38
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS DRIÉLLE VALIN BATISTA ELISANGELA COSTA FRANCISCO RANIELLY DE SOUZA ANDRADE RENATO ALMEIDA FRANÇA GRAU DE ACEITAÇÃO DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS POR IDOSOS NO MUNICÍPIO DE TURMALINA - SP FERNANDÓPOLIS 2011

Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS

DRIÉLLE VALIN BATISTA

ELISANGELA COSTA FRANCISCO

RANIELLY DE SOUZA ANDRADE

RENATO ALMEIDA FRANÇA

GRAU DE ACEITAÇÃO DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS POR

IDOSOS NO MUNICÍPIO DE TURMALINA - SP

FERNANDÓPOLIS 2011

Page 2: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

DRIÉLLE VALIN BATISTA ELISANGELA COSTA FRANCISCO RANIELLY DE SOUZA ANDRADE

RENATO ALMEIDA FRANÇA

GRAU DE ACEITAÇÃO DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS POR

IDOSOS NO MUNICÍPIO DE TURMALINA – SP

Trabalho de conclusão do curso de Farmácia apresentado à Fundação Educacional de Fernandópolis como requisito parcial para obtenção do título de farmacêutico. Orientador: Prof. Ms. Roney Eduardo Zaparoli

FERNANDÓPOLIS 2011

Page 3: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

FOLHA DE APROVAÇÃO

DRIÉLLE VALIN BATISTA ELISANGELA COSTA FRANCISCO RANIELLY DE SOUZA ANDRADE

RENATO ALMEIDA FRANÇA

GRAU DE ACEITAÇÃO DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS POR IDOSOS NO MUNICÍPIO DE TURMALINA – SP

Trabalho de conclusão do curso de Farmácia apresentado à Fundação Educacional de Fernandópolis como requisito parcial para obtenção do título de farmacêutico.

Aprovado em _____/_____/2011

Examinadores: _____________________________________ Prof. Ms.Roney Eduardo Zaparoli Instituição: Fundação Educacional de Fernandópolis ______________________________________ Prof. Ms. Luciana Estevam Simonato Instituição: Fundação Educacional de Fernandópolis ______________________________________ Prof. Esp. Vanessa Maira Rizzato Silveira Instituição: Fundação Educacional de Fernandópolis

Page 4: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

DEDICATÓRIA “Dedico a Deus por tudo que me proporciona na vida. A minha mãe por todo

amor, carinho, que sempre esteve ao meu lado me incentivando e dando todo

apoio que eu precisava, sem ela eu não seria nada.”

Driélle Valin Batista

“Dedico este trabalho a Deus por me conceder a oportunidade de viver e evoluir a

cada dia. Aos meus pais pelo apoio e carinho em todo momento de minha vida

principalmente neste, ao meu filho que por tantas vezes ficou sem minha

presença. Enfim, a todos os que contribuíram para que meu sonho que parecia

tão distante hoje se concretizasse, meu muito obrigado!”

Elisangela Costa Francisco

“Dedico este trabalho aos meus pais, avós e irmão por tudo que representam em

minha vida e por todo o apoio que sempre me deram”

Ranielly de Souza Andrade

“Dedico este trabalho primeiramente a Deus, a meus pais, avós e irmãs por toda

força e apoio que me deram ao longo dessa caminhada”

Renato Almeida França

Page 5: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente por ter me iluminado durante todo esse

tempo.

A minha mãe Sandra e a todos os meus familiares que sempre estiveram

torcendo pelo meu sucesso.

Ao meu namorado Diego, pelo amor, carinho, paciência e compreensão

nos momentos em que estive ausente e por tornar a minha vida mais completa.

Aos meus amigos em especial, Ranielly, Elisangela e Renato por todos os

momentos bons e engraçados que passamos juntos.

Ao orientador do nosso trabalho o Prof.Ms. Roney Eduardo Zaparoli, pela

paciência, dedicação e ajudando de forma significativa para a conclusão deste

trabalho e pelo grande profissional que é.

E a todos aqueles que estiveram ao meu lado e colaboraram para

concretização deste trabalho. Obrigada!

Driélle Valin Batista

Page 6: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

Aos meus amigos que fiz durante o curso, pela verdadeira amizade que

construímos em particular aqueles que estiveram sempre ao meu lado (Driélle,

Ranielly e Renato), pelo apoio, e por todos os momentos que passamos juntos

durante esses anos.

Agradeço aos meus professores, em especial ao meu orientador Prof.Ms.

Roney Eduardo Zaparoli por demonstrar paciência e dedicação e fazer desse

trabalho um caminho não só de conhecimento, mas de sabedoria. O meu muito

obrigado!

Elisangela Costa Francisco

Page 7: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

Agradeço primeiramente a Deus por sempre ter iluminado meu caminho e

pela oportunidade da realização de um sonho que achava muito distante.

Obrigada por me guiar durante toda essa caminhada, fazendo dos seus braços o

meu principal consolo nos momentos difíceis e nunca me fazer desistir.

Aos meus pais, Sônia e José Roberto, por me darem a vida, amor,

carinho e educação que me fizeram chegar até aqui. Obrigada pelo apoio e pelas

muitas vezes que deixaram de fazer por eles para fazer por mim.

Aos meus avós, Ivonilda e Antônio, agradeço por acreditarem em mim e

no meu potencial para realizar esse sonho.

Ao meu namorado, Renato, pelo amor, carinho, compreensão e

companheirismo que sempre teve comigo. Obrigada por me fazer tão feliz.

Aos meus amigos, em especial a Driélle e Elisangela pelos momentos

bons que passamos juntas que sempre ficarão em minha memória e também

pelos momentos difíceis que nunca deixaram abalar nossa amizade.

Meus agradecimentos em especial ao nosso orientador Prof.Ms. Roney

Eduardo Zaparoli pela atenção e paciência para a realização deste trabalho.

