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O NEGRO NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA Dandara Baçã

O negro na formação da sociedade brasileira

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O NEGRO NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

Dandara Baçã

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HISTÓRIA

• A história do negro não teve inicio com o tráfico de escravos. É uma história bem antiga, anterior à escravidão nas Américas.

• Na África havia impérios poderosos como o Mali, reinos bem consolidados como o Kongo, prósperos como o Egito, mas também pequenas aldeias agrupadas por laços de descendência ou linhagem.

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ESCRAVIZAÇÃO• Doméstica - após a guerra os vitoriosos faziam

escravos entre os vencidos. Aprisionavam para utilizar a força de trabalho na agricultura de pequena escala.

• Punitiva - condenados por roubo, assassinato, feitiçaria, e às vezes adultério.

• Civil - penhora e rapto individual, a troca e a compra

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ESCRAVIZAÇÃO

• Em algumas sociedades, a exemplo do povo Sena de Moçambique, a escravização também era uma estratégia de sobrevivência quando a fome e a seca. se faziam desastrosas. A venda ou troca de um indivíduo por comida era uma forma de manter o grupo.

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ESCRAVIZAÇÃO ÁRABE

• Desde que os árabes ocuparam o Egito e o norte da África, entre o fim do século VII e metade do século VIII, a escravidão doméstica, de pequena escala, passou a conviver com o comércio mais intenso de escravos. A escravidão africana foi transformada significamente com a ofensiva dos mulçumanos. Os árabes organizaram e desenvolveram o tráfico de escravos como empreendimento comercial de grande escala na África.

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ESCRAVIZAÇÃO ÁRABE• O Corão não condenava o

cativeiro. Para os seguidores do profeta Maomé, a escravização era uma espécie de missão religiosa. O infiel, ao ser escravizado, "ganhava" a oportunidade de conversão e, depois de devidamente instruído nos preceitos islâmicos, tinha direito de voltar a ser livre.

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JINGA OU NZINGA MBANDI• Jinga ou Nzinga Mbandi (1581-1663) foi a rainha que durante treze anos

lutou contra os portugueses em Angola. Em 1621, a rainha Jinga de Mutamba, seguida por uma vistosa comitiva, propôs uma aliança aos portugueses. Em troca da paz aceitou certas condições, inclusive a conversão ao catolicismo. Ela foi batizada com o nome de Dona Ana de Souza, na igreja matriz de Luanda, em 1622, mas não aceitou pagar tributos como exigiam os lusitanos. No ano seguinte, empreendeu outra guerra contra os portugueses e mandou uma embaixada ao Papa Alexandre VII pedindo o reconhecimento do seu reino. Esquecendo o padroado, o papa enviou-lhe uma carta com orientações para que seu reino fosse cristão, junto com vários missionários capuchinhos italianos. Mas a rainha foi derrotada à frente de suas tropas, e suas duas irmãs, as princesas Cambe e Funge, foram levadas para Luanda e batizadas com os nomes de Bárbara e Engrácia. Quando, em 1641, os holandeses saíram do norte do Brasil e ocuparam Luanda, Jinga aliou-se a eles contra os portugueses. Mas em 1648, Salvador Correa de Sá retomou Luanda dos holandeses, com uma armada saída do Rio de Janeiro. A rainha Jinga morreu em 17 de dezembro de 1663, quando teria cerca de 80 anos. A memória dos cortejos e lutas das suas tropas continua presente nos congados brasileiros.

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ESCRAVIZAÇÃO CRISTÕ O tráfico africano era um negócio complexo que envolvia

a participação e cooperação de uma cadeia extensa de participantes especializados, que incluía chefes políticos, grandes e pequenos comerciantes africanos.

• Angola, desde fins do século XVI até a primeira metade do século XVIII, foi o maior fornecedor de escravizados para as Américas portuguesas e espanhola.Entre 1575 e 1591,foram embarcados da região de Angola mais de 52 mil africanos para o Brasil.

