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NOSSA ESCOLA - BOLETIM INFORMATIVO DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA e r “Fal ou-m nspi a ão. Mas apoiei t i ç minha irmã na ons rução de c t en sua m sica” - Ila Ter a ú T Colégio Estadual Odor co avares i . Pág 8 Topa é campeão em alfabetização - Pág. 4 R$ 3 milhões investidos nas Direc - Pág. 6 Confira entrevista do consultor em gestão educacional, Mares Guia - Pág. 14 E N O S S A s c o l a Informativo da Secretaria da Educação do Estado da Bahia Ano I Nº 1 Setembro 2008

Nossa Escola nº 1

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Informativo da Secretaria da Educação do Estado da Bahia

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Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia

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Topa é campeãoem alfabetização - Pág. 4

R$ 3 milhões investidosnas Direc - Pág. 6

Confira entrevista do consultorem gestão educacional, Mares Guia - Pág. 14

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Informativo da Secretaria da Educação do Estado da Bahia Ano I Nº 1 Setembro 2008

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É comum alguém dizer que esque-ceu do celular em casa, quando o verbo esquecer, sem o pronome, dispensa a preposição: “Esqueci o celular em casa”. Entretanto, se usar o verbo com o pronome, interponha a preposição: “Esqueci-me do celular em casa”. E cui-dado com palavras “traiçoeiras” como sobrance-lhas, e não sombrancelhas; e disenteria, e não desinteria. Saiba também que o plural de aluguel tanto pode ser aluguéis quanto alugueres; que o plural de gravidez é gravidezes, e o de arroz é arrozes. Lembre-se que se a correspondência for entregue pesso-almente ao destinatário estará sendo entregue em mão e nunca em mãos.Não seja traído por uma simples vogal: despensa (com e) é onde se guardam mantimentos, objetos; e dispensa (com i) é a liberação que se tem de algum de-ver ou obrigação.

No rastro do ineditismo e das trans-formações que vêm caracterizando a atual gestão da educação na Bahia, surge o Nossa Escola, o mais novo canal de comunicação que a SEC passa a disponibilizar, como instrumento de integração do órgão central com as Direto-rias Regionais de Educação (Direc) e toda a comunidade escolar. O jornal nasceu imbuído no propósito de ser um espaço democrático, que sirva para dar voz às escolas. Por isso, o conteúdo será voltado exclusivamente para as ações que tenham como protagonistas a Edu-cação e os seus principais atores: estudantes, professores, gestores e funcionários.

As páginas da publicação serão dedica-das a reconhecer o trabalho que vem sendo desenvolvido pelas escolas, pelas Direc, além das ações inovadoras promovidas por dire-tores, alunos e professores. A idéia é que estas ações extrapolem as barreiras do espaço onde são praticadas e sirvam como exem-plo e mo-

tivação para outras comunidades escolares. Para que este intercâmbio seja proveitoso e que consigamos atingir nosso propósito, pre-cisamos de parceiros.

O Nossa Escola estará presente num universo de 1.753 escolas e suas 33 Direc. Re-sumindo: este jornal já nasce com uma circu-lação para cerca de 2 milhões de leitores, en-tre alunos, funcionários e professores. O que pretendemos, agora, é fazer desses 2 milhões atuantes redatores, repórteres, pauteiros, col-unistas e colaboradores, porque eles serão os elementos essenciais de nossa agenda diária de matérias. É através dessa parceria que es-peramos poder levar até vocês um jornal de leitura agradável, que traga a cada edição notícias que despertem interesse e, principal-mente, motive a comunidade escolar a fazer parte deste projeto.Contamos com a sua colaboração: [email protected].

expedienteNossa Escola é uma publicação editada pela Assessoria de

Comunicação da Secretaria da Educação do Estado da Bahia

Jaques WagnerGovernador

Adeum SauerSecretário da Educação

Assessoria de Comunicação / Coordenação EditorialSilvia Costa (DRT/BA – 1.769)

Editor: Antônio Almada

Textos: Perla Ribeiro, Davi Lemos,Priscila Figueira, Valana Gualuz e Jouse Cruz

Projeto Gráfico e Diagramação:Priscila Figueira

Revisão: Raimundo de Santana (DRT/BA -1.600)

Fotos: Ascom/SEC - Claudionor Jr e Geraldo Carvalho

Impressão: Empresa Gráfica da Bahia - EGBATiragem: 500 mil exemplares

Av Luiz Viana Filho, 6ª Avenida, nº 600,5º andar – CAB. CEP: 41.750-300 – Salvador – BA

Tel.: (71) 3115-9026 / Fax: (71) [email protected] / www.sec.ba.gov.br

aconteceu...

Todos contra a Dengue

Com o slogan Todos contra a Dengue: o que eu e a

escola podemos fazer?, mais de sete mil estudantes

da rede estadual ganharam as ruas do centro de

Salvador, no dia 30 abril. Portando faixas, cartazes e

distribuindo panfletos informativos, eles chamaram

a atenção da população para a necessidade de se

prevenir contra o mosquito da dengue. A caminhada

aconteceu simultaneamente em outros bairros da

capital e no interior do estado. Em 16 de maio, os

alunos promoveram um “faxinaço” nas escolas e

em seus entornos. A exposição “O que faço para

combater a dengue”, que reuniu trabalhos produzi-

dos pelas escolas durante o período de 30 de abril a

30 de maio, encerrou as ações da campanha da SEC,

cujo objetivo foi sensibilizar a comunidade para a

importância de continuar o combate à dengue.

editorial

instrumentode integração

-

Clau

dion

or J

r.

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Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia 03

Concurso resgata história do 2 de Julho

Trazer de volta aos estudantes o sentido e o valor da data magna baiana, o 2 de Julho, foi um dos objetivos do concurso de redação desenvolvido pela Secretaria da Educação, do qual participaram estudantes de escolas públicas do estado e municipais, dos ensinos médio e fundamental. O tema: A Independên-cia da Bahia. A premiação aconteceu no final do desfile em homenagem ao 2 de Julho, no Terreiro de Jesus.

Alunos de escolas dos municípios de Cachoeira, Brumado, Maragogipe e Salvador receberam como prêmios câmeras fotográfi-cas e aparelhos de MP4. As escolas também foram premiadas com minibi-bliotecas e com-putadores.

Veio do município de Guajeru, onde 95% dos estudantes são da zona rural, a vencedora na categoria ensino fundamental. Aparecida Ribeiro de Azevedo, estudante da 7ª série da Escola Municipal Geraldo de S. Porto. “Estou muito feliz. Além de aprender sobre a história da Independência, a gente é estimulada a continuar estudando ainda mais”, disse a es-tudante, que recebeu um computador pela primeira colocação. A escola onde estuda, que tem apenas um computador, também recebeu outro como prêmio.

A vencedora na categoria ensino médio foi a estudante do 3º ano do Colégio Mode-lo Luís Eduardo Magalhães, Viviane Martins Souza Nascimento. Ela elogiou a realização

do concurso, entendendo que se trata de “uma iniciativa que levanta a auto-estima dos baianos, na medida em que ficamos sabendo o significado de uma data tão importante”. Viviane passou a ser exemplo na escola, prin-cipalmente para os colegas de classe e de outras séries.

Terceiro colocado dentre os estudantes de nível médio, David Alves Oliveira ressalta que em muitos locais e cidades baianas sequer são feitas menções ao significado da data. “Eu mesmo não me interessava tanto por es-tudar o tema, mas com o concurso descobri o quanto é rica a história da Independência da Bahia. Desejo que mais pessoas estudem e participem de próximas edições”, comentou o estudante do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, em Jacobina.

