fatores interferentes mais significativos foram os aspectos da fala e o tipo

da fissura. E ressaltou que, nenhum fator associado pode ser correlacionado de forma direta ao

baixo desempenho escolar, uma vez que são inúmeros os aspectos que gerenciam a

aprendizagem da criança na escola.

Marcelino et al (2008), ao avaliar as habilidades de linguagem em nove crianças com

fissuras labiopalatinas, observaram que o grupo avaliado apresentou habilidades de linguagem

oral e desempenho acadêmico dentro do padrão de normalidade e habilidades fonológicas,

semânticas e de sintaxe alteradas.

Tonocchi; Berberian e Mosi (2008), em estudo de três casos de crianças com fissura,

analisaram aspectos envolvidos na aquisição da linguagem escrita por parte desses sujeitos,

evidenciando que embora eles tenham alterações fonético-fonológicas, essas não interferem

em seus processos de apropriação da escrita. Observaram que a idéia de que as alterações

articulatórias da criança com fissura provocam os distúrbios apresentados de leitura e escrita, é

adotada como senso-comum e que a associação entre os problemas de articulação e os

distúrbios de leitura e escrita é fruto de uma visão restrita e equivocada quanto à participação

da oralidade no processo de apropriação da escrita. Ainda segundo os autores, no caso dos

sujeitos portadores de fissura lábio-palatina, definitivamente, as ocorrências na escrita não

estão associadas aos problemas de fala, mas são operações que iluminam a constituição do

objeto escrito.

Page 43: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

30

2.2.8.Intervenção Fonaoudológica

2.2.8.1. Linguagem e fala

Para Tabith (1995), a avaliação de fissurados deve ser a mais minuciosa possível,

dirigindo-se a todos os níveis de comunicação e a todos os sistemas funcionais importantes

para o desenvolvimento da comunicação. Deve se realizar uma avaliação ampla da linguagem

envolvendo tanto emissão quanto recepção, e também examinar as condições morfológicas e

funcionais dos órgãos da fala. O desenvolvimento da linguagem deve ser cuidado desde o

início do desenvolvimento da criança, posteriormente se persistirem dificuldades neste nível,

deve-se utilizar associada à orientação familiar, técnicas de estimulação de linguagem em

atividade terapêutica clínica.

Segundo Altmann et al (1997), desde o nascimento, a família do bebê portador de fissura

labioplatina é orientada no sentido de estimular sua linguagem ao máximo, e

concomitantemente procura se estimular a emissão de fonemas de acordo com a idade

cronológica da criança. A avaliação e o diagnóstico precoce de possível inadequação

velofaríngea é extremamente importante para que o tratamento fonoaudiológico seja iniciado o

quanto antes para eliminar os movimentos compensatórios presentes e impedir a instalação de

novos padrões errôneos. Os autores mencionaram que, o tratamento fonoaudiológico nos

portadores de fissura labiopalatinas visa à adequação da comunicação oral, permitindo ao

indivíduo o estabelecimento de um bom convívio social, para isso é necessário que o terapeuta

visualize o paciente como um todo, realize um adequado e completo diagnóstico e estabeleça

prioridades para o seu tratamento.

A família é orientada a estimular a linguagem oral fazendo uso de jogos vocálicos,

proporcionando modelos positivos de fala e realizando contato visual antes de iniciar sua

emissão, a fim de desenvolver a atenção auditiva para sons verbais. Valorizando os atos de

comunicação e o esforço da criança em se comunicar, apesar das limitações impostas pela

Page 44: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

31

fissura, a mãe estará reforçando seu desempenho de fala (D’AGOSTINO; MACHADO e

LIMA, 1997).

De acordo com Guedes (1998), o fonoaudiólogo encarrega-se de orientar os pais sobre os

procedimentos de como estimular a criança para que mais tarde essa tenha um bom padrão de

linguagem e fala, sendo que a aquisição e o desenvolvimento de linguagem das crianças

portadoras de malformações merecem uma visão cuidadosa. Para o autor, a adaptação desta

criança na escola junto às outras crianças e o esforço para superar as alterações anatômicas e

funcionais são acometimentos que exigirão da família e equipe multidisciplinar uma total

solidariedade e presteza, para que tanto os pais como seus filhos recebam, de forma adequada,

toda ajuda que vierem a precisar.