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• Nenhuma comunidade indígena se firmou como fornecedora regular de cativos, o que dificultou a formação de redes comerciais que pudessem atender à demanda crescente de mão-de-obra

• O padre Antonio Vieira considerava o tráfico um "grande milagre" de Nossa Senhora do Rosário, pois retirados da África, os negros teriam chance de salvação da alma no Brasil católico.

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• Relato de Mahommah G. Baquaqua sobre o interior de um navio negreiro: “Fomos arremessados, nus, porão adentro, os homens apinhados de um lado e as mulheres do outro. O porão era baixo que não podíamos ficar em pé, éramos obrigados a nos agachar ou a sentar no chão. Noite e dia eram iguais para nós, o sono nos sendo negado devido ao confinamento de nossos corpos. Ficamos desesperados com o sofrimento e a fadiga.Oh! A repugnância e a imundície daquele lugar horrível nunca serão apagadas de minha memória. Não: enquanto a memória mantiver seu posto nesse cérebro distraído, lembrarei daquilo. Meu coração até hoje adoece ao pensar nisto.”

• O africano Mahommah G. Baquaqua viveu a experiência do tráfico e a relatou em um livro publicado em 1854: “Quando estávamos prontos para embarcar, fomos acorrentados uns aos outros e amarrados com cordas pelo pescoço e assim arrastados para a beira do mar. O navio estava a alguma distância da praia. Nunca havia visto um navio antes e pensei que fosse algum objeto de adoração do homem branco. Imaginei que serí- amos todos massacrados e que estávamos sendo conduzidos para lá com essa intenção. Temia por minha segurança e o desalento se apossou quase inteiramente de mim.Uma espécie de festa foi realizada em terra firme naquele dia. Aqueles que remaram os barcos foram fartamente regalados com uísque e, aos escravos, serviam arroz e outras coisas gostosas em abundância. Não estava ciente de que esta seria minha última festa na África. Não sabia do meu destino. Feliz de mim que não sabia. Sabia apenas que era um escravo, acorrentado pelo pescoço, e devia submeter-me prontamente e de boa vontade, acontecesse o que acontecesse. Isso era tudo quanto eu achava que tinha o direito de saber.”

NAVIO NEGREIRO

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• os africanos eram conduzidos aos navios negreiros, também chamados de tumbeiros. Antes de entrar nas embarcações, eles eram marcados a ferro quente no peito ou nas costas com os sinais que identificavam a que traficante pertenciam, uma vez que em cada barco viajavam escravizados pertencentes a diferentes donos. No interior das embarcações, por segurança, os cativos eram postos a ferros até que não se avistasse mais a costa africana. As condições das embarcações eram precárias porque, para garantir alta rentabilidade, os capitães só zarpavam da África com número máximo de passageiros. O número de cativos embarcados em cada navio dependia da capacidade de suas instalações. Nos séculos XVI e XVII, uma caravela portuguesa era capaz de transportar cerca de 500 cativos e um pequeno bergantim podia transportar até 200. No século XIX, os traficantes utilizaram os navios a vapor, o que reduziu o tempo das viagens. Nos últimos anos do tráfico, a média de escravos transportados por navio era de 350.

NAVIO NEGREIRO

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NAVIO NEGREIRO

• Pode-se imputar as mortes a bordo a fatores como escassez de alimentos e água, maus-tratos, superlotação e até mesmo ao terror da experiência vivida, que debilitava física e mentalmente os africanos. Além disso, o tráfico colocava os africanos em contato com doenças para eles desconhecidas e para as quais ainda não haviam criado defesas suficientes. Ao colocar em contato povos de diversas regiões da África e mais tripulações brasileiras e européias, os navios negreiros funcionavam como verdadeiros misturadores de enfermidades típicas de cada continente. Em caso de contagio de febre amarela, tifo ou varíola era grande o número de mortes não apenas entre os cativos, mas também entre a tripulação. Havia ainda a morte provocada por suicídio e não foram poucos os cativos que puseram fim à existência precipitando-se no mar. Mesmo considerando o alto índice de mortalidade, o trá- fico era um negócio bastante lucrativo.