A professora de História, Marleide de Oliveira Medeiros, professora de David, disse que o concurso confirma a importância da Independência da Bahia não só para os baia-nos, mas também para toda a nação. “O 2 de Julho não lembra apenas vultos da história, mas relembra a história do povo. E a escola é o meio principal para realizar essa ação”, entende.

A população pôde acompanhar ainda, no palco montado no Terreiro de Jesus, a apre-sentação da Orquestra Sinfônica Juvenil Dois de Julho, sob a regência de Ricardo Castro. A orquestra, que apresentou, entre outras músi-

opinião

“ O concurso foi uma iniciativa que levantou a auto-estima dos baia-nos, na medida em que ficamos sabendo o sig-nificado de uma data tão importante”.

Viviane Nascimento

espaço itinerante

Nasce o sol a 2 de julhoBrilha mais que no primeiro

É sinal que neste diaAté o sol é brasileiro

Nunca mais o despotismoRegerá nossas ações

Com tiranos não combinamBrasileiros corações

Salve, oh! Rei das campinasDe Cabrito e Pirajá

Nossa pátria hoje livreDos tiranos não será

Cresce, oh! Filho de minha almaPara a pátria defender,

O Brasil já tem juradoIndependência ou morrer.

Hino “Dois de Julho” (Hino da Bahia)

Letra: Ladislau dos Santos TitaraMúsica: José dos Santos Barreto

Clau

dion

or J

r.

Viviane Nascimento venceu o concurso de redação na categoria nível médio

cas, o Hino ao Dois de Julho, faz parte do Pro-jeto Cultural e Educacional Neojibá, que pre-para jovens para a carreira musical.

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Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia 04

destaque

“Para mim tudo é novo, mas

tive muito aprendizado e a

troca de experiências não

tem preço”,

Rita Maria da Costa - coor-

denadora do Topa em Catu

“A Bahia possui o melhor projeto, a melhor política de alfabetização do país”, afir-mou o presidente Lula durante a entrega de certificados a 1,2 mil alunos do Programa Topa – Todos pela Alfabetização, no último dia 29 de julho. O presidente disse que nunca uma ação governamental foi acolhida com tamanho en-tusiasmo e engajamento de um estado. Criado pelo Governo da Bahia em parceria com Minis-tério da Educação, o Topa já alfabetizou, só na primeira etapa, iniciada em outubro do ano passado, mais de 171 mil pessoas em 363 mu-nicípios.

O Programa quase dobrou a meta previs-ta para 2007, que era de 100 mil pessoas. Até 2010, 1 milhão de baianos com 15 anos ou mais, adultos e idosos irá conquistar o direito de ler e escrever.

Presente à solenidade de certificação, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que o Estado da Bahia é o campeão de alfabe-tização no país. “A meta do governo federal é transformar a Bahia em um paradigma na alfabetização de adultos”. Para o ministro, o estado deu o exemplo ao buscar parceria com prefeituras, movimentos sociais e sindicais, as-sociações e entidades não-governamentias.

Os números apresentados na primeira etapa do Topa são extraordinários. Foram, 15

mil turmas, 15.183 alfabetizadores, 1.189 coor-denadores de turma, 89 intérpretes de Libras, 363 municípios envolvidos, 170 entidades da sociedade civil, além das quatro universidades estaduais.

Cidadania - A expressão desse compromisso foi também pontuada pela entrega de novos documentos de identidade a dois alfabetiza-dos. Crispim Araújo dos Anjos e Júlia dos San-tos Batista receberam do presidente Lula e do governador Jaques Wagner, respectivamente, seus novos documentos que, agora, além da impressão digital, trazem as suas assinaturas.

Um convênio foi assinado entre as Se-cretarias Estaduais da Educação e Segurança Pública para a concessão gratuita de novos documentos de identidades com assinatura dos formados pelo Topa, bem como a emissão da Carteira de Identidade para quem não a possui. O convênio vai beneficiar os alfabetizandos do Topa até 2010.

Transformação - A história de 171 mil baianos foi transformada com o Topa. Eles agora podem ler a bula de remédio do seu filho, o destino de um ônibus, assinar documentos, escrever car-tas e ter acesso a financiamentos em bancos oficiais.

Topa faz da Bahia estado campeãoem alfabetização de adultos do país

A índia, Sônia Cardoso Pataxó, 36 anos, da aldeia Pataxó Hã-hã-hãe de Pau Brasil, mu-nicípio do extremo sul da Bahia, descobriu, rá-pido, a diferença entre ser e não ser alfabeti-zado. Depois de ser alfabetizada pelo Topa, ela contou que já tem acesso a linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agri-cultura Familiar (Pronaf).

Bernardo Barbosa, um jovem de 20 e pou-cos anos, condenado a cumprir pena de seis anos em regime fechado no Conjunto Penal de Valença, escreveu a primeira carta de sua vida, uma carta de amor. Escreveu à esposa Car-melita, no Dia dos Namorados, dizendo que ela era a mulher mais linda, a mulher de sua vida. Foram as primeiras letras escritas pelo recém-alfabetizado.

Claudionor Jr.

Luiz Cerqueira viveu a experiência única de reali-zar sua primeira leitura pública, como orador

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ulga

ção

Presidente Lula entrega carteira de identidade assinada a alfabetizada Júlia Batista

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Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia 05

“Aprender a ler é ser mais

brasileiro, mais baiano, mais inteli-

gente. E ter um diploma na mão

significa saber ler e escrever”,

José Modesto - aluno do Topa

“Para mim tudo é novo, mas

tive muito aprendizado e a

troca de experiências não

tem preço”,

Rita Maria da Costa - coor-

denadora do Topa em Catu

O Governo da Bahia lançou no final de junho o Programa Estadual de Atenção Oftalmológica para os alfabetizandos do Topa. O objetivo é propiciar condições de saúde ocular favoráveis ao aprendizado e, conseqüentemente, melhoria do rendi-mento dos alfabetizandos e redução das taxas de evasão.

Um levantamento realizado na primeira etapa do Programa apontou que grande parte dos participantes tem mais de 40 anos de idade, faixa etária em que as pessoas passam a apresentar necessi-dade de óculos para ler. Também consta-tou que a média de rendimento familiar per capita dos alfabetizandos é baixa, o que impede o atendimento oftalmológi-co fora do SUS e a aquisição dos óculos.

O Programa vai fornecer a consulta, os óculos e encaminhamento para inter-venções de maior complexidade. Apesar de ter sido lançado este ano, o Programa de Atenção Oftalmológica vai atender também aos alfabetizandos certificados na etapa 2007. A vigência do Programa é até 2010.

Assistênciaoftalmológica

A dona-de-casa de Inhambupe, Selma Vie-ira, 30 anos, agora faz compras no supermerca-do sem precisar pedir informação a ninguém. Já o morador do bairro de São Cristóvão, em Salvador, Luiz Cerqueira de Medeiros, viveu a experiência única de realizar sua primeira lei-tura pública, como orador da turma, diante de um auditório repleto de pessoas. “Gostei e comecei a ter consciência do meu papel como cidadão brasileiro, adquiri novos conhecimen-tos e pretendo continuar com os meus estudos e novos objetivos. Isto é o começo. Pretendo alcançar muito mais”.

