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REGES REDE GONZAGA DE ENSINO SUPERIOR FACULDADE AVEC DE VILHENA LEONARDO CADÊTE DA SILVA A FORMA DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS AOS ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI E A CORRESPONDENTE RELAÇÃO COM A REINCIDÊNCIA EM ATOS INFRACIONAIS VILHENA 2014

Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

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Page 1: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

REGES – REDE GONZAGA DE ENSINO SUPERIOR

FACULDADE AVEC DE VILHENA

LEONARDO CADÊTE DA SILVA

A FORMA DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS

SOCIOEDUCATIVAS AOS ADOLESCENTES EM

CONFLITO COM A LEI E A CORRESPONDENTE

RELAÇÃO COM A REINCIDÊNCIA EM ATOS

INFRACIONAIS

VILHENA 2014

Page 2: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

II

REGES – REDE GONZAGA DE ENSINO SUPERIOR

FACULDADE AVEC DE VILHENA

LEONARDO CADÊTE DA SILVA

A FORMA DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS

SOCIOEDUCATIVAS AOS ADOLESCENTES EM

CONFLITO COM A LEI E A CORRESPONDENTE

RELAÇÃO COM A REINCIDÊNCIA EM ATOS

INFRACIONAIS

Monografia apresentada a REGES – Rede

Gonzaga de Ensino Superior – Faculdade

AVEC de Vilhena, Campus Vilhena, como um

dos pré-requisitos para obtenção do grau de

bacharel em Direito.

ORIENTADOR PROF. ESP.

RILDO JOSÉ FLÔRES

CO-ORIENTADOR PROF. M.SC.

JOSÉ WELLINGTON DE MELO

VILHENA 2014

Page 3: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

III

LEONARDO CADÊTE DA SILVA

A FORMA DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS AOS

ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI E A CORRESPONDENTE

RELAÇÃO COM A REINCIDÊNCIA EM ATOS INFRACIONAIS

Trabalho de conclusão de curso apresentado a REGES – Rede Gonzaga de Ensino Superior

– Faculdade AVEC de Vilhena, Campus Vilhena, como requisito parcial para obtenção do

título de Bacharel em Direito, julgado e aprovado, obtendo a média ____ atribuída pelos

professores examinadores.

Vilhena, ___ de _____________de 2014.

________________________________________________

Prof. Ms. José Maria Weber

Diretor da REGES/AVEC

________________________________________________

Prof. Ms. Alex Luis Luengo Lopes

Coordenador do Curso de Direito da REGES/AVEC

________________________________________________

Prof. Esp. Rildo José Flores

Orientador REGES/AVEC

________________________________________________

Profª. M.Sc. XXXXXXXXXXXXXXX

Examinador REGES/AVEC

________________________________________________

Profª. Ms. XXXXXXXXXXXXX

Examinador REGES/AVEC

Page 4: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

IV

Dedico este, ao Senhor Deus Criador do Céu e

da Terra, por suprir minhas necessidades e me

capacitar para enfrentar as intempéries da vida.

Page 5: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

V

AGRADECIMENTOS

A Deus, na pessoa de Jesus Cristo, meu Senhor e Salvador, que sempre foi minha fortaleza,

à minha família, nas pessoas de Senhora Luzinete Tavares, minha mãe, refúgio seguro, que

mesmo distante, sempre foi presente na minha vida como um arquétipo de idoneidade moral

e ao meu Pai, Sr. José Cadête, por ser um exemplo de perseverança e serenidade.

Aos meus amigos e professores de faculdade, que nas intempéries de acadêmico, me

auxiliaram.

A FAVEC – Faculdade Associação Vilhenense de Educação e Cultura.

Ao Curso de Direito e em especial ao Professor e também Orientador Rildo José Flores, que

continuamente demostrou ser um modelo de humildade e sabedoria.

Ao Co-orientador Prof. José Wellington de Melo que com muito zelo prestou os devidos

esclarecimentos para elaboração deste trabalho de conclusão de curso, da tão almejada

Graduação.

Page 6: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

VI

Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos

seja bem ordenados. Não declines nem para direita nem

para esquerda; retira o teu pé do mal. (Bíblia Sagrada:

Edição Contemporânea, Primeira Carta aos Coríntios, cap. 4: vs. 26,

27. p 572)

Page 7: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

VII

RESUMO

A FORMA DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS AOS

ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI E A CORRESPONDENTE

RELAÇÃO COM A REINCIDÊNCIA EM ATOS INFRACIONAIS

Leonardo Cadête da Silva*

*Acadêmico no Curso de Direito da REGES –Rede Gonzaga de Ensino Superior – Faculdade AVEC de

Vilhena, Campus Vilhena, 2014

Ao analisarmos a atual conjuntura em que se encontra a criança e o adolescente infrator em

relação à lei, sabemos que existem inúmeras discussões e diferentes opiniões a respeito das

formas de coibição das práticas infracionais cometidas por estes menores. Assim, a

relevância desta pesquisa está em, conhecer e descrever, como estão sendo aplicadas as

medidas socioeducativas do Estatuto da Criança e do Adolescente a estes indivíduos que

apresentam condutas desaprováveis pela sociedade e lei positiva, medidas estas que,

atualmente, são as formas de aplicação do direito penal aos adolescentes.

Estes esclarecimentos e conceituações serão de grande importância para fomentar as

discussões e consequentemente, possíveis consensos que serão construtores de novos

paradigmas evolutivos.

Neste sentido, o projeto de pesquisa que ora apresentamos, procura trazer um

panorama fidedigno do sistema de cumprimento das medidas socioeducativas e como se dá a

aplicação destas execuções.

Palavras-chave: Criança; Adolescente; Menor Infrator; Ato Infracional; Medidas

Socioeducativas; Reincidência.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 9

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS NO QUE PERTINE A LEGISLAÇÃO E PRINCIPIOS

QUE TUTELAM O MENOR (CRIANÇA E ADOLESCENTE) NO ORDENAMETO

JURÍDICO PÁTRIO. .................................................................................................................. 11

1.1. HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO MENORISTA BRASILEIRA ....................................... 11

1.2. COGESTÃO ENTRE ESTADO, SOCIEDADE E FAMÍLIA ............................................. 16

1.3. DEFINIÇÃO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE............................................................... 18

1.4. DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL E OS PRINCÍPIOS TUTELARES Á

CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ..................................................................................... 19

1.4.1. Doutrina da Proteção Integral ...................................................................................... 19

1.4.2. Princípio da Prioridade Absoluta ................................................................................. 22

1.4.3. Princípio do Melhor Interesse ...................................................................................... 24

1.4.4. Princípio da Cooperação .............................................................................................. 25

1.4.5. Princípio da Municipalização ...................................................................................... 27

2. DO ATO INFRACIONAL E DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS ................................... 30

2.1. CONCEITO DE ATO INFRACIONAL ............................................................................... 30

2.3. INIMPUTABILIDADE PENAL DO MENOR INFRATOR ............................................... 34

2.4. PROCEDIMENTOS NA APURAÇÃO DO ATO INFRACIONAL ................................... 35

2.5. DESCRIÇÃO DETALHADA SOBRE AS MEDIDAS SÓCIOEDUCATIVAS ................ 38

2.5.1. Advertência .................................................................................................................. 39

2.5.2. Obrigações de Reparar o Dano .................................................................................... 40

2.5.3. Prestações de Serviços à Comunidade ......................................................................... 41

2.5.4. Liberdade Assistida ...................................................................................................... 42

2.5.5. Inserção em Regime de Semiliberdade ........................................................................ 42

2.5.6. Internação em Estabelecimento Educacional ............................................................... 43

2.5.7. Medidas Previstas no Art. 101, I a VI do ECA ............................................................ 45

2.5.8. Remissão ...................................................................................................................... 47

3. FORMA DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS AOS ADOLESCENTES

EM CONFLITO COM A LEI E A CORRESPONDENTE RELAÇÃO COM A

REINCIDÊNCIA EM ATOS INFRACIONAIS ........................................................................ 49

CONCLUSÃO...................................................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 55

Page 9: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

9

INTRODUÇÃO

Com o aumento exacerbado de crianças e adolescentes envolvidos em infrações

penais e concomitantemente a reincidência destes menores infratores, verifica-se a real

necessidade de analisarmos a estrutura Jurídica Brasileira no que diz respeito à

ressocialização do menor infrator.

As crianças e adolescentes se envolvem em atos infracionais cada vez mais novos e

sofrem medidas socioeducativas, porém, no atual panorama, verifica-se o aumento de

reincidências, desta forma, se faz necessário conhecer e descrever as formas de

aplicabilidade da legislação positiva, como também os fatores psicossociais que corroboram

para a delinquência e em sentido convergente, fomentar discursões, quiçá soluções, no que

diz respeito à eficácia das medidas socioeducativas sobre a perspectiva de ressocialização.

As estatísticas são fidedignas em demonstrar que, além dos jovens brasileiros se

envolverem em infrações penais cada vez mais novos e de que seus atos infracionais são

praticados de forma reiterada, vem se tornando cristalina a ideia de que a Legislação

Brasileira e sua aplicabilidade estão sendo, no mínimo, deficitário em educar a criança e o

adolescente, ao ponto de diminuir os atos infracionais e também, ressocializar o menor

infrator.

. Para análise e interpretação do tema, adotamos uma perspectiva teórico-

metodológica, ampla e flexível, recorrendo às contribuições de doutrinadores ligados à

temática em tela, sendo eles: Paula Gomide, Miriam Abramovay, Olegário Gurgel Ferreira

Gomes.

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O método utilizado é o dialético, pois, trata-se de um estudo que exige visão crítica

do objeto frente à problemática inserida na sociedade, como procedimento, foi empregado o

método bibliográfico, tendo o universo de trabalhos científicos, livros, revistas, banco de

dados, leis, doutrinas e jurisprudência para formar conhecimento, com técnicas de

observação direta e extensiva, utilizando-se de medidas de opinião e análise de conteúdo,

para que, após obter elementos necessários para formação de conhecimento, seja realizado

críticas no intuito de ajudar todo o contexto social que é atingido quando o menor infrator

não é ressocializado.

