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GREVE Conceito De acordo com a Lei 7.783/89, greve é a suspensão coletiva, temporária e pacifica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. Alice Monteiro de Barros e Mauricio Godinho Delgado definem greve como uma espécie de autotutela Estatalmente autorizada, servindo de pressão coletiva. Possui paridades com o exercício das próprias razões efetivado por um grupo social. Objetivos O objetivo dessa paralização é de exercer coação, mirando defender ou conquistar interesses coletivos ou fins sociais mais vastos. Consoante com este entendimento temos as seguintes ementas do Comitê de Liberdade Sindical da OIT: "EMENTA 363 – O direito de greve dos trabalhadores e suas organizações constitui um dos meios essenciais de que dispõem para promover e defender seus interesses profissionais." "EMENTA 364 – O comitê sempre estimou que o direito de greve é um dos direitos fundamentais dos trabalhadores e de suas organizações, unicamente na medida em que

Greve

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GREVE

Conceito

De acordo com a Lei 7.783/89, greve é a suspensão coletiva,

temporária e pacifica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a

empregador.

Alice Monteiro de Barros e Mauricio Godinho Delgado definem greve

como uma espécie de autotutela Estatalmente autorizada, servindo de pressão

coletiva. Possui paridades com o exercício das próprias razões efetivado por

um grupo social.

Objetivos

O objetivo dessa paralização é de exercer coação, mirando defender

ou conquistar interesses coletivos ou fins sociais mais vastos.

Consoante com este entendimento temos as seguintes ementas do

Comitê de Liberdade Sindical da OIT:

"EMENTA 363 – O direito de greve dos trabalhadores e

suas organizações constitui um dos meios essenciais de

que dispõem para promover e defender seus interesses

profissionais."

"EMENTA 364 – O comitê sempre estimou que o direito

de greve é um dos direitos fundamentais dos

trabalhadores e de suas organizações, unicamente na

medida em que constitui meio de defesa de seus

interesses."

Espécies

Uma enorme gama de classificações pode surgir de acordo com objeto a ser analisado.

Quanto à legalidade, por exemplo, a greve pode ser classificada em lícitas ou ilícitas. As greves lícitas são aquelas que obedecem aos ditames previstos na Lei. Contam com ampla proteção do direito do Trabalho,

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conferindo direitos e garantia aos participantes. As greves ilícitas, por sua vez, são aquelas que descumprem determinado mandamento da lei ou que cometem algum abuso relativo ao direito de outrem. 

As greves podem ser classificadas também segundo a sua extensão, dividindo-se em greves globais ou parciais. As greves globais, como o próprio nome sugere, contam com a adesão plena da categoria. As greves parciais, contam com adesão de somente uma parcela da categoria, um setor da empresa, ou mesmo, de poucos trabalhadores de cada setor.

As greves também podem ser políticas quando apenas se destinam a manifestações de protesto; podem ser de solidariedade quando inspiradas no princípio de cooperação com outras categorias que buscam obter qualquer objetivo; podem ser típicas quando buscam efetivamente a manutenção ou modificação nas condições de trabalho; podem ser de curta duração quando praticadas durante um período preestabelecido e geralmente são de advertência; podem ser por tempo indeterminado quando não têm previsões de encerramento; podem ser greves violentas quando provocam qualquer tipo de destruição, ameaça ou rompimento da ordem legal e podem ser pacíficas, com a finalidade exclusiva de cessar as atividades e com este ato pressionar o empresário a negociar os pedidos da categoria.

Quanto ao modo, as greves podem ser:

Greve branca: Mera paralisação de atividades,

desacompanhada de represálias;

Greve de braços cruzados: Paralisação de atividades, com o

grevista presente no lugar de trabalho, postado em frente à sua

máquina, ou atividade profissional, sem efetivamente trabalhar;

Greve de fome: O grevista recusa-se a alimentar-se para

chamar a atenção das autoridades, ou da sociedade civil, para

suas reivindicações;

Greve geral: Paralisação de uma ou mais classes de

trabalhadores, de âmbito nacional. Geralmente é convocado um

dia em especial de manifestação, procurando chamar atenção

pela grande paralisação conjunta.

Greve selvagem: Iniciada e/ou levada adiante espontaneamente

pelos trabalhadores, sem a participação ou à revelia

do sindicato que representa a classe;

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Operação-padrão: Consiste em seguir rigorosamente todas as

normas da atividade, o que acaba por retardar, diminuir ou

restringir o seu andamento. É uma forma de protesto que não

pode ser contestada judicialmente, sendo muito utilizada por

categorias sujeitas a leis que restringem o direito de greve, como

as prestadoras de serviços considerados essenciais à

sociedade, por exemplo. É muito utilizada por ferroviários,

metroviários, controladores de vôo e policiais de alfândega,

entre outros.

Estado de greve: Alerta para uma possível paralisação.

Direitos dos grevistas

1. A proibição de demissão

A própria Lei que regulamenta o direito de Greve assegura aos empregados

grevistas, em seu artigo 7º, uma das mais importantes conquistas do

trabalhador que é a proibição de sua dispensa, bem como a contratação de

outros empregados. Ou seja, é proibida a demissão dos empregados que

decidam aderir ao movimento grevista, bem como a contratação de outros para

o seu lugar.

O referido artigo estabelece que:

Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a

participação em greve suspende o contrato de trabalho,

devendo as relações obrigacionais, durante o período,

ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou

decisão da Justiça do Trabalho.

Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de

trabalho durante a greve, bem como a contratação de

trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das

hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.

Todavia, tal proibição também comporta restrições que estão intimamente

ligadas às limitações ao direito de greve.

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Assim, havendo o comprovado abuso por parte do empregado grevista, a

responsabilização daquele infrator poderá ensejar inclusive em sua dispensa

por justa causa. Ou seja, a proibição na demissão não se aplica em caso de

conduta que possa acarretar a dispensa por justa causa daquele trabalhador.

Nestes casos, está autorizada a demissão pelo ordenamento jurídico.

2. Outros Direitos

Ainda na Lei de greve, sobretudo, em seu artigo 6º, são assegurados outros

direitos aos empregados grevistas tais como a possibilidade de arrecadação

lícita de fundos para o movimento, a sua livre divulgação e a utilização de

meios pacíficos para persuadir os trabalhadores aderirem o movimento;

A lei diz que:

Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre

outros direitos:

I - o emprego de meios pacíficos tendentes a

persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem

à greve;

II - a arrecadação de fundos e a livre

divulgação do movimento.

Preconiza ainda o parágrafo 2º do artigo 6º da Lei 7783/89 que o empregador

não poderá coagir seus empregados a retornarem ao trabalho:

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Lei 7.783/89

BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. Editora: LTr,São Paulo, 2008,pág.1291.

[3] DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. Editora LTr, São Paulo, 2010, pág.1307.