Cosme de Farias – O empenho de cada um, à pessoa física ou jurídica, que não mediram es-forços para aprender, para ensinar, para aju-dar, foi reconhecido com o Prêmio Cosme de Farias, no valor total de R$ 80 mil, divididos em cinco categorias. A premiação leva o nome de um baiano que, mesmo não sendo rico, trans-formou a vida de milhares de pessoas por seus esforços contra o analfabetismo. Premiados:

Município: Mascote, no litoral sul, que encami-nhou para as turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) mais de 50% dos alunos egressos do Topa.

Tradutor-intérprete de Libras: Marizete do Nascimento, de Simões Filho, alfabetizou três surdos do município.

Alfabetizador: Lêda da Rocha Silva, de Santo Antônio de Jesus, conseguiu alfabetizar 19 dos 21 alunos matriculados. Todos freqüentaram as aulas e três foram aprovados em concurso pú-blico do município.

Entidade: Movimento de Mulheres Trabalha-doras Rurais Sem Medo de Ser Feliz (MMTR), de Inhambupe, que tinha como meta alfabeti-zar 562 pessoas e cadastrou 1.513, sendo que 513 já estão matriculadas em turmas do EJA;

As aprendizagens de que temos co-nhecimento são muitas, pois diariamente nos deparamos com situações nas quais so-mos solicitados a emitir uma opinião. Este saber considerado relevante nos ensina a o-lhar as coisas à nossa volta de um jeito novo. Todavia, tudo isso não terá sentido para o aluno se não tiver um significado e se não forem utilizados métodos que proporcio-nem a interação entre o ato de ensinar e de aprender. A aprendizagem poderá ser favo-recida ou não pela relação existente entre professor e aluno e, conseqüentemente, a relação deste com o outro e com o mundo.

A qualidade do relacionamento que o aluno estabelece com o professor e o clima existente em sala de aula são elementos que possibilitam a melhoria do processo en-sino-aprendizagem. Mesmo sendo o aluno sujeito no processo de construção do co-nhecimento, essa relação é importante para o desenvolvimento da aprendizagem, que será maior tanto quanto for o bom relacio-namento entre os sujeitos.

Sabemos que o reconhecimento e a valorização dos fatores emocionais e afeti-vos na aprendizagem são um grande passo em direção à construção do conhecimento, haja vista que a inteligência e a afetividade contribuem no processo de adaptação do conhecimento, permitindo ao indivíduo a construção de conceitos e noções, confe-rindo-lhe atributos, qualidades e valores. Da mesma forma dá-se a construção do próprio sujeito, sua identidade e visão de mundo.

As pessoas só se aproximam do que gostam. Só gostam do que é receptível. Aprende-se aquilo que tem significado, é próximo e há disposição para conhecer — interação entre sujeito e objeto do conhe-cimento aliado a interação entre os sujeitos do processo ensino-aprendizagem.

No processo educativo, quando há amor e cuidado com o que se faz, há uma qualidade no fazer que supera quaisquer metodologias já testadas.

MIRIAN OLIVEIRA MACHADODiretora da Escola Estadual Santa Rita

de Cássia

A aprendizagem nocontexto das relações

palavra de mestre

Alfabetizador-coordenador: Adelane Ma-cedo, de Itabuna, atuou com 16 turmas e 207 alfabetizandos, inclusive os do Conjunto Pe-nal, local onde quase ninguém se propôs a atuar. Segundo Adelane, a vontade de ajudar o próximo a motivou: “Queria contribuir para a reinserção deles à sociedade através do Topa”, disse a professora.

“Comecei a ter consciência

do meu papel como cidadão

brasileiro. Isto é o começo, pre-

tendo alcançar muito mais”,

Luiz Cerqueira - orador da

Turma 2007 do Topa

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Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia

a sec em cada município

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Uma Diretoria Regional de Educa-ção (Direc) mais próxima da comunidade produz melhores resultados. É apostando nesta filosofia que a Direc-7, em Itabuna, criou o Projeto Fale com a Direc, uma es-pécie de órgão itinerante que vai até a uni-dade escolar ouvir professores, estudantes, gestores e pessoal administrativo, além de autoridades locais e representantes de enti-dades civis organizadas.

O Projeto foi a forma que a diretoria encontrou para estabelecer um momento de prestação de contas à sociedade, além de cumprir com uma de suas metas, que é di-minuir as distâncias e garantir uma aproxima-ção maior com as unidades escolares.

O Fale com a Direc se caracteriza como uma audiência pública, pois é apresentado um diagnóstico da situação encontrada nas 63 unidades da circunscrição da Regional, bem como das intervenções e dos trabalhos desenvolvidos.

Direc fortalecem relação com as escolasJuazeiro

A Direc-15 também constatou a eficácia do trabalho in loco e mensalmente, através do Projeto A Direc é a Escola, percorre municípios de sua jurisdição, além da sede da diretoria. Participam das visitas funcionários das áreas pedagógica e administrativa. “Os municípios têm sido bastante receptivos e estão muito satisfeitos por terem a Direc mais próxima deles”, conta o diretor regional, Flamber Pi-nheiro.

O trabalho itinerante aproxima a equipe da Direc da realidade da educação nos mu-nicípios, e assim diagnostica as necessidades da escola e ajuda a planejar as ações.

A 350 km de Juazeiro, os gestores de Campo Alegre de Lourdes tinham de enfrentar 6 horas de estrada para levar suas demandas à diretoria. As dificuldades eram ainda maio-res pelo fato de eles só contarem com trans-porte para Juazeiro uma vez por semana. Com o Projeto A Direc é a Escola a dificuldade está superada.

Itabuna

As Direc de Itabuna e Juazeiro criaram um canal de comunicação para se

aproximar da comunidade escolar e de representações

municipais.

A formação continuada de educa-dores para multiplicação de informações em defesa do meio ambiente é uma das preocu-pações da Direc-6, em Ilhéus. Como este foco, a diretoria promoveu, em parceria com a ONG Care Brasil, a 1ª Oficina para Formação de Edu-cadores Ambientais. A atividade foi voltada para professores das redes estadual e munici-pal, educadores do Topa - Todos pela Alfabe-tização e integrantes do MST na região.

Para o diretor da Direc-6, Ednei Men-donça, a perspectiva da multiplicação de co-nhecimentos ambientais consolida o trabalho coletivo de defesa da educação e da vida. Já o coordenador regional da Care Brasil, Marco Rodrigues, destacou que a intervenção da Di-rec-6 facilitou o estreitamento de laços entre a entidade e as secretarias municipais de Edu-cação, no sul da Bahia.

Realizada em todo o país, a oficina con-ta com uma equipe de 51 especialistas da Uni-versidade Estadual da Campinas (Unicamp) que trabalham com projetos aplicados ou in-terdisciplinares na área.

Formação deeducadores ambientais

As Direc são equipadas paramelhorar atuação nas escolas

Mantendo o compromisso de dar maior autonomia e condições de trabalho aos profissionais das 33 Direc, a Secretaria entregou, no final no mês de abril, veículos e equipamentos a cada uma. Foram investidos R$ 3,617 milhões, visando garantir trabalho mais constante e qualificado das administra-ções regionais nas escolas.

O kit foi composto por uma caminho-nete Ford Ranger, condicionadores de ar, fornos microondas, impressoras, aparelhos de fax, máquinas digitais e computadores. A ação integra a política da SEC de reestrutura-ção das diretorias regionais no intuito de que elas percam o papel meramente burocrático para atuarem de forma mais incisiva nas es-colas.