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS NO QUE PERTINE A

LEGISLAÇÃO E PRINCIPIOS QUE TUTELAM O MENOR (CRIANÇA

E ADOLESCENTE) NO ORDENAMETO JURÍDICO PÁTRIO.

1.1. HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO MENORISTA BRASILEIRA

Desigualdade social é o que regia a situação econômica brasileira no período

colonial, por volta do século XIX, o fato das crianças e adolescentes se envolver em ilícitos

desde aquela época, não foi culpa única e exclusivamente destes, mas de uma série de

fatores que corroboraram para delinquência, entre tais fatores estão os sociais, familiares,

educacionais, econômicos, vale salientar que, a disparidade econômica, com o advindo do

capitalismo, foi preponderante para o surgimento dos enjeitados, esta era a denominação

dada aos menores abandonados pelo Estado e pela família que se enveredavam no mundo do

crime como subterfúgio de uma estrutura político-social desestruturada, aonde o caminho da

ilegalidade e exclusão social ia do roubo à mendicância.

As famílias abastardas inseridas neste contexto, se enchiam de caridade para com

estes menores, porém, na maioria das vezes, tal atitude tinha cunho individualista, pois, o

que se almejava não era o bem comum, mas estava relacionado intrinsecamente com a

religiosidade e/ou ao status perante a sociedade local, a caridade estava intimamente ligada a

religiosidade, pois, entendia-se que, as doações realizadas aos menores, corroboravam para o

recebimento da salvação da alma e as famílias que ajudassem os necessitados, ficariam bem

quistas perante a sociedade.

A palavra menor surgiu com a criação de um Decreto de 1891, onde foi instituído

normas trabalhalhistas que inseriam os adolescentes nas indústrias, onde, posteriormente,

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veio a concepção que menor estava relacionado a um período da vida em que a

criança/adolescente seria pobre.

Apesar de já haver normas que regiam as condições de trabalho destes indivíduos, as

Constituições de 1824 e 1891 foram omissas em tratar da proteção da criança e do

adolescente, sob forte influência do liberalismo clássico, onde este é norteado pelos valores

do individualismo, absenteísmo estatal, valorização da propriedade privada e proteção do

indivíduo, fez surgir uma concentração de renda e exclusão social.

Contudo, em 1830 vigorava as Ordenações Filipinas, onde o tratamento penal

imposto aos adultos era semelhante aos das crianças/adolescentes e a imputabilidade

começava com sete anos, diferença havia na majoração da pena aos indivíduos que possuía

entre sete e dezesseis anos, pois, seria sancionado com pena mais tênue, como também ao

executado, onde estas penas eram aplicadas em conformidade com sua linhagem, a exemplo

dos Doutores de Lei, que não poderiam ser presos em ferro e os peões sofriam todo tipo de

pena rígida e cruel (açoites, morte cruel, remar em embarcações).

Após a Independência do Brasil em 1822, em substituição a Ordenação Filipinas,

surgiu o Código Criminal do Império do Brasil, aprovado em 16 de Dezembro de 1830, com

seu advento, foi aumentada a imputabilidade penal para quatorze anos e impedia a pena de

morte aos menores de dezessete anos, o critério de responsabilidade adotado neste contexto

penal era o de discernimento, onde se verificava se o indivíduo possuía a capacidade de

distinguir entre o certo e o errado através do meio social em que o indivíduo estaria inserido

e se houvesse hereditariedade patológica ligada à delinquência, havendo esses fatores, a

pessoa não teria capacidade moral para distinguir se uma atitude é criminosa ou não. Essa

era a Teoria do Discernimento que permeava o Código Criminal do Império. Apesar desta

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doutrina ser responsável pelo aumento da criminalidade entre os menores e por causa disto,

ser a mola propulsora para o surgimento de novas doutrinas, a Teoria do Discernimento

continuou sendo utilizada no Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, oriundo com o

Decreto nº 847, de 11 de Outubro de 1890.

Na monarquia, a Igreja Católica estava intimamente ligada com o Estado e a

assistência dada aos menores infratores ficava a cargo da igreja, com a Independência do

Brasil, ocorreu transição da monarquia para o Sistema Republicano e a contínua separação

entre Estado e Igreja, fato este consolidado com o surgimento da doutrina moderna que com

o surgimento de novos líderes, a preocupação com os menores estava mais ligada ao

controle social, no intuito de diminuir a criminalidade do que em assistencialismo,

utilizando a reclusão e o trabalho como forma de ressocialização do menor infrator.

Em 12 de Outubro de 1927, através do Decreto 17.943-A, surgiu a primeira

legislação menorista brasileira e que posteriormente, se tornou o primeiro Código de

Menores da América Latina, aquele, de autoria do Jurista José Cândido de Mello Mattos foi

o marco no desenvolvimento da doutrina, onde ultrapassou a concepção da Teoria do

Desestímulo e trouxe ao bojo legislação brasileira a finalidade do Estado de educar a criança

e o adolescente para que este não volte a praticar atos infracionais, desta forma, se entranhou

o Estado e o Assistencialismo em prol do menor em condições de vulnerabilidade, porém,

para conseguir sucesso neste propósito desestimulador, enfatizava-se a repressão como

forma de solucionar esta problemática. Com caráter hibrido, nota-se que a punição como

forma de regeneração é utilizada pelo ente estatal e em contrapartida o próprio Estado com

sua desigualdade social que força o infanto-juvenil a delinquir.

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Em 1979 foi proclamado pelas Nações Unidas o ano internacional da criança e

através da Doutrina da Situação Irregular surgiu, no mesmo ano, a Lei 6.697, onde tutela a

criança e o adolescente que se encontrava determinadas situações, a exemplo as vítimas de

maus tratos, os que encontram-se de forma habitual em ambiente contrário aos bons

costumes, os menores de dezoito anos em situação irregular, entre outros. Neste período, os

menores estavam sujeitos a internações em estabelecimentos independentemente de serem

infratores ou não, bastava se enquadrar em situação de irregularidade e por causa disto ser

potencialmente perigoso, o Juiz dispunha de autonomia quase que absoluta de internar o

menor para que fosse investigado e tal encarceramento não se passava pelo crivo de um

advogado e nem possuía prazo determinado.

Diante da problemática não só brasileira, mas mundial, em relação às medidas adotas

junto aos menores, em 20 de Novembro de 1989, proposta pela Polônia, houve a Assembleia

das Nações Unidas, ao qual convencionou e o Brasil ratificou, uma série de Direitos da

criança sob o prisma dos direitos da dignidade da pessoa humana, ora afrontados em todo

mundo, inclusive no Brasil. Este foi um marco fundamental na tutela dos direitos dos

menores e para tanto, surgiu a Doutrina da Proteção Integral.

Com a ratificação realizada pelo Brasil da Convenção Internacional sobre os Direitos

da Criança e com o advento desta nova doutrina que protege o menor de forma integral,

ocorreu um grande avanço no sistema protecionista da criança e do adolescente, a

Constituição Federal de 1988 foi à primeira carta magna que trouxe em seu bojo o assunto

em tela, sofrendo com isto, influência dos organismos internacionais, substituindo o binômio

individualidade-patrimonial para coletividade-social, vale salientar que, foi por causa,

também, do surgimento de vários princípios específicos à tutela do menor, que fez com que

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o texto constitucional fosse alicerçado, desvinculando o menor do Direito de Família para

um Direito que lhe é peculiar.

A promulgação da Constituição Federal de 1988 e as Convenções Internacionais,

forneceram subsídios para criação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 13 de Julho

de 1990 conforme a Lei 8.069, até então, vigorava o Código Menorista de 1927 e 1979, com

o advento do ECA e a falência do Código de Menores, houve uma mudança de paradigmas,

definhando ao ponto de acabar com o paradigma da “situação irregular” para a

consolidação da “proteção integral” em conformidade com a nova ordem mundial de

princípios da democracia, da descentralização administrativa, da parceria sociedade e

Estado.

Apesar de tardia, torna-se evidente que o ECA foi uma conquista formal das lutas

sociais e da cidadania das crianças, vale salientar que, o surgimento do presente Estatuto

surgiu em um período de instabilidade política, pois, acabara de sair de duas décadas de

regime militar e estava adentrando na implementação do neoliberalismo promovido pelo

governo Collor de Mello, tornando-se evidente que os interesses que deu origem ao ECA

são políticos, jurídicos e sociais.

Certo é que, essa nova roupagem de trato para com as crianças e adolescentes

deveriam ser postas em prática o mais rápido possível, tendo em vista o esgotamento

histórico-jurídico do Código de Menores, porém, para que houvesse essa transição, seria

necessário que não ocorressem lacunas na assistência dos que estavam em fase de

vulnerabilidade, onde a institucionalização de um novo paradigma, sobre o prisma dos

direitos humanos, não fosse mais uma omissão estatal. Sendo assim, a mudança do Código

de Menores de 1979 para o Estatuto da Criança e do Adolescente não ocorreu através de

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uma ruptura, mas através de uma série de procedimentos de descontinuidade e continuidade,

onde as arbitrariedades perpetradas pelo Estado através Código de Menores e a Política

Nacional de Bem-Estar do Menor (PNBM), seriam de forma gradativa descontinuada e o

novo sistema de proteção integral se instalaria de forma contínua.

Segundo Maria Liduina de Oliveira e Silva,

“... esse direito/justiça, aos poucos, foi sendo internacionalmente

“desconstruído” e “construído”, com base na visão moderna de Estado de

direito, de Estado mínimo e de democracia participativa com os inerentes

direito e garantias jurídicas. ” Liduina, 2005, p.35.

1.2.COGESTÃO ENTRE ESTADO, SOCIEDADE E FAMÍLIA

Com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069, de

13/07/1990, surgiu à descentralização e a democratização do poder público, fazendo com

que as demais camadas da sociedade, governamentais e não governamentais, sejam

participativas na Política de Atendimento aos Direitos da Criança e do Adolescente,

conforme preceitua o artigo 4º do Estatuto supracitado.

“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder

público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos

referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,

à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária. ” Lei nº 8.069/90 - artigo 4º Estatuto

da Criança e do Adolescente.

