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Leonardo Coimbra José Leonardo Coimbra nasceu no dia 30 de Dezembro de 1883 em Borba de Godim situado na Vila da Lixa, e morreu no Porto no dia 2 de Janeiro de 1936. Foi político português, sendo Ministro da Instrução Pública de um dos governos de Primeira República Portuguesa, foi também professor e fundador da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e filósofo. Ele fundou o movimento Renascença Portuguesa e evoluiu do criacionismo para um intelectualismo essencialista (doutrina filosófica segundo os particulares têm características essenciais (impossíveis de retirar)) e idealista (corrente filosófica que defende o pensamento no ideal), reconhecendo a necessidade de reintegrar conhecimentos da religião e da metafísica. O Criacionismo Ao longo das suas obras, ele reflectiu sobre temas como liberdade e determinismo, imanência e transcendência (que significa: Deus existe dentro de cada um de nós, e Deus existe para além dos limites do universo, respectivamente), razão experimental e razão cósmica, esquecimento e memória, visão ginástica e visão aginástica, morte e continuidade moral e outros temas, tendo sempre como base um pensamento criacionista. Cujo conceito central é a liberdade. E para alcançar a síntese filosófica do seu pensamento (expressa no livro “Criacionismo e Deus e as Mónadas” ele dividiu em 6 passos sucessivos: Método, Número, Matéria, Vida, Espirito, Sociedade. O Criacionismo de Leonardo Coimbra não se manifesta contrária à política, mas independente e tolerante, no exacto sentido em que têm de ser momentos do pensamento e não imposições dogmáticas. Se o pensamento científico, pelo livre acordo das consciências, e portanto pela fraternização e aproximação do homem ao mundo, levou à pessoa, esta exige, para a sua vida essencial de acção moral a arte, a filosofia e a religião. No caso presente, o sentimento religioso é o cume de um processo de «socialização absoluta» efectuada pelo pensamento, representando uma passagem da humanidade ao cosmo, num alargamento de perspectivas em comunhão amorosa e solidária, porque não dependente já de convenções ou pactos, mas do império de cada um sobre a sua alma nobre e livre em dádiva generosa, como emanava aliás do espírito do cristianismo, sobretudo na sua vertente franciscana. Para o filósofo, o homem não é já então uma parcela de um todo ou o elemento de uma harmonia, mas a consciência representativa do Todo. O universo é criado pelo homem num processo dialéctico que o faz chegar a um Deus não menos transcendente, pelo fraterno amor de tudo, e não algo criado de uma vez por todas pela vontade divina. Em última análise Deus é a luz que ilumina a actividade criadora do homem, luz pela qual ele ascende na infinita possibilidade da acção moral. Deus é o Amor que une, e cada consciência é a unidade elementar que pelo amor se move atraído pela «grande Unidade». Por isso, a compreensão é a Unidade e compreender é Amar. O Criacionismo pretende assim construir um esboço de sistema filosófico, que incorpore valores patrióticos e antropológicos da nação.

Leonardo coimbra

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Page 1: Leonardo coimbra

Leonardo Coimbra

José Leonardo Coimbra nasceu no dia 30 de Dezembro de 1883 em Borba de

Godim situado na Vila da Lixa, e morreu no Porto no dia 2 de Janeiro de 1936.

Foi político português, sendo Ministro da Instrução Pública de um dos governos

de Primeira República Portuguesa, foi também professor e fundador da

Faculdade de Letras da Universidade do Porto e filósofo.

Ele fundou o movimento Renascença Portuguesa e evoluiu do criacionismo

para um intelectualismo essencialista (doutrina filosófica segundo os particulares têm características essenciais

(impossíveis de retirar)) e idealista (corrente filosófica que defende o pensamento no ideal), reconhecendo a

necessidade de reintegrar conhecimentos da religião e da metafísica.

O Criacionismo

Ao longo das suas obras, ele reflectiu sobre temas como liberdade e determinismo, imanência e transcendência (que

significa: Deus existe dentro de cada um de nós, e Deus existe para além dos limites do universo, respectivamente),

razão experimental e razão cósmica, esquecimento e memória, visão ginástica e visão aginástica, morte e

continuidade moral e outros temas, tendo sempre como base um pensamento criacionista. Cujo conceito central é a

liberdade. E para alcançar a síntese filosófica do seu pensamento (expressa no livro “Criacionismo e Deus e as

Mónadas” ele dividiu em 6 passos sucessivos: Método, Número, Matéria, Vida, Espirito, Sociedade.

O Criacionismo de Leonardo Coimbra não se manifesta contrária à política, mas independente e tolerante, no

exacto sentido em que têm de ser momentos do pensamento e não imposições dogmáticas. Se o pensamento

científico, pelo livre acordo das consciências, e portanto pela fraternização e aproximação do homem ao mundo,

levou à pessoa, esta exige, para a sua vida essencial de acção moral a arte, a filosofia e a religião. No caso presente,

o sentimento religioso é o cume de um processo de «socialização absoluta» efectuada pelo pensamento,

representando uma passagem da humanidade ao cosmo, num alargamento de perspectivas em comunhão amorosa

e solidária, porque não dependente já de convenções ou pactos, mas do império de cada um sobre a sua alma nobre

e livre em dádiva generosa, como emanava aliás do espírito do cristianismo, sobretudo na sua vertente franciscana.

Para o filósofo, o homem não é já então uma parcela de um todo ou o elemento de uma harmonia, mas a consciência

representativa do Todo.

O universo é criado pelo homem num processo dialéctico que o faz chegar a um Deus não menos

transcendente, pelo fraterno amor de tudo, e não algo criado de uma vez por todas pela vontade divina. Em última

análise Deus é a luz que ilumina a actividade criadora do homem, luz pela qual ele ascende na infinita possibilidade

da acção moral. Deus é o Amor que une, e cada consciência é a unidade elementar que pelo amor se move atraído

pela «grande Unidade». Por isso, a compreensão é a Unidade e compreender é Amar.

O Criacionismo pretende assim construir um esboço de sistema filosófico, que incorpore valores patrióticos e

antropológicos da nação.

Page 2: Leonardo coimbra

Bibliografia

Leonardo Coimbra, Obras de Leonardo Coimbra, ed. Lello e Irmão, 2 volumes, Porto, 1983

o Vol. constituído por:

Criacionismo – Esboço de um Sistema Filosófico;

Criacionismo – Síntese Filosófica;

A Alegria, A Dor e a Graça

Do Amor e da Morte

A Questão Universitária;

A Rússia de Hoje e o Homem de Sempre

o Vol. II constituído por:

Pensamento Criacionista;

A Morte; Luta pela Imortalidade;

O Pensamento Filosófico de Antero;

Problema da Indução;

A Razão Experimental;

Notas sobre a abstracção científica e o silogismo;

Jesus;

S. Francisco de Assis;

Problema da Educação Nacional;

S. Paulo de Teixeira de Pascoaes,

O Homem às Mãos com o Destino.

Leonardo Coimbra, Dispersos I - Poesia Portuguesa, Lisboa, 1984.

Leonardo Coimbra, Dispersos II - Filosofia e Ciência, Lisboa, 1987.

-Leonardo Coimbra, Dispersos III - Filosofia e Metafísica, Lisboa, 1988.