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1 FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ-FAEPI GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA MAGNO FERNANDO ALMEIDA NAZARÉ EVASÃO ESCOLAR:CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS NA FORMAÇÃO SÓCIO-EDUCATIVA DE JOVENS E ADULTOS CARUTAPERA-MA 2011

MONOGRAFIA

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FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ-FAEPI

GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

MAGNO FERNANDO ALMEIDA NAZARÉ

EVASÃO ESCOLAR:CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS NA

FORMAÇÃO SÓCIO-EDUCATIVA DE JOVENS E ADULTOS

CARUTAPERA-MA2011

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MAGNO FERNANDO ALMEIDA NAZARÉ

EVASÃO ESCOLAR: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS NA

FORMAÇÃO SÓCIO-EDUCATIVA DE JOVENS E ADULTOS

Monografia de conclusão de curso apresentado à Faculdade Evangélica do Piauí, como requisito parcial para obtenção do titulo de graduação em licenciatura plena em Pedagogia, sob orientação da Prof.ª. Msc. Ana Cristina Castelo Branco.

CARUTAPERA

2011

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MAGNO FERNANDO ALMEIDA NAZARÉ

EVASÃO ESCOLAR: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS NA

FORMAÇÃO SÓCIO-EDUCATIVA DE JOVENS E ADULTOS

Aprovada em ------de------de--------

Conceito-----------------------------------------

_________________________________________

Orientador:Profª. MS.Ana Cristina Castelo Branco

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Dedico a DEUS em primeiro lugar, e, aos meus familiares que me apoiaram e compreenderam nos momentos difíceis quepassei e a todos que, de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho.

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Agradeço a Deus por me dar luz espiritual nos momentos de dificuldades que passei. Aos colegas de curso pelos momentos que partilhamos muitos deles felizes e outros tristes, mas o que fica são as boas lembranças.

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Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda. (PAULO FREIRE)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------------------------10

1-MARCO REFERENCIAL--------------------------------------------------------------------15

1.1-Breve histórico sobre a educação de jovens e adultos---------------------------------15

1.2- Histórico e Fundamentação legal da Educação de Jovens e Adultos------------17

1.3-Tabelas cronológicas da educação de jovens e adultos-------------------------------25

1.4-Parceiros da alfabetização de jovens e adultos: como manter o aluno estudando---------------------------------------------------------------------------------------------------------------27

1.5- Objetivos da Educação de Jovens e Adultos e o que diz a LDB. -------------------29

1.6- Leis de Diretrizes e Base da Educação Nacional---------------------------------------30

2-MARCO METODOLÓGICO----------------------------------------------------------------------322.1- Descrição do lugar de estudo----------------------------------------------------------------322.2-Tipo da pesquisa----------------------------------------------------------------------------------322.3- Fonte de dados-----------------------------------------------------------------------------------33 2.4Técnicas e instrumentos de coleta de dados--------------------------------------------33 3-ANÁLISE DERESULTADOS-----------------------------------------------------------------34

3.1- Categoria Professor-----------------------------------------------------------------------------34

3.2- categoria Aluno-----------------------------------------------------------------------------------34

3.3- análise Geral--------------------------------------------------------------------------------------35

4-CONLUSÃO----------------------------------------------------------------------------------------44

REFERÊNCIAS-------------------------------------------------------------------------------------46

APÊNDICES

ANEXOS

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RESUMO

A educação de jovens e adultos enfatiza o espaço de vivência e valoriza, ainda mais a dimensão histórico cultural, compreendendo-ocomo humano e construindo na prática social. Também são abordados problemas sobre o trabalho e a participação social, de acordo com cada realidade dos educandos. A educação destinada aos jovens e adultos, vem consolidando uma mudança de paradigma, superando a compreensão de que EJA é apenas alfabetização, sem politicas públicas definidas e com ações compensatórias e intervenções pontuais. É preciso reconhecer o direito a educação básica para todos. De acordo com o parecer CNE/CEB 11/2000, que apresenta as diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos, as funções atribuídas a essa modalidade deensino. O principal objetivo da educação de jovens e adultos é: de auxiliar cada individuo a tornar-se tudo aquilo que ele tem capacidade para ser. Durante vários anos foram desenvolvidos projetos para a alfabetização de jovens e adultos, destaca-se, por tanto, alguns deles: O MOBRAL-movimento brasileiro de alfabetização, de 1967-1985; FUNDAÇAO EDUCAR, de 1986-1990 e o programa Brasil alfabetizado, de 2003 até o momento atual. Com o resultado desta pesquisa Observamos que a qualidade da educação, muitas vezes não corresponde às expectativas de qualificação esperada para um bom desempenho de determinadas funções e que as teorias estão distantes da técnica de alguns profissionais, que não assume a responsabilidade de aproveitar a aprendizagem científica e transformar a sua prática. Estamos convictos que a questão da evasão escolar, só poderá mudar este quadro com muita luta e vontade, criando novos mecanismos didáticos que possa prender a atenção dos jovens e adultos em sala de aula, com projetos inovadores, com diálogo amigável, dando a todos mais atenção aos seus problemas.Por isso é preciso rever alguns pontos deste sistema de ensino para jovens e adultos, que necessita de uma alta avaliação tanto entre as metodologias aplicadas, como também os motivos que estão contribuindo para o crescimento da repetência e evasão escolar no município de Carutapera na escola Laércio Fernandes de oliveira no ano de 2010.PALAVRAS CHAVES: Cultura. Evasão.Alfabetização.Fracasso.Repetência.

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ABSTRACT

The youth and adult education emphasizes the living space and value, further cultural historic dimension, including the space as human and building in social practice. Are also discussed problems on labor and social participation, according to each reality of learners Education for young people and adults, is consolidating a paradigm, surpassing the understanding that EJA is just literacy, without public policies defined and compensatory actions and interventions with punctual. We must recognize the right to basic education for all. In accordance with the opinion CNE/CEB 11/2000, that provides guidelines for national curriculum for the education of young people and adults the roles assigned to this mode of teaching. The main goal of youth and adult education is: assist each individual to become all that he has the capacity to be. During several years were developed for literacy projects for young people and adults, stands, therefore, some of them: The MOBRAL-Brazilian movement, literacy, 1967-1985; FOUNDATION EDUCATE, 1986-1990 and program Brazil literate, 2003 until the present moment.Com o resultado desta pesquisa Observamos que a qualidade da educação, muitas vezes não corresponde às expectativas de qualificação esperada para um bom desempenho de determinadas funções e que as teorias estão distantes da técnica de alguns profissionais, que não assume a responsabilidade de aproveitar a aprendizagem científica e transformar a sua prática. Estamos convictos que a questão da evasão escolar, só poderá mudar este quadro com muita luta e vontade, criando novos mecanismos didáticos que possa prender a atenção dos jovens e adultos em sala de aula, com projetos inovadores, com diálogo amigável, dando a todos mais atenção aos seus problemas.Por isso é preciso rever alguns pontos deste sistema de ensino para jovens e adultos, que necessita de uma alta avaliação tanto entre as metodologias aplicadas, como também os motivos que estão contribuindo para o crescimento da repetência e evasão escolar no município de Carutapera na escola Laércio Fernandes de oliveira no ano de 2010.PALAVRAS CHAVES: Culture. Evasion. Literacy. Failure. Repetition

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como foco, principal apresentar informações que diz

respeito ao alto índice de evasão escolar na (EJA), no município de Carutapera

Maranhão na Escola Laércio Fernandes de Oliveira, onde funciona a 1ª e 2ª etapas

deste estudo.Contando assim, para que este fosse realizado, foi necessário um

trabalho intenso envolvendo pesquisas, entrevistas e outras fontes.

A EJA é um programa educacional, que visa atingir todas as pessoas de nível

social baixo ou sócio econômico desfavorável ou que não tiveram oportunidade de

estudar no ensino regular. A educação de jovens e adultos (EJA) é uma modalidade

básica, com função reparadora e qualificadora, destinada àquelas que não tiveram

acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio, na idade

própria, podendo ser realizado mediante cursos em escolas devidamente

credenciadas para tal ou por exames.

Através deste estudo, mostrarei um conjunto de conhecimentos e reflexões da

EJA, que possibilitará uma apresentação mais aprofundada dos fatos e problemas

que envolvem a realidade educacional vivida por alunos e professores. Onde a

escola está inserida no contexto da sociedade brasileira, marcada pelas

desigualdades do sistema capitalista. Compreender as relações entre esta escola e

o contexto politico, econômico e social é de fundamental importância.

O que se quer é buscar neste estudo subsídio teóricos e instrumentos de

reflexão que contribuam para colocar os alunos de frente para a escola e para a

sociedade no sentido de reconhecê-la em seus múltiplos aspectos. Nesta proposta,

está em jogo à compreensão das razões que, até hoje, impossibilitaram superar ou

amenizar o problema educacional, procurando formas de contribuir para essa

superação.

Acredito que este trabalho sobre a educação de jovens e adultos(EJA), possa, a

partir de seus temas centrais de investigação, auxiliar na compreensão dessa

modalidade, participando da construção de novas práticas escolares, e alternativas

vigentes.

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A escola brasileira está inserida no sistema social mais amplo do país,

marcado pelo sistema capitalista. Embora com características comuns, o capitalismo

não se realiza da mesma maneira em todos os lugares. É preciso identificar suas

diferentes formas de realização: na coleta de peixes na Amazônia, na extração de

minérios do Brasil Central ou, ainda, nas relações que se desenvolvem no campo ou

na cidade. É preciso não só desvendá-lo, mas também buscar na realidade escolar,

no funcionamento das escolas e das práticas docentes, mecanismos que revelem

traços ou necessidades dessa escola, situada nessa realidade específica.

Os estudos que têm sido realizados sobre a escola, a partir de vários

enfoques, políticos e ideológicos têm mostrado que um dos pontos críticos dessa

escola são o mecanismo de seletividade nela presentes, responsáveis pela

repetência e expulsão de parcelas significativas de alunos, em geral originários das

populações mais pobres.

A identificação e a reflexão sobre as causas dos mecanismos de expulsão e

de repetência escolar serão a preocupação central desta proposta de pesquisa.

Temos claro que a solução desse problema não é meramente técnica, é política, e

passam pela capacidade de organização e de pressão da população, o que inclui

pais, alunos, professores, funcionários, autoridades e trabalhadores de modo geral.

Nesse processo de transformação o professor, por sua atuação, pode contribuir de

maneira decisiva. Contudo, a realidade exige, além de vontade de mudança, que se

deixe de acreditar na inferioridade destes educandos, que se tire a máscara do

preconceito dissimulado, e que efetivamente se busque transformar a ação no dia a

dia.