A gestão participativa é de fundamental importância, tendo em vista as

peculiaridades regionais na qual o menor está inserido, certo é que, vivemos em uma

localidade com características econômicas, criminológica, culturais específicas do ambiente,

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que certas medidas são necessárias para o desenvolvimento dentro de um convívio social e

que algumas medidas são diferentes de outras em função da conjuntura.

Os membros de uma sociedade conhecem as referidas peculiaridades que envolvem

as crianças e os adolescentes, desta feita, o Estatuto da Criança e do Adolescente

institucionalizou de caráter Municipal o Conselho Tutelar e estabeleceu que, será composto

por indivíduos de idoneidade moral escolhidos pela população local, conforme artigo 131 e

seguintes da Lei 8.069/90 para que, na ação ou omissão do Estado, ou Sociedade, ou

Família, que viole algum direito do menor, este venha a atuar no intuito de resguardar a

integridade dos tutelados, que se necessário for, será parte legítima para impetrar com

representação junto ao Poder Judiciário.

É de fundamental importância que a família seja inserida no desenvolvimento

saudável da criança e do adolescente, que haja essa interação entre as políticas

governamentais e a participação da família na educação, cultura, esporte e lazer. Torna-se

evidente que uma família desestruturada corrobora para um desvio de conduta, ou seja, a

probabilidade do menor crescer em um ambiente familiar desestruturado emocionalmente,

envolto em entorpecentes e em criminalidade, faz com que o menor esteja, no mínimo,

inclinado a praticar os mesmos atos das pessoas que estão inseridas em seu convívio social,

são inúmeros os casos que a falta de acompanhamento do menor e a propiciação de

condições de vida saudável, fez surgir condutas desviadas e por consequência, a ação de

instituições de controle social como forma de suprir a carência do acompanhamento

educacional.

Como forma de efetivar a participação do Estado na cogestão estre sociedade e

família, foram criadas estratégias oriundas do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário,

uma delas foi o surgimento do Programa Familiar de Apoio, fundado na perspectiva da

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coparticipação de todos os envolvidos no processo de acolhimento da criança e do

adolescente, este programa tem como objetivo principal que famílias recebam crianças

vítimas de alguma situação de emergência, o Estado, através do fundo municipal, custeia

financeiramente esta iniciativa com fundamento legal no artigo 260 da Lei 8.069/90 Estatuto

da Criança e do Adolescente, o presente programa é acompanhado pelo Juizado da Infância

e Juventude, Conselho Tutelar e demais órgãos integralizados para a tutela do menor, onde

há reuniões que estabelecem diretrizes para pôr em prática políticas de atendimento a

criança e ao adolescente.

Contudo, torna-se evidente, dia após dia, que o indivíduo que passa pela fase de

vulnerabilidade necessita, não só do apoio do Estado, mas também da família e da

sociedade, no intuito de melhorar a qualidade de vida desses cidadãos, evitar que estes

enveredem na marginalidade e se por ventura isto vier a acontecer, que seja ressocializado

ao ponto de não mais cometerem tais delitos.

1.3. DEFINIÇÃO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE

Antes da promulgação da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da Criança e do

Adolescente em 1990, vigorava o Código de Menores de 1979, onde não havia a distinção

entre criança e adolescente, que todos de idade inferior a dezoito anos eram intitulados

menores.

Hoje, com o advento de uma constituição cidadã e um estatuto específico aos

indivíduos que se apresentam em fase de vulnerabilidade, onde tal estatuto possui princípios

peculiares, mas sempre voltados para dignidade da pessoa humana, estabeleceu-se uma

distinção dentro deste período de 0 a 18 anos, onde criança é aquela pessoa até doze anos de

idade incompletos e o adolescente é o indivíduo que possua entre doze e dezoito anos de

idade.

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A distinção estabelecida pelo ECA, entre criança e adolescente, foi necessário

porque os fatores biopsicológico destes indivíduos são diferentes dos adultos em decorrência

de suas característica peculiares, que relacionam-se, especificamente, a fase em que se

encontram, tal fato, não se trata apenas de mudanças temporal, mais de crescimento e

desenvolvimento, no crescimento os fatores biológicos são mais enfáticos, o

desenvolvimento é evidenciado pelos aspectos quantitativo, qualitativo e psicológico, pois,

corroboram para passagem à fase adulta.

A criança encontra-se em uma fase de crescimento, onde o aspecto físico converge

com o surgimento do conceito de personalidade. O adolescente já passou pela abrupta fase

de crescimento físico e agora com uma personalidade formada, irá se moldar fisicamente e

psicologicamente, ou seja, o aspecto quantitativo (aumento de tamanho) e qualitativo

(desempenho das atividades) serão aperfeiçoados em conjunto com os atributos psicológico

(concentração/compostura/raciocínio), fazendo um elo de ligação da fase adolescente para

fase adulta.

Foi em decorrência das características particularidades da criança ser uma e do

adolescente ser outra, se fez necessário, com a criação da Lei 8.069/90, a distinção entre

ambas, pois, a diferença no trato entre estes indivíduos que será obtido uma melhor

qualidade de vida com fulcro na Dignidade da Pessoa Humana.

1.4. DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL E OS PRINCÍPIOS

TUTELARES Á CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

1.4.1. DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL

A substituição da Doutrina da Situação Irregular para a Doutrina da Proteção Integral

ocorreu, em decorrência do clamor dos acontecimentos histórico-sociais internacionais e

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nacionais, na qual, os indivíduos em fase de vulnerabilidade foram o ponto central, a

proteção integral despendida a estas pessoas foi o fundamento para que surgisse uma tutela

legislativa constitucional e especial brasileira, contudo, a presente doutrina teve origem na

Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, em 20 de Novembro de 1959

surgiu a Declaração dos Direitos das Crianças e foi ratificada pelo Brasil.

Inúmeras são as diferenças entre a Doutrina da Situação Irregular perpetrada através

do Código de Menores e a atual Doutrina da Proteção Integral consolidada na Constituição

Federal de 1988 e Estatuto da Criança e o do Adolescente de 1990. A primeira, possui

fundamento no Assistencialismo/Filantrópico, havendo um poder decisório centralizado e

influenciado por um governo Monocrático, na segunda fundamenta-se no Direito subjetivo

do menor com caráter voltado as Políticas Públicas, com poder decisório participativo

através da cogestão entre Estado, Sociedade e Família e influenciado por um governo

Democrático.

O próprio ECA estabeleceu diretrizes de descontinuidade na aplicação da Doutrina

da Situação Irregular para continuidade na implementação e aperfeiçoamento da Doutrina da

Proteção Integral, após 24 anos de surgimento do ECA, falta participação dos brasileiros na

tutela dos direitos da criança e do adolescente, tendo em vista o lento processo de adaptação

sociocultural, umas das dificuldades dar-se-á por causa dos paradigmas oriundos do Código

Civil de 1916, onde ainda se mantém a ideia do pátrio poder, mas é necessário que, através

da cogestão e difusão do ECA, que seja esclarecido, com o advento do Código Civil de

2002, o surgimento do poder de família.

O respeitável doutrinador Carlos Roberto Gonçalves esclarece:

“O Código Civil de 1916 e as leis posteriores, vigentes no século passado,

regulavam a família constituída unicamente pelo casamento, de modelo

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21

patriarcal e hierarquizada, ao passo que o moderno enfoque pelo qual é

identificada tem indicado novos elementos que compõem as relações

familiares, destacando-se os vínculos afetivos que norteiam a sua

formação”. (GONÇALVES, 2005, p. 16).

O antigo Código Civil brasileiro era regido pela pátria potestas do Direito Romano,

ou seja, o homem era o chefe patriarca da família, com poderes tradicionalmente severo, seja

no âmbito pessoal, onde o filho era propriedade do pai e este poderia expô-lo ou até mesmo

entrega-lo como pagamento de dívida, ou patrimonial, onde tudo que o filho viesse a adquiri

pertenceria ao pai. Com o passar do tempo e influência do cristianismo, o tirano trato do pai

para com o filho foi diminuindo ao ponto de termo o que é hoje, com a promulgação do

Código Civil de 2002 foi consolidado a referidas mudanças, deixando de existir o pátrio

poder e passando ao poder de família, onde não só o pai, mas também a mãe possui direitos

e deveres concernentes à tutela do filho e de seus bens.

Conforme estabelece o Código Civil de 2002:

Seção II

Do Exercício do Poder Familiar

Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:

I - dirigir-lhes a criação e educação;

II - tê-los em sua companhia e guarda;

III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;

IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro

dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder

familiar;

V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-

los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o

consentimento;

VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

Page 22: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

22

VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de

sua idade e condição.

Quando se fala em proteção integral à criança e ao adolescente, estabelece que, os

direitos e deveres destes indivíduos deverão ser tutelados não só pelo poder de família, mas

de forma completa, para tanto, a Carta Magna define a cooperação em prol dos que estão em

fase de desenvolvimento, abarcando não só as necessidades basilares do indivíduo, mas

também, necessidades peculiares, no intuito de proteção absoluta.

Os fatores que corroboram para delinquência parte do pressuposto que: haja uma

patologia inserida no indivíduo e/ou que, o convívio afetivo/social influenciou para uma

conduta desajustada. No intuito de reparar ou evitar novas sequelas oriundas de anos de

desrespeito, foi também, que a legislação brasileira consolidou uma base de proteção tão

completa, onde todos estão envolvidos em proteger os vulneráveis, tal fato não se trata

apenas de altruísmo, mas de interesses que visam evitar o aumento do índice de

envolvimento das crianças e adolescentes em atos infracionais.

1.4.2. PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ABSOLUTA

Prioridade ocorre quando se trata dos direitos das crianças e do adolescente em

relação aos direitos dos adultos, tendo em vista que, aqueles são hipossuficientes em relação

a esses, sendo assim, a Administração Pública fica adstrita a tratar os direitos dos

vulneráveis com prioridade absoluta, onde os gestores deverão, necessariamente, colocar em

primeiro plano as necessidades dos menores de dezoito anos, pois, estão obrigados

constitucionalmente, exemplo ocorre com os recursos financeiros da Administração Pública,

estes deverão ser utilizados na construção de escolas, postos de saúde e em segundo plano,

Page 23: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

23

praças, asfalto, etc., pois, os primeiros irão atender as crianças e os adolescentes em

preferência.

