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Paixões no Oeste Vol. I

PAIXÕES NO OESTE - VOL 1

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Paixões no OesteVol. I

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Paixões no OesteVol. I

1ª Edição 2011Florianópolis - SC

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A pequena cidadezinha de West Side no

norte do Texas, Estados Unidos, estava em expansão, grandes casas de madeira e concreto estavam sendo construídas. A chegada da estrada de ferro estava trazendo avanço à cidade, a rua central era larga e empoeirada, havia movimentos de charretes, cavalos e coches. A tranquilidade da cidade permitia aos moradores sentarem-se na varanda para ler as amarelas páginas do novo jornal The West, e os homens esbanjavam seu tempo no Saloon onde tomavam tequila ou wisque e jogavam pôquer, eram estimulados pela presença das moças faceiras com suas roupas provocantes, onde muitas vezes somente exibiam as roupas de baixo com seus formosos e estranguladores espartilhos, fazendo a alegria dos homens. Mas de outro lado a moradidade e pomposidade social imperava nas famílias.

A proximidade do fim do século XIX e chegada do século XX traziam consigo as novas tecnologias e progressos às grandes cidades que aos poucos agraciava as do interior, fazendo com que a modesta população de West Side se deleitasse com as novidades vindas das cidades grandes.

Aos arredores da pequena cidade ficavam as fazendas, onde se criavam gado e cavalos. Onde era

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possível encontrar os cowboys que faziam o ginete, os tropeiros das comitivas, os grandes e pequenos fazendeiros. As colinas, penhascos, pastos e riachos eram suas moradas. O lar dos texanos, os quais se orgulhavam de amar.

Os quatro amigos, Ian, Willian, Mitchel e David, cuidavam de suas pequenas fazendas que eram vizinhas. Estas foram adquiridas e mantidas com muito custo, cuidando da criação de gado e de cavalos. Gostavam de se reunir ao fim da tarde para jogar conversa fora, tomar tequila e relembrar as aventuras. Eles criaram-se juntos, aprenderam a montar, laçar, atirar e a farrear juntos. Sempre estavam unidos, eram companheiros, amigos, irmãos. Houvesse o que hovesse, não deixavam de dar apoio um ao outro. O que mais importava para eles era estarem unidos e compartilharem alegrias e dificuldades.

Naquele entardecer do fim de inverno podiam vislumbrar o poente avermelhado do sol sumindo atrás das colinas, os quatro estavam reunidos na fazenda de Willian. Eles fizeram uma fogueira, um assado de lebre sustentado por um alicerce de madeira, que era girado de vez em quando sobre o fogo de chão. Pegaram suas bebidas e começaram as bagunças. Era assim que se reuniam à noite para descontrair após um dia de lida, para as prosas vazias, mas engraçadas, para as brincadeiras bobas, mas sempre inebriantes. Era um costume e uma necessidade dos rapazes de terem nas suas vidas este ritual.

-Willian, sua fazenda está ficando uma beleza. - disse Ian olhando ao redor.

-Sim. O trabalho está grande, mas esta cerca vai ficar ótima. - respondeu Willian entusiasmado com um sorriso majestoso.

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-Verdade! Eu sei como é. A minha está ficando uma beleza também, mas se você precisar de ajuda com a cerca nós estamos aí. - disse Ian muito sorridente ao amigo e lhe dando uma leve palmada nas costas.

-E quando vamos atrás daquele Mustang? - David perguntou todo animado.

-Bem... O meu cercado já está pronto, nós podemos ir quando quiserem. - disse Willian.

-Por mim vamos amanhã. - Mitchel disse empolgado por uma aventura e bebendo um gole enorme da tequila fazendo careta.

-Por mim também. - concordou Ian.-Tudo bem, então nós vamos amanhã cedo. Ele

está por perto, eu o vi no topo da montanha esta manhã.

-Ótimo, eu estou sempre pronto. - David disse.-Willian, você tem visto aquela moça? Como é

o nome dela? - Ian perguntou.-Jessy. Não, não a vi mais... Mas confesso

que ela é muito bonita, eu gostaria de cortejá-la oficialmente,

mas ela é meio estranha, fica sempre me enrolando, não deixa eu me aproximar da sua família.

-Willian, todas as mulheres para você são estranhas. - David debochou e todos riram.

-Acho que é nossa fama.-Fama? Nós somos uns santos. - Mitchel disse

erguendo as sobrancelhas.-Santo é o Ian, você é um capeta. - Willian

retrucou para ele.-Bem... Com isso eu concordo. - Mitchel disse

soltando uma gargalhada.-Ainda bem que assume. - David disse rindo.-Quem sabe podemos ir à cidade e você dá

sorte de vê-la. - Mitchel sugeriu.

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-Verdade, aí nós já aproveitamos e vamos ao Saloon. - David falou com cara de safado.

-David, eu concordo com você, aquelas moçoilas me piram a cabeça. - falou Mitchel com uma cara de sempre, levantando uma das sobrancelhas e fazendo cara de conquistador.

-Ah Mitchel que novidade, você vive com a cabeça pirada pelas moçoilas, você não toma jeito. - Ian retrucou jogando um galhinho de mato em Mitchel e todos riram.

-Ué, o que você quer que eu faça? Se não tenho uma fico com duas. - disse soltando uma gargalhada. - Ian, eu não sou certinho como você. E você tem que se soltar mais, quando vai ao Saloon nunca fica com nenhuma mulher.

-Mitchel, você me conhece, eu não sou chegado a estas devassidões com cocotes, estou esperando a mulher certa.

-É... Desse jeito ele vai continuar virgem. - Willian falou dando uma gargalhada e todos riram.

-Não seja engraçadinho. - Ian falou com uma cara de contrariado.

-Você vai encontrar Ian. Mas você não está ainda com a esperança de encontrar aquela moça, ou está? - David questionou.

-Não... Eu acho que nunca mais vou vê-la de novo, mas confesso que nunca esqueci seu rosto.

Ian abaixou os olhos e lhe veio à memória a visão de uma moça que vira há três anos, quando foi à cidade de Tempty. Ela estava no meio da estrada com a roda de sua charrete presa na lama e a tentava empurrar. Ian estava andando calmamente a cavalo na sua volta para casa e parou para oferecer ajuda quando a avistou naquela situação complicada.

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-Precisa de ajuda Srta.? - perguntou Ian baixando um pouco a cabeça e puxando a aba do chapéu.

-Não obrigada. - a moça disse sem olhar para ele.

-Me desculpe Srta., mas não creio que irá conseguir tirar essa roda daí sem ajuda.

-Pode deixar, Hanna é uma égua muito forte, vai puxar a charrete sozinha.

Ela estava atrás da charrete a empurrando e ainda não havia olhado para ele. Como se o ignorasse completamente, fez força novamente. Ian achou aquilo engraçado, deu um leve sorriso com um ar de gozação e pensou que não ouvira direito algo tão absurdo vindo de uma dama em uma situação daquelas. Aquilo o deixou um tanto espantado. “Mas que mulher teimosa”. - pensou.

-Tudo bem, se não quer minha ajuda eu vou embora, mas é uma pena que seus belos sapatos e seu vestido estejam mais atolados na lama que sua charrete. Até mais.

Ele tocou o cavalo com a espora e começou a andar calmamente. Ela olhou para si já com os pés e a barra do vestido todos sujos de lama. Deu uma suspirada, fez uma cara de contrariada e admitiu mesmo sem querer que ele estivesse certo.

-Ok, está certo, eu preciso de ajuda. Ele parou de andar novamente e nisso ela se

virou, levantou os olhos e encarou o homem encima do cavalo e ele fez o mesmo. Quando seus olhos se cruzaram ambos ficaram paralisados se olhando, sentiram um baque no coração e um frio lhes afligir o estômago. Ian possuía uma beleza escultural, cabelos um pouco compridos, olhos exóticos verdes amendoados, corpo esbelto, alto, pele clara, surpreendentemente clara para um texano, era um rapaz muito lindo aos olhos das moças. Ela era uma

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moça belíssima, alta, magra, pele alva, olhos cor de mel e muito marcantes, tinha cabelos castanhos, longos e ondulados que estavam semi presos debaixo de um lindo chapéu de cor pérola de abas largas, sua roupa era de quem possuía uma boa posição social. Parecia muito jovem, mas tinha altivez de uma mulher madura. Ele ficou encantado com sua beleza de tal maneira que o ar lhe faltou nos pulmões.

Ian desceu do seu cavalo Trovão e o acariciou. Ele amava aquele cavalo, era de uma beleza incrível, todo branco, um Mustang que ele e os rapazes haviam capturado nas montanhas e foi domado por ele há algum tempo atrás. Ele foi até a charrete para ajudar a empurrar e erguer a roda atolada. Quando chegou ao seu lado, olhou dentro dos seus olhos e os dois ficaram sem jeito.

-Vamos lá. O que está esperando? Vai ficar aí me olhando ao invés de empurrar? - retrucou-o nervosa.

-Vá lá à frente e puxe a égua, eu vou empurrar. Meu Deus seu humor é ótimo! - disse ele fazendo uma cara de indignado. - Ian colocou toda sua força e num súbito empurrão tirou a roda atolada. -Prontinho. - disse batendo as mãos forradas com uma luva de couro para limpá-las.

-Obrigada.-De nada. Mas a Srta. não deveria andar

sozinha por estas estradas, pode ser perigoso.-Eu sei me cuidar, não se preocupe.-É... Eu estou vendo. A propósito, eu me

chamo Ian Buller. -Jayne... - ela ia continuar, mas parou

subitamente de pronunciar seu nome completo. Era costume dizê-lo ou somente apresentar-se pelo sobrenome. Ian estranhou, mas não questionou, o

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nome dela ecoou dentro de sua cabeça como um som dos deuses.

-Prazer em conhecê-la Srta. - disse fazendo reverência com o chapéu e sorrindo. Ela sentiu-se atordoada com aquele sorriso encantador, e só assentiu com a cabeça retribuindo o cumprimento. -Permita-me ajudá-la a subir na charrete.

Ian retirou as luvas e segurou sua mão, pode sentir sua pele macia e Jayne tremeu quando ele a tocou. Quando ela estava em pé subindo no degrau da charrete, Hanna andou levando-a consigo fazendo Jayne perder o equilíbrio e cair. Ian tentou segurá-la, mas ela veio por cima dele e caíram os dois na lama. Ela soltou um grito de susto, quando abriu os olhos seu rosto estava praticamente colado no dele, seus olhos fixaram-se, seus lábios estavam quase se tocando. Ele podia sentir seu perfume embriagante e seu hálito a dois centímetros de sua boca. Os dois corpos unidos caídos no chão trouxe uma sensação que ambos nunca haviam sentido, deixou-os atordoados.

-Me solte seu abusado. - ela falou nervosamente tentando se desvencilhar dos braços dele e levantar.

-Eu não estou te agarrando. Se não fosse eu, você teria dado de cara na lama.

-A culpa foi sua.-Minha?-É. - ela levantou-se e se olhou, estava toda

enlameada. -Veja isto, que tragédia!-Sim... Para uma dama mimada como a Srta.

isto deve ser realmente uma tragédia.-Mimada, eu? Você que é um grosseirão.-Meu Deus! Você parece uma potra xucra. -

disse indignado, mas mudou a fisionomia e sorriu olhando para aquela beleza. -Mas não vou negar que é muito linda. - retrucou-a ironicamente.

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-Potra xucra? Como se atreve, seu, seu, arrft... - ela ficou furiosa, virou as costas e entrou pela lateral da estrada entre as árvores se enroscando nos matos.

-Ei... Aonde você vai? - ele gritou.-Vou me lavar no rio, estou imunda. E vá

embora. - gritou sem olhar para trás. -Huum, se lavar no rio, até que é uma boa

idéia. - falou olhando-se todo cheio de lama. -Mas que gênio tem esta mulher. Mas é muito linda. - falou colocando um sorriso no rosto.

Ele a seguiu até o rio, quando chegou à margem avistou-a banhando-se, ela usava uma saia verde cor de musgo, uma blusa branca ornada de finas rendas com um corpete por cima, seus cabelos estavam soltos e molhados caindo sob seus ombros, sua saia longa e anáguas estavam embolando-se na água, enquanto ela tranquilamente tentava boiar, parecia ter se esquecido dele, estava deleitando-se naquela água cristalina e fria. Ele ficou paralisado vendo-a daquela maneira, admirou cada centímetro dela. Estava inebriado.

-Não vá se afogar. - ele gritou com um sorriso irônico.

Ela se assustou soltando um grito e foi para o fundo, subiu rápido e passou as mãos nos olhos.

-O que você ainda está fazendo aí? Não falei para ir embora?

-Ah! Eu não sabia que este rio pertencia a você, eu também vou tomar banho.

-Não se atreva a entrar aqui. - gritou ela arregalando os olhos e Ian deu uma gargalhada muito debochada.

-Vou entrar. - e começou a tirar as roupas.-O que você está fazendo? - disse apavorada o

vendo tirar o cinturão com a pistola e jogar no chão e seu casaco. -Pare com isso.

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Jayne começou a ir para a margem e saiu do rio, seu vestido parecia estar pesando uma tonelada dando dificuldade a ela de locomover-se. Ela levantou-se ao seu lado com muito custo e olhou bem para ele.

-É... Agora você está com cara de gato molhado. - disse rindo para ela debochadamente.

-Igualzinha a você. - ela colocou as duas mãos no peito dele e o empurrou para dentro da água. -Aproveite seu banho. - falou rindo e dando as costas para ele.

Ian emergiu, sacudiu os cabelos e olhou para ela.

-Você é o diabo. - gritou. Ela foi embora rindo e ele a perdeu de vista no mato. -Mas que diabos. Que mulher é essa? Nunca vi alguém assim... Mas como é linda. - disse ele estampando um sorriso no rosto.

Ian ficou um tempo na água. Jayne estava indo em direção à estrada e olhou para trás. Parou de andar sentindo vontade de vê-lo novamente. Tentou conter aquela ansiedade que abruptamente lhe consumiu, mas foi em vão, voltou tentando não fazer barulho e escondeu-se atrás de uma árvore. Ficou admirando a beleza estonteante de Ian, ela estava embasbacada, nunca havia visto homem tão belo e tão atraente como ele.