O conteúdo temático desta monografia está disposto em varias partes, e

trazem a realidade para dentro da sala de aula. Assim, é a partir dessa realidade

problematizada que professores e alunos devem reconstruir o conteúdo proposto

nos seus planos, com base nos textos de apoio e nas leituras complementares, ou

ainda, em outros textos que julgarem necessários. Portanto, aconselha-se que antes

de iniciar qualquer atividade de trabalho sobre a educação da EJA, o professor

analise, de maneira crítica, os conteúdos apresentados e planejados com

antecedência.

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Essa prática escolar deve colocar desafios em diversos contextos sócio

culturais, onde os jovens e adultos interagem socialmente por meio da linguagem

oral. Assim, participam ativamente da produção cultural em situações informais e

formais. Isso exige competências e habilidades de uso de textos, construindo

analisando e interpretando discursos.

A educação possibilita ao individuo jovem e adulto retomar seu potencial,

desenvolver suas habilidades, confirmar competência adquirida na educação

extraescolar e na própria vida, com vistas ao nível técnico e profissional mais

qualificado.Para tanto, em alguns ambientes escolares, foi detectado por meio de

pesquisa, que o alto índice de evasão se dá por motivos socioeconômicos culturais e

religiosos. As unidades de ensino que ministram a Educação de Jovens e Adultos a

fazer constar em seu Regimento Interno normas que atendam à determinação da Lei

9394/96 e Resoluções deste órgão.

Contudo, a escola enquanto uma das instituições sociais pode ser analisada à

luz dos conceitos de vários teóricos, que definem ser a educação o marco principal

para os individuo adentrar ao sucesso. No entanto, o positivismo, nos séculos XVIII

e XIX, retratam as ideias liberais que agitam o mundo, trazendo à tona fecunda

reflexão sobre a educação, tardiamente chegam até nós.

E geralmente transplantadas, sem a devida reflexão a respeito de nossas

condições sociais, politicas e econômicas. Por tanto, o manifesto dos pioneiros, na

educação de jovens e adultos que combatem a escola elitista e acadêmica

tradicional, que se acha sob o monopólio das instituições que defendem a laicidade

e coeducação, a escola novistas acirram os ânimos e a reação dos educandos

católicos conservadores, para os quais apenas a educação em princípios cristãos

seria a verdadeira.

Devido ao clima de conflito aberto, em 1932 é publicado o Manifesto dos

Pioneiros da Educação Nova, encabeçado por Fernando de Azevedo e assinado por

26 educadores. O documento defende a educação obrigatória, pública, gratuita e

leiga como um dever do Estado, a ser implantada em programa de âmbito nacional.

Esse manifesto é importante na história da pedagogia brasileira porque representa a

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tomada de consciência para buscar uma educação adequada para um publico

diferenciado.

No Brasil, na vigência do Estado Novo (1937-1945), durante a ditadura de

Vargas. O ministro Gustavo Capanema empreende outras reformas do ensino,

regulamentadas por diversos decretos-leis assinados de 1942 a 1946 e

denominados leis orgânicas do ensino. A lei do ensino secundário, em seu artigo 1º,

especifica que as finalidades desse ensino são “formar a personalidade integral

geral que possa servir de base a estudos mais elevados de formados especiais” e,

ainda, segundo o artigo 25, “formar as individualidades condutoras”.

Em pleno processo de industrialização do país, persiste a escola acadêmica.

Os cursos mantidos pelo sistema oficial não acompanham o ritmo do

desenvolvimento tecnológico da indústria em expansão. As escolas oficiais são mais

procuradas pelas camadas médias desejosas de ascensão social e que, por isso

mesmo, preferem os “cursos de formação”, desprezando os profissionalizantes.

Acrescente-se o fato de continuar existindo os exames e provas, que tornam o

ensino cada vez mais seletivo, e por tanto antidemocrático.

Outro aspecto discriminador que contraria a bandeira de coeducação da

escola novistas, se encontra na recomendação explicita na lei de encaminhar as

mulheres para os “estabelecimentos de ensino de exclusiva frequência feminina”.

Assim, em 1942 é criado o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial),

organizado e mantido pela Confederação Nacional das Indústrias, com cursos para

aprendizagem o aperfeiçoamento, e a especialização, além de possibilitar a

reciclagem do profissional.

Pelo mesmo procedimento, em 1946 é criado o Senac (Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial). A população de baixa renda, desejosa de se

profissionalizar, encontra nesses cursos boas condições de estudos, mesmo porque

os alunos são pagos para aprender. Daí o sucesso do empreendimento particular

paralelo.

A lei orgânica também regulamenta o curso de formação de professores.

Embora as escolas normais existissem desde o século XIX pertenciam à alçada do

estado. Agora a lei propõe a centralização nacional das diretrizes. Persiste, no

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entanto, a predominância de matérias de cultura geral em detrimento da formação

profissional, bem como o caráter rígido de avaliação.

Com o tempo, as escolas normais se tornam reduto das moças de classe

média em busca da “profissão feminina”. Por fim, dentro desse panorama

educacional foi detectada a necessidade de criar projetos educacionais que

atendesse a uma classe menos favorecida. Porém, dentre esses projetos, podemos

citar a EJA, programa de jovens e adultos, como alternativa de estudo para pessoas

que não tiveram oportunidade de estudar no período certo de idade.

Com isso, a evasão dentro dessa etapa educacional se torna fator

predominante, devido a causas que são relatadas por alunos que deixaram de

estudar e são vitimas de desemprego, analfabetismo e grau de estudo incompleto.

Por isso neste trabalho temos por objetivo geral analisar as causas e

consequências na aquisição da aprendizagem no 1º e 2º nível, no ensino de jovens

e adultos (EJA). Para isto apresentamos os seguintes objetivos específicos:Analisar

as causas da evasão escolar e suas consequências para o meio socioeducativo;

Identificar o motivo da desistência desses alunos; Identificar a realidade desse aluno

com o contexto escolar; Realizar um levantamento bibliográfico sobre a evasão

escolar na sociedade atual.

O principal fator da produção deste trabalho foi sem dúvida, a

inquietaçãosobre as “Causas eConsequências da Evasão Escolar no Ensino de

Jovens e Adultos” nos 1º e 2º níveis daEducação, saber o porquê de tantas evasões

na escola municipal“Laércio Fernandes de oliveira” e fazer uma reflexão a respeito

da educação publicas de todo o Brasil.

Espero que este trabalho possa ser lido como fonte de pesquisa, para trazer

beneficio a sociedade, no sentido de provocar reflexões, instigar novas pesquisas e

favorecer tomadas de decisões mais eficazes a educação.

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1-MARCO REFERENCIAL

1.1-Breve histórico sobre a educação de jovens e adultos

Os primeiros vestígios da educação de adultos no Brasil são perceptíveis

durante o processo de colonização.

Após a chegada dos padres jesuítas, em 1549 estes voltaram-se para a

catequização e instrução de adultos e adolescentes tanto de nativos quanto de

colonizadores diferenciando apenas os objetivos para cada grupo social após a

expulsão dos jesuítas pelo marques de pombal ocorreu uma desorganização do

ensino somente no império o ensino volta a ser ordenado em 1910, segundo

informação do IBGE, o direito a ler e escrever era negada a quase 11 milhões e

meio de pessoas com mais de 15 anos. Logo alguns grupos sociais mobilizam-se

para organizar campanhas de alfabetização chamadas de ligas.

A partir de1945 com a aprovação do decreto N. 19.513 de 25 de agosto de

1945 a educação de adultos tornam-se oficial. Daí por diante novos projetos e

campanhas foram lançado com intuito de alfabetizar jovens e adultos que não

tiveram acesso à educação em período regular.

Dentre estes podemos – citar a campanha de educação de adolescentes e

adultos – CEAA [1947]; o movimento de educação de base– MEB, sistema rádio

educativo criado na conferencia nacional dos bispos do Brasil com o apoio do

governo federal [1961]. Além dos centros populares de cultura CPC [1963], sendo

que o primeiro estava mais voltado para atender as necessidades de qualificação da

mão de obra para o setor industrial (além da necessidade de ampliar os “curais”

eleitorais mantidos pela pratica “clientelística”), os demais tinham o intuito de atender

as populações das regiões menos desenvolvidas, além da preocupação de

conscientização e integração desse grupo através da alfabetização e utilização do

sistema Paulo Freire.

Porem, durante o regime militar (1964-1985), estes movimentos e seus

integrantes, foram perseguidos e reprimidos pelos órgãos do governo federal que,

em 1967, autorizou a criação do MOBRAL- movimento brasileiro de alfabetização (a

partir de 1985, passa a se chamar fundação educar), tendo como principal objetivo:

erradicar totalmente o analfabetismo, mas, principalmente, preparar mão de obra

necessária dos seus fins aos interesses capitalistas do estado. A LDB de nº-

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5.692/71 que contemplava o caráter supletivo da EJA, excluindo as demais

modalidades, não diferia do objetivo da MOBRAL quanto: a profissionalização para o

mercado de trabalho e a visão da leitura e da escrita apenas como decodificação de

signos. Somente com a nova LDB de n. 9394/96, artigo 37 e art. 38, e que se passa

a contemplar as varias modalidades de educação de jovens e adultos e uma melhor

adequação as novas exigências sócias.

Apesar de todas as leis a respeito da educação de jovens e adultos no Brasil,

aindaé uma tarefa complexa devido ao trato que esta modalidade de ensino vem

recebendo ao longo de sua existência.

Na década de 30 a educação de jovens e adultos começa a delimitar seu

lugar na historia da educação no Brasil, rompendo quase que completamente, com o

pacto oligárquico, abrindo espaço a novas diretrizes econômicas, políticas e

educacionais.

Nessa época a sociedade brasileira passava por significativas

transformações, associadas ao processo de industrialização e concentração da

população em grandes centros urbanos, surgindo nesse processo novas exigências

também no que tange a educação. As políticas públicas educacionais só se

efetivaram a partir da necessidade de qualificação diversificação da força de

trabalho; assim, a problemática da EJA ganha expressão nesse período.A

constituição de 1934 consolida o dever do estado em relação ao ensino primário,

integral, gratuito e de frequência obrigatória, extensiva, inclusive aos adultos.

(Constituição de 1934 do Art. 150).

As necessidades de instrução não eram sentidas nem pela população nem

pelos poderes constituídos (pelo menos em termos de propósitos reais). Em meados

da década de 40, de uma política oficial de educação para jovens e adultos

trabalhadores, no Brasil. Em decorrência inaugura-se um período marcado pelo

surgimento de propostas para da educação da classe trabalhadora.