Genaro; Yamashita e Trindade (2004), ressaltaram a importância do fonoaudiólogo

adquirir conhecimento dessa malformação, dos distúrbios inerentes a ela, conhecer os

diferentes momentos da atuação, e as possibilidades e as limitações do tratamento para uma

conduta eficaz.

Conforme relatou Pegoraro-Krook (2004), a intervenção fonoaudiológica nos distúrbios de

comunicação oral do indivíduo com fenda, é necessária em vista do prejuízo no mecanismo

velofaríngeo, e consequente alteração na produção adequada dos sons da fala. Mesmo após as

cirurgias corretivas, as alterações de fala podem persistir, assim, é justificável a atuação

fonoaudiológica pré e pós-cirúrgica a fim de prevenir e tratar estes distúrbios da articulação.

2.2.8.2.Audição

Segundo Tabith (1995), a grande incidência de distúrbios auditivos em fissurados impõe

como rotina a avaliação audiológica destes pacientes, sendo a prevenção e tratamento dos

distúrbios da audição competência da área médica. A prevenção se faz através de cuidados

gerais, atendendo com especial interesse a ocorrência de afecções das vias aéreas superiores,

algumas medidas importantes de prevenção estão relacionadas à adequada alimentação,

posição ao alimentar e exames pediátricos de rotina. Os processos de afecção do ouvido médio

Page 45: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

32

já instalados merecem atenção, e medidas terapêuticas mais diretas podendo o tratamento ser

medicamentoso ou até mesmo cirúrgico.

D’Agostino; Machado e Lima (1997) relataram que, o fonoaudiólogo e a família devem

estar atentos para detectar possíveis sinais de alterações auditivas, e sugeriram avaliação

audiológica periódica a cada 6 meses através da realização de audiometria e imitanciometria.

De acordo com Tunçbilek et al (apud Mendes, 2005), deve se considerar a atuação

fonoaudiológica nas alterações do funcionamento da orelha média, visto que atingem com

frequência crianças com fissura labiopalatina e podem conduzir a perda auditiva condutiva,

com consequente privação sensorial, acarretando em alterações da fala, da aprendizagem e do

processamento auditivo central. Sendo assim o fonoaudiólogo deve ter como meta o

conhecimento das causas determinantes das complicações otológicas presentes, além de ser

capaz de avaliar todo o sistema vestibulococlear, contribuindo para a prevenção, terapia e

condutas adequadas.

Souza et al (2006) ressaltaram a necessidade do acompanhamento otorrinolaringológico,

sobretudo audiológico, em indivíduos portadores de fissura, em função da alta prevalência de

alterações audiológicas encontradas nesses indivíduos.

Page 46: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

33

Metodologia

Page 47: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

34

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro

Universitário de Araraquara – UNIARA no dia 16/04/2009, sob parecer de número 905/09

(Anexo 1).

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a utilização de um

questionário (Anexo 2), composto por 12 questões fechadas e 1 questão aberta, elaborado e

aplicado pela pesquisadora, sob consentimento pré-informado (Anexo 3) firmado junto ao

questionário. O questionário foi respondido na residência do sujeito, em horário pré

estabelecido de acordo com a sua disponibilidade.

Para seleção dos sujeitos foram analisados os prontuários de indivíduos diagnosticados

como portadores de fissura labiopalatina cadastrados na Associação de Deficiente Auditivos e

Fissurados de Ribeirão Preto - (ADAF-RP), após autorização formal do responsável pela

instituição (Anexo 4).

Os sujeitos selecionados para esta pesquisa, foram os pais de 11 crianças de ambos os

gêneros, pertencentes a faixa etária de 6 a 9 anos, que estavam cursando as séries iniciais do

ensino fundamental, portadores de algum tipo de fissura labiopalatina e não apresentam

nenhum outro comprometimento físico ou mental.

Após a aplicação do questionário os dados coletados foram analisados quantitativa e

qualitativamente e relacionados em tabelas para a obtenção do objetivo proposto.