Ranielly de Souza Andrade

Page 8: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

Agradeço aos meus avôs maternos Valtair Almeida e Aurora Fontes que

me ajudaram e me ajudam muito para chegar aonde cheguei e paternos “in

memorian” (João Luiz França e Ambrozina França), aproveito também para

agradecê-los, estejam onde estiver sei que estão olhando por mim. E por eles

terem me dado pais tão maravilhosos que agradeço eternamente.

Agradeço aos meus pais, Racine e Adélia, que mais do que me

proporcionar uma boa infância e vida acadêmica, formaram os fundamentos do

meu caráter e me apontaram uma vida eterna. Obrigado por serem a minha

referência de tantas maneiras e estarem sempre presentes na minha vida de uma

forma indispensável.

Agradeço a minhas irmãs Renata, Francislane e especialmente a Roberta

pelo companheirismo, paciência, confiança e que acreditou e me ajudou sempre.

Agradeço a minha namorada Ranielly pelo amor, compreensão, estímulo,

paciência e incentivo para a concretização deste sonho.

Agradeço aos meus amigos, em especial Elisangela e Driélle por tudo que

passamos juntos no decorrer desses anos.

Agradeço a todos meus familiares e amigos pela força.

Agradeço ao meu orientador Prof.Ms. Roney que me ajudou nesta etapa

final.

E finalmente agradeço a Deus, por proporcionar estes agradecimentos à

todos que tornaram minha vida mais afetuosa, além de ter me dado uma família

maravilhosa e amigos sinceros. Deus, que a mim atribuiu alma e missões pelas

quais já sabia que eu iria batalhar e vencer, agradecer é pouco. Por isso lutar,

conquistar, vencer e até mesmo cair e perder, e o principal, viver é o meu modo

de agradecer sempre.

Renato Almeida França

Page 9: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

Há homens que lutam um dia e são bons.

Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons.

Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis.

Bertolt Brecht

Page 10: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

LISTA DE ABREVIATURAS ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

DCB – Denominação Comum Brasileira

DCI – Denominação Comum Internacional

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

SUS – Sistema Único de Saúde

OMS – Organização Mundial da Saúde

Page 11: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Faz uso de medicamento genérico? ....................................................27

Figura 2. Motivos pelos quais os pacientes idosos não fazem uso dos

medicamentos genéricos................................................................................... 28

Figura 3. Ao utilizar medicamento genérico, sentiu algum efeito indesejado?...29

Figura 4. Faz uso de medicamentos genéricos sem prescrição médica?............30

Figura 5. Dos pacientes idosos que fazem uso do medicamento genérico

sem prescrição médica, quem os indicou?......................................................... 31

Page 12: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................... 15

1 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO............................................................... 16

1.1 Breve histórico sobre os medicamentos genéricos........................... 16

1.2 Definições................................................................................................ 18

1.3 Os medicamentos genéricos no mundo............................................... 19

1.4 Regulamentação dos medicamentos genéricos no Brasil.................. 20

1.5 Medicamento genérico versus medicamento de referência................ 22

1.6Aspectos sobre a aceitação dos medicamentos genéricos pela

População em geral................................................................................... 24

2 OBJETIVOS................................................................................................. 26

2.1 Objetivos geral.......................................................................................... 26

2.2 Objetivos específicos.............................................................................. 26

3 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................... 27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 28

5 CONCLUSÃO ............................................................................................. 33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 34

7 REFERÊNCIAS............................................................................................ 35

8 APÊNDICE I.................................................................................................. 38

Page 13: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

RESUMO

Este estudo teve como objetivo verificar se os medicamentos genéricos são aceitos ou não pelos idosos do município de Turmalina – SP e principalmente, os possíveis motivos que interferem na adesão desses pacientes ao tratamento com esses medicamentos. Trata-se de um estudo cuja metodologia se baseia em uma pesquisa de campo realizada com 130 pacientes com idade acima de 60 anos. Quanto aos resultados, a maioria dos entrevistados que possuem grau de instrução médio e superior sua aceitação aos medicamentos genéricos foi maior, em contrapartida grande parte dos mesmos fazem uso sem prescrição médica, destacando-se também o alto índice de entrevistados que não sentiram nenhum efeito indesejado, cerca de 92,6%. O motivo mais relevante citado pelos pacientes para a não adesão ao tratamento com medicamentos genéricos foi a não confiabilidade ao fármaco, motivo que foi mais relatado entre os pacientes com baixo nível de instrução. Tal fato provavelmente deve-se à falta de informação e conhecimento por parte desses pacientes, sendo fundamental a orientação por parte dos médicos e profissionais da saúde para a aceitação dos genéricos. Palavras chaves: medicamentos genéricos, pacientes idosos, aceitação

Page 14: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

ABSTRACT This study aimed to verify if the generic drugs are accepted or not by the elderly in the municipality of Turmalina – SP and especially, the possible reasons that influence adherence to treatment of patients with these drugs. It is a study whose methodology is based on field research conducted with 130 patients over the age of 60 years-old. As for results, most respondents who had educated middle and upper acceptance generic drugs was higher, however most of them make use without prescription, also highlighting the high rate of respondents who did not feel any effect unwanted, about 92,6%. The most important reason cited by patients for non-adherence to drug treatment was the unreliability generic drug, which was more reason reported among patients with low levels of education. This probably is due to the lack of information and knowledge from these patients, basic guidance from doctors and health professionals for the acceptance of generics.

Key words: generics drugs, elderly patients, acceptance.

Page 15: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

15

INTRODUÇÃO

Desde a sua efetiva implantação em 10 de fevereiro de 1999, a lei dos

genéricos vem sofrendo constantes mudanças frente às necessidades de

melhorar seu regulamento técnico e sua comercialização no mercado

farmacêutico brasileiro. Tais progressos vão desde testes que garantem sua

biodisponibilidade e bioequivalência em relação aos medicamentos de referência

à regulamentação e padronização de suas embalagens.

