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FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM CURSO DE TEOLOGIA JAVÉ DE OLIVEIRA SILVA O CONTEXTO PÓS-MODERNO DA LITURGIA ANANINDEUA / PA 2017

O contexto pós moderno da liturgia

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Page 1: O contexto pós moderno da liturgia

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FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM

CURSO DE TEOLOGIA

JAVÉ DE OLIVEIRA SILVA

O CONTEXTO PÓS-MODERNO DA LITURGIA

ANANINDEUA / PA

2017

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JAVÉ DE OLIVEIRA SILVA

O CONTEXTO PÓS-MODERNO DA LITURGIA

Trabalho apresentado a Faculdade

Católica de Belém como requisito

avaliativo da disciplina

Cristologia, orientado pela Prof.

Monsenhor Gabriel Silva.

ANANINDEUA / PA

2017

Page 3: O contexto pós moderno da liturgia

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O Contexto Pós-Moderno da Liturgia

A partir da Fidei et Ration, Dei Verbum, Sacrosanctum Concilium, Verbum Domine

e Sacramentum Caritatis elenque o nosso contexto pós-moderno da liturgia.

A liturgia antecipa no tempo o gozo de participar do banquete eterno que só

nos foi possível conquistar pela encarnação do Verbo, hoje vivemos a alegria que o do

povo do Antigo Testamento sempre esperara participar. Um novo tempo é inaugurado

por Jesus por meio de suas palavras e forma de agir sempre coerentes, perpassando

séculos, e em alguns deles encontrando barreiras por causa da infidelidade de seus

ministros e atualmente pelas influências do secularismo.

Deus nunca abandou o seu povo, sempre se manifestou para mostrar o seu

amor infinito e cheio de misericórdia, mesmo mediante a tantas deslealdades como a

travessia do deserto que é feita de conflitos e sofrimentos, vitórias e alegrias, mas

durante a provação eles sempre acabavam blasfemando contra o Senhor. Porém, o cume

da manifestação está quando o Pai manda seu único Filho com o propósito de se

encarnar e “habitar entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus” 1 “para

reencontrar em plenitude aquele projeto primordial de amor que teve início com a

criação” 2.

Assumindo plenamente sua humanidade, menos com a condição do pecado,

Jesus estabelece a nova aliança doando ao homem a economia da salvação pelo mistério

pascal, logo a ação salvífica perpassa pela Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa

Ascensão, por isso são todos memorados no culto divino atingindo assim sua plenitude3.

A fé no ministério pascal é vivida pela Igreja, ocorrendo assim à atualização deste

sacrifício, ou seja, é Deus agindo na história, uma ação em favor da humanidade, isto é,

ela não está restrita a uma cultura, mas estende-se a todos que desejam dar um novo

sentido à existência, e assim “a encarnação de Jesus Cristo realiza-se na ‘plenitude dos

tempos’ (Gal 4, 4)” por isso “vivemos e antecipamos desde já aquilo que se seguirá ao

fim dos tempos (cf. Hb 1, 2)”.

Por isso, o cristão é chamado a ser no mundo agente de mudança, todavia é

preciso compreender a Revelação e o conteúdo da fé, aqui se estabelece o objetivo

1 Dei Verbum, n° 4

2 Fides et Ratio, n° 15

3 Cf. Sacrosanctum Concilium, n° 5

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fundamental da Teologia. Para cumprir a tarefa de compreensão é feita uma analise

atenta primeiramente dos textos bíblicos “e depois os [textos] que exprimem a Tradição

viva da Igreja” 4, logo o papel do teólogo é interpretar e transmitir a “verdade acerca de

Deus, que é comunicada pelo próprio Deus por meio do texto sagrado” 5. Vale ressaltar

que a compreensão da palavra da Sagrada Escritura só ocorre com a ação eficaz do

Espírito Santo, isto foi destacados por grandes nomes da tradição cristã, como São João

Crisóstomo, São Jerônimo e São Gregório Magno. E é por isso que “A Palavra divina

ilumina a existência humana e leva as consciências a reverem em profundidade a

própria vida” 6, tornando-se uma luz a brilhar nas trevas, impelindo o homem a lutar

pela justiça e promover a solidariedade e a igualdade, tendo como fundamento o

Evangelho.