Ele saiu da água, tirou o colete, baixou o suspensório, tirou a camisa e começou a torcê-las, ela arregalou os olhos e ficou quase sem ar de ver seu peito nu, seus músculos perfeitamente torneados. Quando ele sacudiu os cabelos e os jogou para trás os ajeitando com a mão, Jayne parou completamente de respirar, ele vestiu a regata e a camisa, colocou o casaco, jogando o colete sobre os ombros, juntou suas coisas do chão para voltar ao seu cavalo, ela então, se viu numa enrascada. Saiu

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correndo para chegar antes dele e sair com a charrete, subiu rapidamente e tocou a égua. Quando ele chegou à estrada, avistou-a indo embora, ficou parado no meio da estrada olhando-a, sentiu um vazio de vê-la ir-se. Jayne olhou para trás e o viu parado, Ian involuntariamente sorriu, acenou com a mão dizendo adeus e ela pensou em não retribuir, mas com um aperto no peito sem nem saber explicar o que sentiu, retribuiu o aceno.

Ian foi outras vezes àquela cidade que era relativamente grande, mas nunca mais a viu ou soube qualquer coisa dela. Tentou encontrá-la e nada, pois nem sabia seu sobrenome. Ele sempre se recordava dela e sentia tristeza, mas sorria quando se lembrava das confusões do intempestivo encontro. Inexplicavelmente Ian foi arrebatado por aquela bela e estonteante dama, tão meiga, mas tão estrondosamente rebelde e impulsiva.

-Ei Ian, acorda. - gritaram os rapazes o trazendo de suas lembranças.

-Estava lembrando-se dela?-Estava. - respondeu Ian esfregando o rosto

com as mãos.-Homem, esquece esta mulher, você nunca

mais vai vê-la, você precisa arrumar outra. Uma de carne e osso. - disse Mitchel.

-É... Vocês têm razão. Sou um idiota mesmo.-Eu não acho que você seja idiota, acho você

um romântico incompreendido. - Willian disse ironizando.

-Ahhh isso ele é mesmo, por ele e por mim. - Mitchel disse rindo.

-Mitchel você é um cafajeste. - David debochou. -Qualquer dia você vai levar um tiro de algum marido enfurecido. - todos riram e concordaram.

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-Lembram-se do dia que ele pulou a janela da casa dos Jensen só de ceroulas? - Willian lembrou matando-se de rir e todos riram.

-Isso... Riam de mim, aquele dia quase virei presunto. Foi por pouco que o pai dela não me acha em seu quarto.

-Ah Mitchel, mas também o que você queria? Se meter com a filha do xerife, deve estar a fim de virar peneira. - Ian indagou rindo. - Ele pode ser uma lesma, mas teria te enforcado se te pegasse.

Os rapazes começaram a contar estórias, a rir e a beber, cantavam algumas músicas para alegrar enquanto Willian tocava bandolim. Já havia anoitecido e Mary saiu na varanda e ficou por alguns instantes contemplando os meninos com um sorriso nos lábios.

Mary era irmã mais nova de Willian, moça bonita, muito parecida com o irmão, possuía os cabelos negros e longos, olhos verdes, e corpo esguio. Adorava a companhia dos rapazes e escondia uma paixão por David. Não poderia revelar nada, pois era tímida e tinha medo que causasse algum desentendimento entre os amigos.

-O jantar está na mesa, se esta lebre está pronta venham antes que esfrie. - ela gritou.

Willian retirou a lebre do fogo levando o espeto para dentro e os rapazes o seguiram. Todos entraram, lavaram as mãos na bacia com água e sentaram-se à mesa.

-Boa noite Mary. Como você está? Está muito bonita hoje. - disse David sorridente.

-Estou bem, e obrigada. - por dentro ela derreteu-se pelo comentário. “Será que ele realmente me acha bonita?” - pensou.

-Ah, a comida da Mary é um espetáculo. - Mitchel disse lambendo os lábios e esfregando as mãos.

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-Verdade Mary. Você cozinha muito bem. - confirmou Ian.

-Obrigada rapazes. Willian, você deveria aprender elogios assim. - falou com um sorrisinho para o irmão.

-Ah Mary que injustiça. Você sabe que adoro sua comida. - falou rindo.

-Sei. Vocês sabem quem comprou a fazenda dos Thompson? - perguntou Mary servindo os pratos.

-Se chamam Cullen, é o dono do banco que abriu na cidade, Carl Cullen eu acho, dizem que são bem ricos. - respondeu Ian.

-Ouvi falar que ele tem três filhas. - disse Mitchel com uma cara de safado erguendo uma de suas sobrancelhas.

-Ah meu Deus! Lá vai Mitchel atacar as filhas do banqueiro. - exclamou David rindo. -Ah homem deixa uma para mim. - riu mais ainda e os rapazes riram também. Mary sentiu-se triste com o comentário de David, mas disfarçou. Ele realmente não ligava para ela.

-Vocês não têm jeito mesmo. - disse Ian rindo.-Mitchel, se ele tem três filhas deve ter

também três trabucos carregados. - brincou Willian.-Não tem problema, eu vou ser discreto, vou lá

pedir um empréstimo no banco e faço amizade com ele.

-Ah ta! Eu acho mais fácil você trabalhar de empregado na fazenda dele limpando o celeiro. - debochou David.

-Há, há, engraçadinho. - falou Mitchel fazenda cara de indignado.

-Meu Deus, ele pirou de vez. - retrucou Willian.

O jantar passou alegre, f alaram de diversos assuntos e riram

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muito. Mais tarde despediram-se e cada um foi para sua fazenda.

**Na manhã seguinte voltaram para a fazenda

de Willian para irem atrás do Mustang. Todos devidamente providos de seus apetrechos, laços, cantil, luvas de couro, chapéus e esporas.

-Ainda bem que esta neve está acabando, já estava me cansando de ver tudo branco. - disse David ajeitando as luvas.

-Todo inverno você diz a mesma coisa, parece um treco daquele que toca música engasgado. - disse Willian.

-É fonógrafo Willian. - corrigiu Ian rindo.-O que posso fazer? Eu não gosto de branco,

gosto de verde.-Vamos lá rapazes, chega de conversa fiada e

vamos colocar emoção neste dia gelado. - disse Ian.-Todos prontos? - perguntou Mitchel.-Sim. - respondeu Willian.-Iááá.Saíram galopando montanha acima. A vista

das colinas era maravilhosa, a neblina ainda cobria os prados que timidamente começavam a ficarem verdes. Eles amavam aquelas terras, eram seus lares e de uma beleza incrível. Galoparam até chegaram a uma colina onde havia pedras gigantescas.

-Oooo - gritou Willian ao seu cavalo. Ele levantou a mão para os rapazes para pararem de correr e não fazer barulho. Pararam de galopar e começaram a andar. -Ele deve estar por aqui.

-Tem certeza?-Sim, este pasto é o preferido dele. Está

começando a ficar denso, então ele vem aqui atrás de comida.

-Quero ver quem vai domá-lo dessa vez. - falou Ian.

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-Willian ora. - respondeu David.-Hummm. Quero ver. - disse Ian zombeteiro.-Lá está ele. - gritou Willian. -Vamos. Ele esporou o cavalo e saiu em disparada. Os

outros o seguiram e espalharam-se formando um círculo para cercá-lo. Corriam para um lado e para o outro tentando laçar o Mustang, mas ele era arisco e muito rápido, era lindo de se ver, completamente preto e seu pêlo cintilava. Após uma hora tentando pegá-lo finalmente Ian conseguiu laçá-lo. Os quatro jogaram mais laços para tentar segurá-lo, ele se empinava e tentava escapar, foi uma briga.

Num dos puxões, o Mustang derrubou David do cavalo.

-David você está bem? - gritou Ian.-Acho que machuquei o braço.Ele levantou-se fazendo caretas de dor,

agarrou a corda do pescoço do Mustang com a outra mão para ajudar a segurá-lo. Após mais alguns pinotes o Mustang se acalmou um pouco.

-Tudo bem ele está mais calmo, vamos tentar levá-lo para a fazenda. - disse Willian, e começaram a voltar. Estavam exaustos.

-Bem rapazes, missão cumprida. - disse Mitchel.

-Ainda não, tem que domá-lo. - disse Ian rindo.-E este vai ser de quem? - perguntou David.-Boa pergunta, vamos tirá-lo no pôquer.-Ah não Mitchel, pôquer não, sempre perco. -

disse Willian. -Então no palito. - falou Mitchel.-Acho que eu o merecia, pois me machuquei. -

disse David. -Devia ser meu, pois vai ficar no meu cercado.

- disse Willian.-Então devia ser meu, pois fui eu que dei a

idéia. - disse Ian.

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-Ian você já tem o Trovão que foi uma peleja daquelas para o pegarmos, este vamos disputar entre nós três. - falou David rindo.

-Tudo bem, eu estou feliz com Trovão. - falou Ian rindo e acariciando seu amado cavalo que parecia entendê-lo e balançou a cabeça afirmativamente relinchando e todos riram deles.

-É. Este caso de amor está ficando grave. - disse Mitchel.

-Ah cale a boca.Voltaram para casa, e de vez em quando o

Mustang se agitava e eles insistentemente o tentavam acalmar para que parasse de dar pinotes, pior ainda foi colocá-lo dentro do cercado, mas com dificuldade conseguiram. Mary correu para fora da casa quando os viu chegando.

-Nossa! Como ele é lindo. - ela exclamou sorridente.

-Realmente é uma beleza de cavalo. - falou Willian.

-Ai. - David gemeu contorcendo-se.-Mary cuide de David, está machucado. -

pediu Willian.-Ah meu Deus, venha aqui. - Mary levou-o

para dentro de casa, pegou uma caixa com alguns medicamentos e ataduras para ver seu braço. Ela tirou-lhe o longo casaco que quase lhe chegava aos pés, a jaqueta e a camisa o deixando com o peito desnudo, pegou um pano com água para limpar a ferida, quando ela tocou, David gritou. -Desculpe. Vocês parecem moleques, eu vivo tendo que fazer curativos em vocês. - falou com um sorrisinho repreendendo David.

-Verdade, você é nossa enfermeira oficial. - respondeu rindo.

-Não vai precisar de pontos, está somente esfolado, creio que a dor foi mais da batida, mas não

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parece estar quebrado, acho que seria bom você ficar com o braço imobilizado um pouco.

-O que? Não posso ficar com o braço imobilizado Mary, eu preciso deste braço.

-Bem... Isto é o que dá suas aventuras, sinto muito, mas seu braço vai ter que ser enfaixado, pelo menos por uma semana, e não discuta comigo.

-Está bem, está bem... Obrigada Mary. Neste momento David olhou bem nos olhos de

Mary e ela sentiu um frio na barriga. Ela estava tão perto dele, sentiu vontade de beijá-lo, distraiu-se e sem querer apertou seu braço ferido.

-Aaaiii Mary. - gemeu ele. -Está me torturando, é?

-Desculpe.Depois do curativo pronto e ela ter enfaixado

seu braço, o ajudou a vestir-se e colocou uma tipóia.-O que vou fazer agora com o braço deste

jeito?-Ficar sem laçar Mustangs. - disse ela sorrindo

lhe ajeitando o casaco.Ele olhou para seu rosto e sorriu, David era

muito alto perto dela, ele tinha mais de um metro e noventa, cabelos claros e olhos verdes. Mary ficou encabulada com aquele sorriso.

-Obrigado Mary. Ele lhe beijou a face, o que deixou Mary

ruborizada e sem ar, não esperava aquela atitude dele que a pegou de surpresa, ele foi para fora ver o cavalo enquanto ela sentou na cadeira com a mão no peito e suspirando. Como o amava.

-Bem rapazes... Eu vou para casa, estou inutilizado por uns dias, mas valeu à pena, este cavalo é lindo. Só não sei se algum de nós vai conseguir montá-lo. - disse David.

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-Também vou para casa, tenho coisas para fazer na fazenda. Amanhã vamos à cidade? - perguntou Ian e todos concordaram. -Ok. Até mais.

**No dia seguinte todos se reuniram e foram à

cidade, iam calmamente galopando e conversando um ao lado do outro.

-Ian você está com uma cara de morte. O que houve? - perguntou Willian.

-Não sei, estou me sentindo estranho hoje, não dormi direito, tive pesadelos e outros sonhos estranhos.

-Que tipo de pesadelos? Já sei, sonhou com a Dona Michela, seus 180 kilos e sua boca sem dentes. - brincou Mitchel.

Todos caíram na gargalhada. Dave soltou uma gargalhada daquelas, que se escutou do outro lado da montanha.

-Mitchel você me mata. Não, eu sonhei... Ah, deixa para lá.

-Ihhh, eu não vou nem perguntar, porque eu já sei com quem sonhou. - retrucou Willian.

-Tudo bem Ian vamos fazer o seguinte, hoje nós vamos tomar um porre no Saloon, ok? Você vai para a esbórnia com as mulheres, tira a barriga da miséria e ver estrelinhas. Está bem assim?

-Está Mitchel, está. - disse Ian rindo.-É isso aí amigo, assim que se fala. - David riu

e deu uma tapinha nas costas de Ian.Chegando à cidade, os quatro andavam

enfileirados lado a lado atravessando a rua principal, não havia uma moça que não olhasse para aqueles quatro homens, eles eram muito conhecidos, pelas suas farras, pela união dos amigos e pela beleza estonteante de cada um que deixava as moças encantadas. Mas apesar de suas famas de galanteadores e bem sucedidos em suas fazendas,

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nenhuma moça os fisgava. Apearam dos cavalos e os atrelaram em frente ao coche de água. Ian estava andando distraído de costas falando com os rapazes quando Willian tentou puxar seu braço, mas não deu tempo. Quando ele se virou esbarrou em uma moça que estava à sua frente com alguns pacotes na mão. Ela com a trombada, derrubou os pacotes no chão e começou a esbravejar.

-Por que não olha por onde anda?Ian petrificou, ficou parado a olhando, quando

ela ergueu os olhos e avistou-o, derrubou o outro pacote que ainda estava na sua mão. Os rapazes percebendo aquilo se entreolharam sem entender nada.

-Você? - perguntou Ian quase sem voz sentindo um enorme baque afligir seu coração.