A nova política inclui ainda a descen-tralização dos recursos financeiros, visando, assim, proporcionar maior autonomia às di-retorias regionais. Para isso, elas deverão elaborar um planejamento financeiro trimes-tral. A idéia é promover uma gestão descen-tralizada, em rede, e com efetividade social.

A facilidade para a movimentação das equipes das Direc e a conseqüente maior rapidez no cumprimento das tarefas foram dois pontos ressaltados por Clóvis Santos, diretor regional em Santo Antônio de Jesus (Direc-4). “Além disso, os novos veículos permitem o transporte de materiais para as escolas, o que era mais complicado realizar com os carros menores”, enfatizou.

Claudionor Jr.

Divulgação

kits com equipamentos e carros entregues às 33 Direc

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Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia 07

Visando promover a discussão entre ges-tores sobre temas cotidianos das unidades de ensino, a Direc-17, em Piritiba, está realizando bimestralmente o Fórum de Discussão Perma-nente de Gestores. O último encontro aconte-ceu no dia 31 de julho, no Pólo da Universidade Aberta do Brasil, no mesmo município. As ati-vidades tiveram início em maio e contaram com a participação das equipes gestoras de todas as unidades escolares pertencentes à Direc.

No dia 31 de julho, foram discutidas as eleições diretas para dirigente escolar, a di-mensão legislativa educacional, os documen-tos legais que afetam o cotidiano da escola, os índices educacionais e os recursos financeiros.

A diretora da Direc-17, Juscimeire Pam-ponet, destaca que o projeto tem a intenção de proporcionar ao gestor participante o desenvolvimento de competências e habi-

Fórum promove diálogo entre gestoreslidades necessárias ao fortalecimento de sua ação nas dimensões pedagógica, administra-tiva, financeira e política, com o foco no aluno e na aprendizagem.

A idéia do Fórum é contribuir para supe-ração da cultura de centralização, passando para a construção da gestão democrática, em rede, com efetividade social. As deliberações resultarão em um plano de trabalho com as estratégias e ações que serão adotadas nas unidades escolares.

Fórum de Gestores - Está organizado em duas etapas distintas - presencial e a distância - que se complementam, garantindo a continuidade do diálogo e das ações. A fase não-presencial acontece através do fórum on-line, que serve para trocar informações e experiências, reali-zar consultas e orientações e disseminar inicia-tivas bem-sucedidas das unidades escolares.

A Direc-17, em Piritiba, está realizando bimestralmente o Fórum de Discussão Perma-nente de Gestores, visando discutir temas do cotidiano

Para incentivar a leitura entre os estudantes das escolas da rede pública e a comunidade da região de Irecê, a Direc-21 le-vou, no mês de junho, a Biblioteca Móvel da Fundação Pedro Calmon (FPC) para expor seu trabalho nas unidades de ensino da periferia. Entre livros, jornais, brincadeiras, oficinas, vídeos e revistas, os estudantes puderam ter um dia diferente, regado a cultura. A comu-nidade em torno das escolas também pode conhecer a biblioteca e participar de ativi-dades literárias e dinâmicas, acompanhada por professores.

A Biblioteca Móvel visitou os municípios

Biblioteca visita escolas da região de Irecêde Irecê, Lagoa do Tió, Lapão e Aguada Nova. A diretora da Direc-21, Maria da Conceição Araújo, revela que a falta de biblioteca públi-ca nos locais foi o que a motivou a buscar o projeto.

“A idéia foi despertar nos nossos es-tudantes o prazer da leitura, fazer com que tivessem contato com as obras literárias”, conta a diretora. A empolgação dos estu-dantes foi tanta que a diretora já solicitou à Fundação a implantação de uma biblioteca na região.

Biblioteca Móvel - Trata-se de um projeto

da Fundação Pedro Calmon, que visa levar informação e cultura às comunidades, além de estimular a criação de uma biblioteca ou, mesmo, de uma sala de leitura, em comu-nidades periféricas onde todos possam ter acesso. O projeto atende aos leitores de duas maneiras: através dos carros-bibliotecas e das caixas-estantes. As caixas-estantes são “mini-bibliotecas” instaladas em escolas, creches, presídios, abrigos de idosos e associações de bairro, sem custo para as instituições. São caixambulantes, que levam até 800 exem-plares a cada comunidade e podem atender a 25 locais diferentes ao mesmo tempo.

A Direc-21 levou, no mês de junho, a Biblioteca Móvel

da Fundação Pedro Calmon (FPC) para expor seu traba-lho nas unidades de ensino

da periferia.

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Divulgação

Biblioteca Móvel inspira leitura na população baiana

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Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia 08

capa

O 1º Festival Anual da Canção Es-tudantil (Face) vem causando uma verdadei-ra revolução de ritmos e sons nas escolas da rede estadual. Mil e três unidades escolares

Face classifica mais de 3 mil canções

Clau

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“Pedi que ela olhasse minha música, ver se ficou boa, fazer sugestões, ajus-

tes”, Aissa Couto

fizeram seus minifestivais e cada uma elegeu três canções, que as representarão nos festi-vais regionais, realizados de 8 a 22 de agosto nas 33 cidades-sede das Diretorias Regionais

de Educação (Direc). Dedicação, ensaios exaustivos e orga-

nização de torcidas são algumas das ações que os estudantes estão realizando nas es-colas. Das mais de 3 mil canções, que partici-pam dos festivais regionais, apenas 15 foram classificadas para a etapa final, que acontece em 26 de setembro, em Salvador. “Vimos, na prática, como um Festival igual ao Face pode motivar e estimular nossos alunos. Este é mais um projeto de sucesso”, afirmou a dire-tora do Colégio Estadual Sete de Setembro, em Paripe, Marta da Silva.

Após a primeira fase, foi observada uma mudança substancial no relacionamento en-tre as escolas, os alunos e as unidades esco-lares com as Direc e a Secretaria da Educação. “Esta é a primeira vez que ouvimos falar que alunos estão ligando para os técnicos da se-cretaria que estão envolvidos no Festival para tirar dúvidas e trabalhar em conjunto”, obser-va a coordenadora de Projetos Intersetoriais da SEC, Maria Ivanilde.

As relações entre professor e aluno também foram estreitadas. O estímulo dos colegas e dos professores levou a estudante Jéssica Gomes, aluna da 8ª série do Colégio Germano Machado Neto, em Marechal Ron-don, a acreditar em seu potencial e participar do Festival.

Classificada para a segunda etapa com a música romântica “O Tempo se Esgota”, ela elogiou o projeto. “Achei a iniciativa legal, porque muitos alunos se interessaram e pas-samos a gostar de música. Os que ficavam vagando pelos corredores passaram a trazer violão e houve alguns os que não sabiam apre-nderam a tocar”. Ela explicou que a participa-ção nas oficinas preparatórias para o Face foi importante, “pois foi a partir daí que fluíram as idéias”.

Aissa Couto (E) participou da 1a etapa do Face. Ila Terana (D) apoiou a irmã na composição da música

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Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia

@

Página no OrkutA repercussão do 1º Festival Anual da Canção Estudantil (Face) motivou a comunidade escolar da Direc-32 de Amargosa a criar uma página no Or-kut para divulgar e trocar informa-ções. Na página do site Orkut já estão disponíveis vídeos, slides e referên-cias de sites sobre festivais.

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Aproximaçãoescola-comunidade

Com os minifestivais houve ainda, princi-palmente nas cidades do interior, a aproxima-ção entre a escola e a população. Em muitas escolas, a escolha das músicas era realizada depois das apresentações nas praças da ci-dade. Foi com esse clima de integração com a comunidade que o Colégio Estadual Normal de Pintadas apresentou 12 músicas candidatas no Centro de Cultura Popular Tacho de Arte, com a participação de professores e pais de alunos.