A Constituição Federal brasileira traz o fundamento da Prioridade Absoluta:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao

adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,

à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,

além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,

exploração, violência, crueldade e opressão. ” Constituição Federal, 1988,

Artigo 227.

O texto constitucional é de aplicação plena, necessitando de outro dispositivo legal

para que seja colocado em prática, mas torna-se eficaz desde sua entrada em vigor, é cediço

que, este dispositivo este relacionado ao poder discricionário da gestão pública, mesmo

assim, não se pode olvidar que a administração pública é compelida a cumpri-lo, e se a caso

não vier a fazer o que a lei determine, será passível de responsabilização.

Segue o acordão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal que esclareceu a

responsabilidade do ente Público em relação ao Princípio da Prioridade Absoluta e sua

intrínseca relação com a Constituição Federal.

"Do estudo atento desses dispositivos legais e constitucionais, dessume-se

que não é facultado à Administração alegar falta de recursos

orçamentários para a construção estabelecimentos aludidos, uma vez que a

Lei Maior exige prioridade absoluta - art. 227 - e determina a inclusão de

recursos no orçamento. Se, de fato, não os há, é porque houve

desobediência, consciente ou não, pouco importa, aos dispositivos

constitucionais precitados, encabeçados pelo § 7. ° do art. 227" ApCiv 62,

de 16.04.1993, Acórdão 3.835

Page 24: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

24

O Estatuto da Criança e do Adolescente converge para a priorização do atendimento

dos indivíduos em faze de crescimento e desenvolvimento, esclarecendo que os menores de

dezoito anos deverão receber em primazia proteção e socorro, como também nos

atendimentos dos serviços públicos ou de relevância pública, na formulação e execução dos

serviços públicos e os recursos públicos deverão serem destinados, em prioridade, para

proteção da criança e do adolescente.

Esta prioridade é plausível, pois, este indivíduo não possui uma potencialidade

completa, fato este diferente do adulto, a criança e o adolescente está em fase de formação

física e psíquica, apesar de, na atualidade, tornar-se evidente que o adolescente se assemelha

com um adulto, isto não passa de mera similaridade, pois, os fatores endocrinológicos,

motoros, cognitivos, éticos... estão sendo lapidados pelo decurso do tempo, em conjunto

com os valores afetivos e sociais que esses indivíduos vierem a receber, sendo tal processo

de formação, fundamental para um desenvolvimento saudável, corroborando para formação

de adultos com parâmetros de idoneidade moral, no mínimo, aceitáveis e com uma

qualidade de vida oriunda de uma formação nos moldes do Estatuto da Criança e do

Adolescente.

1.4.3. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE

É cediço que, no que tange respeito à tutela da criança e do adolescente, a

Constituição Federal e o ECA utilizou alguns princípios do ordenamento jurídico anterior,

como é o caso do Princípio do Melhor Interesse. Com origem no Direito anglo-saxônico,

onde os limitados, ou seja, os menores e os loucos eram regidos pela doutrina “parens

patriae” que significa “Pai da Pátria”, pelo qual o Estado possuía o poder de proteger e agir

em nome dos incapacitados, o Código de Menores de 1979, apesar de alicerçado sobre a

Page 25: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

25

égide da Doutrina da Situação Irregular, utilizou como fundamento, em seu artigo 5º, o

Princípio do Melhor Interesse.

Vale salientar que, com a descontinuidade do Código de Menores e a entrada em

vigor do ECA, ocorreu uma modificação na finalidade do presente princípio, mas sua

essência permaneceu. Na contemporaneidade, o Princípio do Melhor Interesse surge como

parâmetros de orientação ao julgador quando se deparar com o caso concreto e para o

legislador no exercício das suas atribuições.

Inúmeros são as lides que possui crianças e adolescente como parte, é no intuito de

tutelar os direitos e garantias concernentes a estes indivíduos, que o princípio em tela

demonstra ser eficaz, pois, semelhantemente ao Princípio do in dúbio pro réu do Direito

Penal, onde neste, na dúvida, o julgador deverá decidir em favor do acusado, no Princípio do

Melhor Interesse, por causa das peculiaridades destes indivíduos, havendo dúvidas, a

autoridade julgadora deverá interpretar e decidir de forma a beneficiar o menor de dezoito

anos. Em sentido convergente, o legislador, ao elaborar leis, deverá priorizar os interesses da

criança e do adolescente e em segundo plano, os interesses dos demais indivíduos.

Segundo estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente:

“Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela

se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais

e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como

pessoas em desenvolvimento”. Lei 8.069 de 13 de Julho de 1990, artigo

6º.

1.4.4. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO

O Princípio da Cooperação estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente

relaciona-se, intrinsecamente, com a cogestão participativa entre Estado, Sociedade e

Page 26: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

26

Família em prol dos vulneráveis, onde é dever de todos, prevenir a ocorrência de violações

dos direitos, como também, fomentar meios para suprir as necessidades peculiares desta

fase.

A carta magna positiva estabeleceu uma organização administrativa voltada para

descentralização do poder, ou seja, uma distribuição de deveres e obrigações aos

cooperados, com o fim de proteger os direitos dos menores e concomitantemente,

proporcionar bem estar voltado para um crescimento e desenvolvimento saudável.

A descentralização política-administrativa estabelecida na Constituição Federal

concede aos Estados e Municípios, através de ações governamentais, recursos oriundos do

orçamento da seguridade social, para que este coordene e execute, juntamente com entidades

beneficentes e de assistência social, programas voltados à criança e ao adolescente, onde fica

a cargo do ente federal a criação de normas gerais para estes programas e fiscalização da

utilização destes recursos.

Salienta-se que, conforme preceitua o artigo infra, o financiamento da seguridade

social será através de uma cooperação de todas as camadas da sociedade.

“A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma

direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos

orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da

Lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou

creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,

mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro

Page 27: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

27

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não

incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo

regime geral de previdência social de que trata o Art. 201;

III - sobre a receita de concursos de prognósticos;

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele

Equiparar. ” Constituição Federal, 1988, Artigo 195.

Nota-se que, independentemente da vontade do cidadão, este contribuirá para as

políticas governamentais que estão imbuídas ao assistencialismo social, da mesma que o

empregador, empregado, empresas, entre outros. Esta cooperação é de suma importância,

pois, é através deste entrelaçar de obrigações que irá se alicerçar a tutela dos vulneráveis.

1.4.5. PRINCÍPIO DA MUNICIPALIZAÇÃO

O Estatuto da Criança e do Adolescente se fundamentou no Princípio da

Descentralização do Atendimento estabelecido com o advento da Constituição Federal de

1988, no intuito de distribuir competências, interligando os Princípios da Cooperação,

Cogestão e Municipalização para que haja ações governamentais e não governamentais

voltadas à tutela dos menores de 18 anos.

Para que possamos esquadrinhar o Princípio da Municipalização, se faz necessário

esclarecer que, este não se confunde com prefeiturização, que são as políticas públicas

municipais centradas nas decisões do Prefeito e delegada por estes aos seus Secretários,

muito menos com prefeiturização, que são os repasses fornecidos para que a Prefeitura

execute suas atividades públicas.

O Princípio da Municipalização utiliza como ferramenta a descentralização dos

recursos e das competências, e os delega para sociedade, onde, através destes, a sociedade

Page 28: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

28

venha participar, efetivamente, da tutela de suas crianças e seus adolescentes, pois, ninguém

conhece melhor a problemática da localidade do que as pessoas que ali vivem.

“A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-

se-à através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-

governamentais, da União dos Estados do Distrito Federal e dos

Municípios. ” Lei 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente,

artigo 86.

Dizer que a responsabilidade sobre as crianças e adolescentes fica a cargo da

sociedade inserida no ente Federal Município, é estabelecer que esta, em conjunto com os

demais órgãos, governamentais ou não, realizará programas assistenciais e os executara

como tutela dos que estão em fase vulnerabilidade, onde estas políticas sociais ficam

adstritas as diretrizes preconizadas pelos Estados e União, exemplo ocorre com o Conselho

Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, onde os representantes da sociedade o

compõe, realizando, a priori, um diagnóstico das condições de vida dos menores, em relação

à saúde, educação, moradia... e após estes resultados, busca-se criar mecanismos para suprir

as respectivas carências. Vale citar, também como exemplo, a Organização não

governamental “O Caminho”, criada em 2005 na cidade de Vilhena-RO, que se originou

através de um grupo de senhoras que se reuniam para orar e via a necessidade das crianças

desamparadas, antes com um espaço cedido e hoje, com uma estrutura própria e mão de obra

local, fornece atendimento assistencial com aulas de informática, literatura, karatê, reforço

escolar, entre outras atividades, no escopo de garantir os direitos fundamentais dos

assistidos, concretizando a participação da sociedade resguardado pelo Princípio do

Municipalização e Cooperação.

Page 29: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

29

O Estatuto da Criança e do Adolescente fornece subsídios para que a sociedade,

conforme suas necessidades peculiares, crie atividades para melhorar a qualidade de vida

dos assistidos, conforme preceitua o artigo infra:

“São diretrizes da política de atendimento:

I- Municipalização do atendimento;

II- Criação de Conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais dos direitos

da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das

ações em todos os níveis, assegurado a participação popular paritária por

meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e

municipais;

III- criação e manutenção de programas específicos, observada a

descentralização político-administrativa;

IV- manutenção de fundos nacionais, estaduais vinculados aos

respectivos conselhos de direitos da criança e do adolescente...”

Lei 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente, artigo 88, incisos I,

II, III e IV.

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30

2. DO ATO INFRACIONAL E DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

2.1. CONCEITO DE ATO INFRACIONAL

Para que possamos conceituar o que é ato infracional, devemos considerar o que é

crime e contravenção, pois, ambos estão relacionados com o ato infracional, o que irá

diferenciá-lo é a pessoa que vier a praticá-lo.

