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Paixões no Oeste Vol. I

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Paixões no Oeste

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Janice Ghisleri

Paixões no Oeste

Vol. I

1ª Edição Florianópolis 2011

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Paixões no Oeste – Vol. I

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Copyright ©2011 – Todos os direitos reservados a:

Janice Ghisleri

1ª Edição

Maio 2011

www.paixoesnooeste.blogspot.com

Design da Capa: Gracilene Chaves

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte do conteúdo deste livro poderá ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja ele impresso, digital, áudio ou visual sem a expressa autorização sob penas

criminais e ações civis.

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Considerações da Autora

Com este volume inicia-se uma saga de quatro livros, uma história cheia de amor e aventura, intensa e arrebatadora. Trago uma visão apaixonada do Texas, que nasceu da inspiração de meus ídolos e como sempre fui admiradora de western, não poderia ter saído algo diferente. Paixões no Oeste tomou uma proporção além da minha expectativa, uma história que a princípio seria de um volume tornou-se quatro. O que mostra que Paixões, que originalmente nasceu como uma fanfiction, não é somente uma simples história, mas sim, algo que faz nos apaixonar pelo enredo e pelos personagens neste inóspito lugar chamado Texas no fim do século XIX.

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A pequena cidadezinha de West Side no norte do

Texas, Estados Unidos, estava em expansão, grandes casas de madeira e concreto estavam sendo construídas. A chegada da estrada de ferro estava trazendo avanço à cidade, a rua central era larga e empoeirada, havia movimentos de charretes, cavalos e coches. A tranquilidade da cidade permitia aos moradores sentarem-se na varanda para ler as amarelas páginas do novo jornal The West, e os homens esbanjavam seu tempo no Saloon onde tomavam tequila ou wisque e jogavam pôquer, eram estimulados pela presença das moças faceiras com suas roupas provocantes, onde muitas vezes somente exibiam as roupas de baixo com seus formosos e estranguladores espartilhos, fazendo a alegria dos homens. Mas de outro lado a moralidade e pomposidade social imperava nas famílias.

A proximidade do fim do século XIX e chegada do século XX traziam consigo as novas tecnologias e progressos às grandes cidades que aos poucos agraciava as do interior, fazendo com que a modesta população de West Side se deleitasse com as novidades vindas das cidades grandes. Aos arredores da pequena cidade ficavam as fazendas, onde se criavam gado e cavalos. Onde era possível encontrar os cowboys que faziam o ginete, os vaqueiros das comitivas, os grandes e pequenos fazendeiros. As colinas, penhascos, pastos e riachos eram suas moradas, o lar dos texanos, o qual eles se orgulhavam de amar. Os quatro amigos, Ian, Willian, Mitchel e David, cuidavam de suas pequenas fazendas que eram vizinhas. Estas foram adquiridas e mantidas com muito custo, cuidando da criação de gado e de cavalos. Gostavam de se reunir ao fim da tarde para jogar conversa fora, tomar tequila ou wisque e relembrar as aventuras. Eles criaram-se juntos, aprenderam a montar, laçar, atirar e a farrear juntos. Sempre estavam unidos, eram companheiros, amigos, irmãos. Houvesse o que houvesse, não deixavam de dar apoio um ao outro. O que mais

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importava para eles era estarem unidos e compartilharem alegrias e dificuldades.

Naquele entardecer do fim de inverno podiam vislumbrar o poente avermelhado do sol sumindo atrás das colinas, os quatro estavam reunidos na fazenda de Willian. Eles fizeram uma fogueira, um assado de lebre sustentado por um alicerce de madeira, que era girado de vez em quando sobre o fogo de chão. Eles pegaram suas bebidas e começaram as bagunças. Era assim que se reuniam à noite para descontrair após um dia de lida, para as prosas vazias, mas engraçadas, para as brincadeiras bobas, mas sempre inebriantes. Era um costume e uma necessidade dos rapazes de terem nas suas vidas este ritual.

-Willian, sua fazenda está ficando uma beleza. - Ian disse olhando ao redor.

-Sim, o trabalho está grande, mas esta cerca vai ficar ótima. - Willian respondeu entusiasmado com um sorriso majestoso.

-Verdade! Eu sei como é. A minha está ficando uma beleza também, mas se você precisar de ajuda com a cerca, nós estamos aí. - Ian disse muito sorridente ao amigo e lhe dando uma leve palmada nas costas.

-E quando vamos atrás daquele Mustang? - David perguntou todo animado.

-Bem... O cercado já está pronto, nós podemos ir quando quiserem. - Willian disse.

-Por mim, vamos amanhã. - Mitchel disse empolgado por uma aventura e bebendo um gole enorme da tequila fazendo careta.

-Por mim também. - concordou Ian. -Tudo bem, então nós vamos amanhã cedo. Ele está por

perto, eu o vi no topo da montanha esta manhã. -Ótimo, eu estou sempre pronto. - David disse. -Willian, você tem visto aquela moça? Como é o nome dela?

- Ian perguntou. -Jessy. Não, não a vi mais... Mas eu confesso que ela é muito

bonita, eu gostaria de cortejá-la oficialmente, mas ela é meio estranha, fica sempre me enrolando, não deixa eu me aproximar da sua família.

-Willian, todas as mulheres para você são estranhas. - David debochou e todos riram.

-Acho que é nossa fama.

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-Fama? Nós somos uns santos. - Mitchel disse erguendo as sobrancelhas.

-Santo é o Ian, você é um capeta. - Willian retrucou para ele. -Bem... Com isso eu concordo. - Mitchel disse soltando uma

gargalhada. -Ainda bem que assume. - David disse rindo. -Quem sabe podemos ir à cidade e você dá sorte de vê-la. -

Mitchel sugeriu. -Verdade, aí nós já aproveitamos e vamos ao Saloon. - David

falou com cara de safado. -David, eu concordo com você, aquelas moçoilas me piram a

cabeça. - falou Mitchel com uma cara de sempre, levantando uma das sobrancelhas e fazendo cara de conquistador.

-Ah Mitchel que novidade, você vive com a cabeça pirada pelas moçoilas, você não toma jeito. - Ian retrucou jogando um galhinho de mato em Mitchel e todos riram.

-Ué, o que você quer que eu faça? Se não tenho uma fico com duas. - disse soltando uma gargalhada. - Ian, eu não sou certinho como você, e você tem que se soltar mais, quando vai ao Saloon nunca fica com nenhuma mulher.

-Mitchel, você me conhece, eu não sou chegado a estas devassidões com cocotes, estou esperando a mulher certa.

-É... Desse jeito ele vai continuar virgem. - Willian falou dando uma gargalhada e todos riram.

-Não seja engraçadinho, Will. - Ian falou com fisionomia de contrariado.

-Você vai encontrar Ian. Mas você não está com a esperança de encontrar aquela moça ainda, ou está? - David questionou.

-Não... Eu acho que nunca mais vou vê-la de novo, mas confesso que nunca esqueci seu rosto.

Ian abaixou os olhos e lhe veio à memória a visão de uma moça que vira há três anos, quando foi à cidade de Tempty. Ela estava no meio da estrada com a roda de sua charrete presa na lama e a tentava empurrar. Ian estava andando calmamente a cavalo na sua volta para casa e parou para oferecer ajuda quando a avistou naquela situação complicada.

-Precisa de ajuda, Srta? - Ian perguntou baixando um pouco a cabeça e puxando a aba do chapéu.

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-Não, obrigada. - disse a moça sem olhar para ele. -Desculpe-me, Srta, mas não creio que irá conseguir tirar essa

roda daí sem ajuda. -Pode deixar, Hanna é uma égua muito forte, vai puxar a

charrete sozinha. Ela estava atrás da charrete a empurrando e ainda não havia

olhado para ele. Como se o ignorasse completamente, fez força novamente. Ian achou aquilo engraçado, deu um leve sorriso com um ar de gozação e pensou que não ouvira direito algo tão absurdo vindo de uma dama em uma situação daquelas. Aquilo o deixou um tanto espantado. “Mas que mulher teimosa”. - pensou.

-Tudo bem, se não quer minha ajuda eu vou embora, mas é uma pena que seus belos sapatos e seu vestido estejam mais atolados na lama que sua charrete. Até mais.

Ele tocou seu cavalo com a espora e começou a andar calmamente. Ela olhou para si já com os pés e a barra do vestido todos sujos de lama, deu uma suspirada, fez uma cara de contrariada e admitiu, mesmo sem querer, que ele estava certo.

-Ok, está certo, eu preciso de ajuda. Ele parou de andar novamente e nisso ela se virou, levantou

os olhos e encarou o homem encima do cavalo e ele fez o mesmo. Quando seus olhos se cruzaram ambos ficaram paralisados se olhando, sentiram um baque no coração e um frio lhes afligir o estômago. Ian possuía uma beleza escultural, cabelos um pouco compridos, olhos exóticos, verdes amendoados, corpo esbelto, alto, pele clara, surpreendentemente clara para um texano, era um rapaz muito lindo aos olhos das moças. Ela era uma moça belíssima, alta, magra, pele alva, olhos cor de mel e muito marcantes, tinha cabelos castanhos, longos e ondulados que estavam semi presos debaixo de um lindo chapéu de cor pérola de abas largas, sua roupa era de quem possuía uma boa posição social. Parecia muito jovem, mas tinha altivez de uma mulher madura. Ele ficou encantado com sua beleza, de tal maneira que o ar lhe faltou nos pulmões.

Ian desceu do seu cavalo Trovão e o acariciou. Ele amava aquele cavalo, era de uma beleza incrível, todo branco, um Mustang que ele e os rapazes haviam capturado nas montanhas e foi domado por ele há algum tempo atrás. Ele foi até a charrete para ajudar a empurrar e erguer a roda atolada. Quando chegou ao seu lado, olhou

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dentro dos seus olhos e os dois ficaram sem jeito. -Vamos lá, o que está esperando? Vai ficar aí me olhando ao

invés de empurrar? - retrucou-o nervosa. -Vá lá na frente e puxe a égua, eu vou empurrar. Meu Deus,

seu humor é ótimo! - ele disse fazendo uma cara de indignado. - Ian colocou toda sua força e num súbito empurrão tirou a roda atolada. -Prontinho. - disse batendo as mãos forradas com uma luva de couro para limpá-las.

-Obrigada. -De nada. A Srta. não devia andar sozinha por estas estradas,

pode ser perigoso. -Eu sei me cuidar, não se preocupe. -É... Eu estou vendo. A propósito, eu me chamo Ian Buller. -Jayne... - ela ia continuar, mas parou de pronunciar seu

nome completo. Era costume dizê-lo ou somente apresentar-se pelo sobrenome. Ian estranhou, mas não questionou, o nome dela ecoou dentro de sua cabeça como um som dos deuses.

-Prazer em conhecê-la, Srta. - disse fazendo reverência com o chapéu e sorrindo. Ela sentiu-se atordoada com aquele sorriso encantador, e só assentiu com a cabeça retribuindo o cumprimento. -Permita-me ajudá-la a subir na charrete.

Ian retirou as luvas e segurou sua mão, pôde sentir sua pele macia e Jayne tremeu quando ele a tocou. Quando ela estava em pé subindo no degrau da charrete, Hanna andou levando-a consigo fazendo Jayne perder o equilíbrio e cair. Ian tentou segurá-la, mas ela veio por cima dele e os dois caíram na lama. Ela soltou um grito de susto, quando abriu os olhos seu rosto estava praticamente colado no dele, seus olhos fixaram-se, seus lábios estavam quase se tocando. Ele podia sentir seu perfume embriagante e seu hálito a dois centímetros de sua boca. Os dois corpos unidos caídos no chão, trouxe uma sensação que ambos nunca haviam sentido, deixou-os atordoados.