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• “Ah! Como doía nas costas o chicote do homem que mandava nos negros. De manhã se subia para ver o sol. Todos estavam nus e fedia o buraco onde tinham que dormir. Mas de noite ouvia um rumor de bater de asas. Asas brancas que voavam para cima dela. Era o vôo das almas que não podiam voar para o céu. Todas as noites elas vinham bater pelas janelas do barco. Elas só podiam voar para o céu, saindo da terra. Os corpos dos que eram lançados na profundeza do mar não davam almas nem para o céu nem para o inferno [...]. De noite ainda vejo os pássaros grandes em cima do telhado do quarto. As almas ainda não me abandonaram.”

NAVIO NEGREIRO

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OS AFRO - BRASILEIROS• Sem participação dos africanos dificilmente os portugueses

conseguiriam ocupar as terras descobertas no processo de expansão marítima. No século XVI, não havia população sufi-ciente em Portugal para levar à frente a ocupação da colônia.

Capoeira – Expressão Artística Afro Brasileira –

Arte MarcialAlgumas Esculturas Africanas

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RESISTÊNCIA

• As sociedades escravistas nas Américas foram marcadas pela rebeldia escrava. Onde quer que o trabalho escravo tenha existido, senhores e governantes foram regularmente surpreendidos com a resistência escrava.

• Fugir sempre fazia parte dos planos dos escravizados - fugas reinvindicatórias

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RESISTÊNCIA

• Sabotagem era uma forma de resistência, sabotavam a produção, fingir doenças, envenenar as pessoas da casa grande, desobedecer sistematicamente, negociar sua venda para outro senhor que mais lhe agradasse.

• Quilombos - exploravam minas, cultivavam alimentos, mas também podiam ameaçar viajantes, controlar a entrada e saída de pessoas e mercadorias nas vilas e roubar comboios transportando ouro.

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RESISTÊNCIA

• Os xavantes e caiapós de Goiás destruíram mais quilombos do que as expedições dos bandeirantes. Houve um tempo no inicio do seculo XVIII, em que os xavantes consideravam todos os negros livres ou escravos como inimigos. Foi uma força majoritariamente formada por índios que destruiu Palmares em 1649.

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PALMARES

• Palmares foi uma comunidade quilombola que, no século XVII, ocupava a Serra da Barriga. Essa região se estendia do rio São Francisco, em Alagoas, até as vizinhanças do cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Tratava-se de um terreno acidentado e de difícil acesso, coberto de espessa mata tropical que incluía a pindoba, um tipo de palmeira, daí o nome Palmares. Se a vegetação dificultava o deslocamento dos caçadores de escravos fugidos, chamados capitães-do-mato ou capitães-de-assalto, e a abundância de árvores frutíferas, caça, pesca e água potável facilitava a sobrevivência dos quilombolas, também exigia dos moradores habilidade para enfrentar os perigos e as dificuldades da vida na floresta. O mesmo ecossistema que os protegia também os ameaçava.

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PALMARES

• Calcula-se que em meados do século XVII viviam em Palmares cerca de onze mil pessoas. A maior autoridade era o rei, Ganga Zumba, e depois Zumbi, que governava auxiliado por chefes distribuídos em diferentes mocambos. Os homens, que eram a maioria, se ocupavam da agricultura. Já a organização e supervisão dos trabalhos cabiam às mulheres. O excedente da produção era entregue pelas famílias aos chefes dos mocambos para que fosse armazenado para época de secas, pragas e ataques, ou negociado com os comerciantes das redondezas.

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LUTAS NEGRAS• Conjuração baiana ou revolta dos alfaiates ou revolta dos búzios (1798)

• Balaiada (1830-1841)

• Cabanagem (1833-1840)

• Revolta dos malês (1835)

• Sabinada (1837-1838)

• Guerra de Canudos (1893-1897)

• Guerra faroupilha (1835-1845)

• Revolta da vacina (1904)

• Revolta da chibata (1910)

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REVOLTAS ESCRAVAS

• Alguns levantes, talvez a maioria deles, não passaram da fase da conspiração. Em 1807, por exemplo, Salvador foi palco de uma conspiração planejada para o dia 28 de maio, durante as comemorações de Corpus Christi. Naquela noite, depois da festa, os rebeldes pretendiam incendiar a Casa da Alfândega e uma igreja. Instaurada a confusão, os escravos empossariam seu próprio governador, convocariam outros negros, eliminariam os brancos por envenenamento e queimariam as imagens católicas numa grande fogueira no meio da praça. Em seguida, uma força rumaria para Pernambuco, onde também havia uma numerosa população escrava, e lá se juntaria a outros escravos para formar um reino independente no interior.