Em apenas poucos anos após a introdução da nova política de

medicamentos, o Brasil conseguiu atingir um patamar de vendas que outros

países que já possuíam essa política levaram décadas para atingir.

Apesar do sucesso da implantação dos medicamentos genéricos, no

inicio houve grande resistência por parte dos prescritores, da população e até

mesmo da indústria farmacêutica que não chegou a tornar pública sua resistência

à nova política. A resistência por parte dos prescritores se deu principalmente à

falta de conhecimento e confiabilidade por parte destes aos novos

medicamentos, visando que o papel do prescritor na orientação e esclarecimento

do paciente é indispensável para sua adesão à nova política de medicamentos,

podendo destacar também o importante papel da divulgação dos medicamentos

genéricos e o nível de escolaridade da população para sua aceitação.

Atualmente, a aceitação e a adesão dos pacientes ao tratamento com

medicamentos genéricos estão cada vez mais crescentes. Dentre os tratamentos

que ficaram mais baratos estão o de doenças crônicas tais como o de diabetes,

hipertensão e hipercolesterolemia cujas quedas variaram de 34 a 57%

beneficiando principalmente a população idosa e de baixa renda (SÃO PAULO,

2003).

Hoje o Brasil é um dos mercados que mais cresce em relação aos

medicamentos genéricos já se igualando a países desenvolvidos como os

Estados Unidos onde 70% dos receituários médicos são de prescrições

genéricas (FISCHER et al., 2011).

Page 16: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

16

1 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

1.1 Breve histórico sobre os medicamentos genéricos

Os medicamentos genéricos tiveram origem na década de 60 nos Estados

Unidos da América. No início da década de 80, após algumas patentes de

medicamentos comercializados expirarem, implantou-se naquele país um novo

marco regulatório – o Hatch Waxman Act – que diminuiu o prazo de registro dos

medicamentos cujas patentes haviam expirado possibilitando a sua rápida

comercialização sob a denominação genérica. Dessa maneira, o mercado

farmacêutico americano ganhou grande impulso, pois por não serem

comercializados sob uma marca tais medicamentos eram dispensados a preços

inferiores aos medicamentos de referência. Este segmento passou a ser

conhecido por segmento dos genéricos que tem como principal objetivo o acesso

da população aos medicamentos através de preços inferiores aos demais

(HASENCLEVER, 2004).

No Brasil, a efetivação dos medicamentos genéricos perdurou por quase

20 anos, até que o então presidente da república Fernando Henrique Cardoso

sancionou a Lei 9.787 de 10 de fevereiro 1999, de autoria do ex-senador Itamar

Franco, regulamentando que constasse nas embalagens dos medicamentos

genéricos, o princípio ativo em tamanho não inferior a 50% do nome fantasia,

além de comprovação de mesma biodisponibilidade e bioequivalência quanto aos

medicamentos de referência de mesma concentração e via de administração

estabelecendo que todas as prescrições médicas e odontológicas realizadas

através do SUS fossem feitas com o nome genérico (MINAS GERAIS, 2008).

Em 9 de agosto de 1999 foi publicada a primeira Resolução da Diretoria

Colegiada, a RDC nº 391, que aprovou o Regulamento Técnico para

medicamentos genéricos bem como provas de biodisponibilidade,

bioequivalência, controle de qualidade, prescrição e dispensação (ARAÚJO et al.,

2010), a partir daí a industria farmacêutica reagiu contra esta aprovação, porém

não assumiu publicamente sua posição contrária, chegando até a enviar aos

médicos carimbos e receituários já impressos com a seguinte frase “Não

Page 17: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

17

substituir por genéricos”. A agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

reagiu com a republicação da RDC 391 na qual incluiu a proibição desta prática

exigindo de próprio punho a restrição do prescritor pela intercambialidade. A

resistência à nova política de medicamentos implantada pelo governo também foi

evidenciada pelos prescritores através uma pesquisa realizada pela ANVISA em

1999 a qual mostrou que 80% deles prescreviam medicamentos de marca

mesmo que 78% manifestassem de forma positiva sobre a qualidade do

medicamento (DIAS, 2006).

Após cerca de 1 ano e meio a RDC 391 foi revogada pela RDC 10 de 2

de janeiro de 2001 que manteve o mesmo formato da anterior porém com maior

detalhamento como o registro de produtos importados e autorização para

redução de lotes pilotos para medicamentos com alto valor agregado. No entanto

a RDC 10 foi revogada pela RDC 84 em 19 de março de 2002 na qual foram

citados casos onde há exigência de novos ensaios de bioequivalência e também

sendo reapresentada a lista dos medicamentos não aceitos como genéricos. A

RDC 84 foi revogada em 29 de maio de 2003 pela RDC 135 que adicionou em

seu conteúdo a apresentação de resultados dos estudos de estabilidade da

formulação de maior concentração para formulações com três ou mais

concentrações diferentes do mesmo fármaco, estudos de estabilidade de longa

duração para medicamentos cujo prazo de validade excedesse 24 meses entre

outros. Em 2 de março de 2007 foi revogada a RDC 135, aprovando a RDC 16

que permitiu que anticoncepcionais orais e hormônios endógenos fossem

registrados como genéricos, além dos antieméticos, antitérmicos e antipiréticos,

antibacterianos tópicos, antihemorroidários e descongestionantes nasais tópicos

à lista dos medicamentos que não poderiam ser admitidos como genérico

(ARAÚJO et al., 2010).

Atualmente, existe mais de 16 mil apresentações de medicamentos

genéricos e o Brasil se situa como nono no mercado mundial que fatura mais de

três bilhões de dólares, podendo proporcionar à população o tratamento da

maioria das doenças conhecidas a um custo razoável (BERMUDEZ, 1994).