No entanto, existem diversas situações que desmotivam esta luta e influenciam

fortemente no pensamento atual, desafiando a Igreja a rever em muitos casos sua forma

de agir mediante a situações com esta, até buscar resgatar/fortalecer a forma de se

organizar dos primeiros cristão que se reuniam para a escuta da palavra e celebração da

eucarística, animados pelo Espírito Santo, no entanto este aspecto comunitário está

sendo agredido pelo processo de secularização, porque este processo preza pelo

individualismo, jogando “a fé cristã para a margem da existência, como se fosse inútil

para a realização concreta da vida dos homens” 7.

Assim, o desafio hoje é redescobrir a presença real de Jesus Cristo na história,

neste sentido a Eucaristia deve ajudar traduzindo-se em espiritualidade e não restringir a

vida de fé ao devocionalismo, por exemplo, ao Santíssimo Sacramento ou

exclusivamente a participação na Santa Missa, porém é preciso despertar e introduzir

nesta cultura o reconhecimento da presença de Jesus Cristo e da efusão do Espírito

Santo conferido pelo mistério eucarístico. Logo o cristão está no mundo, mas não é do

mundo (cf. Jo 17, 16), ou seja, é necessário transformar o meio onde se vive como a

família, a educação tomando “decisões sobre valores fundamentais como o respeito e

defesa da vida humana” 8. Por fim, cada ser humano vive no desejo da redenção e na

ânsia do Libertador.

4 Fides et Ratio, n° 93

5 Ibidem, n° 94

6 Verbum Domini, n° 99

7 Sacramentum Caritatis, n° 77

8 Ibidem, n° 83

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A seguir serão apresentados alguns artigos de diversos escritos do Magistério que

ajudarão a refletir sobre a situação atual da liturgia e logo após será elencado o contexto

pós-moderno da liturgia.

Dei Verbum (Sobre a Revelação Divina)

2. Aprouve a Deus na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer

o mistério da sua vontade (cf. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo,

Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da

natureza divina (cf. Ef. 2,18; 2 Ped. 1,4). Em virtude desta revelação, Deus invisível (cf.

Col. 1,15; 1 Tm. 1,17), na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos (cf. Ex.

33, 11; Jo. 15,1415) e convive com eles (cf. Bar. 3,38), para os convidar e admitir à

comunhão com Ele. Esta “economia” da revelação realiza-se por meio de ações e

palavras ìntimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por

Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades

significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o

mistério nelas contido. Porém, a verdade profunda tanto a respeito de Deus como a

respeito da salvação dos homens, manifesta-se-nos, por esta revelação, em Cristo, que é,

simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação.

4. Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus

nestes nossos dias, que são os últimos, através de Seu Filho (Hb. 1, 1-2). Com efeito,

enviou o Seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos os homens, para habitar

entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus (cf. Jo. 1, 1-18). Jesus Cristo,

Verbo feito carne, enviado “como homem para os homens”, “fala, portanto, as palavras

de Deus” (Jo. 3,34) e consuma a obra de salvação que o Pai lhe mandou realizar (cf. Jo.

5,36; 17,4). Por isso, Ele, vê-lo a Ele é ver o Pai (cf. Jo. 14,9), com toda a sua presença

e manifestação da sua pessoa, com palavras e obras, sinais e milagres, e sobretudo com

a sua morte e gloriosa ressurreição, enfim, com o envio do Espírito de verdade,

completa, totalmente e confirma com o testemunho divino a revelação, a saber, que

Deus está conosco para nos libertar das trevas do pecado e da morte e para nos

ressuscitar para a vida eterna.

Portanto, a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e não se há

de esperar nenhuma outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso

Senhor Jesus Cristo (cf. 1 Tm. 6,14; Tt 2,13).

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Sacrosanctum Concilium (Sobre a Sagrada Liturgia)

5. Deus, que “quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da

verdade” (I Tm. 2,4), “tendo falado outrora muitas vezes e de muitos modos aos nossos

pais pelos profetas” (Hebr. 1,1), quando chegou à plenitude dos tempos, enviou o Seu

Filho, Verbo feito carne, ungido pelo Espírito Santo, a evangelizar os pobres, curar os

contritos de coração, como, médico da carne e do espírito, mediador entre Deus e os

homens. A sua humanidade foi, na unidade da pessoa do Verbo, o instrumento da nossa

salvação. Por isso, em Cristo “se realizou plenamente a nossa reconciliação e se nos deu

a plenitude do culto divino”.

Esta obra da redenção dos homens e da glorificação perfeita de Deus, prefigurada pelas

suas grandes obras no povo da Antiga Aliança, realizou-a Cristo Senhor, principalmente

pelo mistério pascal da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa

Ascensão, em que “morrendo destruiu a nossa morte e ressurgindo restaurou a nossa

vida”. Foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o sacramento admirável de

toda a Igreja.

