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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LEONARDO HUGEN PANATA DIMENSIONAMENTO DE PLANO DE PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO: UM ESTUDO DE CASO EM UM GALPÃO DE USO COMERCIAL Florianópolis 2018

Monografia Leonardo Hugen Panata

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Page 1: Monografia Leonardo Hugen Panata

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

LEONARDO HUGEN PANATA

DIMENSIONAMENTO DE PLANO DE PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA

INCÊNDIO: UM ESTUDO DE CASO EM UM GALPÃO DE USO COMERCIAL

Florianópolis

2018

Page 2: Monografia Leonardo Hugen Panata

LEONARDO HUGEN PANATA

DIMENSIONAMENTO DE PLANO DE PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA

INCÊNDIO: UM ESTUDO DE CASO EM UM GALPÃO DE USO COMERCIAL

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. José Humberto Dias de Toledo, Dr.

Florianópolis

2018

Page 3: Monografia Leonardo Hugen Panata

LEONARDO HUGEN PANATA

DIMENSIONAMENTO DE PLANO DE PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA

INCÊNDIO: UM ESTUDO DE CASO EM UM GALPÃO DE USO COMERCIAL

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e aprovada em sua forma final pelo Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 14 de agosto de 2018

______________________________________________________

Professor e orientador José Humberto Dias de Toledo, Dr. Universidade do Sul de Santa Catarina

Page 4: Monografia Leonardo Hugen Panata

Dedico àqueles que me apoiaram em todas as

vias de necessidade.

Page 5: Monografia Leonardo Hugen Panata

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha mãe, Maria das Graças Hugen, que, com seus conselhos

valiosos e percepção da vida, me instigou a trilhar mais um caminho de sucesso e proveu

garantias de que, no final, tudo daria certo.

Agradeço à minha noiva, Mariana Paulino de Jesus, que se fez presente mesmo

quando não era possível, me apoiou, me ouviu, me ensinou e me motivou até o fim.

Agradeço a todos os professores, que aceitaram o desafio de estender seus

conhecimentos e compartilhar suas experiências, colaborando para a formação de

profissionais valorosos para a sociedade.

Agradeço aos meus colegas que, em busca de um objetivo comum, se mostraram

éticos e profissionais, sendo cúmplices no processo de aprendizado.

Agradeço a todos que, de uma forma ou de outra, me proporcionaram subsídios

para que mais esta conquista fosse possível.

Page 6: Monografia Leonardo Hugen Panata

“Conheço muitos que

não puderam quando deviam,

porque não quiseram quando

podiam”

François Rabelais.

Page 7: Monografia Leonardo Hugen Panata

RESUMO

A presente monografia apresenta, sob os aspectos técnicos e legais, a aplicação dos elementos

mínimos de um Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) em uma edificação,

classificada como recente, utilizada para fins comerciais. Apresenta a contextualização dos

conceitos básicos relacionados ao tema e as normativas aplicadas, sobretudo aquelas que

legislam sobre o Estado de Santa Catarina. É descrito o caminho percorrido pela chama até

tornar-se um incêndio, suas formas de propagação, a classificação dos incêndios e os métodos

de combate e prevenção. São dimensionados os componentes e sistemas de prevenção,

levando-se em conta as características construtivas da edificação em comparação com àquelas

descritas nas normas.

Palavras-chave: Fogo. PPCI. Prevenção. Projeto. Segurança.

Page 8: Monografia Leonardo Hugen Panata

ABSTRACT

This monograph presents, under the technical and legal aspects, the application of the

minimum elements of a Fire Prevention and Protection Plan (FPP) in a building classified as

recent, intended for commercial purposes. It presents the contextualization of the basic

concepts related to the theme and the applied norms, especially those that legislate on the

State of Santa Catarina. It describes the path traveled by the flame until it becomes a fire, its

forms of propagation, the classification of fires and methods of combat and prevention. The

components and prevention systems are dimensioned, considering the constructive

characteristics of the building compared to those described in the standards.

Keywords: Fire. FPP. Prevention. Project. Securty.

Page 9: Monografia Leonardo Hugen Panata

LISTA DE SIGLAS E ACRÔNIMOS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ART – Anotação de Responsabilidade Técnica

CBMSC – Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina

CESP – Companhia Energética de São Paulo

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CN – Código Nacional

CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agrimensura

GLP – Gás Liquefeito do Petróleo

GN – Gás Natural

IFSTA - Associação Internacional para o Treinamento de Bombeiros/EUA

IN – Instrução Normativa

LIE – Limite Inferior de Explosividade

LSE – Limite Superior de Explosividade

LTCAT – Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

NFPA – Associação Nacional de Proteção a Incêndios/EUA

NBR – Norma Brasileira

NR – Norma Regulamentadora

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PPCI – Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio

PPRA – Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais

PQS – Pó Químico Seco

SAL – Sinalização de Abandono de Local

SI – Sistema Internacional

SIE – Sistema de Iluminação de Emergência

SPE – Sistema de Proteção por Extintores

UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina

Page 10: Monografia Leonardo Hugen Panata

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Faixas comparativas de temperatura ....................................................................... 17

Figura 2 – Mecanismos de transferência de calor .................................................................... 19

Figura 3 – Triângulo e tetraedro do fogo .................................................................................. 21

Figura 4 – Curva de evolução do incêndio ............................................................................... 24

Figura 5 – Classes de incêndios ................................................................................................ 26

Figura 6 – Imagem externa frontal da edificação ..................................................................... 32

Figura 7 – Imagem externa lateral da edificação ...................................................................... 33

Figura 8 – Modelo de bloco autônomo ..................................................................................... 38

Figura 9 – Modelo de refletor farolete ..................................................................................... 39

Figura 10 – Modelo de placa de sinalização de saída iluminada .............................................. 40

Figura 11 – Placa de sinalização de extintor ............................................................................ 42

Figura 12 – Marcação no piso para área sem obstrução ........................................................... 42

Figura 13 – Altura de instalação de extintor e placa de sinalização ......................................... 43

Page 11: Monografia Leonardo Hugen Panata

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Sistemas de emergências para edifícios de ocupação comercial ............................ 33

Tabela 2 – Cálculo de carga de incêndio .................................................................................. 35

Tabela 3 – Cálculo de saída de emergência .............................................................................. 37

Tabela 4 – Dimensões mínimas e distâncias entre pontos de SAL .......................................... 39

Tabela 5 – Escolha e posicionamento do extintor .................................................................... 41

Page 12: Monografia Leonardo Hugen Panata

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 13

1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 15

1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 15

1.3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 15

1.4 ESTRUTURA .................................................................................................................. 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 17

2.1 TEMPERATURA ............................................................................................................ 17

2.2 CALOR ............................................................................................................................ 18

2.2.1 Mecanismos de transferência de calor ...................................................................... 19

2.2.1.1 Condução .................................................................................................................... 19

2.2.1.2 Convecção .................................................................................................................. 20

2.2.1.3 Radiação ..................................................................................................................... 20

2.3 FOGO ............................................................................................................................... 20

2.3.1 Condições de existência ............................................................................................... 21

2.3.1.1 Combustível ................................................................................................................ 22

2.3.1.2 Comburente ................................................................................................................ 22

2.3.1.3 Fonte de calor ............................................................................................................. 22

2.3.2 Características dos materiais ..................................................................................... 22

2.3.2.1 Ponto de Fulgor .......................................................................................................... 22

2.3.2.2 Ponto de Combustão ................................................................................................... 23

2.3.2.3 Ponto de Ignição ......................................................................................................... 23

2.3.2.4 Mistura Inflamável ..................................................................................................... 23