O nosso sistema jurídico-penal, igual ao alemão e o italiano, utiliza-se o critério

bipartido, onde define crime e delito como sinônimos e contravenções penais como sendo

outra modalidade, que infração penal é o gênero e possui duas espécies, crime/delito e

contravenções.

Como fundamento para aplicação da lei penal há o Princípio da Legalidade onde

nullum crimen nulla poena sine previa lege, ou seja, não há crime sem lei anterior que o

defina, onde estabelece que ninguém será punido sem que haja uma lei estabelecendo a

infração, o artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal, Decreto-Lei nº 3.914/41,

considera crime ou delito toda infração penal que tem como consequência a pena de

reclusão ou detenção, cumulativamente ou não com a pena de multa e considera

contravenção a infração penal cuja pena comina prisão simples ou multa, sendo assim, as

infração penal de menor gravidade, ou seja, que atingir bens jurídicos menos importantes,

será tipificada como contravenção e a as infração penal que atingirem os bens jurídicos mais

importantes será definida como crime/delito, diferença ocorre conforme a sanção penal

imposta, se é mais gravosa ou não.

Sendo assim, para que seja a conduta tipificada como crime ou contravenção, deverá

está expressa no Código Penal, Decreto-Lei 2.848/40, ou na Lei de Contravenções Penais,

Decreto-Lei 3.688/41, ou Leis Penais esparsas.

Page 31: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

31

Conforme ensinamentos de Rogério Greco:

“Sob aspecto formal, crime seria toda conduta que atentasse, que

colidisse frontalmente com a lei penal editada pelo Estado.

Considerando-se o seu aspecto material, conceituamos o crime como

aquela conduta que viola os bens jurídicos mais importantes. ” Rogério

Greco, 2010, p. 136.

Após verificarmos o que significa infração penal, podemos fazer um paralelo com

ato infracional, onde este é toda conduta dolosa ou culposa que se enquadra na tipicidade

penal concernente a contravenção ou delito, porém, o ato infracional é exclusivamente

praticado por criança ou adolescente, conforme o artigo 103 da Lei 8.069/90, “Considera-se

ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. ”

Em suma, ato infracional é todo fato típico (que inclui: conduta, resultado, nexo de

causalidade e tipicidade), antijurídico (quando se pratica sem as excludentes de ilicitude) e

culpável (que seja: imputável, com potencial consciência da ilicitude do fato e exigibilidade

da conduta diversa), ou seja, crime ou contravenção perpetrado por sujeito menor de dezoito

anos, que em decorrência da idade, não sofrerá pena, mas medida sócio educativa

estabelecida no Estatuto da Criança e do Adolescente.

2.2. DIFERENÇAS ENTRE ATO INFRACIONAL PRATICADO POR

CRIANÇA E ADOLESCENTE

Sob o prisma da Proteção Integral e com fundamento na Constituição Federal, é que

o Estatuto da Criança e do Adolescente faz a distinção entre criança e adolescente, da

mesma forma, o ECA, faz uma diferenciação entre as sanções impostas a estes indivíduos

quando os mesmos praticam atos infracionais, pois, leva em consideração, os aspectos

peculiares destas duas fases.

Page 32: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

32

É cediço que ato infracional é uma conduta que se enquadra como crime ou

contravenção perpetrada por criança ou adolescente, sendo assim, o Estatuto da Criança e do

Adolescente estabelece que, criança é o indivíduo com 12 anos incompletos e quando este

vier a cometer ato infracional, terá como sanção as medidas de proteção, diferentemente do

adolescente, que é a pessoa menor de 18 anos que, quando praticar delito ou contravenção,

será imposta as medidas socioeducativas elencadas na legislação especial.

Considerando que as medidas de proteção possuem caráter pedagógico e busca

fortalecer vínculos familiares e sociais, o órgão responsável para aplicar tais medidas é o

Conselho Tutelar, tendo em vista as peculiaridades do delinquente, que se encontra em fase

de crescimento, como também deste Conselho, pois, é formado por membros da sociedade

conhecedor dos anseios de onde estão inseridos. Sendo assim, quando o menor de doze

anos, praticar crime ou contravenção, este será encaminhado para o Conselho Tutelar que

aplicará umas das medidas elencadas no artigo 101 do ECA.

As medidas socioeducativas terão origem através de inquérito policial realizado pela

Delegacia da Criança e do Adolescente, onde este irá demonstrar a materialidade e a autoria

do ato infracional para que o Ministério Público possa oferecer a denúncia e junto com o

Poder Judiciário, onde possui um órgão jurisdicional específico, ou seja, o Juizado da

Infância e Juventude, venha a julgá-lo, diferentemente das crianças, os adolescentes menores

de dezoito anos que praticar ato infracional, passará pelo devido processo legal, com direito

ao contraditório e ampla defesa, onde, caso o Magistrado entenda que o fato seja típico,

antijurídico e culpável, será imposta uma sanção em conformidade com o artigo 112 do

ECA.

Page 33: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

33

Quadro sinóptico das sanções aplicáveis à criança e ao adolescente conforme

Estatuto da Criança e do Adolescente:

MEDIDAS DE PROTEÇÃO APLICADAS AS

CRIANÇAS

MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS APLICADAS

AOS ADOLESCENTES

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas

no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,

dentre outras, as seguintes medidas:

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a

autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as

seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante

termo de responsabilidade;

I - advertência;

II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; II - obrigação de reparar o dano;

III - matrícula e frequência obrigatória em

estabelecimento oficial de ensino fundamental;

III - prestação de serviços à comunidade;

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou

psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

IV - liberdade assistida;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de

auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e

toxicômanos;

V - inserção em regime de semiliberdade;

VII - abrigo em entidade; VI - internação em estabelecimento educacional;

VIII - colocação em família substituta. VII - qualquer uma das previstas no Art. 101, I a VI.

Page 34: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

34

2.3. INIMPUTABILIDADE PENAL DO MENOR INFRATOR

Quando se estabelece que o indivíduo é inimputável, quer dizer que este não possui

capacidade para distinguir que o fato é ilícito por causa de fatores biológicos e/ou

psicológicos, mesmo se a conduta do indivíduo for típica e antijurídica, não será culpável,

pois, a legislação positiva estabelece, através de um rol taxativo, que as pessoas que se

enquadram nesta excludente de ilicitude não possuem pleno discernimento sobre seus atos e

não será punida.

No que concerne ao menor infrator, este é inimputável em decorrência de fatores

biológicos, ou seja, o menor, por estar em fase de crescimento ou desenvolvimento, será

enquadrado como uma pessoa inimputável. A Constituição Federal de 1988 em seu artigo

228 estabelece: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às

normas da legislação especial. ”

Vale ressaltar que, o Brasil adotou a Teoria da Atividade, onde considera crime o

momento da ação ou omissão do infrator, conforme preceitua o artigo 4º, do Código Penal

Brasileiro, nesse diapasão, esclarece Rogério Greco:

“Pela teoria da atividade, tempo do crime será o da ação ou da omissão,

ainda que outro seja o momento do resultado. Para essa teoria, o que

importa é o momento da conduta, comissiva ou omissiva, mesmo que o

resultado dela se distancie no tempo. ” Rogério Greco, 2010, p. 103.

Em sentido convergente com a Constituição Federal, o Código Penal brasileiro, Lei

2.848 de 1940, em seu artigo 27, assim é redigido: “Os menores de 18 (dezoito) anos são

penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. ”

A legislação especial que trata a Carta Magna e o Código Penal, conforme supracitados, diz

respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, que se utilizou não só destes artigos, mas

Page 35: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

35

de outros institutos constitucionais e infraconstitucionais para sua elaboração e

promulgação.

Quando se fala de inimputabilidade penal concernente aos menores de dezoito anos,

os diplomas legais quer dizer que estes indivíduos não possuem o desenvolvimento mental

completo, que são imaturos para serem enquadrados iguais aos que já estão desenvolvidos

mentalmente, entretanto, os mesmos não ficaram impunes, pois, a legislação especial trata

em sancionar os crimes e contravenções praticados por estas pessoas, estes atos ilícitos são

chamados tecnicamente de atos infracionais.

2.4. PROCEDIMENTOS NA APURAÇÃO DO ATO INFRACIONAL

As medidas socioeducativas para serem aplicadas ao adolescente que cometerem atos

infracionais, deveram, necessariamente, passar pelo crivo do contraditório e ampla defesa,

com o preenchimento dos requisitos legais no que concerne ao procedimento a ser seguido,

contudo, caso não esteja em conformidade com a lei, haverá vício insanável e o

procedimento será nulo.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em conformidade com o artigo 5º, inciso

LIV, da Constituição Federal que diz: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens

sem o devido processo legal”, estabelece uma série de garantias processuais para apuração

dos atos infracionais, que são:

Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes

garantias:

I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante

citação ou meio equivalente;

II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e

testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;

Page 36: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

36

III - defesa técnica por advogado;

IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da

lei;

V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;

VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer

fase do procedimento.

O Direito Penal traz um rol taxativo de condutas que são passíveis de sofrerem

sanções, tais condutas se correspondem aos adolescentes apenas no que diz respeito à

tipicidade do fato, tendo tratamento diferenciado na pena, pois, a conduta praticada por

pessoa com dezoito anos ou mais, será devidamente qualificada e imposta à espécie de pena,

majorando entre o tempo mínimo e o máximo a ser cumprido, diferentemente do ato

infracional, pois, neste, haverá uma majoração genérica, onde a sanção será imposta dentro

de uma variação estabelecida no ECA e aplicada conforme o caso concreto, da mesma

forma, o tempo de cumprimento. Em primeiro plano, a atuação do magistrado fica adstrita

em verificar a materialidade e a autoria delitiva, em segundo plano, o julgador utilizará de

parâmetros legais e aplicará a medida socioeducativa em conformidade com as

peculiaridades do ato infracional, primando sempre pela, proporcionalidade e adequação,

esta diferença entre infração penal e o ato infracional se faz necessário, tendo em vista o

sujeito que a pratica, pois, a sanção imposta ao adulto é diferente da aplicada ao adolescente,

porque para este, a punição tem um caráter pedagógico, buscando-se educar o menor

infrator, com o objetivo que este se torne um adulto bem-sucedido no seio da sociedade, tais

aspectos não visa apenas o bem estar do infrator, mas, considerando as políticas públicas

brasileiras, visa educar o jovem delinquente com fulcro na ressocialização e produtividade

capitalista.