Page 18: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

18

1.2 Definições

Em 1993, o governo brasileiro adotou como política do setor de saúde os

medicamentos genéricos, mas só foi em 1999 que a Lei dos Genéricos foi

sancionada pelo então presidente da república. A partir do reconhecimento das

denominações genéricas, tornou-se obrigatório a utilização da Denominação

Comum Brasileira (DCB) e da Denominação Comum Internacional (DCI)

implantada com a finalidade da padronização das definições dos medicamentos

utilizados. Através da regulamentação da Lei dos Genéricos por meio de uma

RDC da ANVISA, possibilitou a introdução de definições que antes não eram

empregadas para o registro de um medicamento no Brasil sendo que esta lei

estabeleceu um novo padrão para registros e desenvolvimentos de

medicamentos no país como a equivalência farmacêutica e bioequivalência

(ARAÚJO et al., 2010).

É importante ter as seguintes definições:

Medicamento Genérico: medicamento produzido após a expiração da

proteção patentária do medicamento de referência ou inovador. É necessário que

o medicamento genérico tenha a mesma biodisponibilidade e seja bioequivalente

ao de referência de mesma concentração, forma farmacêutica, indicação,

posologia e via administração podendo ser com este intercambiável (BRASIL,

1999).

Biodisponibilidade: significa a concentração e a velocidade que o fármaco

atinge a corrente sanguínea após a sua administração. É a quantidade de droga

que está disponível para ser utilizada pelo organismo (SILVA, 2006).

Medicamento de Referência: fármaco inovador registrado e patenteado

junto ao órgão responsável, cuja segurança, eficácia e qualidade foram

comprovadas cientificamente através de ensaios in vitro e in vivo (BRASIL, 1999).

Bioequivalência: é quando dois produtos atingem a taxa de

biodisponibilidade dos ativos e não diferem nas condições experimentais sendo

assim considerados produtos farmaceuticamente equivalentes (FUCHS, 2006).

Medicamento Similar: medicamento similar ao medicamento de referência

registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, porém sua

eficácia, segurança e qualidade não estão totalmente comprovadas.

Page 19: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

19

Equivalência farmacêutica: são considerados fármacos equivalentes

quando nestes contêm a mesma quantidade de princípios ativos, na mesma

dosagem e administrados pela mesma via, porém não são necessariamente

bioequivalentes, pois algumas diferenças nos excipientes, por exemplo, podem

levar a diferenças de dissolução e/ou biodisponibilidade (BERMUDEZ, 1994).

Produto farmacêutico intercambiável: produto que seja bioequivalente a

um produto de referência, cuja biodisponibilidade, segurança e qualidade sejam

essencialmente comprovados (BRASIL, 1999).

1.3 Os medicamentos genéricos no mundo

Em nível mundial, os Estados Unidos da América destaca-se por 70%

dos receituários médicos serem de medicamentos genéricos sendo que no Reino

Unido os genéricos apresentam cerca de 15% do mercado e na Alemanha 30%

(HAYDEN, 2008). Cabe ressaltar que, nos Estados Unidos da América, todos os

estados adotaram a lei dos genéricos (PINTO, 2007).

Tal difusão e aceitação internacional dos medicamentos genéricos se

devem principalmente, à promoção destes medicamentos terem ocorrido nos

países em que as ações são direcionadas para influenciar o comportamento de

médicos e profissionais da saúde por meio de informações que comprovam a

qualidade e a sua confiabilidade (MONTEIRO et al., 2005).

Em 1990, a Colômbia promulgou o decreto 709 estabelecendo o registro

de medicamentos, isenção de taxa, possibilidade de produzir genéricos com o

mesmo registro de marcas e estabeleceu também a obrigatoriedade de colocar a

denominação genérica nas embalagens no mesmo tamanho das marcas, além

da prescrição pelo nome genérico (BERMUDEZ, 1994).

A implantação da política de medicamentos genéricos na Noruega se deu

em 2001 com sucesso. Na Suécia, foi relatado um período de teste recentemente

bem sucedido quanto às prescrições de genéricos. Não foi identificado nenhum

argumento farmacológico contra a prescrição de medicamentos genéricos

(NELSON, 2006).

Page 20: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

20

A evolução do mercado de medicamentos genéricos, em 1993, pode ser

avaliada em vários outros países como França que cresceu 13% e a Inglaterra

50%. Outros dados que merecem ser citados são referentes à Dinamarca, onde

os genéricos correspondem a 50% do mercado varejista e os Países Baixos,

onde representam 40%. Portugal, Bélgica e Espanha são países onde os

genéricos ainda representam mercados incipientes (DESMARAIS, 2010).

Nos quatro primeiros anos de vigência dos medicamentos genéricos no

Brasil pôde-se observar resultados comerciais de cerca de 9,9% das vendas do

mercado, superiores a alguns países onde existem genéricos há muitos anos

como Itália (1%), França (2%), Espanha (1%) e Portugal (1%), evidenciando que

nesses países houve baixa aceitação dos genéricos. Porém, ainda distante de

países como Inglaterra (65%), Dinamarca (60%), Estados Unidos (49%), Canadá

(40%) e Alemanha (38%) com alta aceitação da população (DIAS, 2006).

A efetiva introdução da política dos medicamentos genéricos e sua

aceitação no mundo, de modo geral, foi bem sucedida, principalmente nos

Estados Unidos e alguns países da Europa. Isso se deve à orientação por parte

dos prescritores e profissionais da área da saúde. Vale salientar o alto nível de

escolaridade da população desses países que é um índice fundamental para a

aceitação de uma nova política de medicamentos.

Em outros países onde os genéricos não foram bem aceitos, como a

França, se deve à ausência de estímulos à prescrição médica e à dispensação.