Jayne não se mexia, parecia uma estátua e nem sequer piscava olhando para ele. Willian abriu um largo sorriso para a moça parada ao seu lado, ele fez reverência tirando o chapéu. Emily, irmã mais nova de Jayne, sorriu para ele sem jeito e o cumprimentou com a cabeça. Moça muito bonita, com os cabelos escuros, longos e lisos, olhos castanhos esverdeados, sorrisinho de marota. Mitchel esticou os olhos para a outra moça que estava logo atrás. Julia, a outra irmã, moça também muito bonita, os olhava séria e observava a cena sem entender o que se passava com aquelas duas estátuas humanas, mas não perdeu o belo sorriso que Mitchel lhe lançou. Jayne para disfarçar seu súbito espanto e sua falta de ar após tanto tempo reencontrar aquele homem que a deixou inebriada a três anos, soltou uma frase irônica.

-Ora, ora! Se não é o gato molhado.Ian riu sem jeito com o coração

completamente acelerado.

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-Como vai Srta.? O que faz aqui nesta cidade? - ele perguntou gentilmente.

-Estou morando aqui com minha família, e você?

Ian quase morreu de felicidade por dentro a ouvindo falar aquilo. Seu coração pareceu quicar dentro do peito.

-Eu sempre morei aqui. -Ian, não vai apresentar as moças? -

perguntou Willian.Ian nem ouviu, Mitchel deu uma cotovelada

nele para ver se ele acordava.-Ah sim, desculpe, está é...Quando ia continuar a conversa ouviram um

estrondo de cavalos e tiros, todos meio que se abaixaram olhando de onde vinha aquilo. Um grupo de uns dez homens entrou pela rua principal da cidade, estavam com lenços no rosto e atiravam para cima gritando. Ian agarrou Jayne pelo braço, Willian agarrou Emily e todos correram para dentro do armazém que estavam na frente deles e se abaixaram debaixo da janela. David e Mitchel os seguiram com Julia e tirando suas pistolas da cintura. Todos gritavam e corriam pela rua.

-O que é isso? - gritou Jayne.-Não sei, devem ser bandidos querendo

alguma coisa.-Estão entrando no banco. - disse David

espiando pela janela.-Meu pai está lá. - gritou Jayne tentando se

levantar.-Fique abaixada. - disse Ian puxando-a para

baixo.-Meu pai está lá dentro, pode acontecer algo a

ele.-E o que você vai fazer? Entrar lá e atirar em

todos?

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Janice Ghisleri

-Boa idéia. Meninas. - gritou ela.Ela passou a mão na pistola que estava na

cintura de Ian, quebrou uma das vidraças com a coronha da arma e deu um tiro certeiro em um dos homens que estava no cavalo. Os rapazes se olharam com cara de espanto e começaram a atirar também e os bandidos revidaram atirando, as balas começaram a estilhaçar as janelas fazendo-os encolher-se. Emily levantou seu vestido e pegou uma arma pequena que estava presa na liga da sua meia. Willian vendo isso ficou boquiaberto. “Que mulheres são essas meu Deus?” - perguntou-se. Sem contar que rapidamente correu os olhos na perna da moça.

-Há homens encima dos telhados, me dêem cobertura. - disse Mitchel e saiu porta afora agachado jogando-se atrás do coche, acertou dois deles nos telhados. Emily acertou outro que estava num cavalo.

-Eu não trouxe minha arma. - gritou Julia. -Você... Dê-me uma. - falou para Willian vendo que ele tinha mais uma na cinta.

-Está louca? - perguntou Willian espantado.-Haimmm... - resmungou Julia. -Me dá logo

isso aí. - falou esticando a mão.Willian com uma cara de paspalho lhe

entregou a arma e ela começou a atirar também. Os rapazes vendo aquelas atitudes ficaram embasbacados.

-Que mulheres são essas? - perguntou Willian puxando o braço de David.

-Não faço a menor idéia. - respondeu com cara de espanto.

-Eu vou sair pelos fundos, David fique aqui com elas, Willian venha comigo. - disse Ian.

Os dois levantaram e correram para os fundos. Outros homens da cidade pegaram seus rifles e tentaram revidar. Jayne olhou pela janela e

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Paixões no Oeste – Vol. I

viu alguns homens saindo com seu pai e mais duas pessoas com as mãos na cabeça de dentro do banco, o tiroteio de repente cessou.

-Papai. - gritou levantando-se, David a puxou pelo vestido.

-Fique abaixada.O homem mascarado puxou o lenço do rosto

revelando-o, fez o velho ajoelhar, dando menção de que iria atirar nele.

-Jayne, nós temos que fazer alguma coisa. - disse Emily em desespero.

Jayne pensou cerrando os olhos e olhou para David.

-Você tem balas? Dê-me.-Tenho. O que vai fazer?-Não pergunte. Dê-me as balas. - ele lhe deu

um punhado. Ela levantou as saias enfiou o monte de balas nas meias e enfiou a pistola de Ian no cano da bota. Num salto que nem David conseguiu agarrá-la, ela foi para fora. -Parem. - gritou com as mãos para cima. -Vocês já pegaram o dinheiro, deixem-nos em paz.

Ian que estava com Willian na lateral da rua vendo Jayne sentiu seu coração gelar.

-Mas que diabos de mulher. Por que não ficou lá dentro? Está tentando se matar? - disse enlouquecido e nervoso.

-Ora, Ora, Ora, o que vejo aqui? - ironizou Kid, um ladrão de bancos, chefe do bando, muito perigoso e sarcástico, procurado em muitos estados juntamente com seu bando. -Se aproxime bela dama. - disse ele e ela começou a andar em direção dele calmamente.

-Jayne não faça isso. - gritou seu pai.Kid deu uma coronhada na cabeça dele o

fazendo desmaiar.

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-Pai. - ela gritou e correu para junto de seu pai se ajoelhando ao lado dele.

-Hum, mas o que vejo aqui? Uma filha dedicada? Que lindo. - ele agarrou-a pelo braço, tirando-a do chão.

-Qual é seu nome? - ela não respondeu. Ele colocou a arma debaixo do seu queixo. -Vou perguntar de novo, qual é seu nome?

-Jayne, Jayne Cullen. -Você quer brincar Srta. Jayne Cullen? Então

por que você não vem com a gente? - Jayne cerrou a mão e deu um soco no rosto de Kid que lhe cortou com seu anel, ele colocou a mão no rosto e a olhou vendo que estava sangrando. Ele deu-lhe uma bofetada, agarrou-a pelo braço e a jogou para outro homem segurar. -Você é muito valente, não? Mas você vai pagar por isso.

Kid mirou sua arma para o pai de Jayne. -Não! - gritou ela tentando se desvencilhar do

homem.Ian vendo aquilo estarrecido atirou em Kid,

acertando-lhe o ombro. - ele cambaleou, derrubou a arma, mas não chegou a cair. O tiroteio recomeçou.

-Vamos rapazes, a festa aqui acabou, rápido vamos sair daqui. - gritou pulando em seu cavalo.

Ian recomeçou a atirar e derrubar um por um, Willian mirava e era tiro certeiro. Mitchel derrubou mais três que estavam nos telhados, David saiu correndo para fora atirando, Emily e Julia foram logo atrás.

-Jayne. - gritou Emily.Ian montou em Trovão e saiu em disparada

atrás deles. Um dos bandidos vendo que ele os estava seguindo virou-se para trás e deu um tiro certeiro em Trovão que caiu derrubando Ian.

-Papai. - gritou Emily correndo até ele.

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Paixões no Oeste – Vol. I

Julia foi estar com ele também, ele estava zonzo, mas estava voltando a si. Willian e David correram até Ian, ele estava esbravejando de dor no chão.

-Ian, você está bem?-Estou. Não, Trovão... - abraçou o cavalo

baleado sentindo seu coração estilhaçar. Trovão estava vivo, mas agonizava. Ian cerrou os olhos por um minuto tomando coragem, engatilhou a arma e lhe deu um tiro. -Vamos atrás deles. - disse enfurecido.

Todos vieram para a rua para socorrer os feridos. Ian olhou com tristeza para seu cavalo que era seu companheiro por anos. Willian foi até Emily e a levantou do chão.

-Venha, é melhor levá-lo a um médico.-Temos que ir atrás de Jayne - falou Julia

angustiada.-Nós vamos cuidar disso. - disse Mitchel

olhando para Julia. -É melhor você levar seu pai para casa e avisar a família.

-Não. Eu irei junto. - disse Julia.-Eu também vou. - disse Emily.-Ninguém vai a lugar nenhum. - disse Ian

enfurecido. - Se não fosse a Jayne ter dado uma de heroína, nada disso teria acontecido. E que diabos de família são vocês? Mulheres armadas, com pontaria, metidas a valente. - continuou Ian gritando.

-Fomos criadas para nos defender - retrucou Julia.

-Bem... Isso agora não importa, nós temos que trazer Jayne de volta... Vamos para casa pegar munição e vamos atrás deles.

-Jayne... Essa é a sua garota? - perguntou Mitchel espantado.

-É... Ela mesma.

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-Minha nossa! Isso é que eu chamo de reencontro.

-Pelo menos já sabemos por que ele gamou nela. - disse David levantando as sobrancelhas.

-Vamos Ian, vamos em meu cavalo. - disse David.

-Onde está o xerife? - perguntou Willian.-Ah, provavelmente debaixo de sua mesa. -

retrucou David.-Eu não preciso do xerife, vou cuidar disso

pessoalmente. - disse Ian montando. -Vamos embora rapazes, não temos tempo a perder. Vocês não são obrigados a irem comigo, mas eu vou com ou sem vocês, então quem quiser ir comigo me siga.

-Eu não vou perder a diversão. - disse David.-Eu também não. - disse Willian.-Ah e muito menos eu, esta vida já estava

ficando chata mesmo - disse Mitchel.-Então vamos. - saíram em disparada.Algum tempo depois já estavam todos na casa

de Ian, carregaram as armas e pegaram munição extra. Ele foi à coxia e selou outro cavalo.

-Vamos embora rapazes. Eles devem ter ido para o sul, temos que pegá-los à noite, assim vai ser mais fácil de tentar resgatar Jayne. Temos que correr para poder alcançá-los, eles tem um bom tempo de vantagem.

-Como sabe que foram para o sul?-Instinto.-Eu diria que está seguindo o cheiro do

perfume dela. - disse Mitchel irônico.-Cale a boca, meus instintos nunca falham.-Acredito nele. - disse David.-Tudo bem, se estiver errado vai me pagar

uma bebida.-Pare de resmungar e vamos embora.

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Montaram em seus cavalos e cavalgaram o mais rápido que puderam até chegarem a uma clareira, viram uma luz distante vinda de uma fogueira. Ian levantou a mão para que parassem e fizessem silêncio.

-Pode ser eles, vamos a pé, para averiguarmos se são eles.

Atrelaram os cavalos nas árvores a uma distância razoável e depois seguiram a pé. Embrenharam-se na mata e chegando perto, avistaram a fogueira e alguns homens rindo. Willian avistou Jayne e fez sinal para Ian, ela estava amarrada com as mãos para trás, sentada no chão perto de uma grande árvore. Os homens do bando estavam em somente cinco, estavam contando o dinheiro que haviam roubado do banco e tomando tequila. Enquanto eles cochichavam para ver como iam agir, David viu movimentos de Jayne.

-Ian. - chamou David cochichando para ele e fazendo sinal.

Ele olhou entre as árvores. Jayne estava passando suas mãos amarradas por debaixo das pernas, e pegou a arma dele que havia escondido na bota.

-Droga. - Ian engatilhou sua arma e todos se aprontaram.

Num piscar de olhos Jayne atirou em um dos bandidos, eles pularam da mata atirando, foi um tiroteio e mataram três deles, Kid e mais um de seus homens fugiram com a bolsa de dinheiro, mas havia levado mais um tiro. Quando tudo tinha acabado, Ian chegou enlouquecido perto de Jayne e a agarrou pelo braço empurrou-a contra uma árvore com toda força.

-Você é louca? Quer morrer? -Estou me defendendo e não preciso de

ninguém que faça isso por mim.

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Ian estava tão perto dela, daquela boca, teve uma vontade louca de beijá-la, mas ao mesmo tempo de estrangulá-la. Que mulher impetuosa, maluca e tão avassaladoramente linda.

-Ai... Vamos embora. - disse Ian puxando-a pelo braço engolindo a seco e rangendo os dentes.

-Onde estão Emily e Julia?-Ficaram com seu pai, estão bem, não se

preocupe.-Me desamarre.-Pensei que pudesse fazer isso sozinha.-Não seja estúpido.Ele pegou uma faca no seu cinturão e cortou a

corda, foram até os cavalos, Ian colocou Jayne no seu cavalo e montou por detrás dela. Os rapazes só ficaram de olho nos dois e se entreolharam, todos voltaram até a estrada perto de suas fazendas mudos, mesmo por que, os dois tão juntos naquele cavalo deixou-os sem fala. Jayne, sem controlar-se adormeceu no peito de Ian.

-Rapazes, vão para casa, vou levá-la para minha fazenda e pela manhã a levo para sua casa.

Todos assentiram com a cabeça e seguiram rumos diferentes.

Quando chegaram à fazenda de Ian, era tarde da noite, Jayne estava adormecida profundamente, ele tentou descer do cavalo com cuidado, pegou-a no colo e a levou para dentro de casa, foi para seu quarto e com cuidado deitou-a na cama. Ele por alguns minutos ficou contemplando tal beleza, retirou lentamente os cabelos que lhe caiam sobre o rosto, sentou-se em uma poltrona próxima a cama e não conseguia tirar os olhos dela, após um tempo adormeceu, estava exausto.

Quando o dia estava amanhecendo Jayne acordou num susto, sentou-se na cama e olhou ao redor para ver onde estava. Avistou Ian sentado na

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poltrona adormecido. Ela por um momento admirou-o e tentou lembrar-se de tudo que aconteceu na noite passada. Passou a mão no rosto, levantou-se sem fazer barulho para que ele não acordasse, chegou perto dele e quis tocar seu rosto, deu um leve sorriso lembrando-se tão perfeitamente dele, parecia mais lindo do que nunca, seu peito se encheu de ansiedade que ela nem entendeu, sua vontade de tocá-lo estava latente, mas desistiu, andando devagar foi para fora, pegou o cavalo de Ian e seguiu o rumo de sua casa.