A partir da década de 1940 que o espaço específico da educação de jovens e

adultos se delineou: “as ideias, leis e as iniciativas que se consolidam (...). até então,

registravam-se alguns esforços locais, (...) mas, na década de 40, cogita-se uma

educação para todos os adolescentes, adultos e analfabetos do país” (BEISEGEL,

1982: 177).Para incentivar, entre outras iniciativas, a realização de programas

nacionais de educação de adultos em alguns aspectos vinculados a proposta de

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combate ao comunismo. No Brasil com o fim do estado novo (1945) define-se um

cenáriodeconsolidação do processo de substituição de importações, tido, então,

como base do crescimento econômico.

Com a intensificação do capitalismo industrial no Brasil surgem novas

exigências educacionais, principalmente no intuito de aumentar o contingente

eleitoral e de preparar mão de obra para o mercado industrial em expansão. A

educação de base ganha impulso, concebida e implementada em consonância com

os projetos de desenvolvimento que prevalecem no país.

Chama a atenção que o comprovado fracasso de inúmeros programas de

massa em todo o mundo não tenha impedido o Brasil de investir em experiência do

gênero durante muito tempo.

Por volta do final da década de 40 e início da década de 50, cerca 55% da

população brasileira maior de 18 anos era constituída por analfabetos. Foi nessa

ocasião que a UNESCO liderou o movimento de estimulo ‘a criação de programas

nacionais de educação de adultos analfabetos, principalmente nas regiões

consideradas mais atrasadas do país.

(...) a educação de adultos que se inicia a sua evolução no país, nos meados das décadas de 1940, não mais se confunde com as práticas que a procederam na fase anterior (...). (BEISIEGEL 1982, P. 10, GRIFO NOSSO).

1.2-Histórico e Fundamentação Legal da Educaçãode Jovens e

Adultos

A história da educação de jovens e adultos no Brasil é muito recente. Embora

venha se dando desde o período do Brasil Colônia, de uma forma mais

assistemática, as iniciativas governamentais no sentido de oferecer educação para

os jovens e adultos são recentes. No Brasil Colônia, a referência à população adulta

era apenas de educação para a doutrinação religiosa, abrangendo um caráter muito

mais religioso que educacional.

Nessa época, pode-se constatar uma fragilidade da educação, por não ser

esta responsável pela produtividade, o que acabava por acarretar descaso por parte

dos dirigentes do país (CUNHA, 1999). No Brasil Império, começaram a acontecer

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algumas reformas educacionais e estas preconizavam a necessidadedo ensino

noturno para adultos analfabetos.

Em 1876, foi feito então, um relatório, pelo ministro José Bento da Cunha

Figueiredo, apontando a existência de 200 mil alunos frequentes às aulas noturnas.

Durante muito tempo, portanto, as escolas noturnas eram a única forma de

educação de adultos praticada no país. Segundo CUNHA (1999), com o

desenvolvimento industrial, no início do século XX, inicia-se um processo lento, mas

crescente, de valorização da educação de adultos.

Porém, essa preocupação trazia pontos de vista diferentes em relação à

educação de adultos, quais sejam: a valorização do domínio da língua falada e

escrita, visando o domínio das técnicas de produção; a aquisição da leitura e da

escrita como instrumento da ascensão social; a alfabetização de adultos vista como

meio de progresso do país; a valorizaçãoda alfabetização de adultos para ampliação

da base de votos.

Só a partir de 1940, começou-se a detectar altos índices de analfabetismo no

país, o que acarretou a decisão do governo no sentido de criar um fundo destinado à

alfabetização da população adulta analfabeta. Em 1945, com o final da ditadura de

Vargas, iniciou-se um movimento de fortalecimento dos princípios democráticos no

país. Com a criação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a

Educação, Ciência e Cultura), ocorreu, então, por parte desta, a solicitação aos

países integrantes (e entre eles, o Brasil) de se educar os adultos analfabetos.

Devido a isso, em 1947, o governo lançou a 1ª Campanha de Educação de

Adultos, propondo: alfabetização dos adultos analfabetos do país em três meses,

oferecimento de um curso primário em duas etapas de sete meses, a capacitação

profissional e o desenvolvimento comunitário. Abriu-se, então, a discussão sobre o

analfabetismo e a educação de adultos no Brasil.

Nessa época, o analfabetismo era visto como causa (e não como efeito) do

escasso desenvolvimento brasileiro. Além disso, o adulto analfabeto era identificado

como elemento incapaz e marginal psicológica e socialmente, submetido à

menoridade econômica, política e jurídica, não podendo, então, votar ou ser votado

(CUNHA, 1999).

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Segundo SOARES (1996), essa 1ª Campanha foi lançada por dois motivos: o

primeiro era o momento pós-guerra que vivia o mundo, que fez com que a ONU

fizesse uma série de recomendações aos países, entre estas as de um olhar

específico para a educação de adultos.

O segundo motivo foi o fim do Estado Novo, que trazia um processo de

redemocratização, que gerava a necessidade de ampliação do contingente de

eleitores no país. Ainda, no momento do lançamento dessas 1ª Campanha, a

Associação de Professores do Ensino Noturno e o Departamento de Educação

preparavam o 1º Congresso Nacional de Educação de Adultos.

O Ministério, então, convocou dois representantes de cada Estado para

participarem do Congresso. O SEA (Serviço de Educação de Adultos do MEC), a

partir daí, elaborou e enviou, para discussões, aos SEAs estaduais, um conjunto de

publicações sobre o tema. As concepções presentes nessas publicações, segundo

SOARES (1996), eram: o investimento na educação como solução para problemas

da sociedade; o alfabetizador identificado como missionário; o analfabeto visto como

causa da pobreza; o ensino de adultos como tarefa fácil; a não necessidade de

formação específica; a não necessidade de remuneração, devido à valorização do

“voluntariado”.

A partir daí, então, iniciou-se um processo de mobilização nacional no

sentido de se discutir a educação de jovens e adultos no país. De certa forma,

portanto, embora a Campanha não tenha tido sucesso, conseguiu alguns bons

resultados, no que se refere a essavisão preconceituosa, que foi sendo superada a

partir das discussões que foram ocorrendo sobre o processo de educação de

adultos. Diversas pesquisas, então, foram sendo desenvolvidas e algumas teorias

da psicologia foram, gradativamente, desmentindo a ideia de incapacidade de

aprendizagem designada ao educando adulto.

Assim, muitas críticas foram sendo feitas ao método de alfabetizaçãoadotado

para a população adulta nessa Campanha, como as precárias condições de

funcionamento das aulas, a baixa frequência e aproveitamento dos alunos, a má

remuneração e desqualificação dos professores, a inadequação do programa e do

material didático à clientela e a superficialidade do aprendizado, pelo curto período

designado para tal. Deu-se, então, o declínio da 1ª Campanha, devido aos

resultados insatisfatórios (SOARES, 1996). Porém, dentre todas as delegações, uma

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se destacou, por ir além das críticas, apontando soluções. Foi a delegação de

Pernambuco, da qual fazia parte Paulo Freire, que propunha uma maior

comunicação entre o educador e o educando e uma adequação do método às

características das classes populares.

Como resultado da 1ª Campanha, portanto, SOARES (1996) aponta a criação

de uma estrutura mínima de atendimento, apesar da não valorização do magistério.

Ao final da década de 50 e início da década de 60, iniciou-se, então, uma intensa

mobilização da sociedade civil em torno das reformas de base, o que contribuiu para

a mudança das iniciativas públicas de educação de adultos. Uma nova visão sobre o

problema do analfabetismo foi surgindo, junto à consolidação de uma nova

pedagogia de alfabetização de adultos, que tinha como principal referência Paulo

Freire.

Surgiu um novo paradigma pedagógico – um novo entendimento da relação

entre a problemática educacional e a problemática social. O analfabetismo, que

antes era apontado como causa da pobreza e da marginalização, passou a ser,

então, interpretado como efeito da pobreza gerada por uma estrutura social não

igualitária (SOARES,1996).

A ideia que foi surgindo foi a de que o processo educativo deveria interferir na

estrutura social que produzia o analfabetismo, através da educação de base,

partindo de um exame crítico da realidade existencial dos educandos. Na percepção

de Paulo Freire, portanto, educação e alfabetização se confundem. Alfabetização é o

domínio de técnicas para escrever e ler em termos conscientes e resulta numa

postura atuante do homem sobre seu contexto.

Essas ideias de Paulo Freire se expandiram no país e este foi reconhecido

nacionalmente por seu trabalho com a educação popular e, mais especificamente,

com a educação de adultos. Em 1963, o Governo encerrou a 1ª Campanha e

encarregou Freire de organizar e desenvolver um Programa Nacional de

Alfabetização de Adultos. Porém, em 1964, com o Golpe Militar, deu-se uma ruptura

nesse trabalho de alfabetização, já que a conscientização proposta por Freire

passou a ser vista como ameaça à ordeminstalada.

A partir daí, deu-se o exílio de Freire e o início da realização de programas de

alfabetização de adultos assistencialistas e conservadores. Dentro desse contexto,

em 1967, o Governo assumiu o controle da alfabetização de adultos, com a criação

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do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), voltado para a população de

15 a 30 anos,objetivando a alfabetização funcional – aquisição de técnicas

elementares de leitura, escrita e cálculo. Com isso, as orientações metodológicas e

os materiais didáticos esvaziaram-se de todo sentido crítico e problematizador

proposto anteriormente por Freire (CUNHA, 1999). Na década de 70, ocorreu, então,

a expansão do MOBRAL, em termos territoriais e de continuidade, iniciando-se uma

proposta de educação integrada, que objetivava a conclusão do antigo curso

primário. Paralelamente, porém, alguns grupos que atuavam na educação popular

continuaram a alfabetização de adultos dentro da linha mais criativa.

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB 5692/71, implantou-se o

Ensino Supletivo, sendo dedicado um capítulo específico para a EJA. Esta Lei

limitou o dever do Estado à faixa etária dos 7 aos 14 anos, mas reconheceu a

educação de adultos como um direito de cidadania, o que pode ser considerado um

avanço para a áreada EJA no país.

Em 1974, o MEC propôs a implantação dos Centros de Estudos Supletivos

(CES), que se organizavam com o trinômio tempo, custo e efetividade. Devido à

época vivida pelo país, de inúmeros acordos entre MEC e USAID, estes cursos

oferecidos foram fortemente influenciados pelo tecnicismo, adotando-se os módulos

instrucionais, o atendimento individualizado, a autoinstrução e a arguição em duas

etapas - modular e semestral.

Como consequências, ocorreram, então, a evasão, o individualismo, o

pragmatismo e a certificação rápida e superficial (SOARES, 1996). Nos anos 80,

com a abertura política, as experiências paralelas de alfabetização, desenvolvidas

dentro de um formato mais crítico, ganharam corpo. Surgiram os projetos de pós-

alfabetização, que propunham um avanço na linguagem escrita e nas operações

matemáticas básicas. Em 1985, o MOBRAL foi extinto e surgiu, em seu lugar, a

Fundação EDUCAR, que abriu mão de executar diretamente os projetos e passou a

apoiar financeira e tecnicamente as iniciativas existentes. De acordo com CUNHA

(1999), a década de 80 foi marcada pela difusão das pesquisas sobre língua escrita

com reflexos positivos na alfabetização de adultos.