1.4 Regulamentação dos medicamentos genéricos no Brasil

No Brasil, é responsabilidade do Estado zelar pela saúde da população e

é por meio da formulação de políticas sociais e econômicas que garantem o

acesso dos cidadãos à serviços para promoção, recuperação e proteção da

saúde. Dentre as estratégias do governo para assegurar o acesso da população

à saúde, está a política de medicamentos genéricos, que são, em geral, mais

baratos que os medicamentos de referência. O baixo custo dos medicamentos

genéricos se deve ao fato de não recaírem sobre os laboratórios que os

produzem os custos de desenvolvimento da nova molécula e dos estudos clínicos

necessários, já que estes foram realizados pelas empresas que desenvolveram

Page 21: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

21

os medicamentos de referência sendo obrigatório para os genéricos apenas a

comprovação de sua biodisponibilidade e bioequivalência, além de não

investirem tanto em propaganda para tornar a marca conhecida (DIAS, 2006).

Em 1993, o Brasil reconheceu a necessidade de implantar no país o

segmento de medicamentos genéricos com o objetivo da regulação dos preços

provendo o acesso da população de baixa renda à saúde (ARAÚJO et al., 2010),

mas só foi em 10 de fevereiro de 1999 que a Lei nº 9.787 sancionada pelo então

presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, estabeleceu o

medicamento genérico e dispôs sobre sua utilização no país (BRASIL, 1999).

Entre 1993 e 1999, intervalo entre a obrigatoriedade da utilização da

denominação genérica e a efetiva implantação da lei, os diferentes laboratórios

de medicamentos similares existentes no Brasil buscaram manter seus produtos

no mercado e só passaram a investir em medicamentos genéricos após seus

registros expirarem, retardando a efetiva implantação da política dos genéricos

(ARAÚJO et al., 2010).

Os laboratórios não são obrigados a produzir os genéricos, porém as

farmácias e drogarias são obrigadas a oferecê-los e poderão fechar se não os

tiverem (MONTEIRO, 2005).

Foi então que a partir da efetiva implantação da política dos genéricos, a

Lei nº 9.787, que a legislação brasileira tendo como base a regulamentação

técnica e a experiência de diversos países como Estados Unidos, Alemanha e

Espanha, estabeleceu que para um medicamento genérico ser registrado seria

necessário que este comprovasse perante o órgão responsável (ANVISA) a sua

equivalência farmacêutica, biodisponibilidade e bioequivalência em relação ao

medicamento de referência visando assegurar sua qualidade, segurança e

eficácia fazendo com que este se tornasse intercambiável com o medicamento

inovador (STORPIRTIS et al., 2004).

Depois que os genéricos foram lançados no mercado, tornou-se

necessário estabelecer padrões quanto a sua embalagem e rótulo. Em 28 de

março de 2001 foi aprovada a RDC 47, ainda em vigor, que regulamentou que

todas as embalagens externas deveriam ser identificadas com uma faixa amarela

e contendo a letra G em azul cobrindo a face principal e as laterais das

embalagens (BRASIL, 2001).

Page 22: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

22

Após constantes modificações nas legislações frente às necessidades e

às situações inesperadas durante o processo, o governo brasileiro conseguiu

implantar no país uma efetiva política nacional de medicamentos genéricos. Em

poucos anos o Brasil conseguiu atingir um patamar de vendas de medicamentos

genéricos que outros países levaram décadas para alcançar (DIAS, 2006) e em

apenas 4 anos da implantação da Lei nº 9.787, os medicamentos genéricos já se

encontravam disponíveis em mais de 4 mil apresentações, abrangendo as

principais classes terapêuticas e atendendo a mais de 60% das prescrições

médicas (Pró-Genéricos, 2011).

1.5 Medicamento genérico versus medicamento de referência

Drogas são consideradas substâncias que têm por finalidade

proteger, manter e restaurar a saúde. É com base nesse contexto que o governo

brasileiro adotou a política dos medicamentos genéricos como um dos objetivos

de reduzir os custos de saúde desde que, esses medicamentos tenham sua

qualidade, segurança e eficácia comprovada perante os órgãos competentes

(TROUILLER, 1996).

A regulamentação técnica para o registro de medicamentos genéricos se

deu seis meses após a publicação da lei nº 9.787 através da RDC nº 391 de 9 de

agosto de 1999 na qual foram estabelecidas condições de registro, controle de

qualidade, testes, fabricação, prescrição e dispensação. Os primeiros genéricos

foram registrados seis meses após a publicação da RDC nº 391, porém foram

necessários várias revisões na legislação atendendo critérios da OMS até sua

ultima publicação, a RDC 16 de 2 de março de 2007 (ARAÚJO et al., 2010).

Para garantir a intercambialidade entre o medicamento de referência e o

medicamento genérico deve-se primeiramente se basear no conceito de

equivalência terapêutica entre ambos, assegurada pela equivalência

farmacêutica, da bioequivalência, das boas praticas de manipulação e do controle

de qualidade (STORPIRTIS et al., 2004).

Um estudo realizado pelo Departamento de Farmácia Social da

Faculdade de Farmácia da Universidade de Oslo em 2009 na Noruega feito com

Page 23: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

23

174 pacientes hipertensos entre 50 e 80 anos, revelou que em média 8% dos

entrevistados sentiram que o efeito da droga havia mudado, e 15% relataram ter

novos ou mais efeitos colaterais. A atitude negativa para a adesão do paciente

ao tratamento com medicamentos genéricos foi significativamente associada

com baixo nível educacional, embora a substituição por genéricos foi uma

importante medida de contenção de custos, os profissionais da saúde devem se

aproximar de cada paciente individualmente procurando esclarecer as dúvidas

sobre esses medicamentos (HAKONSEN; TOVERUD, 2010).

