30
236 3.4 ARRANJOS PRODUTIVOS DE INFORMÁTICA: BLUMENAU, FLORIANÓPOLIS E JOINVILLE José Antônio Nicolau * Carla C. R. de Almeida ** O presente trabalho tem por objetivo identificar a trajetória e estrutura atual dos três Arranjos Produtivos locais (APLs) na área de informática, com concentração em software, que vem se estruturando no Estado de Santa Catarina, nas cidades de Blumenau, Florianópolis e Joinville, bem como avaliar suas possibilidades competitivas. A localização dos municípios que compõe o APL pode ser visualizada na Figura 3.4.1 abaixo. Para tanto, após explanação sobre as origens, características da produção, recursos humanos, empresas e atores institucionais existentes, busca-se contextualizar o surgimento, a evolução dos três APLs e seu posicionamento dentro do cenário de difusão mundial da indústria de informática, daí resultando indicações de política de apoio. Joinville Blumenau Florianópolis Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina. Figura 3.4.1 - Localização dos APLs de informática do estado de Santa Catarina - 2005 O trabalho encontra-se dividido em duas seções, constituídas e desdobradas conforme segue. A seção dois trata da formação e estrutura atual dos APLs nos seguintes termos: após breve identificação das características setoriais, são apresentadas a origem e trajetória de cada um dos APLs, a estrutura de empresas e de produção e, finalmente, a estrutura institucional e sua base de recursos humanos. Em seguida, a seção três destaca, de início, o padrão de * Professor dos Cursos de Graduação e Pós-graduação – Mestrado – em Economia da Universidade Federal de Santa Catarina. ** Mestranda em Economia na Universidade Federal de Santa Catarina.

Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

Embed Size (px)

DESCRIPTION

El presente documento describe la experiencia sobre los APLs de Informática, en Florianopolis y Joinville. Estudio realizado en 2005.

Citation preview

Page 1: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

236

3.4 ARRANJOS PRODUTIVOS DE INFORMÁTICA: BLUMENAU, FLORIANÓPOLIS E JOINVILLE

José Antônio Nicolau ∗

Carla C. R. de Almeida**

O presente trabalho tem por objetivo identificar a trajetória e estrutura atual dos três

Arranjos Produtivos locais (APLs) na área de informática, com concentração em software,

que vem se estruturando no Estado de Santa Catarina, nas cidades de Blumenau, Florianópolis

e Joinville, bem como avaliar suas possibilidades competitivas. A localização dos municípios

que compõe o APL pode ser visualizada na Figura 3.4.1 abaixo. Para tanto, após explanação

sobre as origens, características da produção, recursos humanos, empresas e atores

institucionais existentes, busca-se contextualizar o surgimento, a evolução dos três APLs e

seu posicionamento dentro do cenário de difusão mundial da indústria de informática, daí

resultando indicações de política de apoio.

Joinville

Blumenau

Florianópolis

Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina. Figura 3.4.1 - Localização dos APLs de informática do estado de Santa Catarina - 2005

O trabalho encontra-se dividido em duas seções, constituídas e desdobradas conforme

segue. A seção dois trata da formação e estrutura atual dos APLs nos seguintes termos: após

breve identificação das características setoriais, são apresentadas a origem e trajetória de cada

um dos APLs, a estrutura de empresas e de produção e, finalmente, a estrutura institucional e

sua base de recursos humanos. Em seguida, a seção três destaca, de início, o padrão de

∗ Professor dos Cursos de Graduação e Pós-graduação – Mestrado – em Economia da Universidade Federal de Santa Catarina. ** Mestranda em Economia na Universidade Federal de Santa Catarina.

Page 2: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

237

concorrência setorial, o mercado mundial e o posicionamento do Brasil, para, ao final, avaliar

as possibilidades competitivas e as principais barreiras ao desenvolvimento dos APLs

catarinenses.

3.4.1 Formação e estrutura atual dos APLs catarinenses

3.4.1.1 Contexto internacional

Os arranjos produtivos de informática de Blumenau, Florianópolis e Joinville

apresentam alguns traços comuns em suas origens, trajetórias e estrutura atual, ao lado de

diferenças importantes que outorgam um caráter singular a cada experiência. O traço comum

mais marcante é que os três aglomerados constituem-se em experiências locais de difusão da

indústria de informática e, como tais, ostentam uma nítida dependência em relação à trajetória

da indústria mundial. Antes do exame dos APLs catarinenses, é importante uma breve

contextualização, destacando os principais momentos de expansão da indústria mundial.

A hoje denominada indústria de software nasceu a partir da indústria de computadores.

Como ocorreu em outras indústrias, a indústria de computadores nasceu integrada, seguindo-

se, progressivamente, desmembramentos em diferentes componentes, entre os quais, o

software. A indústria teve sua trajetória determinada pelos avanços na tecnologia

microeletrônica, com a produção em série de circuitos integrados e chips de menor tamanho e

maior velocidade, possibilitando a passagem dos grandes computadores, para os mini e para

os microcomputadores, com crescente alargamento do mercado. Pode-se destacar os

momentos centrais nessa trajetória: domínio dos grandes computadores até a década de 1970

produzidos pela IBM; produção de minicomputadores nos anos 70; produção de

microcomputadores a partir dos anos 80 e forte expansão nos anos 1990, favorecendo, então,

a constituição de rede mundial interligando toda essa base instalada de computadores – a

internet.

Restringindo-se à indústria de software, uma preocupação inicial é caracterizar o

produto dessa indústria e apresentar a classificação convencional existente. De forma geral, o

software pode ser classificado de acordo com a plataforma de hardware respectiva,

distinguindo-se softwares para computadores de grande porte, para mini e para

microcomputadores e para equipamentos eletrônicos diversos, como smart cards, etc. Os

programas distinguem-se, também, em função da linguagem de programação adotada e

podem ser classificados pela sua posição hierárquica na programação, distinguindo-se, grosso

Page 3: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

238

modo, os "sistemas operacionais", que estão na base da hierarquia, os softwares de suporte ou

ferramentas e os "softwares aplicativos".

O software pode ser classificado segundo o segmento de mercado a que se destina:

pode ser destinado a setor específico (bancário, comercial, gestão, educacional etc.) tendo

assim uma dimensão setorial ou vertical, ou pode atender indistintamente a diferentes setores

(processamento de texto, planilha eletrônica, acesso à internet etc.), assumindo, assim, uma

dimensão multi-setorial ou horizontal.

Podem ser feitos cruzamentos entre as classificações acima, o que permite, em muitos

casos, uma melhor identificação da natureza do produto. Dessa forma, o software pacote de

uso horizontal ou geral (como os sistemas operacionais, planilhas eletrônicas, etc.), dado o seu

grande potencial de vendas, é chamado de "pacote best-seller" e é dominado por empresas de

grande porte. Por sua vez, os pacotes de dimensão vertical ou setorial, freqüentemente,

exigem customização, ou pelo menos treinamento do usuário e serviços de implantação, o que

os aproxima do software sob encomenda, sendo, em geral, produzidos por empresas de porte

menor, embora haja também grandes empresas especializadas em softwares verticais, sendo

exemplo o segmento de gestão empresarial.

Tentando uniformizar as estatísticas disponíveis nos diversos países, a OCDE tem

apresentado uma classificação básica em alguns de seus estudos (OCDE, 1998a). As

atividades da chamada “indústria de serviços de computador” estão classificadas na divisão

72 da International Standard Industrial Classification (ISIC). Por sua vez, seus produtos são

classificados na divisão 84 da Central Product Classification (CPC). Com base na CPC, os

produtos e serviços da indústria são assim classificados:

841 - Produtos de software pacote. Incluem os softwares de sistemas operacionais e de

ferramentas (CPC 8411) e os softwares aplicativos (CPC 8412).

842 - Serviços profissionais. Compreendem os serviços relacionados à instalação de

hardware (CPC 8421), serviços de consultoria técnica em sistemas de computação (CPC

8422), serviços de desenvolvimento de software customizado ou sob encomenda (CPC 8423),

serviços de programação e análise de sistemas (CPC 8424), serviços de gerenciamento de

instalações de computadores (CPC 8425), serviços de manutenção de sistemas (CPC 8426) e

outros serviços profissionais (CPC 8429).

843 - Serviços de processamento de dados. Compreendem serviços de tabulação e

processamento de dados (CPC 8431), serviços de entrada de dados (CPC 8432) e outros

serviços de processamento (CPC 9439).

Page 4: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

239

844 - Serviços de base de dados. Incluem a provisão on-line de dados e os serviços de

rede para acesso a bases de dados.

845 - Serviços de manutenção e reparos de computadores. Incluem a manutenção de

equipamentos.

849 - Outros serviços de computação.

Dentro dessa ampla gama de serviços relacionados à computação, a indústria de

software restringe-se às divisões CPC 841 - software pacote, CPC 8423 - software sob

encomenda e CPC 8424 - programação e análise de sistemas.

3.4.1.2 Surgimento e trajetória dos APLs catarinenses

Como as demais indústrias de Santa Catarina, a indústria de informática encontra-se

geograficamente concentrada, fornecendo motivação para estudos sob o enfoque de arranjos

produtivos locais. As cidades de Blumenau, Florianópolis e Joinville abrigam, hoje, indústrias

de software, com origem e dinamismo que podem ser associados a particularidades locais:

enquanto o núcleo industrial de Florianópolis desenvolveu-se com base na sua proximidade

da Universidade Federal de Santa Catarina e empresas estatais, as aglomerações de Joinville e

Blumenau foram estimuladas pelas necessidades das empresas locais dessas duas cidades

industriais. Trata-se das três maiores cidades do Estado, que reúnem, em conjunto com as

cidades próximas, cerca de 1/3 da população estadual (1,6 milhões de pessoas residentes em

2001). As origens e trajetória histórica dos APLs são apresentadas a seguir.