Em 1988, foi promulgada a Constituição, que ampliou o dever do Estado para

com a EJA, garantindo o ensino fundamental obrigatório e gratuito para todos.

Nos anos 90, o desafio da EJA passou a ser o estabelecimento de uma

22

política e demetodologias criativas, com a universalização do ensino fundamental de

qualidade. Em nível internacional, ocorreu um crescente reconhecimento da

importância da EJA para o fortalecimento da cidadania e da formação cultural da

população, devido às conferências organizadas pela UNESCO, criada pela ONU e

responsabilizada por incrementar a educação nos países em desenvolvimento. Esta,

então, chamou uma discussão nacional sobre o assunto, envolvendo delegações de

todo o país.

A partir dessa mobilização nacional, foram organizados os Fóruns Estaduais

de EJA, que vêm se expandindo em todo o país, estando presentes, atualmente, em

todos os estados brasileiros, com exceção de Roraima. Isso se deu da seguinte

forma: em 1996, ocorreu uma intensa mobilização incentivada pelo MEC e pela

UNESCO, como forma de preparação para a V CONFITEA.

O MEC instituiu, então, uma Comissão Nacional de EJA, para incrementar

essa mobilização. A recomendação dada foi que cada Estado realizasse um

encontro para diagnosticar metas e ações de EJA. Desde então, as instituições

envolvidas decidiram dar prosseguimento a esses encontros. Em 1997, a UNESCO

convocou SEEs, SMEs, Universidades e ONG’s para a preparação da V CONFITEA,

através da discussão e da elaboração de um documento nacional com diagnóstico,

princípios, compromissos e planos de ação. Estes eventos de intercâmbio marcaram

o ressurgimento da área de EJA. Em 1998, os mineiros implantaram seu Fórum

Estadual. No mesmo ano, a Paraíba e o Rio Grande do Norte fizeram o mesmo.

Seguindo essa corrente de intercâmbios, Curitiba realizou um encontro,

patrocinado pela UNESCO, para a socialização da V CONFITEA. Como

consequência desse Encontro, veio a decisão de se iniciar uma série de encontros

nacionais de EJA. Sendo assim, em 1999, ocorreu o 1º ENEJA, no Rio de Janeiro,

onde participaram os Fóruns do Rio, de Minas, do Espírito Santo, do Rio Grande do

Sul e de São Paulo.

Esse Encontro acabou sendo um estímulo para o surgimento de outros

Fóruns. A partir daí, esses Encontros vêm ocorrendo anualmente, na seguinte

sequência: em 2000, o II ENEJA, em Campina Grande – Paraíba – com a

participação de oito Fóruns; em 2001, o III ENEJA, em , com a participação do 10

Fóruns; em 2002, o IV ENEJA, em Belo Horizonte, Minas Gerais, com a participação

de 12 Fóruns; em 2003, o V ENEJA, em Cuiabá, Goiás, com a participação de 17

23

Fóruns; em 2004, o VI ENEJA, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, com a

participação de 22 Fóruns; em 2005, o VII ENEJA, em Brasília, Distrito federal, com

a participação de 24 Fóruns; em 2006, o VIII ENEJA, em Recife, Pernambuco, com a

participação de 26 Fóruns.

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9334/96 propôs, em seu

artigo 3o, a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, o

pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, a garantia de padrão de

qualidade, a valorização da experiência extraescolar e a vinculação entre a

educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Tais princípios estimularam a

criação de propostas alternativas na área de EJA. Assim, embora a Lei tenha

dedicado apenas uma seção com dois artigos à EJA, os artigos 2o, 3o e 4otratam

essa educação sob o ponto de vista do ensino fundamental, o que pode ser

considerado um ganho para a área. Além disso, ao determinar a identificação

daqueles que não tiveram acesso ao ensino fundamental, abriu um espaço de

intervenção que criou possibilidades de confronto entre o universo da demanda e o

volume e qualidade da oferta, o que pode gerar um maior compromisso do setor

público com a EJA.

Na década de 90, o governo se desobrigou de articular a política nacional de

EJA, incumbindo os municípios disso. Nesse momento, então, inúmeras iniciativas

vão emergindo, ocorrendo parcerias entre municípios, ONG’s e Universidades.

Surgem, então, nesse contexto, os Fóruns de EJA, como espaços de encontros e

ações em parceria entre os diversos segmentos envolvidos com a área, com o poder

público (administrações públicas municipais, estaduais e federais), com as

universidades, sistemas S, ONG’s, movimentos sociais, sindicatos, grupos

populares, educadores e educandos. Esses Fóruns têm como objetivo, dentre

outros, a troca de experiências e o diálogo entre as instituições. De acordo com

SOARES (2004), os Fóruns são movimentos que articulam instituições, socializam

iniciativas e intervêm na elaboração de políticas e ações da área de EJA. Estes

ocorrem num movimento nacional, com o objetivo de interlocução com organismos

governamentais para intervir na elaboração de políticas públicas.

O surgimento dos Fóruns se dá de formas diferentes em cada Estado. Em

Alagoas, o Fórum Estadual surge antes da década de 90, como um coletivo de

educação popular e, em 1990, como Fórum Estadual propriamente dito. No Distrito

24

Federal, forma-se, em 1990, um grupo de trabalho coletivo de alfabetização de

adultos e, somente em 2003, forma-se o Fórum Estadual. Em Pernambuco,

acontece uma articulação pela educação de adultos. Porém, o Rio de Janeiro é o

primeiro estado a criar um Fórum Estadual de EJA. Em 2001, foi organizada, em

Brasília, uma reunião para compreender os desafios dos Fóruns, patrocinada pela

RAAAB. Desta, conclui-se que os Fóruns de EJA têm o objetivo de socializar

informações e trocar experiências, sendo um espaço de pluralidade.

A partir do momento em que o MEC se ausenta da qualidade de articulador

de uma política nacional para a EJA, os Fóruns surgem como uma estratégia de

mobilização das instituições do país que estão diretamente envolvidas com a EJA,

ou seja, o conhecimento do que se faz a socialização de experiências, leva à

articulação e à intervenção.

Os Fóruns se instalam, portanto, como espaços de diálogos, onde os

segmentos envolvidos com a EJA planejam, organizam e propõem

encaminhamentos em comum. Nesse sentido, mantêm reuniões permanentes, onde

aprendem com o diferente, exercitando a tolerância (SOARES, 2004). Os Fóruns

mantêm uma secretaria executiva, com representantes dos segmentos, que

preparam plenárias, podendo ser mensais, bimestrais ou anuais, de acordo com a

realidade específica de cada Fórum. Além disso, existem as plenárias itinerantes,

como a do Estado da Paraíba. A maneira como esses Fóruns se mantêm tem sido

um desafio, pois não existe pessoa jurídica que receba ou repasse recursos, sendo

que a participação se dá por adesão. Nesse período, vão surgindo, também, os

Fóruns Regionais, num processo de descentralização e interiorização dos Fóruns.

Com o surgimento dos Fóruns, então, a partir de 1997, a história da EJA

passa a ser registrada num Boletim da Ação Educativa, que socializa uma agenda

dos Fóruns e os relatórios dos ENEJAs. De 1999 a 2000, então, os Fóruns passam

a marcar presença nas audiências do Conselho Nacional de Educação para discutir

as diretrizes curriculares para a EJA. Em alguns Estados, ainda, passaram a

participar da elaboração das diretrizes estaduais e em alguns municípios,

participaram da regulamentação municipal da EJA. Além disso, a Secretaria da

Erradicação do Analfabetismo instituiu uma Comissão Nacional de Alfabetização e

solicitou aos Fóruns uma representação.

Os Fóruns, portanto, têm sido interlocutores da EJA no cenário nacional,

25

contribuindo para a discussão e o aprofundamento do que seja a EJA no

Brasil(SOARES, 2004).

1.3-Tabela Cronológica da Educação de Jovens e Adultos

Década de 40 e 50

Começa a se organizar um sistema publico de educação elementar no Brasil

(década de 1940).

Primeira campanha nacional de educação de adultos, orientada por Lourenço

Filho (década de 1940 e de 1950).

Cartilha para adultos baseadas no método silábico e distribuída pela primeira

vez no país (década de 1940).

Analfabetismo visto como causa do subdesenvolvimento do país (década de

1940).

Jovens e adultos analfabetos vistos como incapazes e marginais,

identificados com a criança (década de 1940 e de 1950).

Década de 60

Artistas, intelectuais e estudantes engajam-se em centros de culturas e

alfabetização popular (década de 1960).

Lançado o plano nacional de alfabetização, orientado pelas ideias de Paulo

Freire (década de 1960).

Ênfase na dimensão política da alfabetização e na conscientização

Jovens e adultos analfabetos vistos como portadores de cultura e sujeitos da

aprendizagem.

Métodos baseados em palavras geradoras retiradas do universo vocabular

dos educando.

Proposta pedagógica baseada no dialogo.

Década de 70

Ditadura militar reprime movimento popular e obriga Paulo freire a deixar o

país.

O Mobral cria programa correspondente ao primário (PEI).

Utilização do método da palavra geradora, esvaziando de conteúdos critica.

Mensagens apelam para esforço individual e integração no desenvolvimento

26

do país.

Década de 80 e 90

Emergência dos movimentos sociais e inicio da abertura política. Volta de

eleições diretas para governadores e prefeitos. Os projetos de alfabetização

se desdobram em turmas de pós-alfabetização (década de 1980).

Extinção do Mobral, criação da fundação educar com parcerias entre

governos e sociedade civil (década de 1980).

Extinção da Fundação Educar, retração da ação federal,municípios assumem

a Educação de Jovens e Adultos (década de 1990).

Alfabetização vista como processo que exige continuidade e sedimentação

(década de 1980 e de 1990).

Influencia do construtivismo e teorias histórico-culturais da aprendizagem

(década de 1980 e de 1990).

Propostas pedagógicas para a alfabetização partem de textos reais e

produções dos alunos (década de 1980 e 1990).

Reconhecimento da especificidade da aprendizagem escolar (década de 1980 e

de 1990).

Anos de 1990 a 2000

Conferencia de jomtien, Tailândia, operou o conceito de ‘’satisfação das

necessidades básicas de aprendizagens’’ para adequar aos diferentes

contextos socioculturais a promessa de educação para todos (em 1990).

A lei de Diretrizes e Base da Educação 9394/96, dedica dois artigos. (arts. 37

e 38), no capitulo da educação básica, seção V, para reafirmar a

obrigatoriedade e gratuidade da oferta da educação para todos que não

tiveram acesso na idade própria (em 1996).