-Solte-me, seu abusado! - ela falou nervosamente tentando se desvencilhar dos braços dele e levantar.

-Eu não estou a agarrando. Se não fosse eu, você teria dado de cara na lama.

-A culpa foi sua. -Minha? -É. - ela levantou-se e se olhou, estava toda enlameada. -Veja

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isto, que tragédia! -Sim... Para uma dama mimada como a Srta. isto deve ser

realmente uma tragédia. -Mimada, eu? Você que é um grosseirão. -Meu Deus! Você parece uma potra xucra. - disse indignado,

mas mudou a fisionomia e sorriu olhando para aquela beleza. -Mas não vou negar que é muito linda. - retrucou-a ironicamente.

-Potra xucra? Como se atreve, seu, seu, arrft... - ela ficou furiosa, virou as costas e entrou pela lateral da estrada entre as árvores, se enroscando nos matos.

-Ei... Aonde você vai? - ele gritou. -Vou me lavar no rio, estou imunda. E vá embora. - gritou

sem olhar para trás. -Huum... Lavar-se no rio, até que é uma boa idéia. - falou

olhando-se todo cheio de lama. -Que gênio tem esta mulher, mas é muito linda. - falou colocando um sorriso no rosto.

Ele a seguiu até o rio, quando chegou à margem avistou-a banhando-se, ela usava uma saia verde cor de musgo, uma blusa branca ornada de finas rendas com um corpete por cima, seus cabelos estavam soltos e molhados caindo sobre seus ombros, sua saia longa e anáguas estavam embolando-se na água enquanto tranquilamente tentava boiar, parecia ter se esquecido dele, estava deleitando-se naquela água cristalina e fria. Ele ficou paralisado vendo-a daquela maneira, admirou cada centímetro dela, estava inebriado.

-Não vá se afogar. - ele gritou com um sorriso irônico. Ela se assustou soltando um grito e foi para o fundo, subiu

rápido e passou as mãos nos olhos. -O que você ainda está fazendo aí? Não falei para ir embora? -Ah! Eu não sabia que este rio pertencia a Srta., eu também

vou tomar banho. -Não se atreva a entrar aqui. - gritou arregalando os olhos e

Ian deu uma gargalhada muito debochada. -Vou entrar. - ele começou a tirar as roupas. -O que você está fazendo? - disse apavorada o vendo tirar o

cinturão com a pistola e jogar no chão e seu casaco. -Pare com isso. Jayne começou a ir para a margem e saiu do rio, sua roupa

parecia estar pesando uma tonelada dando dificuldade a ela de locomover-se. Ela levantou-se ao seu lado com muito custo e olhou

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seriamente para ele. -É... Agora você está parecendo um gato molhado. - disse

rindo para ela debochadamente. -Igualzinha a você. - ela colocou as duas mãos no peito dele e

o empurrou para dentro da água. -Aproveite seu banho. - falou rindo e dando as costas para ele.

Ian emergiu, sacudiu os cabelos e olhou para ela. -Você é o diabo! - gritou. Ela foi embora rindo e ele a perdeu

de vista no mato. -Mas que diabos! Que mulher é essa? Nunca vi alguém assim... Mas é linda! - disse estampando um sorriso no rosto.

Ian ficou um tempo na água e Jayne estava indo em direção à estrada e olhou para trás, parou de andar sentindo vontade de vê-lo novamente. Tentou conter aquela ansiedade que abruptamente lhe consumiu, mas foi em vão, ela voltou tentando não fazer barulho e escondeu-se atrás de uma grande árvore. Ficou admirando a beleza estonteante de Ian, ela estava embasbacada, nunca havia visto homem tão belo e tão atraente como ele.

Ele saiu da água, tirou o colete, baixou o suspensório, tirou a camisa e começou a torcê-las, ela arregalou os olhos e ficou quase sem ar de ver seu peito nu, seus músculos perfeitamente torneados. Quando ele sacudiu os cabelos e os jogou para trás os ajeitando com a mão, Jayne parou completamente de respirar. Ele vestiu a camisa e colocou o casaco, jogando o colete sobre os ombros, juntou suas coisas do chão para voltar ao seu cavalo, ela então, se viu numa enrascada. Saiu correndo para chegar antes dele e sair com a charrete, subiu rapidamente e tocou a égua. Quando ele chegou à estrada, avistou-a indo embora, ficou parado no meio da estrada olhando-a, sentiu um vazio de vê-la ir-se. Jayne olhou para trás e o viu parado, Ian involuntariamente sorriu, acenou com a mão dizendo adeus e ela pensou em não retribuir, mas com um aperto no peito sem nem saber explicar o que sentia, retribuiu o aceno. Ian foi outras vezes àquela cidade que era relativamente grande, mas nunca mais a viu ou soube qualquer coisa dela. Tentou encontrá-la e nada, pois nem sabia seu sobrenome. Ele sempre se recordava dela e sentia tristeza, mas sorria quando se lembrava das confusões do intempestivo encontro. Inexplicavelmente Ian foi arrebatado por aquela bela e estonteante dama, tão meiga, mas tão estrondosamente rebelde e impulsiva.

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-Ei! Ian, acorda. - gritaram os rapazes o trazendo de suas lembranças.

-Estava lembrando-se dela? -Estava. - Ian respondeu esfregando o rosto com as mãos. -Homem, esquece esta mulher, você nunca mais vai vê-la,

você precisa arrumar outra. Uma de carne e osso. - disse Mitchel. -É... Vocês têm razão, eu sou um idiota mesmo. -Eu não acho que você seja idiota, acho você um romântico

incompreendido. - Willian disse ironizando. -Ahhh isso ele é mesmo, por ele e por mim. - Mitchel disse

rindo. -Mitchel, você é um cafajeste. - David debochou. -Qualquer

dia você vai levar um tiro de algum marido enfurecido. - todos riram e concordaram.

-Lembram-se do dia que ele pulou a janela da casa dos Jensen só de ceroulas? - Willian lembrou matando-se de rir e todos riram.

-Isso... Riam de mim, aquele dia quase virei presunto. Foi por pouco que o pai dela não me acha em seu quarto.

-Ah Mitchel, mas também, o que você queria? Se meter com a filha do xerife, deve estar a fim de virar peneira. - Ian indagou rindo. - Ele pode ser uma lesma, mas teria o enforcado se o pegasse.

Os rapazes começaram a contar histórias, a rir e a beber, cantavam algumas músicas para alegrar enquanto Willian tocava bandolim. Já havia anoitecido e Mary saiu na varanda e ficou por alguns instantes contemplando os meninos com um sorriso nos lábios.

Mary era irmã mais nova de Willian, moça bonita, muito parecida com o irmão, possuía os cabelos negros e longos, olhos verdes, e corpo esguio. Adorava a companhia dos rapazes e escondia uma paixão por David. Não poderia revelar nada, pois era tímida e tinha medo que causasse algum desentendimento entre os amigos.

-O jantar está na mesa, se esta lebre está pronta venham antes que esfrie. - ela gritou.

Willian retirou a lebre do fogo levando o espeto para dentro e os rapazes o seguiram. Todos entraram, lavaram as mãos na bacia com água e sentaram-se à mesa.

-Boa noite Mary, como você está? Está muito bonita hoje. - David disse sorridente.

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-Estou bem, e obrigada. - por dentro ela derreteu-se pelo comentário. “Será que ele realmente me acha bonita?” - pensou.

-Ah, a comida da Mary é um espetáculo. - Mitchel disse lambendo os lábios e esfregando as mãos.

-Verdade Mary, você cozinha muito bem. - Ian confirmou. -Obrigada rapazes. Willian, você deveria aprender elogios

assim. - falou com um sorrisinho para o irmão. -Ah Mary, que injustiça. Você sabe que adoro sua comida. -

falou rindo. -Sei. Vocês sabem quem comprou a fazenda dos Thompson?

- Mary perguntou servindo os pratos. -Se chamam Cullen, é o dono do banco que abriu na cidade,

Carl Cullen eu acho, dizem que são bem ricos. - Ian respondeu. -Ouvi falar que ele tem três filhas. - Mitchel disse com uma

cara de safado erguendo uma de suas sobrancelhas. -Ah meu Deus! Lá vai Mitchel atacar as filhas do banqueiro. -

exclamou David rindo. -Ah homem deixa uma para mim. - riu mais ainda e os rapazes riram também. Mary sentiu-se triste com o comentário de David, mas disfarçou. Ele realmente não ligava para ela.

-Vocês não têm jeito mesmo. - Ian disse rindo. -Mitchel, se ele tem três filhas, deve ter também três trabucos

carregados. - Willian brincou. -Não tem problema, eu vou ser discreto, vou lá pedir um

empréstimo no banco e faço amizade com ele. -Ah ta! Eu acho mais fácil você trabalhar de empregado na

fazenda dele limpando o celeiro. - David debochou. -Há, há, engraçadinho. - Mitchel falou fazenda cara de

indignado. -Meu Deus, ele pirou de vez. - Willian retrucou. O jantar passou alegre, falaram de diversos assuntos e riram

muito. Mais tarde despediram-se e cada um foi para sua fazenda. ** Na manhã seguinte voltaram para a fazenda de Willian para

irem atrás do Mustang. Todos devidamente providos de seus apetrechos, laços, cantil, luvas de couro, chapéus e esporas.

-Ainda bem que a neve está acabando, estava me cansando de ver tudo branco. - David disse ajeitando as luvas.

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-Todo inverno você diz a mesma coisa, parece um treco daquele que toca música, engasgado. - Willian disse.

-É fonógrafo, Willian. - Ian o corrigiu rindo. -O que posso fazer? Eu não gosto de branco, gosto de verde. -Vamos lá rapazes, chega de conversa fiada e vamos colocar

emoção neste dia gelado. - Ian disse. -Todos prontos? - Mitchel perguntou. -Sim. - Willian respondeu. -Iááá. Saíram galopando montanha acima. A vista das colinas era

maravilhosa, a neblina ainda cobria os prados que timidamente começavam a ficarem verdes. Eles amavam aquelas terras, eram seus lares e de uma beleza incrível. Galoparam até chegarem a uma colina onde havia pedras gigantescas.

-Oooo... - Willian gritou ao seu cavalo. Ele levantou a mão para os rapazes para pararem de correr e não fazer barulho, pararam de galopar e começaram a andar. -Ele deve estar por aqui.

-Tem certeza? -Sim, este pasto é o preferido dele. Está começando a ficar

denso, então ele vem aqui atrás de comida. -Quero ver quem vai domá-lo dessa vez. - Ian falou. -Willian, ora. - David respondeu. -Hummm... Quero ver. - Ian disse zombeteiro. -Lá está ele. - Willian gritou. -Vamos. Ele esporou o cavalo e saiu em disparada. Os outros o

seguiram e espalharam-se formando um círculo para cercá-lo. Corriam para um lado e para o outro tentando laçar o Mustang, mas ele era arisco e muito rápido, era lindo de se ver, completamente preto e seu pêlo cintilava. Após uma hora tentando pegá-lo finalmente Ian conseguiu laçá-lo. Os quatro jogaram mais laços para tentar segurá-lo, ele se empinava e tentava escapar, foi uma briga. Num dos puxões, o Mustang derrubou David do cavalo.

-David, você está bem? - Ian gritou. -Acho que machuquei o braço. Ele levantou-se fazendo caretas de dor, agarrou a corda do

pescoço do Mustang com a outra mão para ajudar a segurá-lo. Após mais alguns pinotes, o Mustang se acalmou um pouco.