Fides et Ratio (Sobre as Relações Entre Fé e Razão)

10. No Concílio Vaticano II, os Padres, fixando a atenção sobre Jesus revelador,

ilustraram o caráter salvífico da revelação de Deus na história e exprimiram a sua

natureza do seguinte modo: “Em virtude desta revelação, Deus invisível (cf. Col 1, 15; 1

Tm 1, 17), na riqueza do seu amor, fala aos homens como amigos (cf. Ex 33, 11; Jo 15,

14-15) e convive com eles (cf. Bar 3, 38), para os convidar e admitir à comunhão com

Ele. Esta economia da Revelação realiza-se por meio de ações e palavras intimamente

relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na história da

salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas

palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas

contido. Porém, a verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da

salvação dos homens manifesta-se-nos, por esta Revelação, em Cristo, que é

simultaneamente o mediador e a plenitude de toda a revelação”.

11. Assim, a revelação de Deus entrou no tempo e na história. Mas, a encarnação de

Jesus Cristo realiza-se na “plenitude dos tempos” (Gal 4, 4). À distância de dois mil

anos deste acontecimento, sinto o dever de reafirmar intensamente que, “no

cristianismo, o tempo tem uma importância fundamental”. Com efeito, é nele que tem

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lugar toda a obra da criação e da salvação, e sobretudo merece destaque o fato de que,

com a encarnação do Filho de Deus, vivemos e antecipamos desde já aquilo que se

seguirá ao fim dos tempos (cf. Hb 1, 2).

A verdade que Deus confiou ao homem a respeito de Si mesmo e da sua vida insere-se,

portanto, no tempo e na história. Sem dúvida, aquela foi pronunciada uma vez por todas

no mistério de Jesus de Nazaré. Afirma-o, com palavras muito expressivas, a

constituição Dei Verbum: “Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos

profetas, falou-nos Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de seu Filho

(Hb 1, 1-2). Com efeito, enviou o seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos os

homens, para habitar entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus (cf. Jo 1,

1-18). Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado como homem para os homens, “fala,

portanto, as palavras de Deus” (Jo 3, 34) e consuma a obra de salvação que o Pai Lhe

mandou realizar (cf. Jo 5, 36; 17, 4). Por isso, Ele — vê-l’O a Ele é ver o Pai (cf. Jo 14,

9) —, com toda a sua presença e manifestação da sua pessoa, com palavras e obras,

sinais e milagres, e sobretudo com a sua morte e gloriosa ressurreição, e enfim, com o

envio do Espírito de verdade, completa totalmente e confirma com o testemunho divino

a Revelação”.

Assim, a história constitui um caminho que o Povo de Deus há de percorrer

inteiramente, de tal modo que a verdade revelada possa exprimir em plenitude os seus

conteúdos, graças à ação incessante do Espírito Santo (cf. Jo 16, 13). Ensina-o também

a constituição Dei Verbum, quando afirma que “a Igreja, no decurso dos séculos, tende

continuamente para a plenitude da verdade divina, até que nela se realizem as palavras

de Deus”.

12. A história torna-se, assim, o lugar onde podemos constatar a ação de Deus em favor

da humanidade. Ele vem ter conosco, servindo-Se daquilo que nos é mais familiar e

mais fácil de verificar, ou seja, o nosso contexto quotidiano, fora do qual não

conseguiríamos entender-nos.

A encarnação do Filho de Deus permite ver realizada uma síntese definitiva que a mente

humana, por si mesma, nem sequer poderia imaginar: o Eterno entra no tempo, o Tudo

se esconde no fragmento, Deus assume o rosto do homem. Deste modo, a verdade

expressa na revelação de Cristo deixou de estar circunscrita a um restrito âmbito

territorial e cultural, abrindo-se a todo o homem e mulher que a queira acolher como

palavra definitivamente válida para dar sentido à existência. Agora todos têm acesso ao

Pai, em Cristo; de fato, com a sua morte e ressurreição, Ele concedeu-nos a vida divina

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que o primeiro Adão tinha rejeitado (cf. Rm 5, 12-15). Com esta Revelação, é oferecida

ao homem a verdade última a respeito da própria vida e do destino da história: “Na

realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece

verdadeiramente”, afirma a constituição Gaudium et spes. Fora desta perspectiva, o

mistério da existência pessoal permanece um enigma insolúvel. Onde poderia o homem

procurar resposta para questões tão dramáticas como a dor, o sofrimento do inocente e a

morte, a não ser na luz que dimana do mistério da paixão, morte e ressurreição de

Cristo?