Em Ribeira do Pombal, a mobilização foi tão motivadora que os shows de calouros res-surgiram e passaram a fazer parte do crono-grama de festas da cidade. A idéia do Face é introduzir mais ênfase à ludicidade nas esco-las, para que elas traduzam e incorporem as características juvenis. O Festival é, também, uma oportunidade para promover a integra-ção social dentro e entre as escolas da rede, além de contribuir para o regaste da auto-es-tima de pais e alunos.

A realização do Festival representou tam-bém um aprendizado para a equipe da Supe-rintendência da Educação de Básica (Sudeb) envolvida no projeto. “Não havia essa cultura de realizar projetos desse tipo que integras-sem tantas escolas. Estamos falando de mais mil escolas representadas, quando antes os projetos costumavam abranger cerca de 60 unidades, comparou Ivanilde.

A final do Face será no dia 26 de setem-bro, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, na capital baiana.

Claudionor Jr.

CapacitaçãoPara que tudo funcionasse bem, foram capacitados três professores e um coordenador pedagógico em cada uma das 33 Direc. A capacitação inclui desde discussões sobre estilo, gosto, letra, melodia e rit-mos musicais, à produção textual e à diversidade poética. Por meio da realização do Festival nas es-colas busca-se caracterizar a música como um es-paço do saber.

Professores são capa-citados para o Face

Claudionor Jr.

Divulgaç

ão

Alunos se preparam para a etapa final do Face

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Nossa Escola - BolEtim iNformativo da sEcrEtaria da Educação do Estado da Bahia10

minha escola

Estudantes do Colégio Estadual Al-berto Santos Dumont estão decorando as paredes da escola com imagens em mosaico (embutido de pequenas pedras de vidro, már-more ou cerâmica, em formato de desenho). O trabalho é uma ação da escola, em parceria com a comunidade, impulsionado pelo pro-jeto Revitalização das Escolas.

O Projeto pedagógico-interdisciplinar, intitulado Minha Escola, Meu Espaço, Meu Ambiente, leva às salas de aula a problemática do espaço físico escolar, estimulando os es-tudantes a criarem opções de melhoria para a infra-estrutura do ambiente. O projeto já apresenta resultados visíveis. “Os estudantes já não picham mais os muros da escola. Eles estão preservando mais o ambiente escolar”,

Comunidade leva mosaico ao Santos Dumont

afirma a diretora do colégio, Alzerina Maria. Na primeira fase da revitalização, a esco-

la fez um mutirão de limpeza com a participa-ção da comunidade, estudantes, professores e funcionários, que ajudaram a pintar as pare-des do colégio. Também foram reformadas duas salas de aula, que estavam desativadas, e banheiros.

“A escola estava totalmente destruída, agora o ambiente está mais bonito”, comemo-ra a estudante do 1º ano Adrielle Ferreira. “An-tes, a gente não se sentia muito animada para vir à escola, agora é diferente”, diz o estudante Manoel Pereira.

“Eu tenho 34 anos na escola e posso afirmar que o projeto deu uma guinada. Após a implantação desse iniciativa a escola está

muito melhor. Os estudantes têm respeitado mais os professores e se interessado mais pelos estudos”, destaca a professora de Geo-grafia, Maria Lúcia.

Técnica - O mosaico é desenvolvido pelo ar-tista plástico Adalto José, voluntário no pro-jeto. O professor, como é chamado pelos alunos, percebeu o interesse dos estudantes e resolveu repassar a arte. “Estou aqui para ensinar o que aprendi a vida toda”, diz.

Os alunos fizeram, primeiro, o trabalho em paredes menores. Agora, estão traba-lhando num grande painel. Toda a escola deve ficar pronta até o final do ano, quando também deverão ser decorados as mesas do pátio e o muro da entrada, com a foto de Al-berto Santos Dumont.

Para definir os desenhos que serão apli-cados, os alunos cursistas se reúnem com o professor e apresentam a proposta à direção da escola. As gravuras são desenhadas pelo estudante do 1º ano, Manoel Pereira. “Com o mosaico estou aperfeiçoando o desenho, além de aprender uma nova arte”, afirma.

Revitalização das escolas - O objetivo do Pro-jeto é assegurar às escolas condições estru-turais e pedagógicas para a permanência dos alunos, possibilitando-lhes uma aprendiza-gem efetivamente significativa. Além disso, a ação pretende articular escola, família e co-munidade, tornando os gestores, professores e representantes comunitários protagonistas no processo educacional.

As experiências de duas escolas da rede estadual baiana na área de ciências foram premiadas no III Prêmio Ciências no Ensino Médio, que reconheceu seu sucesso nas categorias nacional, regional e estadual. Trata-se do Colégio Maria Dagmar Miranda, de Riachão do Jacuípe, e do Colégio Petroní-lio da Silva, de Pindaí. Eles receberão, respec-tivamente, R$ 40 mil e R$ 25 mil.

O concurso visa estimular as práticas de investigação científica nas escolas que ofertam o ensino médio. Ao todo, foram premiadas 39 escolas, sendo 27 na categoria estadual, dez na regional e duas no âmbito nacional.

O Colégio Petronílio da Silva conquis-tou um dos dois prêmios concedidos à região Nordeste, com o Projeto Experimentos de Ciências por Meio de Materiais de Baixo Custo com Melhorias de Ensino, desenvolvido com as turmas de 2º e 3º ano. O Projeto consta da fabricação de um termômetro de água, onde os estudantes puderam aplicar a teoria da di-latação de gases e líquido.

Já o Colégio Maria Dagmar ficou com a premiação estadual, com o Projeto Interdis-ciplinar Água, Preservar para Viver, que foi trabalhado com estudantes do 1º ano o mi-crogotejamento em horta. O Projeto nasceu

de uma proposta mais ampla da escola, de incluir a educação ambiental no currículo es-colar. Com o prêmio, eles pretendem investir em um laboratório de ciências, no intuito de tornar as aulas ainda mais dinâmicas e atrair o interesse do alunado.

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DivulgaçãoExperiências científicas premiadas

Exposição do Colégio Estadual Maria Dagmar Miranda, do município de Riachão do Jacuípe

Estudantes ajudam a deixar escola mais bonita com painel de mosaico

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O Ministério da Educação, em par-ceria com o Ministério da Saúde, irá fornecer 400 máquinas de distribuição de camisinha nas escolas do país, até o início de 2009.

Para o Colégio Estadual Duque de Ca-xias, onde o tema educação sexual já é traba-lhado há 10 anos, a medida só vem contribuir com o trabalho realizado na unidade. Lá, a conversa sobre sexualidade há muito tempo já deixou de ser segredada entre amigos para virar assunto do currículo pedagógico e ser trabalhada interdisciplinarmente.

Educação sexual no Duque de Caxias O tema tem tanto destaque que o colé-

gio dedicou uma sala a ele, o cantinho da sexualidade. As ações integram o Projeto Sexualidade Humana, que já distribui preser-vativos aos alunos nas segundas, quartas e sextas-feiras.

Na sala, cartazes informativos e qua-dros pintados pelos próprios alunos evocam a temática. “Aqui é o cantinho onde eles buscam informações, tiram dúvidas e tam-bém onde pegam o preservativo”, informa a coordenadora do projeto, a professora de

Os estudantes fazem trab-alhos artísticos, revista em qua-drinho e vídeos sobre sexualida-de e, agora, preparam-se para montar um grupo de teatro com foco na temática.

