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Quando aqui cheguei, Santo Deus! Como eu vinha! Nem mesmo eu sei que doença era a minha… Em “Os Males de Anto” 1886/89 Carta a Justino de Montalvão em 1998: O que me têm feito! O que me tem acontecido! Todos a fugirem da minha tosse. Deus castigou-me. Quando eu era feliz e apenas tinha arranhaduras dos 19 anos, escrevia “os Males de Anto” exagerando tudo. Agora é que eu os sinto, depois de os ter expresso em literatura.

Doença de António Nobre | Biblioteca Municipal de Mondim

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30 de Abril de 2014 na Biblioteca Municipal de Mondim

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Quando aqui cheguei, Santo Deus! Como eu vinha!Nem mesmo eu sei que doença era a minha…

Em “Os Males de Anto” 1886/89

Carta a Justino de Montalvão em 1998:

O que me têm feito! O que me tem acontecido! Todos a fugirem da minha tosse.Deus castigou-me. Quando eu era feliz e apenas tinha arranhaduras dos 19 anos,escrevia “os Males de Anto” exagerando tudo. Agora é que eu os sinto, depois de os ter expresso em literatura.

Doença muito frequente nessa época

A Tosse era o sintoma dominante

A seguir à tosse, vinham as hemoptises

Depois a palidez, o emagrecimento

E por fim a morte, em grande número de casos

Que ocorria mais pelo “cair da folha”

NOBRE conhecia bem a TUBERCULOSE

NOBRE e a Tuberculose

• Poema Boa Nova• Andas magrinha, andas rouca/ Tosses tanto tanta vez

• Deitas sangue pela boca / O Outono é daqui a um mês

• Poema “Vai-te em Paz”• À beira mar em sonhos eu dormia/ Alta ía a lua no cerúleo trono

• O mar cuspindo vagalhões tossia/ Como tossem os tísicos no Outono

• Ao Canto do Lume• Mês de Novembro! Mês dos Tísicos! Suando

• Quantos a esta hora não se estorcem a morrer!

• Vê-se os padres as mãos contentes esfregando

• Mês em qua a cera dá mais, e a botica, e quando

• Os carpinteiros tem mais obra pra fazer!

“A Pobre Tysica !”

Quando ella passa à minha porta,Lívida, magra, quasi mortaE vae até à beira-marLábios brancos, olhos pizados,Meu coração dobra a finados, Meu coração põe-se a chorar

……………………….

Em 1895, Nobre sente-se doente, e o seu médicono Porto, faz-lhe o diagnóstico de Tuberculose.

Vão ser 5 anos de calvário, em busca de uma cura que nunca aconteceu, bem pelo contrário.

A doença vai afectar a sua obrapoética, que daí para a frentese vai resumir a alguns poemassem a qualidade fantástica dostrechos do “SÓ”.

NOBRE vai tratar-se para a Suíça em1895, a conselho dos médicos e da família. Tem restrições financeiras e

vai ser o seu irmão Augusto e a irmã Maria da Glória que o irão

acompanhar mais de perto nessasituação crítica, que irá durar 5 anos

Aí irá alugar um quarto, depois outro e mais outro, à procura do que não

consegue encontrar: a cura para a suadoença.

Volta a Portugal e ouve dizer que o armarítimo opera milagres e projecta aviagem a Nova Iorque, onde irá passara maior parte do tempo numa cadeira

no deck do navio em contacto com o ar.

A Viagem a Nova Yorque

Chegou aqui em 26 de Maio de 1897visitou algumas cidades americanas

mas regressou de seguida.Em fins de Junho chegou ao Porto, no

vapôr “D. Maria”.

Fez depois uma pequena cura de águas nas Termas de S. Vicente.

Entretanto sente que o Norte não lhe dáa saúde que ele quer e parte para o SulOnde vai passar mal, escorraçado dos

Hotéis por onde passa. A Madeira é o seu próximo pouso.

NOBRE na Madeira

Em 22 de Fevereiro de 1898, umaTerça feira de Carnaval, escreve a sua primeira carta do Funchal

Aí se vai manter até 24 de Abrilde 1889, contra a sua vontade.Regressa para experimentar umsoro novo em que ele acreditamas não passa de um placebo.

Em face de novo agravamento dadoença, resolve voltar para a

Suíça.

Foto de António Nobre de novo na Suíça

A ida em Setembro de 1899 para a Suíça deve-se a dois factores fundamentais:Primeiro um agravamento rápido da sua doença, com repetição da extensão da

doença à pleura, depois porque em Agosto aparece a epidemia de Peste Bubónica no Porto, e o seu médico aconselha-o a sair.

O chapéu de palhinha foi adquirido na Madeira

Em Dezembro de 1899, Nobre regressa a Portugal

Desesperado, volta a Portugal, e procura de novo o Sul.Na foto: em Cascais já na fase final da vida, com os amigos

Nobre regressa ao Porto pela ultima vez. Tem uma brevepassagem pela sua casa do Seixo, e no dia 17 de Março,Augusto, vai buscá-lo à pressa, já nos momentos finais

da sua vida.

António Nobre Faleceu na sua casa de Carreiros na Foz do Douro, no dia 18 de Março de 1900, pela manhã.

Era um dia triste e chuvoso.

As exéquias foram rezadas naIgreja da Ordem da Trindade no

Porto, perante familiares e alguns amigos.

Está sepultado em Leça da Palmeira

Nobre é um poeta recordadoem muitos dos locais por

onde passou

Porto, Penafiel, Funchal, Leça, Póvoa de Varzim, Coimbra

Busto da autoria de Tomás CostaContemporâneo de Nobre.

Jardim António Nobre/ Miradourode Alcântara

Paris Rue des Écoles

Penedo da Saudade Coimbra

Conjunto de esculturas da Praia da Boa Nova em Leçafeitas em 1974 por mestre Barata Feyo