Quando Ian acordou, tentou abrir os olhos, seu corpo estava dolorido e passou as mãos no rosto. Olhando para a cama viu que estava vazia e pulou da poltrona.

-Onde ela está? - disse para si mesmo olhando ao redor.

Foi para a sala, para a cozinha e nada, ela havia ido embora. Sentiu uma tristeza e ao mesmo tempo raiva. Pegou a jarra de água e despejou um pouco na bacia de porcelana e lavou o rosto, respirou profundamente lembrando-se de Trovão, uma tristeza invadiu seu coração, teve vontade de chorar, como sentiria saudades dele, tentou afastar as memórias e foi para a cozinha preparar um café. “Como ela foi embora? A pé?” - pensou. Foi para fora e seu cavalo não estava.

-Mas será possível! - disse ele em voz alta. -Ela levou meu cavalo. Mas também Ian, como você queria que ela fosse embora? Mas ela devia ter me acordado, eu a levaria e não ter pegado meu cavalo e ido embora sem dizer nada. Mas que mulher que me tira as estribeiras. - voltou para a cozinha fazer seu café irritado e o bebeu. -Meu Deus. Preciso de um banho.

Ian pegou alguns baldes de água no poço para aquecer e encher a tina, na maioria das vezes

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tomava banho no chuveiro que ficava num cercado do lado de fora da casa, não tinha muita paciência para puxar e aquecer água, mas naquele momento decidiu que iria ficar de molho num banho de tina por pelo menos meia hora. Depois do banho preparado, despiu-se e afundou naquela água morna e relaxante, recostou a cabeça na beirada, fechou os olhos e ficava lembrando-se do rosto dela que insistia em não sair de sua mente. Quando estava absorto em seus pensamentos, ouviu uma batida na porta da sala de banho e voltou num susto. Jayne abriu a porta subitamente chamando seu nome, ele automaticamente jogou o braço para o lado, pegou a arma e num pulo levantou-se apontando a arma para a porta. Jayne quando o avistou deu um grito, fechou os olhos e virou-se para o lado.

-Ai meu Deus. - gritou ela. Quando Ian viu que era ela, abaixou a arma.-Isso é jeito de entrar aqui? Quase lhe dou um

tiro. - brigou e rapidamente pegou uma toalha a enrolando na cintura. -Por que não chamou?

-Desculpe, eu vim devolver seu cavalo, e eu chamei seu nome, mas você não respondeu... Por acaso é surdo? - falou ainda de lado e gaguejando e depois esbravejando.

-É! Eu deveria ser surdo para não ter que ouvir o que você fala. - falou bravo saindo da tina. -Por que não me acordou antes de ir embora?

-Você parecia cansado, eu não quis te acordar. - falou com voz mansa tentando disfarçar o nervosismo de tê-lo visto nu.

Ele abaixou a guarda e mudou o tom da voz.-Está bem, mas não precisava ter trazido meu

cavalo, eu teria buscado.-Não... Eu fiz questão, pois queria lhe

agradecer pelo que fez ontem tentando me salvar, obrigada.

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-Não precisa agradecer. - Ian estava parado com a toalha enrolada na cintura e olhava para ela, estava imóvel. Jayne olhou para ele.

-“Meu Deus que homem é esse?” - perguntou em seus pensamentos e rapidamente virou o rosto novamente.

-Será que daria para você colocar uma roupa, por favor?

-Ah sim... Por quê? Deixo-te desconfortável? - disse ele irônico.

-Meu Deus como você é petulante, vou embora. - ela virou-se para sair.

-Não. - falou num súbito. -Não precisa ir embora, me espere na sala, eu já volto.

Ele entrou para o quarto e ela foi para a sala quase passando mal. “Mas que diabos, nem um tiroteio me deixa assim nervosa” - pensou com as mãos na barriga e dando um profundo suspiro.

Alguns minutos depois ele voltou vestido com os cabelos molhados, Jayne olhou para ele. “Será que seria possível ver este homem em um estado feio pelo menos uma vez na vida? Como ele fica lindo de cabelos molhados” - pensou.

-Quer um café?-Sim obrigada. - respondeu. Ele pegou um café

para ambos e foram para a varanda. -Você tem uma bela fazenda. - disse olhando ao redor.

-Sim, era do meu pai, eu a estou melhorando como posso, já está bem diferente do que era antes.

-Belo trabalho.-Obrigado. Então, você é filha do banqueiro?-Sou.-Então você se chama Jayne Cullen?-Sim.-Aquelas moças que estavam com você são

suas irmãs?-São. Emily e Julia.

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-Mas daria para me responder, por que vocês têm esse jeito agressivo? Nunca vi mulheres assim.

-É uma longa história. - disse meio apreensiva.-Estou interessado em saber.-É, mas eu não quero falar sobre isso, só vim

lhe entregar seu cavalo, obrigada pelo café. - ela colocou a caneca na mesinha que estava ao seu lado. -Tenho que ir, adeus.

-Espere, não vá.-Tenho que ir, e sinto muito pelo seu cavalo,

soube que ele foi baleado ontem.-Obrigado. - respondeu tristemente.Ela montou no seu cavalo e o olhou, lhe deu

um sorriso e o admirou por alguns instantes.-Você deveria aprender a fazer café, o seu é

horrível. - ela lhe deu um sorriso irônico e antes que ele dissesse alguma coisa, Jayne atiçou o cavalo e saiu galopando para fora da fazenda.

Ele ficou olhando-a distanciar-se até sumir, sentiu um aperto no peito. Aquela mulher estava o tirando do sério. Ian olhou para dentro de sua caneca.

-Ela tem razão, é horrível mesmo. - ele fez uma careta e jogou o café fora.

Quando Jayne chegou em casa, suas irmãs a estavam esperando.

-Então como foi lá? - perguntou Emily.-Nada de mais. - Jayne respondeu sem olhar

para elas. -Cheguei, devolvi o cavalo e vim embora.-Ah ta! E se foi só isso, por que você está com

esta cara, heim? Eu te conheço, alguma coisa aconteceu. - falou Julia.

Jayne deu um suspiro como pensando, falo ou não falo.

-Bem... Eu o vi nu. - respondeu ela.-O que? - gritou Julia.

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-Como assim? O que aconteceu? Vocêêss... - falou Emily fazendo um movimento circular com as mãos e com os olhos arregalados.

-Imagina Emily, eu nem o conheço, foi um acidente.

-Aham, como assim? Eu nunca vi um acidente deste tipo, desembucha mulher. - falou Julia sem paciência.

-Não foi nada, eu entrei na casa dele e o peguei nu tomando banho, foi só isso.

-Ai meu Deus... Só isso? Aquilo tudo sem roupa? Jesus! Por isso que você está com esta cara de palerma. - Emily falou nervosamente mas olhando para a irmã como se imaginasse.

-Emily pare com isso, deixe de ser desbocada menina. Não aconteceu nada e eu nem liguei, não foi nada de mais.

-Sim... Não deve ter sido mesmo, só queria saber o que foi que deixou você com esta cara de bocó se não foi ver aquele homem nu. Pelo amor de Deus! - falou Julia.

-É meninas, não vou negar que ele é todo perfeito, meu Deus que corpo ele tem, e aqueles cabelos molhados, o que é aquilo? E o resto todo? Nunca pensei que depois de tanto tempo iria vê-lo novamente, parece que estou fora de mim.

-Realmente eu nunca achei que você iria vê-lo de novo. Mas enfim, agora você o achou e o que vai fazer? - perguntou Julia.

-Nada. - disse ela.-Como assim nada? - gritou Emily.-Nada oras, não quero saber dele. Não vou me

envolver nem com ele nem com ninguém.-Jayne talvez seja uma boa idéia. Nós não

temos sorte com homens, eles são uns canalhas, é

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melhor deixar as coisas do jeito que estão. - disse Júlia.

-Ah meninas, vocês estão loucas? Aquele homem é muito lindo e parece ser uma boa pessoa. E além do mais ele e seus amigos arriscaram-se para salvar Jayne, não é? Julia dá uma chance.

-Tudo bem. Eu admito que gostei desta parte. - disse Julia.

-Ai meninas parem com isso, por favor! Não há nada entre nós, ele é um grosseirão. - Jayne disse meio revoltada.

-Ui, bem que eu queria um grosseirão desses. - disse Emily rindo. -Ah, mas quero saber quem são aqueles outros homens que estavam com ele, meu Deus aquele moreno de olhos verdes é muito lindo, me encantei com ele, e Julia o outro lá ficou te encarando de um jeito que pensei que ele fosse te engolir.

-Quem, o grandalhão? - perguntou ela.-Não, aquele com cara de cafajeste. - disse

Emily rindo.-É eu percebi, mas com aquela cara dele eu

vou ficar é bem longe, ele deve ser um safado e mulherengo, estou fora. - disse Julia.

-Jayne você sabe os nomes deles? - perguntou Emily.

-Eu não sei direito... Eu acho que o moreno de olhos verdes chama-se Willian, o com cara de cafajeste como diz você é Mitchel e o outro... Hum, não me lembro, como é mesmo?

-Acho que é David. - disse Julia.-Sim, eu também acho que é. - complementou

Emily.-Eu só digo uma coisa, não quero saber de Ian,

melhor ele ficar longe. O que aconteceu não significa nada, não me impressiona, e nem me interessa. Bem

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meninas, vou ver meus cavalos. - disse Jayne meio descontrolada e saiu do quarto.

-Julia, Jayne está apaixonada por ele. -Está. E eu nem quero ver onde isso vai parar.

- disse Julia.-É, mas se ela não agarrar este homem eu te

juro que jogo ela no chiqueiro. Não foi à toa que o reencontrou desse jeito.

-Olha... Por muito tempo eu a defendi e achei que ela devia ficar afastada de homens, mas agora concordo com você, depois de jogá-la no chiqueiro eu ainda a afogo no poço. - as duas riram.

**Os rapazes foram até a fazenda de Ian para

ver como as coisas estavam.-Olá Ian.-Olá rapazes. - respondeu.-E então? Viemos aqui saber se está tudo

bem, quero saber o que aconteceu com a moça. - perguntou David.

-Ela está bem, foi para casa.-Hum... Sei. - disse Willian.-E aí meu amigo, conte-me o que aconteceu

com a moça ontem à noite, vocês dois aqui sozinhos... - disse ele ansioso.

-Mas que interrogatório é esse? Não aconteceu nada, ela dormiu na minha cama e eu na poltrona. Quando amanheceu ela foi embora e ponto final.

-Ai meu Deus Ian, você é um caso perdido... Como você me traz uma mulher daquelas para sua casa, ela dorme na sua cama e não acontece nada? - falou Mitchel indignado.

-Mitchel, não tinha nada para acontecer, eu nunca iria desrespeitá-la. Ela não é uma cocote, é uma moça de família.

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-Ah eu iria. - riu David zombando dele.-É Ian, esta foi difícil. Como você se

controlou? Amarrou-se numa árvore? Não, porque depois de três anos esperando ver esta mulher novamente, salvá-la de bandidos e ainda ela dormir na sua cama e vocês não fazerem nada, meu Deus, você deve estar com algum problema. - disse Willian rindo.

-Engraçadinhos. Eu não estou com problema algum, não existe nada entre nós, só isso.

-Ai ai, imagina se existisse. - David suspirou.-Falando em bandidos, você quer me explicar

o que acontece com aquelas malucas? Quando vi aquela moça erguendo o vestido que quase me deixou louco, porque mostrou as pernas bem debaixo do meu nariz e sacou uma arma, eu quase pirei. - disse Willian.

-Verdade, elas parecem mais pistoleiras que filhas de um banqueiro, meu Deus nunca vi mulheres atirarem daquele jeito. E esta tua mulher mesmo Ian, é louca, sair e enfrentar os bandidos para salvar o pai. O que é isso? - Mitchel falou com uma cara de quem não acreditava o que tinha visto.

-Realmente rapazes elas são malucas e estou pensando que não foi uma boa para mim a ter reencontrado, ela é mais maluca do que eu imaginei, mas ela me deixa completamente louco. Ao mesmo tempo em que tenho uma vontade de agarrar aquela mulher e beijá-la tenho vontade de torcer seu pescoço, nunca vi alguém tão impetuosa e boca suja, ela sempre me arrebenta. - disse Ian indignado.

-Ian, quem sabe ela é daquelas mulheres que precisam ser domadas como os Mustangs selvagens, heim?

-David eu concordo com você. - disse Willian.

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-Meu amigo eu sinto muito te dizer, mas você está numa enrascada daquelas. - disse Mitchel dando umas palmadinhas nas costas de Ian e todos riram. -Mas eu quero saber daquela morena, meu Deus que mulher é aquela? E que cara de brava que ela tem. Quando a vi senti um frio no meu estômago, mas vou jogar meu charme para ela, com certeza ela cairá aos meus pés.

-É Mitchel, ela é muito linda mesmo, assim como a que eu me encantei a de cabelos lisos, acho que o nome dela é Emily, mas a sua tem uma cara de que vai fazer você andar no trilho do trem. - disse Willian rindo e todos riram concordando. -Ian realmente, agora eu entendi porque você nunca conseguiu tirar Jayne da cabeça, ela é uma mulher maravilhosa, além de maluca claro.

-É verdade.-Bem rapazes, eu acho que nossa tentativa de

ir ao Saloon ontem foi fracassada, apesar de ter adorado a aventura. Fazia tempo que não dava uns tiros, mas eu sugiro irmos hoje, estou em brasa, quero fazer umas festas com as moçoilas, já que aquela beldade de morena não me deu bola, por enquanto, porque vou jogar meu charme para ela mais tarde. O que acham? - perguntou Mitchel.

-Mitchel, se mexer com a irmã da Jayne, eu acho que você vai se meter numa enrascada pior que a do Ian... Mas não vou ao Saloon, meu braço está doendo muito, vou para casa. - disse David.