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REVOLTAS ESCRAVAS

• Em 1846 as autoridades da província de Pernambuco desarticularam uma sociedade secreta de negros acusada de tramar uma insurreição escrava na cidade do Recife.

• O líder, chamado de Divino Mestre por cerca de trezentos seguidores, era o crioulo Agostinho José Pereira.

• A seita considerava que a Bíblia já anunciava o fim da escravidão, cobrava dízimos dos fiéis e dizia que os santos católicos eram apenas estátuas. Apesar da afronta que a crença do Divino Mestre representava para a Igreja católica, o que mais assustou as autoridades policiais foram os versos, que falavam da revolução no Haiti, encontrados na casa de um dos seus discípulos. Nos versos a expressão moreno é usada, tudo indica, para significar o conjunto dos afro-descendentes.

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GUERRA DE CANUDOS• Canudos foi um povoado no sertão da Bahia, numa região de caatinga cercada por

morros e à beira do rio Vaza-Barris. Antô- nio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, chegou ao vilarejo em 1893 com algumas centenas de fiéis e logo passou a chamar o lugar de Belo Monte. Segundo a descrição de Euclides da Cunha, Conselheiro era uma figura de cabelos crescidos até os ombros, barba longa, face encaveirada e olhar fulgurante. Sob a liderança do Conselheiro, o vilarejo passou a crescer num ritmo acelerado, com as levas de seguidores que lá chegavam para viver. A igreja de Santo Antônio, também chamada de “igreja velha”, mal comportava a multidão de fiéis que se reunia para ouvir as pregações do Conselheiro. Para melhor acolhê-los, foi construída a “igreja nova”, às custas de doações recolhidas por fiéis espalhados em todo estado da Bahia.

• Negros, muitos deles ex-escravos, eram maioria entre os moradores de Belo Monte. A população negra era tão numerosa que já se disse que Canudos foi o nosso último quilombo. Também havia um grande número de índios Kaimbé e Kiriri.

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GUERRA DE CANUDOS

• No dia 6 de novembro de 1896 partiu de Salvador a primeira expedição militar contra Canudos, composta de cento e treze soldados. A essa investida se somariam mais duas, sem que os seguidores de Conselheiro fossem vencidos. Durante um ano a população de Canudos enfrentou mais de dez mil soldados recrutados em 17 estados brasileiros e organizados em quatro expedi- ções militares. Até que no dia 5 de outubro os sertanejos de Belo Monte foram vencidos. Calcula-se que morreram mais de 25 mil pessoas.

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REVOLTA DA VACINA

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REVOLTA DA VACINA

• Desde meados do século XIX a febre amarela e a varíola se tornaram endêmicas no Brasil. Os médicos tentavam identificar as formas de transmissão e tratamento das doenças que, pouco a pouco, se tornavam o grande problema de saúde pública do país. Mas as políticas sanitárias não escaparam da lógica racial que orientava muitas decisões governamentais. Foi o que se notou, por exemplo, em relação ao controle da febre amarela. Entre 1850 e 1904, essa doença vitimou no Rio de Janeiro principalmente a popula- ção branca, em especial imigrantes estrangeiros. Essa grande incidência de estrangeiros acometidos com a febre amarela desencorajava a imigração européia. Por isso acabar com ela virou prioridade dos sanitaristas. Já a tuberculose, que fazia mais mortes entre os negros, não teve a mesma atenção.

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REVOLTA DA VACINA

• Os médicos higienistas estavam crentes de que eram nas habitações coletivas de gente negra e pobre, mais precisamente nos cortiços do centro da cidade, que as epidemias surgiam e se disseminavam. A estrutura das casas e as supostas propensões dos moradores a uma vida viciosa e anti-higiênica lhes pareciam sérias ameaças à saúde pública.