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35

Resultados e Discussão

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A pesquisa de campo foi realizada através da aplicação de um questionário a pais de 11

crianças com fissura labiopalatina em fase de alfabetização, com o objetivo de identificar as

principais dificuldades de aprendizagem apresentadas por estes indivíduos. Foi realizada uma

análise quantitativa dos dados, obtendo-se os resultados descritos abaixo:

Tabela 1. Quantificação e porcentagem quanto ao gênero

e tipo de fissura labiopalatina que os filhos dos sujeitos apresentam.

Gênero

Tipo de fissura Masculino Feminino Total

N % N % N %

Pré-forame 1 33,3 2 66,6 3 100

Pós-forame 0 0 2 100 2 100

Transforame 5 83,3 1 16,6 6 100

Total 6 54,5 5 45,4 11 100

Na tabela 1 verificamos que das 11 crianças com fissura labiopalatina 6 (54,5%) são do

gênero masculino e 5 (45,4%) do gênero feminino. O predomínio de fissura labiopalatina no

gênero masculino é concordante com os dados encontrados na literatura estudada que

demonstram maior incidência da fissura labioplatina neste grupo de indivíduos (COUTINHO

et al, 2009). Ao relacionar o gênero com o tipo de fissura, observou-se que as fissuras pré-

forame (66,6%) e pós-forame (100%) acometeram em sua maioria o sexo feminino e a fissura

transforame teve maior ocorrência no sexo masculino (83,3%). Segundo dados da literatura, as

fissuras labiais com ou sem comprometimento de palato têm maior incidência no gênero

masculino, e as isoladas de palato maior predominância no gênero feminino (FURLANETO e

PRETTO, 2000; LOFRREDO, 2001; COUTINHO et al, 2009).

Tabela 2. Quantificação e porcentagem quanto à queixa do professor sobre a

dificuldade no desempenho escolar, que os filhos dos sujeitos apresentamDificuldade no

desempenho N %

Sim 5 45,4

Não 6 54,5

Total 11 100

Page 50: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

37

Na tabela 2, observamos que os pais de 6 (54,5%) crianças com fissura relataram não

existir queixas dos professores quanto à dificuldade no desempenho escolar dos seus filhos,

enquanto que 5 (45,4%) relataram queixas dos professores. É difícil estabelecer uma relação

entre a deformidade facial e o fracasso escolar (AMARAL, 1986; TAVANO,1994;

DOMINGUES, 2007). De acordo com a literatura as dificuldades de aprendizagem nem

sempre estão relacionadas com o fator intelectual; são vários os fatores que influenciam na

aprendizagem escolar, como fatores ambientais, psicológicos e metodológicos (SOUZA, 1996;

MORAES, 1997; NEVES e MARINHO-ARAÚJO, 2006).

Tabela 3. Quantificação e porcentagem da amostra quanto ao tipo de fissura

e relato de dificuldade no desempenho escolar.

Dificuldade

Tipo de fissura Sim Não Total

N % N % N %

Pré-forame 1 33,3 2 66,6 3 100

Pós-forame 1 50 1 50 2 100

Transforame 3 50 3 50 6 100

Total 5 45,4 6 54,5 11 100

Na tabela 3, verificamos que dos 3 indivíduos com fissura pré-forame apenas 1 (33%)

apresentou dificuldade no desempenho escolar, e os sujeitos com fissura pós-forame e

transforame apresentaram resultados igualitários em relação à presença ou não de dificuldade.

Os achados corroboram com os estudos de Duarte (2005) que demonstram melhor

desempenho escolar nos sujeitos com fissuras pré-forame. Tavano (1994) e Mesquita (1991),

apontam a interferência dos fatores como estética, comunicação e outros, no aprendizado de

sujeitos com fissura.

dificuldades no desempenho escolar referidas pelo professor.