-Eu também não vou. - disse Ian.Mitchel olhou para Willian com uma

fisionomia implorativa, e ele riu.-Tudo bem, eu vou com você. -Ahhh... Até que enfim alguém com juízo neste

lugar, então vamos logo. - disse Mitchel.Despediram-se e seguiram seus rumos. Ian

sentou-se na varanda com uma garrafa de tequila e

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começou a pensar em Jayne. Como o destino lhe pregou uma peça, depois de tanto tempo a reencontrou, e ele estava tão perdido que não sabia o que fazer. Mas ela o deixava completamente fora de seu juízo, seu coração estava de um jeito que ele não conseguia entender, e seu rosto e sua voz não lhe saiam do pensamento. Lembrou-se dela dormindo em seu peito, de colocá-la na cama adormecida como um anjo.

-Como ela é linda, odeio quando ela me desafia, mas ela fica mais linda ainda. Ai... Esta mulher vai me enlouquecer. Como ela me deixa nervoso.

Ele continuou na varanda até altas horas da noite somente pensando em Jayne e tomando tequila, depois se recolheu ao seu quarto para dormir.

**Emily foi cavalgar, adorava ir até aos

penhascos onde avistava o rio, não conhecia todas aquelas terras ainda e estava curiosa para ver tudo, desceu de seu cavalo e ficou admirando a paisagem e o rio que corria lá embaixo. Enquanto estava absorta em seus pensamentos ouviu uma voz que a assustou.

-Olá Srta. - disse Willian se aproximando no seu cavalo, ela assustando-se e levantou num salto vendo que era o amigo de Ian.

-Olá. - disse meio sem jeito. Como ele estava encantador, seus olhos

verdes brilhavam como duas estrelas e que sorriso ele lhe dava. Emily ficou olhando cada centímetro do rosto dele e ficou inebriada sem respirar.

-Como está seu pai? - perguntou ele escorado com um braço na sela do seu cavalo.

-Está bem. - disse ela meio que gaguejando e Willian desceu do cavalo e foi para perto dela.

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-Fico feliz. E a Srta. como está? - perguntou ele.

-Estou bem, obrigada. - disse Emily abaixando os olhos.

-Esta vista é maravilhosa, sempre venho aqui. - disse ele olhando para o rio lá embaixo.

-Sim, descobri este lugar a pouco tempo, mas adoro vir aqui.

-Você é irmã mais nova de Jayne, certo?-Sim.-Seu nome é Emily?-É.-O meu é Willian Jonhson, no meio daquela

confusão, nós não tivemos tempo de nos apresentarmos formalmente.

-Verdade, foi uma loucura, prazer em conhecê-lo Sr. Jonhson

-Me chame de Willian. Encantado senhorita. - disse beijando sua mão, deixando-a encabulada.

-Tenho que lhe agradecer pelo que fizeram indo atrás de Jayne.

-Não tem o que agradecer, Ian iria de qualquer maneira e nós jamais o deixaríamos ir sozinho, se fossemos esperar pelo palerma do xerife ela ainda estaria com os bandidos. - disse ele rindo.

-Ouvi dizer que ele não serve nem para chavear as celas.

-É... Realmente não, se bobear ele não consegue nem achar a cabeça do cavalo, é capaz de montar ao contrário. - os dois riram. -Você é muito bonita. - disse ele olhando nos olhos dela.

-Obrigada. - disse encabulada com o comentário. -Você também. “Ai eu disse isso?” - pensou ela espremendo os olhos.

-Obrigado. - disse ele abrindo um largo sorriso que deixou Emily com as pernas bambas. Ele percebeu que ela soltou o comentário sem querer. -

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Venha algum dia à minha fazenda, tenho uma irmã que deve ter sua idade, ela ficaria feliz em conhecê-la, creio que é meio difícil chegar a uma cidade estranha sem conhecer ninguém.

-Agradeço e irei sim. Realmente eu não conheço ninguém, mas tenho minhas irmãs que gosto de conversar.

-Pois é. Parece-me que sua irmã tem uma situação meio estranha com meu amigo. - disse levantando as sobrancelhas.

-É verdade, o caso deles é de causar preocupação. - falou rindo e dando uma olhada para Willian de canto de olho.

-Ian nunca esqueceu aquele encontro que teve com Jayne há alguns anos, depois disso nunca se envolveu com nenhuma mulher, sempre teve esperança de vê-la novamente.

-Verdade? - disse Emily admirada.-Sim é verdade. Nós até ficamos meio

preocupados com ele, pois nunca me passou pela cabeça que alguém pudesse se apaixonar assim tão rapidamente. Achei que ele tinha batido com a cabeça e ficado retardado, mas sinceramente depois que vi sua irmã e o jeito dela, tenho que admitir que isso fosse possível.

-Bem, eu creio que isso aconteceu com Jayne também, ela ficou desnorteada quando o conheceu, mas não acho que ele vai ter muita sorte com ela. Ela é difícil de agarrar.

-Você acha que Ian não terá chance com ela?-Não sei. Ela não vai abaixar a guarda

facilmente pelo que conheço dela, tem um gênio terrível e depois do que lhe aconteceu, ela ficou amargurada e brava, mas talvez aja uma possibilidade porque estamos falando de Ian, não é? - falou ela dando uma risadinha.

-Sim, a mesma coisa aconteceu a ele.

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Paixões no Oeste – Vol. I

-Hum, estranho isso. - resmungou Emily.-Sinceramente, acho que eles foram feitos um

para o outro.-Sabe que eu também acho? - falou rindo. -

Mas creio que vai ser difícil.-Mas o que aconteceu com ela?-Desculpe, acho bom não falar nisso, é assunto

dela.-Ok, não precisa me contar nada se não

quiser.-E você o que faz?-Eu tenho uma fazenda, crio gado.Quando Willian foi abrir a boca para falar algo

mais, ouviram o relinchar do seu cavalo que estava atrás deles. Assustara-se com uma cobra.

-Ôôô... Calma. - gritava Willian tentando puxá-lo pela rédea, mas o cavalo empinava-se, pois a cobra estava a ponto de dar o bote. Ele sacou a arma e deu um tiro na sua cabeça. Mas seu cavalo estava assustado e andou desengonçado em direção à Emily que foi indo para trás para não ser pisoteada. Ela chegou muito à beirada do penhasco e acabou escorregando, deslizou ficando dependurada, gritou escorregando para baixo. Ela agarrou-se nos matos na margem para tentar segurar-se, fazendo com que Willian num salto pulasse para a margem tentando a segurar pela mão.

-Segure minha mão. - gritou assustado. Ela tentou segurar, mas não conseguia alcançar. -Emily pegue minha mão. - Willian tentou ir mais abaixo para alcançá-la, mas ela escorregava cada vez mais.

Ela não conseguiu segurar-se e caiu do penhasco gritando.

-Emily. - gritou a vendo despencar.Ela caiu no rio e Willian olhou para os lados e

não havia nada a fazer, sem pensar pulou do penhasco caindo no rio atrás dela, quando emergiu

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tentou avistar Emily e nadar o mais rápido que pode, mergulhava e a procurava. Ela voltou do fundo e tentava nadar, mas a correnteza estava muito forte, e foi para o fundo novamente. A correnteza os levava rio abaixo, Willian avistou-a e nadou fortemente ao seu encontro. Ele a agarrou e forçosamente nadou para a margem do rio com ela desacordada em seus braços.

-Emily, acorde pelo amor de Deus. - dizia ele tentando reanimá-la soprando ar para seus pulmões e com dificuldade ela voltou a si. -Emily, você está bem? - perguntou ele em pânico, ela tossiu jogando água para fora e assentiu com a cabeça. -Ai senhor... Graças a Deus. Tenho que te levar a um médico, você está sangrando. - disse ele apavorado, ela havia se cortado nos galhos, suas mãos estavam todas arranhadas.

-Eu não preciso de médico. Quero ir para casa.

-Tudo bem, eu vou dar um jeito. - disse dando uma olhada ao redor e para cima. -Temos que subir, nossos cavalos estão lá encima do penhasco. Pode se levantar? - perguntou ele vendo que ela já estava recobrando os sentidos.

-Sim.-Eu preciso fazer um curativo em suas mãos,

permite-me? - ele perguntou já rasgando uma tira de tecido da saia de Emily sem esperar que ela lhe desse permissão e cuidadosamente enfaixou suas mãos. -Vamos, já está anoitecendo, se não conseguirmos chegar até os cavalos antes do anoitecer estamos ferrados.

Tentaram subir, mas a subida era íngreme demais e havia muitos matos fechados, tentaram dar uma volta enorme e então pegaram a noite. Ele ia à frente e a segurava pelo punho, pois suas mãos estavam feridas.

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-Estou com frio. - disse Emily tremendo.-Eu sei, acho melhor acharmos um lugar para

pararmos e acender uma fogueira para nos aquecermos.

Eles encontraram uma imensa pedra oca, Willian catou uns galhos e fez uma fogueira batendo duas pedras sobre finos galhos secos, seus fósforos haviam se molhado e ele indignado o olhou jogando para longe, teria que usar o que tinha em mãos. Ele demorou em acender a fogueira, mas Emily sorriu quando o viu conseguir tirar fogo de pedras. Os dois tremiam, a noite caíra e o frio estava congelante, principalmente porque estavam com as roupas molhadas.

-E agora o que vamos fazer? Não conseguiremos chegar lá encima no escuro. - perguntou Emily apavorada.

-Teremos que passar a noite aqui e de manhã seguiremos.

-Minha família ficará enlouquecida porque eu não voltei.

-Eu sei. Minha irmã também ficará, mas não temos como prosseguir nesta escuridão, não há lua e pode ser perigoso.

-Eu estou com medo.-Está tudo bem, nós precisamos nos aquecer,

venha aqui.Willian a abraçou para reconfortá-la e para

que o calor dos seus corpos pudessem os ajudar a aquecer, aquele abraço fez os dois sentirem-se constrangidos. Ficaram ali parados na frente da fogueira sem ter outra coisa para fazer e o silêncio imperou na imensidão da noite.

**-Julia, Emily saiu para cavalgar e ainda não

voltou. - disse Jayne apreensiva.

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-O que? - disse Julia olhando para ela com cara de susto.

-Será que ela se perdeu? Será que aconteceu alguma coisa? - disse Jayne tentando pensar andando em círculos.

-Temos que ir atrás dela, eu vou avisar papai e pegar alguns homens.

-Vá falar com papai, vou ver quantos homens posso reunir.

Jayne estava com os cavalos e apenas dois homens. Julia saiu da casa com seu pai, com lamparinas e espingardas.

-Papai, nós temos que ter mais gente, se ela está perdida teremos que nos espalhar, não tenho idéia para que lado ela possa ter ido.

-Podemos pedir ajuda para algum fazendeiro aqui por perto. - disse Sr. Cullen.

-Também acho. Por que não pedimos ajuda para Ian e seus amigos? Eles moram aqui perto e conhecem bem esta região. - disse Julia olhando para Jayne.

-Está bem, vamos. - disse Jayne subindo em seu cavalo.

Galoparam até chegar à fazenda de Ian. Ele ouvindo os trotes dos cavalos se aproximarem, pegou uma espingarda e abriu a porta, ficou admirado quando viu quem era.

-Boa noite Sr. Buller. - disse Jayne.-Boa noite. Algum problema? - disse ele

apreensivo.-Boa noite Sr. Buller. Sou Carl Cullen, minha

filha Emily está desaparecida, saiu para cavalgar e não voltou até estas horas da noite, receio que possa ter acontecido algo e estamos juntando alguns homens para irmos atrás dela. O Senhor poderia nos ajudar? - pediu nervosamente.

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-Claro, podemos pedir para meus amigos, eles irão também.

Ian olhou para Jayne por um instante, virou-se e entrou, pegou seu chapéu, vestiu um sobretudo e pegou um rifle com balas, colocou seu cinturão com duas pistolas carregadas e saiu da casa, montou em seu cavalo e enfiou a espingarda logo atrás de sua sela. Saíram em disparada, chegaram rapidamente à fazenda de Willian e pararam na frente da casa, Ian gritou seu nome. Mary assustou-se e apareceu na porta com um rifle na mão.

-Calma Mary sou eu, Ian. Onde está Willian? -Ele não está aqui. Saiu de tarde e até agora

não voltou, achei que estava com você. O que está acontecendo?

-Bem, pode ser que ele esteja na casa dos rapazes. A filha do Sr. Cullen está desaparecida e vamos procurá-la, vou à casa dos rapazes, boa noite. -Espero que a encontre logo. - disse ela olhando para Jayne e eles galoparam até a fazenda de David.

-David. - gritou sem descer do cavalo.-O que está acontecendo? - perguntou David

indo à varanda. Mitchel estava com ele. -A filha do Sr. Cullen, Emily está sumida, vamos procurá-la, vim pedir ajuda a vocês.

-Ok, um minuto. - David entrou para pegar suas coisas.

-Mais uma aventura. Parece-me que sua família está agitando a cidade Srta. Cullen. - disse Mitchel para Jayne já subindo em seu cavalo e ela lhe deu um sorrisinho.

-Obrigada por ajudar.-Às ordens. - disse ele baixando a ponta do

chapéu e depois se virou e olhou bem para Julia. Ela o estava olhando, depois virou o rosto dizendo.

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-Para que lado nós iremos?-Sugiro que nos separemos, assim temos mais

chances de encontrá-la ou alguma pista. Eu vou para o lado do rio e vocês vão para aquele lado, David vem comigo e mais duas pessoas. Onde está Willian? Ele não está aqui? - perguntou Ian aos rapazes.

-Não. Não está em casa? - perguntou David.-Não, eu achei que estivesse com vocês. -Não. Eu o vi hoje à tarde e ele disse que iria

para casa.-Isso está estranho. - disse Ian.-Pior que está, será que ele foi à cidade? -

perguntou David.-Não creio, ele estava na cidade esta tarde,

por que voltaria? -Não quero dizer nada, mas eu estou achando

que Willian está com a Emily - disse David cochichando para Mitchel.

-Sabe que isso também me passou pela cabeça?

-Se isso for verdade talvez eles não queiram ser achados. - falou David rindo baixinho.

-Eu não iria querer. - Mitchel soltou uma risada.