Para que o Estado-sancionador possa exercer sua atividade pacificadora ante a

conduta delitiva do adolescente, é necessária que haja um antecedente lógico, entre o fato

Page 37: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

37

perpetrado e o procedimento legal aplicado, não havendo um processo legal devido, a

medida socioeducativa não terá aplicabilidade, pois, maculou a lide e desta forma, o

processo será nulo, para evitar nulidade, o direito material deverá ser respeitado igual ao

direito processual, resguardando assim os princípios constitucionais e infraconstitucionais

concernentes ao feito.

Considerando que procedimento é a forma legal que deverá ser seguida com o

objetivo de dar movimento e celeridade ao processo, este se inicia com a atuação do

Promotor de Justiça, onde, após tomar conhecimento através do auto de apreensão, ou

boletim de ocorrência, ou relatório policial, da conduta infracional do adolescente, o

membro do Ministério Público, conforme artigo 180, inciso III e artigo 182, § 2º do ECA,

oferecerá denuncia independentemente de prova pré-constituída da autoria e materialidade

delitiva, ato contínuo, o Juiz de Direito decidirá se recebe ou não a denúncia, caso receba,

designará audiência, que nesta, sobre o crivo do contraditório e da ampla defesa,

devidamente fundamentado nos indícios de materialidade, autoria e demonstrando a

necessidade, decidirá a medida socioeducativa a ser imputado ao adolescente.

O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será encaminhado a

Autoridade de Polícia, que se a conduta for praticada com violência ou grave ameaça a

pessoa, será procedido o auto de apreensão, conforme o Artigo 173 do Estatuto da Criança e

do Adolescente, porém, se o ato não estiver qualificado desta maneira, o auto de apreensão

será substituído pelo boletim de ocorrência circunstanciado, conforme parágrafo único do

artigo supra.

Requisitos necessários nas fases do procedimento:

O oferecimento da denúncia do membro do Ministério Público conterá:

a) Petição inicial;

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38

b) Resumo dos fatos;

c) Classificação do ato infracional;

d) Rol das testemunhas;

a) Pedido providências.

1. Intimação do adolescente e seus pais ou responsáveis para

audiência, caso não localizado os pais, a autoridade judiciária nomeará

curador para o adolescente, caso não localizado o adolescente, será

expedido mandado de busca e apreensão, caso esteja internado, será

requisitado sua apresentação.

2. Se o ato infracional for grave e o menor não tiver constituído

advogado, o Juiz de Direito nomeará um.

3. Audiência conterá:

b) Apresentação do adolescente e sua oitiva na presença dos pais,

defensor e Promotor de Justiça, observando a capacidade cognitiva do

adolescente visando o Princípio da Proteção Integral;

c) Oitiva das testemunhas arroladas, primeiro de representação, depois

de defesa;

d) Parecer de profissional qualificado, onde, também, serão verificadas

patologias psiquiátricas;

e) Explanações do membro do Ministério Público e após, o Defensor;

f) O magistrado proferirá decisão.

Salienta-se que, da mesma forma do procedimento de instrução e julgamento do ato

infracional, os recursos pertinentes ao caso possuem certas peculiaridades, pois, visa a

proteção dos vulneráveis e celeridade dos mecanismos processuais, a exemplo do preparo,

onde não há necessidade do recolhimento deste para poder interpor um recurso, com

prioridade no julgamento, será dispensado a atividade do revisor em sede de Tribunal.

2.5. DESCRIÇÃO DETALHADA SOBRE AS MEDIDAS

SÓCIOEDUCATIVAS

Após o devido processo legal, constatando a verossimilhança entre os fatos narrados

Page 39: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

39

e a culpabilidade do menor infrator, o Juiz de Direito, proferirá a sentença pedagógica com

fulcro no artigo 112 do ECA, visando reestruturar o autor do ato infracional, para que este,

através da medida socioeducativa, seja reintegrado à sociedade, buscando sempre, a

proteção integral, com aspectos de natureza coercitiva e oportunização, buscando envolver a

família e a comunidade, independentemente se a medida for mais branda ou mais enérgica.

2.5.1. ADVERTÊNCIA

A medida socioeducativa de advertência esta elencada no artigo 115 do Estatuto da

Criança e do Adolescente, onde diz: “A advertência consistirá em admoestação verbal, que

será reduzida a termo e assinada. ” Admoestação significa repreensão, onde a autoridade

judiciária censurará o ato infracional cometido pelo menor e o avisará das consequências de

praticá-los. Observa-se que a efetividade desta medida está não só na advertência, mas no

envolvimento do menor e seus pais ou responsáveis nos trâmites do processo, tendo que,

ambos, comparecerem em audiência e compelindo o acompanhante do menor em ser mais

participativo na educação daquele, para tanto, este assinará um termo se compromissando.

Por ser a medida socioeducativa mais branda e considerando que a legislação não

estabelece quantas advertências poderão ser aplicadas, comumente utiliza-se apenas uma

advertência, pois, a aplicação desta, por reiteradas vezes, gerará uma sensação de

impunidade e por consequência, perderá o caráter pedagógico. Dizer que a medida em tela é

mais branda, não se relaciona com menos importante, ou até mesmo, menos eficaz,

considerando que o adolescente está em fase de aperfeiçoamento psicossocial e que este não

possui uma patologia criminosa, a advertência aplicada, se equilibrando entre, o conselho e a

exortação, apreciando a individualidade do menor, poderá corroborar para um futuro

promissor, porém, caso estes aspectos não sejam observados, poderá, a advertência, ser um

facilitador para revolta e um futuro entranhado na criminalidade.

Page 40: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

40

2.5.2. OBRIGAÇÕES DE REPARAR O DANO

Quando o adolescente ao praticar ato infracional vier causar dano patrimonial a

vítima, o Juiz da Vara da Infância e Juventude, verificando a possibilidade do infrator em

repará-lo, poderá determinar que assim o faça com fundamento no artigo 116 do ECA que

diz:

Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade

poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa,

promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o

prejuízo da vítima.

Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser

substituída por outra adequada.

Após a comprovação de que a conduta do menor causou danos à esfera econômica da

vítima, o adolescente que possuir condições financeiras deverá restituir, ou ressarcir, ou

compensar a perda patrimonial que ocasionar a outrem, porém, é passível o entendimento de

que os pais poderá responder solidariamente pelo dano causado pelos filhos, conforme artigo

927, 931, inciso I e 933 do Código Civil de 2002, por se tratar de responsabilidade objetiva,

a responsabilidade dos pais independe de culpa, vários são os julgados que determinam que

os genitores do infrator arque com as consequências dos seus atos, a exemplo do julgado do

STJ, infra:

RESPONSABILIDADE CIVIL. Indenização devida pelos pais de menor

púbere, autor de homicídio de outro menor púbere. Demanda promovida

pelos genitores da vítima. Limite de indenização no tempo. Tratando-se de

vítima com 19 anos de idade, que já efetivamente trabalhava, dando ajuda

ao lar paterno, não é razoável presumir que aos 25 anos de idade cessasse

tal auxílio. Código de Processo Civil, art. 602 e parágrafos; Código Civil,

art. 1537. Pagamento de pensão conforme a sentença e o acórdão até os 25

anos; de pensão com menor expressão pecuniária, a partir de então e até a

data do falecimento dos autores ou até a data em que a vítima completaria

Page 41: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

41

65 anos, prevalecendo o termo que primeiro ocorrer. (100.127 – RTJ

123/1065; Resp. nº 1.999)

A presente medida socioeducativa visa educar o menor infrator a respeitar o

patrimônio alheio, porém, verifica-se, na maioria dos casos, a real impossibilidade desta

medida ser efetivada, pois, comumente, os jovens crescem em um ambiente de baixa renda e

os meios fornecidos pelo Estado para que estes se profissionalizem são insuficientes ante a

demanda social.

2.5.3. PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS À COMUNIDADE

Quando o ato infracional está sendo apurado no bojo do processo, o menor infrator

passa por uma avaliação realizada por profissionais capacitados, onde se verifica a

capacidade profissional e as habilidades peculiares, visando incentivar os aspectos positivos

de sua personalidade, a medida socioeducativa de prestar serviços à comunidade, mesmo

sendo restritiva de direitos, fomenta o jovem a ser produtivo no meio em que está inserido,

com caráter educativo e ressocializar, esta medida utiliza-se do Princípio da Cooperação que

é espécie da Proteção Integral, pois, relaciona a comunidade com o processo pedagógico do

jovem infrator, considerando que, caso este não seja reestruturado psicossocial, poderá se

voltar contra a própria comunidade que não teve o zelo nesta atividade.

O artigo 117 do ECA assemelha-se com o Código Penal, pois, traz um caráter

punitivo para a medida, mas também procura criar ou aperfeiçoar valores sociais,

considerando a fase de vulnerabilidade do menor, o presente Estatuto estabelece certos

requisitos para o cumprimento da medida, como a gratuidade do serviço, não excedendo o

período de seis meses e nem oito horas diárias, não prejudicando a frequência escolar muito

menos a jornada normal de trabalho, onde será realizado em entidades assistenciais, escolas,

ou outro órgão elencado no caput do artigo supracitado.

Page 42: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

42

2.5.4. LIBERDADE ASSISTIDA

Liberdade Vigiada era o estabelecido no Código de Menores de 1927, onde havia a

concepção de que o menor era um objeto carecedor de intervenção, onde quem o viageasse,

se assemelharia a um carrasco que o controlaria, evitando assim, que este não delinquisse

por reiteradas vezes e afetasse a sociedade, onde ficava a cargo do Juiz estabelecer a conduta

que o menor deveria adotar, tal fato não era diferente no Código de Menores de 1979.