-Tudo bem, ele já está mais calmo, vamos tentar levá-lo para

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a fazenda. - disse Willian, e começaram a voltar, estavam exaustos. -Bem rapazes, missão cumprida. - Mitchel disse. -Ainda não, tem que domá-lo. - Ian disse rindo. -E este vai ser de quem? - perguntou David. -Boa pergunta, vamos tirá-lo no pôquer. -Ah não Mitchel, pôquer não, sempre perco. - Willian disse. -Então no palito. - falou Mitchel. -Acho que eu o merecia, pois me machuquei. - David disse. -Devia ser meu, pois vai ficar no meu cercado. - Willian disse. -Então devia ser meu, pois fui eu que dei a idéia. - Ian disse. -Ian, você já tem o Trovão que foi uma peleja daquelas para

o pegarmos, este, vamos disputar entre nós três. - David falou rindo. -Tudo bem, eu estou feliz com Trovão. - Ian falou rindo e

acariciando seu amado cavalo que parecia entendê-lo e balançou a cabeça afirmativamente relinchando e todos riram deles.

-É. Este caso de amor está ficando grave. - Mitchel disse. -Ah cale a boca! - resmungou Ian. Voltaram para casa, e de vez em quando o Mustang se

agitava e eles insistentemente o tentavam acalmar para que parasse de dar pinotes, pior ainda foi colocá-lo dentro do cercado, mas com dificuldade conseguiram. Mary correu para fora da casa quando os viu chegando.

-Nossa! Como ele é lindo. - ela exclamou sorridente. -Realmente é uma beleza de cavalo. - Willian falou. -Ai... - David gemeu contorcendo-se. -Mary, cuide de David, está machucado. - Willian pediu. -Ah meu Deus! Venha aqui. - Mary levou-o para dentro de

casa, pegou uma caixa com alguns medicamentos e ataduras para ver seu braço. Ela tirou-lhe o longo casaco que quase lhe chegava aos pés, a jaqueta e a camisa o deixando com o peito desnudo, pegou um pano com água para limpar a ferida, quando ela tocou, David gritou. -Desculpe. Vocês parecem moleques, eu vivo tendo que fazer curativos. - falou com um sorrisinho repreendendo David.

-Verdade, você é nossa enfermeira oficial. - respondeu rindo. -Não vai precisar de pontos, está somente esfolado, creio que

a dor foi mais da batida, mas não parece estar quebrado, seria bom você ficar com o braço imobilizado um pouco.

-O que? Eu não posso ficar com o braço imobilizado Mary,

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eu preciso deste braço. -Bem... Isto é o que dá suas aventuras, sinto muito, mas seu

braço vai ter que ser enfaixado, pelo menos por uma semana, e não discuta comigo.

-Está bem, está bem... Obrigado, Mary. Neste momento David olhou bem nos olhos de Mary e ela

sentiu um frio na barriga. Ela estava tão perto dele, sentiu vontade de beijá-lo, distraiu-se e sem querer apertou seu braço ferido.

-Aaaiii Mary. Está me torturando? -Desculpe. Depois do curativo pronto e ela ter enfaixado seu braço, o

ajudou a vestir-se e colocou uma tipóia. -O que vou fazer agora com o braço deste jeito? -Ficar sem laçar Mustangs. - ela disse sorrindo lhe ajeitando o

casaco. Ele olhou para seu rosto e sorriu, David era muito alto perto

dela, ele tinha mais de um metro e noventa, cabelos claros e olhos verdes. Mary ficou encabulada com aquele sorriso.

-Obrigado Mary. Ele a beijou na face, o que deixou Mary ruborizada e sem ar,

não esperava aquela atitude dele que a pegou de surpresa, ele foi para fora ver o cavalo enquanto ela sentou na cadeira com a mão no peito e suspirando. Como o amava.

-Bem rapazes... Eu vou para casa, estou inutilizado por uns dias, mas valeu à pena, este cavalo é lindo. Só não sei se algum de nós vai conseguir montá-lo.

-Também vou para casa, tenho coisas para fazer na fazenda. Amanhã vamos à cidade? - Ian perguntou e todos concordaram. -Ok. Até mais.

** No dia seguinte todos se reuniram e foram à cidade, iam

calmamente galopando e conversando um ao lado do outro. -Ian, você está com cara de morte. O que houve? - Willian

perguntou. -Não sei, estou me sentindo estranho hoje, não dormi direito,

tive sonhos esquisitos, pesadelos. -Que tipo de pesadelos? Já sei, sonhou com a Dona Michela,

seus 180 kilos e sua boca sem dentes. - Mitchel brincou.

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Todos caíram na gargalhada. Dave soltou uma gargalhada daquelas, que se escutou do outro lado da montanha.

-Mitchel, você me mata. Não, eu sonhei... Ah, deixa para lá. -Ihhh, eu não vou nem perguntar, porque eu já sei com quem

sonhou. - Willian retrucou rindo. -Tudo bem Ian, vamos fazer o seguinte, hoje nós vamos

tomar um porre no Saloon, ok? Você vai para a esbórnia com as mulheres, tira a barriga da miséria e ver estrelinhas. Está bem assim?

-Está Mitchel, está. - Ian disse rindo. -É isso aí amigo, é assim que se fala. - David riu e deu um

tapinha nas costas de Ian. Chegando à cidade, os quatro andavam enfileirados lado a

lado atravessando a rua principal, não havia uma moça que não olhasse para aqueles quatro homens, eles eram muito conhecidos, pelas suas farras, pela união dos amigos e pela beleza estonteante de cada um que deixava as moças encantadas. Mas apesar de suas famas de galanteadores e bem sucedidos em suas fazendas, nenhuma moça os fisgava. Apearam dos cavalos e os atrelaram em frente ao coche de água. Ian estava andando distraído de costas falando com os rapazes quando Willian tentou puxar seu braço, mas não deu tempo. Quando ele se virou, esbarrou em uma moça que estava à sua frente com alguns pacotes na mão. Ela, com a trombada, derrubou os pacotes no chão e começou a esbravejar.

-Por que não olha por onde anda? Ian petrificou, ficou parado a olhando, quando ela ergueu os

olhos e avistou-o, derrubou o outro pacote que ainda estava na sua mão. Os rapazes percebendo aquilo se entreolharam sem entender nada.

-Você? - Ian perguntou quase sem voz, sentindo um enorme baque afligir seu coração.

Jayne não se mexia, parecia uma estátua e nem sequer piscava olhando para ele. Willian abriu um largo sorriso para a moça parada ao seu lado, ele fez reverência tirando o chapéu. Emily, irmã mais nova de Jayne, sorriu para ele sem jeito e o cumprimentou com a cabeça. Moça muito bonita, com os cabelos escuros, longos e lisos, olhos castanhos esverdeados, sorrisinho de marota. Mitchel esticou os olhos para a outra moça que estava logo atrás. Julia, a outra irmã, moça bonita, os olhava séria e observava a cena sem entender o que

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se passava com aquelas duas estátuas humanas, mas não perdeu o belo sorriso que Mitchel lhe lançou. Jayne para disfarçar seu súbito espanto e sua falta de ar, após tanto tempo reencontrar aquele homem que a deixou inebriada à três anos, soltou uma frase irônica.

-Ora, ora! Se não é o gato molhado. Ian riu sem jeito com o coração completamente acelerado. -Como vai Srta.? O que faz aqui nesta cidade? - ele perguntou

gentilmente. -Estou morando aqui com minha família, e você? Ian quase morreu de felicidade a ouvindo falar aquilo. Seu

coração pareceu quicar dentro do peito. -Eu sempre morei aqui. -Ian, não vai apresentar as moças? - Willian perguntou. Ian nem ouviu, Mitchel deu uma cotovelada nele para ver se

ele acordava. -Ah sim, desculpe, está é... Quando ia continuar a conversa ouviram um estrondo de

cavalos e tiros, todos meio que se abaixaram olhando de onde vinha aquilo. Um grupo de uns dez homens entrou pela rua principal da cidade, estavam com lenços no rosto e atiravam para cima gritando. Ian agarrou Jayne pelo braço, Willian agarrou Emily e todos correram para dentro do armazém que estava na frente deles e se abaixaram debaixo da janela. David e Mitchel os seguiram com Julia e tirando suas pistolas da cintura. Todos gritavam e corriam pela rua.

-O que é isso? - Jayne gritou. -Não sei, devem ser bandidos querendo alguma coisa. -Eles estão entrando no banco. - David disse espiando pela

janela. -Meu pai está lá. - Jayne gritou tentando se levantar. -Fique abaixada. - Ian disse puxando-a para baixo. -Meu pai está lá dentro, pode acontecer algo a ele. -E o que você vai fazer, entrar lá e atirar em todos? -Boa idéia. Meninas! - ela gritou. Ela passou a mão na pistola que estava na cintura de Ian,

quebrou uma das vidraças com a coronha da arma e deu um tiro certeiro em um dos homens que estava no cavalo. Os rapazes se olharam com cara de espanto e começaram a atirar também e os bandidos revidaram atirando, as balas começaram a estilhaçar as

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janelas fazendo-os encolher-se. Emily levantou seu vestido e pegou uma arma pequena que estava presa na liga da sua meia. Willian vendo isso, ficou boquiaberto. “Que mulheres são essas, meu Deus?” - perguntou-se, sem contar que rapidamente correu os olhos na perna da moça.

-Há homens encima dos telhados, me dêem cobertura. - disse Mitchel e saiu porta afora agachado jogando-se atrás do coche, acertou dois deles nos telhados. Emily acertou outro que estava num cavalo.

-Eu não trouxe minha arma. - Julia gritou. -Você... Dê-me uma. - falou para Willian vendo que ele tinha mais uma na cinta.

-Está louca? - Willian perguntou espantado. -Haimmm... - Julia resmungou. -Me dá logo isso aí. - falou

esticando a mão. Willian com uma cara de paspalho lhe entregou a arma e ela

começou a atirar também. Os rapazes vendo aquelas atitudes ficaram embasbacados.

-Mas que mulheres são essas? - Willian perguntou puxando o braço de David.

-Não faço a menor idéia. - respondeu com cara de espanto. -Eu vou pelos fundos. David, fique com elas, Willian, venha

comigo. - Ian disse. Os dois levantaram e correram para os fundos. Outros homens da cidade pegaram seus rifles e tentaram revidar. Muitos se esconderam. Jayne olhou pela janela e viu alguns homens saindo com seu pai e mais duas pessoas com as mãos na cabeça de dentro do banco, o tiroteio de repente cessou.

-Papai. - gritou levantando-se e David a puxou pelo vestido. -Fique abaixada. O homem mascarado puxou o lenço do rosto revelando-o,

fez o velho ajoelhar, dando menção de que iria atirar nele. -Jayne, nós temos que fazer alguma coisa. - Emily disse em

desespero. Jayne pensou cerrando os olhos e olhou para David. -Você tem balas? Dê-me. -Tenho. O que vai fazer? -Não pergunte, dê-me as balas. - ele lhe deu um punhado.

Ela levantou as saias enfiou o monte de balas nas meias e enfiou a

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pistola de Ian no cano da bota. Num salto, que nem David conseguiu agarrá-la, ela foi para fora. -Parem. - gritou com as mãos para cima. -Vocês já pegaram o dinheiro, os deixem em paz.

Ian que estava com Willian na lateral da rua vendo Jayne, sentiu seu coração gelar.

-Mas que diabos de mulher. Por que não ficou lá dentro? Está tentando se matar? - disse enlouquecido e nervoso.

-Ora, ora, ora, o que vejo aqui? - Kid ironizou, um ladrão de bancos, chefe do bando, muito perigoso e sarcástico, procurado em muitos estados juntamente com seu bando. -Aproxime-se bela dama. - disse ele e ela começou a andar em direção dele calmamente.