2.3.3 Incêndio ........................................................................................................................ 23

2.3.3.1 Causas de incêndio ..................................................................................................... 24

2.3.3.2 Classes de incêndio..................................................................................................... 25

2.3.3.3 Métodos de extinção ................................................................................................... 27

2.3.3.4 Sistemas de prevenção ................................................................................................ 27

2.3.3.5 Legislações ................................................................................................................. 28

3 PPCI ................................................................................................................................... 30

3.1 EDIFICAÇÃO EM ANÁLISE ........................................................................................ 31

Page 13: Monografia Leonardo Hugen Panata

3.2 CARGA DE INCÊNDIO ................................................................................................. 34

3.3 SISTEMAS DE SEGURANÇA ...................................................................................... 36

3.3.1 Sistema de saídas de emergência................................................................................ 36

3.3.2 Sistema de iluminação de emergência ....................................................................... 38

3.3.3 Sistema de sinalização de abandono de local ............................................................ 39

3.3.4 Sistema de proteção por extintores ............................................................................ 40

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 44

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45

ANEXOS ................................................................................................................................. 47

ANEXO A – PLANTA BAIXA TÉRREO ............................................................................ 48

ANEXO B – PLANTA BAIXA MEZANINO ...................................................................... 49

Page 14: Monografia Leonardo Hugen Panata

13

1 INTRODUÇÃO

O fogo sempre existiu na natureza e, pré-historicamente, a ignição originava-se

nas mais diversas formas, desde a queda de um raio, atividades vulcânicas, até combustão

espontânea [1].

Muito antes da sociedade moderna, ainda no período neolítico, o homem começou

a controlar e manipular o fogo, desenvolvendo atividades primordiais à evolução como:

geração de calor, iluminação artificial, cocção de alimentos e, posteriormente a forja de

metais para criação de ferramentas e armas de caça [1].

Assim como outras forças da natureza, ao tentar ser controlado, o fogo demanda

extrema destreza e capacidade de manuseio, do contrário, seu enorme poder de destruição

pode causar estragos irreparáveis tanto em bens patrimoniais quanto na vida dos seres

humanos, através dos denominados incêndios.

Com o passar das décadas e os diversos episódios de desastres causados pelo fogo

descontrolado, muitas medidas de combate e prevenção foram sendo desenvolvidas, como

novos equipamentos, novas ferramentas, novas técnicas, novas legislações e a intensificação

de atuação dos órgãos fiscalizadores.

Infelizmente, apenas após muitas vidas serem perdidas é que as normas nacionais

de prevenção e combate a incêndios foram criadas e, ainda muito depois disso, novas

legislações precisavam ser criadas paras que o cumprimento estas normas fossem, de fato,

respeitadas.

Como exemplo disto, tem-se a criação do Corpo de Bombeiros Militar de Santa

Catarina (CBMSC) apenas em 16 de setembro de 1919, pela Lei Estadual nº 1.288,

sancionada pelo então governador do estado de Santa Catarina, Hercílio Luz, após o registro

de mais um incêndio na capital do estado, Florianópolis. Desta vez em uma edificação

localizada no centro da cidade, justamente na semana santa, quando o público católico e seus

cultos religiosos inflaram ainda mais o clamor popular [2].

No cenário nacional, os anos 70 e 80 registraram devastadores e importantes

incêndios em grandes edifícios residenciais e comerciais, chocando toda a população. No

Estado de São Paulo, os incêndios no Edifício Joelma, em 1974; no Edifício Andraus, em

1972; nas torres da CESP, em 1987, são os principais exemplos. Estes episódios ficaram

marcados pela morte de centenas de pessoas, perda de documentos importantes e diversos

danos materiais em proporções até hoje impressionantes e, consequentemente, desencadearam

Page 15: Monografia Leonardo Hugen Panata

14

uma mobilização e preocupação nacional com a segurança em edificações e métodos de

prevenção e combate a incêndios.

Outro exemplo é o, ainda recente, incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no

estado do Rio Grande do Sul, que deixou como legado uma maior exigência dos órgãos

fiscalizadores, novas Leis Complementares do Estado do Rio Grande do Sul e um

crescimento da importância da prevenção em todo o país.

O Relatório Técnico, elaborado pelo Conselho Regional de Engenharia do Rio

Grande do Sul (CREA/RS) em 2013, direciona os motivos da rápida propagação e difícil

controle do incêndio como sendo a adaptação errônea de um galpão para ser um bar ou

danceteria, não levando em consideração as mudanças arquitetônicas e o aumento da carga de

riscos existentes no lugar, aliados ao baixo investimento em itens de segurança e sistemas de

prevenção a incêndios.

Estes e outros episódios fomentaram, cada qual em sua época, as discussões sobre

os assuntos relacionados à prevenção e proteção contra incêndio, demandando necessidades

de elaboração e atualização de normas técnicas e legislações a serem seguidas.

Atualmente há uma vasta gama de normas e leis que, tanto em nível federal como

estadual e mesmo municipal, devem ser cumpridas. Estas legislações atuam sobre os mais

variados tipos de edificações, detalhando os equipamentos necessários e suas manutenções,

técnica, capacitação, equipe e condutas no momento do incêndio, bem como cuidados

especiais que devem ser tomados ainda em nível de projeto e construção. É nesse momento

que o profissional de segurança contribui para a sociedade, assumindo a responsabilidade de

organizar o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), buscando prevenir

incidentes e, no caso de o mesmo ocorrer, minimizar os prejuízos materiais e evitar a perda de

vidas humanas.

1.1 JUSTIFICATIVA

Independentemente da finalidade da edificação, seja ela residencial, comercial ou

industrial, é de suma importância a elaboração do Plano de Prevenção e Proteção Contra

Incêndio, uma vez que o objetivo final é garantir a integridade física dos ocupantes em caso

de incêndio, bem como minimizar os riscos e otimizar chances de contenção.

Além disso, sabendo que a edificação em questão é classificada pelo CBMSC

como “recente” e que não possui um PPCI atualizado, é necessário regularizar as instalações

perante os órgãos fiscalizadores.

Page 16: Monografia Leonardo Hugen Panata

15

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Como objetivo geral, este trabalho visa determinar o dimensionamento dos

elementos mínimos associados ao Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio, exigidos

pelas legislações vigentes no estado de Santa Catarina, aplicados à uma edificação recente,

para fins comerciais.

1.2.2 Objetivos específicos

• Revisar os conceitos de temperatura, calor, fogo e incêndio;

• Revisar as causas e classes de incêndio, formas de propagação, métodos de extinção e

sistemas de prevenção;

• Avaliar as legislações vigentes no Estado de Santa Catarina;

• Determinar as características mínimas dos elementos de prevenção para aplicação do

PPCI na edificação em estudo.

1.3 METODOLOGIA

Neste trabalho será aplicada a metodologia de revisão bibliográfica em leis,

normas, decretos, normativas e instruções, bem como publicações científicas, tais como livros

e artigos que contemplem, no âmbito da Engenharia de Segurança do Trabalho, assuntos

relacionados ao Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio.

1.4 ESTRUTURA

A estrutura deste trabalho é dividida em quatro etapas conforme o que se descreve

a seguir.

Primeiro é apresentada uma introdução acerca do tema, complementando com a

justificativa e motivação para realizar os estudos envolvidos no processo. Na sequência, os

objetivos gerais e específicos que se pretendem alcançar como resultados do trabalho. Por

fim, são apresentadas as metodologias e estruturação aplicadas no desenvolvimento.