3.4.1.2.1 de Blumenau1

A empresa Centro Eletrônico da Indústria Têxtil (CETIL), criada por empresas do

setor têxtil local, e a Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) estão nas

origens do APL de Blumenau, com atuação destacada, ainda na década de 1970, na difusão

inicial de conhecimentos de informática: a CETIL, dado o predomínio da plataforma

mainframe à época, foi criada em 1969 por um grupo de 13 empresas têxteis para atuar na

área de serviços como bureau de processamento de dados, chegando a ser considerado o

1 As informações que constam desta seção, sobre a origem e trajetória do aglomerado de software de Blumenau, foram quase todas extraídas de Blusoft (2001).

Page 5: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

240

maior bureau privado da América Latina; a FURB começou sua atuação no ensino superior

de informática, tendo criado em 1973 o primeiro curso universitário, nessa especialidade, de

Santa Catarina e o terceiro do país. A partir do final da década de 1970, com a mudança, de

nível mundial, para as plataformas de mini e microcomputadores e o correspondente

surgimento de uma indústria independente de software, há uma migração natural do pessoal

local especializado para a abertura de empresas de software.

A trajetória do APL de Blumenau foi marcada por alguns fatos notáveis de

pioneirismo: a) lançamento do primeiro software-pacote brasileiro pela empresa local WK

Sistemas em 1985; b) lançamento de processador de texto “fácil” pela empresa local Fácil

Informática no final da década de 80, que perdeu mercado posteriormente com o domínio

mundial do processador “Word”; c) em 1991, foi criada pela Prefeitura Municipal a

“Comissão para Desenvolvimento do Setor de Software”, do que resultou a Fundação Blusoft

(1992) para apoiar e coordenar o setor, passando (em 1993) a integrar o programa nacional

Softex e gerenciar incubadora de empresas; d) desde 1998, Blumenau sedia a feira Coninfo,

terceira do Brasil. Atualmente, o APL de Blumenau reúne empresas voltadas a

desenvolvimento de produtos para a gestão empresarial, particularmente para a gestão de

empresas de menor porte.

3.4.1.2.2 APL de Florianópolis

De forma distinta à Blumenau, o APL de Florianópolis teve, em suas origens, os

investimentos feitos por entidades do setor público. A história remonta aos anos 70, quando

existiam na cidade três agentes pioneiros: a UFSC e duas empresas estatais nos setores de

telecomunicações e geração e transmissão de energia elétrica – Telecomunicações de Santa

Catarina (TELESC) e Centrais Elétricas do Sul do Brasil (ELETROSUL). Deste tripé

formado originaram-se as primeiras empresas da área de informática de Florianópolis

(merecem menção as empresas Intelbrás e Dígitro, no setor de equipamentos de

telecomunicação) e uma segunda geração de instituições fomentadoras de empresas de alta

tecnologia: Fundação Certi, criada junto à UFSC em 1984 com o apoio em parte com recursos

públicos e em parte com recursos oriundos da prestação de serviços às empresas; incubadora

Celta, criada em 1986 pela Fundação Certi e segunda incubadora criada no Brasil. Deve-se

anotar também a criação do Condomínio Industrial de Informática, nos 1980, por iniciativa de

pequenas empresas da área, passando a dividir serviços e espaço em prédio locado.

Page 6: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

241

No início da década de 1990, o Governo do Estado, liderando um conjunto de

entidades, lança o "Projeto Tecnópolis" - uma tentativa de política integrada de

desenvolvimento regional, compreendendo a implantação de parques de empresas de alta

tecnologia, incubadora, instituições de fomento, formação de recursos humanos etc. Desde

1995, a trajetória do APL de Florianópolis tem sido marcada por dois movimentos principais:

primeiro, o projeto Tecnópolis não teve o desenvolvimento previsto inicialmente,

restringindo-se a apenas um parque industrial (parque Alfa) e, mesmo assim, com morosidade

de ocupação, seja pela dificuldade de atração de grandes empresas para o APL, seja pelo corte

de recursos humanos e financeiros devido à privatização das empresas estatais. Por outro lado,

observou-se o crescimento no número de pequenas empresas e o fortalecimento da estrutura

de incubação. Atualmente, o APL de Florianópolis apresenta uma estrutura de empresas

caracterizada pela diversidade de produtos, distinguindo-se dos outros dois APLs de

Blumenau e Joinville.

3.4.1.2.3 APL de Joinville

Como principal cidade industrial do Estado e reunindo grandes empresas, algumas

líderes nacionais em seus segmentos, Joinville registrou investimentos em recursos humanos e

equipamentos na década de 1970 por parte dessas grandes empresas, na manutenção de CPDs

próprios. As empresas de menor porte utilizavam os serviços prestados por bureaux de

informática. Estes investimentos pioneiros foram importantes na capacitação de recursos

humanos locais em sistemas de informação voltados ao segmento de gestão industrial, com

apoio da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) através do oferecimento de

curso superior de computação.

Assim, com o lançamento dos microcomputadores e o fechamento dos CPDs, as

atividades ligadas à informática foram terceirizadas pelas grandes empresas, daí resultando as

primeiras empresas de desenvolvimento de software. Desse modo, a correlação entre

capacitação anterior e a nova indústria de software é muito estreita, o que é demonstrado

também pela especialização local (empresas líderes) no desenvolvimento ERP, programa

integrado de gestão industrial, uma versão atual para os antigos programas operados nos

computadores de grande porte. Atualmente, destaca-se no APL de Joinville a presença de

duas empresas que estão entre as maiores do país no segmento de ERP e com presença no

mercado externo.

Page 7: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

242

3.4.1.3 Estrutura de produção

As dificuldades de levantamento de dados sobre a atividade de informática são

conhecidas em função do dinamismo do setor (as estatísticas excluem empresas em fase de

constituição e trabalhadores autônomos), da classificação (as atividades ligadas à informática

não estão todas concentradas em empresas especializadas, mas estão distribuídas

horizontalmente por grande parte dos demais setores produtivos) e no caso do software, de

registro da atividade (em parte serviço, em parte produto, vendas on line etc.). Esta

dificuldade é particularmente pronunciada no caso dos arranjos em estudo, onde a presença de

micro e pequenas empresas é forte. Nesse sentido, os dados oficiais da RAIS sobre o número

de pessoas ocupadas e de estabelecimentos especializados, conforme Tabela 3.4.1, tendem a

subestimar o volume de atividade existente, ao serem comparados com outras fontes de

informação.

Tabela 3.4.1 - Dados gerais sobre atividade de informática e população residente nos APLs de

Blumenau, Florianópolis e Joinville - 2003 BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE ATIVIDADES DE INFORMÁTICA E

POPULAÇÃO P.OCUP. ESTAB. P.OCUP. Estab. P.Ocup. Estab. 1 – Atividades de informática – total a) Consultoria em hardware b) Desenv.softwares pronto para uso c) Desenv. softwares sob encomenda e outros d) Processamento de dados e) Banco de dados e distrib. conteúdo eletrônico f) Manutenção e reparação de maq. Escritório g) Outras atividades de informática

1.597 31

454 132 702 12

109 157

227 8

24 15 95 2

37 46

4.445 183 101 155

2.907 50

284 765

231 27 19 23 55 8

42 57

1.649 171 88

336 522

4 100 428

207 34 6

15 78 2

27 45

2 – População residente urbana – 2001 (no hab.) 359.106 (1) 710.607 (2) 591.008 (3)

Fontes: a) Sobre atividade de informática: dados da RAIS por microrregiões; b) Sobre população: dados do IBGE. (1) Compreende os municípios de Blumenau, Gaspar e Indaial; (2) compreende os municípios de Florianópolis, Biguaçu, Palhoça e São José; (3) compreende os municípios de Joinville, Jaraguá do Sul e São Francisco do Sul.

Do conjunto de atividades relacionadas à informática, são de interesse para a

caracterização de arranjo produtivo apenas as atividades de desenvolvimento de software

pronto para uso (pacotes) e de software sob encomenda. As demais atividades de manutenção

de equipamentos e sistemas e de processamento de dados não são do interesse do presente

estudo, porque estão presentes, de uma forma geral, em todas as cidades e regiões, dada a

utilização universal da informática em todos os setores produtivos. Os registros da RAIS para

estas atividades de desenvolvimento de software apontam apenas 1.266 pessoas empregadas

Page 8: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

243

nos três APLs. Esses dados serão contrastados, adiante, com informações de fontes diretas,

pesquisas e instituições locais2.

Com poucas exceções, os aglomerados produtores de informática de Santa Catarina

são constituídos por micro e pequenas empresas, ou seja, por empresas inferiores a 100

pessoas ocupadas no desenvolvimento e elaboração dos produtos, e, nesse subconjunto,

prevalecem as microempresas, que empregam até 10 pessoas. Nas maiores empresas, deve-se

considerar também um conjunto de pessoas e empresas franqueadas para a comercialização

dos produtos – venda, treinamento/implantação e assistência pós-venda – e localizadas junto

aos centros consumidores. Assim, apenas seis empresas catarinenses figuram no ranking das

200 maiores empresas no setor de tecnologia de informação e comunicação (inclusive

serviços de telefonia) do Brasil, segundo Tabela 3.4.2, com destaque para a empresa Datasul,

de Joinville, especializada em software ERP, de gestão integrada de empresas.

As demais informações disponíveis provêm de amostras de empresas, realizadas em

pesquisas específicas, cabendo citar: Nicolau et al. (2001) sobre o APL de Joinville,

Bercovich e Swanke (2003) sobre o APL de Blumenau, Mahal (2003) sobre o APL de

Florianópolis e Nicolau et al. (2002) sobre os três APLs. Além disso, foi feito, em maio de

2005, levantamento de dados básicos junto às empresas, relatado nas Tabelas abaixo.

Tabela 3.4.2 - Maiores empresas catarinenses na indústria de tecnologia de informação e

comunicação - 2003

EMPRESAS SETOR VENDAS (2) RANKING 200

MAIORES

DATASUL – Joinville Software 41.768 85 DIGITRO – Florianópolis Centrais telefônicas 14.433 134 LOGOCENTER – Joinville Software 13.284 144 SENIOR SISTEMAS – Blumenau Software 8.716 166 CETIL SISTEMAS – Blumenau Software 8.936 186 BENNER – Blumenau Software 5.839 187 Fonte: Info200 (2004). (1) Vendas em US$ mil.