-Jayne não faça isso. - gritou seu pai. Kid deu uma coronhada na cabeça dele o fazendo desmaiar. -Pai! - ela gritou e correu para junto de seu pai se ajoelhando

ao lado dele. -Hum, mas o que vejo aqui? Uma filha dedicada? Que lindo.

- ele agarrou-a pelo braço, tirando-a do chão. -Qual é seu nome? - ela não respondeu. Ele colocou a arma

debaixo do seu queixo. -Vou perguntar de novo, qual é seu nome? -Jayne... Jayne Cullen. -Você quer brincar Sra. Jayne Cullen? Então por que você

não vem com a gente? - Jayne cerrou a mão e deu um soco no rosto de Kid que lhe cortou com seu anel, ele colocou a mão no rosto e a olhou vendo que estava sangrando. Ele deu-lhe uma bofetada, agarrou-a pelo braço e a jogou para outro homem segurar. -Você é muito valente, não? Mas você vai pagar por isso.

Kid mirou sua arma para o pai de Jayne. -Não! - gritou tentando se desvencilhar do homem. Ian estarrecido vendo aquilo atirou em Kid, acertando-lhe o

ombro. - ele cambaleou, derrubou a arma, mas não chegou a cair. O tiroteio recomeçou.

-Vamos rapazes, a festa acabou. Rápido, vamos sair daqui. - gritou pulando em seu cavalo com Jayne de bruços na sua frente.

Ian começou a atirar e derrubar um por um, Willian mirava e era tiro certeiro. Mitchel derrubou mais três que estavam nos telhados, David saiu correndo para fora atirando, Emily e Julia foram logo atrás.

-Jayne! - Emily gritou.

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Ian montou em Trovão e saiu em disparada atrás deles. Um dos bandidos vendo que ele os estava seguindo virou-se para trás e deu um tiro certeiro em Trovão que caiu derrubando Ian.

-Papai. - Emily gritou correndo até ele. Julia foi estar com ele também, ele estava zonzo, mas estava

voltando a si. Willian e David correram até Ian que esbravejava de dor no chão.

-Ian, você está bem? -Estou. Não, Trovão... - abraçou o cavalo baleado sentindo

seu coração estilhaçar, ele estava vivo, mas agonizava. Ian cerrou os olhos por um minuto tomando coragem, engatilhou a arma e lhe deu um tiro. -Vamos atrás deles. - disse enfurecido.

Todos vieram para a rua para socorrer os feridos. Ian olhou com tristeza para seu cavalo que era seu companheiro por anos. Willian foi até Emily e a levantou do chão.

-Venha, é melhor levá-lo a um médico. -Temos que ir atrás de Jayne - Julia falou angustiada. -Nós vamos cuidar disso. - disse Mitchel olhando para Julia. -

É melhor você levar seu pai para casa e avisar a família. -Não, eu irei junto. - Julia disse. -Eu também vou. - Emily disse. -Ninguém vai a lugar nenhum. - Ian disse enfurecido. - Se

não fosse a Jayne ter dado uma de heroína, nada disso teria acontecido. E que diabos de família são vocês? Mulheres armadas, com pontaria, metidas a valente. - Ian continuou gritando.

-Fomos criadas para nos defender - retrucou Julia. -Bem... Isso agora não importa, nós temos que trazer Jayne

de volta... Vamos para casa pegar munição e vamos atrás deles. -Jayne... Essa é a sua garota? - Mitchel perguntou espantado. -É... Ela mesma. -Minha nossa! Isso é que eu chamo de reencontro. -Pelo menos nós já sabemos por que ele gamou nela. - disse

Willian, levantando as sobrancelhas. -Vamos Ian, vamos em meu cavalo. - David disse. -Onde está o xerife? - Willian perguntou. -Ah, provavelmente debaixo de sua mesa. - David retrucou. -Eu não preciso do xerife, vou cuidar disso pessoalmente. -

Ian disse montando. -Vamos embora rapazes, não temos tempo a

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perder. Vocês não são obrigados a irem comigo, mas eu vou com ou sem vocês, então quem quiser ir comigo me siga.

-Eu não vou perder a diversão. - David disse. -Eu também não. - Willian disse. -Ah e muito menos eu, esta vida estava ficando chata mesmo.

- Mitchel disse. -Então vamos. Eles saíram em disparada, algum tempo depois já estavam

todos na casa de Ian, carregaram as armas e pegaram munição extra. Ele foi à coxia e selou outro cavalo.

-Vamos embora rapazes. Eles devem ter ido para o sul, temos que pegá-los à noite, assim vai ser mais fácil de tentar resgatar Jayne. Temos que correr para poder alcançá-los, eles têm um bom tempo de vantagem.

-Como sabe que foram para o sul? -Instinto. -Eu diria que ele está seguindo o cheiro do perfume dela. -

Mitchel disse irônico. -Cale a boca, meus instintos nunca falham. -Acredito nele. - David disse. -Tudo bem, se estiver errado vai me pagar uma bebida. -Pare de resmungar e vamos embora. Montaram em seus cavalos e cavalgaram o mais rápido que

puderam até chegarem a uma clareira, eles viram uma luz distante vinda de uma fogueira. Ian levantou a mão para que parassem e fizessem silêncio.

-Podem ser eles, vamos a pé para verificarmos. Atrelaram os cavalos nas árvores a uma distância razoável e

depois seguiram a pé. Embrenharam-se na mata e chegando perto, avistaram a fogueira e alguns homens rindo. Willian avistou Jayne e fez sinal para Ian, ela estava amarrada com as mãos para trás, sentada no chão perto de uma grande árvore. Os homens do bando estavam em somente cinco, estavam contando o dinheiro que haviam roubado do banco e tomando tequila. Enquanto eles cochichavam para ver como iam agir, David viu movimentos de Jayne.

-Ian. - David chamou cochichando e fazendo sinal. Ele olhou entre as árvores e viu Jayne passando suas mãos

amarradas por debaixo das pernas e pegou a arma dele que ela havia

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escondido na bota. -Droga. - Ian engatilhou sua arma e todos se aprontaram. Num piscar de olhos Jayne atirou em um dos bandidos, eles

pularam da mata atirando, e mataram três deles, Kid e mais um de seus homens fugiram com a bolsa de dinheiro, mas havia levado mais um tiro. Quando tudo tinha acabado, Ian chegou enlouquecido perto de Jayne e a agarrou pelo braço empurrou-a contra uma árvore com toda força.

-Você é louca? Quer morrer? -Estou me defendendo e não preciso de ninguém que faça

isso por mim. Ian estava tão perto dela, daquela boca, teve uma vontade

louca de beijá-la, mas ao mesmo tempo de estrangulá-la. Que mulher impetuosa, maluca e tão avassaladoramente linda.

-Ai... Vamos embora. - disse puxando-a pelo braço engolindo a seco e rangendo os dentes.

-Onde estão Emily e Julia? -Ficaram com seu pai, estão bem, não se preocupe. -Desamarre-me. -Pensei que pudesse fazer isso sozinha. -Não seja estúpido.

Ele pegou uma faca no seu cinturão e cortou a corda de seus pulsos, Ian colocou Jayne em seu cavalo e montou por detrás dela. Os rapazes somente os ficaram observando e se entreolharam, todos voltaram mudos até a estrada perto de suas fazendas, mesmo por que, os dois tão próximos montados naquele cavalo deixou-os sem fala. Jayne sem controlar-se adormeceu no peito de Ian.

-Rapazes, vão para casa, vou levá-la para minha fazenda e pela manhã a levo para sua casa.

Todos assentiram com a cabeça e seguiram rumos diferentes. Quando chegaram à fazenda de Ian, era tarde da noite, Jayne

estava adormecida profundamente, ele tentou descer do cavalo com cuidado, pegou-a no colo e a levou para dentro de casa, foi para seu quarto e lentamente deitou-a na sua cama e a cobriu. Ele por alguns minutos ficou contemplando tal beleza, retirou os cabelos que lhe caiam sobre o rosto, para vê-lo melhor, sentou-se em uma poltrona próxima a cama, não conseguia tirar os olhos dela, após um tempo adormeceu, estava exausto.

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Ao amanhecer, Jayne acordou assustada, sentou-se na cama e olhou ao redor para ver onde estava. Avistou Ian sentado na poltrona adormecido. Ela por um momento admirou-o e tentou lembrar-se de tudo que aconteceu na noite passada. Passou a mão no rosto, levantou-se sem fazer barulho para que ele não acordasse, chegou perto dele e quis tocar seu rosto, deu um leve sorriso lembrando-se tão perfeitamente dele, parecia mais lindo do que nunca. Seu peito se encheu de ansiedade que ela nem entendeu, sua vontade de tocá-lo estava latente, mas desistiu, andando devagar foi para fora, pegou o cavalo de Ian e seguiu o rumo de sua casa.

Quando Ian acordou, tentou abrir os olhos, seu corpo estava dolorido e passou as mãos no rosto. Olhando para a cama, viu que estava vazia e pulou da poltrona.

-Onde ela está? - disse olhando ao redor. Foi para a sala, para a cozinha e nada, ela havia ido embora.

Sentiu uma tristeza e ao mesmo tempo raiva. Pegou a jarra de água e despejou um pouco na bacia de porcelana e lavou o rosto, respirou profundamente lembrando-se de Trovão, uma tristeza invadiu seu coração, teve vontade de chorar, como sentiria saudades dele, tentou afastar as memórias e foi para a cozinha preparar um café. “Como ela foi embora, a pé?” - pensou, foi para fora e seu cavalo não estava.

-Mas será possível! - ele disse em voz alta. -Ela levou meu cavalo. Mas também Ian, como você queria que ela fosse embora? Mas ela devia ter me acordado, eu a levaria e não ter pegado meu cavalo e ido embora sem dizer nada. Mas que mulher que me tira as estribeiras. - irritado, voltou para a cozinha fazer seu café e o bebeu. -Meu Deus! Eu preciso de um banho.

Ian pegou alguns baldes de água no poço para aquecer e encher a tina, na maioria das vezes tomava banho no chuveiro que ficava num cercado do lado de fora da casa, não tinha muita paciência para puxar e aquecer água, mas como ainda estava frio, naquele momento decidiu que iria ficar de molho num banho de tina por pelo menos meia hora. Depois do banho preparado, despiu-se e afundou naquela água morna e relaxante, recostou a cabeça na beirada, fechou os olhos e ficava lembrando-se do rosto dela que insistia em não sair de sua mente. Quando estava absorto em seus pensamentos, ouviu uma batida na porta da sala de banho e voltou num susto. Jayne abriu a porta subitamente chamando seu nome, ele automaticamente jogou

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o braço para o lado, pegou a arma e num pulo levantou-se apontando a arma para a porta. Jayne quando o avistou deu um grito, fechou os olhos e virou-se para o lado.

-Ai meu Deus! - ela gritou. Quando Ian viu que era ela, abaixou a arma. -Isso é jeito de entrar aqui? Quase lhe dou um tiro. - brigou e

rapidamente pegou uma toalha a enrolando na cintura. -Por que não chamou?

-Desculpe, eu vim devolver seu cavalo, e eu chamei seu nome, mas você não respondeu... Por acaso é surdo? - falou ainda de lado e gaguejando e depois esbravejando.

-É! Eu deveria ser surdo para não ter que ouvir o que você fala. - falou bravo saindo da tina. -Por que não me acordou antes de ir embora?

-Você parecia cansado, eu não quis acordá-lo. - falou com voz mansa tentando disfarçar o nervosismo de tê-lo visto nu. Ele suspirou, abaixou a guarda e mudou o tom da voz.

-Está bem, mas não precisava ter trazido meu cavalo, eu teria buscado.

-Não... Eu fiz questão, pois queria lhe agradecer pelo que fez ontem indo me salvar, obrigada.