Posteriormente é feita uma fundamentação teórica, visando ambientar os

conceitos de temperatura, calor, fogo e incêndio, assim como subtópicos que se fazem

Page 17: Monografia Leonardo Hugen Panata

16

necessários ao completo entendimento. Nesta etapa são apresentadas questões técnicas e

legais relacionadas a prevenção a incêndios e implantação do Plano de Prevenção e Proteção

Contra Incêndio.

Em seguida aplicam-se os conceitos e conhecimentos, adquiridos na

especialização, no projeto proposto. São definidas as características qualitativas e

quantitativas dos elementos dimensionados que fazem parte do PPCI da edificação em

questão.

Por fim, são mostradas as considerações finais e as conclusões retiradas do

resultado do trabalho, seguidas das referências bibliográficas e os anexos.

Page 18: Monografia Leonardo Hugen Panata

17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Antes de adentrar às definições técnicas, primeiramente se faz necessário o

esclarecimento dos conceitos básicos que envolvem o tema: temperatura, calor, fogo e

incêndio; mostrando onde se diferem e onde se complementam, a fim de facilitar o

entendimento do contexto abordado: segurança contra incêndios.

2.1 TEMPERATURA

A temperatura é uma das sete grandezas fundamentais do Sistema Internacional

(SI), cuja unidade de medida é o kelvin (K) [3].

A escala Kelvin define zero a como sendo a temperatura-limite inferior que um

corpo pode atingir, embora não defina uma temperatura-limite superior. Nesta escala, a água

congela à 273,15 K e evapora à 373,15 K, onde a temperatura ambiente está em torno de 290

K [3]. Tipicamente utilizamos equipamentos denominados termômetros para a medição de

temperatura.

No Brasil, ao tratarmos da temperatura no âmbito normativo, adotamos como

unidade de medida o grau Celsius (°C), em escala centígrada, onde 0 °C corresponde à 273,15

K e 100 °C corresponde à 373,15 K.

Figura 1 – Faixas comparativas de temperatura

Fonte: Wikipedia.

Page 19: Monografia Leonardo Hugen Panata

18

A equação para conversão das unidades de medidas é definida como:

�� = � − 273,15

tal que:

�� = Temperatura em °C e

� = Temperatura em K.

2.2 CALOR

No final do século XVIII, existiam duas hipóteses alternativas sobre o calor.

A primeira, e mais aceita hipótese, sustentada por Lavoisier, considerava o calor

como uma substância fluida que escoaria de um corpo mais quente a um mais frio. A

implicação era que o calor pode ser transferido de um corpo a outro, mas a quantidade total de

“calórico” se conservaria [4].

A segunda hipótese foi expressa por Newton como o calor sendo um pequeno

movimento vibratório das partículas dos corpos [4].

Tendo em vista a dificuldade de compreensão da “lei de conservação do calórico”,

em 1798, Rumford observou o rápido aquecimento dos cilindros de latão dos canhões quando

recém disparados. Ao estudar esse fenômeno, concluiu que, de fato, o calor não poderia ser

um fluido, uma vez que quantidade de calóricos liberados pelo atrito entre dois corpos poderia

ser infinita. Embora tivesse apoio de importantes estudiosos, sua tese obteve pouco sucesso

diante da comunidade científica, já que atribuiu ao movimento dos objetos como sendo a

única coisa capaz de produzir ou transmitir o calor [4].

O conceito de calor como sendo um fluído dominou o meio acadêmico até 1840,

quando as experiências de Joule desbancaram a ideia do calórico. Joule demonstrou que o

ganho ou a perda de certa quantidade de calor era acompanhada pelo desaparecimento ou

aparecimento de quantidade equivalente de energia mecânica [4].

Assim hoje define-se o calor como sendo a transferência de energia térmica entre

corpos que possuem diferentes temperaturas. [3]

O conceito de calor que muitas vezes atribuímos à sensação térmica em um

determinado ambiente é aplicada de forma completamente errônea. O calor em si não está

diretamente relacionado com temperaturas elevadas, tampouco deve ser visto como uma nova

Page 20: Monografia Leonardo Hugen Panata

19

grandeza, mas a diferença de temperatura entre diferentes corpos que gera um fluxo de

energia térmica.

Quando um corpo e um ambiente estão em contato, a temperatura de ambos varia,

procurando o equilíbrio térmico entre eles. Eventualmente, um transfere calor ao outro e, na

maioria dos casos, a temperatura do primeiro diminui enquanto a temperatura do segundo

aumenta. A quantidade de calor necessária para aumentar de um certo valor a temperatura de

uma substância, depende da quantidade dessa substância, e varia de acordo com as

características da substância [3].

A unidade de medida utilizada no SI para representar o calor é o joule (J).

2.2.1 Mecanismos de transferência de calor

Tipicamente existem três mecanismos de transferência de calor: condução,

convecção e radiação.

Figura 2 – Mecanismos de transferência de calor

Fonte: Blog 3TC.

2.2.1.1 Condução

Transferência de energia através do contato físico entre os corpos, como no caso

em que, ao colocar uma panela no fogo, o cabo fica tão quente quanto a panela, mesmo que

não esteja em contato direto com o fogo. O calor é transferido da panela para o cabo através

da energia associada às vibrações dos átomos da panela, causadas pelo aumento de

temperatura em sua base [3].

Page 21: Monografia Leonardo Hugen Panata

20

2.2.1.2 Convecção

Esta transferência de energia acontece quando um material fluido, líquido ou

gasoso, entra em contato com um objeto cuja temperatura é maior que a sua. A parte do fluido

em contato com o objeto tem sua temperatura aumentada e sua densidade diminuída, a parte

mais fria toma o lugar da parte mais quente e esse processo se repete até alcançar o equilíbrio

térmico [3].

Como exemplo, podemos citar o aquecimento da água no interior de uma panela

que está ao fogo. A água que entra em contato com o fundo quente da panela se torna mais

quente e, consequentemente, menos densa. Neste momento a água quente sobe e a água mais

fria toma seu lugar, recebendo calor e buscando equilíbrio térmico.

2.2.1.3 Radiação

Através de ondas eletromagnéticas, um sistema e um ambiente podem trocar

energia. Estas ondas são denominadas radiações térmicas [3].

As radiações térmicas produzidas por uma fogueira transmitem calor para nossas

mãos ao aproximarmos do fogo. A energia térmica da mão aumenta, ao passo que a energia

térmica do fogo diminui, mesmo que não seja necessária a existência de um meio material

para transportar o calor.

2.3 FOGO

Dada a natureza do tema deste trabalho, é sabido que o fogo tem poder de

destruição capaz de causar grandes acidentes e catástrofes, perdas de vidas humanas e

prejuízos materiais. Portanto, para que se possa pensar em prevenção e combate efetivos

contra incêndios, é necessário conhecer a mecânica do fogo, suas causas e consequências.

A evolução da tecnologia, aplicada à construção civil, permite que hoje sejam

empregados materiais com características diversas e, muitas vezes, que acabam facilitando a

propagação do fogo e aumentando os riscos de incêndios dentro das edificações.

Pode-se definir o fogo como sendo uma reação química, denominada combustão,

entre um material combustível e o oxigênio do ar, a partir de uma fonte de calor. Mais

comumente, diz-se que o fogo é uma combustão que se manifesta através da produção de

chamas, gerando luz, calor e outros resíduos, como fumaça e gases [5].

Page 22: Monografia Leonardo Hugen Panata

21

Sob aspectos normativos, tanto a ABNT NBR 13860 [6] quanto a IN04 do

CBMSC [7], definem o fogo como sendo o processo de combustão caracterizado pela emissão

de calor e luz.