Estes levantamentos amostrais permitem destacar as seguintes observações sobre o

perfil de empresas: (a) observa-se, como característica geral, o predomínio numérico das

micro e pequenas empresas nos três arranjos produtivos, ao lado de pequeno número de

grandes empresas; (b) a pesquisa de Nicolau et al. (2001) mostrou que no APL de Joinville há

forte concentração do faturamento e do emprego nas duas grandes empresas, avaliada num

percentual em torno de 90%; (c) o APL de Florianópolis possui a estrutura menos concentrada

2 Pesquisa de campo somente na cidade de Joinville realizada em 1999 (NICOLAU et al., 2001) apurou um contingente em torno de 1.100 pessoas diretamente empregadas nas 15 empresas pesquisadas, o que fornece indicação da discrepância de dados.

Page 9: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

244

quanto ao tamanho de empresa e mais diversificada quanto aos produtos; (d) o APL de

Blumenau figura numa posição intermediária, registrando-se, de acordo com Bercovich e

Swanke (2003), a presença de cinco empresas com mais de 100 funcionários e outras três

intermediárias, entre 50 e 100 funcionários, ao lado das pequenas e médias; (e) nos APLs de

Blumenau e Joinville, há forte domínio de softwares aplicativos para ambientes empresariais,

enquanto que, em Florianópolis, há variedade de produtos; (f) o principal destino das vendas é

o mercado nacional.

Uma distribuição de tamanho de empresas foi obtida na pesquisa de 2005, conforme

Tabela 3.4.3, observando-se presença majoritária das microempresas. Entretanto, há algumas

empresas de médio e grande portes, identificadas na Tabela 3.4.2, que se distanciaram

rapidamente das demais – o que se revela o potencial de economias de escala do setor.

Tabela 3.4.3 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville, segundo classes de tamanho - 2005

BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL CLASSES DE TAMANHO, COM BASE NO PESSOAL OCUPADO NO % NO % NO % NO % Até 10 pessoas 34 70 30 64 7 54 71 65 11 a 20 pessoas 4 8 11 23 1 8 16 14 21 a 50 pessoas 6 12 4 9 2 15 12 11 51 a 100 pessoas 2 4 2 4 1 8 5 5 Mais de 100 pessoas 3 6 0 0 2 15 5 5 TOTAL 49 100 47 100 13 100 109 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.

O predomínio de microempresas é resultado, em parte, do fato de que muitas empresas

foram criadas no período recente: cerca de 80% das empresas entrevistadas foram fundadas

nos últimos 15 anos, 60% nos últimos 10 anos, conforme Tabela 3.4.4. Esse número é ainda

maior no caso de Florianópolis devido ao aumento recente da estrutura das incubadoras. Mas

a existência de micro empresas com mais de 10 anos de fundação mostra também as

dificuldades de expansão das vendas para fora do restrito ambiente inicial de desenvolvimento

do produto, exigindo a montagem de estruturas de atendimento junto ao mercado consumidor.

No caso de acesso ao mercado externo, estas dificuldades são ainda maiores.

Tabela 3.4.4 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville, segundo a data de fundação - 2005

BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL DATA DE FUNDAÇÃO DA EMPRESA NO % NO % NO % NO %

Antes de 1980 1 3 0 0 1 9 2 2 1981-1990 7 18 4 10 4 36 15 17 1991-1995 11 28 7 17 2 18 20 22 1996-2000 11 28 8 20 2 18 21 23 2001-2005 9 23 22 53 2 18 33 36 TOTAL 39 100 41 100 11 100 91 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.

Page 10: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

245

A observação sobre a especialização de produtos revela a característica de

aprendizagem/desenvolvimento de produtos por interação usuário-produtor nestes APLs

voltados ao desenvolvimento de softwares aplicativos. Sobre esse tema, cabem observações

mais específicas. No APL de Florianópolis, além da maior variedade quanto à finalidade nos

softwares desenvolvidos, existe uma participação expressiva, ainda que minoritária, de

hardware com software embarcado. Pelo levantamento de Mahal (2003), numa amostra de 33

empresas em Florianópolis, 76% do faturamento correspondem a software, 13% a serviços e

11% referem-se a hardware, de acordo com a Tabela 3.4.5.

Tabela 3.4.5 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville, conforme a finalidade do software desenvolvido - 2005

BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL FINALIDADE DO SOFTWARE NO % NO % No % No %

Gestão de empresas 20 47 9 21 6 50 35 36 Gestão de outras organizações 4 9 3 7 1 8 8 8 Sites para web 6 14 5 11 1 8 12 12 Automação industrial 4 9 2 5 6 6 Embarcado 5 12 5 5 Educacional 2 5 1 8 3 3 Outras finalidades 9 21 17 39 3 25 29 30 TOTAL 43 100 43 100 12 100 98 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.

A vinculação entre condições de desenvolvimento e especialização produtiva foi

também registrada na pesquisa de Nicolau et al. (2001) para Joinville: os sócios fundadores

das empresas pesquisadas tiveram por capital humano inicial suas experiências em empresas

locais, tendo como resultado produtos também relacionados a essas experiências, segundo

Quadro 3.4.1. A pesquisa entre empresas dos três APLs realizada em 2005 também corrobora

o mesmo fenômeno, conforme Tabela 3.4.6, sendo que as ocupações anteriores dos

fundadores de novas empresas são emprego em empresa do setor (principalmente em

Blumenau) e estudantes/estagiários (sobretudo em Florianópolis). Estas constatações

decorrem simplesmente da razão de que o desenvolvimento de software é intensivo em

recursos humanos e depende de condições locais concretas de aprendizagem.

No que diz respeito ao nível tecnológico das empresas dos três arranjos, diversas

fontes de informação permitem afirmar, primeiro, que existe, como em outros setores

econômicos, diversidade de padrão tecnológico com favorecimento de empresas de maior

porte, segundo, que, dada a abertura do mercado nacional e a concorrência de grandes

empresas estrangeiras no país, o nível tecnológico das maiores empresas nacionais não se

Page 11: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

246

afasta substancialmente do padrão mundial, ensejando as possibilidades de exportação já em

curso.

ANO DE FUNDAÇÃO EMPRESAS SEGMENTO PRINCIPAL EXPERIÊNCIA E ORIGEM DOS

FUNDADORES 1978 Datasul Gestão Empresarial Cônsul; WEG 1984 HDS Gestão Empresarial Cia. Hansen 1986 Prosyst Gestão Empresarial Tupy 1987 Kugel Gestão Empresarial Cetil / Datasul 1988 Logocenter Gestão Empresarial Tupy

1990 Sistemas Específicos

Gestão Empresarial Datasul

1990 BMA Contabilidade Computer House 1991 Impacto Aplicação à Internet Brasmotor, Datasul, MCI 1991 Planner Consultoria em implantação de ERP Datasul 1992 Softflex Gestão de Escolas Brasmotor,Escola Técnica Tupy 1993 Horizonte Gestão de Bibliotecas Tupy, Embraco 1994 Estalo Cálculo de Carga Térmica UFSC 1994 Softran Gestão de Frotas Não declarou 1994 Seed Seqüenciamento e Progr. da Produção UFSC 1996 Render Curso de CAD em CD SKA Automação

1998 Neogrid Integração de Sist. de Gestão Empresarial Datasul

1999 MRM Gestão de Associações Consultoria em Software Fonte: Nicolau et al. (2001). Quadro 3.4.1 - Amostra de empresas de software do APL de Joinville, segundo ano de fundação, área de atuação e origem dos fundadores - 1999

A pesquisa realizada em Joinville, já citada, mostrou que as empresas de maior porte

faziam maior uso de técnicas de engenharia de software e maior uso de ferramentas do que as

empresas menores. A pesquisa de Bercovich e Swanke (2003) sobre o APL de Blumenau

apontou que, das 16 empresas entrevistadas, seis eram líderes nacionais em seus segmentos e

quatro tinham importante participação no mercado, além de que 12 empresas afirmaram que

sua posição de mercado evoluiu favoravelmente nos últimos anos.

Tabela 3.4.6 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e

Joinville, segundo a ocupação anterior do empresário, 2005 BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL OCUPAÇÃO ANTERIOR DO FUNDADOR NO % NO % NO % NO %

Estudante estagiário ou empregado 6 18 21 55 3 30 30 37 Empregado de empresa do setor 21 62 2 5 4 40 27 33 Empregado de empresa fora do setor 7 20 15 40 3 30 25 30 TOTAL 34 100 38 100 10 100 82 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.

Empresas do arranjo de Joinville avaliam que seu padrão tecnológico é inferior às

estrangeiras em aspectos da capacitação tecnológica, como qualidade da mão-de-obra,

capacidade de lançamento e aperfeiçoamento de produtos, segundo Quadro 3.4.2. Por

qualidade de mão-de-obra entende-se experiência e competência para funções mais avançadas

Page 12: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

247

relacionadas ao desenvolvimento de produtos, e não a mão-de-obra operacional, que, dadas as

condições de preço e custo de vida, possui vantagem competitiva frente a centros urbanos

maiores.