-Não precisa agradecer. - Ian estava parado com a toalha enrolada na cintura e olhava para ela, estava imóvel. Jayne olhou para ele de canto de olho, seu coração estava acelerado no peito.

-“Meu Deus que homem é esse?” - perguntou em seus pensamentos e rapidamente virou o rosto novamente.

-Será que daria para você colocar uma roupa, por favor? -Ah sim... Por quê? Deixo-te desconfortável? - ele disse

ironicamente. -Meu Deus! Como você é petulante, vou embora. - ela virou-

se para sair. -Não. - falou num súbito. -Não precisa ir embora, espere-me

na sala, eu já volto. Ele entrou para o quarto e ela foi para a sala quase passando

mal. “Mas que diabos, nem um tiroteio me deixa assim nervosa” - pensou com as mãos na barriga e dando um profundo suspiro.

Alguns minutos depois ele voltou vestido e com os cabelos molhados, Jayne olhou para ele e pensou. “Será que seria possível ver

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este homem em um estado feio pelo menos uma vez na vida? Como ele fica lindo de cabelos molhados”.

-Aceita um café? -Sim obrigada. - respondeu. Ele pegou um café para ambos e

foram para a varanda. -Você tem uma bela fazenda. - disse olhando ao redor.

-Sim, era do meu pai, eu a estou melhorando como posso. Já está bem diferente do que era antes.

-Belo trabalho. -Obrigado. Então, você é filha do banqueiro? -Sou. -Então você se chama Jayne Cullen? -Sim... Mora aqui sozinho, ou é... Casado? -Não sou casado. - disse com um leve sorriso e ela sorriu sem

jeito. -Aquelas moças que estavam com você são suas irmãs? -São. Emily e Julia. -Mas daria para me responder, por que vocês têm esse jeito

agressivo? Nunca vi mulheres assim. -É uma longa história. - disse meio apreensiva. -Estou interessado em saber. -Mas eu não quero falar sobre isso, só vim lhe entregar seu

cavalo, obrigada pelo café. - ela colocou a caneca na mesinha que estava ao seu lado. -Tenho que ir, adeus.

-Espere, não vá. -Tenho que ir, e sinto muito pelo seu outro cavalo, soube que

ele foi baleado ontem. -Obrigado. - respondeu tristemente. Ela montou em seu cavalo e olhou para Ian, lhe deu um

sorriso e o admirou por alguns instantes. -Você deveria aprender a fazer café, o seu é horrível. - ela lhe

deu um sorriso irônico e antes que ele dissesse alguma coisa, Jayne atiçou o cavalo e saiu galopando para fora da fazenda.

Ele ficou olhando-a distanciar-se até sumir, sentiu um aperto no peito, aquela mulher estava o tirando do sério, nem acreditava que a havia reencontrado. Ian olhou para dentro de sua caneca.

-Ela tem razão, é horrível mesmo. - ele fez uma careta e jogou o café fora.

Quando chegou em casa, suas irmãs estavam a esperando.

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-Então, como foi lá? - Emily perguntou. -Nada de mais. - Jayne respondeu sem olhar para elas. -

Cheguei, devolvi o cavalo e vim embora. -Ah ta! E se foi só isso, por que você está com esta cara,

heim? Eu a conheço, alguma coisa aconteceu. - Julia perguntou e Jayne pensativa, deu um suspiro.

-Bem... Eu o vi nu. -O que? - Julia gritou. -Como assim? O que aconteceu? Vocêêss... - Emily falou

fazendo um movimento circular com as mãos e com os olhos arregalados.

-Imagina Emily! Eu nem o conheço, foi um acidente. -Aham, como assim? Eu nunca vi um acidente deste tipo,

desembucha, mulher. - Julia falou sem muita paciência. -Não foi nada, eu entrei na casa e o peguei tomando banho,

foi só isso. -Ai meu Deus... Só isso? Aquilo tudo sem roupa? Jesus! Por

isso que você está com cara de palerma. - Emily falou nervosamente, mas olhando para a irmã como se imaginasse.

-Emily, pare com isso, deixe de ser desbocada menina. Não aconteceu nada e eu nem liguei, não foi nada de mais.

-Sim... Não deve ter sido mesmo, só queria saber o que foi que deixou você com esta cara de bocó se não foi ver aquele homem nu. Pelo amor de Deus! - Julia falou com as mãos no rosto.

-É meninas, não vou negar que ele é todo perfeito, meu Deus que corpo ele tem, e aqueles cabelos molhados, o que é aquilo? E o rosto, é perfeito. Nunca pensei que depois de tanto tempo iria vê-lo novamente, parece que estou fora de mim.

-Realmente eu nunca achei que você iria vê-lo de novo. Mas enfim, agora você o achou e o que vai fazer? - Julia perguntou.

-Nada. -Como assim, nada? - Emily gritou. -Nada oras, não quero saber dele. Não vou me envolver nem

com ele nem com ninguém. -Jayne, talvez seja uma boa idéia. Nós não temos sorte com

homens, eles são uns canalhas, é melhor deixar as coisas do jeito que estão. - Júlia disse.

-Meninas, vocês estão loucas? Aquele homem é muito lindo e

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parece ser uma ótima pessoa. E além do mais ele e seus amigos arriscaram-se para salvar Jayne, não é? Julia, dá uma chance.

-Tudo bem. Eu admito que gostei desta parte. - Julia disse. -Ai meninas parem com isso, por favor! Não há nada entre

nós, ele é um grosseirão. - Jayne disse meio revoltada. -Ui, bem que eu queria um grosseirão desses. - Emily disse

rindo. -Ah, mas quero saber quem são aqueles outros homens que estavam com ele, meu Deus aquele moreno de olhos verdes é muito lindo, me encantei com ele, e Julia o outro lá ficou a encarando de um jeito que pensei que ele fosse a engolir.

-Quem, o grandalhão? -Não, aquele com cara de cafajeste. - Emily disse rindo. -É eu percebi, mas com aquela cara dele eu vou ficar é bem

longe, ele deve ser um safado e mulherengo. - disse Julia. -Jayne, você sabe os nomes deles? - Emily perguntou. -Eu não sei direito... Eu acho que o moreno de olhos verdes

chama-se Willian, o com cara de cafajeste como diz você é Mitchel e o outro... Hum, não me lembro, como é mesmo?

-Acho que é David. - Julia disse pensativa. -Sim, eu também acho que é. - Emily complementou. -Eu só digo uma coisa, não quero saber de Ian, melhor ele

ficar longe. O que aconteceu não significa nada, não me impressiona e nem me interessa. Bem meninas, vou ver meus cavalos. - disse meio descontrolada e saiu do quarto.

-Julia, Jayne está apaixonada por ele. -Está. E eu nem quero ver onde isso vai parar. -É, mas se ela não agarrar este homem eu lhe juro que jogo

ela no chiqueiro. Não foi à toa que o reencontrou desse jeito. -Olha... Por muito tempo eu a defendi e achei que ela devia

ficar afastada de homens, mas agora concordo com você, depois de jogá-la no chiqueiro eu ainda a afogo no poço. - as duas riram. **

Os rapazes foram até a fazenda de Ian para ver como as coisas estavam.

-Olá Ian. -Olá rapazes. -E então? Viemos aqui saber se está tudo bem, quero saber o

que aconteceu com a moça. - David perguntou.

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-Ela está bem, foi para casa. -Hum... Sei. - Willian disse. -E aí meu amigo, conte-me o que aconteceu com a moça

ontem à noite, vocês dois aqui sozinhos... - Mitchel disse ansioso. -Mas que interrogatório é esse? Não aconteceu nada, ela

dormiu na minha cama e eu na poltrona. Quando amanheceu ela foi embora e ponto final.

-Ai meu Deus! Ian, você é um caso perdido... Como você me traz uma mulher daquelas para sua casa, ela dorme na sua cama e não acontece nada? - Mitchel falou indignado.

-Mitchel, não havia nada para acontecer, eu nunca iria desrespeitá-la, ela é uma moça de família.

-Ah... Eu iria. - David riu, zombando dele. -É Ian, esta foi difícil. Como você se controlou, amarrou-se

numa árvore? Não, porque depois de três anos esperando ver esta mulher novamente, salvá-la de bandidos e ainda ela dormir na sua cama e vocês não fazerem nada, meu Deus! Você deve estar com algum problema. - Willian disse rindo.

-Engraçadinhos. Eu não estou com problema algum, não existe nada entre nós, só isso.

-Ai ai, imagina se existisse. - David suspirou. -Falando em bandidos, você quer me explicar o que acontece

com aquelas malucas? Quando vi aquela moça erguendo o vestido que quase me deixou louco, porque mostrou as pernas bem debaixo do meu nariz e sacou uma arma, eu quase pirei. - Willian disse.

-Verdade, elas parecem mais pistoleiras que filhas de um banqueiro, meu Deus nunca vi mulheres atirarem daquele jeito! E esta tua mulher mesmo Ian, é louca, sair e enfrentar os bandidos para salvar o pai. O que é isso? - Mitchel falou com uma cara de quem não acreditava o que tinha visto.

-Realmente rapazes, elas são malucas e estou pensando que não foi uma boa para mim tê-la reencontrado, ela é mais maluca do que eu imaginei, mas ela me deixa completamente louco. Ao mesmo tempo em que tenho uma vontade de agarrar aquela mulher e beijá-la tenho vontade de torcer seu pescoço, nunca vi alguém tão impetuosa e boca suja, ela sempre me arrebenta. - disse indignado.

-Ian, eu acho que ela é daquelas mulheres que precisam ser domadas, como os Mustangs selvagens.

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-David, eu concordo com você. - Willian disse. -Meu amigo, eu sinto muito lhe dizer, mas você está numa

enrascada daquelas. - Mitchel disse dando umas palmadinhas nas costas de Ian e todos riram. -Mas eu quero saber daquela morena, meu Deus, que mulher é aquela? E que cara de brava que ela tem. Quando a vi senti um frio no meu estômago, mas vou jogar meu charme para ela, com certeza ela cairá aos meus pés.

-É Mitchel, ela é muito linda mesmo, assim como a que eu me encantei, a de cabelos lisos, acho que o nome dela é Emily, mas a sua tem uma cara de que vai fazer você andar no trilho do trem. - Willian disse rindo e todos riram concordando. -Ian realmente, agora eu entendi porque você nunca conseguiu tirar Jayne da cabeça, ela é uma mulher maravilhosa, além de maluca, claro. -É verdade.

-Bem rapazes, eu acho que nossa tentativa de ir ao Saloon ontem foi fracassada, apesar de ter adorado a aventura. Fazia tempo que não dava uns tiros, mas eu sugiro irmos hoje, estou em brasa, quero fazer umas festas com as moçoilas, já que aquela beldade de morena não me deu bola, por enquanto, porque vou jogar meu charme para ela mais tarde. O que acham? - Mitchel perguntou.

-Mitchel, se mexer com a irmã da Jayne, eu acho que você vai se meter numa enrascada pior que a do Ian... Mas não vou ao Saloon, meu braço está doendo muito, vou para casa. - David disse.

-Eu também não vou. - Ian disse. Mitchel olhou para Willian com uma fisionomia implorativa, e ele riu.

-Tudo bem, eu vou com você. -Ahhh... Até que enfim alguém com juízo neste lugar, então

vamos logo. Despediram-se e seguiram seus rumos. Ian sentou-se na varanda com uma garrafa de tequila e começou a pensar em Jayne. Como o destino lhe pregou uma peça, depois de tanto tempo a reencontrou, e ele estava tão perdido que não sabia o que fazer. Mas ela o deixava completamente fora de seu juízo, seu coração estava de um jeito que ele não conseguia entender, e seu rosto e sua voz não lhe saia do pensamento. Lembrou-se dela dormindo em seu peito, de colocá-la na cama adormecida como um anjo.