Realizou-se na Alemanha em Hamburgo em julho de 1997, a V conferencia

internacional de educação de jovens, promovida pela UNESCO (organização

das nações unidas), contou com representações de 1970 países. Essa

conferencia representou um importante marco, na medida em que

estabeleceu a vinculaçãoda educação de adultos ao desenvolvimento

sustentável e equitativo da humanidade. Dessa conferencia resultaram dois

documentos: a declaração de Hamburgo e a agenda para o futuro, que

tratam do direito a “educação ao longo da vida” (em 1997).

27

Sob a coordenação do conselheiro Carlos Roberto Jamil Cury, é aprovado o

parecer N.11/2000-CEB/CNE, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais

para a educação de jovens e adultos. Também foi homologada a Resolução

n.01/00-CNE. (em 2000).

Fonte: proposta curricular do ensino da eja.

1.4- Parceiros da Alfabetização de Jovens e Adultos: como manter o aluno

estudando

Um dos grandes parceiros do governo na luta contra o alfabetismo e o

Serviço Social da Indústria (SESI). O projeto SESI por um Brasil alfabetizado

começou em 2003 e já alfabetizaram 600 mil pessoas. Enquanto o governo federal

capacita e paga os alfabetizadores, o SESI fornece material didático e capacita e

paga os supervisores. “eles orientam o trabalho em sala, tiram duvidas e

proporcionam a troca de experiências entre os alfabetizadores”. Explica Eliane

Martins, coordenadora nacional de alfabetização de projeto. Seguindo a linha do

educador Paulo Freire (1921-1997), o projeto alfabetiza com base em temas

geradores, fazendo a ligação dos conteúdos escolares com a vida dos estudantes.

Porém um grande desafio para professores de jovens e adultos é acabar com

a estranheza que a escola causa a muitos logo nos primeiros dias de aula. O modelo

que a maioria guarda na memoria é de salas com carteiras enfileiradas, quadro-

negro, giz, livro, caderno e um professor que fala o tempo todo e passa tarefas.

Muitos alunos, ao participar de debates, estudos do meio, apresentações de vídeo

ou dinâmicas de grupo, ficam com a sensação de que estão sendo enrolados.

Para Vera Masagão Ribeiro, coordenadora de programa da ação educativa,

organização não governamental em São Paulo, é importante mostrar que recursos

variados também fazem parte da aprendizagem. Para isso, relacionar esses

recursos com o conteúdo da aula é um bom começo. “Se a ideia é passar um vídeo

para a turma, o professor pode antes dar um tema e provocar uma breve discussão”.

Terminando “filme, ele pergunta aos alunos qual foi o trecho mais emocionante ou

marcante”, sugere Vera. Ela alerta, no entanto, que é preciso combinar essas

atividades com o momento do registro escrito que, para a turma, é uma

característica especificada da escola. “Ao escrever, eles têm o sentimento de

aprendizagem, de apropriação do conhecimento.” Na escola estadual Jorge

28

Fernandes, em Natal, os professores de (EJA) são orientados a preparar o terreno

antes de cada atividade diferenciada. “Se o aluno for pego de surpresa, acaba

achando que aquilo não faz parte da aula”, afirma a vice-diretora da escola, Maria

Gorete de França Gomes. “Por isso, os professores mostram, aos poucos que

existem um mundo além do quadro e do giz: há filmes, musicas entrevistas,

documentários, livros e tantas outras coisas interessantes às quais a maioria não

tem acesso”, explica. Mas e se, mesmo adotando essas estratégias, o aluno insistir

em questionar a qualidade da aula? “Essa é uma boa oportunidade de o professor

mostrar que o simples fato de questionar já é uma aprendizagem”.

A escola pode apresentar o mundo cultural aos alunos. São comuns os casos

de estudantes que nunca foram ao cinema ou ao teatro. “O projeto torna esses

adultos mais sensíveis á ação transformadora da arte”, nesse processo, devemos

integrar esses jovens e adultos aos demais alunos assim a mente se abre, e o aluno

começa a ficar mais critico. Mas para isso depende da comunidade escolar, peça

fundamental para o sucesso da aprendizagem e para evitar a evasão.

O aluno não pode sentir que aquele espaço é apenas emprestado. “Não são

raros os casos de escolas que trancam a biblioteca, a sala de informática e até

alguns banheirosà noite, no período em que os adultos estão lá”, afirma Vera

Masagão. Além disso, muitas vezes eles são excluídos das festas e feiras culturais,

do jornal interno e dos eventos da escola. Por tanto para promover a integração de

todas as modalidades de ensino, as secretaria de educação de Pombal, na Paraíba,

organiza anualmente um desfile de carroças na é época de são João. Todos, desde

a creche até a educação de jovens e adultos, enfeitam suas carroças e os burros

que as puxam para mostrar ao publico o quanto conhecem e valorizam a própria

cultura. Antes do grande dia, os alunos estudam os símbolos de São João, como a

fogueira e as bandeirinhas, e aprendem sobre a origem da festa e a culinária local.

O tema escolhido pelas turmas da (EJA) para enfeitar a carroça foi a mulher

rendeira. O capricho na confecção dos adereços, laços e babados e boneca rendeira

mostrar o carinho e o interesse dos alunos pela escola.

1.5- Objetivos da Educação de Jovens e Adultos e o que diz a lei de

Diretrizes e Bases da Educação (LDB)

29

Essa área de conhecimento torna-se relevantes no currículo escolar por

contribuir com a concretização de competências ou capacidade especificas.Portanto,

no ensino fundamental de jovens e adultos-1ª a 4ª série, ela terá os seguintes

objetivos, redefinidos a partir da proposta dos parâmetros curriculares nacionais:

Compreender criticamente a vida e sua qualidade nos contextos

socioculturais, valorizando a participação e a integração dos seres humanos no

ambiente social e natural;Compreender as relações existentes entre ambientes,

saúde e qualidade de vida.Desenvolver a autoestima com a percepção de si própria

como sujeito histórico, social e produtor de cultura;Compreender e valorizar as

ciências e as artes como formas de conhecimento das relações entre os seres

humanos e entre esses e o ambiente;Valorizar a diversidade étnica e cultural da

sociedade brasileira,reconhecendo e respeitando a sua linguagem, as formas de

manifestação cultural e os diferentes estilos de vida;Compreender a desigualdade

social como problemas de todos cuja superação requer ação coletiva de sujeitos

históricos;Usar diferentes fontes para obter informações sobre o ambiente natural e

social, bem como varias técnicas para classificá-las, analisá-las e sintetizá-

las;Compreender, valorizar e assumir corresponsabilidade com a vida humana e

ambiental, zelando pela qualidade da saúde, sexualidade e socialização desses

valores nas relações educativas de novas gerações.

Compreender o processo de transformação da natureza pelos seres

humanos, desenvolvendo atitudes positivas de uso e defesa dos recursos do

ambiente;Reconhecer e valorizar as contribuições de diferentes culturas na

contribuição da identidade dos estudantes jovens e adultos; reconhecendo

semelhantes e diferenças nas pessoas, nos grupos sociais ou povos;Problematizar

fatos do cotidiano, reconstruindo significados socioculturais e ampliando a

compreensão das práticas sociais no mundo;

A educação de adultos torna-se mais que um direito: é a chave para o século

XXI; é tanto consequência do exercício da cidadania como Condição para uma plena

participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor

dodesenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade

entre os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de um

requisito fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar

30

ao diálogo e à cultura de paz baseada na justiça. (declaração de Hamburgo sobre a

EJA).

1.6- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

De acordo com a LDB sobre a educação de jovens e adultos podemos citar:

Seção V

Da Educação de Jovens e Adultos

Art. 37º. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não

tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade

própria.

§ 1º. Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos,

que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais

apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições

de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º. O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do

trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

Art. 38º. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que

compreenderão a base nacional comum docurrículo, habilitando ao prosseguimento

de estudos em caráter regular.

§ 1º. Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;

II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.

§ 2º. Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por

meios informais serão aferidos e reconhecidos mediantes exames.

De acordo com a lei de diretrizes e base da educação nacional (LDB) faz

verificar que o ensino de jovens e adultos (EJA). É um ensino obrigatório para

aqueles que não tiveram acesso em estudar na idade adequada. Por serem pais

trabalhadores e mães que não tiveram uma estrutura familiar adequada e informada

31

a respeito da educação ou simplesmente não tinham tempo para irem à escola, mas

com ajuda da EJA veio o ensino noturno de acordo com a peculiaridade desse

aluno. Estabelecendo o tempo e compreendendo as suas situações.

2-MARCO METODOLÓGICO

2.1- Descrição do lugar de estudo:

32

Os estudos feitos na escola municipal Laércio Fernandes de Oliveira na

cidade de Carutapera-MA, situado no bairro de Santa Rita, na travessa José Xavier

Pereira por meio de pesquisas e entrevistas fizeram desencadear, inúmeras causas

e consequências que levam os alunos a tomarem atitudes inesperadas, tornando-os

sujeito de mais um dilema presente em muitas instituições que ministram a

Educação de Jovens e Adultos.

A problemática da evasão escolar no contexto brasileiro se constitui bem mais

presente visto em que épocas remotas a escola parecia ser mais excludente,

embora hoje ainda permaneça. Porém as facetas utilizadas pelo poder geram

controvérsias onde se pensam que a escola é privilégio de todos os cidadãos. Na

verdade, a escola nas grandes metrópoles são privilégios de poucos; os meios de

comunicação e a mídia mostram todos os dias esta realidade.

2.2-Tipo da pesquisa:

Em alguns municípios, os sistemas de poder oligárquico têm cumprido com a

sua missão construindo a cada dia novas escolas, mas os fatores didáticos,

pedagógicos e tecnológicos ainda estão distantes de alcançar seus objetivos,

embora algumas instituições escolares tenham inteira autonomia e determinação

necessária para que o ensino assegure a permanência do aluno por todo período

escolar. Para conhecermos melhor a nossa realidade, elaboramos um instrumento

de pesquisa de caráter avaliativo e exploratório, um questionário, e trabalhamos com

os professores que lecionam o 1º e 2º níveis do ensino de jovens e adultos.

Através das análises e dos dados emitidos pelos educadores registramos os

relatos de cada um referente às causas e consequências da evasão escolar nesta

rede de ensino municipal.

2.3- Fonte de dados:

A pesquisa feita no colégio Laércio Fernandes de Oliveira, onde funcionam

duas turmas com 50 alunos incluídos na 1ª e 2ª etapas demonstrou que no final do

ano letivo, houve uma redução significativa desse número para 23 alunos, sendo

que do total de 50 alunos 27 se evadiram. Para tanto, pode-se observar na teoria de

Paulo Freire, A teoria do conhecimento - que fala da perspectiva sobre o trabalho

de alfabetização para as relevantes classes sociais. Em seu livro com Donaldo

Macedo, Freire alerta para uma visão de alfabetização como política cultural, isto é,

33

o processo de alfabetização não deve apenas oferecer leitura, escrita e numeração,

mas também ser considerado: “um conjunto de práticas que funciona para fortalecer

e enfraquecer as pessoas”.