Para que um medicamento genérico seja lançado no mercado

farmacêutico é necessário que o fabricante realize o desenvolvimento

farmacotécnico de acordo com as mesmas especificações in vitro dos

medicamentos de referência. Tais especificações se baseiam em comprovar que

os dois fármacos possuem o mesmo sal, base ou éster da molécula

terapeuticamente ativa, no entanto não se deve descartar a probabilidade de

diferenças em relação às características físicas e físico-químicas do fármaco e

demais componentes da formulação, bem como nos processos de fabricação,

que podem gerar diferenças na biodisponibilidade, comprometendo a

bioequivalência e consequentemente sua intercambialidade. Entretanto, pode-se

evitar tal fato desenvolvendo a farmacotécnica do medicamento de forma

adequada com os padrões estabelecidos (STORPIRTIS et al., 2004).

Em outro estudo no qual foram coletados dados de farmácias e drogarias,

na cidade de Maringá, no Paraná, realizado pela Faculdade Estadual de Maringá,

no período de 30 de outubro a 22 de novembro de 2002, constatou-se que os

medicamentos genéricos não sujeitos a controle especial são, em média, 42%

mais baratos do que os medicamentos de referência e em relação aos similares

são, em média, 15% mais baratos. Vale ressaltar também que os medicamentos

similares são, em média, 24% mais baratos que os de referência (MONTEIRO,

2005).

Após a implantação dos medicamentos genéricos no mercado

farmacêutico brasileiro, entre os tratamentos que ficaram mais baratos estão o de

diabetes que caiu de 34 a 37% (dependendo do medicamento adotado), o de

hipercolesterolemia, cuja queda de preço variou de 39 a 57%, e o de hipertensão,

cerca de 53%. O sucesso da adoção da política dos genéricos beneficiou,

Page 24: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

24

principalmente, pessoas que fazem uso de medicamentos para uso crônico (SÃO

PAULO, 2003).

1.6 Aspectos sobre a aceitação dos medicamentos genéricos pela

população em geral

Desde a implantação dos medicamentos genéricos se discute se estes

são confiáveis e de alta qualidade. Ainda existe uma incerteza se a

bioequivalência é suficiente para garantir a segurança e eficácia dos genéricos, e

essa questão é levantada pelos médicos e pacientes que se sentem pouco a

vontade com os medicamentos genéricos (HASENCLEVER, 2004).

Um dos fatores que ajudam os genéricos a não serem conhecidos são as

opiniões dos médicos, onde quase 50% dão garantia negativa sobre a qualidade

dos medicamentos genéricos, e mais de ¼ preferem não usá-los como

medicamentos de primeira linha para uso próprio e de sua família. Esse índice

aumenta para médicos com idade maior de 55 anos (ENCOLHEU, 2011a).

Segundo uma pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências da Saúde,

Faculdade de Farmácia da Universidade do Leste da Finlândia com cerca de

3000 pessoas com idade mínima de 18 anos em 2008, pôde-se constatar que,

70,9% dos entrevistados consideram os medicamentos genéricos bons, 26,9%

ficam receosos, 80,9% afirmam que são eficazes, 88,4% não notavam nenhuma

diferença entre os outros medicamentos, 8,6% recusaram a substituição pelos

genéricos, e a maior parte eram mulheres com idade avançada. Há quatro razões

fundamentais para que o uso de medicamentos genéricos seja aderido pelos

pacientes: o baixo custo, prescrição e esclarecimento por parte dos médicos e a

indicação dos farmacêuticos (HEIKKILA; MANTYSESELKA; AHONEM, 2011).

Quanto à aceitação dos genéricos no Brasil, em geral, cabe ressaltar que

o crescimento de vendas nos primeiros 18 meses de sua introdução foi em torno

de 15% ao mês. Entre junho de 2000 e agosto de 2001, a venda de genéricos

cresceu 249,42%, chegando a 7,06 milhões de unidades (ARAÚJO et al., 2010).

Destaca-se o importante papel da divulgação dos medicamentos genéricos para

sua aceitação. Houve empenho pessoal do ministro da saúde bem como de

Page 25: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

25

membros da ANVISA nos diversos canais de comunicação. Divulgou-se o

produto em congressos médicos e associações de consumidores já que é de

suma importância o papel do prescritor no esclarecimento sobre tais

medicamentos (DIAS, 2006).

Outros dados de uma pesquisa realizada em uma cidade do sul do Brasil

relatam que há um conhecimento teórico e prático sobre medicamentos

genéricos, a proporção de genérico foi de 3,9%, já 86% sabiam que os genéricos

custam menos e 70% que a qualidade é similar aos medicamentos de marca,

57% conheciam algumas características da embalagem que faz a diferenciação

dos genéricos dos demais medicamentos. Essa pesquisa foi no período de 15

dias e 18,9% compraram genéricos, mas esse valor não pode ser considerável,

pois a maioria da população não sabe diferenciar os genéricos de outros

medicamentos (BERTOLDI; BARROS; HALLAL, 2005).

Page 26: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

26

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Verificar se os medicamentos genéricos são aceitos ou não pelos idosos

do município de Turmalina – SP.

2.2 Objetivos específicos

• Verificar possíveis motivos que interferem na adesão dos pacientes idosos

no tratamento com os medicamentos genéricos.

• Verificar porque ocorre não aceitação dos medicamentos genéricos.

• Verificar a interferência do farmacêutico na utilização do medicamento

genérico.

Page 27: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

27

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Esse trabalho foi realizado por meio de uma pesquisa de campo que teve

como instrumento a aplicação de um questionário conforme apêndice I aos

idosos no município de Turmalina – SP. Participaram dessa entrevista 130

indivíduos com idade acima de 60 anos.

Page 28: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

28

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 1 - Faz uso de medicamento genérico?

Fonte: Elaboração própria

A utilização de medicamento genérico é maior entre os idosos que

concluíram o ensino médio e superior. Isso deve-se provavelmente ao fato destes

terem maior acesso as informações ou pelo menos onde encontrá-las, dados

semelhantes foram encontrados em Dias, 2006 no qual relata-se que grande

parte dos países onde a aceitação do genérico foi bem sucedida, deve-se ao fato

do alto nível de escolaridade da população desses países.