-Como ela é linda, odeio quando ela me desafia, mas ela fica

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mais linda ainda. Ai... Esta mulher vai me enlouquecer. Como ela me deixa nervoso. Ele continuou na varanda até altas horas da noite somente pensando em Jayne e tomando tequila, depois se recolheu ao seu quarto para dormir.

** Emily foi cavalgar, adorava ir até aos penhascos onde

avistava o rio, não conhecia todas aquelas terras ainda e estava curiosa para ver tudo, desceu de seu cavalo e ficou admirando a paisagem e o rio que corria lá embaixo. Enquanto estava absorta em seus pensamentos ouviu uma voz que a assustou.

-Olá Srta. - Willian disse se aproximando no seu cavalo, ela assustando-se e levantou num salto vendo que era o amigo de Ian.

-Olá. - disse meio sem jeito. Como ele estava encantador, seus olhos verdes brilhavam

como duas estrelas e que sorriso ele lhe dava. Emily ficou olhando cada centímetro do rosto dele e ficou inebriada sem respirar.

-Como está seu pai? - perguntou escorado com um braço na sela do seu cavalo.

-Está bem. - disse meio que gaguejando e Willian desceu do cavalo e foi para perto dela.

-Fico feliz. E a Senhorita, como está? -Estou bem, obrigada. - Emily disse abaixando os olhos. -Esta vista é maravilhosa, sempre venho aqui. - Willian disse

olhando para o rio lá embaixo. -Sim, descobri este lugar a pouco tempo, mas adoro vir aqui. -Você é irmã mais nova de Jayne, certo? -Sim. -Seu nome é Emily? -É. -O meu é Willian Jonhson, no meio daquela confusão, nós

não tivemos tempo de nos apresentarmos formalmente. -Sim, foi uma loucura. Prazer em conhecê-lo Sr. Jonhson. -Me chame de Willian. Encantado senhorita. - disse beijando

sua mão deixando-a encabulada. -Eu tenho que lhe agradecer por ter ido atrás de Jayne. Pelo

que ela me disse estava tentando escapar quando vocês chegaram, e a ajudaram.

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-Não tem o que agradecer, Ian iria de qualquer maneira e nós jamais o deixaríamos ir sozinho, se fossemos esperar pelo palerma do xerife ela ainda estaria com os bandidos. - disse rindo.

-Ouvi dizer que ele não serve nem para chavear as celas. -É... Realmente não, se bobear ele não consegue nem achar a

cabeça do cavalo, é capaz de montar ao contrário. - os dois riram. -Você é muito bonita. - disse olhando nos olhos dela.

-Obrigada. - disse encabulada com o comentário. -Você também. “Ai eu disse isso?” - pensou espremendo os olhos.

-Obrigado. - ele disse abrindo um largo sorriso que deixou Emily com as pernas bambas. Ele percebeu que ela soltou o comentário sem querer. -Venha algum dia à minha fazenda, tenho uma irmã que deve ter sua idade, ela ficaria feliz em conhecê-la, eu creio que é meio difícil chegar a uma cidade estranha sem conhecer ninguém.

-Agradeço e irei sim. Realmente eu não conheço ninguém, mas tenho minhas irmãs que gosto de conversar.

-Parece-me que sua irmã tem uma situação meio estranha com meu amigo. - disse levantando as sobrancelhas.

-É verdade, o caso deles é de causar preocupação. - falou rindo e dando uma olhada para Willian de canto de olho.

-Ian nunca esqueceu aquele encontro que teve com Jayne há alguns anos, depois disso nunca se envolveu com nenhuma mulher, sempre teve esperança de vê-la novamente.

-Verdade? - Emily disse admirada. -Sim, é verdade. Nós até ficamos meio preocupados com ele,

pois nunca me passou pela cabeça que alguém pudesse se apaixonar assim tão rapidamente. Achei que ele tinha batido com a cabeça e ficado retardado, mas sinceramente depois que vi sua irmã e o jeito dela, tenho que admitir que isso fosse possível.

-Bem, eu creio que isso aconteceu com Jayne também, ela ficou desnorteada quando o conheceu, mas não acho que ele vai ter muita sorte. Ela é difícil de agarrar.

-Você acha que Ian não terá chance com ela? -Eu não sei. Ela não vai abaixar a guarda facilmente pelo que

conheço dela, tem um gênio terrível e depois do que lhe aconteceu, ela ficou amargurada e brava, mas talvez haja uma possibilidade porque estamos falando de Ian, não é? - falou dando uma risadinha.

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-Sim, a mesma coisa aconteceu a ele. -Hum... Estranho isso. - resmungou pensativa. -Sinceramente, acho que eles foram feitos um para o outro. -Sabe que eu também acho? - falou rindo. -Mas creio que vai

ser difícil. -Mas o que aconteceu com ela? -Desculpe, eu acho bom não falarmos nisso, é assunto dela. -Ok. Não precisa me contar nada se não quiser. -E você, o que faz? -Eu tenho uma fazenda, crio gado. Quando Willian foi abrir a boca para falar algo mais, ouviram

o relinchar do seu cavalo que estava atrás deles. Assustara-se com uma cobra.

-Ôôô... Calma. - Willian gritava tentando puxá-lo pela rédea, mas o cavalo empinava-se, pois a cobra estava a ponto de dar o bote. Ele sacou a arma e deu um tiro na sua cabeça. Mas seu cavalo estava assustado e andou desengonçado em direção à Emily que foi indo para trás para não ser pisoteada. Ela chegou muito à beirada do penhasco e acabou escorregando, deslizou ficando dependurada, gritou escorregando para baixo. Ela agarrou-se nos matos na margem para tentar segurar-se, fazendo com que Willian num salto pulasse para a margem tentando a segurar pela mão.

-Segure minha mão. - gritou assustado. Ela tentou segurar, mas não conseguia alcançar. -Emily pegue minha mão. - Willian tentou ir mais abaixo para alcançá-la, mas ela escorregava cada vez mais.

Ela não conseguiu segurar-se e caiu do penhasco gritando. -Emily! - gritou a vendo despencar. Ela caiu no rio e Willian olhou para os lados e não havia nada

a fazer, sem pensar pulou do penhasco caindo no rio atrás dela, quando emergiu tentou avistar Emily e nadar o mais rápido que pode, mergulhava e a procurava. Ela voltou do fundo e tentava nadar, mas a correnteza estava muito forte, e foi para o fundo novamente. A correnteza os levava rio abaixo, Willian avistou-a e nadou fortemente ao seu encontro. Ele a agarrou e forçosamente nadou para a margem do rio com ela desacordada em seus braços.

-Emily, acorde pelo amor de Deus! - dizia tentando reanimá-la soprando ar para seus pulmões e com dificuldade, ela voltou a si. -

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Emily, você está bem? - ele perguntou em pânico, ela tossiu jogando água para fora e assentiu com a cabeça. -Ai senhor... Graças a Deus. Tenho que levá-la a um médico, você está sangrando. - ele disse apavorado, ela havia se cortado nos galhos, suas mãos estavam todas arranhadas.

-Eu não preciso de médico, eu quero ir para casa. -Tudo bem, eu vou dar um jeito. - disse dando uma olhada

ao redor e para cima. -Temos que subir, nossos cavalos estão lá encima do penhasco. Pode se levantar? - perguntou vendo que ela já estava recobrando os sentidos.

-Sim. -Eu preciso fazer um curativo em suas mãos, permite-me? -

ele perguntou já rasgando uma tira de tecido da saia de Emily sem esperar que ela lhe desse permissão e cuidadosamente enfaixou suas mãos. -Vamos, já está anoitecendo, se não conseguirmos chegar até os cavalos antes do anoitecer estamos ferrados. Tentaram subir, mas a subida era íngreme demais e havia muitos matos fechados, tentaram dar uma volta enorme e então pegaram a noite. Ele ia à frente e a segurava pelo punho, pois suas mãos estavam feridas.

-Estou com frio. - Emily disse tremendo. -Eu sei, acho melhor acharmos um lugar para pararmos e

acender uma fogueira para nos aquecermos. Eles encontraram uma imensa pedra oca, Willian catou uns galhos e fez uma fogueira batendo duas pedras sobre finos galhos secos, seus fósforos haviam se molhado e ele indignado o olhou jogando para longe, teria que usar o que tinha em mãos. Ele demorou em acender a fogueira, mas Emily sorriu quando o viu conseguir tirar fogo de pedras. Os dois tremiam, a noite caíra e o frio estava congelante, principalmente porque estavam com as roupas molhadas.

-E agora o que vamos fazer? Não conseguiremos chegar lá encima no escuro. - Emily perguntou apavorada.

-Teremos que passar a noite aqui e de manhã seguiremos. -Minha família ficará enlouquecida porque eu não voltei. -Eu sei. Minha irmã também ficará, mas nós não temos como

prosseguir nesta escuridão, não há lua e pode ser perigoso. -Eu estou com medo. -Está tudo bem, nós precisamos nos aquecer, venha aqui.

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Willian a abraçou para reconfortá-la e para que o calor dos seus corpos pudessem os ajudar a aquecer, aquele abraço fez os dois sentirem-se constrangidos. Ficaram ali parados na frente da fogueira sem ter outra coisa para fazer e o silêncio imperou na imensidão da noite.

** -Julia, Emily saiu para cavalgar e ainda não voltou. - Jayne

disse apreensiva. -O que? - perguntou olhando para ela com cara de susto. -Será que ela se perdeu? Será que aconteceu alguma coisa? -

disse Jayne tentando pensar andando em círculos. -Temos que ir atrás dela, eu vou avisar papai e pegar alguns

homens. -Vá falar com papai, vou ver quantos homens posso reunir.

Jayne estava com os cavalos e apenas dois homens. Julia saiu da casa com seu pai, com lamparinas e espingardas.

-Papai, nós temos que ter mais gente, se ela está perdida teremos que nos espalhar, não tenho idéia para que lado ela possa ter ido.

-Podemos pedir ajuda para algum fazendeiro aqui por perto. - disse Sr. Cullen.

-Também acho. Por que não pedimos ajuda para o Sr. Buller e seus amigos? Eles moram aqui perto e conhecem bem esta região. - Julia disse olhando para Jayne.

-Está bem, vamos. - Jayne disse subindo em seu cavalo. Galoparam até chegar à fazenda de Ian. Ele ouvindo os

trotes dos cavalos se aproximarem, pegou uma espingarda e abriu a porta, ficou admirado quando viu quem era.

-Boa noite, Sr. Buller. - Jayne disse. -Boa noite. Algum problema? -Boa noite, Sr. Buller. Sou Carl Cullen, minha filha Emily está

desaparecida, saiu para cavalgar e não voltou até estas horas da noite, receio que possa ter acontecido algo e estamos juntando alguns homens para irmos atrás dela. O Senhor poderia nos ajudar? - pediu nervosamente.

-Claro, podemos pedir para meus amigos, eles irão também. Ian olhou para Jayne por um instante, virou-se e entrou,

pegou seu chapéu, vestiu um sobretudo e pegou um rifle com balas,

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colocou seu cinturão com duas pistolas carregadas e saiu da casa, montou em seu cavalo e enfiou a espingarda logo atrás em sua sela. Saíram em disparada e chegaram rapidamente à fazenda de Willian, pararam na frente da casa e Ian gritou seu nome. Mary assustou-se e apareceu na porta com um rifle na mão. -Calma, Mary sou eu, Ian. Onde está Willian? -Ele não está aqui. Saiu de tarde e até agora não voltou, achei que estava com você. O que está acontecendo? -Bem, pode ser que ele esteja na casa dos rapazes. A filha do Sr. Cullen está desaparecida e vamos procurá-la, vou à casa dos rapazes, boa noite. -Espero que a encontre logo. - disse olhando para Jayne e eles galoparam até a fazenda de David. -David! - Ian gritou sem descer do cavalo. -O que está acontecendo? - David perguntou indo à varanda. Mitchel estava com ele. -A filha do Sr. Cullen, Emily está sumida, vamos procurá-la, vim pedir ajuda a vocês. -Ok, um minuto. - David entrou para pegar suas coisas. -Mais uma aventura. Parece-me que sua família está agitando a cidade, Srta. Cullen. - Mitchel disse para Jayne já subindo em seu cavalo e ela lhe deu um sorrisinho. -Obrigada por ajudar.

