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Oficinas de História do funk carioca E. M. Soares Pereira – PIBID História da UERJ – setembro 2014

História do funk carioca para oficinas escolares

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Oficinas de História do funk carioca

E. M. Soares Pereira – PIBID História da UERJ – setembro 2014

Raízes do FUNK CARIOCA

O funk carioca é um estilo musical oriundo do Rio de Janeiro, mais precisamente das favelas. Apesar do nome, é diferente do funk originário dos Estados Unidos.

Os “avós” do funk carioca

Nos anos 1960 e 1970 eram realizados bailes black, soul, shaft ou funk. Os músicos negros norte-americanos primeiramente chamavam de funk a música com um ritmo mais suave. Esta forma inicial de música estabeleceu o padrão para músicos posteriores: uma música com um ritmo mais lento, sexy, solto, orientado para frases musicais repetidas Com o tempo, os DJs foram buscando novos ritmos de música negra, mas o nome original permaneceu.

O soul de James Brown, o “vovô” do passinho...

https://www.youtube.com/watch?v=XgDrJ5Z2rKw&list=RDXgDrJ5Z2rKw#t=21

E hoje nós dançamos James Brown com outros passos....https://www.youtube.com/watch?v=Ul07f6wkcGM

Os passos, porém, não são tão diferentes assim. Vejam esta montagem de um programa soul dos anos 1970 com as músicas de hoje:

https://www.youtube.com/watch?v=hg56iYaPz70

Nos bailes da década de 1980, era muito comum associarem as letras em inglês e sons, como se fossem palavras em português.

Temos as criações das melôs, como a do “ravioli”. Que eram versões engraçadas de músicas em inglês, da forma como eram entendidas.

Ao lado, imagem de um baile dos anos 80.

O Freestyle e as melôs

Um clássico do freestyle do anos 1980...

https://www.youtube.com/watch?v=TfdWQcfs4yo

Considerado o marco zero do movimento baile funk, o disco (e suas continuações). Lançado em 1989.

“Funk Brasil” foi o primeiro lançamento com músicas cantadas em português e bases feitas especialmente para as faixas, inaugurando o gênero.

FUNK BRASIL 1989-

Melô do Bêbadohttps://www.youtube.com/watch?v=SEVPAvlBvwM

O Funk Brasil 1 foi uma vitória sem precedentes, vendeu 250.000 cópias. Até seu lançamento as gravadoras e rádios tinham preconceitos explícitos contra o funk, mas o DJ Marlboro apostou...e ganhou.

O sucesso do primeiro LP de funk

Funk Brasil 2 e 3

O Dj Marlboro fez tanto sucesso que passou a lançar um LP por ano.

Depois de Funk Brasil 1, lançado em 1989, temos o Funk Brasil 2 (1990) e Funk Brasil 3 (1991)

A “melô do terror”...

Uma música do LP, cantada pela Regina Casé e Luiz Fernando, humoristas brasileiros...

O funk deles fez o maior sucesso nos bailes...

https://www.youtube.com/watch?v=_82qYinU6P0

O funk dos anos 1990

As letras de funk dos anos 90 refletiam o dia-a-dia das comunidades, ou faziam exaltação a elas. Muitos raps surgiram de concursos promovidos dentro das comunidades. Em consequência, o ritmo fica cada vez mais popular e os bailes se multiplicam. Ex: Rap do pirão, Rap do Salgueiro, Rap da cidade de Deus, etc...

Ao mesmo tempo em que ele crescia nas comunidades, o funk começou a ser alvo de ataques e preconceito. Iniciava-se o período de associações do funk com a violência.

Os bailes pedem paz – Rap do Borel

Vários MCs e seus funks pediam paz nos bailes, alvos de constantes brigas de “galeras”. O Rap do Borel e o Rap da Felicidade são alguns deles.

https://www.youtube.com/watch?v=h8BXebxtYishttps://www.youtube.com/watch?v=z34HcBcqTas

William e Duda do Borel canta para as crianças das comunidades

https://www.youtube.com/watch?v=NKIiLyLV9js

O presidente era Fernando Henrique Cardoso, do PSDB

Claudinho e Buchecha também faziam sucesso

https://www.youtube.com/watch?v=xKNAiaNDuDU

Funk melody e os passinhos da década de 1990.

https://www.youtube.com/watch?v=W4Qqcs7TxXQ

• Semelhanças e diferenças com os passinhos atuais

• A moda dos bailes – o que permanece?

Funk dos anos 2000 e o mercado O funk conseguiu “mascarar seu

ritmo”, mostrando-se mais parecido com um rap americano e integrando-se mais às demais classes sociais cariocas.

Sua batida repetitiva, denominada pancadão ou tamborzão, é inspirado em batidas do Miami Bass e do rap americano).

Isso contribuiu para que mais pessoas se tornassem seus adeptos, fazendo com que o estilo chegasse a movimentar cerca de 10 000 000 de reais por mês no estado do Rio de Janeiro entre os anos de 2007 e 2008.

Desvalorização ou oportunidade comercial?

Algumas letras eróticas e de duplo sentido, normalmente desvalorizavam o gênero feminino.

Os “funks proibidões” surgem nesta época, fazendo retratando a realidade das comunidades.

As mulheres fruta, saradas, vendiam mais que as letras que discutiam temáticas sociais.

Isso aumentou o preconceito com relação ao ritmo, mas gerou muito lucro para as equipes de som e indústria cultural.

OS MCs, porém, não partilharam destes lucros.