PADRÃO TECNOLÓGICO DAS EMPRESAS VERSUS CONCORRENTES (RESPOSTAS

MODAIS) ASPECTOS DA CAPACIDADE TECNOLÓGICA CONCORRENTES INTERNACIONAIS

CONCORRENTES NACIONAIS

1. Nível tecnológico das ferramentas semelhante Superior 2. Intensidade do uso de técnicas de organ. da produção semelhante Semelhante 3. Qualidade da mão-de-obra Inferior Semelhante 4. Capacidade de aperfeiçoamento dos produtos Inferior Semelhante 5. Capacidade de lançamento de novos produtos Inferior Semelhante 6. Capac. adaptação do produto a novos sist. operacionais superior Semelhante 7. Capac. de monitoramento das tendências tecnológicas semelhante Semelhante Fonte: Pesquisa de campo. Nota: Amostra de seis empresas. Quadro 3.4.2 - Percepção das empresas de software em relação a concorrentes nacionais e internacionais quanto ao padrão tecnológico na indústria de software de Joinville - 1999

Quanto ao destino da produção, a pesquisa realizada em 1999 no arranjo de Joinville,

já citada, mostrou que o mercado local é importante somente durante o desenvolvimento da

primeira versão do programa, etapa em que a empresa aprende e desenvolve o aplicativo de

acordo com as necessidades do usuário. Nas versões sucessivas, novos clientes são buscados

em outras regiões do país, especialmente na região Sudeste. Em geral, não se trata de simples

venda à vista, pois a implantação do programa na empresa exige treinamento dos usuários,

adaptações à empresa e continuados serviços de manutenção. Mas, diferentemente da

realidade observada em 1999 em Joinville, quando nenhuma empresa exportava seus

produtos, a pesquisa atual destaca que o mercado externo já se encontra ao alcance de várias

empresas (15% da amostra), enquanto que outras empresas (20%) possuem projeto de

exportação, conforme Tabela 3.4.7. De acordo com Mahal (2003), 18% das empresas

entrevistadas no arranjo de Florianópolis vendiam seus programas no mercado externo.

Tabela 3.4.7 - Número de empresas de software dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville, segundo a situação quanto à exportação, 2005

BLUMENAU FLORIANÓPOLIS JOINVILLE TOTAL SITUAÇÃO QUANTO À EXPORTAÇÃO No % No % No % No % Exporta 6 15 5 13 3 23 14 15 Tem projeto de exportação 6 15 10 26 2 15 18 20 Não exporta, não tem projeto 27 70 24 61 8 62 59 65 TOTAL 39 100 39 100 13 100 91 100 Fonte: Elaboração própria, com base em amostra realizada em 2005.

Page 13: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

248

3.4.1.4 Incubadoras, instituições de ensino e base de recursos humanos

Além das empresas, a estrutura dos APLs de informática tem em sua composição dois

outros atores importantes, que atuam de forma relacionada: as incubadoras de empresas e as

instituições de ensino. Uma vez que se trata de um segmento produtivo intensivo em recursos

humanos qualificados, os sistemas produtivos e inovativos locais mostram uma clara

interação entre estes três conjuntos de atores: as instituições de ensino oferecem cursos na

área de conhecimento da informática; ao final dos cursos, os graduandos, ou buscam

empregos nas empresas estabelecidas, ou procuram aproveitar as oportunidades de abertura de

microempresa oferecidas pelas incubadoras, algumas delas, que são participantes do programa

Gênesis, localizadas junto às próprias instituições de ensino.

Em todos os três APLs há presença de incubadoras, conforme Quadro 3.4.3, mas

merece destaque o APL de Florianópolis, onde a incubadora Celta, criada em 1986 e uma das

pioneiras no Brasil, tem tido uma atuação marcante no dinamismo do arranjo produtivo, tendo

como resultado 36 empresas já graduadas em diversos setores de base tecnológica. A

incubadora Celta mantém atualmente 39 empresas em processo de incubação, com geração de

680 empregos diretos, e ocupa área total, exclusiva e compartilhada pelas empresas, de 10.500

m2. Uma relação das empresas graduadas e incubadas na Celta e respectivos produtos

encontra-se no Quadro 3.4.4, anexo. Em Florianópolis, há uma segunda incubadora – Midi

Tecnológico - criada em 1998 e mantida pelo SEBRAE, que já tem o expressivo resultado de

25 empresas graduadas.

Nos APLs de Blumenau e Joinville, o nascimento de empresas por processo de

incubação é menos relevante, prevalecendo o nascimento por spin off a partir das empresas de

software de médio porte e grande porte já estabelecidas no mercado, pelo qual os futuros

empresários, após acumular conhecimento e experiência nessas empresas, abrem negócios

próprios em suas áreas de atuação. Dessa forma, as Fundações Blusoft e Sofville, de

Blumenau e Joinville, funcionam menos como incubadoras e mais associações empresariais

responsáveis pela coordenação de atividades conjuntas, principalmente treinamento e

representação. Mas Joinville tem uma incubadora de importância – Midiville – fundada em

1999 e mantida pelo Senai, tendo por resultado 06 empresas graduadas. Sua importância está

em ser voltada à automação industrial, tendo amplo espaço de crescimento ao articular as

indústrias de software com a forte indústria eletrometal-mecânica de Joinville e Jaraguá do

Sul. Deve-se registrar também a presença de incubadoras junto aos cursos de ciências da

computação da UFSC e FURB, dentro do programa Gênesis.

Page 14: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

249

APLS INCUBADORAS DE INFORMÁTICA E AUTOMAÇÃO Blumenau 1 – Blusoft – Fundação criada em 1992 pela Prefeitura Municipal de Blumenau, para apoio às

empresas de software. Em 1993, transformou-se num dos núcleos do programa Softex. Possui atualmente 70 empresas associadas e 17 incubadas. Promove a feira anual Blusoft e edita informativo eletrônico. 2 – Gene-Blumenau – Pré-incubadora de empresas em software criada junto à FURB, dentro do programa Softex-genesis. Seus resultados são 20 empresas incubadas e atualmente 14 empresas em fase de incubação.

Florianópolis 1 – Celta – Incubadora de empresas de base tecnológica, mantida pela fundação Certi – fundação sem fins lucrativos, criada em 1984 e com sede no campus da UFSC, junto aos departamentos de engenharia. A incubadora Celta foi criada em 1986, sendo uma das pioneiras no Brasil. Seus resultados são expressivos: 36 empresas graduadas (que faturaram R$400 milhões em 2003, segundo a incubadora) e 39 empresas em incubação. Atua nas áreas de instrumentação, telecomunicações, automação, eletrônica, macaoptoeletrônica, microeletrônica, informática (software e hardware), mecânica de precisão. 2 – Midi tecnológico – incubadora de software, mantida pelo Sebrae e gerida pela Acate – associação de empresas de base tecnológica, com cerca de 70 empresas associadas. A incubadora foi criada em 1998 e tem como resultados 25 empresas graduadas e 13 empresas em fase de incubação. 3– Geness – UFSC: Pré-incubadora em software gerida pelo Departamento de Informática e Estatística da UFSC. Mantém atualmente 14 empresas em incubação.

Joinville 1 – Softville – Fundação de direito privado, sem fins lucrativos, fundada em 1993 como núcleo do programa Softex, é a principal referência institucional na área de software da cidade. A Softville oferece, para suas 48 empresas associadas, espaço para treinamento, reuniões e outras atividades conjuntas. Mantém incubadora de empresas, contando atualmente com 06 empresas incubadas e 02 em pré-incubação. Mantém informativo em meio digital. 2 – Midiville – Incubadora de empresas de base tecnológica (automação e informática), criada em 1999 e mantida pelo Senai. Seus resultados são 06 empresas graduadas e 12 empresas atualmente em incubação.

Fonte: sites das instituições. Quadro 3.4.3 - Principais incubadoras de empresas de base tecnológica dos APLs de Blumenau, Florianópolis e Joinville - 2005

Por seu turno, as instituições de ensino superior têm mostrado grande crescimento no

número de cursos na área de informática e áreas correlatas. Segundo dados do INEP/MEC, 19

instituições de ensino dos três APLs ofertam atualmente, em 2005, um total de 3.024 vagas

nesses cursos, das quais cerca de 2/3 referem-se a cursos de bacharelado e 1/3 a cursos de

tecnólogo. Os cursos distribuem-se pelas áreas de ciências da computação, sistemas de

informação e sistemas para internet (ver Quadro 3.4.5, anexo). Este forte crescimento dos

cursos ligados à informática já havia sido observado em 1999 por Nicolau et al. (2001) para o

APL de Joinville, tendo sido registrada naquela pesquisa a existência de processo de

substituição de cursos de 2o grau por cursos de 3o grau. Deve-se acrescentar, ainda, que as

duas grandes empresas de software de Joinville – Datasul e Logocenter – mantêm

“universidades corporativas” em parceria com instituições de ensino para oferecer cursos de

capacitação para implantação e operação de seus produtos (softwares de gestão integrada ou

ERP) junto a empresas usuárias.

Como resultado da ampliação dessa estrutura de cursos, o nível de escolaridade é

muito elevado, relativamente a outros setores produtivos, e tende a elevar-se mais, pois a

Page 15: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

250

abertura de muitos dos novos cursos de nível superior é recente. A pesquisa realizada em

Joinville, já citada, mostrou que mais de 80% do pessoal ocupado tinham pelo menos o curso

superior incompleto (dado que muitos funcionários das empresas encontravam-se

matriculados em cursos superiores), sendo expressivo o número de pós-graduados. Para o

APL de Florianópolis, de acordo com amostra de 33 empresas pesquisadas por Mahal (2003),

58% do pessoal empregado possuíam curso superior e 22% possuíam pós-graduação. Para o

arranjo de Blumenau, a pesquisa de Bercovich e Swanke (2003), numa amostra de 15

empresas, revelou que em 9 das empresas a participação do pessoal com curso superior no

emprego total era superior a 80%, e em 8 empresas os pós-graduados correspondiam a mais

de 10% do emprego total.

Contudo, um fato curioso e digno de nota, é que o grau de escolaridade decresce com

o tamanho da empresa. Isto pode ser explicado pela razão de que as micro e pequenas

empresas são criadas por egressos de universidades e suas atividades ainda não estão

rotinizadas e com devida divisão de tarefas, ao passo que as empresas de maior porte têm

maior participação de atividades rotineiras, como programação, e, conseqüentemente,

empregam mão-de-obra de menor qualificação.