-Às ordens. - disse baixando a ponta do chapéu e depois se virou e olhou bem para Julia. Ela o estava olhando, depois virou o rosto dizendo. -Para que lado nós iremos? -Sugiro que nos separemos, assim temos mais chances de encontrá-la ou alguma pista. Eu vou para o lado do rio e vocês vão para aquele lado, David vem comigo e mais duas pessoas. Onde está Willian? Ele não está aqui? - Ian perguntou aos rapazes.

-Não. Não está em casa? - David perguntou. -Não, eu achei que estivesse com vocês. -Eu o vi hoje à tarde e ele disse que iria para casa. -Isso está estranho. - Ian disse.

-Pior que está, será que ele foi à cidade? - David perguntou. -Não creio, ele estava na cidade esta tarde, por que voltaria? -Hum... Eu não quero dizer nada, mas eu estou achando que

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Willian está com a Emily - David cochichou para Mitchel. -Sabe que isso também me passou pela cabeça? -Se isso for verdade talvez eles não queiram ser achados. - David falou rindo baixinho. -Eu não iria querer. - Mitchel soltou uma risada. -Eu ouvi isso. - Jayne disse. -Desculpe Srta. foi só um comentário. -Você vem comigo? - Ian perguntou a Jayne. -Vou. -Vamos lá pessoal. Tocaram os cavalos e separaram-se. O grupo de Ian subiu o penhasco contornando o rio. -Não se preocupe, Srta. Cullen. Vamos encontrá-la.

-Espero que sim e que ela esteja bem. - disse apreensiva. -O problema é esta escuridão, vai ser difícil encontrarmos

pistas, teremos que contar com a sorte. Andaram, andaram e nada, de vez em quando gritavam o

nome de Emily. Estavam quase chegando ao penhasco quando avistaram um cavalo.

-É o cavalo de Emily. Meu Deus! - Jayne disparou até o cavalo e olhou ao redor, gritou o nome dela, mas não teve resposta.

-Ela pode estar por perto, vamos por aqui. - disse Ian. Subiram mais até o penhasco e encontraram outro cavalo. -Ian, é o cavalo de Willian. - David gritou. -Então, eles podem estar juntos realmente. - Jayne disse

assustada. -Se ele fizer algo a ela eu o mato. -Ei, ei... Acalme-se. Willian nunca faria mal a ela, deve ter

acontecido alguma coisa, vamos descer e ver se encontramos algo. -Ian, veja. Uma cobra estraçalhada... Parece tiro. - David

disse a iluminando com a lamparina. -O chapéu dele. - Ian encontrou sentindo um frio lhe afligir o

estômago e logo pensou em desgraça. Ele foi à beira do penhasco, colocou a lamparina próxima ao chão e pode ver que alguém havia se arrastado por ali. -Eu acho que eles caíram do penhasco. - Ian disse apavorando-se.

-Oh meu Deus! - Jayne gritou. -Isso não pode ser. Emily! - gritou sentindo um desespero.

-Calma Jayne. - Ian abraçou-a.

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-Willian! - David gritou. -Ian, qual a probabilidade de eles terem caído mesmo e estarem vivos? - disse nervoso.

-Ai meu Deus! - Jayne estava em pânico. -Não sei, Willian sabe nadar muito bem, mas não sabemos o

que aconteceu. Se eles caíram, a correnteza deve tê-los arrastado rio abaixo. Vamos fazer o seguinte, você desce o penhasco por este lado e segue a margem do rio para ver se os encontra, eu e Jayne daremos a volta e iremos pelo outro lado para tentar costear a outra margem e você... - disse olhando para James que os acompanhava. -Corra até os outros e diga para virem para cá.

-Ok. - disse montando no seu cavalo e se afastando. -Vamos Ian, nós temos que encontrá-los. Os dois subiram nos cavalos e foram para o outro lado. ** -Tudo bem, eu já estou bem. - Emily disse ainda nos braços

de Willian. Ele a soltou, mas na verdade ela não queria que ele a soltasse

e muito menos ele. Acabaram puxando conversas banais porque estavam nervosos, falavam de diversas coisas, mas nada de útil. Emily levantou-se e começou a tagarelar sem parar, fazia isso quando ficava nervosa e ficar ali com aquele desconhecido em plena madrugada era uma coisa inesperada e constrangedora.

-Srta. Cullen desculpe-me, mas está me deixando zonzo. Poderia parar de tagarelar um pouquinho?

-Ah me desculpe Willian, mas eu estou nervosa. Chame-me de Emily.

-Tudo bem Emily, eu sei que está nervosa, mas logo cedo vamos para casa.

Ele se levantou e colocou mais alguns galhos na fogueira. Ela continuou falando e andando para lá e para cá. Willian ficou parado olhando-a escorado na pedra, ela o olhou e parou abruptamente. Perderam-se num olhar fumegante. Num rompante ele estava tão próximo a ela, ele passou a mão pela nuca de Emily, a puxou e deu-lhe um beijo. Entregaram-se àquele contato inesperado, Emily sentiu suas pernas amolecerem e seu coração disparar. Ele parou de beijá-la, se afastou somente alguns centímetros de seu rosto a olhando.

-Desculpe-me, eu não resisti. - sussurrou. -Mas, pelo menos você parou de falar. - disse mansamente e sorrindo.

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-Beija-me de novo? - disse sentindo-se sobre uma nuvem. Ele lhe deu um sorriso e beijaram-se novamente, num beijo

longo que até esqueceram que estavam perdidos. -Venha, vamos sentar. - Willian disse puxando-a pelo braço,

sentaram-se recostados na pedra e ficaram mudos, seus pensamentos estavam confusos que nem sabiam o que falar. -O que foi? Você ficou muda de repente. - disse rindo e ela riu envergonhada.

-É que eu nunca tinha sido beijada antes. -Eu acho que esta situação está inusitada para nós dois. -Por que, nunca havia beijado antes? -Não, é que nunca havia salvado ninguém de um penhasco,

ficado perdido e ainda mais com uma Srta. tão encantadora. Ela sorriu para Willian que a olhava encantado e recostou a

cabeça no seu ombro, ficaram mudos olhando para a fogueira e ela acabou adormecendo.

-“Ai meu Deus! Que situação eu me meti... Mas até que este incidente me saiu melhor que a encomenda, ela é perfeita”. - Willian pensou com um sorriso nos lábios.

Agora iriam esperar amanhecer. Ele estava exausto, mas manteve os olhos abertos e sua arma ao seu lado, precisava ficar em alerta caso algum animal aparecesse. Ian e Jayne estavam na margem abaixo, haviam andado por horas.

-Jayne, vamos parar um momento. - Ian falou. -Não. -Temos que parar para dar água aos cavalos e descansar um

pouco, já está clareando, agora ficará mais fácil. -Está bem. - consentiu meio contrariada. Ian levou seu cavalo para beber água e lavou o rosto. Ele

olhou para ela que estava acariciando seu cavalo. -Seu cavalo é muito bonito. Como ele se chama? - ela olhou

para ele e não sabia se dizia o nome dele, pensou um pouco, pois sabia que ele se lembraria do seu Trovão que morrera e ficaria triste. - Não vai me responder? - disse indignado.

Ela olhou para ele franzindo os olhos e pensando que ele já estava começando com grosserias.

-Eu ia responder, mas agora não vou mais. -Mas como você é ingrata, vai a minha casa pedir ajuda e fica

fazendo grosserias comigo, você não pode me responder uma simples

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pergunta? -Eu já disse que ia responder. Você que não teve paciência de

esperar, e você quem foi grosseiro. - disse zangada. -Ah já entendi, é que a resposta demora em sair do seu

cérebro e chegar à sua boca. - disse irônico. -Ora seu estúpido, não fale assim comigo. Eu pelo menos

tenho um cérebro, diferente de você que deve ter ovo de galinha dentro da cabeça.

-Ovo de galinha? - Ian ficou furioso. -Eu devia tê-la jogado do penhasco para você fazer uma busca no rio dentro dele mesmo.

-Ah é? Se você tivesse tentado me jogar com certeza eu teria o carregado junto. - disse fazendo cara de que ele não conseguiria e Ian soltou uma gargalhada.

-Essa eu queria ver. -Você se acha muito esperto e machão, não é? - disse

zombando. -Aposto que não consegue uma mulher que o aguente. - falou e foi chegando perto dele com as mãos na cintura.

-Bem... Você é que não deve conseguir um marido, pois ninguém consegue aguentar você falando por quinze minutos, eu mesmo jamais me casaria com você.

-E quem disse que um dia eu iria pensar uma coisa dessas? Só se eu estivesse louca, não me casaria com você nem que fosse o último homem da terra. - ele se aproximou mais dela e estavam bem perto e se olhavam nos olhos que fumegavam.

-Sua mimada. - ele xingou furiosamente. -Estúpido. - gritou. -Eu não preciso de você, vou seguir

sozinha. - ela deu as costas para ele e foi subindo no cavalo. -Você não vai a lugar nenhum sem mim. - ele a puxou de

volta, a virou de frente para ele a segurando pelos braços. -Solte-me seu brutamonte! - disse tentando se desvencilhar.

Os dois de repente pararam e seus olhos se fixaram de uma maneira estrondosa. Ian não conteve seu desejo e a puxou contra seu peito e a beijou, ela tentou se afastar esmurrando seu peito, mas o beijo dele consumiu-lhe a alma, suas pernas foram amolecendo e ela se rendeu aquele beijo ardente. Os dois beijaram-se com uma paixão avassaladora, seus corpos ardiam em brasa, nenhum dos dois nunca havia dado tal beijo com tanta paixão e indecência em suas vidas. Isso os consumiu e os tirou o juízo. Os dois se ajoelharam como se

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nenhum dos dois conseguisse sustentar as pernas e beijavam-se. Esqueceram do mundo e só havia eles dois como uma fogueira em chamas, ele empurrou o corpo dela para o chão com o dele e começou a lhe beijar o pescoço. Ian passou sua mão pela sua perna levantando sua saia e foi até sua coxa, mas ela começou a voltar a si.

-Ian, pare. Não! - e o empurrou com força. Ele ficou de joelhos e olhou para ela, estavam ofegantes e

engolindo a seco. Ian arregalou os olhos e olhou para ela como se tivesse sido jogado de um penhasco. Passou as mãos nos cabelos que estavam desalinhados e lhe caindo sobre o rosto, levantou-se e lhe virou as costas. Deu uns dois passos e virou-se, olhou para ela que estava sentada no chão respirando descompassadamente com os olhos arregalados. Ambos não sabiam como haviam chegado àquela situação.

Ian estava perdido, nunca havia tomado tal atitude, era um rapaz medido, controlado e deveras calmo. Mas de alguma maneira que ele não sabia explicar, aquela mulher o tirava do seu prumo, perdia a razão ao seu lado e não controlava seus sentimentos ou suas atitudes com ela. Estava arrebatado com um sentimento imenso e confuso. Mas estava envergonhado do que acabara de fazer, assim como ela, se Jayne conseguisse pensar naquele momento estaria ela mesma lhe dando tapas por ter uma atitude tão íntima com um estranho, se é que assim o poderia chamar.