-Eu ouvi isso. - disse Jayne.-Desculpe Srta. foi só um comentário. -Você vem comigo? - disse Ian a Jayne.-Vou. -Vamos lá pessoal. Tocaram os cavalos e separaram-se. O grupo

de Ian subiu o penhasco contornando o rio.-Não se preocupe Jayne, vamos encontrá-la. -

disse Ian.-Espero que sim e que ela esteja bem. - disse

ela apreensiva.

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-Vai estar. O problema é esta escuridão, vai ser difícil encontrarmos pistas, teremos que contar com a sorte.

Andaram, andaram e nada, de vez em quando gritavam o nome de Emily. Estavam quase chegando ao penhasco quando avistaram um cavalo.

-É o cavalo de Emily. Meu Deus! - Jayne disparou até o cavalo e olhou ao redor, gritou o nome dela, mas não teve resposta.

-Ela pode estar por perto, vamos por aqui. - disse Ian.

Subiram mais até o penhasco e encontraram outro cavalo.

-Ian é o cavalo de Willian. - gritou David.-Então eles podem estar juntos realmente. -

disse Jayne assustada. -Se ele fizer algo a ela eu o mato.

-Ei, ei... Se acalme. Willian nunca faria mal a ela, deve ter acontecido alguma coisa, vamos descer e ver se encontramos algo.

-Ian veja. Uma cobra estraçalhada... Parece tiro. - disse David a iluminando com a lamparina.

-O chapéu dele. - encontrou Ian sentindo um frio lhe afligir o estômago e logo pensou em desgraça. Ele foi à beira do penhasco, colocou a lamparina próxima ao chão e pode ver que alguém havia se arrastado por ali. -Eu acho que eles caíram do penhasco. - disse Ian apavorado.

-Oh meu Deus! - gritou Jayne. -Isso não pode ser. Emily... - gritou ela sentindo um desespero.

-Calma Jayne. - Ian abraçou-a.-Willian... - gritou. -Ian qual a probabilidade

de eles terem caído mesmo e estarem vivos? - disse David nervoso.

-Ai meu Deus! - Jayne estava em pânico.

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-Não sei, Willian sabe nadar muito bem, mas não sabemos o que aconteceu. Se eles caíram, a correnteza deve tê-los arrastado rio abaixo. Vamos fazer o seguinte, você desce o penhasco por este lado e segue a margem do rio para ver se os encontra, eu e Jayne daremos a volta e iremos pelo outro lado para tentar costear a outra margem e você... - disse olhando para James que os acompanhava. -Corra até os outros e diga para virem para cá.

-Ok. - disse David montando no seu cavalo e se afastando.

-Vamos Ian, nós temos que encontrá-los.Os dois subiram nos cavalos e foram para o outro lado. **-Tudo bem, eu já estou bem. - disse Emily

ainda nos braços de Willian.Ele a soltou, mas na verdade ela não queria

que ele a soltasse e muito menos ele. Acabaram puxando conversas banais porque estavam nervosos, falavam de diversas coisas, mas nada de útil. Emily levantou-se e começou a tagarelar sem parar, fazia isso quando ficava nervosa e ficar ali com aquele desconhecido em plena madrugada era uma coisa inesperada e constrangedora.

-Srta. Cullen desculpe-me, mas está me deixando zonzo. Poderia parar de tagarelar um pouquinho?

-Ah me desculpe Willian, mas eu estou nervosa. Chame-me de Emily.

-Tudo bem Emily, sei que está nervosa, mas logo cedo vamos para casa.

Ele se levantou e colocou mais alguns galhos na fogueira. Ela continuou falando e andando para lá e para cá. Willian ficou parado olhando-a escorado na pedra,

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ela olhou para ele e parou abruptamente. Perderam-se num olhar fumegante. Num rompante ele estava tão próximo a ela, ele passou a mão pela nuca de Emily, a puxou e deu-lhe um beijo. Entregaram-se àquele contato inesperado, Emily sentiu suas pernas amolecerem e seu coração disparar. Ele parou de beijá-la, se afastou somente alguns centímetros de seu rosto a olhando.

-Desculpe-me, eu não resisti. - sussurrou. -Mas, pelo menos você parou de falar. - disse mansamente sorrindo.

-Beija de novo. - disse ela sentindo-se sobre uma nuvem.

Ele deu um sorriso e beijaram-se novamente, num beijo longo que até esqueceram que estavam perdidos.

-Venha, vamos sentar. - disse Willian puxando-a pelo braço, sentaram-se recostados na pedra e ficaram mudos, seus pensamentos estavam confusos que nem sabiam o que falar. -O que foi? Você ficou muda de repente. - Willian disse rindo e ela riu envergonhada.

-É que eu nunca tinha sido beijada antes.-É. Eu acho que esta situação está inusitada

para nós dois.-Por que, nunca havia beijado antes?-Não, é que nunca havia salvado ninguém de

um penhasco, ficado perdido e ainda mais com uma Srta. tão encantadora.

Ela sorriu para Willian que a olhava encantado e recostou a cabeça no seu ombro, ficaram mudos olhando para a fogueira e ela acabou adormecendo.

-“Ai meu Deus que situação eu me meti... Mas até que este incidente me saiu melhor que a encomenda, ela é perfeita”. - Willian pensou com um sorriso nos lábios.

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Agora iriam esperar amanhecer. Ele estava exausto, mas manteve os olhos abertos e sua arma ao seu lado, precisava ficar em alerta caso algum animal aparecesse. Ian e Jayne estavam na margem abaixo, haviam andado por horas.

-Jayne, vamos parar um momento. - falou Ian.-Não. - disse ela.-Temos que parar para dar água aos cavalos e

descansar um pouco, já está clareando, agora ficará mais fácil.

-Está bem. - consentiu meio contrariada.Ian levou seu cavalo para beber água e lavou

o rosto. Ele olhou para ela que estava acariciando seu cavalo.

-Seu cavalo é muito bonito. Como ele se chama? - ela olhou para ele e não sabia se dizia o nome dele, pensou um pouco, pois sabia que ele se lembraria do seu Trovão que morrera e ficaria triste. -Não vai me responder? - disse ele indignado.

Ela olhou para ele franzindo os olhos e pensando que ele já estava começando com grosserias.

-Eu ia responder, mas agora não vou mais. -Mas como você é ingrata, vai a minha casa

pedir ajuda e fica fazendo grosserias comigo, não pode nem me responder uma simples pergunta?

-Eu já disse que ia responder. Você que não teve paciência de esperar, e você quem foi grosseiro. - disse ela zangada.

-Ah já entendi, é que a resposta demora em sair do seu cérebro e chegar à sua boca. - disse ele irônico.

-Ora seu estúpido não fale assim comigo, eu pelo menos tenho um cérebro, diferente de você que deve ter ovo de galinha dentro da cabeça.

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-Ovo de galinha? - Ian ficou furioso. -Eu devia ter a jogado do penhasco para você fazer uma busca no rio dentro dele mesmo.

-Ah é? Se você tivesse tentado me jogar com certeza eu teria te carregado junto. - disse ela fazendo cara de que ele não conseguiria e Ian soltou uma gargalhada.

-Essa eu queria ver. -Você se acha muito esperto e machão, não é?

- disse ela zombando. -Aposto que não consegue uma mulher que te aguente. - falou e foi chegando perto dele com as mãos na cintura.

-Bem... Você é que não deve conseguir um marido, pois ninguém consegue aguentar você falando por quinze minutos, eu mesmo jamais me casaria com você.

-E quem disse que um dia eu iria pensar uma coisa dessas? Só se eu estivesse louca, não me casaria com você nem que fosse o último homem da terra. - ele se aproximou mais dela e estavam bem perto e se olhavam nos olhos que fumegavam.

-Sua mimada. - ele xingou furiosamente.-Estúpido. - gritou ela. -Eu não preciso de

você, vou seguir sozinha. - ela deu as costas para ele e foi subindo no cavalo.

-Você não vai a lugar nenhum sem mim. - ele a puxou de volta, a virou de frente para ele a segurando pelos braços.

-Me solte seu brutamonte. - disse tentando se desvencilhar.

Os dois de repente pararam e seus olhos se fixaram de uma maneira estrondosa. Ian não conteve seu desejo e a puxou contra seu peito e a beijou com todo seu desejo, ela tentou se afastar esmurrando seu peito, mas o beijo dele consumiu-lhe a alma, suas pernas foram amolecendo e ela se rendeu aquele beijo ardente. Beijaram-se com uma paixão

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avassaladora, seus corpos ardiam em brasa, nenhum dos dois nunca havia dado tal beijo com tanta paixão e indecência em suas vidas. Isso os consumiu e os tirou o juízo. Os dois se ajoelharam como se nenhum dos dois conseguisse sustentar as pernas e beijavam-se, esqueceram do mundo e só havia eles dois como uma fogueira em chamas, ele empurrou o corpo dela para o chão com o dele e começou-lhe a beijar o pescoço. Ian passou sua mão pela sua perna levantando sua saia e foi até sua coxa, mas ela começou a voltar a si.

-Ian. Pare. Não. - e o empurrou com toda força.

Ele ficou de joelhos e olhou para ela, estavam ofegantes e engolindo a seco. Ian arregalou os olhos e olhou para ela como se tivesse sido jogado de um penhasco. Passou as mãos nos cabelos que estavam desalinhados e lhe caindo sobre o rosto, levantou-se e lhe deu as costas. Deu uns dois passos e virou-se, olhou para ela que estava sentada no chão respirando descompassadamente com os olhos arregalados. Ambos não sabiam como tinham chegado àquela situação.

Ian estava perdido, nunca havia tomado tal atitude, era um rapaz medido, controlado e deveras calmo. Mas de alguma maneira que ele não sabia explicar, aquela mulher o tirava do seu prumo, perdia a razão ao seu lado e não controlava seus sentimentos ou suas atitudes com ela. Estava arrebatado com um sentimento imenso e confuso. Mas estava envergonhado do que acabara de fazer, assim como ela, se conseguisse pensar naquele momento estaria ela mesma lhe dando tapas por ter uma atitude tão íntima com um estranho, se é que assim o poderia chamar.

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-Me desculpe. Jayne, eu não sei o que deu em mim. Jamais desrespeitaria você, por favor, me desculpe.

Ela levantou-se, alinhou seus cabelos e subiu no c avalo. Estava completamente tonta.

-Temos que encontrá-los. - disse nervosa.-Você tem razão. Desculpe-me, isso não vai

mais acontecer. Eu não sei o que deu em mim.-É... Não vai mesmo. - disse virando o cavalo e

mal olhando para ele, deu uns dois passos e disse sem olhar para trás. -Trovão.

-O que? - perguntou ele sem entender.-O nome do meu cavalo é Trovão. - e

continuou seguindo.Ele ouvindo isso sentiu um turbilhão dentro

dele, Trovão. O cavalo dela chamava-se Trovão como o dele que perdera dias atrás... -“Meu Deus” - gritou dentro de sua cabeça. Ian subiu no seu cavalo, deu uma respirada e a olhou. Ele foi andando atrás dela com os pensamentos completamente fora de ordem, seguiram rio abaixo sem dizer uma palavra, pois nem sabiam o que dizer depois do que acontecera. Estavam andando pela beira do rio quando Jayne avistou um pedaço de pano no chão, ela desceu do cavalo, o pegou e olhou para Ian.

-Este pano é da saia da Emily.-Tem certeza?-Sim eu tenho, eles podem estar por perto. -

montou no cavalo novamente e gritou pelo nome de Emily e Ian pelo de Willian.

**-Emily, acorde, já está amanhecendo,

podemos continuar. - disse Willian a acordando gentilmente que tentou abrir os olhos com dificuldade.

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-Ai meu Deus, estou toda dolorida. - disse fazendo caretas.

-Eu sei, mas nós temos que ir. - falou olhando para os lados.

Levantaram-se e começaram a andar, até que ouviram de longe uma voz.

-Acho que ouvi alguma coisa. - disse Willian.-Eu não ouvi nada.Continuaram andando. Ian gritou com toda

sua força por Willian.-Agora eu escutei. Veio daquela direção,

vamos Emily.Correram para voltar em direção ao rio,

quando Emily ouviu a voz de Jayne.-É a Jayne. - disse ela feliz. Os dois correram e

os avistaram. -Jayne. -Emily. - gritou ela sentindo uma alegria e um

alívio enorme, ela pulou do cavalo, correu e a abraçou. -Ai meu Deus, quase morri de preocupação. - Jayne olhou para ela toda rasgada e ensanguentada. -Meu Deus, você está machucada.

-Foram só alguns arranhões, estou bem, Willian me salvou. - disse olhando para ele.

-Willian, que bom vê-lo bem meu amigo. - disse Ian lhe dando um forte abraço.

-É... Foi um sufoco, mas estamos bem. - disse ele sorrindo para Ian.

-Vamos para casa, está todo mundo procurando por você. - disse Jayne. -Ele não lhe fez nada? - perguntou baixinho para ela.

-Não, estou bem, ele me respeitou. Ele me salvou Jayne.

-Willian. - ouviram David gritar, ele e Mitchel estavam se aproximando. Os dois desceram dos cavalos e foram abraçá-lo.

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-Que susto você nos deu, pensei que tivesse morrido naquele penhasco. - falou David com um sorriso enorme no rosto.

-Foi só um susto.-Mas nos conte o que aconteceu? - perguntou

Ian e ele contou tudo o que houve.-E vocês dois se comportaram, não é? -

perguntou Mitchel rindo para Willian e para Emily que ficou vermelha.

-Claro Mitchel, não pense besteiras. - disse Willian olhando para Emily.

Neste momento Ian e Jayne se olharam e se lembraram do que acontecera com eles. Jayne baixou os olhos e sentiu um desespero. Ian estava morrendo por dentro por causa dela.

-Onde estão os outros? - perguntou Ian. -Ficaram mais atrás, vamos por aqui.Emily subiu no cavalo com Jayne e Willian

subiu no cavalo com Ian e foram embora, logo mais adiante reencontraram todos, Julia, Sr. Cullen e os homens, foi uma festa. Emily pegou seu cavalo e Willian o dele, que eles estavam trazendo junto.

-Agora eu preciso de um trago pelo amor de Deus. Minha goela está seca. - disse Willian alto e todos riram dele.