Além das incubadoras e instituições de ensino, completam o arcabouço institucional

dos APLs as associações empresariais, centros de tecnologia e órgãos dos governos municipal

e estadual. Em Florianópolis, como centros de tecnologia existem os cursos de pós-graduação

e laboratórios de engenharia da UFSC e um centro de referência do Senai para a região Sul

em automação industrial – Centro de Tecnologia em Automação e Informática (CTAI). Deve-

se destacar, ainda, o apoio do governo do estado na forma de cessão do prédio para a

incubadora Celta e por sua iniciativa de construção de parque tecnológico.

Em Blumenau e Joinville, tem sido mais relevante o apoio das prefeituras municipais,

especialmente em Blumenau, onde a atual fundação Blusoft originou-se de uma comissão

municipal para desenvolvimento do setor de software. Por fim, como outras instituições de

coordenação, podem ser citadas: a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia

(ACATE), que mantém em Florianópolis o Condomínio Industrial Tecnológico – um conjunto

de empresas de informática, criado em 1986, que compartilha espaços em prédio comum. É

digno de registro a atuação da ACATE no projeto Plataforma de Tecnologia da Informação e

Comunicação (PLATIC), que visa disponibilizar e dotar as empresas de ferramentas para

melhorar a competitividade, entre as quais obter a certificação “Capability Maturity Model”

(CMM), do Software Engineering Institute, exigida nas vendas externas. Em Blumenau e

Page 16: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

251

Joinville, merecem referência as associações de micro e pequenas empresas, de natureza

multisetorial, respectivamente, AMPE e AJORPEME.

3.4.2 Padrão de concorrência setorial e as possibilidades competitivas dos APLs catarinenses

3.4.2.1 Padrão de concorrência da indústria de software

A indústria de software, inserida no âmbito da tecnologia de informação,

caracterizando-se por velocidade intensa de introdução de inovações técnicas, particularmente

com o contínuo desenvolvimento de produtos apoiado na capacidade criativa e intelectual da

mão-de-obra, por competição acirrada entre empresas e por baixo investimento em capital

fixo. A estrutura da indústria apresenta segmentos concentrados ao lado de segmentos

fragmentados, observando-se a presença de grandes corporações com produtos de mercado

mundial, ao mesmo tempo em que se multiplicam espaços para a atuação de micro, pequenas

e médias empresas. As barreiras à entrada no segmento de pequenas empresas não são

elevadas, mas existem barreiras ao crescimento, permitindo o domínio das grandes empresas

nos segmentos concentrados do mercado.

Nesse contexto, as estratégias empresariais são bastante variadas. As grandes líderes

do mercado atuam explorando as vantagens proporcionadas pelas economias de escala, rede

de vendas e suporte, marca reconhecida, uso de marketing, capacidade tecnológica, poder

financeiro, relações fortes com usuários etc. Enquanto isso, as empresas de menor porte

procuram explorar nichos de mercado, através de atendimento especializado de clientes,

desenvolvendo produtos que incorporam funções específicas, e ampliar outros espaços

deixados pelas empresas líderes cuja linha de produtos não atende todas as possibilidades.

O regime tecnológico da indústria de software apresenta amplas condições de

oportunidade e grande variedade de soluções e enfoques tecnológicos potenciais. Mas, há

reduzidas condições de apropriabilidade, que as empresas procuram contornar pela introdução

contínua de inovações, utilizando-se, para tanto, de elevadas condições de cumulatividade

tecnológica. Com isso, a indústria de software impõe certas condições para a capacitação

tecnológica, as quais se pautam, por um lado, em termos de cumulatividade tecnológica ao

nível da firma, de forma a proporcionar melhores condições de aproveitamento de

oportunidades tecnológicas, e, por outro lado, em termos de desenvolvimento de habilidades

Page 17: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

252

tecnológicas específicas das áreas de aplicação. Além disso, em nível de mercado, torna-se

necessário o desenvolvimento de instrumentos capazes de possibilitar rápida identificação das

alterações na demanda, possibilitando respostas criativas.

As características do regime tecnológico permitem que distintos tamanhos de

empresas explorem as oportunidades tecnológicas e desenvolvam novos produtos para o

mercado. Esta possibilidade está colocada para as pequenas e médias empresas, especialmente

em aglomerações territoriais, onde há condições para cumulatividade tecnológica no interior

do próprio arranjo, não apenas na empresa. A despeito das dificuldades de produzirem

software de grande porte, podem explorar as suas características de flexibilidade para operar

em pequenos nichos de mercado, integração com grandes empresas na exploração de produtos

e serviços complementares, capacidade para explorar espaços de mercado e de produtos não

atendidos pelas grandes empresas e capacidade de rápida reação às mudanças na indústria que

tendem a ser introduzidas pelas grandes empresas. Estas características da indústria de

software determinam as possibilidades competitivas de arranjos locais de pequenas e médias

empresas nesse setor, como os observados em Santa Catarina.

Analisando com maior detalhe, é importante destacar que a indústria de software

apresenta uma importante divisão quanto à estrutura de mercado e padrão de concorrência, de

acordo com os seus segmentos horizontal e vertical. O segmento horizontal, formado por

pacotes best sellers de uso difundido como, por exemplo, os sistemas operacionais,

ferramentas, aplicativos de uso generalizado, tipo processadores de texto etc.), tem base de

conhecimento intensiva em informática e possui mercado potencial amplo. Por sua vez, o

segmento vertical, formado por softwares aplicativos e específicos para os diversos setores de

atividade, exige conhecimentos de informática e do setor de aplicação. Seu mercado potencial

é mais restrito e depende da dimensão da atividade a que se aplica. Esta característica

estrutural da indústria tem implicações sobre a estrutura de mercado e sobre o padrão de

concorrência.

Em primeiro lugar, o segmento horizontal, de uma forma geral, exige grande esforço e

investimentos em pesquisa e desenvolvimento no campo da informática, por um lado, e

esforços e investimentos similares na difusão do seu produto no mercado de escala mundial.

O primeiro aspecto decorre das características de alta oportunidade e cumulatividade exibidas

pelo regime tecnológico; o segundo aspecto aponta para os ganhos de escala e para os

elevados gastos com rede de distribuição e com marketing, uma vez que o custo de

reprodução do software é praticamente nulo. Então, investimentos em P&D e estratégias

mercadológicas são as formas principais de concorrência nesse segmento. O conceito de

Page 18: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

253

plataforma – base a partir da qual novas e sucessivas versões são lançadas no mercado numa

continuada relação fornecedor-usuário - é pertinente. A conquista do mercado apresenta

característica de externalidade de rede, dada a tendência à rápida difusão e domínio de uma

solução determinada, motivada pela necessidade de compatibilidade na comunicação entre

usuários. Em função desses fatores, há tendência de domínio de poucas e grandes empresas,

num mercado de dimensão mundial, caracterizando, dessa forma, uma estrutura de mercado

oligopolista.

O segmento vertical utiliza-se de plataformas de software geradas no segmento

horizontal para construir seus produtos. Por isso, é menos intenso o esforço de pesquisa e

desenvolvimento em informática, mas é necessário conhecimento no setor de aplicação e,

especialmente, são necessários esforços de pesquisa e desenvolvimento para oferecer soluções

de qualidade na interface entre conhecimento de informática e do setor específico. Por esse

motivo, ganha relevância a relação produtor-usuário. Em função das múltiplas possibilidades

de aplicação da informática nas mais diversas atividades, o mercado é pulverizado e, portanto,

os ganhos potenciais de escala são menores, à exceção de certos segmentos como o ERP,

onde soluções verticais setor-específicas passaram a ser genéricas e empregadas em empresas

de diferentes segmentos, ganhando com isso a característica de software horizontal. Por isso,

dadas as condições de escala favoráveis, grandes empresas mundiais disputam esse mercado.

No segmento vertical, ao invés de gastos com publicidade e distribuição, é exigida

maior proximidade com o cliente, seja antes da instalação do programa – que requer

treinamento do usuário - seja após a instalação, pois há exigência de assistência e atualização

do produto. Essa prestação de serviços pós-venda é muito significativa, constituindo-se em

fonte de receita comparável ou superior à do licenciamento inicial do produto. Por isso, o

software vertical, de fato, é um híbrido de pacote e serviços. Devido ao forte conteúdo de

conhecimentos setoriais específicos, o espaço de concorrência é circunscrito aos limites do

setor, o que implica forte segmentação na indústria. Dependendo do tamanho do setor de

aplicação, as estruturas de mercados podem ser mais ou menos concentradas, havendo, em

geral, amplas oportunidades para a atuação de pequenas e médias empresas em setores de

menor dimensão. Dadas essas características da indústria, os APLs em estudo inserem-se,

evidentemente, no desenvolvimento de softwares verticais, fornecendo soluções específicas

para atividades e setores determinados. Daí decorrem as oportunidades para as micro e

pequenas empresas desses arranjos.

Page 19: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

254

3.4.2.2 Mercado mundial e posicionamento do Brasil

Os setores de informática (hardware + software + serviços) e de telecomunicação

(serviços + equipamentos) que compõem o grande setor de tecnologias de informação e

comunicação (TIC) representavam, no ano de 2001, em média, 8,3% do PIB dos países do

OCDE e estão crescentemente globalizados. No contexto deste amplo setor, em 2001, o

segmento de software tem participação estimada de 9%, enquanto que os segmentos de

telecomunicação e serviços (processamento de dados, consultorias etc.) tinham a maior

participação nas vendas do setor, respectivamente, 39 e 35%, ficando o segmento de

hardware com os restantes 17%. Apesar de ter menor participação, o segmento de software

cresceu nos anos 1990 à taxa de 16%a.a., superior ao conjunto da TIC (dados de OECD,

2002).

A produção mundial de software encontra-se fortemente concentrada nos países da

OCDE (estima-se em 95%), principalmente nas três principais economias, Estados Unidos,

Japão e Alemanha. EUA atuam como grande líder mundial da indústria de informática, com

amplo domínio também sobre o segmento de software de base e de aplicação horizontal,

chamados pacotes best sellers. Entretanto, alguns países em desenvolvimento vem se

destacando nas exportações, dado que a produção de software é intensiva em recursos

humanos: Irlanda, com exportações para os países da Comunidade Européia, Índia, com

grandes empresas de programação, além de Israel, China e Brasil, de acordo com Tabela

3.4.8.