Mãe de alunos e também estudante do 3º ano do colégio, Raquel Lima diz que é extrema-mente importante a escola se

Sexo com responsabilidade

Matemática, Lícia Maria dos Santos Rosa. As camisinhas são doadas ao colégio pelo

3º Centro de Saúde da Liberdade e também pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). A proposta é, através da educação sexual, reduzir a vulnera-bilidade às Doenças Se-xualmente Transmis-síveis (DST), gravidez indesejada e a Aids.

No início do ano, é aplicado um ques-tionário para levantar as principais dúvidas dos cerca de 3.600 alunos da unidade e, a partir daí, elas são trabalhadas ao longo do ano letivo.

envolver nesse projeto, ajudan-do pais e alunos a se prevenirem contra as doenças e até mesmo contra uma gravidez indesejada.

“Tem muitos pais que não têm condições de ensinar e ficam com vergonha. O projeto ajuda a prevenir a gravidez precoce e também as doenças venéreas”, considera.

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) entregou, no dia 11 de julho, o Colégio Estadual de Pau da Lima reforma-do à comunidade. Reivindicação antiga dos moradores, estudantes e corpo docente, a entrega foi marcada pela apresentação da cantora e professora de artes da unidade, Maristela Vidal.

Pais, alunos e professores demons-traram satisfação e puderam ver de perto as melhorias. A escola passou a contar com sala de informática e área de lazer, além da aquisição de dez computadores e ar condi-cionado para todas as salas.

As alunas Juliana Gomes e Gabriela Milena, ambas da 6ª série, recitaram poemas que abordaram a importância da escola, en-quanto construtora do futuro e do valor em se fazer as coisas com amor para que tudo dê certo. Já a professora de Língua Portuguesa, Iracema Rosa, fez um apelo para que a co-munidade ajude na formação dos alunos. “A

escola trabalha para os filhos de vocês, mas precisamos que eles sejam mais exigentes e cobrem de nós para fazermos da escola um lugar, realmente, de aprendizado”, declarou Iracema aos pais presentes.

Os pais dos alunos destacaram que a reforma não só foi proveitosa do ponto de vista da estrutura, mas também para estimu-lar o estudo de seus filhos.

A reforma já resultou em estímulo. Pro-va disso foi o novo fardamento dos alunos, apresentado pela diretora, para que a reto-mada nas aulas representem mudanças na própria escola.

Para encerrar, a solenidade contou com a leitura de uma carta de agradecimento à secretaria em nome dos alunos, representa-dos pela estudante Letícia Dias.

O colégio hoje conta com 14 salas, 1.538 alunos dos ensinos fundamental e médio, nos três turnos, além de cerca de 60 profes-sores.

Pau da Lima recebe colégio reformadoantes

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Fotos: Claudionor Jr.

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Professora explica a utilização de métodos contraceptivos

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O diretor do Colégio Estadual Manoel Novaes, do município de Curaçá, Paulo Cezar Torres, é um desses exemplos que mostram valer a pena investir no sonho de uma educa-ção melhor. O mais recente feito do diretor foi trazer os 14 melhores alunos, dos ensinos médio e fundamental, nos quesitos freqüên-cia e desempenho, para conhecer Salvador, visitar seus pontos turísticos e conhecer a

Secretaria Estadual da Educação (SEC).Em Salvador, os estudantes, que aguar-

davam apenas ficar deslumbrados com as belezas naturais e históricas da capital baiana, ganharam mais um prêmio pelos esforços re-alizados durante o ano letivo de 2007. “Nós jamais poderíamos imaginar que seríamos recebidos pelo secretário da Educação. Os alunos ficaram muito encantados com a sur-

Diretor usa a criatividade para motivar freqüênciapresa, muito felizes”, contou Paulo Cezar, já de volta à cidade de Curaçá, após os três dias de passeios pela capital baiana no mês de fe-vereiro.

A realização de toda essa jornada não foi nada fácil, e o sucesso se deu pela capaci-dade de congregar do diretor. Havia o desafio de como bancar toda a despesa da viagem: hospedagem, alimentação e deslocamento.

Criatividade – Para a alimentação, o diretor recorreu ao famoso e sempre indispensável “patrocínio”. Os pais custearam a alimen-tação da turma. Resolvido o problema da comida, ele foi aos comerciantes da cidade e conseguiu angariar fundos para o desloca-mento até Salvador, em seus percursos de ida e volta. O local para ficar em Salvador foi o apartamento da irmã de Paulo Cezar.

E o resultado disso na escola? Desde que foi estabelecido esse prêmio aos que se des-tacassem por desempenho de notas e por freqüência, foi notória a melhora do desem-penho e do interesse dos estudantes pelas aulas. “Ainda não temos dados comparativos, mas posso afirmar que os alunos tiveram no-tas muito melhores, a partir do momento em que fizemos entre eles esta disputa sadia”, comentou o diretor Paulo Cezar.

s o l e t r a ndo

eu, aluno!

Vanessa Teixeira, 13 anos, estudante da 7ª série do Instituto de Educação Anísio Teixeira, em Caetité, é um exemplo de deter-minação. Com uma rotina de sete horas de estudos, a jovem representou a Bahia no Pro-grama Soletrando, da Rede Globo, chegando à semifinal. Ela venceu a representante do Rio Grande do Sul e travou uma grande disputa com a representante de Pernambuco. Antes, participou de uma disputa interna no colégio e outra estadual.

A proposta de participar do Programa partiu do diretor Fabiano Cotrim, que fez a inscrição do colégio. Convocada, a estudante, que sempre apresentou bons desempenhos, aceitou na hora o desafio. “Foi muito interes-sante, além de incentivar os estudos, aprendi novas palavras e regras gramaticais”, conta Vanessa. Para o diretor do Instituto de Educa-

Estudante classificada para a semifinal do Soletrandoção Anísio Teixeira, Fabiano Cotrim, o exem-plo de Vanessa é um incentivo para os dois mil alunos do colégio.

Filha de uma dona-de-casa e um retifica-dor de motores, que não chegaram a concluir o segundo grau, a estudante revela que o aprendizado com a disputa vai ajudar a con-quistar um outro sonho: cursar Medicina ou Odontologia. Vanessa aconselha os colegas a terem força de vontade para continuarem lutando pelos sonhos. “Os professores fazem

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Fotos: Divulgação

a parte dele e nós devemos fazer a nossa”, avalia a estudante.

Vanessa Teixeira participou do Soletrando

Paulo Cezar, diretor do Colégio Estadual Manoel Novaes, em Curaçá, e seus alunos em visita a Salvador

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panorama sec

Canal da CidadaniaA Ouvidoria representa mais um instru-mento importante para o exercício do controle social e também um veículo para que o cidadão possa efetivamente partici-par da fiscalização da gestão, através de elogios, solicitações, reclamações, denún-cias, agradecimentos, entre outros. É mais um canal de comunicação entre a SEC e o cidadão. Você pode acionar a Ouvidoria pelo e-mail: [email protected] ou pelos telefones: 0800 028 400 11 ou (71) 3115- 8928 / 9067 / 8909 / 9068.