De modo geral, alfabetização é analisada considerando se serve para

produzir formações sociais existentes ou serve como um conjunto de práticas

culturais que promove mudança democrática e emancipatória.

2.4- Técnicas e instrumentos de coleta de dados:

Para coleta de dados foram feita uma pesquisa exploratória com questionário

na turma durante o período do mês de outubro em 2010, nessa pesquisa

predominou o acompanhamento dos professores e as formas pedagógicas utilizadas

em sala de aula.

Essas técnicas foram desenvolvidas a partir do primeiro contato com o

estabelecimento de ensino, pedindo a autorização do gestor para a realização da

pesquisa, a seguir com o contato com a turma, coordenação e professores

começamos a fazer as observações e logo após foi aplicado o questionário.

A pesquisa foi concretizada e as anotações salientadas. No questionário

foram constatado os seguintes aspectos de nível de conhecimento popular, vivência

e dificuldades apresentadas por parte de alunos e professores..

3- ANALISE DE RESULTADOS

3.1- Categoria Professor

34

Quais motivos que levam a maioria dos alunos a desistirem?

Professor A:“A ausência dafamília, o financeiro por não poder mantê-lo na escola...”.

Professor B:“Euvejo pelo lado do cansaço físico por trabalharem durante o dia”.

ProfessorC:“A desestrutura familiar...”.

Notei que dos três professores entrevistados o ponto de vista em relação à

evasão escolar está relacionado ao familiar, ao financeiro e pelo cansaço físico.

Verifiquei nesse processo por parte de alguns professores que a desistência

acorre por falta de recursos, isto é do financeiro por não estarem engajado dentro de

um patamar bem estruturado.

3.2-Categoria aluno

Qual motivo que levou você a não concluir o ano letivo?

Aluno A:“Eu não conseguia acompanhar o resto da turma por ser a mais velha e acabava sendo vacalhada pelos demais...”.

Aluno B:“Tenho três filhos, um de dez anos de idade, outro de sete anos e o último com três anos, não tenho com quem deixarem eles... Por isso não tenho tempo à noite para ir à escola.”.

Aluno C:“Meusprofessores explicava e eu às vezes não entendia e acabava ficando com vergonha de perguntar...”.

Analiso aqui que alguns alunos desistem por alguns motivos: não dar conta

de acompanhar o restante da turma, outros por não ter com quem deixar seus filhos

e pelo motivo da vergonha.Segundo MARY KATOS mostra que: “a escola de hoje

que trabalha com jovens e adultos devem priorizar as atividades culturais e artísticas

no currículo escolar, pois contribui no combate da timidez e ajuda no processo de

inclusão, facilitando o desenvolvimento da linguagem oral, atendendo as

necessidades de todos os educandos, crescendo e desenvolvendoa capacidade

cognitiva do aluno de forma espontânea e livre liberando suas imaginações criativas

e artísticas”.

Dentro deste contexto posso afirmar que com poucos recursos oferecidos

pela escola,pode-se realizar um trabalho dinâmico por meio de atividades

diversificadas e criativas. Como mostra FERREIRO (1992, p.25): “[...] ensinar não é

transmitir conhecimentos, mas criar possibilidades para sua produção ou sua

construção”.

35

3.3- Análise Geral

Mediante a análise dos resultados da pesquisa realizada na Escola

Municipal“Laércio Oliveira”, na cidade de Carutapera/MA, no período de Outubro a

dezembro/2010, em relação à problemática da evasão escolartemos como

consequências que a evasão escolar provoca na sociedade, a qual

apresentaOcorrência de baixa estima; Consolidação da desigualdade social;

Desqualificação e barateamento de mão-de-obra; Estímulo à violência e prostituição;

Gravidez precoce; Consumo e tráfico de drogas; Incapacidade para o ingresso no

mercado de trabalho; Má qualidade de vida. Um perfil insatisfatório de carência e

deficiência nos mais variados aspectos avaliados, hoje visto que a economia possui

maior relevância, já que os demais estão associados diretamente a este, é nítida a

baixa renda da clientela: portanto muitos alunos filhos de trabalhadores já se

trabalhando, tanto na economia formal como na informal, onde a relação patrão e

empregado ede exploração, pois no atual contexto “globalizado” qualquer atividade

que tenha o mínimo de remuneração é aceitável para defender-se do vilão do

desemprego, conforme a afirmação de FRIEDMAN (2001, p.72) diz:

O indivíduo é o resultado da sorte que determina nossos genes e através deles afeta nossa capacidade física e mental. A sorte estabelece o tipo de família e o meio cultural em que nascemos e, como resultado, nossas oportunidades de desenvolvermos estas capacidades.

A sorte fixa os demais recursos que passamos a herdar de nossos pais ou de

algum benfeitor. Outra parte a ponderar nesta pesquisa além da baixa renda da

clientela da Escola Municipal “Laércio Oliveira” é o nível de escolaridade dos pais.

Conforme pesquisa feita foi constatada que alguns pais são analfabetos por falta de

oportunidade, mas têm o conhecimento da experiência vivenciada em seu país.

Constatamos o quanto é complexa a rede de fatores que interferem no

processo da educação e desenvolvimento do país. Dentre eles estão à ausência de

uma pratica pedagógica adequada, o social, o politico, os problemas familiares e

problemas financeiros.

No Brasil, como em vários países da América Latina, as antigas elites –

formadasPor oligarquias com influências liberais – costumaram-se a ver “alavancar

do progresso”. Assim tomaram o tema analfabetismo e despejaram rios de retórica.

Dizendo que o país jamais poderia encontrar seu caminho e a democracia jamais

poderia ser uma realidade enquanto tivermos uma taxa tão alta proporção de

36

analfabetos. A “ignorância” e o “atraso” eram duas faces da moeda. Palavras, muitas

palavras e por certo algumas verdades – mas nenhuma ação.

Depois de 1945, os grupos de direita voltaram ao assunto sobre

alfabetização, mas agora para justificar a tradicional exclusão dos analfabetos do

processo eleitoral e para alavancar os populistas afoitos e propostos às mudanças

pelos direitos de igualdade social, começando um novo processo de transição no

setor educacional, com novas políticas, mas mesmo assim não tem sido satisfatória

às camadas populares que para o pensamento da nação viriam para resolver os

problemas do analfabetismo e reverter este quadro do ensino público, na qual os

resultados de melhoria da educação só aparecem em longo prazo. Portanto, a

política repressora contribuiu interferindo no processo evolutivo e dentro destas

políticas radicais mantendo-se distante a realização dos idealistas que lutavam pelo

direito ao saber formal.

Na década de 60, surge a nova perspectiva do ensino para jovens e adultos,

através do círculo da cultura pelo célebre Paulo Freire, que expandiu a oportunidade

em alguns municípios, instruindo os trabalhadores através de suas teorias liberais e

libertadoras, abrindo novos horizontes à sabedoria da consciência política e

revolucionária que partia do seu método, do contexto sociocultural e histórico das

pessoas. Com seu trabalho, no período, teve grande repercussão não só no sentido

do ler e escrever, mas dando maior ênfase à conscientização política de

organização das camadas populares; foi reprimido diante de seu ato formador

conseguindo em 40 dias alfabetizar grupos de trabalhadores dentro dos princípios

humanos e democráticos. De acordo com a visão de FREIRE (2001,p.32):

Em todo homem existe um ímpeto criador. O ímpeto de criar nasce da inclusão do homem. A educação é mais autêntica quanto mais desenvolve este ímpeto ontológico de criar. A educação deve ser desinibidora e não restritiva. É necessário darmos oportunidades para que os educadores sejam eles mesmos.

Em relação ao o Pensamento de Paulo Freire em relação aos Jovens e

Adultos Até finais dos anos 50, a alfabetização de adultos não dispunha de um

referencial teórico próprio, sendo utilizados, os mesmos procedimentos e recursos

metodológicos com as crianças e não com jovens e adultos. Vejamos o que MOURA

(2001, p.26) afirma sobre o assunto:

37

As iniciativas e ações que ocorrem neste período passam a margem das reflexões e decisões a cerca de um referencial teórico para a área [...] essas hipóteses podem ser confirmadas através do comportamento de alguns educadores que durante muito tempo reagiram à ideia de mudar a forma de ensino para criança adaptando-os através de recursos didáticos a jovens e adultos.

Nesta visão de Moura, foi difícil para os educadores, na época, que

trabalhavam com jovens e adultos, seguirem uma linha metodológica orientadora,

pois tudo o que foi produzido na época foi recolhido pelo período revolucionário.

Diante deste quadro aumentou o grau de desigualdade social em todas as regiões

do país. Para amenizar a situação começaram a serem criadas escolas técnicas que

preparavam para mão-de-obra barata, sem a preocupação com a formação

intelectual em outras áreas do conhecimento, sem nenhuma estruturação de base

de acordo com as necessidades do mercado de trabalho, mas somente com a

preocupação de aumentar a produtividade econômica e não com a formação

educacional. Dessa forma passaram a existir poucas escolas no sentido da

formação conceitual, com currículos elaborados e definidos, mas dentro de um

sistema tradicional totalmente conteudista, na qual o aluno era um mero acumulador

dos conhecimentos científicos repassados pelos mestres.

A preparação era com os conteúdos e as formas metodológicas absolutas

sem significação para o alunado, e mesmo assim eram privilégios de poucos a

compartilhar destes saberes.

Mediante este quadro de dificuldades no processo da evolução da escola pública

brasileira, gerou ao longo da sua história sérios problemas no desempenho do

aluno, atrasando todo o processo escolar e dificultando sua progressão, provocando

uma distorção de série e excluindo mais o jovem que se sentiu incapaz de aprender

ou dominar os conteúdos estabelecidos pelas escolas públicas brasileiras.

Surge então a necessidade das escolas assumirem o seu verdadeiro papel na

formação integral do indivíduo, trabalhando uma proposta curricular voltada para as

necessidades de seus educandos, com conteúdos de relevância suprindo as

dificuldades de todos os que estão inseridos no processo do aprender, e é neste

sentido que a escola aos poucos vem tentando mudar este quadro de atraso político

educacional. Portanto, o processo do ensino com competência e responsabilidade, o

professor deve estar preparado para as mudanças, pois a escola está dentro do

sistema dialético sempre se renovando de acordo com as necessidades dos alunos,

38

como mostra CANDAU (1994, p.26): “o educador, nunca estará definitivo e pronto,

pois sua preparação, sua prática continua meditando através das teorias e

confrontando entre si”.