Queixas N %

Leitura 4 36,3

Escrita 3 27,2

Cálculos matemáticos 4 36,3

Total 11 100

Tabela 4. Quantificação e porcentagem da amostra quanto ao tipo de

Page 51: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

38

Quanto ao relato dos pais sobre as dificuldades no desempenho escolar referidas pelo

professor, verificamos na tabela 4, uma maior ocorrência das dificuldades em leitura e

cálculos matemáticos (36,3%), seguida da dificuldade de escrita (27,2%). Os resultados estão

de acordo com os estudos de Lemos (2007) e Marcelino et al (2008) que evidenciam que a

fissura é um indicador de risco para alterações da comunicação oral e escrita, podendo

apresentar alterações nas habilidades de fonologia, semântica.

outros tipos de dificuldades referidas pelo professor.

Queixas N %

Disciplina 3 27,5

Desatenção 4 50

Relacionamentos 1 12,5

Total 8 100

Tabela 5. Quantificação e porcentagem da amostra quanto a

A tabela 5, refere-se a outras dificuldades referidas pelo professor e evidencia que a

queixa de desatenção é a de maior ocorrência (50%), corroborando com o estudo de Lemos

(2007) que revela que a fissura pode prejudicar as habilidades auditivas tais como a atenção. O

ambiente escolar pode ocasionar problemas sociais e de relacionamento na criança

interferindo no seu desempenho acadêmico (MESQUITA,1991 e TAVANO, 1994).

Tabela 6.Quantificação e porcentagem quanto a idade de ingresso escolar e

a presença de dificuldade no desempenho escolar.

Dificuldade

Ingresso escolar Sim Não Total

N % N % N %

até 3 anos 4 57,1 3 42,8 7 100

6 anos 1 50 1 50 2 100

7 anos 0 0 2 100 2 100

Total 5 45,6 6 54,5 11 100

Quanto à idade de ingresso escolar da criança com fissura e a presença de dificuldade

no desempenho escolar, os dados da tabela 6 revelaram que a maior ocorrência de dificuldade

está no grupo que ingressaram com até 3 anos (57,1%). Os dados obtidos não estão de acordo

Page 52: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

39

com os encontrados na literatura que referem que a inserção precoce na escola nos remete a

inferir a estimulação precoce destas crianças, o que estaria tendo impacto favorável no seu

desempenho escolar, relacionamento com os colegas, entre outros aspectos (DUARTE, 2005).

Tabela 7.Quantificação e porcentagem quanto a relação entre a série escolar

e a presença de dificuldade no desempenho escolar.

Dificuldade

Série Sim Não Total

N % N % N %

1º série 1 50 1 50 2 100

2º série 2 66,6 1 33,3 3 100

3º série 2 33,3 4 66,6 6 100

Total 5 45,4 6 54,5 11 100

Na tabela 7, ao relacionar a série escolar com a presença de dificuldade de

aprendizagem, observamos uma maior relato de ocorrência de dificuldade nas crianças que

estão cursando a 2º série (66,6%) em relação as da 3º série (33,3%). Na literatura pesquisada

encontramos um trabalho realizado por Zucoloto e Sisto (2002), no qual destacam que o

desempenho geral da segunda série foi inferior ao desempenho geral da terceira série,

considerando que quanto mais inicial a série, maiores as dificuldades encontradas, mas

ressaltando que a dificuldade de aprendizagem está relacionada a níveis de compreensão e à

idade, independendo da série escolar.

Tabela 8. Quantificação e porcentagem quanto a relação entre o tipo de escola

frequentada e a presença de dificuldade no desempenho escolar.

Dificuldade

Série Sim Não Total

N % N % N %

Particular 0 0 1 100 1 100

Municipal 0 0 3 100 3 100

Estadual 4 66,6 2 33,3 6 100

Industrial 1 10 0 0 1 100

Total 5 45,6 6 54,5 11 100

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40

Conforme os dados dispostos na tabela 8, observamos que há uma maior ocorrência de

dificuldade no desempenho escolar naqueles que frequentam escola estadual (66,6%) em

relação aos demais tipos de escola. A escola tem influência direta no desempenho do aluno

tanto em relação à estrutura quanto metodologia (KIGUEL, 1973; SHIELMAN;CARRAHER

e CARRAHER, 1995; FEITOZA e LUZ, 2006).