O Governo do Estado assegurou R$ 27 mi-lhões em seu orçamento para o transporte escolar, o que representa um investimen-to de quase R$ 10 mi-lhões a mais do que o valor gasto ano passado, e três vezes maior que a quantia destinada em 2006. Outra novidade foi a criação de uma por-taria que fixa condições e critérios de dis-tribuição dos recursos de acordo com a extensão territorial dos municípios. Os valores variam de R$ 0,80 a R$ 1,20/dia, por aluno do ensino médio. Antes, a distri-buição era baseada na tabela do Programa Nacional de Transporte Escolar (Pnate) e o repasse variava de R$ 0,42 a R$ 0,50/dia por aluno do ensino médio. Ano passado, foram destinados R$ 17 milhões do orçamento a 256 municípios conveniados.

Repasse de transporteescolar dobra em 2008

O Governo do Estado oficializou a implementação da Lei Federal 11.645/08, que determina o ensino da História e Cul-tura Afro-brasileira e Indígena nas escolas da rede estadual. Sancionada este ano pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, a Lei, a partir de agora, passa a fazer parte também

Implantação da lei 11.645

CURTAS - CURTAS - CURTAS

Fórum IndígenaNos dias 3 e 4 de junho foi realizado, no município de Banzaê, o Fórum Estadual de Educação Indígena, instância priori-tária de interlocução entre os povos in-dígenas e SEC, na construção coletiva da política pública para as 12 etnias que exis-tem na Bahia.O fórum deliberou sobre assuntos como formação continuada de professores, sistema de cotas, criação da categoria professor indígena, entre outros.

Nos dias 23 e 25 de julho, foi rea-lizado o Seminário Educação e Convivên-cia no Campo: Avanços e Desafios para o Semi-árido Baiano. O evento é resultante do convênio de cooperação firmado entre o Governo do Estado e o UNICEF que dentre outros pontos, busca universalizar o acesso de meninos e meninas de 6 a 14 anos ao en-sino fundamental.

O Seminário promovido em parceria com a Rede de Educação do Semi-árido Brasileiro (RESAB) e o UNICEF foi mais um espaço de debate e troca de saberes rumo à consolida-

Educação no Semi-árido

O Sistema de Avaliação Baiano da Educação (SABE) busca o desenvolvimento de uma cultura de avaliação nas unidades escolares, com vistas ao planejamento de políticas públicas, tomando com referência o resultado das avaliações externas do desem-penho dos estudantes e a auto-avaliação das unidades escolares. Nesse contexto estão os projetos AVALIE, Círculos de Avaliação e Aval-iação Institucional.

AVALIE - ação pioneira que se constitui da aplicação em séries de três anos consecuti-vos avaliando, em cada ano, estudantes de uma série das escolas estaduais de Ensino

Médio (2008 – 1ª série; 2009 – 2ª série; 2010 – 3ª série). O projeto avaliará o rendimento dos alunos para a construção de ações que garantam a permanência e a aprendizagem dos estudantes numa escola de qualidade. A primeira avaliação está prevista para novem-bro e, em sua fase inicial, atingirá 226 escolas da rede estadual de 187 municípios baianos, alcançando o universo de 70 mil alunos.

Círculos de Avaliação – uma parceria entre Estado e municípios, que objetiva fortalecer os processos educativos, desenvolvendo uma cultura de avaliação, como fundamento para o planejamento do trabalho pedagógico, aprendizagem e gestão escolar. Desde abril, estão sendo formadas equipes para atender a 72 escolas estaduais na área das DIREC de Paulo Afonso, Ribeira do Pombal e Itapet-inga. Até 2010, o projeto deve chegar aos de-mais municípios baianos.

Avaliação Institucional - será implementada a partir de 2009, quando já estarão em exercí-cio os dirigentes escolares eleitos.

SEC lança o Sistema deAvaliação Baiano da Educação

da política governamental da Bahia. Também foi institucionalizada, pela

Secretaria da Educação, a Coordenação de Políticas Educacionais de Diversidade, Étni-co-racial de Gênero e Sexualidade, que, jun-tamente com a Coordenação Indígena, vai fortalecer a implementação da Lei.

ção de uma proposta político-pedagógica de educação para o Semi-árido.

Claudionor Jr.

Estudante encanta público recitando poesia

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Mares Guiapelo direito à educaçãoNE - Qual o impacto de uma boa gestão no pro-cesso ensino-aprendizagem?JBMG - O impacto de uma boa gestão tende a ser muito poderoso e eventualmente deter-minante quando a gestão entende com muita clareza quais são os seus papéis fundamentais. O primeiro papel é muito bem demonstrado por uma pesquisa recente internacional, bus-cando comparar por que os países que estão no topo na Pesquisa Internacional de Avaliação do Estudante (Pisa) continuam no topo e cada vez melhoram mais seus desempenhos, en-quanto há um grupo de intermediários que está se distanciando dos que estão no topo e outro grupo, de países abaixo dos intermediários, que segue a mesma tendência. Por que os que estão no topo estão melhorando? Em primeiro lugar, os sistemas de ensino e escola têm de fi-car atentos para buscar selecionar os melhores professores e saber mantê-los o tempo inteiro dentro da escola. Isso significa um bom projeto pedagógico, um bom alinhamento de condutas no sentido de cumprir regras contratuais, for-mação contínua dos profissionais da educação, acompanhamento contínuo do que os alunos estão aprendendo para que então você possa, em tempo real, tomar as decisões certas.

NE - Em termos práticos, como deve ser a atua-ção desse gestor?JBMG - A primeira medida é cuidar para que se tenha uma equipe bem qualificada e, tanto quanto possível, estável, que permaneça tra-balhando junto na mesma escola por um lon-go período de tempo. Eu sei que isso no caso

brasileiro é muito complicado porque nós te-mos ainda carência absoluta em números de professores, especialmente no ensino médio. Dado isso, como selecionar os melhores se os professores que temos são os que temos. Se os que temos são esses, então eles são os melhores. Então temos que criar um am-biente e condições para que eles se tornem cada vez melhores. Isso é mais difícil no Bra-sil, mas é um aspecto importante. Segundo, a boa gestão monitora processos, não trabalha somente com metas focando resultados, mas sabe como fazer para que, no dia-a-dia da es-cola, seja feito aquilo que é certo, que tende a dar certo, que é acompanhado, monitorado para que realmente o processo de construção de uma cultura, que leva o ambiente a ser um ambiente de aprendizagem, possa, ao final de cada ano, culminar com bons resultados dos alunos, com efetiva aprendizagem, que não é uma variável mágica que acontece na termi-nalidade do ano letivo.

NE - Quando intervir? JBMG - Todo dia é dia de transformar a escola em ambiente de aprendizagem. É preciso inter-vir em tempo real a cada momento quando se percebe que o professor está planejando mal, está dando aulas inadequadas, que os alunos não estão aprendendo ou que temos alunos com dificuldades de aprendizagem em tal disci-plina ou determinado tópico do programa cur-ricular, daí a importância de se valorizar cada vez mais não apenas os resultados finais, mas principalmente os resultados iniciais e inter-

mediários do processo. A gestão tem que acom-panhar o bimestre, o professor na sala de aula tem que acompanhar o aluno dia-a-dia, semana a semana. A gestão tem que estar preparada para intervir em tempo real sempre e quando professor e aluno demonstrem baixos desem-penhos, para que não deixem o problema acu-mular, porque quando o problema acumula ele se transforma em um outro problema.

NE - O que a sociedade espera da escola?JBMG - A sociedade espera de nós, que orga-nizemos a escola como ambiente de aprendiza-gem, uma cultura florescente que nasça da es-cola, mas que os alunos aprendam. Não haverá cidadania se o aluno não tiver a capacidade de pensamento lógico matemático; se o aluno não tiver domínio razoável da linguagem para inter-pretar o mundo a partir da interpretação da es-crita e dos signos. Isso também é cidadania.

