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Produção de Suportes Midiáticos para a Educação Direitos Autorais e Educação CCA0296 - Prof. Richard Romancini

Educação e Direitos autorais

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Produção de Suportes Midiáticos para a Educação Direitos Autorais e Educação

CCA0296 - Prof. Richard Romancini

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História • Não houve na Antiguidade ou na Idade Média

nada que se assemelhasse ao moderno sistema de direitos autorais.

• O surgimento destes relaciona-se a motivações políticas e econômicas, catalisadas pela criação e difusão da tipografia, a partir do século XVI.

• Marcos importantes: Inglaterra - Statute of Anne (Estatuto da Rainha Ana), de 1710; França - decreto que regula direitos dos autores, 1789; e a Convenção de Berna (1886) que ainda serve como matriz para as leis dos países signatários.

Fontes: Paranaguá e Branco (2009) imagem - Wikimedia

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Fundamento • A ideia força de defesa do copyright e

dos direitos autorais é ser um instrumento que contrabalance benefícios aos autores e à sociedade.

• O instrumento serviria como um estímulo à criação e, portanto, ao próprio compartilhamento do conhecimento.

• Entretanto, o fundamento político (a atribuição e responsabilização penal de um autor) também justifica o sistema.

Fonte imagem: Copyright & Creativity

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A tradição do direito autoral no Brasil - 1 • Os estudiosos costumam dividir a história do

direito autoral (DA) no Brasil em três fases: de 1827 a 1916, de 1916 a 1973 e desse ano aos nossos dias.

• 1ª lei a fazer referência ao tema: Lei de 11 de agosto de 1827.

• Esta lei possui relação com a educação, pois objetivara criar os dois primeiros cursos superiores no Brasil (de Direito, em SP e Recife) e estabelece um privilégio de dez anos para as “notas de aula” dos professores.

Fontes: Paranaguá e Branco (2009) Mizukami et al. (2008)

imagem - remix de Ingeniería Adhoc

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A tradição do direito autoral no Brasil - 2 • Precoce criminalização de infrações, até não comerciais (Cód. Criminal

de 1830). • Primeira lei específica: Lei nº 496/1898 (Lei Medeiros e Albuquerque),

revogada pela Código Civil de 1916, que regulou temas sobre a matéria.

• Nova legislação unificada surge em 1973 (Lei nº 5.988). • No novo marco constitucional, foi aprovada a Lei nº 9.610, de 19 de

fevereiro de 1998, vigente na atualidade (há discussão para a votação de uma nova lei).

• Embora as constituições brasileiras geralmente tenham feito menções ao tema, a falta de uma racionalidade explícita das legislações brasileiras é criticada.

• As leis no Brasil possuem, porém, maior influência do direito continental (DA).

Fontes: Paranaguá e Branco (2009) Mizukami et al. (2008)

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Copyright e Droit d’auteur (direito de autor) • Embora possam ser vistos como

sistemas complementares, o modelo do copyright (ou anglo-americano) e o dos direitos autorais (ou continental) possuem ênfases e conceitos diferentes.

Copyright: Surge com a preocupação fundamental de proteger o direito de cópia, assim, enfatiza o direito patrimonial. As exceções estão no âmbito do fair use.

Direito autoral: Além da dimensão patrimonial, destaca o direito moral do autor - a obra é uma expressão de sua personalidade que a lei procura proteger (ex: prédio da ECA). Exceções estão na letra legal.

Fontes: Paranaguá e Branco (2009) imagem - Wikimedia

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Educom e suportes como âmbito formativo/contexto profissional

• O projeto pedagógico do curso abriga a ideia de que o licenciado atue tanto como professor quanto consultor e/ou pesquisador.

• Enquanto professor, o uso e a mediação pedagógica competente relacionados aos suportes é uma capacidade que a reflexão do curso pode ajudar a desenvolver.

• A profissionalidade do educomunicador poderá, ainda, envolver a formação de outros educadores, o que no campo dos suportes midiáticos tem inúmeras facetas (em função da própria diversidade dos professores). Valores discutidos adiante podem tornar essa formação mais significativa.

• Não será surpreendente, por outro lado, que o educomunicador atue como produtor, seja com seus alunos, seja em diferentes espaços profissionais (editoras, produtoras, etc.).

Fontes imagem - Introdução à educação digital (2008)

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O desafio das novas tecnologias - 1 • O surgimento, no final do século XX, das

tecnologias digitais impactou as LDAs, pela maior facilidade de cópia.

• O uso (sampling, remix, etc.) e a distribuição de conteúdos protegidos também é um elemento do debate.

• A tendência a criminalizar condutas fora da lei ganha força, principalmente nos EUA (Napster, The Pirate Bay, etc.).

• Surgem tecnologias que empoderaram os usuários (p2p, torrent, etc.), mas a indústria cria também novas formas de controle (“travas tecnológicas” como o DRM).

Fontes: Paranaguá e Branco (2009) imagem - Modern Humorist

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História dos suportes/recursos educativos - 2

• Maior poder dos usuários comuns – inclusive professores e estudantes – decorre do barateamento das tecnologias.