Tabela 9. Quantificação e porcentagem quanto a interferência da fissura na

frequência e no desempenho escolar segundo a concepção dos pais.

Interfere

Área escolar Sim Não Total

N % N % N %

Frequência 3 27,2 8 72,7 11 100

Desempenho 2 18,1 9 81,8 11 100

Total 5 22,7 17 77,2 22 100

A frequência é um aspecto determinante para um bom desenvolvimento e um bom

aproveitamento da criança na escola. De acordo com a tabela 9, os resultados denotam que a

maioria dos pais não acredita que a fissura interfira nem na frequência (72,7%) nem no

desempenho escolar (81,8%) dos seus filhos. Os achados do presente estudo coincidem com

os encontrados na literatura, a qual não aponta problemas com assiduidade em sujeitos com

fissura, nem percepção dos pais sobre a relação entre a fissura e o desempenho acadêmico do

filho (DUARTE, 2005 ; DOMINGUES, 2007).

Tabela 10. Quantificação e porcentagem segundo os comportamentos/atitudes

apresentados pelas crianças com fissuras frente às dificuldades encontradas.

Solicita ajuda N %

Em casa 9 75

Aos professores 1 8,3

aos colegas de classe 1 8,3

Não solicita 1 8,3

Total 12 100

Quanto ao comportamento/atitudes frente às dificuldades apresentadas pelas crianças

com fissura, apresentados na tabela 10, os pais relatam que a maioria solicita ajuda em casa

(75%). Este comportamento pode estar relacionado ao fato de o ambiente familiar ter relação

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41

direta com o desempenho; um lar acolhedor e com incentivo auxiliará o aluno a contornar as

dificuldades encontradas (SOUZA,1996; .STRICK e SMITH, 2001; CHECIA e ANDRADE,

2002).

Tabela 11. Quantificação e porcentagem de ocorrência

de apelido atribuído à criança com fissura.

Apelido N %

Sim 1 9

Não 10 90,9

Total 11 100

Na tabela 11 é possível verificar que a maioria dos pais (90,9%) não relatou que algum

apelido tenha sido atribuído ao filho com fissura. Dados da literatura relatam que é pela face

que um indivíduo se apresenta, as crianças com malformação ou cicatrizes geram nas demais

um espírito de crítica, recebendo apelido e tornando-se objeto de discriminação e preconceito

em nossa sociedade. Embora sujeitos com fissura possam apresentar problemas psicossociais

verifica-se bons ajustamentos e funcionamento psicossocial (AMARAL, 1986; MESQUITA,

1991; RIBEIRO e MOREIRA, 2005).

Quanto à participação dos pais na vida escolar do filho descrita na tabela 12, observa-

se uma participação ativa por parte dos pais, no qual 34,6 % participam de todas as reuniões;

30,7% ao participar falam sobre seu filho especificamente e 23% conversam sempre com o

Tabela 12. Quantificação e porcentagem da amostra segundo a participação dos

pais na vida escolar do filho.

Participação N %

Participa de todas as reuniões 9 34,6

Participa de algumas reuniões 2 7,6

Ao participar não fala sobre seu filho especificamente 1 3,8

Ao participar fala sobre seu filho especificamente 8 30,7

Conversa sempre com os professores sobre o desempenho do filho 6 23

Total 26 100

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42

professor sobre o desempenho do filho. A família atua de forma conjunta com a escola, a

presença dos pais na vida escolar dos filhos é indispensável, sobretudo nas reuniões realizadas

na escola (CHECHIA e ANDRADE, 2002; MIAMOMI e RIBEIRO, 2006).