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REVOLTA DA VACINA

• Sob o comando de Horácio José da Silva, mais conhecido como Prata Preta, os rebeldes protagonizaram os últimos confrontos com o Exército justamente na Saúde. Prata Preta era um negro que sempre estava às voltas com a polícia. Ao ser preso na tarde do dia 16 de novembro, depois de matar um soldado do Exército e ferir dois policiais, ele trazia consigo dois revólveres, uma navalha e uma faca. Junto com ele foram presos mais alguns dos envolvidos nos conflitos na Saúde: Bombacha, Chico da Baiana, Valente e Manduca Pivete. Embora estivessem lutando por sua cidadania, todos eles foram identificados pela polícia como desordeiros, violentos e amantes da baderna. Ao fim da revolta popular, um saldo desastroso: vinte três mortos, quase mil presos e muitos feridos nos confrontos, além daqueles submetidos a torturas na ilha das Cobras e outros tantos deportados para o Acre.

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REVOLTA DA VACINA• Na perspectiva dessa população, o contágio da varíola tinha razões

sobrenaturais, e a cura exigia procedimentos religiosos. Para tanto, pressupunha-se a intermediação de um curandeiro e o cumprimento dos rituais, em geral, devidos a Omolu, divindade iorubana da varíola. Rezam as tradições religiosas afro-brasileiras que pertence a ele o poder de espalhar e exterminar doenças.

• Pode-se imaginar que não deve ter sido difícil encontrar entre os revoltosos contra a vacina quem julgasse ser a doença assunto exclusivo para iniciados nas religiões afro-brasileiras. A intervenção do médico lhes parecia desnecessária e até ilegítima. Assim, reafirmava-se a importância das tradições culturais em detrimento das considerações da ciência. Explicando mais um pouco, podemos dizer que, ao legitimar o poder das práticas religiosas afrobrasileiras no controle das epidemias, os adeptos acabavam por desacreditar a medicina e os recursos dos sanitaristas.

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Leis emancipatórias

Ventre livre Crianças e direitos civis

Eusébio de Queiróz

Tráfico de escravizados

7 de novembro de 1831

Todos os escravos que

entrassem no país seriam livres

Lei dos sexagenários + de 60 anos

Lei Áurea Abolição

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CONTRIBUIÇÕES

• Foram os africanos e seus descendentes, juntamente com os indígenas que desbravaram matas, ergueram cidades e portos, atravessaram rios, abriram estradas que conduziam aos locais mais remotos do território.

• A mineração do ferro no Brasil foi aprendida dos africanos. Com eles a lingua portuguesa não apenas incorporou novas palavras, como ganhou maior espontaniedade e leveza.

• O tráfico escravizou africanos e africanizou o Brasil.

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• “Quando acreditamos que o Brasil foi feito de negros, brancos e índios, estamos aceitando sem muita crítica a ideia de que esses contingentes humanos se encontraram de modo espontâneo,numa espécie de carnaval social e biológico. Mas nada disso é verdade. O fato contundente de nossa história é que somos um país feito por portugueses brancos e aristocráticos, um sociedade hierarquizada e que foi formada dentro de um quadro rígido de valores discriminatórios. Os portugueses já tinham uma legislação discriminatória contra judeus, mouros e negros, muito antes de terem chegado ao Brasil; e quando aqui chegaram apenas ampliaram essas formas de preconceito. A mistura de raças foi um modo de esconder a profunda injustiça social [....]. É mai fácil dizer que o Brasil foi formado por um triângulo de raças [...]do que assumir que somos uma sociedade, que opera por meio de gradações e que, por isso mesmo, pode admitir entre o branco superior e o negro inferior, uma série de critérios de classificação.” Roberto DaMatta

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ARTE AFRO - BRASILEIRA• Baseada nas histórias, crenças, lendas e na filosofia africana.• Basicamente feito com elementos da Natureza.