As consequências geradas pelos resíduos do fogo são as mais variadas. A fumaça

dificulta a visibilidade, causa intoxicação e/ou asfixia, dificulta a evasão dos civis e a

aproximação dos combatentes do fogo. Os gases, muitas vezes invisíveis e inodoros, podem

ser tóxicos e colaboram para a propagação do fogo. O calor, além de elevar a temperatura do

ar provocando a propagação do fogo através da combustão espontânea, pode causar

deformação e a perda de resistência de materiais estruturais. O oxigênio do ar é consumido

durante o processo de combustão, tornando ambientes fechados de alto risco para a

manutenção da vida humana.

2.3.1 Condições de existência

A existência do fogo é possível somente quando da presença dos elementos que

caracterizam a condição mínima. Estes elementos, que juntos formam o Triângulo do Fogo,

são: o combustível, o comburente e a fonte de calor [8].

O Tetraedro do Fogo surge quando se estabelece uma propagação do fogo,

havendo transferência de calor de uma molécula em combustão para uma molécula ainda

intacta. Este processo é chamado de Reação Química em Cadeia [8].

Figura 3 – Triângulo e tetraedro do fogo

Fonte: Atalaia.

As diferenças do comportamento dos materiais combustíveis na ignição e na

manutenção do fogo podem ser explicadas por meio de fatores como: estado da matéria

(sólido, líquido ou gás), massa específica, ponto de fulgor, ponto de ignição, mistura

Page 23: Monografia Leonardo Hugen Panata

22

inflamável (explosiva), quantidade de calor, composição química, quantidade de oxigênio

disponível, umidade, entre outros [9].

2.3.1.1 Combustível

O combustível é toda a matéria que após a inflamação continua queimando sem

necessidade de adição de calor. Pode ser sólido, líquido ou gasoso. Para entrar em combustão

devem primeiramente liberar vapores combustíveis que se misturam com o oxigênio do ar

gerando uma mistura inflamável [8].

2.3.1.2 Comburente

O comburente é o agente químico que ativa e conserva a combustão, combinando-

se com os vapores do combustível, formando uma mistura inflamável. Geralmente o

comburente é o próprio oxigênio do ar [8].

2.3.1.3 Fonte de calor

O calor é o provocador da reação química da mistura inflamável, proveniente da

combinação dos gases ou vapores do combustível e do comburente [8].

2.3.2 Características dos materiais

2.3.2.1 Ponto de Fulgor

É a menor temperatura na qual os materiais começam a desprender os vapores que

se incendeiam em contato com uma fonte externa de calor. Porém, neste ponto, a insuficiência

de vapores desprendidos não é capaz de manter a chama [8].

A NR-20 da Portaria n. 3.214/78 do MTE [10] define os materiais segundo seu

estado sólido e sua inflamabilidade da seguinte forma:

• Líquidos inflamáveis: são líquidos que possuem ponto de fulgor ≤ 60ºC;

• Gases inflamáveis: gases que inflamam com o ar a 20ºC e a uma pressão padrão de

101,3 kPa;

• Líquidos combustíveis: são líquidos com ponto de fulgor > 60ºC e ≤ 93ºC.

Page 24: Monografia Leonardo Hugen Panata

23

2.3.2.2 Ponto de Combustão

É a menor temperatura na qual os materiais começam a desprender os vapores que

se incendeiam em contato com uma fonte externa de calor, que entram em combustão e

continuam queimando [8].

2.3.2.3 Ponto de Ignição

É menor temperatura na qual os vapores desprendidos dos materiais entram em

combustão apenas pelo contato com o oxigênio do ar, independentemente de fonte de calor

externa [8].

2.3.2.4 Mistura Inflamável

A mistura inflamável existe com a mistura do vapor, desprendido do material

combustível, com o comburente e só é considerada quando o gás estiver misturado com o

oxigênio do ar dentro de determinadas proporções, em volume.

A máxima proporção de gás, vapor ou pó no ar que torna a mistura explosiva é

denominado Limite Superior de Explosividade (LSE). A mínima proporção de gás, vapor ou

pó que torna a mistura explosiva é denominado Limite Inferior de Explosividade (LIE).

Assim, existe uma faixa limitada pelo LIE e LSE na qual ocorre a ignição da mistura.

2.3.3 Incêndio

O incêndio é caracterizado pela presença de fogo, em quantidades incontroláveis,

em locais indesejados, podendo resultar, ou não, em prejuízo material, danos à saúde e/ou à

vida humana [11].

Sob aspectos normativos, tanto a ABNT NBR 13860 [6] quanto a IN04 do

CBMSC [7], definem o incêndio como sendo o fogo fora de controle.

As formas de propagação de incêndio respeitam as formas de propagação de calor

(condução, convecção e radiação), uma vez que um evento está restritamente ligado ao outro.

O incêndio inicia-se bem pequeno e seu crescimento dependerá dos materiais

disponíveis e sua distribuição no ambiente.

Page 25: Monografia Leonardo Hugen Panata

24

Figura 4 – Curva de evolução do incêndio

Fonte: Seito.

Ao observar a figura acima, pode-se identificar três fases distintas.

A primeira fase, pré-ignição, é o princípio de incêndio. Esta etapa é a mais

propícia de sucesso para o combate por extintores e é nesta fase que o sistema de alarme e

detecção de fumaça deve atuar. A temperatura se eleva mais lentamente e, em geral, tem

duração entre cinco a vinte minutos até que ocorra a ignição [9].

A segunda fase é caracterizada pelo aumento exponencial da temperatura no

ambiente, fragilizando as estruturas metálicas de sustentação. Nesta etapa o ambiente é

preenchido por gases, vapores combustíveis e fumaça provenientes da queima dos materiais

combustíveis. Caso haja líquidos combustíveis no local, seus vapores contribuirão para a

inflamação generalizada (flashover) e o ambiente será tomado por labaredas [9].

A terceira fase, após os atos de combate ao incêndio, é caracterizada pela

diminuição gradual da temperatura do ambiente e das chamas [9].

2.3.3.1 Causas de incêndio

As causas de incêndio são classificadas em três categorias, que depende

diretamente do fator humano e das ações da natureza [12]. São elas:

Page 26: Monografia Leonardo Hugen Panata

25

• Causas naturais: Independem da ação do homem. Ex.: erupções vulcânicas, calor solar,

raios.

• Causas acidentais: Possuem ação indireta do homem. Ex.: balões, curto-circuitos

elétricos, chamas expostas.

• Causas criminosas: Acontecem por ação direta e proposital do homem. Ex.: crimes em

geral, piromania, etc.

Considerando as causas de incêndio categorizadas acima, cada local representa

um risco associado de geração e propagação de incêndio. Estes riscos variam, de acordo com

as características construtivas, de uso e ocupação e da segurança desejável na edificação.

Os fatores que contribuem para a classificação de risco de incêndio em uma

edificação são [9]:

• Características da população: População total da edificação; composição da população

fixa e flutuante; condições físicas e psicológicas da população; distribuição etária da

população.

• Características da ocupação: Natureza das atividades desenvolvidas; materiais

combustíveis trazidos para o interior do edifício (carga térmica variável); tipos de materiais

armazenados e manipulados; tipos de equipamentos existentes no edifício.

• Características da construção: Materiais de construção utilizados e técnicas aplicadas;

tipo de sistema estrutural adotado; tipo de instalações de serviços existentes; distribuição dos

espaços; forma geométrica do edifício; número de pavimentos; área total do edifício; área de

cada pavimento; aberturas de ventilação; materiais combustíveis destinados a

revestimento/acabamentos de paredes, tetos e pisos (carga térmica fixa).

