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Seminário Desafios da Interação Universidade-Empresa na América Latina e no Brasil Interação Universidade-Empresa no Rio Grande do Sul: o caso do Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais, da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Achyles Barcelos Janaina Ruffoni Daniel Puffal Belo Horizonte, julho 2009 IDRC e Cedeplar/UFMG

Interação Universidade-Empresa no Rio Grande do Sul

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Interação Universidade-Empresa no Rio Grande do Sul: o caso do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais, da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Achyles Barcelos Janaina Ruffoni Daniel Puffal

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Seminário Desafios da Interação Universidade-Empresa na América Latina e no Brasil

Interação Universidade-Empresa no Rio Grande do Sul: o caso do Programa de Pós-Graduação em Engenharia

de Minas, Metalúrgica e de Materiais, da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Achyles Barcelos

Janaina Ruffoni

Daniel Puffal

Belo Horizonte, julho 2009 IDRC e Cedeplar/UFMG

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O Rio Grande do Sul é o estado do País que abrigava em 2004 o 2º maior número de grupos de pesquisa cadastrados no CNPq, que mantêm interação com o setor produtivo.

2.072 Grupos de pesquisa 12% do País

265 grupos com interação com 209 empresas

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A configuração econômica do Rio Grande do Sul

O RS tem o 4º PIB do País: R$ 175 bilhões em 2007 e 6,8% do PIB Brasil

PIB per capita: R$ 15.978,00

População em 2008: 10,7 milhões

Está entre os cinco principais estados exportadores: - em 2008: US$ 18,5 bilhões - 8,8% do Brasil

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Estrutura produtiva

Tabela 2Estrutura do Valor Adicionado Bruto, por setores de atividade, do Rio Grande do Sul - 2002/07SETORES 2002 2003 2004 2005 2006 2007(1)Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00Agropecuária 10,04 12,82 10,59 7,08 9,27 10,88Agricultura, silvicultura e exploração florestal 7,19 9,85 7,66 4,08 6,56 7,97Pecuária e pesca 2,85 2,97 2,93 3,00 2,70 2,92Indústria 27,98 28,14 31,47 30,28 28,16 27,95Indústria extrativa mineral 0,20 0,23 0,25 0,28 0,16 0,16Indústria de transformação 21,61 22,21 24,53 22,95 20,78 20,93Construção Civil 3,81 3,48 4,20 4,57 4,48 4,37Produção e distribuição de eletricidade e gás, água e esgoto e limpeza urbana 2,35 2,22 2,49 2,48 2,74 2,48Serviços 61,98 59,04 57,94 62,64 62,57 61,17Comércio e serviços de manutenção e reparação 12,86 13,36 13,30 13,47 14,15 13,32Serviços de alojamento e alimentação 1,62 1,28 1,44 1,44 1,41 1,29Transportes, armazenagem e correio 5,58 4,82 4,93 5,65 5,03 4,82Servilos de informação 2,69 2,37 2,87 2,92 2,70 2,41Intermediação financeira, seguros e previdência 6,90 5,61 5,01 6,39 6,37 6,29Serviços prestados às famílias e associativos 2,52 2,36 2,20 2,55 2,82 2,72Serviços prestados às empresas 2,79 3,36 3,01 3,64 3,40 3,37Atividades imobiliárias e aluguel 9,33 8,61 8,24 8,80 8,29 7,99Administração, saúde e educação públicas 12,60 12,95 12,48 13,29 13,36 14,12Saúde e educação mercantis 4,05 3,34 3,49 3,43 3,95 3,75Serviços domésticos 1,04 0,98 0,96 1,06 1,10 1,10

FONTE: FEE/Centro de Informações Estatísticas/Núcleo de Contabilidade Social.

IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.

(1) Estimativas preliminares.

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Estrutura produtiva

Valor e participação das exportações, segundo as seções, as divisões e os grupos da CNAE selecionados, do Rio Grande do Sul — 2008

Valor Participação

(US$ FOB) %

TOTAL 18.460.072.037 100,00

2.032.457.899 11,01

16.118.766.414 87,32

15 Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 4.540.227.254 24,59 151 Abate e preparação de produtos de carne e de pescado 2.628.321.246 14,24

16 Fabricação de produtos do fumo 1.990.707.845 10,78 19 1.740.229.309 9,43

191 Curtimento e outras preparações de couro 507.490.602 2,75

193 Fabricação de calçados 1.208.060.291 6,54

24 Fabricação de produtos químicos 1.818.060.774 9,85 29 Fabricação de máquinas e equipamentos 1.673.312.352 9,06 34 966.789.951 5,24 35 Fabricação de outros equipamentos de transporte 866.604.746 4,69 Outras atividades da indústria de transformação 2.603.771.183 13,68

Outros 308.847.724 1,67

FONTE DOS DADOS BRUTOS: MDIC/Sistema Alice. In: www.fee.tche.br. Elaboração própria a partir de tabela original.

Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias

SEÇÕES, DIVISÕES E GRUPOSTOTAL

Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal

Indústrias de transformação

Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de

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Instituições que compõem o Sistema Regional de Inovação do Rio Grande do Sul

Instituições de Ensino SuperiorUniversidades PúblicasUniversidades Confessionais e ComunitáriasInstituto de Cardiologia

Instituições do Setor PrivadoServiço Nacional de Aprendizagem Industrial CETA - Centro de Excelência em Tecnologias AvançadasIBTeC - Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos.

Governo EstadualSecretaria de Ciência e Tecnologia

Programa de Apoio aos Pólos de Inovação TecnológicaFEPAGROFAPERGS

Secretaria da Agricultura e AbastecimentoEMATERIRGA - Instituto Rio Grandense do Arroz

Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais

Programa Extensão EmpresarialSecretaria da Saúde

Escola de Saúde PúblicaFEPPS - Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde.

Secretaria do Meio AmbienteFZB - Fundação Zoobotânica do RS

Secretaria do Planejamento e GestãoFundação de Economia e Estatística

Governo FederalEmbrapaCEITEC - Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada.

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106 instituições de ensino superior em 2008 ●18 universidades 6 centros universitários 3 faculdades integradas 52 faculdades 14 faculdades tecnológicas 10 escolas ou institutos de ensino superior 3 centros de educação tecnológicaInstituições mantidas pelo Governo Federal - EMBRAPA - CEITECInstituições privadas - SENAI - IBTeC - PGQP

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A interação Universidade-Empresa no RS

● 2.072 grupos de pesquisa cadastrados no Diretório do CNPq, distribuídos em 34 instituições de ensino superior.

● 8.574 pesquisadores

● 4.730 doutores

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Áreas de conhecimento e densidade de interação

Tabela 4: Grupos de pesquisa por grande área de conhecimento com relacionamento com o setor produtivo segundo grau de interação e densidade de interação no RS em 2004.

Grandes Áreas do Conhecimento

Grupos de Pesquisa

(a)

Grupos de Pesquisa com

Relacionamento (b)

Grau de Interação (b)/(a) %

Unidades do setor

produtivo (d)

Densidade de Interação

(d)/(b)

Ciências Agrárias 227 53 23,3 106 2,0 Ciências Biológicas 232 24 10,3 33 1,4 Ciências da Saúde 331 25 7,5 51 2,0 Ciências Exatas e da Terra 221 53 23,9 84 1,6 Ciências Humanas 380 13 3,4 14 1,1 Ciências Sociais Aplicadas 287 9 3,1 14 1,6 Engenharias 270 63 23,3 160 2,5 Lingüística, Letras e Arte 124 3 2,4 4 1,3 NA 0 22 de 1 a 22* Total (acima) 2072 265 12,8 470 1,7 Total RS 2072 265 12,8 430 1,6 Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2004.

(*) O resultado em formato intervalar é necessário devido à falta de precisão em relação ao número de unidades do setor produtivo no conjunto dos grupos com denominação ‘NA’.

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Tipos de relacionamentos

Tabela 5: Principais tipos de relacionamento dos grupos de pesquisa com o setor produtivo por grandes áreas de conhecimento no RS em 2004. Grandes Áreas do Conhecimento

Tipos de Relacionamento

Ciências Agrárias

Ciências Biológicas

Ciências da Saúde

Ciências Exatas e da Terra

Engenha-rias

Humani-dades

NA Total

Atividades de consultoria técnica 8 8 7 14 29 3 0 69 Atividades de engenharia não-rotineira* 23 2 1 9 48 0 0 83 Desenvolvimento de software* 1 0 2 12 27 2 0 44 Fornecimento de insumos materiais* 15 1 8 12 14 3 0 53 Pesquisa científica sem considerações de uso imediato dos resultados 40 7 9 32 41 14 0 317 Pesquisa científica com considerações de uso imediato dos resultados 69 20 37 62 119 10 0 143 Transferências de tecnologia* 73 11 17 42 85 3 0 231 Treinamento de pessoal, incluindo cursos e treinamento "em serviço"* 18 1 3 14 21 8 0 65 Outros tipos de relacionamentos 34 16 13 12 17 10 22 66

NA 4 8 6 6 8 4 22 58

Total 281 66 97 209 401 53 22 1129 Fonte: Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2004. Nota: (*) são relacionamentos bilaterais

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Concentração da interação em instituições

UFPEL: 14/142 (10%)

FURG: 19/101 (19%)

UFSM: 28/215 (13%)

ULBRA: 8/126 (6%)

UNISINOS:16/110 (14%)

UFRGS: 91/543 (17%)

PUC: 36/247 (14%)

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O caso do PPGEM-UFRGS

● A Escola de Engenharia foi fundada em 1896

● O envolvimento com a pós-graduação e a pesquisa ocorre no início da década de 1970

● O PPGEM foi fundado em 1973 [sete professores e 17 alunos]

● Primeira dissertação em 1976 e 1ª tese de doutorado em 1991.

● O curso é classificado com a nota 7 [nota máxima] pela CAPES.

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O PPGEM tem como base três departamentos da Escola de Engenharia

● Minas

● Metalúrgica

● Materiais

Conta com 25 professores permanentes e 6 colaboradores

18 laboratórios

Ao longo de sua existência formou:

- 691 mestres

- 185 doutores

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Os laboratórios do PPGEM são estruturados individualmente em torno de dois ou três professores titulados permanentes do quadro da UFRGS, auxiliados por alguns técnicos, bolsistas e uma secretaria administrativa.

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Desde o seu início o PPGEM manteve vínculos com o setor produtivo. Isso se deveu a que professores seus também atuavam no meio empresarial como engenheiros e diretores de empresas. A dedicação de docentes à universidade era de tempo parcial. A experiência do dia-a-dia com as empresas era levada às salas de aula, o que permitia aliar o ensino teórico com os problemas práticos das empresas.

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● Os materiais sobre a história do PPGEM e as entrevistas realizadas mostram que a pesquisa ali desenvolvida teve forte componente de atuações individuais de seus professores e pesquisadores.

● Contra a implantação de programas avançados de estudo contava, na época, além da falta de recursos materiais, a própria ausência de uma maior cultura de pesquisa e pós-graduação e mesmo o ceticismo de pares que acreditavam que não havia campo para tal em países subdesenvolvidos e nem mercado de trabalho para seus egressos

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Fatores de incentivo à pós-graduação e pesquisa no PPGEM

- Experiência de pós-graduação de professores no exterior

- Manutenção da pesquisa nos laboratórios com recursos de suas próprias pesquisas [superar crise de financiamento em 1979, com dispensa de 20 pesquisadores]

- Desenvolvimento do setor metal-mecânico no RS.

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Evolução do Setor Metal-Mecânico da indústria do RS:1959-2005

(1.000 empregados)Ano 1959 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Metalurgia 10,9 23,8 39,4 44,4 41,4 52,9 44,0 46,2 55,8Mecânica 2,8 14,2 33,4 43,6 44,3 40,3 36,9 36,7 48,9Material elétrico e comunicações 1,1 4,9 9,2 12,4 13,3 12,7 13,0 12,0 15,0Material de transporte 2,9 7,7 19,3 21 17,1 13,9 19,3 23,1 35,8Total Metal-mecânico 17,7 50,5 101,3 121,3 116,1 119,9 113,2 118,0 155,5Demais gêneros 97,5 167 257,4 335 395,2 387,3 365,5 396,1 449,2Indústria de Transformação RS 115,2 217,6 358,7 456,3 511,3 507,2 478,7 514,1 604,7

Ano 1959 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Metalurgia 9,5 10,9 11,0 9,7 8,1 10,4 9,2 9,0 9,2 Mecânica 2,4 6,5 9,3 9,6 8,7 8,0 7,7 7,1 8,1 Material elétrico e comunicações 1,0 2,3 2,6 2,7 2,6 2,5 2,7 2,3 2,5 Material de transporte 2,5 3,5 5,4 4,6 3,3 2,7 4,0 4,5 5,9 Total Metal-mecânico 15,4 23,2 28,2 26,6 22,7 23,6 23,7 22,9 25,7 Demais gêneros 84,6 76,7 71,8 73,4 77,3 76,4 76,3 77,1 74,3 Indústria de Transformação RS 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Tabela 6: Número de empregados por gênero do setor metal-mecânico da indústria no Rio Grande do Sul:1959 - 2005

Percentual em relação ao total da Indústria de Transformação do Rio Grande do Sul 1959 a 2005

Fonte: Dados de 1959 a 1985 obtidos dos Censos do IBGE 1960, 1970, 1975, 1980 e 1985; dados de 1990 a 2005 obtidos da RAIS-MTE.

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A construção de uma relação mais sólida entre universidade e empresa no âmbito do PPGEM requereu superar barreiras que emperravam essa relação:

● Estrutura do setor empresarial gaúcho● Comportamento arredio de empresários● Falta de preparo da Universidade - dedicadas apenas à formação acadêmica - pesquisa sem vínculos com o setor produtivo - visão ideológica - falta de agilidade da Universidade e ausência de visão institucional - ausência de estrutura administrativa para tratara com a interação

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A contribuição do PPGEM ao setor produtivo

A ‘ponte’ exercida pelos professores que no início atuavam tanto na universidade quanto nas empresas foi um fator importante na aproximação U-E. Com o passar do tempoo as exigências da pós-graduação requeriam, além de titulação, a permanência de seus professores em regime de tempo integral ou dedicação exclusiva às atividades de ensino e pesquisa.

A vivência ‘prática’ com os problemas das empresas observada no início foi substituída pela pesquisa formal e sistemática do PPGEM e pelos projetos de parceria com empresas.

A ‘ponte’ continuou a existir, mas por canais diferentes, renovada agora através de alunos egressos do Programa que, ao ingressarem profissionalmente no setor produtivo, passaram a recorrer ao PPGEM na busca de soluções para os problemas tecnológicos das empresas.

Empresas passaram a utilizar estagiários de Engenharia (canal de aproximação U-E)

Bolsistas de mestrado e doutorado têm seus objetos de estudos oriundos de problemas no meio empresarial ( menor prazo de conclusões de trabalhos acadêmicos).