Máscara de Madeira Igbo-Ukwu: arte africana em bronze

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MÚSICA

• Alfredo da Rocha Viana Júnior, o Pixinguinha, foi um dos grandes nomes do choro e valsa na cena musical da sua época. Esse carioca começou a carreira de músico aos quinze anos, tocando em festas familiares que reuniam chorões e sambistas. Na década de 1920 ele passou a fazer parte do conjunto Os Oito Batutas e a tocar em grandes festas e salões fora das favelas. Segundo o próprio Pixinguinha ele foi um dos primeiros negros a tocar na rádio Sociedade, em 1924. Até então aos músicos negros não era permitido sequer tocar nas orquestras que entretiam o público nas ante-salas dos cinemas elegantes.

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CAPOEIRA• Foi na década de 1930 que teve curso algo fundamental para a popularização e a

descriminalização da capoeira: a criação da capoeira regional na Bahia pelo mestre Bimba. Em Salvador já eram famosas as rodas de capoeiras da rampa do Mercado Modelo, na zona portuária, nas festas em homenagem a Nossa Senhora da Conceição e Santa Luzia. A capoeira regional trouxe mudanças no jogo da capoeira que a destituía do estigma de desordem, de luta exclusiva dos valentões, e a colocava no patamar de prática desportiva.

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CAPOERIA

• Na década de 1930 que a prática de esportes começou a ser a principal recomendação para a saúde. As competições de futebol, atletismo e boxe atraíam e empolgavam a um público cada vez maior. O mestre Bimba reinventou o jogo da capoeira incorporando golpes das lutas marciais que faziam sucesso na época, sem dissociá-la de suas raízes negras. Ao mesmo tempo ele promoveu a inclusão de jovens brancos nos grupos de capoeira regional. Em 1933, veio o reconhecimento oficial como prática desportiva e a sua inclusão entre as práticas do pugilismo, tal qual o boxe e o jiu-jitsu. Estava em curso o processo de descriminalização da capoeira, que foi conquistando a condição de luta genuinamente brasileira.

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FUTEBOL

• Até a década de 1930, jogadores negros não eram admitidos nos times de primeira divisão do campeonato paulista. No entanto havia campeonatos de clubes negros concorridos que aconteciam nos campos de várzea do Bom Retiro. O futebol era então um fator de coesão da comunidade negra. Foi a partir de um time de futebol que se organizou o bloco carnavalesco Vai Vai, em 1930.

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TAMBOR DE CRIOULA

• O tambor de crioula é uma dança própria do Maranhão, na qual os tambores são acompanhados por versos de improviso. É o som dos tambores que se ouve em festas públicas. Aos homens cabe cantar e tocar três tambores de madeira de tamanhos diferentes, enquanto as mulheres dançam. Conta-se no Maranhão que São Benedito gosta de tambor de crioula e por isso muitas promessas ao santo são pagas com uma festa de tambor de crioula

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CARNAVAL

• No Rio de Janeiro, por volta de 1928, surgiram as primeiras organizações de sambistas no Estácio, nos morros da favela, no centro da cidade e na Mangueira. As escolas de samba, no início, eram agremiações com fins festivos e assistenciais e aos poucos conquistaram espaço na indústria do entretenimento celebrando temas nacionais. À estrutura dramática dos enredos, personagens, estandarte e alas, já definidas pelos ranchos, foi acrescida a novidade rítmica do samba, das coreografias e da exaltação à nação brasileira. A beleza e o exotismo nacional passaram a fazer parte do repertório dos sambistas.

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CARNAVAL

• Do Estácio de Sá, bairro situado entre os rios Comprido e o Catumbi, as agremiações carnavalescas ganharam o morro de São Carlos, as encostas da Saúde, Salgueiro, Mangueira. Ao mesmo tempo, as escolas de samba foram oficializadas como principais atrações do carnaval carioca. A partir de 1932 coube a cada agremiação a escolha de tema e o enredo, para que pudessem concorrer às subvenções e prêmios pagos pela prefeitura. Àquela altura o Carnaval já era a grande festa nacional, a mais autêntica representação de brasilidade, sem que isto significasse a inclusão da população negra na categoria de cidadãos.