• Características do local: Situação com relação às divisas do lote; largura das ruas e

outras condições de acesso; distância do posto de bombeiros mais próximo; abastecimento de

água para o combate; meios de comunicação com o corpo de bombeiros.

2.3.3.2 Classes de incêndio

Atualmente os incêndios são classificados em cinco classes de ocorrência, de

acordo com o material combustível presente na formação do fogo. Essa classificação foi

elaborada pela NFPA - Associação Nacional de Proteção a Incêndios/EUA, e adotada pela

Page 27: Monografia Leonardo Hugen Panata

26

IFSTA - Associação Internacional para o Treinamento de Bombeiros/EUA, ABNT –

Associação Brasileira de Normas Técnicas/BR e Corpos de Bombeiros/BR.

• Incêndios de Classe “A”: Ocorrem em sólidos comuns, como madeira, papel e tecidos.

Caracterizam-se pela queima em superfície e em profundidade e quando queimam deixam

brasas e cinzas. A extinção é pelo resfriamento, geralmente a partir da água [13].

• Incêndios de Classe “B”: Ocorrem em líquidos e em gases, como óleos, gasolina, gás

liquefeito do petróleo (GLP), gás natural (GN), hidrogênio e outros. Caracterizam-se somente

pela queima e quando queimam não deixam resíduos. A extinção é pelo abafamento, retirada

do material combustível ou quebra da reação química em cadeia [13].

• Incêndios de Classe “C”: Não se caracterizam pelo estado físico do material ou pela

forma como queimam e seus resíduos resultantes. São incêndios que oferecem risco ao

responsável pela extinção, pois ocorrem em equipamentos elétricos energizados. Deve ser

usado agente extintor não condutor de eletricidade. Sua extinção é pelo abafamento,

utilizando produtos químicos não condutores de eletricidade [13].

• Incêndios de Classe “D”: São incêndios que envolvem metais pirofóricos, como

magnésio, titânio, lítio, alumínio, entre outros. Sua extinção é com aplicação de produtos

químicos específicos para cada tipo de material e, como esse tipo de incêndio não é comum

no Brasil, estes produtos são difíceis de serem encontrados [13].

• Incêndios de Classe “K”: São incêndios oriundos da queima de gordura, óleo de

cozinha e banhas em geral. Sua extinção se faz pelo depósito de uma camada protetora sobre

o material, impedindo o contato com o oxigênio [13].

Figura 5 – Classes de incêndios

Fonte: Alpha Seg.

Page 28: Monografia Leonardo Hugen Panata

27

As Classes A, B e C são as classes mais comuns e mais importantes de incêndio,

além de serem as únicas Classes regulamentadas no Brasil. Para a extinção de incêndios de

Classe D e K, são necessários extintores especiais, fabricados exclusivamente para indústrias

que se utilizam de materiais pirofóricos ou industrias e cozinhas industriais que utilizam de

óleos e gorduras vegetais.

2.3.3.3 Métodos de extinção

Como citado, a existência do fogo depende restritamente da união entre os três

componentes: combustível, comburente e fonte de calor. Para que se possa extinguir o fogo,

independentemente de sua Classe, deve-se remover, ao menos, um dos seus três elementos ou

interromper a reação química em cadeia [5].

Os quatro métodos básicos de extinção são:

• Extinção por isolamento: Consiste na retirada ou diminuição do material combustível.

Em incêndios em edificações, a neutralização desse elemento é difícil, se não impossível.

• Extinção por abafamento: Consiste na retirada do comburente. Ao evitar o contato do

oxigênio com o material combustível, buscamos a redução da concentração da mistura

inflamável. Para que a combustão ocorra, é necessária uma concentração de pelo menos 15%

de oxigênio na mistura inflamável.

• Extinção por resfriamento: Consiste na retirada ou diminuição do calor gerado pela

fonte externa até que o material combustível não libere mais vapores que reajam com o

oxigênio formando a mistura inflamável. De forma geral, o resfriamento do material

combustível é o método mais comum de extinguir o fogo em edificações e o agente mais

utilizado é a água.

• Extinção química: Consiste na quebra da cadeia de reação química. Utilizam-se

determinadas substâncias que possuem a capacidade de reagir com os subprodutos

intermediários do processo de combustão, impedindo que este se complete. Extintores de Pó

Químico Seco (PQS) atuam sob este conceito.

2.3.3.4 Sistemas de prevenção

Como visto, para cada Classe de incêndio existe uma forma específica para

extinção, que oferece segurança no ato do combate e aumenta as expectativas de sucesso.

Page 29: Monografia Leonardo Hugen Panata

28

Da mesma forma, para cada material e grau de risco de incêndio, existe um

sistema de prevenção mais indicado. Os sistemas de combate ao fogo são [5]:

• Sistema de extintores de incêndio;

• Sistema de hidrantes e mangotinhos;

• Sistema de sprinklers ou chuveiros automáticos;

• Sistema de projeção automática de espuma;

• Sistema de projeção automática de água;

• Sistema fixo de gases.

2.3.3.5 Legislações

Atualmente a proteção contra incêndios no Brasil não é legislada por uma lei

federal, que dite as regras e padronize o assunto no âmbito nacional. Isto significa dizer que

cada Estado é autônomo para determinar suas diretrizes mínimas de prevenção e combate.

Apesar de todos os Estados da União possuírem suas legislações próprias, a

grande maioria ainda falha no quesito rigor e, principalmente, fiscalização.

Muito se fala a respeito da criação de um Código Nacional (CN) de combate a

incêndios, que padronizaria as questões mais amplas, facilitando o entendimento e atuação

dos profissionais da área, tanto de projeto quanto de execução. Enquanto o CN não é

disponibilizado, adotam-se normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT) e, no caso de Santa Catarina, as Instruções Normativas (IN) do CBMSC.

Dentre as diversas normas relacionadas a procedimentos de projeto e construção,

tanto em edificações novas quanto em edificações existentes, as principais destacam-se:

• NBR 10897 - Proteção contra Incêndio por Chuveiro Automático;

• NBR 10898 - Sistemas de Iluminação de Emergência;

• NBR 11742 - Porta Corta-fogo para Saída de Emergência;

• NBR 12615 - Sistema de Combate a Incêndio por Espuma;

• NBR 12692 - Inspeção, Manutenção e Recarga em Extintores de Incêndio;

• NBR 12693 - Sistemas de Proteção por Extintores de Incêndio;

• NBR 13434 - Sinalização de Segurança contra Incêndio e Pânico - Formas, Dimensões

e cores;

Page 30: Monografia Leonardo Hugen Panata

29

• NBR 13435 - Sinalização de Segurança contra Incêndio e Pânico;

• NBR 13437 - Símbolos Gráficos para Sinalização contra Incêndio e Pânico;

• NBR 13523 - Instalações Prediais de Gás Liquefeito de Petróleo;

• NBR 13714 - Instalação Hidráulica Contra Incêndio, sob comando por Hidrantes e

Mangotinhos;

• NBR 13932 - Instalações Internas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) - Projeto e

Execução;

• NBR 14276 - Programa de brigada de incêndio;

• NBR 14349 - União para mangueira de incêndio - Requisitos e métodos de ensaio;

• NBR 5419 - Proteção Contra Descargas Elétricas Atmosféricas;

• NBR 9077 - Saídas de Emergência em Edificações;

• NBR 9441 - Sistemas de Detecção e Alarme de Incêndio;

• NR 23, da Portaria 3214 do Ministério do Trabalho: Proteção Contra Incêndio para

Locais de Trabalho;

• IN 01 à IN 34, do CBMSC: Instruções Normativas.