15. A verdade da revelação cristã, que se encontra em Jesus de Nazaré, permite a quem

quer que seja perceber o “mistério” da própria vida. Enquanto verdade suprema, ao

mesmo tempo que respeita a autonomia da criatura e a sua liberdade, obriga-a a abrir-se

à transcendência. Aqui, a relação entre liberdade e verdade atinge o seu máximo grau,

podendo-se compreender plenamente esta palavra do Senhor: “Conhecereis a verdade e

a verdade libertar-vos-á” (Jo 8, 32).

A revelação cristã é a verdadeira estrela de orientação para o homem, que avança por

entre os condicionalismos da mentalidade imanentista e os reducionismos duma lógica

tecnocrática; é a última possibilidade oferecida por Deus, para reencontrar em plenitude

aquele projeto primordial de amor que teve início com a criação. Ao homem ansioso de

conhecer a verdade — se ainda é capaz de ver para além de si mesmo e levantar os

olhos acima dos seus próprios Projetos — é-lhe concedida à possibilidade de recuperar

a genuína relação com a sua vida, seguindo a estrada da verdade. Podem-se aplicar a

esta situação as seguintes palavras do Deuteronômio: “A lei que hoje te imponho não

está acima das tuas forças nem fora do teu alcance. Não está no céu, para que digas:

‘Quem subirá por nós ao céu e no-la irá buscar?’ Não está tão pouco do outro lado do

mar, para que digas: ‘Quem atravessará o mar para no-la buscar e no-la fazer ouvir para

que a observemos?’ Não, ela está muito perto de ti: está na tua boca e no teu coração; e

tu podes cumpri-la” (30, 11-14). Temos um eco deste texto no famoso pensamento do

filósofo e teólogo Santo Agostinho: “Noli foras ire, in te ipsum redi. In interiore homine

habitat veritas”.

À luz destas considerações, impõe-se uma primeira conclusão: a verdade que a

Revelação nos dá a conhecer não é o fruto maduro ou o ponto culminante dum

pensamento elaborado pela razão. Pelo contrário, aquela apresenta-se com a

característica da gratuidade, obriga a pensá-la, e pede para ser acolhida, como expressão

de amor. Esta verdade revelada é a presença antecipada na nossa história daquela visão

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última e definitiva de Deus, que está reservada para quantos acreditam n’Ele ou O

procuram de coração sincero. Assim, o fim último da existência pessoal é objeto de

estudo quer da filosofia, quer da teologia. Embora com meios e conteúdos diversos,

ambas apontam para aquele “caminho da vida” (Sl 16, 11) que, segundo nos diz a fé,

tem o seu termo último de chegada à alegria plena e duradoura da contemplação de

Deus Uno e Trino.

93. O objetivo fundamental, que a teologia persegue, é apresentar a compreensão da

Revelação e o conteúdo da fé. Assim, o verdadeiro centro da sua reflexão há de ser a

contemplação do próprio mistério de Deus Uno e Trino. E a este chega-se refletindo

sobre o mistério da encarnação do Filho de Deus: sobre o fato de Ele Se fazer homem e,

depois, caminhar até à paixão e à morte, mistério este que desembocará na sua gloriosa

ressurreição e ascensão à direita do Pai, donde enviará o Espírito de verdade para

constituir e animar a sua Igreja. Neste horizonte, a obrigação primeira da teologia é a

compreensão da kenosi de Deus, mistério verdadeiramente grande para a mente

humana, porque lhe parece insustentável que o sofrimento e a morte possam exprimir o

amor que se dá sem pedir nada em troca. Nesta perspectiva, impõe-se como exigência

fundamental e urgente uma análise atenta dos textos: os textos bíblicos primeiro, e

depois os que exprimem a Tradição viva da Igreja. A este respeito, surgem hoje alguns

problemas, novos só em parte, cuja solução coerente não poderá ser encontrada sem o

contributo da filosofia.

94. Um primeiro aspecto problemático refere-se à relação entre o significado e a

verdade. Como qualquer outro texto, também as fontes que o teólogo interpreta

transmitem, antes de mais, um significado, que tem de ser individuado e exposto. Ora,

este significado apresenta-se como a verdade acerca de Deus, que é comunicada pelo

próprio Deus por meio do texto sagrado. Assim, a linguagem de Deus toma corpo na

linguagem humana, comunicando a verdade sobre Ele mesmo com aquela

“condescendência” admirável que reflete a lógica da Encarnação. Por isso, ao

interpretar as fontes da Revelação, é necessário que o teólogo se interrogue sobre qual

seja a verdade profunda e genuína que os textos querem comunicar, embora dentro dos

limites da linguagem.