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Da Esquerda para direita: Viola, Médio e Gunga(ou Berra-Boi)

Tambores

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Moqueca

VatapáFeijoada

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QUESTÕES DO ENEM E PAS 2015

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•Resposta: B

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COMENTÁRIOS DA QUESTÃODe acordo com o professor Eduardo Calbucci, supervisor de português e redação do Anglo, o Enem gosta de trabalhar com gêneros variados e um deles é a canção popular brasileira. "Ontem, teve Toquinho e Vinícius, Chico Buarque e uma terceira baseada em canção, nessa do Pixinguinha com Gastão Viana. Tão importante quanto ler a questão, é tentar entender o que ela significa", apontou o professor.

"Ao fazer uso do iorubá na composição do autor, o aluno deve tentar entender por que isso foi citado. O que faria o Gastão Viana e o Pixinguinha usarem termos em iorubá. Poxa, se pensarmos na origem do samba e do choro, está muito ligada à cultura negra e aos morros do Rio de Janeiro. É um tom de homenagem. As palavras foram incorporadas em tom de homenagem. A resposta que a banca esperava é a letra B", comentou.

"Nos últimos anos, apareceu Noel Rosa, por exemplo. Os alunos não precisam conhecer a música de antemão. Mas quem tem repertório maior já sai mais À frente, o aluno que tem repertório cultural maior resolve com mais facilidade. Isso é uma vantagem em relação ao tempo."•

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•Resposta: B

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COMENTÁRIOS DA QUESTÃODe acordo com o professor Eduardo Calbucci, supervisor de português e redação do Anglo, a alternativa indicada é a letra B. "Quando a gente pensa na cultura hip hop, pensa na música, no grafite e em formas de dança. O interessante da questão é que ela dialoga com uma das competências ligadas à educação física. Porque é uma pergunta a respeito do significado de um tipo de dança, que pressupõe movimentos corporais", explicou.

"Aconteciam as batalhas de break. Era caracterizado pela improvisação. Tinha uma simbologia importante porque nos guetos era comum ter violência física. E aí se criou um embate entre grupos diferentes, mas através da cultura. São movimentos improvisados. Olhando as opções de resposta, pensando nesse universo da cultura urbana, “improvisado” parece ser a melhor forma de entender o break. É uma questão que fala de diversidade cultural, especificamente de cultura negra."

• "É uma questão que fala de diversidade cultural, especificamente de cultura negra, incorpora diversidade, dialoga com educação física. Fala do corpo como produtor de significados e de sentidos."

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•Resposta: E

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De acordo com o professor Eduardo Calbucci, supervisor de português e redação do Anglo, a alternativa indicada é a letra E. "Questão de história do Brasil, deu muita discussão entre os colegas historiadores, então fico imaginando que é uma questão que trouxe dificuldades aos alunos. Se professores em conjunto, sem limite de tempo, com acesso a obras, têm dificuldade em marcar no gabarito, imagine o aluno, em 3 minutos", afirmou o professor.• "A verdade é que já havia muitos negros alforriados. Era difícil distinguir os

escravos dos alforriados. Não havia mais a ideia de quem, por ser negro, seria escravo. Eles querem dizer eu o texto I acrescenta um dado ao texto 2. O texto 1 diz que a importância da lei áurea não deve ser só mensurada pelos números. O texto termina falando sobre o impacto que a extinção da escravidão causou na sociedade. Ou seja: independentemente de quantos negros foram libertos, existe uma importância

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•Resposta: D

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•Resposta: B

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•Resposta: E

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•Resposta: E

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•Resposta: C

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GABARITO

• 48 - C

• 49 – E

• 50 – E

• 51 – E

• 52 – B

• 53 - C

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GABARITO

• 94 – C

• 95 - 162

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Redação do PAS - 2015

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Meninas negras não brincam bonecas pretas! Pretas!

