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FERNANDO PESSOA O Fingimento Artístico Trabalho realizado por: Alexandra Canané nº1 12ºD

Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético

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Page 1: Fernando Pessoa - Fingimento Artístico/Poético

FERNANDO PESSOAO Fingimento Artístico

Trabalho realizado por: Alexandra Canané nº1 12ºD

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SUMÁRIO

• Biografia de Fernando Pessoa (ortónimo);

• Os Heterónimos;

• O Fingimento Artístico/Poético:

• “Autopsicografia”;

• “Isto”.

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BIOGRAFIA

Fernando António Nogueira Pessoa (ortónimo) foi um poeta e escritor português, considerado como um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura universal.

Foi a pessoa mais importante do movimento iniciado com a revista Orpheu e o nome fundamental do modernismo português.

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Nasceu em Lisboa, no Largo de São Carlos, no dia 13 de junho de 1888. Após a morte do seu pai e do seu irmão, a sua mãe casa-se com o cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul, onde a sua nova família passa a residir. Deste casamento de D. Maria Madalena Nogueira nasceram cinco filhos, mas só três sobreviveram.

É em Durban que Pessoa faz o ensino primário num colégio de freiras, onde entrou depois na Durban High School. Aos 13 anos de idade, recebe o “First Class School HigherCretificate” da Universidade do Cabo da Boa Esperança, após de ter feito quatro anos letivos em apenas dois. Nesse mesmo ano, começa a escrever poemas em inglês.

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Mais tarde, com 17 anos, vai para Lisboa frequentar o Curso Superior de Letras, que abandonará dois anos depois. Apesar da compra de máquinas para montar uma tipografia e editora, “Empresa Íbis”, nunca ter chegado a funcionar, devido à sua avó ter enlouquecido e cuja herança lhe permitiu o negócio que acabou em fracasso, começou uma vida de modesto correspondente comercial de inglês e francês, trabalhando para vários escritórios da Baixa lisboeta.

Em 1912, começa a publicar na revista A Águia e, dois anos mais tarde, cria os seus heterónimos. Em 1934 publica Mensagem, o seu único livro de poesia em português editado em vida.

Morre aos 47 anos de idade, no dia 30 de novembro de 1935, de cólica hepática por um cálculo biliar associado a cirrose hepática.

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OS HETERÓNIMOS DE PESSOA

• Alberto Caeiro;

• Ricardo Reis;

• Álvaro de Campos.

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Alberto Caeiro

É o “poeta da Natureza”, o criador do Sensacionismo, pois, não procura conhecer, não deseja adivinhar qualquer sentido oculto, uma vez que o «único sentido oculto das coisas/ é elas não terem sentido nenhum» e «as coisas não têm significado, têm existência». É considerado como um Mestre, pois ele era aquilo que Pessoa não conseguia ser: alguém que não procura qualquer sentido para a vida ou universo, porque lhe basta aquilo que vê e sente em cada momento. Vive exclusivamente de sensações e sente sem pensar.

Nos seus poemas, está expresso um conceito de vida, segundo o qual, partindo da aceitação serena do mundo e da realidade, saboreia tranquilamente cada impressão captada pelo seu olhar, ingénuo como o de uma criança.

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Álvaro de Campos

É o heterónimo pessoano que o Pessoa mais publicou. Apresenta uma evolução mais nítida, podendo distinguir-se três fases na sua obra:

• Os seus primeiros poemas, escritos durante a viagem ao Oriente, aproximam-no da atmosfera vivida por outros poetas da viragem do século, o decadentismo;

• O seu verdadeiro génio vanguardista revela-se na sua fase futurista, quando escreve a “Ode Triunfal”, a “Ode Marítima”, e outros poemas de exaltação da vida moderna, da força, da velocidade e das máquinas;

• Na terceira fase, escreve poesia mais intimista.