Idosos analfabetos Idosos com Ensino Fundamental

Idosos com Ensino Médio Idosos com Ensino Superior

Page 29: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

29

Figura 2 - Motivos pelos quais os pacientes idosos não fazem uso dos

medicamentos genéricos.

Fonte: Elaboração própria

O alto índice de não confiabilidade ao medicamento genérico entre os

pacientes idosos pode ser refletido pela não orientação, credibilidade e

prescrição por parte dos médicos, como também é discutido em Encolheu et al.

Apesar desta pesquisa ter sido elaborada através de entrevistas com pacientes

idosos que na sua maioria utilizam o Sistema Único de Saúde, vale constatar que

um número considerável de médicos não prescrevem medicamentos genéricos,

provavelmente devido a fatores já mencionados acima.

Page 30: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

30

Figura 3 - Ao utilizar medicamento genérico, sentiu algum efeito

indesejado?

Fonte: Elaboração própria

Grande parte dos pacientes que fizeram uso dos medicamentos

genéricos afirmaram que não sentiram nenhum efeito indesejado ao fazer uso

dos mesmos. Tal fato comprova que os medicamentos genéricos possuem

eficácia e segurança semelhante aos medicamentos de referência, dados

semelhantes foram obtidos por Hikkila et al, 2011.

Page 31: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

31

Figura 4 - Faz uso de medicamentos genéricos sem prescrição médica?

Fonte: Elaboração própria

Grande parte dos pacientes idosos que utilizam medicamentos genéricos

os faz sem receita médica aumentando as chances de ocorrer problemas

relacionados aos medicamentos, pois nesses casos onde o uso irracional destes

medicamentos sem comprovação da doença, do correto tratamento e

consequentemente do fármaco mais adequado, pode originar problemas mais

sérios como a intoxicação medicamentosa. Observa-se que quanto maior o grau

de instrução, maior o aumento do uso do medicamento genérico sem prescrição

médica. Esse dado nos traz um alerta importante, pois, embora aumente a

utilização desses tipos de medicamentos conforme aumenta o grau de instrução,

essa utilização pode estar sendo feito de forma equivocada podendo gerar

problemas relacionado ao medicamento.

Idosos analfabetos Idosos com Ensino Fundamental

Idosos com Ensino médio Idosos com Ensino Superior

Page 32: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

32

Figura 5 - Dos pacientes idosos que fazem uso do medicamento genérico

sem prescrição médica, quem os indicou?

Fonte: Elaboração própria

Quem mais influência na utilização do medicamento genérico é o

farmacêutico, sendo um profissional que possui conhecimento na área. O que

chama a atenção é que mais de um quarto dos pacientes idosos utiliza o

genérico devido à influência de amigos e família. Isso é relevante, pois a

informação sobre o medicamento pode estar vindo de alguém sem conhecimento

na área favorecendo o aparecimento de problema relacionado ao medicamento e

uso irracional.

Page 33: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

33

5 CONCLUSÃO

Através das análises feitas por meio da pesquisa de campo com idosos,

realizada no município de Turmalina - SP pôde-se constatar que a maior

aceitação dos pacientes ao medicamento genérico são aqueles cujo grau de

instrução é médio ou superior.

Um dos motivos maiores pelos quais os idosos não fazem uso dos

medicamentos genéricos é pela falta de confiabilidade a esses medicamentos,

isso se deve, principalmente, a falta conhecimento e orientação por parte dos

prescritores.

A maioria dos idosos que já fizeram ou fazem uso do medicamento

genérico afirmaram que não sentiram nenhum efeito indesejado, o que

demonstra que os medicamentos genéricos são bioequivalentes ao medicamento

de referência, ou seja, possuem eficácia e segurança semelhantes.

Quanto aos idosos que fazem uso de medicamentos genéricos sem

prescrição, observa-se que quanto maior o grau de instrução, maior o aumento

do uso do medicamento genérico sem prescrição médica, justamente por terem

maiores acessos a informações sobre esses medicamentos, podendo causar

problemas com medicamentos e até mesmo uma intoxicação medicamentosa.

O farmacêutico foi relatado como o maior influenciador na utilização dos

medicamentos genéricos, fato importante, pois sendo um profissional da área da

saúde com muito conhecimento sobre medicamentos, e nas quais muitos têm

confiança, o que favorece o esclarecimento correto sobre os medicamentos

genéricos e as vantagens de fazer uso desses medicamentos, inclusive não

utilização do medicamento desnecessário.

Page 34: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

34

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos dados obtidos torna-se nítido a necessidade de maiores

esclarecimentos sobre os medicamentos genéricos, principalmente aos pacientes

idosos menos instruídos e que têm menos acesso a informações, sendo muito

importante o papel do prescritor e outros profissionais da saúde para a orientação

desses pacientes, podendo evitar assim que estes façam uso irracional de

medicamentos. Quanto aos pacientes idosos mais instruídos e que fazem uso do

medicamento genérico sem prescrição, cabe a orientação principalmente do

farmacêutico no momento da dispensação para que não ocorram problemas com

medicamentos com esses pacientes.

Page 35: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

35

7 REFERÊNCIAS

ARAÚJO, L. U. et al. Medicamentos genéricos no Brasil: panorama, histórico e legislação. Rev. Panam Salud Publica, Ouro Preto, dez. 2010; 28(6):480–92.