Na visão da autora a competência e inovação da escola, dependerão da sua

responsabilidade que motivará e caminhará para as transformações realizadas pela

reflexão constante sobre a sua prática, propondo aos educandos conhecimentos

inerentes aos diversos contextos escolares e extraescolares, encontrar meios que

facilitem sua aprendizagem e o desenvolvimento educacional. Se o sistema regular

de ensino passou por várias transformações não têm sido diferente o ensino para

jovens e adultos.

Qualquer proposta teórica metodológica em educação assim como em

qualquer área, implica uma concepção de homem, de sociedade e de educação,

tendo referência o aporte das ciências como a Psicologia, a Sociologia, a

Antropologia, a Filosofia, a Biologia, a História etc. Além desses construtores

teóricos, a proposta precisa estar iluminada pela prática, com base nos grandes

teóricos e defensores da alfabetização para jovens e adultos, tendo sempre por trás

uma experiência prática, testada, voltada aos propósitos de mudança das classes

menos favorecidas, principalmente aos trabalhadores. Sendo demarcado o seu

campo de estudo, e “situá-lo” definindo o para quê, para quem e como, a fim de que

se possa expressar, descrever e estudar o seu objetivo de estudo. A analogia de

Vygotsky, fazendo relação com as concepções de Marx, defensor idealista da

liberdade do homem através do saber coletivo e ideológico diante da sua visão diz

que: “a educação formal é indispensável na vida do homem, e prioridades para

todos os cidadãos, desde a infância a vida adulta”. (FRAGO,1993).

A educação é o único caminho capaz para transformação humana social dos indivíduos, conduzindo-os para uma visão crítica, conscientizando e preparando-os para viverem em sociedade e assumindo a sua cidadania. MARX (1991, p.27).

A partir destes ideais surge o novo célebre defensor da educação para jovens

e adultos, Paulo Freire, abrindo novos caminhos e desafiando o mundo através de

sua proposta nos anos 50. Veremos como se processou o sistema de alfabetização

de forma instrumental mecânica,até a década de 80, quando começou a surgir

através da reflexão e da utilização dos resultadosprestados por ele, que

desenvolveu um grande trabalho educacional em vários estados e municípios até a

39

década de 60 e como maior experiência citamos o município de Angicos, cujos

resultados foram de 100% em aprendizagem.

Durante 40 dias, através do círculo, Freire trabalhou com jovens e adultos a

partir do contexto individual de cada aluno, juntando as ideias significativas dos

mesmos, através dos objetos de trabalho para se chegar aos códigos linguísticos,

pois para ele saber falar todos tinham domínio, o que faltara era associar a

linguagem oral a complexidade dos códigos escritos como mostra FREIRE (1997,

p.81). [...] “aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender

a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação dinâmica que

vincula linguagem a realidade”.

Diante desta visão política e inovadora surge no país novos programas para a

alfabetização de jovens e adultos, mas não vem respondendo o esperado pelos

governantes, fugindo da política inovadora de Freire e de outros teóricos que para a

formação dos jovens e adultos vindo responder em outras propostas, deixando a

cada dia o ensino para jovens e adultos sem credibilidade, tornando-se

desinteressante para os que buscam recuperar o tempo escolar perdido, professores

desesperados, desestimulados, sem visão do programa e de seus objetivos,

crescendo cada dia de maneira desordenada a evasão e a repetência, por falta da

consciência política e moral dos alfabetizadores, que não possuem o senso de visão

que a escola é o local de progressão e evolução para a vida profissional, daquele

estudante e trabalhador sofrido e excluído da sociedade na qual ele mesmo tenha

tentado se incluir.

Nos dias atuais as consequências da evasão escolar têm sido drásticas seus

resultados, apesar de surgir atualmente, novas políticas de incentivo em vários

campos de alfabetização para jovens e adultos, qualificação profissional na área do

alfabetizar-nos vários níveis do ensino, assistência e acompanhamento às

instituições escolares, auxílio às famílias carentes, materiais didáticos, mas mesmo

assim não se tem obtido resultados positivos.

A cada dia, nas escolas, os alunos apresentam uma conduta inadequada;

isso pode ser atribuído à desestruturação familiar, ao uso de drogas, a prostituição e

os conteúdos, para a maioria, não possuem nenhuma significação.

Segundo a visão de ARROYO (1997, p.23),“na maioria das causas da evasão

escolar a escola tem a responsabilidade de atribuir a desestruturação familiar, e o

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professor e o aluno não têm responsabilidade para aprender, tornando-se um jogo

de empurra”.Sabemos que a escola atual é preciso estar preparada para receber e

formar estes jovens e adultos que são frutos dessa sociedade injusta, e para isso é

preciso, professores dinâmicos, responsáveis, criativos, que sejam capazes de

inovar e transformar sua sala de aula em um lugar atrativo e estimulador.

Como mostra MENEGOLLA (1989, p.28), “O professor necessita selecionar

os conteúdos que não sejam portadores de ideologias destruidoras de

individualidades ou que venham atender a interesses opostos aos indivíduos”. De

acordo com o ponto de vista do referido autor a seleção de conteúdos é de alto valor

pedagógico, que deve estar direcionados aos interesses sociais, culturais e

históricos do aluno, para que as aulas sejam significativas e atraentes, que sirva

para despertá-lo ideológico,conduzindo para o meio social como cidadão crítico,

questionador e formador de opiniões. No entanto, as evasões escolares diante das

análises e de vários fatores sociais, culturais, históricos e econômicos, estão

incluídas nestas causas e consequências. Como também a escola possui sua

parcela de culpa juntamente com o apoio pedagógico e professores que não

procuram ser mais criativo na ministração das suas aulas, pois sabemos que

vivemos em um mundo globalizado e a sociedade extra escolar está à frente do

desenvolvimento através das ofertas sociais.

Enquanto a escola se mantém atrasada sem nenhuma condição inovadora

para competir com o mundo social fora da escola, torna-se difícil se reverter este

quadro da evasão escolar, a não ser que o corpo escolar procure novas

metodologias através da criatividade humana, didática e pedagógica. Porém o nosso

quadro educacional brasileiro é ainda bastante insatisfatório. Alguns indicadores

quantitativos e qualitativos mostram o longo caminho a percorrer em busca da

equidade, pois Comparando com outros países em estágio equivalente de

desenvolvimento, colocando o Brasil em desvantagens na área de educação,

revelam desigualdades regionais em relação ao baixo aproveitamento escolar.

Sabemos que o problema da evasão e da repetência escolar no nosso país e

até mesmo no nosso município, tem sido um dos maiores desafios enfrentados

pelas redes do ensino público, pois as causas e consequências estão ligadas a

muitos fatores como social, cultural, político e econômico, como também a escola

onde professores têm contribuído a cada dia para o problema se agravar, diante de

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uma prática didática ultrapassada. Podemos começar a analisar a escola desde o

convívio do educando e suas relações com os educadores, pois sabemos que a

nossa comunidade está inserida em um município carente com poucos recursos, na

qual não tem condições de gerar renda e as camadas populares tornam-se ociosas

e sem perspectivas de vida.

Os alunos, frutos desta pesquisa, foram os da EJA que na maioria são de

baixa renda, desempregados, domésticas, vendedores ambulantes e outros sem

profissãodefinida, que precisam se deslocar do município para outro, buscando uma

forma de sobreviver, enquanto outros são jovens de lares desajustados, viciados em

tóxicos, principalmente dependentes do álcool e das drogas; o nível de prostituição é

muito alto entre os jovens e as jovens, a gravidez precoce está dentro de um quadro

bem elevado.

Mediante este diagnóstico a procura da escola no início do ano letivo é

excelente, mais quando parte do 3° para o 4° bimestre, se evadem, sem nenhuma

justificativa. A direção escolar e professores atribuem o seu afastamento a busca de

um campo de trabalho, como também passamos a observar o comportamento

irregular de alguns alunos, tendo dificuldades de se relacionarem entre si e com os

próprios professores.

Através deste contato com a escola passamos a compreender outra forma

causando a evasão escolar: dificuldades dos alunos no processo do ler, escrever e

contar em relação ao nível estudado do 3° e 4º níveis, que vem com muitas

dificuldades de ortografia, disgrafia, não domina a leitura, leem soletrando perdendo

os sentidos do texto não estão dentro do processo maturacional na linguagem

interpretativa; na matemática sentem dificuldades em diferenciar e aplicar os sinais

matemáticos e diante desta situação crítica este aluno passa a se isolar das aulas

que envolvem questionamentos e criticidade, sentem-se incapazes de acompanhar

o processo dos conteúdos ministrados.

Por sua vez, o professor não tem dado acompanhamento específico individual

ou individualista de acordo com as dificuldades, não observam que estes alunos

merecem um tratamento específico e individualizante, pois cada um demonstra uma

deficiência diferenciada.Segundo PIAGET in WADS WOKTH (1989, p.153), “a leitura

deve ser significativa tanto para as crianças como para os jovens e adultos que não

conseguem compreender a significação de uma mensagem escrita”.Assim, com

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base no pensamento de Piaget e de outras teorias, conseguimos realizar um

trabalho com êxito na parte da escrita e da leitura, desenvolvendo a capacidade de

interpretar o que leu.

Observar a vida escolar dos jovens e adultos é uma tarefa desafiadora, mas

competente, que através destas ações mediadoras, será capaz de conquistar o

aluno e fazer com que ele permaneça na escola, pois lhe dará confiança e novas

perspectivas de vida, no sentido de estudar, evitando a evasão escolar. Cada

problema desses educando se defrontam diariamente com as práticas dos

professores, pois cada um educando possui um ritmo de capacidade e

aprendizagem diferenciado, na qual eles são vítimas do processo de aprendizagem

das séries anteriores, que não vem possibilitando a superação das inadequações.

As leituras exigidas pelo programa da EJA são existenciais, e mesmo assim o

professor não usa uma didática coletiva nas leituras, que são as divisões dos

parágrafos ou leituras compartilhadas, como também dinâmicas de leitura escrita.

Estas faltas de formação de conceito atribuíram a falta da leitura diversificada,

tornando-se reflexo do processo mecanizado anterior e atual dos professores

mecanicistas, não possibilitando os mesmos a utilização do uso da linguagem

espontânea, sendo fruto do tradicionalismo, onde o professor é ainda o eixo central

do conhecimento, dono de todo saber e, os alunos de baixa renda, sentem-se

reprimidos tornando-se meros acumuladores dos conhecimentos, insignificativos

para eles, transformando-os seres passivos, reprimidos, sem ideias próprias.