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Quando reconhece Caeiro, o seu Mestre, é introduzido para o mundo do Sensacionismo. Mas enquanto Caeiro acolhe tranquilamente as sensações, Campos experimenta-as febrilmente, excessivamente, querendo «sentir tudo, de todas as maneiras» que, acaba por cair numa espécie de tédio e apatia melancólica, ou numa ilusão nostálgica que o aproxima de Fernando Pessoa ortónimo (com quem partilha a dor de pensar, a fragmentação, a nostalgia de infância e a procura do sentido do que está para além da realidade).

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Ricardo Reis

Apresenta uma poesia muito diferente das dos outros heterónimos.

É um conformista que pensa que nenhum gesto, nenhum desejo vale a pena, uma vez que a escolha não está ao alcance do homem e tudo está determinado por uma ordem superior e desconhecida. Reis corresponde como se fosse um homem de outro tempo e de um outro mundo, um grego antigo, pagão a braços com o Destino.

Defende que, para enfrentar o medo da morte, é preciso viver cada instante que passa, sem pensar no futuro, numa perspetiva epicurista (procura dos prazeres) de saudação “carpe diem” (aproveitar ao máximo o agora, apreciar o presente). Mas para isso, tem de ser feita de forma disciplinada, digna, enfrentar com grandeza e resignação esse Destino de precaridade, numa perspetiva que tem raízes no estoicismo.

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O FINGIMENTO ARTÍSTICO/POÉTICO

Nesta temática, o poeta baseia-se em experiências vividas, que procura escrever distanciado do sentimento.

A composição de um poema lírico deve ser feita no momento da recordação dela e não no momento da emoção. Pessoa apenas transcreve o que lhe vai na imaginação e não o real, não sente o que não é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o poema. Para Fernando Pessoa, a poesia é fingimento poético.

Podemos encontrar este tema em alguns dos seus poemas, como “Autopsicografia” e “Isto”.

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AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração

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Na 1ª estrofe, o sujeito poético refere que a poesia não está na dor experimentada, ou sentida realmente, mas no fingimento dela. Ou seja, a dor real, para se elevar ao plano da arte, tem de ser fingida, imaginada, expressa em linguagem poética, o poeta tem que partir da dor real, a dor que deveras sente. Para haver poesia, não basta sentir a dor real.

Na 2ª estrofe, o “eu” poético diz que quem lê sente apenas a ausência da dor em si mesmo e não a dor presente no poeta. O poeta tem duas dores, a real e a fingida, mas que lê não tem nenhuma dessas dores – apenas a ausência de dor em si mesmos. Isto é, o leitor não sente a dor que o poeta sente, visto que é quem escreve que sente profundamente a dor que o leva a escrever.

Na 3ª estrofe, o sujeito poético chama pelo seu coração. O coração (símbolo da sensibilidade) é comparado tanto à dor como à emoção: é o coração que sente, que «entretém a razão».

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ISTO

Dizem que finjo ou minto

Tudo que escrevo. Não.

Eu simplesmente sinto

Com a imaginação.

Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,

O que me falha ou finda,

É como que um terraço

Sobre outra coisa ainda.

Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio

Do que não está ao pé,

Livre do meu enleio,

Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!

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O poeta nega que finge ou mente o que escreve. Justifica que o que faz é racionalizar os sentimentos (sente com a imaginação), a criatividade e não usa o coração. Sente-se dominado pelo destino de procurar sempre algo de mais belo, mas inacessível.

Procura constantemente nunca se satisfazendo com o que procura, mas vendo sempre naquilo com que se depara um terraço que esconde mais. Relaciona essa procura com o facto de se querer libertar das sensações – ao escrever distancia-se delas. Ao escrever, o poeta coloca-se ao nível do fingimento, do pensamento, da racionalidade.

«Sentir? Sinta quem lê!» - O leitor está dominado pela ideia de que a origem dos versos situa-se no sentimento, mas engana-se, pois não isto que as palavras querem exprimir.