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DIREITO PENAL I Prof. Dr. Urbano Félix Pugliese O crime consumado e tentado

Direito penal i consumação e tentativa

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DIREITO PENAL IProf. Dr. Urbano Félix Pugliese

O crime consumado e tentado

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O crime consumado e tentado:Art. 14 - Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

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Fases de realização do delito (Iter criminis): Interna: 1ª Fase: Cogitação (cogitatio): Quando há apenas

a elucubração a respeito dos fatos criminosos (não há qualquer punição; ex. O indivíduo pensa a respeito do delito);

Externa: 2ª Fase: Preparação: Quando há a reunião de todos os elementos para consumar o delito (ex. pega a corda, compra a arma, observa a vítima; em regra não há punição; mas, o legislador pode punir a fase preparatória excepcionalmente, como na associação criminosa (art. 288/CP)); 3ª Fase: Execução: Quando há o início do verbo nuclear do tipo penal (já há punição); e 4ª Fase: Consumação: Quando o indivíduo reúne todos os elementos da definição legal.

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Resumindo o Iter criminis: 1ª Fase: Cogitação; 2ª Fase: Preparação; 3ª Fase: Execução; 4ª Fase: Consumação; Entre as fases executória e consumatória há

diversos institutos jurídico-penais, tais como: a) Tentativa; b) Desistência voluntária e c) Arrependimento eficaz; Estudaremos, também, o arrependimento posterior; e

Há a fase de exaurimento (que não faz parte do iter criminis).

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Organizando o Iter criminis:1ª Fase: Cogitação

2ª Fase: Preparação

3ª Fase: Execução

4ª Fase: Consumação

Tentativa/Desistência voluntária/Arrependimento eficaz

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Critério para o início da fase executória : a) Objetivo formal ou formal: A execução

começa quando o indivíduo realiza o verbo típico do tipo (nosso CP com mitigações); e

b) Objetivo-individual: A execução começa quando o indivíduo inicia o plano delitivo (ex. seria início da execução do delito um grupo que, em um carro, estivesse a caminho do banco para realizar um assalto). 

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O crime consumado:Art. 14 - Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Elementos do tipo penal: a) Objetivos; b)

Subjetivos e c) Normativos; Crimes materiais se consumam quando há o

resultado naturalístico pedido no tipo penal (resultado jurídico = naturalístico); e

Crimes formais/mera conduta se consumam com o verbo típico por que não carecem de resultado naturalístico para ter resultado jurídico.

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O crime tentado:Art. 14 - Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços; Circunstância alheias à vontade do agente

impedem o delito (frase: quero, mas não posso); e

Aplica-se a mesma pena do crime consumado diminuída de 1/3 a 2/3.

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Elementos do crime tentado: a) Início da execução; b) Presença do dolo; c) Não consumação por circunstâncias

alheias à vontade do agente; e A tentativa é uma norma de extensão

(adequação típica indireta/mediata ou por subordinação).

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A pena do crime tentado: Quanto à pena há duas teorias a respito: 1ª Teoria: objetiva (realística): Fundamenta-se no

perigo do dano acarretado (adotada pelo nosso CP); Leva-se em conta o percurso do iter criminis; 2ª Teoria: subjetiva: O que importa é o elemento

subjetivo do tipo penal para se ter a punição (Foi adotada pelo CP quando determina a mesma pena do crime tentado e consumado; ex. Evasão mediante violência contra a pessoa Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:  Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.

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ITER

CRI

MINIS

A pena do crime tentado:

Início da ação

Consumação - 33%

- 40%

- 50%

- 66%

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Classificação da tentativa: Imperfeita (inacabada): Quando a fase

executória é interrompida por um terceiro; Perfeita (acabada/crime falho/delito

frustrado): Quando a fase de execução é esgotada e mesmo assim não há a consumação do crime;

Incruenta (branca): Quando não há lesão ao bem jurídico tutelado; e

Cruenta (vermelha): Quando há lesão ao bem jurídico tutelado.

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Outros nomes:

Tentativa inidônea = crime impossível; Tentativa abandonada: Desistência

voluntária e arrependimento eficaz; e Tentativa fracassada: O agente desiste de

continuar a execução até a consumação do delito por reconhecer que os meios não são o bastante para consumar o delito.

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Não há tentativa: Crimes culposos; Crimes preterdolosos (preterintencionais); Contravenções penais; Unissubsistentes; Omissivos próprios; Crimes em que só há punição quando ocorre

o resultado (crimes condicionados); Habituais; e Crimes de atentado (quando a tentativa é

igual ao crime consumado).

Macete: CHOUPA

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Desistência voluntária e arrependimento eficaz:Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados; Desiste de prosseguir na execução:

Desistência voluntária; e Impede que o resultado (naturalístico) se

produza: Arrependimento eficaz.

       

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Desistência voluntária e arrependimento eficaz: São chamadas de “tentativas abandonadas”

ou qualificadas; Voluntariamente ≠ Espontaneamente

(sponte sua): própria vontade (não precisa ser espontâneo);

Responde apenas pelos atos já praticados; O arrependimento eficaz é chamado de

arrependimento ativo ou resipiscência; e O agente arrepende-se e não permite a

consumação do delito.

       

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Arrependimento posterior:

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços; Não está mais na linha do iter criminis; e Comunica-se ao coautor o arrependimento

posterior.

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Requisitos do arrependimento posterior: 1) Crime cometido sem violência ou grave

ameaça à pessoa; 2) Reparação do dano ou restituição da coisa

(caso seja parcial não haverá diminuição do total);

3) Ato voluntário (não precisa ser espontâneo); e

4) Até o recebimento da inicial (caso seja posterior funciona como atenuante genérica).

       

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Outros “arrependimentos”: Art. 312, § 3º. peculato culposo: “No caso do

parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.”;

Súmula 554/STF: “O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal”; e

Pagamento de tributos.

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O crime impossível:Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime; Chamado de “quase crime”, “tentativa

inidônea”, “tentativa inadequada”, “tentativa inútil” ou “crime oco”;

Elementos do crime impossível: 1) Absoluta impropriedade do objeto; ou 2) Absoluta ineficácia do meio de execução; e Não haverá tipicidade no crime impossível

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Teorias do crime impossível: a) Teoria sintomática do crime impossível

(perigosidade do agente): O agente deve ser punido por que demonstrou perigosidade;

b) Teoria subjetiva do crime impossível (intenção do agente): O agente deve ser punido por que revelou vontade de praticar o crime;

c) Teoria objetiva do crime impossível: O agente não deve ser punido por que não causou perigo aos bens penalmente tutelados;

c1) Objetiva pura: Os elementos podem ser relativos; e

c2) Objetiva temperada: Os elementos devem ser absolutos.

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Flagrante preparado:Também chamado de “crime de ensaio”,

“delito de laboratório”, “crime putativo por obra do agente provocador” ≠ fragrante esperado (quando há uma intervenção predisposta da autoridade);

Súmula 145/STF: “Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”; e

Policial que simula ser comprador de drogas não faz flagrante preparado por que há outros verbos típicos.