No entanto os PCNs (1997: p.30-39), mostra que “cabe a escola viabilizar o

acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar, produzir

e interpretá-los. Isso inclui os diversos textos das diferentes disciplinas, com os

quais os alunos se defrontam”. Entretanto, a maior parte de nossa clientela

estudantil, vem da zona rural, sendo de baixa renda e estiveram por muito tempo

ausente da escola, sendo, portanto, pessoas que apresentam dialetos variados que

são características regionais da miscigenação brasileira.

Nesta perspectiva demonstram pouco interesse em participarem das aulas, e

apresentam modo de falar e escrever diferentes, fruto da expressão do sistema

retrógrado de alguns professores ao longo da sua escolaridade. Como mostra

CAGLIARE (1991, p.12):

Todo falante nativo usa língua conforme as regras próprias de seu dialeto, espelho da comunidade linguística a que está ligado naturalmente, há

43

diferença entre o modo de falar de um dialeto e outro, mas isso significa que um dialeto dispõe de regras e outras não.

Segundo o autor, a falta de preparação do professor vem gerando conflitos ao

longo de sua evolução histórica, que tem usado e abusado da força da linguagem

para ensinar, contribuindo para a exclusão, gerando evasão escolar. Aí veremos

índice alto de analfabetos, escolas com poucos alunos no final do ano letivo,

portanto, como diz FREIRE: Não podemos modificar a sociedade mudando a escola

(utopia liberal), é necessário também abandonar as reformas educacionais. É que a

linguagem popular faz parte das diversidades culturais e regionais do nosso país.

Portanto, é importante saber que o professor esteja consciente dessa visão,

que não é só os problemas sociais e econômicos que influenciam a evasão e a

repetência na escola, e que devem trabalhar principalmente os jovens e adultos os

seus valores linguísticos e adaptando aos poucos a linguagem culta exigida pela

gramática normativa, sabendo conciliar o dois saberes no contexto da sala de aula e

questionar, qual a sua contribuição negativa e buscar metas e ações que possam

amenizar este problema.

CONCLUSÃO

Este estudo teve o intuito de analisar as maiores causas da evasão escolar no

ensino de Jovens e Adultos nas turmas de 1ª e 2ª etapa na escola Laércio

Fernandes de Oliveira no Município de Carutapera, analisamos que a evasão

escolar detectada é um fator alarmante por conta de falha de ambos os lados,

professores e alunos.

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Observamos que a qualidade da educação, muitas vezes não corresponde às

expectativas de qualificação esperada para um bom desempenho de determinadas

funções e que as teorias estão distantes da técnica de alguns profissionais, que não

assume a responsabilidade de aproveitar a aprendizagem científica e transformar a

sua prática.

Estamos convictos que a questão da evasão escolar, só poderá mudar este

quadro com muita luta e vontade, criando novos mecanismos didáticos que possa

prender a atenção dos jovens e adultos em sala de aula, com projetos inovadores,

com diálogo amigável, dando a todos mais atenção aos seus problemas.

Por isso é preciso rever alguns pontos deste sistema de ensino para jovens e

adultos,que necessita de uma alta avaliação tanto entre as metodologias aplicadas,

como também osmotivos que estão contribuindo para o crescimento da repetência e

evasão escolar.

O problema da evasão nesta comunidade sempre foi atribuído ao fator

econômico, por ser uma comunidade que não tem espaço no mercado de trabalho,

mas diante de nossa visão existem outros fatores: aulas monótonas sem objetivos

propostos, falta de planejamentos e até mesmo não são feitos na maioria das vezes

análise do próprio livro didático, utilizado pelo professor, não havendo uma

reformulação dos conteúdos de acordo com a capacidade do alunado.

Neste sentido destacamos as dificuldades do professor, de trabalhar o seu

relacionamento com os alunos em sala de aula, pois na maioria, são jovens

problemáticos desde a família, como no uso de drogas, desempregados e sem

perspectivas de vida. Portanto a evasão faz parte dos grupos mais jovens

nosegundo nível que também chegam ao terceiro nível sem dominar a leitura e

escrita estando dentro do processo de escrita pré-silábica e alfabética.

O problema da desistência e evasão é porque não sabem escrever

adequadamente e sentem-se incapaz de continuar.

A questão da evasão escolar se arrasta ano a ano no Brasil, com um

crescimentoacentuado como também entende-se não só como um problema de

ordem escolar e familiar mas como um problema social.

Em suma, a evasão deverá ser encarada como um problema sociológico e

não obstante de caráter psicológico. Isto significa dizer que os alunos não são seres

infradotados, mas que são eles negados as condições de vida familiar, escolar e

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social, pois caso contrário a evasão seria um problema a menos a ser enfrentado

pela instituição escolar. Por conseguinte, a evasão é um fator poderoso para que os

jovens e adultos não sejam estimulados a continuar na escola.

Tendo em vista que, para superar estes obstáculos será necessário o

investimento, na qualificação e capacitação de professores.

Por outro lado, o aluno deverá está sempre aberto para receber o

conhecimento transmitido. Porém, aluno e professor serão protagonistas de uma

educação mais qualificada, quando os materiais didáticos para eles se tornarem

privilégio, e o salário do professor for vistos com mais dignidade, e só assim a

educação tomará um novo caminho. Ou, no entanto estaremos caminhando para

uma sociedade estagnada.

Temos que vê que muitos que vivem sem oportunidades, sem opção de

escolha foram aqueles que não tiveram acesso a escola na idade certa, ou

simplesmente aqueles que pararam no tempo, deixando de estudar para trabalhar e

sustentar sua família. Sabemos que para construir uma sociedade, devemos

primeiramente educar com qualidade, mas para isso será necessário investimentos

em prédios, materiais escolares, merenda e a consciência de que a participação da

família e comunidade é fundamental para a construção da educação que queremos.

Só assim veremos um país mais justo e democrático.

REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel G. da. Escola coerente à Escola possível. São Paulo: Loyola, 1997 (Coleção Educação popular – nº 8.).

AZEVEDO, Francisca vera Martins de, ARTIGO 13.

BEISIEGEL, Celso de Rui- Politica e educação popular (a teoria e a pratica de Paulo Freire no Brasil) São Paulo, Ática, 1982, p.26.

46

CANDAU, Maria Vera. A didática em questão. 13 ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1999.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 6 ed. São Paulo: Scipione, 1995.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 26 ed. Rio de Janeiro-RJ: Paz e Terra, 1994.

FREIRE, Paulo- uma bibliografia. Ed.Cortez

INTERNET – Shvoong.com- Historia da Educação de Jovens e Adultos. Publicado em: março 07,2008. acesso em: 10 jan. 2011.

KRUPA, Sonia M. Portela sociologia da educação. São Paulo.Ed. Cortez.( Coleção Magistério Formação do Professor) 1994. P. 13 e 14.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. São Paulo. Ed. Cortez. (Coleção(Magistério Formação do Professor) 1994. p. 183.

LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Seção V-Art.37 e 38.

MEC. Educação de Jovens e Adultos – Ensino Fundamental: proposta curricular – 1º.Segmento. São Paulo/Brasília. Ação Educativa/SEF, 1999.

MENEGOLLA, M. Didática: aprender a ensinar. 5 ed. São Paulo: Loyola, 1999.

MARANHÃO, 2007 Proposta curricular no ensino Fundamentalde1º e 2º etapa (eja)

MOURA, Tânia Maria de Melo. A prática pedagógica dos alfabetizadores de jovens e adultos: contribuições de Freire, Ferreiro e Vygotsky. 2º ed. Maceió: EDUFAL, 2001.

MARX, karl- revista espaço acadêmico nº 86- mensal julho de 2008.

PCN Parâmento Curricular Nacional ( 1991- P. 12).SOARES, Mário 1996.

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO DESTINADO AOS PROFESSORES

1- Dados Gerais:

Idade_______________________________________________________________

Quantos anos atuam como professor (a)?

______________________________________

Qual a sua formação?________________________________________

2- Questões específicas:

1 –Quais as causas que a evasão escolar provoca na sociedade?

2 – o que acontece com esse aluno depois da desistência?

3 – O que a escola faz para que não haja a evasão desse aluno?

4 -Você exerce sua práxis, a fim de alcançar os objetivos educacionais da

Escola?

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5 – Você como profissional da Educação, faz o quê a respeito da desistência?

APÊNDICE B

QUESTIONÁRIO DESTINADO AOS ALUNOS

1-o que leva vocês a desistirem?

2-O que você acha da didática do seu professor?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3- o que você faz durante o dia?

4- Até que série seus pais estudaram? Se sim qual?

5- Você mora na zona rural ou urbana?

6- você trabalha? Onde? Quantas horas por dia?

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ANEXO A

FACULDADE EVANGÉLICA DO PIAUÍ

GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

CARTA DE APRESENTAÇÃO

Carutapera-MA, 10 de junho de 2011.

Senhor Diretor,

Apresento o aluno, Magno Fernando Almeida Nazaré matriculados no Curso de

Graduação em pedagogia, desta Academia de Ensino Superior (FAEPI), que requer

pesquisa entre os alunos e professores da1º e 2º etapa no ensino da eja, turno

noturno desta Instituição, tal pesquisa tem como objetivo avaliar a evasão escolar e

suas consequências na formação sócio-educativa de jovens e adultos desses

alunos, com o intuito de obter pré-requisitos para obtenção de certificado de

conclusão do curso de graduação em pedagogia.

Agradeço sua atenção para com os alunos colocando-me à sua disposição.

Ana Cristina Castelo BrancoProfessora Ms. Orientadora da Pesquisa

Faculdade Evangélica do piauí

Carutapera-MA __________________________Faculdade do Piauí Magno Fernando A. Nazaré

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ANEXO B

REQUERIMENTO

Senhor Gestor da Unidade I. Ver. Laércio Oliveira.

Dirigimo-me a V.Sa.Para pedir-lhe permissão em poder participar durante 10 (dez)

dias do ambiente escolar dos alunos da 1º e 2ºetapa da eja no Ensino Fundamental

do turno noturno deste estabelecimento de ensino.

Este pedido tem como meta principal, observar alunos e professores que

trabalham com essa modalidade da referidas turmas, como também aplicar

questionários contendo perguntas fechadas, abertas e de múltipla escolha a uma

porcentagem de 10 alunos extraídos de um total de 50 (cinquenta) alunos frequentes

ao professor que leciona as disciplinas. Para que eu possaconcluir essa pesquisa da

elaboração de monografia para conclusão do Curso de pedagogia, Desta forma,

espero contar com vossa valiosa compreensão, me colocando à disposição de

V.Sa.Para eventuais questionamentos sobre o referido trabalho da finalização da

monografia. No aguardo de uma resposta favorável, subscrevo-nos.

Carutapera (MA), __________________de___________________2011

Atenciosamente,

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Magno Fernando A. Nazaré

Ilm.º S.r. Lucivaldo Guimarães MD: Gestor da Unidade I. Ver. Laércio Oliveira

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