NE - O senhor é a favor que a educação traba-lhe com metas?JBMG - O ministro Fernando Haddad, que é um excelente ministro, enfatiza, com toda a razão, quando lança o Plano de Desenvolvi-mento da Educação (PDE), que nós temos que trabalhar com metas, e o Índice de De-senvolvimento da Educação Básica (Ideb) não é outra coisa senão um enunciado sintético disso que estou dizendo aqui, trabalhar com metas. E, entre outras coisas, na democracia, transparência e prestação de contas é dever democrático e republicano primário. É por isso que nós também trabalhamos com me-

Bate papo

Falar de João Batista Mares Guia é como apresentar um gênio polí-grafo das diversas vertentes culturais da vida brasileira. Sociólogo

por formação e educador por competência, Mares Guia atende hoje às secretarias de Educação de todo o país, o que faz como consul-

tor em Educação do Banco Mundial. E atua também como consultor de Patrimônio Histórico e Museus da Fundação Roberto Marinho.

Nesta entrevista ao NOSSA ESCOLA, ele fala de educação no país e sobre situações peculiares no quadro educacional baiano.

Claudionor Jr.

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tas, com processos, organizando uma cultura com participação, com protagonismo dos agentes. Esse compromisso então não deve ser só da secretaria, mas de toda a comuni-dade escolar, fundamentalmente, porque os alunos, os professores, os gestores, todos estão na escola. A sala de aula e o processo ensino-aprendizagem acontecem na escola, não na secretaria. Se alguém tem que gravi-tar ao redor, é a secretaria, que tem que dar a órbita, a direção aos planetas-escolas, com autonomia relativa razoável. Mas autonomia relativa implica lealdade republicana, um ali-nhamento em torno de requisitos legais, de valores fundamentais, de normas organiza-cionais e também de idéias e procedimentos pe-dagógicos fundamentais como o que nós estamos aqui discutindo, propondo às esco-las que é na linha de um pacto, de termos um compromisso de gestão.

NE - E como seria esse compromisso de ges-tão?JBMG - Esse compromisso de gestão é, além da base de um enunciado fundamental de metas do sistema de ensino como um todo, também as metas da escola. Isto para ser alcançado im-plica que a escola eleja seus caminhos do ponto de vista do processo, da organização, de sua cultura pedagógica, e que ela esteja compro-metida em atingir aquelas metas.

NE - Como o senhor vê a importância de trazer a comunidade para dentro da escola, no sen-tido de fortalecer e tornar mais eficiente a gestão escolar?JBMG - Se isso já era importante antes, hoje, mais do que nunca, é essencial. Primeiro, há evidências suficientes em pesquisas empíricas que mostram que uma das variáveis causais que explicam o melhor desempenho de esco-las e sistemas de ensino mais bem-sucedidos é a participação da comunidade, o envolvimento das famílias. Esse é o dado empírico. Agora, va-mos a um argumento mais substantivo. Nós es-tamos em uma fase intensa transição no que é chamado hoje de pós-modernidade, que expõe crianças e juventude fundamentalmente ao Es-tado e ao mercado como as grandes referên-cias sociais de formação de valores, orientação de condutas e formação de expectativas. Se você acrescenta isso ao ingrediente de pobre-za, de sofrimento humano, de desintegração de famílias, de muitas crianças que estão nas esco-las e que não sabem quem é seu pai, que vivem com os avós, porque não sabem quem é sua

mãe ou se sabem a mãe não se envolve. Então, se tem essa tragédia da vida cotidiana em am-biente de pobreza e de muita desigualdade. Se o Estado não é tudo e falha, se o mercado não é tudo e falha porque é impulsionado pelo ins-tinto possessivo, se a sociedade é fragilizada e se a família falha, a escola passa a ser essencial. A escola é movida por seres humanos. Os professores são seres humanos e antes disso são também membros de famílias e chefes de famílias ou pais de família. Então, a escola hoje, neste sentido, está muito exigida, muito foca-lizada e muito fragilizada e por isso nós temos de fortalecê-la, e fortalecê-la é organizá-la como ambiente de aprendizagem. É por isso que nós temos de fazer um giro aqui na Bahia. É muito importante a decisão do Governo do Estado de criar um novo padrão de gestão, que fortaleça o aspecto meritocrático da qualidade dos ges-tores, mas também o aspecto de sua liderança junto à comunidade, aferida através de voto.

NE - Então a eleição direta para diretor pode ser a solução?JBMG - Mesmo que façamos isso, nossos di-retores de escola não são santos, mártires ou heróis. São seres humanos com grandes vir-tudes, mas também com limitações. Escola tem que ter equipe gestora e equipe gestora tem que ter diretor, coordenador pedagógico, gerentes administrativo, financeiro e patrimonial e de pessoal em tempo integral, para que eles deso-nerem o diretor do seu envolvimento cotidiano e predominante com os aspectos gerenciais e administrativos, para que esse diretor possa se concentrar mais na dimensão pedagógica de seu trabalho de gestão da escola. Então, isso é urgente e é preciso que o façamos.

Eu estou muito esperançoso com o que vem acontecendo na Bahia, agora levando em con-ta, com as cautelas devidas, que nós ainda es-tamos no primeiro momento de quatro anos da construção institucional para preparar a transição. Nessa construção temos aspectos essenciais, como esse da nova estrutura de gestão e escolha de dirigentes, ao que se as-socia a formação continuada desses dirigentes das equipes gestoras, ao que se associa o acom-panhamento das escolas através das Direc e o fortalecimento institucional das Direc, para que elas tenham condições de freqüentar as esco-las todos os meses, tomar o pulso, saber o que se passa e praticar solidariedade em tempo real junto das escolas. Tudo isso está em processo.

NE- E quais outros elementos são fundamen-tais nesse processo?JBMG - Uma segunda coisa muito importante é a construção de um sistema estadual de ava-liação, cuja primeira avaliação ocorrerá ainda este ano. Um terceiro elemento, que é funda-mental, que é o tripé, é a formação continuada de professores. Temos que fazer formação continuada, então não podemos dispersar es-forços. Nós ainda estamos num momento de construção institucional. Quando essa fase ter-mina, a consolidação vem a partir do momen-to em que você passa a ter condições de dedi-car-se completamente às escolas. Na verdade, a gente está tentando fazer as duas coisas ao mesmo tempo. A Bahia ainda tem problemas de universalização da demanda, o governo tem feito um esforço enorme para ampliar, com muita coragem, a educação profissional, porque o custo é alto. E esse é um direito sub-jetivo, hoje, da juventude. Um outro esforço enorme é no sentido de am-pliar a oferta de ensino médio regular nos ambi-entes rurais, em meio a um quadro de carência de professores. Isso parece paradoxal, amplia-se a oferta, mas tem escassez de oferta de pro-fessores, para se ter uma idéia da quantidade de problemas dos quais estamos tentando dar conta. E afora isso, há a herança recebida, que realmente foi ruinosa. Na área da educa-ção, eu sou dos tais de valorizar o que é bom, não sou daqueles de dizer: a história começa com o que chega agora. Jamais faria isso. Mas o que nós encontramos na Bahia como he-rança, realmente, é muito desastroso. Então, é um trabalho que é preciso entender que é de longo prazo, mas o longo prazo começa aqui, no curto prazo, no dia-a-dia, mas isso precisa de algum tempo.

opinião

“ A sociedade es-pera que nós organizemos a escola como am-biente de apren-dizagem”.

Mares Guia

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