-Vamos para minha casa. - disse Ian.Ian olhou para Jayne e foi até ela meio

constrangido.-Obrigada por tudo Sr. Buller. - disse ela

secamente.-Eu gostaria de conversar com você... Sobre o

que aconteceu. - disse ele com uma voz mansa e baixinho.

-Não temos nada para falar, é melhor esquecer isso. - disse com uma voz de tristeza, ela virou o cavalo e foi embora.

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Ele sentiu uma tristeza enorme em seu coração a vendo distanciar-se. Sentia-se imensamente arrependido. Willian aproximou-se de Emily a ajudando a subir no seu cavalo.

-Cuide destas mãos. - disse ele sorrindo para ela.

-Pode deixar, obrigada Willian, se não fosse você eu teria morrido. - disse ela olhando naqueles olhos verdes e derretendo-se por dentro.

-Não precisa agradecer, mas eu gostaria de vê-la de novo.

-Nos veremos. - disse ela sorrindo e começou a distanciar-se e foram para casa.

**As meninas estavam no quarto e Julia

cuidadosamente fazia curativos nas mãos de Emily.-Ora ora, quem diria que seria o próprio Sr.

Willian Jonhson que iria lhe salvar. - disse Julia rindo depois de Emily contar a história toda.

-É mana, parece que eu e Jayne estamos emparelhando, mesmo sem querer. - disse Emily.

Julia só riu das duas após passar o nervosismo.

-Meninas, às vezes eu tenho vontade de enforcar vocês por causa dos sustos que vocês me causam. - disse Julia com a mão no peito. -Mas, amo vocês de qualquer jeito.

-Ah... Mas eu não contei que ele me beijou. - disse ela suspirando.

-O que? Jura? Mas que coisa, ele se aproveitou da situação heim? - falou Julia.

-Que nada, ele foi um amor e eu fui às nuvens.-Hum, onde será que isso vai dar, heim dona

Emily? Onde já se viu, beijar o rapaz assim? - falou Julia com uma cara de deboche.

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-Ah não sei, mas eu quero ver ele de novo. - disse soltando um imenso suspiro com num sorriso nos lábios.

Julia olhou para Jayne que estava perto da janela pensativa e nem estava prestando atenção nelas.

-Jayne o que foi? Que cara é essa? Nem falou nada quando disse que beijei Willian. - disse Emily.

-Não é nada. - falou ela dando um sorriso amarelo.

-Nada não, eu te conheço, alguma coisa aconteceu, foi com o Ian? - perguntou Julia.

-Foi, mas não quero falar sobre ele. - resmungou tristemente.

-Ah Jayne, por favor, conta logo. -É, desembucha. - falou Julia.-Quando estávamos lá no rio Ian me beijou e

eu quase me entreguei à ele. - disse ela falando logo de uma vez.

-Minha nossa. - gritou Emily.-Jayne do céu, não me diga uma coisa dessas.

Espere aí... Você disse quase? Por que, o que houve? Conte os detalhes sórdidos. - falou Julia rapidamente.

-Eu quase me rendi, ele me deixou louca, não sei o que deu em mim, foi como se minha mente tivesse se apagado quando ele me beijou, mas eu o mandei parar antes que algo acontecesse.

-Hum. - resmungou Julia fazendo uma cara de indignada.

-Ai Jayne, como você conseguiu fazer isso? Aquele homem é muito lindo e você está apaixonada por ele. Bem... Não é certo você fazer amor com ele porque vocês não são casados, mas enfim, ninguém ia ficar sabendo, não é? Que nosso pai não nos ouça, mas você não precisa fugir dele, não é mais uma

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mocinha inocente esperando uma corte Jayne. - Emily falou indignada.

Jayne começou a ficar nervosa. Ficou contrariada com aquele comentário.

-Não diga asneira Emily. Não espero corte, mas sou uma mulher decente.

-Eu sei, não estou dizendo que não é.-Jayne, você parou por que não o queria ou

por aquele outro motivo? - perguntou Julia meio cautelosa e depois Julia e Emily se olharam. Jayne as olhou e pensou um pouco, estava confusa.

-Eu não sei. Ian me deixa louca, ele me afronta, a gente discute, mas morro quando olho para aqueles olhos puxados dele, eu nunca vi beleza igual. Aquela sua voz me deixa completamente tonta. Fico perdida na frente dele. Mas eu acho que não superei o que houve comigo, eu fiquei com medo, e eu mal o conheço, não temos compromisso, eu nem sei o que ele sente por mim, vai que é um aproveitador. - disse nervosa. - Ele é um grosso.

-Ah me lembrei, antes de eu cair do penhasco, eu e Willian estávamos falando de vocês, e ele me disse que Ian está apaixonado por você, que desde que te conheceu lá em Tempty, ele nunca mais te esqueceu e que também nunca mais ficou com mulher alguma. - disse Emily e Jayne a olhou espantada.

-Cruzes, nenhuma mulher? Essa foi forte. - Julia disse de boca aberta. -Jayne você tem que esquecer o passado e seguir em frente, se você gosta dele e ele de você, não há nada que impeça vocês dois de ficarem juntos. Quer dizer, talvez haja, mas vocês podem dar um jeito na situação. Ele vai entender. Precisa contar a ele.

-Contar o quê Julia? Não há nada para contar e minha situação não tem solução. Nunca mais poderei ficar com alguém novamente.

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-Ah querida, você está sendo radical demais. Sempre há uma solução, se dê uma chance. Mana se eu fosse você, eu iria agora mesmo a casa dele e terminava o que começou. - Julia falou.

-Julia. - Emily gritou espantada.-É verdade Emily, ele já provou que é um bom

homem, que gosta dela, está esperando o quê? Quer guardar paras as minhocas? - Julia estava indignada. -Querida eu sei que seu passado marcou muito você, e que sua situação é complicada, e que também isso seria contra as normas sociais e religiosas, eu te entendo perfeitamente, mas você precisa recomeçar sua vida, não jogue isso fora. Você está apaixonada por ele. Se entenda com ele, os problemas resolvem depois.

-Jayne, eu concordo com a Julia. Está na hora de esquecer o passado. Vá procurá-lo.

-Meninas eu não posso fazer uma coisa dessas, ir do nada a casa dele e me jogar em seus braços, vocês estão loucas? O que ele vai pensar de mim? - falou indignada.

-Querida ele não teria tempo de pensar em nada, não é? Jayne faça uma loucura boa na sua vida, vá lá e veja o que acontece, se não quiser fazer nada, o que eu acho improvável, apenas converse com ele. Mas não fique aqui trancada em casa com cara de morta, pelo amor de Deus, não aguento mais ver você desse jeito. - falou Julia. -Coloque um pouco de alegria na sua vida, está na hora.

-Jayne, Julia tem razão. Vá menina, corra. Vá buscar sua felicidade. Vale a pena arriscar tudo por ele. - Emily disse tentando incentivá-la.

-Vou pensar. - Jayne beijou as meninas e foi para seu quarto.

-É... Ela vai pensar. Então, ela não vai falar com ele. - Emily disse decepcionada.

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-Acho que não. Será que ela nunca vai superar isso? - confirmou Julia mais decepcionada ainda. -Ai! Mas como Mitchel é lindo, ele me deu umas atiradas enquanto estávamos atrás de você. - disse Julia rindo.

-Jura? -Sim. Mesmo com a situação tensa parece que

estes homens não perdem tempo. Mas vou dizer... Ele tem um olhar arrasador, teve uma hora que eu quase caí do cavalo, meu Deus. - disse ela lembrando-se das investidas de Mitchel. -Mas ele tem uma cara de cafajeste mesmo, deve ser muito mulherengo, daí eu dei um chega para lá nele. - falou Julia entusiasmada fazendo Emily rir.

-É verdade, mas quem sabe você com suas artimanhas não o conquista, heim? - disse Emily dando uma piscadinha para a irmã.

-Pode ser, mas primeiro eu teria que passar na frente com uma vassoura para tirar a mulherada do caminho. - disse rindo.

-Ah, mas isso você faz rapidinho. Ai meu Willian... Como ele é lindo. - Emily se jogou na cama abraçando o travesseiro.

-É... Vá dormir e sonhar com ele, você está um trapo, mas seus olhos estão mais brilhantes que estrelas. - disse sorridente, deu um beijo em Emily e saiu do quarto.

**Na casa de Ian todos os rapazes estavam na

maior bagunça tomando wisque e contando os acontecidos.

-Willian seu safado, se aproveitou da situação? - David disse rindo.

-Ah, eu não resisti... Ela é muito linda. Parece àquelas bonecas de porcelana lá do armazém. Eu quero vê-la de novo. - falou com um enorme sorriso.

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-Ian que está com uma cara de peráu. O que foi Ian? - Mitchel perguntou.

-Nada. Aquela mulher que me faz perder o rumo. - disse bebendo mais um gole.

-Calma, dê tempo ao tempo, vocês vão se acertar, está na cara que ela gosta de você. - Willian disse.

-Não sei... Depois do que aconteceu entre nós hoje, acho que ela nunca mais vai querer me ver. - disse tristemente.

-O que aconteceu entre vocês? - David perguntou curioso.

-Ihh algo grave aconteceu, fala homem, o que foi? - Willian falou.

-Não foi nada, só tivemos outra discussão. -Ah... Mas isso não é novidade, vocês discutem

o tempo todo, nunca vi disso, parecem cão e gato. - David disse.

-Você a beijou?-Sim.-Isso é ótimo. - gritou Mitchel entusiasmado.-Hum, mas para ele não parece ótimo, acho

que isso não acabou bem. - David disse vendo a fisionomia triste de Ian.

-Realmente David, acabou pessimamente. Fui um idiota.

-Estou falando que esta mulher é uma fera indomada. Ian a pegue de jeito. - disse Mitchel.

-É isso aí Ian, força rapaz, você vai acalmar a onça, só precisa de jeito e de tempo. - Willian disse e todos riram.

-Rapazes só vocês mesmo para me animar. Vamos beber.

-Meninos eu vou para a cidade. - Mitchel disse.

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-Eu vou para casa, Mary deve estar preocupada. - Willian disse.

-Vou com você, já aproveito e vou pegar aquele novilho. - David disse.

-Eu vou dormir, estou exausto. - Ian disse.-Mitchel você vai para a cidade a esta hora

fazer o quê? - perguntou David.-Arrumar uma mulher para me consolar,

depois do fora que a Julia me deu hoje, vou me afogar num copo de tequila e numa cama com uma mulher linda e perfumada. - disse ele rindo.

-Mas ainda não sei por que eu pergunto. - disse David soltando uma gargalhada daquelas.

Despediram-se e foram embora. Ian ficou sentado tomando mais wisque, começou a pensar em Jayne e como teve ela em seus braços, ainda podia sentir o perfume embriagante da sua pele, sentir seus lábios, como esteve tão perto de possuí-la e como ele ficara completamente enlouquecido. Jamais pensara que perderia o controle daquela maneira com uma mulher.

-Meu Deus, e se ela nunca mais quiser me ver? Não... Eu vou enlouquecer. Ian o que você fez? Mas ela me deseja eu sei que sim, senti isso em seu beijo e como quase se entregou a mim. O que diabos aconteceu? - sua cabeça fervia e seu coração doía. Ian desistiu de ficar na varanda, foi para o quarto e deitou-se na cama, rolou de um lado para o outro até que adormeceu, estava exausto. ** Mitchel chegou à cidade e foi direto para o Saloon que possuía as estalagens no andar de cima.

-Olá Steve. - disse para o dono que já era seu amigo.

-Veio cedo hoje. - resmungou.

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-Sim, tive uma noite de cão, preciso relaxar. - disse ele já bebendo um gole de tequila. -Que rosas são essas aí no balcão? Está ficando sentimental Steve? - Mitchel debochou.

-Uma das meninas deixou aí. - respondeu sorrindo e mascando um pedaço de fumo no canto da boca.

-Onde está a minha deusa?-Está lá encima em seu quarto.-Vou vê-la, até mais. - disse ele pegando uma

rosa e indo para as escadas.Mitchel subiu e foi ao quarto de Chloe, bateu

na porta e esperou alguns minutos, ele colocou o caule da rosa na boca e fez uma cara totalmente cafajeste. Chloe abriu a porta com uma cara de mal humorada, mas quando viu quem estava nela, e ainda por cima com uma rosa na boca e com aquela cara de conquistador com uma das sobrancelhas erguidas, abriu um sorriso maravilhoso.

-Ora, ora quem está aqui. - disse colocando a mão na cintura e sorrindo. Sem perder tempo puxou Mitchel pela camisa e jogou-o dentro do quarto.

-Roubei uma rosa para você minha deusa de mármore. - disse dando a rosa para ela.

-Ah... Mas que romântico que você está hoje. - falou sorrindo e colocando a rosa encima da mesinha. -Então, o que você está procurando hoje meu toureiro?

Ela colocou o pé encima da cama e puxou a saia. Mitchel olhou para sua perna com ar de satisfação.

-Ai meu Deus! Você está com a liga predileta, adoro esta. - disse ele dando uma gargalhada, agarrou Chloe no colo e jogaram-se na cama. -Chloe você me deixa maluco. - disse beijando-a.

Ficaram por horas na esbórnia, conversaram um pouco e depois ele adormeceu, pois estava

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exausto. Chloe o abraçou por trás ficando bem encaixadinha e dormiram tranquilos por algumas horas. Ele nunca dormia no Saloon, mas como estava exausto ela se aproveitou daquele momento. Mitchel acordou já era meio da tarde, e ele a acordou com um beijo.

-Preciso ir. - disse vestindo-se.-Não vai ficar para o carteado hoje à noite?-Não. Hoje não, eu vou para casa. Mas vou

sentir sua falta, eu volto outra hora. - ele colocou alguns dólares encima da mesa, beijou sua mão e saiu.

**Willian havia chegado à sua fazenda com

David. Mary quando os viu, saiu correndo e foi de encontro deles.

-Willian, o que houve? Onde você estava? Quase morri de preocupação. - disse ela.

-Ah Mary, é uma longa história. - Ele desceu do cavalo e contou o ocorrido a ela.

-Seu maluco, você podia ter morrido. - disse ela aflita.

-Sim, mas não podia deixar de fazer algo, não é? Nem pensei, quando a vi caindo me joguei atrás.