Tabela 3.4.8 - Mercado e exportação de software por países selecionados, 2001 PAÍSES VENDAS (US$MILHÕES) EXPORTAÇÃO (US$MILHÕES) PRINCIPAIS MERCADOS

- EUA - Japão - Alemanha

200.000 85.000 39.844

n.d. 73

n.d. PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

- Brasil - China - Índia - Irlanda - Israel

7.700 7.400 8.200 7.650 3.700

100 400

6.220 6.500 2.600

Fonte: Veloso et al., 2003.

O Brasil ocupa posição mediana no uso per capita de internet, situando-se na 53a

posição numa lista de 104 países, tendo perdido posições nos últimos anos (LOPEZ-

CLAROS, 2005). Para se avaliar a potencialidade do software brasileiro no mercado mundial,

é importante analisar as experiências dos demais países citados com desenvolvimento

Page 20: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

255

semelhante. A República da Irlanda, chamada de “tigre céltico”, por exemplo, tem tido

atuação destacada, valendo-se de sua facilidade de acesso ao mercado europeu e do grande

aporte de capitais externos, dominantes no país: com um cluster de empresas junto à capital

Dublin, responde pela maior parte dos softwares importados pela Comunidade Européia.

Segundo Green (2000), possui estratégia de política fundamentada em quatro pontos:

a) desenvolver infra-estrutura de recursos humanos para atrair empresas de classe

mundial;

b) encorajar empresas locais a desenvolver suas bases de P&D;

c) desenvolver ambientes de pesquisa de classe mundial na instituições de ensino e

de pesquisa;

d) formar pessoal de alta qualidade, seja para atender empresas instaladas, seja para

abrir novas empresas.

Outro país de referência é a Índia, que se especializou na prestação de serviços de

programação e assemelhados para grandes produtores mundiais, a maior parte deles de baixo

custo e baixa sofisticação, mas com forte ênfase no controle e certificação de processos. Para

tanto, a Índia possui empresas de grande porte (mais de 10 mil empregados) e ostenta

certificação Capability Maturity Model (CMM), fornecida pelo Instituto de Engenharia de

Software, no nível máximo 5 para grande número de suas empresas, o que atesta a maturidade

do processo de produção de software. Juntando recursos humanos qualificados e de baixo

custo, a Índia divulga metas ambiciosas para os próximos anos: atingir vendas de software da

ordem de US$50 bi em 2008, mercados externo e interno (VELOSO et al., 2003). Esse

segmento de mercado de menor valor agregado, entretanto, deverá ser disputado por outros

países com grandes contingentes de recursos humanos baratos, como China e Rússia.

A China é outro país de crescente destaque na produção de software. Sendo mais

jovem que a da Índia, a indústria de software chinesa cresceu à taxa estimada de 30% a.a. na

década de 90. Apesar do ainda baixo grau de sofisticação de seus produtos, há forte desejo de

integrar software com os produtos da indústria de computadores. No ano 2000, o governo

chinês lançou política de apoio direto e conjunto às indústrias de software e de circuitos

integrados, definindo 10 “bases” de nível nacional a receber suporte do governo (ibid.). Seu

volume de produção hoje é equivalente ao do Brasil, mas sua potencialidade é enorme, seja

pelo forte crescimento de sua economia, seja pelas possibilidades de exportação em face da

abundância de recursos humanos.

Comparativamente a esses dois grandes países, Índia e China, o Brasil, por um lado

tem, hoje, mercado interno maior e mais competitivo, com grande presença de concorrentes

Page 21: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

256

estrangeiros e com experiência sedimentada em algumas áreas de aplicação, mas, por outro

lado, sua política de apoio ao setor tem sido frágil e não tem produzido resultados esperados.

A política brasileira para a informática transitou da reserva de mercado nas décadas de 1970 e

80, em que o objetivo era a constituição de uma indústria nacional de informática, para

abertura comercial nos anos 90 e seguintes, buscando, via incentivos fiscais (Lei no 8.248/91),

a “integração competitiva” de segmentos da indústria nacional no mercado mundial. No

segmento de software, foi lançado em 1992, o Programa para Promoção da Excelência do

Software Brasileiro (SOFTEX) estimulando a criação de núcleos de apoio (principalmente

fornecimento de bolsas) ao desenvolvimento de softwares em diferentes Estados, três dos

quais em Santa Catarina, nas cidades de Blumenau, Florianópolis e Joinville. Esse programa

estabeleceu a meta de exportação de US$2 bilhões no ano 2000. Com o fim do programa, em

1996, foi criada a sociedade Softex, uma sociedade sem fins lucrativos e voltada ao apoio dos

núcleos referidos. Em 1997, foi criado o programa Prosoft pelo BNDES para financiar

empresas de software.

Uma avaliação dessas políticas está além dos objetivos deste trabalho, mas de forma

sumária pode-se dizer que, se a política de reserva de mercado não levou na devida conta o

grande dinamismo do setor de informática no mundo, o que teve por conseqüência o atraso

relativo dessa indústria no Brasil e a grande reclamação das empresas e demais usuários, por

outro lado, a política dos anos 90 também não produziu os efeitos desejados. Na verdade, a

abertura comercial levou a uma reconversão industrial do setor, com desnacionalização,

presença crescente de empresas estrangeiras, perdas de capacitações e desmobilização de

equipes e queda nos investimentos. Somando-se ao período de câmbio valorizado após o

Plano Real, essa política levou a grande aumento das importações e queda ou falta de

estímulo à exportação.

No segmento de software, as exportações não tiveram a evolução esperada, atingindo

apenas a marca de US$100 milhões em 2001, número muito aquém dos esperados US$2

bilhões, com a indústria nacional suprindo apenas 17% das necessidades do mercado interno

(LOPES, 2005). Atualmente, a meta é ampliar essa participação para 25% e foi relançada a

meta de US$ 2 bilhões para 2007 (ibid.). Por outro lado, o montante de recursos relativos aos

incentivos à área de ciência e tecnologia, na forma de renúncia fiscal, cresceu muito na década

de 90, superando R$1,5 bilhões no ano 2000 (MCT, 2002), mas não há avaliação do tipo de

investimento realizado e dos resultados dessas aplicações. O baixo resultado da indústria de

software nos anos 90 pode ser visualizado pela comparação com o obtido pela Índia, países

que se encontravam em situação semelhante nos anos 1990.

Page 22: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

257

De todo modo, como resultado mais expressivo está a constituição de 22 pólos de

desenvolvimento de software no Brasil através do Programa Softex, os quais, na ausência de

uma política nacional mais efetiva, tem sido levados adiante por iniciativas de governos

estaduais. Em Santa Catarina, merece destaque o projeto “Tecnópolis” no início da década de

1990, que pretendia instalar em Florianópolis vários parques tecnológicos, a serem ocupados

por empresas externas e por novas empresas criadas nas incubadoras. Este projeto, todavia

não teve continuidade no governo seguinte, frustrando em parte seus objetivos, mas, de

qualquer modo, resultou na instalação de um parque tecnológico e no fortalecimento da

incubadora Celta. Iniciativas semelhantes foram tomadas pelos estados de São Paulo, Rio

Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, entre outros.

Apesar da fragilidade de sua política de exportação, Veloso et al. (2003) avaliam que,

em função da competição e relativo desenvolvimento do mercado interno, a indústria

brasileira de software tem boas perspectivas no mercado externo na oferta de produtos, não de

serviços, especialmente nos segmentos seguintes: software para setor financeiro, considerado

de classe mundial; software para telecomunicações, herdeiro das estatais; software para e-

business (principalmente B2B) e e-commerce; software para e-governo (voto eletrônico,

declarações de imposto de renda etc.); software gerencial (especialmente ERP).

3.4.2.3 Possibilidades competitivas e barreiras ao desenvolvimento dos APLs catarinenses

Para avaliar as possibilidades competitivas dos APLs de informática de Sana Catarina,

deve-se reconhecer, de início, as grandes oportunidades abertas pela fase atual de expansão

mundial da indústria de informática, segmento de software. No contexto da indústria mundial

de software, há três grupos estratégicos principais: o grupo principal formado pelas grandes

empresas desenvolvedoras dos softwares-pacote de base e de aplicação horizontal; o grupo de

empresas que prestam serviços a empresas do grupo principal, realizando etapas mais

trabalho-intensivas do processo produtivo; e o grupo de empresas, de pequeno e médio portes,

que se especializam em softwares aplicativos verticais, dirigidos a atividades específicas nos

diferentes setores de atividade.

Em termos de países, enquanto os EUA possuem empresas do grupo principal, a Índia

especializou-se no segundo grupo ofertante de serviços e o Brasil abriga empresas do terceiro

grupo. Nos últimos 15 anos, a abertura comercial teve por conseqüência uma forte importação

de software e a entrada de firmas estrangeiras, causando dificuldades de crescimento das

empresas locais, mesmo dentro do mercado nacional. Porém, como o mercado de software

Page 23: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

258

vertical é muito segmentado, restou para as empresas nacionais, a grande maioria empresas

nascentes e de pequeno a médio porte, ocupar os muitos nichos do mercado doméstico.

Reconhecidas essas condições gerais da indústria, pode-se avaliar as possibilidades

competitivas dos APLs catarinenses e as barreiras a seu crescimento.

3.4.2.3.1 Capacitação tecnológica

O desenvolvimento de produtos de informática, sobretudo software, envolve três

conjuntos de conhecimentos e capacitações:

a) capacitação geral de recursos humanos para apropriação da base de

conhecimento difundido, que é obtida nos cursos de graduação de informática e

se difunde no mercado local;

b) capacitação gerencial específica no desenho, no uso de linguagens e

ferramentas e na implementação de metodologia de desenvolvimento e testes de

novos produtos. Esta capacitação é obtida pela experiência nas empresas, em

conjunto com participações em congressos, workshops e cursos específicos de

pós-graduação; e

c) conhecimento do campo de aplicação do software, que se pode dividir numa

parte genérica, obtida nos cursos de graduação (por exemplo, cursos de sistemas

de informação ou de aplicações para internet), e numa parte específica, aprendida

em interações com usuários.

