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IMPRENSA ALTERNATIVA NOS ANOS DA DITADURA: O PASQUIM Natania A. S. Nogueira Prof. História [email protected]

O pasquim e o papel do humor na resistência contra a ditadura militar

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IMPRENSA ALTERNATIVA NOS ANOS DA DITADURA:

O PASQUIM

Natania A. S. NogueiraProf. História

[email protected]

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ORIGENS

Segundo Jaguar, o projeto do Pasquim teve nasceu em setembro de 1968, no dia que morreu Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), que publicava A Carapuça, tabloide semanal de humor.

O Pasquim seria seu substituto. A primeira edição do Pasquim foi

lançada em 26 de junho de 1969.

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Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário (Fonte: Projeto ReleiturasArnaldo Nogueira Jr)

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Seus colaboradores foram muitos, mas inicialmente o projeto ficou nas mãos de Tarso de Castro, Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Carlos Leonam, Prósperi, Claudius, Fortuna, Sérgio Cabral, Sérgio Augusto, Ivan Lessa, Paulo Francis, Fausto Wolff.

Millor não esperava que durasse muito e se enganou: foi publicado durante mais de 20 anos.

O nome, que significa "jornal difamador, folheto injurioso", foi sugestão de Jaguar.

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Foi o criador do caderno Folhetim da Folha de São Paulo e um dos fundadores do Pasquim, do qual foi editor por 80 edições.

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Como símbolo do jornal foi criado o ratinho Sig (de Sigmund Freud), desenhado por Jaguar, baseado na anedota da época que dizia que "se Deus havia criado o sexo, Freud criou a sacanagem".

Uma das características do Pasquim, era o seu caráter não empresarial.

• Outra característica do jornal era a patota: a soma das contribuições oferecidas pelos seus colaboradores. Eles se identificam como pasquinianos.

• Outra especificidade do Pasquim é a pessoalidade. No jornal, cada autor marca sua individualidade no texto.

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Patota do Pasquim

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A TRAJETÓRIA DO PASQUIM O jornal se divide em quatro períodos: 1. nascimento do Pasquim em junho de 1969 até a

prisão da equipe de produção no fim dos anos 70.

2. censura prévia explícita vai da edição 80 até 300. 3. é concedida a palavra, até certo ponto livre, mas

constantemente ameaçada, luta pela liberdade democrática. Edições 300 a 490.

4. “Jornal dos retornados”, O Pasquim dá abertura para os que foram exilados ou tiveram seus mandatos cassados. Edições 490 a 559.

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PERIDIOCIDADE O Pasquim era uma publicação semanal. Teve uma tiragem inicial de 20 mil exemplares e

atingiu a marca de mais de 200 mil em seu auge, em meados dos anos 1970.

Graças aos esforços de Jaguar, o único da equipe original a permanecer em O Pasquim, o semanário continuaria ativo até a década de 1990.

Em sua fase final, passou suas edições passaram a ser quinzenais.

A última edição, de número 1 072, foi publicada em 11 de novembro de 1991.

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CONTEÚDO

A princípio uma publicação comportamental (falava sobre sexo, drogas, e divórcio, etc) e política.

O Pasquim foi se tornando mais politizado à medida que aumentava a repressão da ditadura.

O Pasquim passou então a ser porta-voz da indignação social brasileira

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O PASQUIM NA DITADURA O Pasquim sofreu os efeitos da ditadura. Em novembro de 1970 a redação inteira do O

Pasquim foi presa depois que o jornal publicou uma sátira do célebre quadro de Dom Pedro às margens do Ipiranga, (de autoria de Pedro Américo).

• Durante o período em que a equipe esteve na cadeia, até fevereiro de 1971, quem editou o Pasquim foi Millôr Fernandes, com colaborações de Rubem Fonseca, Odete Lara, Chico Buarque, Glauber Rocha e diversos intelectuais cariocas.

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Charge ironizando a Proclamação da independência. A reação da Ditadura foi imediata: toda a redação foi presa

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Capa do Pasquim, após a prisão de quase todo os seus colaboradores:

“Enfim um Pasquim inteiramente automático:Sem o ZiraldoSem o JaguarSem o TardoSem o FrancisSem o MillôrSem o FlávioSem o SérgioSem o FortunaSem o CarcezSem a RedaçãoSem a contabilidadeSem gerênciaSEM CAIXA”

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No auge da censura, o estoque de charges e cartuns era gigantesco, visto que cada desenho 'xisado' tinha de ser substituído no ato.

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A entrevista mais famosa foi aquela realizada com Leila Diniz, em 1969.

Foi a edição mais vendida e um escândalo na época.

Após essa entrevista foi instalada a censura prévia pela ditadura.

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O humor foi uma forma de burlar a censura e falar de política, o que faz do Pasquim uma publicação de resistência ao regime.

Para Nani, o fim da ditadura e a abertura foram cruciais para o próprio fim de periódicos como o Pasquim, uma vez que já não era mais necessário esse tipo de artifício para tratar de assuntos polêmicos.

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O FIM DO PASQUIM

Causas:1. As prisões, que continuaram nos anos

posteriores, e na década de 1980.2. As bancas que vendiam jornais

alternativos como o Pasquim tornaram-se alvo de atentados a bomba.

3. A falta de controle dos gastos e má administração.