Bonde do Tigrão – O baile todo

Podemos discutir: Valores Limites Sexualidade Limites do

feminino Machismo Banalização do

sexo Exposição do

corpo feminino

https://www.youtube.com/watch?v=IGhCoW4OWec

História de Tito

Mc MarcinhoUm retrato da juventude de comunidade carioca.

http://www.youtube.com/watch?v=cV9mUoZYen4

Apesar de visar o mercado, os funks ainda retratavam o dia a dia das comunidades. Veja esta

música do MC Marcinho.

MC Marcinho faz sucesso nas festas da zona sul e programas de TV

https://www.youtube.com/watch?v=LBrDIPR5ALg

“Sou feia, mas tô na moda...”

- Um dos destaques dessa fase e que foi objeto até de um documentário europeu sobre o tema é a cantora Tati Quebra-Barraco, que se tornou uma figura das mulheres que demonstram resistência à dominação masculina em suas letras, geralmente de nível duvidoso, pondo a mulher no controle das situações e as alienando.

Tati quebra-barraco, boladona

https://www.youtube.com/watch?v=USO_Dfu-6Yg

É som de preto, de favelado, mas quando toca...

Amílcar e Chocolate fazem um manifesto do mundo funk

https://www.youtube.com/watch?v=Z4aai7Bj2NY

Foi tanto sucesso que...

A classe média e alta passou a ouvir

O Brasil inteiro passou a dançar

E o mundo conheceu o FUNK CARIOCA

Até o Roberto Carlos entrou no ritmo

O funk chegava oficialmente às residências.

https://www.youtube.com/watch?v=8ehUQwRIV0I

O funk foi reconhecido como cultura oficial carioca

Em Setembro de 2009 a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou projeto dos deputados Wagner Montes e Marcelo Freixo que define o funk como movimento cultural e musical de caráter popular do Rio de Janeiro.

O passinho

Em 2011, foi realizado a "Batalha do Passinho", um estilo de dança criado nos bailes e que se inspira em passos de outros estilos musicais como o ballet clássico, o jazz, o hip hop e o frevo.

Chegou na Xuxa e tudo...

https://www.youtube.com/watch?v=5QLsMxbirwg

A morte precoce do rei do passinho

Em 2012, o estilo de dança ganhou as páginas policiais, após o dançarino Gualter Damasceno Rocha de, 22 anos, foi assassinado.

Gualter desapareceu na noite de réveillon. Após sete dias, teve o corpo reconhecido por um irmão através de fotos

https://www.youtube.com/watch?v=gzEPyvwSt_Q

Batalha do passinho: o filme

Diretor Emílio Domingos

Divulgou o passinho para o mundo

Ganhou diversos prêmios

https://www.youtube.com/watch?v=Q2kM7Cr4-CI

A Coca-Cola patrocinou

Aperte o play divulgou o passinho

Mostrou o potencial para outros públicos

Utilizou referências urbanas cariocas

https://www.youtube.com/watch?v=rrtFy5C02Pc

Rodas de funk da Apafunk: conscientização e direitos dos MCs.

https://www.youtube.com/watch?v=K_0IiKGspU8

Mc Cidinho Papo reto Família Escolhas

Resolução o13

Os bailes nas comunidades pacificadas só podem acontecer com autorização policial.

O funk é associado à barbárie, ao tráfico, e é combatido como espaço da guerra contra as drogas.

Existem entidades como a Apafunk, que defende a liberdade dos bailes.

Tá tudo errado- Mc Júnior e LeonardoTá Tudo ErradoMc Júnior e LeonardoComunidade que vive a vontadeCom mais liberdade tem mais pra colherPois alguns caminhos pra felicidadeSão paz, cultura e lazerComunidade que vive acuadaTomando porrada de todos os ladosFica mais longe da tal esperançaOs menor vão crescendo tudo revoltadoNão se combate crime organizadoMandando blindado pra beco e vielaPois só vai gerar mais iraNaqueles que moram dentro da favelaSou favelado e exijo respeitoSão só meus direitos que eu peço aquiPé na porta sem mandadoTem que ser condenadoNão pode existirEstá tudo erradoÉ até difícil explicarMas do jeito que a coisa está indoJá passou da hora do bicho pegarEstá tudo erradoDifícil entender tambémTem gente plantando o malQuerendo colher o bem

Mãe sem empregoFilho sem escolaÉ o ciclo que rola naquele lugar

São milhares de históriasQue no fim são as mesmasPodem repararSinceramente não tenho a saídaDe como devia tal ciclo pararMas do jeito que estão nos tratandoSó estão ajudando esse mal se alastrarMorre polícia, morre vagabundoE no mesmo segundoOutro vem ocuparO lugar daquele que um dia se foiPior que depois geral deixa pra láAgora amigo, o papo é contigoSó um aviso pra finalizarO futuro da favela depende do fruto que tu forplantar

Está tudo erradoÉ até difícil explicarMas do jeito que a coisa está indoJá passou da hora do bicho pegarEstá tudo erradoDifícil entender tambémTem gente plantando o malQuerendo colher o bem

https://www.youtube.com/watch?v=AKFsQR8LDfg

Bibliografia recente

FACINA, Adriana2012. FACINA, Adriana ; LOPES, Adriana Carvalho . Cidade do funk: expressões da diáspora negra nas favelas cariocas. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, v. 6, p. 193-206, 2012.

FACINA, Adriana . "Eu só quero é ser feliz": quem é a juventude funkeira no Rio de Janeiro. REVISTA EPOS (eletrônica), v. 1, p. 218, 2010.

FACINA, Adriana2009FACINA, Adriana . "Vou te dar um papo reto": linguagem e questões metodológicas para uma etnografia do funk carioca. Candelária (Rio de Janeiro), v. jul-de, p. 99-108, 2009.

Wikipedia