Page 31: Monografia Leonardo Hugen Panata

30

3 PPCI

O Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) é um documento

exigido pelos órgãos fiscalizadores que visa garantir a segurança dos ocupantes de uma

edificação qualquer. Este documento deve ser elaborado na etapa de aprovação de projeto,

quando se trata de edificações novas, ou após reformas e alterações de estrutura, quando se

trata de edificações recentes.

Para fins de definições técnicas, edificações novas são aquelas que ainda estavam

em fase de projeto ou construção até a publicação da Lei nº 16.157/2013 (Dispõe sobre as

normas e os requisitos mínimos para a prevenção e segurança contra incêndio e pânico e

estabelece outras providências) ou que foram projetadas e construídas após esta data. Da

mesma forma, edificações recentes são aquelas que não obtiveram aprovação do PPCI pela

falta de exigência nas legislações existentes na época em que foi construída, ou que tenha suas

características de ocupação diferentes daquelas que originalmente tinham sido concebidas.

Além disso, também podem ser caracterizadas as edificações existentes, como sendo aquelas

que já se encontravam edificadas antes da publicação da Lei nº 16.157/2013 [14].

Em Santa Catarina, o órgão responsável pela análise e aprovação do PPCI é o

CBMSC, exigindo memoriais, laudos com suas respectivas ARTs (Anotação de

Responsabilidade Técnica) e plantas com os detalhamentos dos sistemas adotados para a

prevenção e o combate. Desta forma, o PPCI só pode ser elaborado por profissional

capacitado e habilitado.

Apesar do primeiro objetivo de um PPCI bem elaborado ser o fato garantir a

segurança e saúde das pessoas, pode-se concluir facilmente a existência de grande vantagem

econômica tanto para o setor público quanto para o setor privado.

As vantagens econômicas para o setor público podem ser resumidas em redução

de custos com equipamentos, recursos financeiros e pessoais do Corpo de Bombeiros e

hospitais, bem como a redução de custos com pagamento de benefícios sociais decorrentes de

aposentadorias por invalidez ou indenização pela vida.

Para o setor privado, as vantagens econômicas surgem ao evitar prejuízos com

danos materiais, perda de estoque, pagamento de indenizações, marketing negativo, entre

outros.

Para ambos setores, os custos com um incêndio superam e muito os custos com a

elaboração, implantação e fiscalização do PPCI.

Page 32: Monografia Leonardo Hugen Panata

31

3.1 EDIFICAÇÃO EM ANÁLISE

A edificação que será utilizada para análise dos quesitos do PPCI trata-se de um

galpão já existente, construído para fins comerciais genéricos.

Localizado na cidade de Tubarão, no Estado de Santa Catarina, este galpão sofreu

alterações significativas no seu interior, principalmente a criação de ambientes fechados, e

ainda não possui um PPCI atualizado que contemple os itens de necessários para garantir a

segurança de acordo com o novo layout.

O galpão possui 462,11m² construídos com uma altura total de 7,50m. Sua

arquitetura é composta de dois mezaninos, um localizado na porção frontal do galpão e outro

na porção posterior, separados por um pátio interno.

Em seu interior são realizadas atividades de desenvolvimento de projetos,

sistemas, montagem de quadros elétricos de comando, montagem e testes de placas

eletrônicas, estoque de materiais e equipamentos, atividades administrativas, comerciais e

financeiras. A edificação conta com uma copa, porém sem consumo de gás por fornos, fogões

ou qualquer outro equipamento que utilize gás inflamável para cocção.

A edificação foi originalmente construída com estrutura mista de alvenaria

portante e concreto armado estrutural. A cobertura é feita por telhas de zinco com estrutura de

treliças e tesouras metálicas expostas. As paredes são pintadas com tinta à base de PVA sobre

argamassa de cal, areia e cimento. Todo o piso é de concreto queimado, exceto nos banheiros,

escadas e mezaninos, onde há um revestimento de piso cerâmico. Todas as aberturas de

janelas, portas internas e externas e corrimãos das escadarias são construídas de alumínio,

ferro fundido e outros metais. As instalações elétricas são aparentes, por meio de conduítes de

PVC, eletrocalhas e perfilados metálicos.

O objeto deste estudo enquadra-se como sendo uma edificação recente, uma vez

que foi construída após a publicação da Lei nº 16.157/2013, teve seu PPCI original aprovado,

porém suas características de ocupação, divisão de ambientes e carga térmica alteraram-se

significativamente. Desta forma é necessário uma revisão e atualização do PPCI junto ao

CBMSC.

Como citado anteriormente, este galpão passou por uma reforma interna

resultando em alterações significativas, na qual alguns ambientes precisaram ser criados de

modo que pudesse comportar todas as atividades exercidas. Atualmente o galpão conta

também com divisórias e portas de Elcatex, paredes de vidro e forro de lã de vidro e PVC.

Page 33: Monografia Leonardo Hugen Panata

32

Conforme o Art. 115 da IN01 do CBMSC, a edificação se enquadra na

classificação de ocupação comercial (mercantil, comercial em geral, lojas, mercados,

escritórios, galerias comerciais, supermercados e congêneres) [14].

Para esse tipo de ocupação, com a área e altura totais e tipos de revestimentos

mencionados anteriormente, a IN01 define, no Art. 127, como sistemas de segurança

obrigatórios ao PPCI: Saídas de emergência; Iluminação de emergência; Sinalização de

abandono de local; Proteção por extintores [14].

Figura 6 – Imagem externa frontal da edificação

Fonte: O autor.

Page 34: Monografia Leonardo Hugen Panata

33

Figura 7 – Imagem externa lateral da edificação

Fonte: O autor.

Tabela 1 – Sistemas de emergências para edifícios de ocupação comercial

Fonte: IN01 CBMSC.

Page 35: Monografia Leonardo Hugen Panata

34

3.2 CARGA DE INCÊNDIO

Para determinar a classificação de risco de incêndio de uma edificação e,

posteriormente, dimensionar seus sistemas de emergência, é necessário calcular a carga de

incêndio ideal [15].

Carga de incêndio é a soma das energias caloríficas potenciais liberadas pela

combustão dos materiais combustíveis existentes no interior de um ambiente definido.

A IN03 do CBMSC define a carga de incêndio:

• Risco Leve, são aqueles com carga de incêndio ideal menor do que 60kg/m²;

• Risco Médio, são aqueles com carga de incêndio ideal entre 60 e 120kg/m²;

• Risco Elevado, carga de incêndio ideal maior do que 120kg/m².

De acordo com os cálculos mostrados na Tabela 2 e as classificações de risco

definidas na IN03 do CBMSC, conclui-se que a edificação em estudo se encontra na faixa de

Risco Leve, com carga de incêndio ideal igual a 56,19kg/m².

