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(...)consciência é a capacidade de apreender as inter-relações que nos afetam. (Buitoni,1986,p.10)

Metodologias De CaptaçãO1

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Utilizado nas aulas do curso de férias de jornalismo literário ministrado pelo prof. doutor Paulo Fernando de Carvalho Lopes e pela jornalista Francilene Oliveira em Teresina, PI, na Universidade Federal do Piauí

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(...)consciência é a capacidade de apreender as inter-relações que nos

afetam. (Buitoni,1986,p.10)

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Metodologias de captação

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Recurso de captação que pode ser feito através de entrevistas, depoimento direto ou a mescla das duas formas.

Não é uma autobiografia convencional nem é ficção. A ficção não respeita os fatos, nem a fidelidade ao mundo existente; a autobiografia, muitas vezes, representa um material seletivo que o autor usa a fim de construir sua imagem.

A história de vida atende ao propósito do pesquisador/jornalista do que do autor pois está preocupado com a fidelidade das experiências e interpretações do personagem sobre seu mundo.

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O pesquisador deve manter-se orientado para as questões que ele está mais interessado, interroga sobre fatos que precisam de esclarecimentos, tenta confrontar a história contada com outros tipos de material, como relatórios oficiais ou outros fornecidos por pessoas familiarizadas com o entrevistado.

O entrevistador torna o jogo aberto e honesto a fim de mostrar um trabalho que valoriza tanto quem faz quanto o entrevistado, pois o comportamento de alguém só é possível quando ele é visto sob o ponto de vista do ator social.

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Auge nos anos 60 com o new journalism.

“ Aqui estava uma safra de jornalistas que tinha a cara de pau de se meter em qualquer recinto, até nas sociedades fechadas, e agarrar-se como desesperados à vida.”(WOLFE, 1973,p.26)

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Na busca do aprofundamento, descarta-se a espetacularização nas entrevistas, realiza-as com o propósito da compreensão.

É usual a entrevista ser um depoimento colhido na condição de um simples aval sobre um assunto.

A entrevista de compreensão é dotada de individualidade, é uma forma de expressão por si, possui força, tensão, drama, esclarecimento, beleza, emoção, razão.

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Há um dialogo possível, um contato humano entre entrevistador e entrevistado, muitas vezes surge um painel de multivozes e o entrevistador torna-se um sutil maestro que costura depoimentos, interliga visões de mundo com tal talento que parece natural o arranjo final – “espontâneo e perfeito”.

O entrevistador é um “tecedor invisível da realidade, que salta, vívida, das páginas para o coração, a mente e todo o aparato perceptivo do leitor.” (PEREIRA LIMA,p.107)

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A proposta da entrevista de compreensão supõe que a entrevista é um encontro interpessoal que inclui a subjetividade dos protagonistas que, juntos, vão construir um novo conhecimento através do encontro de seus mundos sociais e culturais, numa condição de horizontalidade e equilíbrio das relações de poder.

Uma reflexividade tem “o sentido de refletir a fala de quem foi entrevistado, expressando a compreensão da mesma pelo entrevistador e submeter tal compreensão ao próprio entrevistado, que é uma forma de aprimorar a fidedignidade” (Szymanski, 2001, p. 197).

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Nos procedimentos da entrevista são revistos pelo menos dois encontros para que uma relação reflexiva seja construída. Nessa interação podem-se suscitar informações objetivas e subjetivas bem como conduzir um diálogo para que o tema em questão possa ser aprofundado.

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Objectivos 1. Compreensão do desenvolvimento da pessoa valorizando

as interações entre o biológico, o psicológico e o social.

2. Aquisição de conhecimentos relevantes sobre as aspectos psíquicos, históricos, culturais.

3. Compreensão dos aspectos psicológicos e situacionais relevantes para a elaboração da história do entrevistado.

4. Sensibilização para aspectos da relação entrevistador-entrevistado e desenvolvimento de competências básicas necessárias para a comunicação.

5. Compreensão dos aspectos fundamentais dos comportamentos relacionados com a preservação e a adaptação às situações de vida.

6. Aquisição de conhecimentos básicos sobre as relações entre o indivíduo, a família e sociedade

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Memória

O conceito de memória e a maneira como ela funciona vem sendo tema dos estudos de filósofos e de cientistas há séculos. Este conceito vem se modificando e se adequando às funções, às utilizações sociais e à sua importância nas diferentes sociedades humanas.

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Foram os gregos antigos quem fizeram da Memória uma deusa, de nome Mnemosine. Ela era a mãe das nove musas procriadas no curso de nove noites passadas com Zeus.

Mnemosine lembrava aos homens a recordação dos heróis e dos seus grandes feitos, preside a poesia lírica. Deste modo, o poeta era um homem possuído pela memória, um adivinho do passado, a testemunha inspirada nos “tempos antigos”, da idade heróica e, por isso, da idade das origens.

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Para Cícero (106 a.C. -43 a.C.), a história era a vida da memória. Na mesma perspectiva, Heródoto (c. 484 a.C. - 425 a.C.), Jean Froissart (c. 1337-1410) e o Conde de Clarendon (1609-1674) afirmaram que escreviam para manter viva a memória dos grandes fatos e feitos notáveis.

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Os estudos empreendidos por Maurice Halbwachs (1990) contribuíram definitivamente para a compreensão dos quadros sociais que compõem a memória.