Quanto aos textos bíblicos, e em particular os Evangelhos, a sua verdade não se reduz

seguramente à narração de simples acontecimentos históricos ou à revelação de fatos

neutros, como pretendia o positivismo historicista. Pelo contrário, esses textos expõem

acontecimentos, cuja verdade está para além da mera ocorrência histórica: está no seu

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significado para e dentro da história da salvação. Esta verdade adquire a sua plena

explicitação na leitura perene que a Igreja faz dos referidos textos ao longo dos séculos,

mantendo inalterado o seu significado originário. Portanto, é urgente que se

interroguem, filosoficamente também, sobre a relação que há entre o fato e o seu

significado; relação essa que constitui o sentido específico da história.

Verbum Domini

(Sobre a Palavra De Deus na Vida e na Missão da Igreja)

16. Conscientes deste horizonte pneumatológico, os Padres sinodais quiseram lembrar a

importância da ação do Espírito Santo na vida da Igreja e no coração dos fiéis

relativamente à Sagrada Escritura: sem a ação eficaz do “Espírito da Verdade” (Jo 14,

16), não se podem compreender as palavras do Senhor. Como recorda ainda Santo

Irineu: “Aqueles que não participam do Espírito não recebem do peito da sua mãe [a

Igreja] o alimento da vida; nada recebem da fonte mais pura que brota do corpo de

Cristo”. Tal como a Palavra de Deus vem até nós no corpo de Cristo, no corpo

eucarístico e no corpo das Escrituras por meio do Espírito Santo, assim também só pode

ser acolhida e compreendida verdadeiramente graças ao mesmo Espírito.

Os grandes escritores da tradição cristã são unânimes ao considerar o papel do Espírito

Santo na relação que os fiéis devem ter com as Escrituras. São João Crisóstomo afirma

que a Escritura “tem necessidade da revelação do Espírito, a fim de que, descobrindo o

verdadeiro sentido das coisas que nela se encerram, disso mesmo tiremos abundante

proveito”. Também São Jerônimo está firmemente convencido de que “não podemos

chegar a compreender a Escritura sem a ajuda do Espírito Santo que a inspirou”.

Depois, São Gregório Magno sublinha, de modo sugestivo, a obra do mesmo Espírito na

formação e na interpretação da Bíblia: “Ele mesmo criou as palavras dos Testamentos

Sagrados, Ele mesmo as desvendou”. Ricardo de São Víctor recorda que são necessários

“olhos de pomba”, iluminados e instruídos pelo Espírito, para compreender o texto

sagrado.

Desejaria ainda sublinhar como é significativo o testemunho a respeito da relação entre

o Espírito Santo e a Escritura que encontramos nos textos litúrgicos, onde a Palavra de

Deus é proclamada, escutada e explicada aos fiéis. É o caso de antigas orações que, em

forma de epiclese, invocam o Espírito antes da proclamação das leituras: “Mandai o

vosso Espírito Santo Paráclito às nossas almas e fazei-nos compreender as Escrituras

por Ele inspiradas; e concedei-me interpretá-las de maneira digna, para que os fiéis aqui

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reunidos delas tirem proveito”. De igual modo, encontramos orações que, no fim da

homilia, novamente invocam de Deus o dom do Espírito sobre os fiéis: “Deus salvador

[…], nós Vos pedimos por este povo: Mandai sobre ele o Espírito Santo; o Senhor Jesus

venha visitá-lo, fale à mente de todos e abra os corações à fé e conduza para Vós as

nossas almas, Deus das Misericórdias”. Por tudo isto bem podemos compreender que

não é possível alcançar o sentido da Palavra, se não se acolhe a ação do Paráclito na

Igreja e nos corações dos fiéis.

99. A Palavra divina ilumina a existência humana e leva as consciências a reverem em

profundidade a própria vida, porque toda a história da humanidade está sob o juízo de

Deus: “Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus

anjos, sentar-Se-á, então, no seu trono de glória. Perante Ele reunir-se-ão todas as

nações” (Mt 25, 31-32). No nosso tempo, detemo-nos muitas vezes superficialmente no

valor do instante que passa, como se fosse irrelevante para o futuro. Diversamente, o

Evangelho recorda-nos que cada momento da nossa existência é importante e deve ser

vivido intensamente, sabendo que cada um deverá prestar contas da própria vida. No

capítulo vinte e cinco do Evangelho de Mateus, o Filho do Homem considera como

feito ou não feito a Si aquilo que tivermos feito ou deixado de fazer a um só dos seus