Page 36: Monografia Leonardo Hugen Panata

35Tabela 2 – Cálculo de carga de incêndio

CÁLCULO CARGA DE INCÊNDIO Edificação: Galpão de uso comercial Endereço: Tubarão/SC Data: 09/08/2018

LOCAL

COMBUSTIVEIS Quantidade de calor por

combustível (kcal)

Quantidade de calor total dos combustíveis

(kcal)

Área da unidade

(m²)

Carga de incêndio (kcal/m²)

Poder calorífico da madeira

padrão (kcal/kg)

Carga de incêndio

ideal (kg/m²)

Tipo Peso (kg)

Poder calorífico (kcal/kg)

Pátio interno Madeira 2.200 5.000 11.000.000

15.590.000 198,68 78.467,89 4.550,00 17,25 Plástico 400 7.500 3.000.000 Polietileno 150 10.600 1.590.000

Estoque

Madeira 1.800 5.000 9.000.000

26.270.000 46,95 559.531,42 4.550,00 122,97 Plástico 500 7.500 3.750.000 Polietileno 1.200 10.600 12.720.000 Papel 200 4.000 800.000

Copa Madeira 800 5.000 4.000.000

5.500.000 24,83 221.506,24 4.550,00 48,68 Plástico 200 7.500 1.500.000

Administração Madeira 750 5.000 3.750.000

6.400.000 37,98 168.509,74 4.550,00 37,04 Plástico 300 7.500 2.250.000 Papel 100 4.000 400.000

Laboratório eletrônica

Madeira 600 5.000 3.000.000 4.580.000 12,19 375.717,80 4.550,00 82,58 Plástico 200 7.500 1.500.000

Papel 20 4.000 80.000

Sala de projetos

Madeira 1.000 5.000 5.000.000 8.575.000 51,48 166.569,54 4.550,00 36,61 Plástico 450 7.500 3.375.000

Papel 50 4.000 200.000

Reuniões/ Diretoria

Madeira 1.200 5.000 6.000.000 8.330.000 37,98 219.325,96 4.550,00 48,20 Plástico 300 7.500 2.250.000

Papel 20 4.000 80.000 Média 56,19

Page 37: Monografia Leonardo Hugen Panata

36

3.3 SISTEMAS DE SEGURANÇA

3.3.1 Sistema de saídas de emergência

Para todo tipo de edificação, independentemente da classificação de ocupação, das

características construtivas (área e altura total) e da carga de incêndio, o Sistema de Saídas de

Emergências é obrigatório [16].

Este sistema visa não só guiar a população interna para as saídas de segurança em

caso de incêndio, mas também auxiliar no acesso pelas equipes de combate a incêndios e

resgate de pessoas. Para isso, todas s saídas de emergência devem ser sinalizadas com

indicações claras do sentido do percurso até a área segura [16].

As saídas de emergências devem ser sinalizadas em escadas, rampas, portas,

locais de resgate aéreo, elevadores de emergência, passarelas e outros locais que se destinam a

serem seguros de riscos contra a vida humana. Os acessos às saídas de emergência devem

permitir o fácil escoamento dos ocupantes do pavimento em análise, bem como permanecem

continuadamente desobstruídas, sem a presença de obstáculos de qualquer natureza, sejam

eles móveis, divisórias, veículos, entre outros [16].

De acordo com os cálculos mostrados na Tabela 3 e as definições contidas na

IN05 do CMBSC, conclui-se que a edificação em estudo se encontra com as saídas de

emergência dimensionadas adequadamente, tanto no quesito de quantidades de saídas quanto

no quesito de largura das saídas.

Page 38: Monografia Leonardo Hugen Panata

37

Tabela 3 – Cálculo de saída de emergência

CÁLCULO SAIDA DE EMERGÊNCIA Edificação: Galpão de uso comercial Endereço: Tubarão/SC Data: 09/082018

LOCAL Tipo de

ocupação

População máxima (pessoas)

Saídas (Un.) Largua (m) Nº de unidades

de passagem (Un.)

Capacidade unidade de passagem (pessoas)

Capacidade das saídas (pessoas)

Capacidade total das

saídas (pessoas)

Pátio interno Acesso restrito 22 Saída 01 0,80 1 100,00 100,00 100,00 Estoque Acesso restrito 5 Saída 01 1,50 1 100,00 100,00 100,00

Copa Acesso restrito 2 Saída 01 0,70 1 100,00 100,00 100,00

Administração Acesso restrito 4 Saída 01 2,10 1

100,00 100,00

200,00 Saída 02 0,90 1 100,00

Mezanino 1 Acesso restrito 4 Saída 01 1,20 1 60,00 60,00 60,00 Mezanino 2 Acesso restrito 7 Saída 01 1,10 1 60,00 60,00 60,00

Page 39: Monografia Leonardo Hugen Panata

38

3.3.2 Sistema de iluminação de emergência

Para edificações de uso comercial, é obrigatória a implantação do Sistema de

Iluminação de Emergência (SIE) [14].

Fica dispensado a instalação deste sistema em ambientes internos com área até

200m² e caminhamento máximo de 15m até a porta de acesso para a circulação do pavimento,

onde o caminhamento máximo é computado a partir do ponto mais distante do ambiente [17].

O SIE deve ter autonomia mínima de 1 hora e garantir um nível mínimo de

iluminamento de 3 lux para locais planos (salas e corredores) e 5 lux para locais com

desníveis (escadas e rampas), não podendo, sob qualquer hipótese, causar ofuscamento aos

ocupantes [17].

Os elementos de iluminação devem acionar automaticamente em caso de falta de

energia. Estes equipamentos devem estar ininterruptamente, alimentados por tomadas

individuais [17].

Para a edificação em estudo, será adotado o sistema do tipo bloco autônomo.

Nos ambientes fechados como salas, copa e administração, serão utilizados blocos

com iluminação por 60 LEDs de alto brilho e bateria recarregável 6Vcc/0,6Ah. Visor de

policarbonato transparente. Alimentação externa 110/220Vcc bivolt automático. Os blocos

possuem chave de teste e aferição.

No pátio interno e no estoque, serão utilizados refletores o tipo farolete, com dois

projetores de 104 LEDs de alto brilho cada refletor e bateria de chumbo ácido recarregável

12Vcc/7Ah. Visor de policarbonato transparente. Alimentação externa 110/220Vcc bivolt

automático. Os blocos possuem chave de teste e aferição.

Figura 8 – Modelo de bloco autônomo

Fonte: Segurimax.

Page 40: Monografia Leonardo Hugen Panata

39

Figura 9 – Modelo de refletor farolete

Fonte: Segurimax.

3.3.3 Sistema de sinalização de abandono de local

Para edificações de uso comercial, é obrigatória a implantação do sistema de

Sinalização de Abandono de Local (SAL) [14].

Fica dispensado a instalação deste sistema em ambientes internos com área até

200m² e caminhamento máximo de 15m até a porta de acesso para a circulação do pavimento,

onde o caminhamento máximo é computado a partir do ponto mais distante do ambiente [18].

O SAL deve indicar todas as mudanças de direções, obstáculos, saídas, escadas e

rampas, sendo que cada ponto de indicação deve ser possível de visualizar do ponto

imediatamente anterior a este. Todas as placas devem estar indicadas com a palavra “SAIDA”

e a seta indicativa de mudança de rota, montadas com as dimensões mínimas mostradas na

Tabela 4 [18].

Tabela 4 – Dimensões mínimas e distâncias entre pontos de SAL

Fonte: IN13 CBMSC.

Page 41: Monografia Leonardo Hugen Panata

40

Para a edificação em estudo, será adotado o sistema do tipo placas luminosas, com

características de bloco autônomo, que poderão compartilhar do circuito elétrico dedicado à

iluminação de emergência, sendo acionadas automaticamente em caso de falta de energia.

A placas serão iluminadas internamente com 20 LEDs de alto brilho e bateria

recarregável 3,6Vcc/1,2Ah. O material luminoso será em acrílico branco com as escritas em

vermelho. As sinalizações de fluxo de saída e presença de escadas e rampas, também serão na

cor vermelha. As placas devem ter visualização em dupla face, sem inversão de leitura.

Alimentação externa 110/220Vcc bivolt automático. Os blocos possuem chave de

teste e aferição.