Com aspectos totalmente diferentes, o Estatuto da Criança e do Adolescente

reformulou em sua totalidade a então medida com fundamento na dignidade da pessoa

humana, pois, atualmente, buscasse um tratamento personalizado ao menor, onde a

Autoridade Judiciária ira nomear uma pessoa capaz para auxiliar e orientar o jovem,

deixando de ser um interventor estatal para ser um protetor e colaborador educacional do

adolescente, onde este ficará adstrito a inserir o jovem no âmbito social juntamente com sua

família, supervisionar a assiduidade escolar e a profissionalizar o adolescente, o inserindo no

mercado de trabalho, confeccionando relatórios sobre as alterações ocorridas no transcorrer

da medida, como também, sobre as peculiaridades em sua execução.

Considerando a grande demanda de atos infracionais e a precária estrutura do Estado

em promover condições no que diz respeito à mão de obra e o material necessários para

efetivação da medida socioeducativa de Liberdade Assistida, aplicação deste se demonstra

pouco eficaz.

2.5.5. INSERÇÃO EM REGIME DE SEMILIBERDADE

Da mesma forma que a internação, a medida socioeducativa de Semiliberdade

estabelecida no artigo 120 do ECA é de caráter excepcional, onde o Magistrado, para aplica-

la, deverá levar em consideração as peculiaridades do caso concreto e da pessoa em

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43

desenvolvimento, mesmo não possuindo prazo determinado, se prima por brevidade, onde se

evita cercear o direito de ir e vir em sua totalidade, pois, o menor infrator poderá sair durante

o dia para trabalhar e/ou estudar, retornado à noite para o cumprimento da presente medida

em instituição adequada, onde, através de técnicos capacitados, o educando deverá obter

uma complementação educacional, com orientação e auxílio, para que os profissionais

avaliem cotidianamente, em decorrência da brevidade, a possibilidade do términos desta

medida, salienta-se que, está poderá ser cumprida após o transito em jugado de duas formas:

inicialmente ou durante a transição de regimes.

2.5.6. INTERNAÇÃO EM ESTABELECIMENTO EDUCACIONAL

Não podendo exceder o período de três anos, a internação elencada no artigo 121 do

Estatuto da Criança e do Adolescente é medida a ser adotada após o transito em julgado

quando, as demais medidas não forem suficientes para garantir a ressocialização, nesta, o

educando terá sua liberdade cerceada em decorrência da gravidade do ato infracional, ou

pelas reiteradas práticas delitivas.

A gravidade do ato deverá ser auferida conforme o caso concreto, com fundamento

na proteção integral, também deverá ser avaliado se o adolescente estando solto terá sua

integridade física vilipendiada, pois, não é raro que, estado solto e convivendo com pessoas

de alta periculosidade, se entranhe cada vez mais na criminalidade ou até mesmo tenha sua

vida ceifada, independentemente do risco a segurança do infrator, o Magistrado poderá

fundamentar sua decisão de internar o jovem delinquente com fundamento da manutenção

da ordem pública, fazendo esclarecendo um nexo causal da conduta delitiva e o perigo que

esta causa a coletividade.

Apreciando o caso concreto e em conformidade com a Legislação Brasileira, torna-se

Page 44: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

44

latente que não há outro meio de ressocializar o infrator a não ser com a internação, exemplo

ocorre no Acordão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal infra citado, a medida

excepcional de internação foi mantida.

Ementa: ESTATUTO DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE

PORTE DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. CONFISSÃO

ESPONTÂNEA. VALORAÇÃO. INCABÍVEL. MEDIDA

SOCIOEDUCATIVA MAIS BRANDA. INVIÁVEL. CONDIÇÕES

PESSOAIS DESFAVORÁVEIS. RECURSO CONHECIDO E

DESPROVIDO. 1. A ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA

NÃO SE APLICA AOS INIMPUTÁVEIS, UMA VEZ QUE PARA

ELES EXISTEM AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS, QUE NÃO

POSSUEM O CARÁTER DE PENA TAL COMO PREVÊ O CÓDIGO

PENAL. COM EFEITO, A MEDIDA SOCIOEDUCATIVA É

DISTINTA DA PENA CORPORAL ESTABELECIDA NO CÓDIGO

PENAL, POIS O MENOR NÃO COMETE CRIME,

MAS ATO INFRACIONAL E, PORTANTO, NÃO SE SUBMETE AO

SISTEMA TRIFÁSICO DE APLICAÇÃO DA PENA. 2. A

APLICAÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA, PREVISTA NO

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, TEM CUNHO

EDUCATIVO E NÃO PUNITIVO. PORTANTO, NÃO VISA

IMPOSIÇÃO DE PENA DE CARÁTER PREVENTIVO, MAS A

APLICAÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS QUE POSSAM

RECUPERAR E REINTEGRAR O ADOLESCENTE À SOCIEDADE E

AO MEIO FAMILIAR. ASSIM, O MAGISTRADO, AO IMPOR UMA

MEDIDA SOCIOEDUCATIVA, NÃO ESTÁ OBRIGADO A

OBSERVAR UMA GRADAÇÃO, MAS SIM, AS CONDIÇÕES

PESSOAIS DO MENOR, O QUADRO SOCIAL EM QUE ESTE ESTÁ

INSERIDO, AS CIRCUNSTÂNCIAS E A GRAVIDADE

DO ATO INFRACIONAL PRATICADO, CONSOANTE DISPÕE O

ART. 112, § 1º, DA LEI Nº 8.060 /90. 3. NO CASO VERTENTE, O

REPRESENTADO RECONHECEU QUE FAZ USO DE DROGA, NÃO

ESTUDA E OSTENTA OUTRO REGISTRO INFRACIONAL POR

PRÁTICA DE ATO ANÁLOGO AO APURADO NO PRESENTE

FEITO, ONDE FOI SUBMETIDO A REGIME DE SEMILIBERDADE,

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45

O QUE NÃO SE MOSTROU SUFICIENTE PARA SUA

RECUPERAÇÃO. 4. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. TJ-

DF - APR APR 21600720118070013 DF 0002160-07.2011.807.0013

(TJ-DF) Data de publicação: 03/04/2012

O local de internação deverá ser capaz de proporcionar plenas condições ao

desenvolvimento do adolescente, respeitado as características estabelecidas pelo ECA e pelo

SINASE (Sistema Nacional de Sócio educação), primando sempre pela integridade física e

mental do educando, separando o adolescente por compleição física, gravidade do ato

infracional e pela idade, buscando. Apenas a internação não é o suficiente para reeducar o

adolescente infrator, mas uma série de atividades educacionais e profissionalizantes deverão

ser fornecidas, buscando elevar a autoestima do menor, para que este tenha consciência que

é um ser sociável e capaz de ter autocontrole ante as adversidades da vida.

2.5.7. MEDIDAS PREVISTAS NO ART. 101, I A VI

As medidas elencadas no artigo 101, incisos I ao VI, do ECA, diz respeito as

hipóteses previstas no artigo 98 do mesmo Estatuto, quais são:

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis

sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou

violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

Lei 8.069 de 13 de Julho de 1990

É cediço que o ECA busca resguardar a integridade física e psíquica da criança e do

adolesce, frequentemente os indivíduos em fase de vulnerabilidade são postos em condições

degradantes e tem seus direitos constitucionais maculados por ação ou omissão da

Sociedade, ou do Estado, ou dos pais/responsáveis, ou até mesmos por suas condutas, que

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46

são praticadas em decorrência do seu desenvolvimento mental incompleto, com fito nestas

circunstâncias, o Juiz de Direito poderá determinar algumas medidas para prevenção e

proteção dos menores de dezoito anos, sem prejuízo das demais medidas cabíveis, as quais

são:

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a

autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes

medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de

responsabilidade;

II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de

ensino fundamental;

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à

criança e ao adolescente;

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em

regime hospitalar ou ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e

tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

Lei 8.069 de 13 de Julho de 1990.

Salienta-se que as medidas aplicadas em decorrência do ato infracional cometido

pelos indivíduos menores de 12 anos, ou seja, as crianças, serão necessariamente as

estabelecidas no artigo 101, incisos I ao VI, do ECA, contudo, também poderá ser aplicada

aos adolescentes. O órgão responsável pela sua aplicabilidade será o Conselho Tutelar,

conforme artigo 136, inciso I, do mesmo códex.

Page 47: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

47

2.5.8. REMISSÃO

Remissão no Dicionário Jurídico de Hildebrand A. R. significa: “Ação ou efeito de

remitir (-se); remitência. Compensação, paga; satisfação. Perdão de ônus ou dívida. ” O

Estatuto da Criança e do Adolescente em seus artigos 126,127 e 128 trata do assunto e

estabelece duas hipóteses para sua concessão, a primeira é pré-processual, que ocorrerá

antes do procedimento judicial, onde o Ministério Público poderá conferir respeitando

alguns requisitos como: personalidade do menor, consequências dos fatos, contexto social e

o nível de participação do ato infracional, esta, assemelha-se com o pedido de arquivamento

do processo estabelecido no Código de Processo Penal, a segunda hipótese poderá ocorrer

durante os trâmites processuais, onde o Juiz da Infância e Juventude poderá conceder a

remissão, acarretando desta feita em suspenção ou extinção do processo, vale ressaltar que,

conceder a remissão ao menor infrator não quer dizer que este seja culpado do ato

infracional, sendo assim, não haverá antecedentes criminais quando o infrator receber este

benefício legal, contudo, mesmo se o menor, acusado do delito, for beneficiado, este poderá

ser obrigado a cumprir medida socioeducativa, menos em regime de semiliberdade ou

internação, tais medidas poderão ser revistas a pedido do menor, ou representante legal, ou

Ministério Público.