• Indústria e intermediários perdem, já que os autores agora podem relacionar-se diretamente com seu público.

• Surgem, assim, oportunidades para novos modelos de negócio (tecnobrega, casos Artic Monkeys e Radiohead, etc.) e de produção cultural/educativa, caso da Wikipédia.

Fontes: Paranaguá e Branco (2009) filme - Brega SA

https://www.youtube.com/watch?v=z9KHrXJXnRw

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Objeto e abrangência da Lei de Direitos Autorais (LDA) - 1

• A LDA protege a expressão das ideias, e não a ideia em si, ou seja, esta precisa ser exteriorizada em algum formato (livro, pintura, filme, etc.).

• Obra deve ter “originalidade”, embora esta não tenha que ser absoluta (Romeu e Julieta foi baseada numa história anterior e, por sua vez, deu origem a outras obras “originais”).

• A proteção legal se dá por um prazo determinado (no Brasil, a vida do autor, mais 70 anos contados a partir de sua morte). Depois, a obra cai em Domínio Público.

Fontes: Paranaguá e Branco (2009) imagem - Wikimedia

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Objeto e abrangência da Lei de Direitos Autorais (LDA) - 2

• Obras derivadas (tradução, arranjo ou interpretação musical, adaptações, etc.) também gozam da proteção ao direito autoral.

• Nenhuma obra precisa ser registrada para ser protegida pela LDA, basta ser exteriorizada; mas o registro pode ajudar a esclarecer controvérsias.

• A LDA não abrange a propriedade industrial (“marcas e patentes”), que possui legislação específica (Lei nº 9.279/96), nem o direito de imagem (protegido constitucionalmente, conforme o art. 5º, X).

• O âmbito patrimonial do direto autoral pode ser licenciado a outra pessoa física ou jurídica, mas não o direito moral.

Fonte: Paranaguá e Branco (2009)

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Exceções e restrições aos Direitos Autorais

• Nesse sentido, práticas educacionais correntes são contempladas. Porém, existe um grande problema que é a redação ambígua da lei, p.ex., a prática da cópia de partes de livros é abonada, mas somente de “pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro”.

• Porém, ainda que depende muito de interpretações, a lei possui brechas para o trabalho educativo.

Fontes: LDA imagem - Opinião e Notícia

• O Art. 46 da LDA estabelece o que “Não constitui ofensa aos direitos autorais” – a parte positiva da lei, o que é permitido.

• As exceções envolvem a reprodução, a citação e o uso de itens protegidos para fins de circulação de informações e estudo, geralmente sem fins lucrativos.

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Modelos alternativos de licenciamento • Um ponto dos debates atuais é o quanto a

atual LDA pode estar em conflito com direitos constitucionais mais amplos, particularmente os sociais (à educação, à cultura, etc.).

• Este é um aspecto em que, talvez, ocorra algum avanço na nova LDA a ser votada.

• Independente disso, artistas, criadores e educadores podem recorrer a modelos alternativos de licenciamento de direitos autorais – tanto em termos de uso quanto de criação –, como o Copyleft ou o Creative Commons.

Fontes: Branco e Britto (2013) imagem - remix de Ingeniería Adhoc https://www.youtube.co

m/watch?v=izSOrOmxRgE

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Papel dos educadores • É importante que os professores se informem sobre o tema,

evitando os discursos hiper-restritivos (por vezes, estimulados por “campanhas educativas” de indústrias interessadas no tema). É mais útil:

• Estimular discussões “sobre como as leis de direitos autorais funcionam, como estas leis podem de fato proteger o trabalho dos criadores e seus ganhos – o que é necessário – e como as corporações podem tornar uma justa proporção de seu trabalho disponível à criatividade cultural” (Knobel et al., 2010, p. 223).

• Colaborar com o desenvolvimento de “bússolas éticas” pelos estudantes.

• Apresentar aos alunos possibilidades de trabalho criativo com os recursos disponíveis, tanto pelas exceções da LDA, quanto pelos conteúdos com licenças de teor mais público.

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Referências Branco, S.; Britto, W. (2013) O que é Creative Commons? Novos

modelos de direito autoral em um mundo mais criativo. Rio de Janeiro: Editora FGV. Disponível em link.

Knobel, M.; Lankshear, C.; Lewis, M. (2010) AMV Remix: Do-it-yourself anime music videos. In: Knobel, M.; Lankshear, C. (eds.). DIY Media. New York, Peter Lang, p. 205-229.

Mizukami, P. N.; Lemos, R.; Magrani, B.; Souza, C. A. P. de. (2008) Exceptions and limitations to copyright in Brazil: a call for reform. In: Shaver, L. (ed.). Access to knowledge in Brazil. New Haven: Information Society Project, Yale Law School, p. 67-114. Disponível em link.

Paranaguá, P.; Branco, S. (2009) Direitos autorais. Rio de Janeiro: Editora FGV. Disponível em link.