BERMUDEZ, J. Medicamentos genéricos: Uma alternativa para o mercado brasileiro. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.10, n.3, p. 368-378, jul/set. 1994. BERTOLDI, A. D., BARROS, A. J., HALLAL, P. C., Genéricos drogas no Brasil: conhecidos por muitos, usados por poucos, Programa de pós graduação em epidemiologia, Pelotas, nov./dez. 2005, 21(6):1808-15.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lei nº 9.787/1999, de 10 de fevereiro de 1999. Regulamenta os medicamentos genéricos no Brasil. Brasília, 1999. BRASIL. Resolução RDC nº 47 de 28 de março de 2001. Regulamenta as embalagens dos medicamentos genéricos. Brasília, 2001. CALIXTO, J. B. Desenvolvimento de medicamentos no Brasil: Desafios, Gazeta médica da Bahia, Florianópolis, 2008; 78 (Suplemento 1):98-106. DESMARAIS, J. E., BEAUCLAIR, L., MARGOLESE, H. C. A mudança de marca para medicamentos genéricos psicotrópicos : uma revisão da literatura, mcGil university health centre, clinica unidade psychopharmacology, Canadá, nov. 2010, 10.1111. DIAS C. R. C., LIEBER R. N. S. Processo da implantação da política de medicamentos genéricos no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, ago. 2006; 22(8):1661–69. ENCOLHEU, W. H., et al, As conseqüências da requerente “dispensar como está escrito”, Departamento de medicina, Boston, abr. 2011a, 124(4):309-17. ENCOLHEU, W. H., et al. Percepções do médico sobre medicamentos genéricos, Hospital brigham and women e departamento de medicina, Boston, jan. 2011b, 45(1):31-8. FUCHS, F. D.; WANNMACHER,L.; FERREIRA, M. B.C.Farmacologia clinica : fundamentos da terapêutica racional. 3. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2006. HASENCLEVER, L. O mercado de medicamentos genéricos no Brasil, Simpósio Franco-Brasileiro, Brasília, jun. 2004.

Page 36: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

36

HAKONSEN, H., TOVERUD, E. L. Desafios especiais para a adesão à droga seguintes genéricos de substituição de imigrantes paquistaneses que vivem na Noruega, Faculdade de Farmácia da Universidade de Oslo. Oslo, dez. 2010. 67 (2) :193-201

HAYDEN, C. Sem patente não há genérico: acesso farmacêutico e política de cópias, Sociologias, Porto Alegre, ano 10, nº 19, p. 62-91, jan./jun. 2008. HEIKKILA, R., MANTYSESELKA, P., AHONEM, R. Fazer as pessoas considerarem eficazes medicamentos mais baratos? Inquerito á população sobre a opinião pública de genéricos de substituição na Finlândia, Faculdade de ciências da saúde, Finlandia, fev. 2011, 20(2):185-91. MINAS GERAIS – Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais. Notícias do CRF – MG, 2008. Disponível em: < http://www.crfmg.org.br/outrasnot.php?IdTexto=163>. Acesso em: 20 de out. 2011. MONTEIRO, W. M. et al, Avaliação da disponibilidade de medicamentos genéricos em farmácias e drogarias de Maringá (PR) e comparação de seus preços com os de referência e similares. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, Maringá, vol. 41, n. 3, p. 333-343, jul./set. 2005.

NELSON, S., SLORDAL, L. Os medicamentos genéricos em vez de marca drogas prescrições – em atraso longa, Institutt para laboratoriemedisin, Barne-og kvinnesykdommer, Det medisinske fakultet, Norges teknisk-naturvitenskapelige universitet, 7489 Trondheim. Noruega, fev. 2006. 126 (4) :441-3.

PINTO, C. M. D. P. Mercado brasileiro de medicamentos genéricos: Análise do desempenho de uma subsidiária de laboratório estrangeiro. 2007. 123p. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) – Fundação Getúlio Vargas – FGV, Rio de Janeiro, 2007. PRÓ-GENÉRICOS – Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos.História , 2011. Disponível em: <http://www.progenericos.org.br>. Acesso em: 09 de ago. 2011. SÃO PAULO– Conselho Regional de Farmácia de São Paulo. Disponível em: < http://www.crfsp.org.br>. Acesso em: 29 de out. 2011. SILVA, P. Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. STORPIRTIS, S. et al, A equivalência farmacêutica no contexto da intercambialidade entre medicamentos genéricos e de referência: Bases técnicas e científicas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.6, abr. 2004.

Page 37: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

37

SYOBODA,T.,A problemática da original e medicamentos genéricos e biosimilares -comutação de drogas hoje e amanhã com o principal alvo sobre as biotecnologias, riscos associados. Albany college of pharmacyand, Nova York, nov./dez. 2010, 50(6):752-7. TROUILLER, P., Os medicamentos genéricos nos países em desenvolvimento, Centre hospitalier,Grenoble, Nova York, abr. 1996. VALLES, J. A., et al, Aceitação de genéricos a prescrição, na prática geral: efeito da educação do paciente e preços de referência, Servei d’atencio primaria ciutat vella, Barcelona, nov./dez. 2002, 16(6):505-10.

Page 38: Grau de aceitação dos medicamentos genéricos por idosos.pdf

38

APÊNDICE I Questionário Idade ___________ Sexo F M

1) Escolaridade: Ensino fundamental Ensino médio Ensino superior Analfabeto 2) Qual a sua renda mensal? (salário mínimo)

Até 2 salários Até 4 salários Até 6 salários Mais que 6 salários

3) Você sabe o que é medicamento genérico? Sim Não 4) O que você achou da implantação dos medicamentos genéricos?

Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo

5) Já fez ou faz uso de medicamento genérico? Sim Não

6) Se não faz uso, por quê? Não confio Alto custo Não conheço Não faz uso de medicamentos Médico não prescreve Só faz uso de medicamentos da UBS

7) Este medicamento foi prescrito por algum médico? Sim Não

8) Você já fez uso do medicamento genérico sem prescrição? Sim Não

9) Caso a resposta acima seja positiva, quem te indicou o medicamento genérico?

Sim Não

10)Ao realizar o uso do medicamento genérico, já notou se a eficácia é a mesma do medicamento de referência?

Sim Não