“irmãos mais pequeninos” (25, 40.45): “Tive fome e destes-Me de comer, tive sede e

destes-Me de beber; era peregrino e recolhestes-Me; estava nu e destes-Me de vestir;

adoeci e visitastes-Me; estive na prisão e fostes ter comigo” (25, 35-36). Deste modo, é

a própria Palavra de Deus que nos recorda a necessidade do nosso compromisso no

mundo e a nossa responsabilidade diante de Cristo, Senhor da História. Quando

anunciamos o Evangelho, exortamo-nos reciprocamente a cumprir o bem e a empenhar-

nos pela justiça, pela reconciliação e pela paz.

100. A Palavra de Deus impele o homem para relações animadas pela retido e pela

justiça, confirma o valor precioso aos olhos de Deus de todas as fadigas do homem para

tornar o mundo mais justo e mais habitável. A própria Palavra de Deus denuncia, sem

ambiguidade, as injustiças e promove a solidariedade e a igualdade. À luz das palavras

do Senhor, reconheçamos pois os “sinais dos tempos” presentes na história, não nos

furtemos ao compromisso em favor de quantos sofrem e são vítimas do egoísmo. O

Sínodo lembrou que o compromisso pela justiça e a transformação do mundo é

constitutivo da evangelização. Como dizia o Papa Paulo VI, trata-se de “chegar a atingir

e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que

contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os

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modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de

Deus e com o desígnio da salvação”.

Com este objetivo, os Padres sinodais dirigiram um pensamento particular a quantos

estão empenhados na vida política e social. A evangelização e a difusão da Palavra de

Deus devem inspirar a sua ação no mundo à procura do verdadeiro bem de todos, no

respeito e promoção da dignidade de toda a pessoa. Certamente não é tarefa direta da

Igreja criar uma sociedade mais justa, embora lhe caiba o direito e o dever de intervir

sobre as questões éticas e morais que dizem respeito ao bem das pessoas e dos povos.

Compete sobretudo aos fiéis leigos formados na escola do Evangelho intervir

diretamente na ação social e política. Por isso o Sínodo recomenda uma adequada

educação segundo os princípios da doutrina social da Igreja.

101. Além disso, quero chamar a atenção geral para a importância de defender e

promover os direitos humanos de toda a pessoa, que, como tais, são “universais,

invioláveis e inalienáveis”. A Igreja aproveita a ocasião extraordinária oferecida pelo

nosso tempo para que a dignidade humana, através da afirmação de tais direitos, seja

mais eficazmente reconhecida e promovida universalmente, como característica

impressa por Deus criador na sua criatura, assumida e redimida por Jesus Cristo através

da sua encarnação, morte e ressurreição. Por isso a difusão da Palavra de Deus não pode

deixar de reforçar a consolidação e o respeito dos direitos humanos de cada pessoa.

103. O compromisso pela justiça, a reconciliação e a paz encontra a sua raiz última e

perfeição no amor que nos foi revelado em Cristo. Ouvindo os testemunhos proferidos

no Sínodo, tornamo-nos mais atentos à ligação que há entre a escuta amorosa da Palavra

de Deus e o serviço desinteressado aos irmãos; que todos os fiéis compreendam “a

necessidade de traduzir em gestos de amor a palavra escutada, porque só assim se torna

credível o anúncio do Evangelho, apesar das fragilidades humanas que marcam as

pessoas”. Jesus passou por este mundo fazendo o bem (cf. At 10, 38). Escutando com

ânimo disponível a Palavra de Deus na Igreja, desperta-se “a caridade e a justiça para

com todos, sobretudo para com os pobres”. É preciso nunca esquecer que “o amor –

caritas – será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa. (…) Quem quer

desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem”. Por isso,

exorto todos os fiéis a meditarem com frequência o hino à caridade escrito pelo

Apóstolo Paulo, deixando-se inspirar por ele: “A caridade é paciente, a caridade é

benigna, não é invejosa; a caridade não se ufana, não se ensoberbece, não é

inconveniente, não procura o seu interesse, não se irrita, não suspeita mal, não se alegra

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com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo

suporta. A caridade nunca acabará” (1 Cor 13, 4-8).

Deste modo o amor do próximo, radicado no amor de Deus, deve ser o nosso

compromisso constante como indivíduos e como comunidade eclesial local e universal.