A Súmula nº 108 do STJ, diz: "A aplicação de medidas socioeducativas ao

adolescente, pela prática de ato infracional, é de competência exclusiva do juiz." Sendo

assim, caso o Ministério Público conceda a remissão antes do processo e de forma

transacional, junto ao menor e seu representante legal, venham à acorda outra medida

socioeducativa, está só terá eficácia se homologado pelo Juiz competente, não extrapolando

desta forma, os atributos constitucionais do MP. Entretanto se o menor não aceitar, o MP

poderá oferecer a denúncia ao Poder Judiciário para que este aplique as medidas

socioeducativas prevista. Segue julgado do STF sobre o assunto:

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"RECURSO ESPECIAL – PENAL – LEI Nº 8.069/90 – ESTATUTO DA

CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA – REMISSÃO OFERECIDA

PELO MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – HOMOLOGAÇÃO EM

JUÍZO – CUMULAÇÃO DE MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA DE

ADVERTÊNCIA – POSSIBILIDADE – PROVIMENTO – 1. Esta Corte

Federal Superior firmou já entendimento no sentido de que, por força

mesmo da letra da Lei, pode o magistrado, ao homologar a remissão

concedida pelo órgão ministerial, impor outra medida socioeducativa

prevista na Lei nº 8.069/90, excetuadas aquelas que impliquem

semiliberdade ou internação do menor infrator. Precedentes. 2. Recurso

Especial provido". (STJ – RESP 200201045409 – (457684 SP) – 6ª T. –

Rel. Min. Hamilton Carvalhido – DJU 13.12.2004 – p. 00465).

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49

3. FORMA DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

AOS ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI E A

CORRESPONDENTE RELAÇÃO COM A REINCIDÊNCIA EM ATOS

INFRACIONAIS

Na atual conjuntura, é notável que os mecanismos de comunicação chegaram a

patamares de acessibilidade como nunca foi visto, tal fato, facilita o intercâmbio de

informações e aguça os desejos mais obscuros dos indivíduos, em sentido convergente,

surgem as oportunidades para que o indivíduo venha a caminhar dentro dos preceitos legais

estabelecidos pelo direito positivo, como também, surgem as oportunidades para que o

indivíduo caminhe a “margem” da sociedade. É cediço que as políticas públicas são

precárias em fornecer condições plausíveis de empregabilidade e de rendimento, que os

atuais paradigmas de ostentação financeira, por muitas vezes, fazem dos jovens presas fáceis

a praticarem atos infracionais em busca de suprir suas necessidades, no mesmo sentido, o

Estado não fornece qualidade de vida as famílias despossuídas, considerando que as crianças

e os adolescentes são protótipos da coletividade, é dever de todos zelar pelos vulneráveis.

O jovem infrator passa por uma conturbada fase de desenvolvimento, que conforme

aponta o Psicanalista Sigmund Freud, a pessoa em desenvolvimento comete uma infração

por dois motivos: pela inibição psíquica ou pelo caráter demarcado pela história de vida. A

inibição psíquica dar-se-á por fatores patológicos e a história de vida, pela incapacidade do

Estado, Sociedade e Família em promover mecanismos para que a criança e o adolescente

passem para fase adulta de forma satisfatória, ou seja, que este jovem complete o ciclo de

formação completo, na perspectiva ética, quando ciente de seus direitos e obrigações, como

também na perspectiva material, se estabelecendo profissionalmente e contribuindo para o

crescimento da nação.

Page 50: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

50

Segue infográfico na qual a fonte é o Centro de Atendimento Socioeducativo ao

Adolescente – Fundação Casa localizada no Estado de São Paulo, sobre alguns dados

pertinentes ao assunto:

Observa-se que a medida socioeducativa de Advertência aplicada sem os devidos

cuidados em conformidade com o caso concreto, poderá ser a mola propulsora para que o

jovem interprete-a de forma errada, vindo a gerar uma revolta interna que desencadeará em

reiterados atos infracionais, ou seja, o magistrado ao aplicar uma exortação, deverá utilizar

uma justa medida, ponderando entre a rigidez, para não gerar uma sensação de impunidade,

mas também, utilizando-se de psicologia positiva, onde nesta, busca-se enfatizar as

potencialidade e virtudes do indivíduo, para que, através da ressignificação da vida, procure

obter relacionamentos saudáveis e produtivos em busca da satisfação de viver uma vida

idônea ante a sociedade.

Parece óbvio que a medida socioeducativa de Reparação ao Dano Patrimonial

causado à vítima não poderá ser imputada quando o menor infrator, ou até mesmo os pais ou

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responsáveis legais, não possuam condições financeiras para tanto, porém, não verificando o

caso concreto, a família poderá se sacrificar e pagar pelo dano oriundo da conduta do menor

infrator. A autoridade judicial deverá, através de Assistência Social, verificar se tal sacrifício

não acarretará prejuízos à subsistência da família, pois, caso isto aconteça, poderá fazer com

que o jovem educando, ante as dificuldades financeiras que passa sua família, fato este

oriundo do seu comportamento, venha a praticar reiterados atos infracionais em buscas de

restabelecer o padrão financeiro afetado, em suma, não sendo observados os critérios

socioeconômicos do menor e de sua família, a presente medida poderá ser uma influência

para reincidência infracional.

Fato é que, o Estado não fornece meios suficientes para profissionalizar a demanda

juvenil, sendo isto uma forte influência ao cometimento de atos infracionais, caso este venha

a delinquir, poderá sofrer medida socioeducativa de Prestação de Serviço à Comunidade,

onde nesta, deverão ser levadas em consideração as habilidades do educando, observa-se ai

uma discrepância, pois, o Estado não fornece condições para fortalecer as aptidões dos

jovens e na medida socioeducativa se prima por estas capacidades, ante esta dificuldade, é

comumente que o educando preste serviços que não irá lhe ajudar a crescer

psicossocialmente, a exemplo de serviços de limpezas em intuições, gerando desta forma,

mais indignação que corroborará para reincidência.

O educando que está cumprindo medida socioeducativa de Liberdade Assistida

deverá ser auxiliado e orientado por profissionais capacitados (psicólogos, pedagogos,

assistentes sociais), mas verifica-se que esta aplicação é falha em detrimento da falta de

materiais e mão de obra humana, pois, o Estado não cumpri com suas obrigações, fazendo

com que a presente medida seja ineficaz, sendo assim, o menor infrator continua como

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52

antes, ou seja, a mercê de sua vulnerabilidade e convivendo com as facilidade de reincidir no

crime.

A medida socioeducativa de Semiliberdade e Internação possui peculiaridade em

comum, ou seja, em ambos os casos o educando deverá ter seu direito de ir e vir cerceado é

nesta similaridade que se verifica a possibilidade de macular o caráter pedagógico da

mediada, pois, o encarceramento dos jovens nas condições que a maioria das unidades

educacionais brasileiras encontra-se é uma verdadeira “Escola do Crime”, onde, não é

respeitado as condições estabelecidas no ECA, os jovens primários ficam juntos dos jovens

reincidentes, aqueles são incentivado a praticarem mais crimes por estes, por vezes também

não é respeitado a compleição física e nem a idade, o lazer é apenas um jogo de futebol no

banho de sol da instituição, os profissionais que ali exercem suas atividades são insuficientes

considerando o número exorbitante de infratores e trabalham desmotivados, pois, o Estado

não os remunera de forma satisfatória e muito menos os qualificam para prestarem um

serviço de qualidade, não há uma avaliação adequada por psicólogos e psiquiatras para

saberem se a conduta delitiva é uma patologia ou um desvio de comportamento, para que,

através desta, seja executado o tratamento adequado ao menor infrator e mensurar a

possibilidade do retorno para a sociedade e se caso retornar, não existe condições de colocar

em pratica a Liberdade Assistida.

Page 53: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

53

CONCLUSÃO

Por efeito do presente estudo científico, foi possível verificar que a legislação

brasileira evolui consideravelmente, pois, o ultrapassado Código de Menores e a Política

Nacional de Bem-Estar do Menor (PNBM) possuía um paradigma de “situação irregular”,

onde os menores em situação de risco permaneciam confinados nas instituições pelo tempo

discricionário do Juiz, e hoje, em decorrência das conquistas da sociedade, vem surgindo a

descontinuidade da situação irregular supracitada, para uma contínua mudança na Política

Governamental com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente e da teoria da

proteção integral, tendo a coparticipação da Sociedade, do Estado e da Família, resguardando

o indivíduo que se apresenta em fase de vulnerabilidade, utilizando como fundamento, o

Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e outros princípios constitucionalmente

amparados.

Apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente ser uma das legislações mas bem

elaboradas do mundo no que concerne a tutela dos indivíduos em crescimento e

desenvolvimento, é notável que estes tutelados praticam atos infracionais cada vez mais novos

e que sua reincidência está se tornando uma rotina.

Analisando a aplicabilidade das medidas socioeducativas, foram verificadas algumas

falhas que corroboram para a reincidência dos atos infracionais e que a falta de investimento

do Estado no que concerne as Políticas Públicas de proteção aos menores infratores é o marco

decisivo para que o menor infrator não seja reeducado. Destarte que a falha na aplicabilidade

das medidas socioeducativas de Prestação de Serviço à Comunidade, Liberdade Assistida,

Semiliberdade e Internação são as que mais se apresentam deficitárias.

Page 54: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

54

A maioria dos atos infracionais é relacionada aos crimes contra o patrimônio, onde o

menor busca obter dinheiro, a medida socioeducativa de prestar serviço à comunidade, em sua

maioria, é executada praticando serviços de limpeza em instituições, onde se torna falha

porque não profissionaliza o infrator para que este seja reeducado, aprendendo que a obtenção

do dinheiro deverá ser feia através dos meios legais, torna-se evidente que esta medida aliada

a profissionalização seria mais eficiente. A medida de Liberdade Assistida é falha, pois, o

Estado não fornece meios matérias e humanos ante a demanda capazes de auxiliar o menor

infrator a se reestruturar psicossocialmente. Nas medidas de Semiliberdade e Internação

deverá ser posto em prática, continuamente, o que o Estatuto da Criança e do Adolescente

estabelece, que é a separação dos menores pela idade, porte físico e reincidência, com

estrutura para fornecer lazer e profissionalização, aumentado o números dos profissionais e os

capacitando a prestarem um serviço de qualidade, observa-se que comumente isto não

acontece e que o Estado não investe na ressocialização em conformidade com o que a

legislação positiva estabelece.

O crescimento exacerbado da reincidência em atos infracionais poderá ser mitigado se

o Estado, efetivamente, cumprir com a Política Pública estabelecida na legislação, tendo em

vista que, a maioria das falhas e as mais influenciadoras na reincidência de atos infracionais

são as que o poder estatal, por omissão, dar causa.

Page 55: Monografia do Curso de Direito - Leonardo Cadête da Silva

55

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