Figura 10 – Modelo de placa de sinalização de saída iluminada

Fonte: Segurimax.

3.3.4 Sistema de proteção por extintores

Para edificações de uso comercial com área superior à 50m², é obrigatória a

implantação do sistema de Sinalização de Proteção por Extintores (SPE) [14].

Todos os extintores portáteis e sobre rodas devem possuir seu cilindro pintado na

cor vermelha. O tipo de agente contido no extintor deve ser selecionado adequadamente

conforme a classe de incêndio que se deseja proteger e a distância máxima percorrida para

alcança-lo deve obedecer a Tabela 5 [19].

Page 42: Monografia Leonardo Hugen Panata

41

Tabela 5 – Escolha e posicionamento do extintor

Fonte: IN06 CBMSC.

Como o objeto de estudo se trata de um imóvel com risco de incêndio leve, é

permitida a utilização de apenas uma unidade extintora em cada um dos mezaninos, uma vez

que é atendida a exigência de distância mínima percorrida de 30m [19].

Os extintores devem se localizados em circulações, áreas comuns, locais com boa

visibilidade e com baixa probabilidade de bloqueio pelo fogo em caso de incêndio. Sua

instalação deve ser de modo que a alça de transporte esteja, no máximo, a 1,60m do piso [19].

Cada extintor deve possuir uma placa indicativa com uma seta vermelha de bordas

amarelas contendo a palavra “EXTINTOR” instalada imediatamente sobre ele. Também se

faz obrigatório a pintura de um quadrado de 1,0 x 1,0m sob o extintor, quando este for

instalado em garagens e pátios, sendo que este quadrado deve ser na cor vermelha com bordas

amarelas de 10cm [19].

Deve ser realizada a manutenção preventiva de todos os extintores

periodicamente, de modo que seja prevenido a despressurização, rompimento de lacre,

corrosão ou deformação no cilindro, danos nas mangueiras e manômetros, avarias nas

etiquetas de identificação e o vencimento da validade do equipamento [19].

Para a edificação em estudo, são desejáveis proteção por extintores para materiais

e equipamentos energizados, de Classe C. A quantidade de extintores e o tipo de carga que irá

proteger obedecerão a seguintes formatações:

• Mezanino 1: Sala de reuniões e diretoria

o 1 extintor do tipo 5-B:C, de CO2 com 4kg, para atuação e

equipamentos energizados e líquidos inflamáveis.

• Mezanino 2: Sala de projetos e laboratório de eletrônica

o 1 extintor do tipo 5-B:C, de CO2 com 4kg, para atuação e

equipamentos energizados e líquidos inflamáveis.

Page 43: Monografia Leonardo Hugen Panata

42

• Térreo: Pátio interno, estoque, copa, administrativo e hall de entrada

o 2 extintores do tipo 5-B:C, de CO2 com 4kg, para atuação e

equipamentos energizados e líquidos inflamáveis.

Figura 11 – Placa de sinalização de extintor

Fonte: Só Simbolos.

Figura 12 – Marcação no piso para área sem obstrução

Fonte: Só Simbolos.

Page 44: Monografia Leonardo Hugen Panata

43

Figura 13 – Altura de instalação de extintor e placa de sinalização

Fonte: Só Simbolos.

Page 45: Monografia Leonardo Hugen Panata

44

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção de edificações seguras, em todos os quesitos, é um dever ético de

todo projetista, executor e empreendedor, independentemente das normas existentes

legislando sobre tal. Contudo, com o desenvolver deste trabalho, pode-se observar que a

importância da prevenção de incêndios passa pelas mãos não só dos profissionais ligados à

área de projetos e execução, mas também aos profissionais ligados à área de normatização e

fiscalização e que, além do papel fundamental destes, é de vital interesse a participação da

sociedade.

Campanhas de conscientização dos riscos do fogo, os perigos de atividades

pirofágicas, instalações elétricas irregulares e o manuseio de produtos químicos

inadequadamente, por exemplo, contribuem significativamente à segurança e à prevenção

contra incidentes domésticos, que representam a maior parcela de casos.

No entanto, vale salientar que, dentro do ambiente profissional, os treinamentos

básicos de correto uso de extintores, mangotinhos, formas de propagação do fogo e

procedimento de emergência, são de obrigatoriedade do empregador, excencialmente quando

a empresa se obriga a constituir a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA),

regulamentada pela NR05.

Mesmo que este trabalho tenha como referência o combate aos sinistros

incendiários, quando tratamos de um ambiente empresarial, a segurança de seus ocupantes,

sendo estes os trabalhadores, passa também pela análise de outros documentos, estes ligados à

Saúde Ocupacional: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO),

Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA), Laudo Técnico das Condições do

Ambiente de Trabalho (LTCAT), e outros.

Uma vez que este trabalho foi concebido sob análise introdutória, assim como os

documentos citados acima, o PPCI deve ser realizado levando-se em conta todos os outros

documentos exigidos pelos órgãos fiscalizadores, com as devidas aprovações e autorizações

de execução.

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REFERÊNCIAS

[1] SCOTT, Andrew C. The pre-quartenary history of fire. Palaeogeography, palaeoclimatology, palaeoecology. v. 164, p. 297-345, 2000.

[2] História do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Disponível em <https://portal.cbm.sc.gov.br/index.php/historia> Acesso em 06 de agosto de 2018.

[3] HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos da Física. Gravitação, Ondas e Termodinâmica – Volume 2. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

[4] NUSSENZVEIG, Moysés H. Curso de Física Básica – Vol. 2. 4. ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher LTDA, 2002.

[5] BRENTANO, T. A proteção contra incêndio ao projeto de edificações. 2. ed. Porto Alegre: T Edições, 2010.

[6] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10898: Glossário de termos relacionados com a segurança contra incêndio. Rio de Janeiro, 1997.

[7] CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Instrução Normativa nº 04: Terminologia de segurança contra incêndio. Florianópolis, 2018.

[8] SALIBA, Tuffi Messias. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. 6 ed. São Paulo: LTR. 2015.

[9] SEITO, A. I; GILL A. A. et all. A Proteção contra incêndio no Brasil. São Paulo: Editora Projeto, 2008.

[10] BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 20 – Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2017. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR20.pdf>. Acesso em 08 agosto de 2018.

[11] SILVEIRA, Carla Rodrigues. PPCI – Plano de prevenção contra incêndios – Projeto e implantação em edificações públicas em Porto Alegre. 2011. 64f. Monografia (Departamento de Engenharia Mecânica) Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, 2011.

[12] FERIGOLO, Francisco Celestino. Prevenção de incêndio. Porto Alegre: Sulina, 1977.

[13] GOMES, Taís. Projeto de prevenção e combate a incêndio. Santa Maria. 2014. 94f. Monografia (Departamento de Engenharia Civil) Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria, 2014.

[14] __________. Instrução Normativa nº 01: Da Atividade Técnica. Florianópolis, 2015.

[15] __________. Instrução Normativa nº 03: Carga de Incêndio. Florianópolis, 2014.

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[16] __________. Instrução Normativa nº 09: Sistema de Saídas de Emergência. Florianópolis, 2014.

[17] __________. Instrução Normativa nº 11: Sistema de Iluminação de Emergência. Florianópolis, 2018.

[18] __________. Instrução Normativa nº 13: Sinalização de Abandono de Local. Florianópolis, 2018.

[19] __________. Instrução Normativa nº 06: Sistema Preventivo por extintores. Florianópolis, 2018.

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ANEXOS

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48 ANEXO A – PLANTA BAIXA TÉRREO

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49 ANEXO B – PLANTA BAIXA MEZANINO