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43

Conclusão

Page 57: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

44

Os dados obtidos nesse estudo demonstraram que:

1. Das 11 crianças com fissura labioplatina que compunham a amostra, 5 (45,4%) tinham

relato dos pais de queixas dos professores quanto à dificuldade no desempenho escolar;

2. A maioria dos relatos foi referente às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos

(36,3%), e no que concerne a outros tipos de dificuldades, a desatenção (50%) foi que

apresentou mais relatos de queixas;

3. Dos 3 indivíduos com fissura pré-forame apenas 1 (33%) teve relato dos pais de

dificuldade no desempenho escolar;

4. A maioria dos pais não relatou que algum apelido tenha sido atribuído ao filho com

fissura;

5. A maioria dos pais não acredita que a fissura interfira nem na frequência (72,7%) nem

no desempenho escolar (81,8%) dos filhos;

6. Verificou-se participação ativa dos pais na vida escolar dos filhos;

Em virtude do pequeno número da amostra e dos vários fatores como os ambientais,

psicológicos e metodológicos, que podem influenciar na aprendizagem da criança, não foi

possível estabelecer uma relação direta entre a dificuldade de aprendizagem e a fissura

labiopalatina. Entretanto o fato de haver pouco relato de atribuição de apelido as crianças da

amostra e as com fissura pré-forame apresentarem relatos de melhor desempenho, demonstram

a não influência do fator estética no desempenho acadêmico do portador de fissura

labiopalatina.

Com base nos resultados podemos concluir que se faz necessário uma avaliação mais

profunda de aspectos psicológicos, genético, neurológico e até mesmo metodológico para que

se possa evidenciar qualquer influência da fissura no desempenho escolar do seu portador,

bem como um acompanhamento fonoaudiológico e psicopedagógico, para garantir uma

adequada estimulação e um bom rendimento escolar de alunos com fissura labiopalatina.

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45

Referências

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Anexos

Page 67: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

54

ANEXO 1

Page 68: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

55

ANEXO 2

QUESTIONÁRIO

Nome da criança:___________________________________________________________

Série escolar:______________________________________________________________

Classificação da fissura:_____________________________________________________

Nome da mãe:_____________________________________________________________

Nome do pai:______________________________________________________________

1- Com que idade o seu filho (a) começou ir para a escola?

______________________________________________________________________

2- Qual o tipo de escola que ele (a) freqüenta?

( ) Particular

( ) Municipal

( ) Estadual

3- Em relação à freqüência escolar, o seu filho(a) é um aluno(a):

( ) Assíduo

( ) Não assíduo

4- O tratamento da fissura interferiu na freqüência escolar do seu filho (a)?

( ) Sim

( ) Não

5- Existe algum relato dos professores que seu filho (a) apresenta alguma dificuldade no

desempenho escolar?

( ) Sim

( ) Não

6- Se sim, as informações recebidas referem-se a qual dificuldade:

Page 69: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

56

( ) Leitura ( ) Cálculos Matemáticos

( ) Escrita

7- Existe relato dos professores de que ele (a) apresenta alguma dificuldade em relação a:

( ) Relacionamentos

( ) Disciplina

( ) Desatenção

( ) Outros _____________________________________________________________

8- Você acredita que a fissura interfere no desempenho escolar do seu filho(a)?

( ) Sim ( ) Não

9- Como é a sua participação na vida escolar do seu filho(a)?(Pode marcar mais de uma

opção).

( ) Participa de todas as reuniões

( ) Participa de algumas reuniões

( ) Não comparece às reuniões

( ) Ao participar das reuniões tem pouca oportunidade de falar com os professores sobre o

seu filho(a) especificamente.

( ) Ao participar das reuniões sempre fala com os professores sobre o seu filho

especificamente.

( ) Conversa sempre com os professores sobre o desempenho escolar do seu filho(a)

( ) Não obtém informações sobre a vida escolar de seu filho (a)

10- Quando encontra dificuldade seu filho (a) solicita ajuda de:

( ) Colegas de classe ( ) Em casa (pais ou irmãos)

( ) Professores ( ) Não solicita ajuda

11- Como é o comportamento do seu filho (a)?

( ) Tímido

( ) Agitado

Page 70: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

57

( ) Triste

( ) Alegre

( ) Irritado

( ) Agressivo

( ) Distraído

( ) Isolado

12- Na escola, ele já recebeu algum apelido por causa da fissura?

( ) Sim. Qual? _________________________________________________________

( ) Não

13- Qual foi a reação dele (a) frente a esta situação?