Diz Santo Agostinho: “É fundamental compreender que a plenitude da Lei, bem como

de todas as Escrituras divinas, é o amor […]. Por isso quem julga ter compreendido as

Escrituras, ou pelo menos uma parte qualquer delas, mas não se empenha a construir,

através da sua inteligência, este duplo amor de Deus e do próximo, demonstra que ainda

não as compreendeu”.

109. O anúncio joanino referente à encarnação do Verbo revela o vínculo indissolúvel

que existe entre a Palavra divina e as palavras humanas, através das quais Se nos

comunica. Foi no âmbito desta reflexão que o Sínodo dos Bispos se deteve sobre a

relação entre Palavra de Deus e cultura. De fato, Deus não Se revela ao homem

abstratamente, mas assumindo linguagens, imagens e expressões ligadas às diversas

culturas. Trata-se de uma relação fecunda, largamente testemunhada na história da

Igreja. Hoje tal relação entra também numa nova fase, devido à propagação e

enraizamento da evangelização dentro das diversas culturas e nas mais recentes

evoluções da cultura ocidental. Isto implica, antes de mais nada, reconhecer a

importância da cultura como tal para a vida de cada homem. De fato, o fenômeno da

cultura, nos seus múltiplos aspectos, apresenta-se como um dado constitutivo da

experiência humana: “O homem vive sempre segundo uma cultura que lhe é própria e

por sua vez cria entre os homens um laço, que lhes é próprio também, determinando o

caráter inter-humano e social da existência humana”.

A Palavra de Deus inspirou, ao longo dos séculos, as diversas culturas, gerando valores

morais fundamentais, expressões artísticas magníficas e estilos de vida exemplares.

Assim, na esperança de um renovado encontro entre Bíblia e culturas, quero reafirmar a

todos os agentes culturais que nada têm a temer da sua abertura à Palavra de Deus, que

nunca destrói a verdadeira cultura, mas constitui um estímulo constante para a busca de

expressões humanas cada vez mais apropriadas e significativas. Para servir

verdadeiramente o homem, cada cultura autêntica deve estar aberta à transcendência e,

em última análise, a Deus.

Sacramentum Caritatis

Sobre a Eucaristia fonte e ápice da vida e da missão da igreja

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76. A importância do domingo como dia da Igreja (dies Ecclesiæ) traz-nos à mente a

relação intrínseca entre a vitória de Jesus sobre o mal e a morte e a nossa pertença ao

seu corpo eclesial; no dia do Senhor, com efeito, todo o cristão reencontra também a

dimensão comunitária da sua existência redimida. Participar na ação litúrgica, comungar

o corpo e o sangue de Cristo significa, ao mesmo tempo, tornar cada vez mais íntima e

profunda a própria pertença Àquele que morreu por nós (1 Cor 6, 19s; 7, 23).

Verdadeiramente quem se nutre de Cristo, vive por Ele. Compreende-se o sentido

profundo da comunhão dos santos (communio sanctorum), relacionando-a com o

mistério eucarístico. A comunhão tem sempre e inseparavelmente uma conotação

vertical e uma horizontal: comunhão com Deus e comunhão com os irmãos e irmãs.

Estas duas dimensões encontram-se misteriosamente no dom eucarístico. “Onde se

destrói a comunhão com Deus, que é comunhão com o Pai, com o Filho e com o

Espírito Santo, destrói-se também a raiz e a fonte da comunhão entre nós. E onde a

comunhão entre nós não for vivida, também a comunhão com o Deus-Trindade não é

viva nem verdadeira”. Chamados, pois, a ser membros de Cristo e consequentemente

membros uns dos outros (1 Cor 12, 27), constituímos uma realidade ontologicamente

fundada no Batismo e alimentada pela Eucaristia, realidade essa que exige ter expressão

sensível na vida das nossas comunidades.

A forma eucarística da vida cristã é, sem dúvida, eclesial e comunitária. Através da

diocese e das paróquias, enquanto estruturas basilares da Igreja num território particular,

cada fiel pode fazer experiência concreta da sua pertença ao corpo de Cristo. As

associações, os movimentos eclesiais e novas comunidades — com a vivacidade dos

carismas que lhes foram concedidos pelo Espírito Santo para o nosso tempo — bem

como os institutos de vida consagrada têm a missão de oferecer a sua contribuição

específica para favorecer nos fiéis a percepção desta sua pertença ao Senhor (Rm 14, 8).

O fenômeno da secularização, que apresenta — não por acaso — traços fortemente

individualistas, logra seus efeitos deletérios sobretudo nas pessoas que se isolam por

escasso sentido de pertença. Desde os seus inícios, sempre o cristianismo implica uma

companhia, uma trama de relações continuamente vivificadas pela escuta da palavra e

pela celebração eucarística e animadas pelo Espírito Santo.