Para ele, a memória aparentemente mais particular remete a um grupo. O indivíduo carrega em si a lembrança, mas está sempre interagindo com a sociedade, seus grupos e instituições. É no contexto destas relações que construímos as nossas lembranças.

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Na perspectiva de Maurice Halbwachs (1877-1945), toda memória é “coletiva”.

As memórias são construções dos grupos sociais. Embora sejam os indivíduos que lembram, no sentido literal da expressão, são os grupos sociais que determinam o que é “memorável” e as formas pelas quais será lembrado. Portanto, os indivíduos se identificam com os acontecimentos públicos relevantes para o seu grupo.

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Lembrar o passado e escrever sobre ele não se apresentam como as atividades inocentes que julgávamos até bem pouco tempo atrás.

Tanto as histórias quanto as memórias não mais parecem ser objetivas. Num caso como no outro, os historiadores aprenderam a considerar fenômenos com a seleção consciente ou inconsciente, a interpretação e a distorção.

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A Memória, no sentido primeiro da expressão, é a presença do passado. A memória é uma construção psíquica e intelectual que acarreta de fato uma representação seletiva do passado, que nunca é somente aquela do indivíduo, mas de um indivíduo inserido num contexto familiar, social, nacional.

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A memória se modifica e se rearticula conforme posição que ocupo e as relações que estabeleço nos diferentes grupos de que participo. Também está submetida a questões inconscientes, como o afeto, a censura, entre outros.

As memórias individuais alimentam-se da memória coletiva e histórica e incluem elementos mais amplos do que a memória construída pelo indivíduo e seu grupo. Um dos elementos mais importantes, que afirmam o caráter social da memória, é a linguagem. As trocas entre os membros de um grupo se fazem por meio de linguagem. Lembrar e narrar se constituem da linguagem.

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Como afirma Ecléa Bosi, a linguagem é o instrumento socializador da memória pois reduz, unifica e aproxima no mesmo espaço histórico e cultural vivências tão diversas como o sonho, as lembranças e as experiências recentes.

É interessante ainda apontar que a memória é um objeto de luta pelo poder travada entre classes, grupos e indivíduos. Decidir sobre o que deve ser lembrando e também sobre o que deve ser esquecido integra os mecanismos de controle de um grupo sobre o outro.

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DOCUMENTAÇÃO

Conceito de Documento “Qualquer expressão do pensamento humano”; “Qualquer base material que sirva para a

expansão do pensamento humano e que esteja disponível para estudo ou observação”;

“Toda a base de conhecimento, fixada materialmente, susceptível de ser utilizada para consulta, estudo ou prova. Exemplos: manuscritos, impressos, representações gráficas ou figurativas, espécies de museu, etc.”;

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“Um documento é tudo aquilo que funciona como comprovação de um facto: qualquer signo concreto ou simbólico, conservado ou gravado, com a finalidade de representar, reconstituir ou provar um fenómeno físico ou intelectual.”

Documento é todo o tipo de suporte que transporte em si informação útil para o conhecimento. o documento não equivale ao “texto”, mas ao acesso a uma evidência.

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Tipos de documentos

Textuais ou impressos (suporte papel) Micrográficos (microfilme, microforma) Audiovisuais (vídeo, filmes) Magnéticos (discos, cassetes, disquetes) Ópticos (CD, CD-ROM)Electrónicos (bases de dados em linha,

videotexto)Tridimensionais (objectos)

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Fontes de informação:Bibliotecas científicas, ou centros de

documentação;Bibliotecas de depósito;Serviços de análise documental;Centros de referência;Bases de dados;Redes em linha.

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Fontes primárias (transmissores de informação original):

Publicações em série;Livros ou partes de livros;Relatórios científicos e técnicos;Actas de congressos;Teses e outros trabalhos académicos;Normas e legislação;Patentes;

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Fontes secundárias (transmissores de informação retirada de documentos originais):

Boletins de resumos;Bibliografias e Boletins bibliográficos; Índices e Boletins de índices;Boletins de sumários;Catálogos de exposições e catálogos de

bibliotecas;Catálogos colectivos.Fontes terciárias (compilam informação de

documentos secundários).

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Visão pluridimensional simultânea

Buscar observar a realidade na dimensão ampliada.

Não é a visão cartesiana que reduz o olhar, nem um mergulho no imaginário como fantasia ou ficção, mas a busca de elementos que ajudam a explicar o real num contexto sistêmico.

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A visão multidimensional na captação transforma-se num instrumento que orienta a entrevista, as histórias de vida, o resgate da memória e a documentação para uma nova potencialidade com a missão de cravar um círculo mais largo, profundo, na leitura da cativante e complexa realidade que é o mundo contemporâneo. (PEREIRA LIMA, P.134)

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“No mundo subatômico da física quântica, você encontra o cômico (Heisenberg escorrega na casca de banana). Você também encontra o trágico (Schroedinger não pode dizer-nos como e quando morreremos, apenas prediz com total precisão que morreremos). Assim, enquanto nos descobrimos ser muito mais partículas subatômicas do que imaginávamos, há um consolo. O universo revela-se mais ‘humano’ do que poderíamos ter imaginado. Se as partículas subatômicas tivessem os nomes como Julia Tuttle ou Osceola, ao invés de serem chamadas de neutrinos e quarks,poderíamos até dizer que o universo tem alma.” (ALLMAN, 1987, p. 403)