( ) Agressivo ( ) Afastou-se dos colegas

( ) Magoado ( ) Mostrou-se indiferente

( ) Outros _____________________________________________________________

OBSERVAÇÕES:_____________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

_________________________________________.

Page 71: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

58

ANEXO 3

Termo de Consentimento Pré-Informado

Eu,.....................................................................................................................................

RG......................., estado civil.....................,.........anos, residente na..............................

....................................................................................................nº............bairro..............

................................, na cidade de.....................................................................................

Declaro ter sido esclarecido(a) sobre os seguintes pontos:

1. A presente pesquisa intitulada “Dificuldades de aprendizagem em crianças portadoras

de fissuras labiopalatinas”, de autoria da aluna do curso de Fonoaudiologia do Centro

Universitário de Araraquara – UNIARA, Quezia Oliveira Ribeiro, sob a orientação da Fga

Maria Luisa Miceli Silveira Leite, tem por objetivo identificar possíveis problemas

escolares em crianças portadoras de fissuras labiopalatinas que possam dificultar o

desenvolvimento da comunicação escrita.

2. Para a obtenção dos dados desta pesquisa será utilizado um questionário elaborado pela

pesquisadora, que será respondido pelos pais das crianças portadoras de fissuras

labiopalatinas, na residência do sujeito em horário pré estabelecido de acordo com a sua

disponibilidade.

3. A participação nesta pesquisa está vinculada ao meu consentimento e a minha vontade.

Fui orientado (a) pela pesquisadora de que poso retirar o meu consentimento em qualquer

momento.

5. O questionário não possui qualquer conotação moral e /ou religiosa. Não apresenta

qualquer risco a minha saúde (física e psíquica) e ao meu bem estar geral, assim como em

relação a meu/minha filho (a).

6. Não terei qualquer despesa se consentir na participação da pesquisa, assim como, não

terei qualquer gratificação da mesma espécie pela participação na mesma.

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59

7. Os dados como, nome e idade serão mantidos em sigilo e não haverá nenhum registro de

imagem ou som.

8. Os resultados serão utilizados pelas pesquisadoras com a finalidade de contribuição

científica.

9. A qualquer momento, se houver dúvidas, fui orientado (a) a procurar pelas duas

pesquisadoras Maria Luisa Miceli Silveira Leite e Quezia Oliveira Ribeiro, através dos

telefones: (16) 3382 3766 e/ou (16) 8809 2796.

Ciente dos esclarecimentos prestados, consinto participar do estudo “Dificuldades de

aprendizagem em crianças portadoras de fissuras labiopalatinas”, na qualidade de voluntário

(a).

..........................., ............de ..........................de...........

Assinatura:

Page 73: Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas

60

ANEXO 4

TERMO DE CONSENTIMENTO INSTITUCIONAL

Ilma Sra.

Fga. Luciana Andrade Tebet

Presidente da ADAF-RP

Eu, Quezia Oliveira Ribeiro, RG 15.467.033, aluna do 4º ano do Curso de

Fonoaudiologia do Centro Universitário de Araraquara – UNIARA, solicito consentimento

para analisar os prontuários dos pacientes desta Instituição, diagnosticados como portadores de

fissuras labiopalatinas, cuja finalidade é o desenvolvimento do meu Trabalho de Conclusão de

Curso (TCC), intitulado "Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras

Labiopalatinas", orientado pela professora Fga Maria Luisa Miceli Silveira Leite.

Responsabilizo-me pelo sigilo dos dados, sem divulgação dos nomes dos pacientes

dentro dos preceitos éticos da Fonoaudiologia e também pela entrega dos resultados à esta

Instituição e a divulgação no meio científico. Responsabilizo-me também a manter a

organização dos prontuários e/ou ambientes utilizados, bem como cumprir os horários

estabelecidos.

Araraquara,_____de____________de 2009

___________________________ ___________________________

Quezia Oliveira Ribeiro Maria Luisa Miceli Siveira Leite

Aluna Orientadora

Eu, Luciana Andrade Tebet Presidente da Associação de Deficiente Auditivos e Fissurados de

RibPreto,(ADAF-RP), autorizo a aluna.............................................................. a desenvolver

sua pesquisa, neste Centro para o desenvolvimento do seu Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC).

Assinatura: Data: