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Geografia Prof. Ivanilson Lima O Objeto de Estudo da Geografia Significado de Etimologia GEO = Terra; GRAFIA = Estudo/descrição Pesquise a etimologia de outras palavras http://www.dicionarioetimologico.com.br/ A questão que introduz este volume – o que é Geografia? – aparentemente é bastante simples, porém refere-se a um campo do conhecimento científico, onde reina enorme polêmica. Apesar da antiguidade do uso do rótulo Geografia, que foi mesmo incorporado ao vocabulário cotidiano (qualquer pessoa poderia dar uma explicação do seu significado), em termos científicos há uma intensa controvérsia sobre a matéria tratada por esta disciplina. Isto se manifesta na indefinição do objeto desta ciência, ou melhor, nas múltiplas definições que lhe são atribuídas. (MORAES, pág. 4) Estudo da superfície terrestre? A superfície terrestre é o palco de estudo de diversas ciências, então não pode ser definido como objeto de uma única ciência. Apoiado nos ideais de KANT que afirma que “...esta concepção origina-se das formulações de Kant. Para este autor, haveria duas classes de ciências, as especulativas, apoiadas na razão, e as empíricas, apoiadas na observação e nas sensações. “ (MORAES, pág. 4). Nessa definição a Geografia se torna uma ciência meramente descritiva. Estudo da paisagem? A análise da Geografia se basearia nos aspectos visíveis do real. Temos duas variantes desse pensamento: em uma, teríamos a descrição e enumeração dos elementos percebidos; na outra temos então, iniciaria com essa enumeração e a partir desta fazer a explicação do que foi percebido, identificando o funcionamento dessa paisagem, trazendo então elementos da Ecologia para as explicações geográficas. Uma variação sutil dessa perspectiva é a que busca se a individualidade das diferentes paisagens.

Introdução à Ciência Geográfica

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Page 1: Introdução à Ciência Geográfica

Geografia Prof. Ivanilson Lima

O Objeto de Estudo da Geografia

Significado de Etimologia

GEO = Terra; GRAFIA = Estudo/descrição

Pesquise a etimologia de outras palavras http://www.dicionarioetimologico.com.br/

A questão que introduz este volume – o que é Geografia? – aparentemente é bastante simples, porém refere-se a um campo do conhecimento científico, onde reina enorme polêmica. Apesar da antiguidade do uso do rótulo Geografia, que foi mesmo incorporado ao vocabulário cotidiano (qualquer pessoa poderia dar uma explicação do seu significado), em termos científicos há uma intensa controvérsia sobre a matéria tratada por esta disciplina. Isto se manifesta na indefinição do objeto desta ciência, ou melhor, nas múltiplas definições que lhe são atribuídas. (MORAES, pág. 4)

Estudo da superfície terrestre?

A superfície terrestre é o palco de estudo de diversas ciências, então não pode ser

definido como objeto de uma única ciência. Apoiado nos ideais de KANT que afirma que “...esta

concepção origina-se das formulações de Kant. Para este autor, haveria duas classes de ciências,

as especulativas, apoiadas na razão, e as empíricas, apoiadas na observação e nas sensações. “

(MORAES, pág. 4). Nessa definição a Geografia se torna uma ciência meramente descritiva.

Estudo da paisagem?

A análise da Geografia se basearia nos aspectos visíveis do real. Temos duas variantes

desse pensamento: em uma, teríamos a descrição e enumeração dos elementos percebidos; na

outra temos então, iniciaria com essa enumeração e a partir desta fazer a explicação do que foi

percebido, identificando o funcionamento dessa paisagem, trazendo então elementos da

Ecologia para as explicações geográficas. Uma variação sutil dessa perspectiva é a que busca se

a individualidade das diferentes paisagens.

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Estudo das inter-relações entre a sociedade e natureza?

O foco dessa linha de pensamento se concentra nas explicações sobre o relacionamento

entre esses dois aspectos da realidade, estaria então no contato com as Ciências da Natureza e

as Ciências Humanas. Porém, devemos levar em consideração nessa perspectiva três visões

distintas sobre esse objeto de estudo.

i. Influências da natureza sobre o desenvolvimento da humanidade;

O homem como elemento passivo na atuação sobre a realidade, dessa forma, a ação

humana é sempre sob efeito das causas naturais. Cabe ao homem apenas se adaptar as

condições impostas pelo meio.

ii. Ações do homem na transformação da realidade;

O homem como elemento ativo sobre a realidade, tendo no estudo, a formo como o

homem transforma a natureza para atender suas necessidades. Temos um foco na

explicação dos fenômenos humanos.

iii. Relações de influência homem x natureza.

O estudo buscaria compreender o estabelecimento, a manutenção e a ruptura do

equilíbrio entre o homem e a natureza. (MORAES, pág. 6).

Pressupostos da Geografia

Ao início do século XIX, a malha dos pressupostos históricos da sistematização da Geografia já estava suficientemente tecida. A Terra estava toda conhecida. A Europa articulava um espaço de relações econômicas mundializado, o desenvolvimento do comércio punha em contato os lugares mais distantes. O colonizador europeu detinha informações dos pontos mais variados da superfície terrestre. As representações do Globo estavam desenvolvidas e difundidas pelo uso cada vez maior dos mapas, que se multiplicavam. A fé na razão humana, posta pela Filosofia, abria a possibilidade de uma explicação racional para qualquer fenômeno da realidade. As bases da ciência moderna já estavam assentadas. As ciências naturais haviam constituído um cabedal de conceitos e teorias, do qual a Geografia lançaria mão, para formular seu método. E, principalmente, os temas geográficos estavam legitimados como questões relevantes, sobre as quais cabia dirigir indagações científicas. (MORAES, pág. 14)

Temos então um conjunto de situações historicamente construídas para a sistematização

da Geografia como ciência. Assim, temos os seguintes pressupostos históricos para que a ciência

geográfica iniciasse sua consolidação como ciência a partir do século XIX.

i. Conhecimento efetivo da extensão real do planeta;

ii. Existência de um repositório de informações sobre variados locais;

iii. Aprimoramento das técnicas geográficas;

iv. Movimento ideológico na transição do feudalismo para o capitalismo.

Todos esses pressupostos se desenvolvem à medida que o capitalismo avança enquanto

sistema econômico no cenário mundial, tornando-se o sistema dominante. Anterior a esses

pressupostos então podemos dizer que o conhecimento geográfico estava disperso, sem

nenhuma unidade que alinhasse a todos os que de certa forma produziam Geografia. Quadro

esse então que permaneceu inalterado até o final do século XVIII.

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Um outro elemento que colabora para esse desenvolvimento e sistematização é a

propagação dos ideais iluministas. Esses pensadores políticos buscam então justificar as

mudanças sociais e estruturais de forma a justificar os novos ideais burgueses, classe emergente

dentro do cenário histórico com a derrocada do Feudalismo.

Dois pontos importantes dessas discussões, que entram em consonância com as

discussões geográficas são os conceitos trabalhados por Rousseau e Montesquieu.

O primeiro pensador, traz à tona a discussão sobre as formas de poder e a organização

do Estado e sua extensão ao discutir o conceito de democracia. Rousseau defende que só é

possível se ter democracia nos países de pequenas extensões, cabendo aos países de grandes

extensões um governo autocrático, no qual teremos o governo com controle absoluto de todas

as questões do Estado, sem intervenções a partir de diálogo com outros grupos.

O segundo pensador, em sua obra O Espírito das Leis introduz dentro das discussões sobre

Geografia a ação do meio sobre o caráter dos povos. Ele alinha de forma determinista, as

características de cada povo com o seu meio.

Nesse sentido, elabora teses profundamente deterministas, como a de que os povos que habitam regiões montanhosas teriam uma índole pacífica (pois contariam com uma proteção natural do meio), ao passo que os habitantes da planície seriam naturalmente guerreiros (em face da contínua possibilidade de invasões propiciada pelo relevo plano). (MORAES, pág. 13).

Princípios da Geografia

Princípio da Extensão: Formulado pelo geógrafo alemão Friederich Ratzel, onde em seu

discurso o geógrafo deve localizar o fato geográfico, determinando a área de ocorrência,

utilizando os conhecimentos cartográficos.

Princípio da Analogia: Princípio segundo o qual, delimitada e observada a área deve o

geógrafo compará-la com outras áreas, buscando as semelhanças e diferenças, sendo defendida

pelo geógrafo alemão Karl Ritter e pelo francês Vidal de La Blache.

Princípio da Causalidade: Defendido pelo geógrafo alemão Alexander Von Humboldt,

onde se busca as causas e as consequências dos fatos observados.

Princípio da Conexão: Princípio segundo o qual os fatores físicos e humanos nunca atuam

isoladamente (Jean Brunhes-França).

Princípio da Atividade: A paisagem é dinâmica. (Brunhes)

Referências Bibliográficas

MORAES, A. C. R. Geografia: pequena história crítica. 20ª ed. Anna Blume. 2000.

FONTANAILLES, G. Princípios da Geografia. Disponível em:

< http://geografalando.blogspot.com.br/2012/03/assunto-principios-geograficos.html> no dia 28 de janeiro de 2016