Quanto à capacitação geral de recursos humanos, os APLs possuem mercados locais

de trabalho especializado, os quais vêm se estruturando e sendo alimentados pelos alunos

egressos das instituições de ensino. Nesse sentido, observa-se boa resposta das instituições de

ensino na oferta de novos cursos: nos três APLs, os dados do MEC mostram forte expansão

de vagas em cursos voltados à informática, especialmente os cursos do nível de tecnólogo, de

menor duração e maior preocupação com habilidades práticas nas áreas de sistemas de

informação, sistemas para internet e redes de computadores. Portanto, as empresas de ensino

têm respondido expressivamente em termos de formação de mão-de-obra e disseminação dos

conhecimentos básicos na área, inclusive adequando os cursos ao tipo de software

predominante. Mas não se verifica ainda uma estrutura de cursos e eventos científicos para a

obtenção de conhecimentos mais avançados em informática.

No que se refere à capacitação gerencial específica, exigida na criação de novas

empresas e no desenvolvimento de novos produtos, pode-se reconhecer que se trata de algo

Page 24: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

259

em construção, principalmente a partir das experiências acumuladas pelas empresas fundadas

há mais tempo e pelas incubadoras. A pesquisa realizada no APL de Joinville mostrou que as

fontes de informação das empresas eram ainda pouco especializadas – internet, revistas, feiras

e congressos promovidos por fornecedores. Atualmente, a estratégia de expansão no mercado

externo tem levado empresas a buscar certificação de seus processos de desenvolvimento,

especificamente a certificação CMM, nível inicial 1. Como o nível máximo da certificação é

5, constata-se que há longa estrada a percorrer pelas empresas estaduais.

Por fim, quanto às interações usuário-produtor, a oferta de oportunidades para

desenvolvimento de novos programas é o tema de maior preocupação no momento atual dos

APLs, porque há que se considerar que a área de gestão empresarial possivelmente já

apresenta menores oportunidades para novos softwares e para ingresso de novas empresas.

Nessa área, os programas ganham rapidamente o caráter horizontal, pela universalização de

sua aplicação a diferentes setores produtivos, o que explica o grande crescimento de algumas

empresas dos APLs. Por isso, novas áreas de aplicação precisam ser estimuladas.

3.4.2.3.2 Principais mercados

As principais empresas dos APLs, criadas há mais tempo e mais consolidadas, vêm

seguindo uma trajetória composta de três momentos:

a) desenvolvimento do produto para as necessidades locais;

b) venda do produto para o mercado regional e nacional, com estabelecimento

de escritórios e representantes nos principais mercados; e

c) venda do produto ao mercado externo.

Cada uma das três etapas envolve dificuldades e ampla necessidade de aprendizagem,

porque ao mesmo tempo em que o produto vai sendo aperfeiçoado em sucessivas versões, a

empresa vai se consolidando. A empresa forma-se e cresce com o produto. Dentro dessa

lógica, deve-se enfatizar, primeiro, a importância crucial da primeira etapa – a concepção e

desenvolvimento do produto – e, segundo, as economias de escala potenciais, se a empresa

tiver êxito em atingir o mercado nacional e externo, dados o alto custo de desenvolvimento e

o baixo custo de reprodução do produto.Atualmente, a maior parte das vendas das empresas

consolidadas é destinada ao mercado nacional. Mas, na presente década, um número crescente

de empresas, após acumuladas experiências no mercado nacional durante a década de 1990,

vem desenvolvendo estratégias de acesso ao mercado externo.

Page 25: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

260

As vendas no mercado externo são ainda recentes e de pequena expressão no conjunto

das empresas e no seu faturamento. Os caminhos de acesso ao exterior são também difíceis,

devido à necessidade de adaptação do produto à língua, ambiente institucional e rotinas

produtivas em cada país. Empresas relatam experiências muito particulares e ausência de via

fácil e conhecida para vender no exterior. Então, apesar de custos quase nulos para produzir

novas cópias, no caso dos softwares-pacote horizontais, as vendas de softwares verticais

produzidos nos APLs catarinenses exigem customização, treinamento, implantação e

assistência técnica pós-venda, numa continuidade intensa da relação usuário-produtor. Por

isso, os gastos com vendas são elevados, principalmente nas vendas externas. Além de

encontrar clientes e realizar negociações, um custo de transação adicional é a confiabilidade

do produto do ponto de vista do cliente. A certificação de produtos e processos tem, então,

papel importante na conquista de novos mercados. Esforços nessa direção têm sido

observados, mas essas iniciativas poderiam ser apoiadas por programas institucionais à

certificação de produtos e processos de empresas consolidadas, com vistas a ampliar sua

competitividade no mercado externo.

3.4.2.3.3 Formas de cooperação

A cooperação no interior dos APLs varia inversamente ao tamanho e maturidade das

empresas. Para as empresas nascentes, as condições locais são muito importantes, e os APLs

devem ser entendidos como ambientes apropriados para o desenvolvimento de novos produtos

e novas empresas, observando-se a dinâmica do conhecimento-inovação destacada acima, na

seção 2.2.1. No caso de empresas nascentes, a relação cooperativa usuário-produtor tem

função central. Nos APLs de Blumenau e Joinville, por exemplo, as interações com o setor

industrial local constituíram a base para um circuito inovativo que gerou softwares de gestão

empresarial. Da mesma forma, em Florianópolis, as interações iniciais relevantes foram com

as empresas estatais das áreas de serviços de telefonia e de geração de energia elétrica; depois,

e atualmente, o processo inovativo inclui laboratórios de engenharia da UFSC e a incubadora

Celta, resultando em produtos diversificados de informática e de outras bases tecnológicas,

não apenas software. Neste último APL, a interação com os usuários dá-se, em grande

medida, a partir da própria prática dos laboratórios, que atuam e desenvolvem projetos em

articulação com empresas, em maioria, não instaladas no APL. Além da incubadora Celta, que

tem já quase 20 anos de atuação, existem outras incubadoras nos três APLs que se constituem

importante forma de cooperação para a criação de novas empresas.

Page 26: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

261

As observações de campo indicam que estas duas formas de cooperação para a criação

de novas empresas são de importância estratégica para o dinamismo dos APLs e são de baixo

custo. Bolsas de pesquisa para alunos egressos e para projetos selecionados pelas incubadoras,

por um lado, e programas de incentivo a empresas que encomendem softwares, por outro,

além da encomenda direta do próprio Governo, são políticas que teriam dois resultados

positivos para a economia estadual: desenvolvimento dos APLs de informática e

modernização dos setores usuários da nova tecnologia. Uma política do governo estadual

nessa direção parece altamente recomendada.

Para empresas com produto já desenvolvido e já estabelecidas no mercado, as formas

de cooperação observadas situam-se nos assuntos de treinamento de pessoal, organização de

feiras locais e participação em feiras externas ao local, busca de linhas de financiamento,

programas de certificação e apoio à difícil inserção no mercado externo. Todos esses assuntos

são relevantes. As instituições de ensino disseminam apenas os conhecimentos gerais de

informática em seus cursos, havendo necessidade de cursos especialmente para aquisição dos

conhecimentos gerenciais e tecnológicos mais específicos, em geral em nível de pós-

graduação. O setor de informática é muito dinâmico e, por isso, há necessidade de

monitoramento de tendências internacionais quanto às tecnologias de hardware, linguagens,

softwares de base e engenharia de software. Programas de apoio à oferta desses cursos e

principalmente o apoio a linhas de pesquisa para professores das universidades locais na área

de informática, por parte do governo e de empresas consolidadas, são ações institucionais e

cooperativas de relevância. Registra-se também a ocorrência de cooperação para participação

de feiras de informática e para organização de programas de certificação. Estes aspectos são

muito importantes para a comercialização dos produtos.

3.4.2.3.4 Vantagens competitivas que sustentam os APLs

Como o principal recurso exigido no desenvolvimento de softwares é a mão-de-obra,

pode-se afirmar que as vantagens competitivas dos arranjos produtivos apóiam-se nos

recursos humanos locais qualificados e na estrutura institucional local que proporciona e

alimenta a oferta constante desses recursos. A existência, hoje, de contingentes de alguns

milhares de pessoas qualificadas em cada APL é evidentemente resultado de trajetória

iniciada com algumas instituições pioneiras e favorecida pela expansão do mercado para seus

produtos. Uma vez formados, os arranjos têm dinâmica própria sustentada principalmente por

economias externas decorrentes da aglomeração e complementaridade de agentes e atividades.

Page 27: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

262

O custo da mão-de-obra qualificada nessas cidades de porte médio é uma segunda

vantagem, se se computar não apenas a folha de salário, mas também os custos de aluguel,

deslocamentos e outros custos urbanos. É por isso que, mesmo tendo a região Sudeste do país

como principal mercado, as empresas não migram para lá e mantêm escritórios comerciais e

representantes nessa região.

3.4.2.3.5 Obstáculos estruturais e conjunturais que limitam o desenvolvimento dos APLs

A ausência de barreiras à entrada de concorrentes estrangeiros no mercado nacional,

especialmente no segmento de grandes usuários, tem eliminado oportunidades que poderiam

ser exploradas pela empresa nacional. Oportunidades de desenvolvimento de novos softwares

também são perdidas por falta de programas de apoio. Retorna-se sempre ao mesmo ponto: é

preciso que haja clientes interessados no desenvolvimento de novos programas para que

possam surgir empresas com oferta de soluções. Garantir esse espaço de inovação é vital para

a sustentação e crescimento dos APLs. Portanto, a facilidade na entrada de concorrentes

estrangeiros nesses nichos do mercado nacional e a falta de programas de incentivo a que

interações usuário-produtor sejam exercitadas são os principais obstáculos ao crescimento dos

APLs.

Além desse obstáculo à abertura de novas empresas, uma segunda dificuldade põe-se

hoje para as empresas estabelecidas e com produto desenvolvido. Estas empresas precisam

expandir-se para o mercado externo. As dificuldades já foram apresentadas na seção 2.2.2 do

presente trabalho.

3.4.2.3.6 Políticas para o crescimento dos APLs

Das análises realizadas nas seções anteriores decorrem diretamente propostas políticas

para o governo:

a) Criação ou ampliação de programas de apoio e incentivo às interações do tipo

usuário-produtor nos APLs. Bolsas de pesquisa a alunos egressos, apoio a incubadoras,

incentivo para que as empresas encomendem o desenvolvimento de softwares em empresas

nascentes locais, organização de eventos visando aproximar clientes potenciais dos futuros

empresários são exemplos de política recomendada. A finalidade desse leque de políticas é

proporcionar constante oxigenação e vitalidade aos APLs pela criação de novas empresas.

Page 28: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

263

b) Fortalecimento das instituições locais com vistas à melhoria tecnológica e à maior

qualificação dos recursos humanos. Considera-se que, à exceção da UFSC e do CTAI no APL

de Florianópolis, as demais instituições de ensino são, em maioria, jovens e ofertam ensino

superior de qualidade básica. Então, para que a linha de política recomendada acima (letra a)

não falhe por problema na oferta de recursos humanos, é preciso uma política de capacitação

desses cursos, especialmente com a constituição de um corpo qualificado de professores e o

apoio à criação de laboratórios de pesquisas e testes. Nessa mesma linha de política, pode-se

criar programa de incentivo a que técnicos de empresas participem de eventos técnico-

científicos nacionais e internacionais. O apoio à oferta de cursos de pós-graduação

completaria essa linha de política.

c) Uma terceira linha de política refere-se à melhoria organizacional das empresas,

mediante o apoio à certificação de produtos e processos, utilização de ferramentas e de

metodologias de desenvolvimento avançadas. Como já visto anteriormente, essa linha de

política destaca-se hoje no momento em que muitas empresas buscam o mercado externo.

d) O apoio ao acesso ao mercado externo constitui uma quarta área de ação

governamental, principalmente no momento atual em que muitas empresas estão iniciando

ações ou realizando projetos de exportação. Como se sabe, a dificuldade de língua, a

confiabilidade dos programas, a adequação à legislação e às práticas de cada país são

obstáculos que se apresentam às empresas. Assim, da mesma forma que o governo do Estado

tem atuado na abertura de mercado de outras indústrias (veja-se o exemplo da atuação na

abertura dos mercados russo e europeu para a carne suína), torna-se estratégica a definição de

uma estrutura de apoio à exportação de softwares a países ou grupos de países selecionados.

e) Finalmente, mas não menos importante, uma quinta linha de política diz respeito ao

problema do financiamento. Como se sabe, por sua natureza, as empresas de informática, em

geral, e de software, em particular, não possuem ativos suficientes para garantir operações de

financiamento. Além disso, por tratar-se de desenvolvimento de produtos, e não a produção

de bens com mercado já existente, os riscos são maiores. Para fazer frente a essa realidade,

nos países desenvolvidos grande parte do financiamento toma a forma de venture capital.

Portanto, além dos apoios diretos acima referidos, torna-se relevante a constituição de fundos

e de outros programas para o financiamento da expansão das pequenas empresas, após

passada a fase de sedimentação das idéias e materialização de um produto.

Page 29: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

264

EMPRESAS

GRADUADAS PRODUTO PRINCIPAL/

ÁREA DE ATUAÇÃO EMPRESAS INCUBADAS PRODUTO PRINCIPAL

4S Equipamentos para rádio e TV Adept Systems

Gestão informação para setor metal-mecânico

Apex Sistemas de comunicação e terminais inteligentes Airgate

Software para energia e telecomunicação

Brasytem Automação comercial Anitec Software para gestão de cadeia

suinícola Cebra Soluções em fontes de alimentação

chaveadas Audaces Automação industrial – indústria de móveis e confecções

Celtec Nobreak Automática Máquinas de corte a laser Cianet Redes de comunicação de dados de

alta performance Bernard sistemas Sofware de simulação empresarial

COM Software bancário Complex Software de educação CSP Bafômetro e controladores de sinais

de trânsito CRM Software para internet

Datasul Software de gestão empresarial Cube Software setor de energia Directa Automação industrial Driver Software setor jurídico e previdenciário Dzigual Design gráfico e website Eddros Software gestão industrial EMPCOM Dardware para computadores Esss Software para sistemas de engenharia Figueiredo e Ferreira Teste automático de linhas telefônicas Gwork Sistema automatizado para

cadastramento de rede de telefonia In-Sel Sensores infra-vermelhos Haltso Software gerencial Inbrac Condutores elétricos especiais Hoplon Games on line Intelbras Aparelhos telefônicos Isa Serviços de automação industrial Interdigital Equipamento Watch Dog Keohsps Sistemas de engenharia Ionics Automação de postos de combustíveis M.O.L. Centro de informação metal-mecânica KnowTec Software de gestão empresarial Making Software operadoras planos de saúde Medusa Automação de processos industriais –

setores alimentos, bebidas, fumo. Massa Sistema de medição de massa para transporte ferroviário

Megaflex Design house para desenvolvimento de produtos eletrônicos

Multinet Soluções internet setor turístico

MicroQuímica Equipamentos de laboratório Omega Equipamentos de segurança de transmissão de dados via rede

Nano Endoluminal Produtos médico-hospitalares Outplan Software para e-business e e-commerce

Notre Dame Serviços em processamento digital de sinais

Pax Software para bordados

Olsen Tecnologia Micrômetros a laser Photonita Sistemas ópticos de medição,

automação e controle qualidade OnLine Diffusion

Soluções para difusão de mensagens de dados Priori Software setor financeiro

Optimum Engenharia

Simulação de conforto em ambiente rígido

Riskema Equipamento para impressão – plotters

Pointer Soluções em ambientes abertos e em redes locais Sensys Software gerência de projetos

Poliedro Software para gerenciamento eletrônico de componentes Specto Comunicação visual em painel

eletrônico Reason Chave de fluxo eletrônico Spherical Hardware e software para telecom. Reivax Reguladores de tensão Step Software p/ automação telejornalismo SCA Automação industrial TCM Informatização de laboratórios Sistemic Projetos e informatização de empresas Unis Software de gestão ERP Sistepe Fabricação de peças-metalurgia do pó Weigtech Equipamentos e soluções setor

pesagem Suntech Software de gerenciamento e

supervisão de redes celulares

Teckner Gerenciador de consumo de energia Telesis Sistemas para telecomunicações Weg Sistemas de automação Fonte: Celta (2005). Quadro 3.4.4 - Empresas graduadas e incubadas e respectivos produtos na Incubadora Celta – 2005

Page 30: Estudio de caso: Florianopolis y Joinville

265

APLS E INSTITUIÇÕES DE ENSINO

CURSOS NA ÁREA DE INFORMÁTICA E CORRELATOS OFERTA VAGAS

2005 APL de Blumenau 1. FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau - Ciências da Computação – Bacharel - Sistemas de Informação – Bacharel - Engenharia de Telecomunicações – Bacharel 2. FAMEBLU - Faculdade Metropolitana de Blumenau - Sistemas de informação – Bacharel 3. CETEVI – Faculdade Tecnológica do Vale do Itajaí - Tecnologia em Desenvolvimento para Web - Tecnólogo 4. FECAVI – Centro Universitário do Vale do Itajaí (Indaial) - Sistemas de Informação – Bacharel TOTAL DO APL

200 84 80

100

160

100 724

APL de Florianópolis 1. UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina - Ciências da Computação – Bacharel - Sistemas de Informação – Bacharel - Engenharia de Controle e Automação – Bacharel 2. ÚNICA – Centro de Educação Superior - Ciências da Computação – Bacharel 3. UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina - Ciências da Computação – Bacharel - Ciências da Computação (Palhoça) – Bacharel - Sistemas de Informação (Palhoça) – Bacharel 4. UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí - Engenharia de Computação (São José) – Bacharel - Ciências da Computação (São José) – Bacharel 5.IESGF – Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis - Tecnologia em Redes de Computadores (São José) – Tecnólogo - Ciências da Computação (São José) – Bacharel 6. FATESSC – Faculdade de Tecnologia Estácio de Sá de Santa Catarina - Tecnologia em Redes de Computadores (São José) – Tecnólogo TOTAL DO APL

100 100 60

100

60 50 50

40 90

100 100

200

1.050 APL de Joinville 1. UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina - Ciências da computação – Bacharel - Tecnologia de Sistemas de Informação 2.UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville - Sistemas de Informação – Bacharel 3. FCTJ – Faculdade de Ciências e Tecnologia de Joinville - Ciências da Computação – Bacharel - Sistemas de Informação – Bacharel 4. SENAI – Faculdade de Tecnologia do Senai de Joinville - Tecnologia em Redes Industriais – Tecnólogo 5. IST – Instituto Superior Tupy - Engenharia da Computação – Bacharel - Sistemas de Informação – Bacharel - Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas para Internet – Tecnólogo 6. FCJ – Faculdade Cenecista de Joinville - Sistemas de Informação – Bacharel 7. FATESC - Faculdade de Tecnologia São Carlos - Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas para Web – Tecnólogo 8. IESVILLE – Faculdade de Tecnologia IESVILL-FATI - Tecnologia em Desenvolvimento de Sistemas de Informação – Tecnólogo 9. UNERJ - Centro Universitário de Jaraguá do Sul - Sistemas de Informação – Bacharel TOTAL DO APL

80 80

100

60 60

80

80 80

100

80

150

200

100 1.250

TOTAL GERAL 3.024

Fonte: INEP/MEC, 2005. Quadro 3.4.5 - Instituições de ensino e cursos de informática e similares - 2005