-É Mary, acho que seu irmão está apaixonado. - disse David com um sorriso maravilhoso.

Ela olhou para David e tremeu com aquele sorriso.

-Hum, sei. - resmungou ela. -Vá para dentro eu vou lhe preparar um banho.

-Eu vou lhe mostrar onde está o novilho. - disse Willian para David.

-Deixe que eu mostro. Vá arrumar-se para o banho, você precisa dormir.

-Ok, até mais meu amigo. - disse Willian abraçando David.

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-Ai meu Deus. Eu não sei quem é mais maluco de vocês, assim qualquer dia destes, eu vou morrer do coração. - disse ela enquanto andava com David.

-Realmente Mary, você deve sofrer um bocado conosco.

-Mas, Willian está mesmo interessado nesta moça?

-Me parece que está, ele até a beijou. - disse sorridente.

-Verdade? - ela ficou pasma. -Bem... Quem sabe ele não entra nos eixos. - disse rindo.

-E você Mary... Ainda não arrumou nenhum pretendente? - ela o olhou rapidamente e disse.

-Não.-Mas deveria, você é muito bonita e eu acho

você muito sozinha. - falou David com ar de preocupado. -Você só fica em função de Willian e de seus amigos patetas.

-Eu não estou reclamando David, mas obrigada por se preocupar, na verdade eu gosto de um rapaz, mas parece que ele não liga para mim. - disse desapontada.

-Verdade? Mas que cara idiota. Como assim não liga para você? Você é linda, meiga, educada, dedicada, qualquer homem na face da terra gostaria de se casar com você. Mas quem é este imbecil? - disse indignado.

-Você quer mesmo saber David? - disse olhando para ele.

-Quero. - respondeu prontamente.-O novilho é este. - disse apontando para

dentro do cercado. -Acho que você não vai querer saber.

-Eu quero saber quem é este homem por quem você está apaixonada. Quem é ele?

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Ela deu um suspiro do fundo de sua alma e pensou “É agora ou nunca”.

-David, eu estou falando com ele. Ela disse numa vez só, como que se jogasse

para fora o que estava entalado e olhando dentro dos olhos dele. Ele parou como uma estátua e ficou olhando para ela.

-O que? Como... - ele começou a gaguejar completamente perdido com aquela revelação de Mary.

-Olha... Você queria saber e eu disse, agora pegue seu novilho e vá embora. - ela virou as costas para ele e saiu andando rapidamente.

-Mary espere. - ele correu e agarrou seu braço. -Você está falando sério? Você gosta de mim?

-Gosto David, faz muito tempo, só nunca falei nada porque tinha medo que pudesse causar algum constrangimento entre você e Willian e eu não queria isso. Mas agora já falei e eu sei que você não gosta de mim, então faça de conta que eu não lhe disse nada, está bem? Pegue seu novilho e vá embora.

-Mas eu gosto de você. - disse ele.-Gosta como uma irmã e não como mulher,

agora David, por favor, vá embora. - ela começou a chorar e saiu correndo para casa.

-Mary. Espere. - ele gritou, mas ela não lhe deu atenção. -Eu gosto de você também e não é como irmã, ou é? - falou baixinho e confuso para ele mesmo. -David você é o cara mais imbecil que eu já consegui conhecer... Droga.

Ele pegou o novilho, colocou uma corda em seu pescoço, montou em seu cavalo e foi embora. Mary o olhava pela janela e suas lágrimas corriam pelo rosto. Willian voltou e a viu chorando.

-O que foi Mary? - perguntou chegando perto dela.

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-Nada. - disse secando as lágrimas.-Onde está David? - disse olhando ao redor.-Já foi embora.-E por que você está chorando?-Porque eu me declarei para ele. - disse com

um imenso arrependimento.-E o que ele disse?-Disse que gosta de mim, mas ele não me ama

como eu quero que ame.-Eu acho que você está enganada.-O que? Você nem ficou espantado de eu lhe

dizer isso?-Claro que não. Há muito tempo eu sei que

você gosta dele, eu não sou cego Mary.-Mas ele não gosta de mim e eu morro de

amor por ele. - ela se jogou no peito de Willian chorando aos soluços.

-Mary, olha... Eu nunca quis perguntar diretamente para ele, mas eu acho que ele gosta de você mais do que uma irmã.

-Como você sabe? - disse olhando para o rosto dele.

-Porque muitas vezes quando você não estava olhando, eu o vi olhando para você com cara de bocó, lhe admirando. Eu não sei se ele te ama, mas eu sei que ele não tem nenhuma outra mulher que ele goste de verdade. Então, pode ser que isto somente esteja um pouco embaralhado, não acha?

-Não sei, eu estou confusa.-Eu sei, dê um tempo e veremos o que

acontece. Já que você jogou isso na cara dele, ele vai ter uma reação. Mas não fique assim, não quero ver você chorando. - Willian secou as lágrimas de Mary, deu um beijo em sua testa e abraçou-a novamente.

**Jayne estava em seu quarto e andava de um

lado a outro, com a mão no peito sentindo seu

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coração bater descompassado, ficava lembrando-se de Ian no rio, de como ele a beijou com paixão, de como ela quase se entregou a ele.

-Meu Deus o que eu faço? Por que estou assim? Parece que estou sufocando.

Estava com uma vontade louca de ver Ian e jogar-se nos braços dele, as palavras de Julia e Emily martelava na sua cabeça, seu corpo, seu coração, sua alma clamava por ele. Nunca se sentiu tão devastada, sentindo tal desejo ou tal confusão em seu coração. Num rompante ela parou no meio do quarto, virou-se e saiu correndo, pegou seu cavalo e cavalgou em direção à casa de Ian. Chegou à frente da casa e olhou ao redor para ver se o via, desceu do cavalo e bateu na porta, mas ninguém respondia seus chamados, ela entrou, mas a casa parecia vazia.

-Ian. Jayne andou calmamente pela casa e não o

via, chamou seu nome mais uma vez e nada de resposta. Passou por uma porta entreaberta, a abriu lentamente e o viu dormindo na cama, por um minuto ficou o admirando, como ele era lindo dormindo. Ele estava sem camisa somente de calças e descalço, parecia tranquilo em seu sono. Jayne deu alguns passos para dentro do quarto e ficou o olhando, parecia que um íma a estava puxando para perto dele. Ficou admirando o corpo dele ali parada quase sem respirar, ela sentiu desejo por ele, sentimento que já havia esquecido como era. Ela virou-se pensando em ir embora, deu passos leves para que a madeira não fizesse barulho, mas Ian acordou, sentou na cama meio assustado quando a viu. Jayne estava na porta do quarto que estava somente com uma pequena fresta, segurou a maçaneta para puxá-la.

-Jayne. - disse ele. Ela levou um susto, fechou a porta encostando-se nela bruscamente e olhou

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para ele com o coração acelerado e os olhos arregalados. -O que está fazendo aqui? - perguntou levantando-se e a olhando atordoado.

-Eu... Eu queria falar com você. - disse gaguejando.

-Achei que você não queria mais falar comigo depois do queaconteceu. - disse cauteloso.

-É, mas eu mudei de idéia. - disse ainda encostada na porta.

Ian aproximou-se dela lentamente, colocou as duas mãos na porta pelas laterais de Jayne, ela começou a tremer e sua respiração ficou difícil, aquele peito nu perto dela, a boca dele tão próxima, a maneira como ele a encurralou.

-Fico feliz com isso.-Desculpe, eu não deveria estar aqui, preciso

ir.Ela foi se virar para sair, mas ele com a mão

encostada na porta a impediu.-Espere, diga o que queria falar comigo. -

disse a olhando intensamente, passeando com seus olhos pelo seu rosto.

Jayne não sentia suas pernas, e não conseguia responder, tentou engolir a saliva, mas sua garganta estava seca.

-Deixe-me ir. - soltou num leve sussurro, o ar lhe passava estrangulado pela garganta.

-Não estou te segurando. - disse tão mansamente que sua voz pareceu um cântico em seus ouvidos e ele estava terrivelmente lindo com um pequeno sorriso no canto de sua boca.

Ian colou seu corpo no dela devagar, aproximou seus lábios dos dela quase os tocando, ela fechou os olhos e parou de respirar completamente. Sentia seu hálito, seus lábios tão próximos, mas ele com um esforço tremendo, pois a

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queria beijar, afastou-se alguns centímetros e a olhou. Jayne abriu os olhos e ela perdeu-se naqueles olhos verdes e tão diferentes do que ela já havia visto, alguns fios de seu cabelo lhe caíam pela testa o deixando irresistivelmente atraente.

-Fale...-Na verdade... Eu não quero falar nada. Jayne olhou para seus lábios e lentamente se

aproximou dos dele e os tocou, ele fechou os olhos sentindo aquele leve toque e sem mais resistir os dois afundaram seus lábios num beijo intenso, com a paixão que há tempos os estava devorando. Ian correspondeu ao beijo, abraçou-a pela cintura puxando-a contra seu corpo. Jayne com as mãos em suas costas pode sentir sua pele macia e seu corpo em chamas. Soltaram de seus lábios respirando ofegantes, os dois estavam perdidos e extasiados.

-Não quero fazer aquilo de novo. Não quero desrespeitar você. Eu estava fora do meu juízo.

-Você gosta de mim?Ele sorriu e segurou seu rosto com as mãos.-Desde a primeira vez que a vi, há três anos.

Não houve um dia em que não pensasse em você. Você pensou em mim?

-Todos os dias.-Por que veio aqui? - perguntou sussurrando e

acariciando seu pescoço com os dedos. Jayne pensou que cairia ali mesmo.

-Porque perdi a razão. - ele sorriu salientando duas covinhas que ele tinha na bochecha. Jayne esmoreceu, somente queria beijá-lo. -Não vou fugir desta vez, eu quero ser sua.

Ele sentiu seu coração disparar mais do que já estava, a beijou envolvendo seu pescoço com as mãos, lentamente ele as desceu pelas suas costas sentindo o contorno de seu corpo, a envolveu para

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que ficassem completamente colados e beijaram-se intensamente.

Jayne esqueceu-se se deveria ter algum recato ou pudor, se deveria fazer algo ou não, simplesmente sua mente se esvaiu e somente queria ter Ian em seus braços e ele sentia o mesmo. Devagar o foi empurrando para a cama e os dois caíram sobre ela, Ian a rolou para baixo a beijando, seus lábios, sua face, seu pescoço, estava inebriado com o sabor de sua pele e sem pressa, sem medo ou recusas fizeram amor, queriam se entregar, ambos sentiram um prazer que até então lhes era desconhecido, conhecer a paixão, fazer amor com sentimento de encher o peito, sentir prazer, entregar-se completamente. Sentimentos que nenhum dos dois realmente conhecia. Ambos perceberam que havia algo diferente ali, algo perfeito que era somente deles. Esqueceram que havia vida fora daquele quarto, somente havia os dois e estavam entregues um ao outro, abrindo seus corações para o amor. Um amor que cresceria no peito, maior do que jamais pensaram existir. Jayne sem pudor perante Ian permitiu-se ficar nua para ele, isso normalmente seria uma ousadia, mas nenhum dos dois estava interessado em convenções, nem estavam situados na sua época naquele momento, estavam em outro mundo, um mundo desconhecido, mas estranhamente confortável para ambos.

Após amarem-se, os dois ficaram abraçados acariciando-se suavemente, sentindo os leves toques com carinho, não havia nenhum arrependimento ou vergonha, estavam sentindo uma imensa paz. Ian beijou-lhe os lábios docemente e afagou seus cabelos sorrindo.

-Você vai me enlouquecer. - Ian disse baixinho.

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-E você a mim.-Eu estou tentando te entender, mas não

consigo. Achei que você estava me odiando.-Desculpe, às vezes sou meio maluca. -Isso eu já percebi. -Mas, eu amo o seu jeito

maluca. - ela sorriu. -Foi uma loucura o que eu fiz. Vir aqui assim.-Divina loucura. -Não está pensando mal de mim?-Não, eu nem consigo pensar. - os dois riram

encabulados. -Queria que você nunca saísse dos meus braços. - disse abraçando-a mais forte e colocando sua perna sobre as dela, seus corpos entrelaçados pareciam um só.

-Eu não queria sair daqui nunca, estou sentindo uma paz imensa. Mas eu tenho que ir.

-Não vá. -Eu preciso, não avisei que ia sair, ficarão

preocupados.-Fugiu para me ver? Fiquei lisonjeado. - ela riu

dele.-Sim... Nunca pensei que o veria de novo,

nunca imaginei que estaria aqui.-Eu também não. Confesso que esperei por

este momento por todos estes anos. Eu nunca te esqueci.

-Eu também. Mas agora eu tenho que ir. - ela tentou levantar, mas Ian tentava segurá-la rindo, fazendo-a rir também.

-Quando vou te ver de novo? - ela o olhou pensando se deveria vê-lo de novo, queria dizer que nunca mais, mas sua boca disse o contrário que seu juízo mandava.

-Eu não sei... Talvez amanhã. -Se prometer que virá amanhã, eu a deixo ir. -

disse rindo e segurando-a.

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-Eu prometo. - disse rindo e dando-lhe um beijo.

-Então, está livre. Ele tirou suas pernas e a soltando de seus

braços. Jayne levantou e começou a vestir-se, Ian ficou deitado na cama apoiado no braço admirando seu corpo e cada movimento que ela fazia. “Como é linda”- pensava. Ela vestiu-se, foi até ele e deu-lhe um beijo.

-Até amanhã, virei à tarde. - disse ela.Ele a puxou de volta para a cama e deu lhe um

beijo longo e profundo, nenhum dos dois queria sair dali.

-Ian eu preciso ir. -Está bem. Ela levantou-se foi até a porta e a abriu, virou-

se, lhe deu um sorriso e foi embora. Ian jogou-se de costas na cama, ria sozinho, que felicidade estava sentindo, não conseguia acreditar que a teve em seus braços, sonhou tanto com aquele momento e seu sonho se concretizou, estava perdidamente apaixonado por ela.

Jayne, foi para casa, estava sentindo-se imensamente feliz, uma felicidade tão gigantesca que não conseguia tirar o sorriso de seus lábios. Como ele era doce, cuidadoso, sabia que a tinha possuído com paixão verdadeira, pôde sentir.

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