19
História do Ódio no Brasil: ressignificando Raízes do Brasil

O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

História do Ódio no Brasil: ressignificando Raízes do Brasil

Page 2: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

A Violência na Terra da Cordialidade

- 13 min – 1 assassinato- 15 min – 1 morte no trânsito- 100 mil mortes violentas por ano- Entre os 20 países mais violentos do mundo

Será que somos “homens cordiais”?

1936: publicação de Raízes do Brasil do historiador Sérgio Buarque de Holanda

Contexto: Europa – Ascensão do nazismo e do fascismoBrasil – Intentona Comunista (1935)

Page 3: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

Cordial (cordis – latim) – coração (passional)

- Brasileiro ama e odeia de forma passional

Interpretação Conservadora:

- Passava a negar o ódio na sociedade brasileira- Tentativa de negar o passado escravocrata

Page 4: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil
Page 5: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil
Page 6: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

Euclides da Cunha (1866 – 1909)

- Já havia percebido o ódio entre o Sertão (atrasado) e o Litoral (civilizado) na sociedade brasileira

- Isso é detalhe marcante em sua obra Os Sertões

Page 7: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil
Page 8: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil
Page 9: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

GuerraCivil

Page 10: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

Trânsito Brasileiro: matou 250 mil pessoas nos últimos 8 anos.

Guerra do Vietnã: matou 58 mil norte-americanos em 12 anos.

Violência no Brasil:1) É questão do outro;2) É coisa de nordestino atrasado;3) É coisa da periferia;4) É coisa de negro;5) É coisa de bêbado;6) É de qualquer outro, mas não minha.

A Hipocrisia: “eu sou o representante da civilidade, sou pacífico e estou

cercado por gente violenta.”

Page 11: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

A Incapacidade de Perceber o Ódio

Esquerda: idealiza o futuro impossível

Direita: idealiza o passado improvável

Exemplo:

- Mito do Bom Selvagem (Michel de Montaigne)

- Formação cristã (Sermão da Montanha – “são bem aventurados os pacíficos.”

- O ódio nos conduz ao inferno

- Ódio remete à Revolução

Page 12: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil
Page 13: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

Natureza Humana na Ciência Política

Thomas Hobbes (1588 – 1679): somos naturalmente violentos

Rousseau (1712 – 1778): aprendemos a odiar porque a sociedade nos corrompe

John Locke (1632 – 1704): nascemos tábula rasa (empirismo)

Por que o ódio permanece?

Page 14: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

O ódio é o elemento mais fácil para unir um grupo

Page 15: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

1 – É difícil amar em comum;

2 – Inimigos nos dão identidade;

3 – Odiar se confunde com o prazer e a superação de inferioridade;

4 – A derrota do outro é melhor do que a minha vitória;

5 – A gratidão me torna inferior a você;

6 – O ódio me torna superior a você porque foi você quem me atacou.

Públio Cornélio Tácito (55 – 120): “Os homens apressam-se mais em retribuir um dano do que um benefício, porque a gratidão é um peso e a vingança é um prazer.”

Page 16: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

Sociedade Falocêntrica

- Domínio masculino na forma de pensar sobre os principais paradigmas;

- Tirar satisfação é sinal de força (“o vitorioso não engole calado”);

- Pedir perdão é fraqueza;

- Hitler X Adenauer;

- Violência seduz (Gladiadores X MMA);

- Patologia X Naturalidade.

Page 17: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

Crônica: Mineirinho (Clarice Lispector)

“Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro.

Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais”.

Page 18: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

Ódio Contemporâneo

- Crimes famélicos (passado) X Crimes de Tecnologia (presente);

- Ter para ser (ódio de consumo);

- Hipocrisia Contemporânea (não posso dizer o que sinto e não sei mais o que sou);

- Medicalização para ser feliz;

- Resistência ao negativo e ao ódio;

- Crianças odeiam? (“Juramento de Anibal”);

- Criar obsolescência para criar mercado (Adam Smith);

- Inveja X Cobiça.

Page 19: O ódio no Brasil: ressignificando raízes do Brasil

Poema em linha retaFernando Pessoa

(Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,Indesculpavelmente sujo,Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,Que tenho sofrido enxovalhos e calado,Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachadoPara fora da possibilidade do soco;Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigoNunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humanaQue confessasse não um pecado, mas uma infâmia;Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!Onde é que há gente no mundo?