Espiritualidade e cultura eucarística

77. Os padres sinodais afirmaram, significativamente, que “os fiéis cristãos precisam

duma compreensão mais profunda das relações entre a Eucaristia e a vida quotidiana. A

espiritualidade eucarística não é apenas participação na Missa e devoção ao Santíssimo

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Sacramento; mas abraça a vida inteira”. Um tal realce assume atualmente particular

significado para todos nós; é preciso reconhecer que um dos efeitos mais graves da

secularização, há pouco mencionada, é ter relegado a fé cristã para a margem da

existência, como se fosse inútil para a realização concreta da vida dos homens; a

falência desta maneira de viver “como se Deus não existisse” está agora patente a todos.

Hoje torna-se necessário redescobrir que Jesus Cristo não é uma simples convicção

privada ou uma doutrina abstratas, mas uma pessoa real cuja inserção na história é

capaz de renovar a vida de todos. Por isso, a Eucaristia, enquanto fonte e ápice da vida e

missão da Igreja, deve traduzir-se em espiritualidade, em vida “segundo o Espírito” (Rm

8, 4s; cf. Gal 5, 16.25). É significativo que São Paulo, na passagem da Carta aos

Romanos onde convida a viver o novo culto espiritual, apele ao mesmo tempo para a

necessidade de mudar a própria forma de viver e pensar: “Não vos conformeis com este

mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para saberdes discernir,

segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito” (12,

2). Deste modo, o Apóstolo das Gentes põe em evidência a ligação entre o verdadeiro

culto espiritual e a necessidade duma nova maneira de compreender a existência e

orientar a vida. Constitui parte integrante da forma eucarística da vida cristã a renovação

da mentalidade, pois “assim já não seremos crianças inconstantes, levadas ao sabor de

todo o vento de doutrina” (Ef 4, 14).

Eucaristia e evangelização das culturas

78. Daquilo que ficou dito, segue-se que o mistério eucarístico nos põe em diálogo com

as várias culturas, mas de certa forma também as desafia. É preciso reconhecer o caráter

intercultural deste novo culto, desta logiké latreía: a presença de Jesus Cristo e a efusão

do Espírito Santo são acontecimentos que podem encontrar-se de forma duradoura com

qualquer realidade cultural a fim de a fermentar evangelicamente. Em consequência

disto mesmo, temos a obrigação de promover convictamente a evangelização das

culturas, na certeza de que o próprio Cristo é a verdade de todo o homem e da história

humana inteira. A Eucaristia torna-se critério de valorização de tudo o que o cristão

encontra nas diversas expressões culturais; num processo importante como este, podem

revelar-se de grande significado as palavras de São Paulo quando, na sua I Carta aos

Tessalonicenses, convida a “avaliar tudo e conservar o que for bom” (5, 21).

Coerência eucarística

83. É importante salientar aquilo que os padres sinodais designaram por coerência

eucarística, à qual está objetivamente chamada a nossa existência. Com efeito, o culto

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agradável a Deus nunca é um ato meramente privado, sem consequências nas nossas

relações sociais: requer o testemunho público da própria fé. Evidentemente isto vale

para todos os batizados, mas impõe-se com particular premência a quantos, pela posição

social ou política que ocupam, devem tomar decisões sobre valores fundamentais como

o respeito e defesa da vida humana desde a concepção até à morte natural, a família

fundada sobre o matrimonio entre um homem e uma mulher, a liberdade de educação

dos filhos e a promoção do bem comum em todas as suas formas. Estes são valores não

negociáveis. Por isso, cientes da sua grave responsabilidade social, os políticos e os

legisladores católicos devem sentir-se particularmente interpelados pela sua consciência

retamente formada a apresentar e apoiar leis inspiradas nos valores impressos na

natureza humana. Tudo isto tem, aliás, uma ligação objetiva com a Eucaristia (1 Cor 11,

27-29). Os bispos são obrigados a recordar sem cessar tais valores; faz parte da sua

responsabilidade pelo rebanho que lhes foi confiado.

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REFERÊNCIAS

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http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-

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Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium. Disponível em:

http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-

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PAPA BENTO XVI. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini. Disponível

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______ Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis. Disponível em:

http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/apost_exhortations/documents/hf_ben-

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PAPA JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Fides Et Ratio. Disponível em:

http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-

ii_enc_14091998_fides-et-ratio.html. Acesso em: 18 de abril de 2017.