Tô cansada do embranquecimento do BrasilPreconceito racismo como nunca se viuMeninas negras não brincam com bonecas pretasFoi a Barbie que carreguei até a minha adolescência

Porque não posso andar no estilo da minha raizSempre riam do meu cabelo e do meu narizNa novela sou empregadaDa globo sou escravaNão me dão oportunidade aqui pra nada

Sou revolucionária negra conscienteNão uso corpo, eu não me mostro eu uso a menteSó afro descendente você vai ter que me aceitar assimCabelo enraizado é bom pra mim

Patrão puto que não me contrata na sua empresaPorque não tenho olho claro, ele não me aceitaEu entro no seu comércioEu gasto, eu consumoAi você me aceitaIsso é um absurdo

Dinheiro não tem cor, mais pra trabalhar temHá muitos negros vencedoresEu digo amém

Negra mudando de cor não é normalPra poder ser aceita no país do realNão troco minha raçaPor nada essa é minha casaMais uma negra militante mostrando a cara

Branco correndo tá atrasadoPreto correndo tá armadoE é tiro da policia para todos os lados

Genocídio cresce no meu povo negroPorque temos que morrerSó porque somos pretosPolicia racista, raça do diaboEstão nas ruas correndoPra todos os ladoCom sangue no olho, em desesperoPego o negro estudante e fala que é suspeito

20 de novembro, não nasceu por acasoZumbi Palmares lutou e foi executadoTeve sua cabeça cortada, salgada e espetadaNum poste em Recife na luta pela causaSou quilombola, descendente do guerreiro ZumbiNão é você sistema opressor, que vai me impedir de sorrir

FALSA ABOLIÇÃOTARJA-PRETA

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13 de maio a Falsa Abolição, dos escravosA princesinha nos livrou e nos condenouO sistema fez ela passar como adoradoraNão nos deu educação e nem informação

Lei do sexagenário ai foi tiraçãoLibertaram os negros velhos, sem nenhuma condiçãoLei do Ventre livre ou do condenadoPequenos negros sem pai, para todos os lados

Na escola não aprendiAprendi na escola da vidaEstudei me informando atrás de sabedoria

Nossa cultura esquecidaApagada e queimadaNa escola nunca ouvirFalar de Dandara

Somos obrigados aprender o que é de foraEuropa Oriente, essa cultura não é nossa

Discriminam as religiões afro brasileirasFalando que é do diaboQue é coisa feiaMais temos que se mexer para acreditarPra obter conquista é preciso reivindicar

Meninas negrasNão brincam com bonecas (refrãoSomos todos iguaisPorque você me rejeita

Dominam os meus pensamentosComo grande líder negroEu não espero e vou a lutaDe tudo o que queroSou puro sangue envenenadoCorpo mente e almaNão tenho medo de nadaBrasil é minha casa

Honro minha raizLuto pela minha corTudo o que busco é por nósE faço com amor

Cabelo pixa-in, da pele pretaAparência não me rebaixa, porque amo ser negraSou mais uma guerreira que como DandaraQuero conhecer o meu passadoE família na África

Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança? Que se fez de boazinha aquela cretina?Assinou abolição, sem nos dar esperança

FALSA ABOLIÇÃOTARJA-PRETA

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Que lutou subiu, quem não lutou ainda esperaQuilombos formadosHoje codinome favela

Algemas minhas verdadesNinguém é dono delaQueimar arquivos não consolam os negros dessa terraA porcentagem não sei, por isso não citareiA grande parte dos carentes são negros eu sei

Rei de quilombos que foram no passadoDe sua terra natal, foram arrancadosAgora tentam esconder com cotas de igualdadesSe a maior parte do preconceitoEstá na faculdade

Eu não consigo me ver tomando chibatadaRoupa rasgada na mata violentadaBrasil o primeiro em miscigenaçãoMistura de raça camufla a História da nação

Algemas no punho e nos pensamentosAinda somos escravos mesmo não querendoA luta continua só você não verAbra os olhos que ninguém abrirá pra você

Olha lá, olha láMais um navio negreiroMais mão de obra de graçaPros canavieirosSerá que a história da épocaEra a mesma de hojePromessas de empregosQue iludem a cabeça dos negros

Muitos morreram antes da liberdade sonhadaGotas de sangue escorriam do couro da chibataLágrimas derramadas pra muitos foram piadasSoltos das correntesSem poder voltar pra casa

Meninas negrasNão brincam com bonecas bonecas pretas (refrão)Somos todos iguaisPorque você me rejeita?

FALSA ABOLIÇÃOTARJA-PRETA

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