-Desculpe-me. Jayne, eu não sei o que deu em mim. Jamais desrespeitaria você, por favor, desculpe-me. Ela levantou-se, alinhou seus cabelos e subiu no cavalo. Estava completamente tonta.

-Temos que encontrá-los. - disse nervosa. -Você tem razão. Desculpe-me, isso não vai mais acontecer.

Eu não sei o que deu em mim. -É... Não vai mesmo. - disse virando o cavalo e mal olhando

para ele, deu uns dois passos e disse sem olhar para trás. -Trovão. -O que? - perguntou sem entender. -O nome do meu cavalo é Trovão. - e continuou seguindo. Ele ouvindo isso sentiu um turbilhão dentro dele, Trovão. O

cavalo dela chamava-se Trovão como o dele que perdera dias atrás... -“Meu Deus” - gritou dentro de sua cabeça. Ian subiu no seu cavalo, deu uma respirada e a olhou. Ele foi andando atrás dela com os

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pensamentos completamente fora de ordem, seguiram rio abaixo sem dizer uma palavra, pois nem sabiam o que dizer depois do que acontecera. Estavam andando pela beira do rio quando Jayne avistou um pedaço de pano no chão, ela desceu do cavalo, o pegou e olhou para Ian.

-Este pano é da saia da Emily. -Tem certeza? -Sim, eles podem estar por perto. - ela montou no cavalo

novamente e gritou pelo nome de Emily e Ian pelo de Willian. ** -Emily, acorde, já está amanhecendo, podemos continuar. -

disse Willian a acordando gentilmente que tentou abrir os olhos com dificuldade.

-Ai meu Deus! Estou toda dolorida. - disse fazendo caretas. -Eu sei, mas nós temos que ir. - falou olhando para os lados. Levantaram-se e começaram a andar, até que ouviram de

longe uma voz. -Acho que ouvi alguma coisa. - Willian disse. -Eu não ouvi nada. Continuaram andando. Ian gritou com toda sua força por

Willian. -Agora eu escutei, veio daquela direção. Vamos, Emily. Correram para voltar em direção ao rio, quando Emily ouviu

uma voz chamando seu nome. -É a Jayne. - ela disse feliz. Os dois correram e os avistaram. -

Jayne! -Emily! - gritou sentindo uma alegria e um alívio enorme, ela

pulou do cavalo, correu e a abraçou. -Ai meu Deus! Quase morri de preocupação. - Jayne olhou para ela toda rasgada e ensanguentada. -Meu Deus, você está machucada!

-Foram só alguns arranhões, estou bem, Willian me salvou. - disse olhando para ele.

-Willian, que bom vê-lo bem meu amigo. - Ian disse lhe dando um forte abraço.

-É... Foi um sufoco, mas estamos bem. - disse sorrindo para Ian.

-Vamos para casa, está todo mundo procurando por você. - Jayne disse. -Ele não lhe fez nada? - perguntou baixinho para ela.

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-Não, estou bem, ele me respeitou. Ele me salvou, Jayne. -Willian! - ouviram David gritar, ele e Mitchel estavam se

aproximando. Os dois desceram dos cavalos e foram abraçá-lo. -Que susto você nos deu, pensei que tivesse morrido naquele

penhasco. - David falou com um sorriso enorme no rosto. -Foi só um susto. -Mas conte-nos. O que aconteceu? - Ian perguntou e ele

contou tudo o que houve. -E vocês dois se comportaram, não é? - Mitchel perguntou

rindo para Willian e para Emily que ficou ruborizada. -Claro Mitchel, não pense besteiras. - Willian disse olhando

para Emily. Neste momento Ian e Jayne se olharam e se lembraram do

que acontecera com eles. Ela abaixou os olhos sentindo um desespero. Ian estava morrendo por dentro por causa dela.

-Onde estão os outros? - Ian perguntou. -Ficaram mais atrás, vamos por aqui. Emily subiu no cavalo com Jayne e Willian subiu no cavalo

com Ian e foram embora, logo mais adiante reencontraram todos, Julia, Sr. Cullen e os homens, foi uma festa. Emily pegou seu cavalo e Willian o dele, que eles estavam trazendo junto.

-Agora eu preciso de um trago, pelo amor de Deus! Minha goela está seca. - Willian disse alto e todos riram dele.

-Vamos para minha casa. - disse Ian. Ian olhou para Jayne e foi até ela meio constrangido. -Obrigada por tudo, Sr. Buller. - disse secamente. -Eu gostaria de conversar com você... Sobre o que aconteceu.

- disse com uma voz mansa e baixinho. -Não temos nada para falar, é melhor esquecer isso. - disse

com uma voz de tristeza, ela virou o cavalo e foi embora. Ele sentiu uma tristeza enorme em seu coração a vendo

distanciar-se, sentia-se imensamente arrependido. Willian aproximou- se de Emily a ajudando a subir no seu cavalo.

-Cuide destas mãos. - disse sorrindo para ela. -Pode deixar. Obrigada Willian, se não fosse você eu teria

morrido. - disse olhando naqueles olhos verdes e derretendo-se por dentro.

-Não precisa agradecer, mas eu gostaria de vê-la de novo.

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-Nos veremos. - disse sorrindo e começou a distanciar-se e foram para casa.

** As meninas estavam no quarto e Julia cuidadosamente fazia

curativos nas mãos de Emily. -Ora ora, quem diria que seria o próprio Sr. Willian Jonhson

que iria lhe salvar. - Julia disse rindo depois de Emily contar a história toda.

-É minha irmã, parece que eu e Jayne estamos emparelhando, mesmo sem querer. - Emily disse.

Julia somente riu das duas após passar o nervosismo. -Meninas, às vezes eu tenho vontade de enforcar vocês por

causa dos sustos que vocês me causam. - Julia disse com a mão no peito. -Mas, amo vocês de qualquer jeito.

-Ah... Mas eu não contei que ele me beijou. - Emily disse suspirando.

-O que? Jura? Mas que coisa, ele se aproveitou da situação, heim? - Julia falou espantada.

-Que nada, ele foi um amor e eu fui às nuvens. -Hum, onde isso vai dar, dona Emily? Onde já se viu, beijar o

rapaz assim? - Julia falou com uma cara de deboche. -Não sei, mas eu quero vê-lo de novo. - disse soltando um

imenso suspiro com num sorriso nos lábios. Julia olhou para Jayne que estava perto da janela pensativa e nem estava prestando atenção nelas.

-Jayne, o que foi? Que cara é essa? Você nem falou nada quando eu disse que beijei Willian.

-Não é nada. - respondeu dando um sorriso amarelo. -Nada, não. Eu a conheço, alguma coisa aconteceu. Foi com

o Ian? - Julia perguntou. -Foi, mas não quero falar sobre ele. - resmungou tristemente. -Ah Jayne, por favor, conta logo. -É, desembucha! - Julia falou. -Quando estávamos lá no rio, Ian me beijou e eu quase me

entreguei a ele. - disse logo de uma vez. -Minha nossa! - Emily gritou. -Jayne do céu, não me diga uma coisa dessas! Espere aí...

Você disse quase? Por que, o que houve? Conte os detalhes sórdidos.

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- Julia falou rapidamente. -Eu quase me rendi, ele me deixou louca, não sei o que deu

em mim, foi como se minha mente tivesse se apagado quando ele me beijou, mas eu o mandei parar antes que algo acontecesse.

-Hum... - Julia resmungou fazendo uma cara de indignada. -Ai Jayne, como você conseguiu fazer isso? Aquele homem é

muito lindo e você está apaixonada por ele. Bem... Não é certo você fazer amor com ele porque vocês não são casados, mas enfim, ninguém ia ficar sabendo, não é? Que nosso pai não nos ouça, mas você não precisa fugir dele, não é mais uma mocinha inocente esperando uma corte, Jayne. - Emily falou indignada.

Jayne começou a ficar nervosa. Ficou contrariada com aquele comentário.

-Não diga asneira, Emily! Não espero corte, mas eu sou uma mulher decente.

-Eu sei, não estou dizendo que não é. -Jayne, você parou por que não o queria ou por aquele outro

motivo? - Julia perguntou meio cautelosa e depois Julia e Emily se olharam. Jayne as olhou e pensou um pouco, estava confusa.

-Eu não sei. Ian me deixa louca, ele me afronta, a gente discute, mas morro quando olho para aqueles olhos dele, eu nunca vi beleza igual. Aquela sua voz me deixa completamente tonta, fico perdida na frente dele. Mas eu acho que não superei o que houve comigo, eu fiquei com medo, e eu mal o conheço, não temos compromisso, eu nem sei o que ele sente por mim, vai que é um aproveitador. - disse nervosa. - E ele é um grosso.

-Ah me lembrei! Antes de eu cair do penhasco, eu e Willian estávamos falando de vocês, e ele me disse que Ian está apaixonado por você, que desde que a conheceu lá em Tempty, ele nunca mais a esqueceu e que também nunca mais ficou com mulher alguma. - Emily disse e Jayne espantada a olhou.

-Cruzes! Nenhuma mulher? Isso foi demasiado forte. - Julia disse boquiaberta. -Jayne, você tem que esquecer o passado e seguir em frente, se você gosta dele e ele de você, não há nada que impeça vocês dois de ficarem juntos. Quer dizer, talvez haja, mas vocês podem dar um jeito na situação. Ele vai entender, precisa contar a ele.

-Contar o quê? Não há nada para contar, minha situação não tem solução. Eu nunca mais poderei ficar com alguém novamente.

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-Ah querida, você está sendo radical demais. Sempre há uma solução, se dê uma chance. Conte a ele e veja o que acontece. Minha irmã, se eu fosse você, eu iria agora mesmo a casa dele e terminava o que começou.

-Julia! - Emily gritou espantada. -É verdade Emily, ele já provou que é um bom homem, que

gosta dela, está esperando o quê? Quer se guardar para as minhocas? - Julia disse indignada. -Querida, eu sei que seu passado marcou muito você, e que sua situação é complicada, e que também isso seria contra as normas sociais e religiosas, eu a entendo perfeitamente, mas você precisa recomeçar sua vida, por favor, não jogue isso fora. Você está apaixonada, se entenda com ele, vocês resolvem os problemas depois.

-Jayne, eu concordo com a Julia. Está na hora de esquecer o passado, vá procurá-lo.

-Meninas, eu não posso fazer uma coisa dessas, ir do nada a casa dele e me jogar em seus braços, vocês estão loucas? O que ele vai pensar de mim? - falou indignada.

-Querida, ele não teria tempo de pensar em nada, não é? Jayne faça uma loucura boa na sua vida, vá lá e veja o que acontece. Se não quiser fazer nada, apenas converse com ele. Mas não fique aqui trancada em casa com cara de morta, pelo amor de Deus! Eu não aguento mais ver você desse jeito. Coloque um pouco de alegria na sua vida, está na hora. Mande tudo para o inferno.

-Jayne, Julia tem razão. Vamos menina, corra, vá buscar sua felicidade. Vale a pena arriscar tudo por ele, você suspirou por esse homem por três anos e agora ele está aqui e ele a quer tanto quanto você a ele. - Emily disse entusiasmada tentando incentivá-la.

-Vou pensar. - Jayne beijou as meninas e foi para seu quarto. -É... Ela vai pensar. Então, ela não vai falar com ele. - Emily

disse decepcionada. -Acho que não. Será que ela nunca vai superar isso? - confirmou Julia mais decepcionada ainda. -Ai! Mas como Mitchel é lindo, ele me deu umas atiradas enquanto estávamos atrás de você. - disse Julia rindo.

-Jura? -Sim. Mesmo com a situação tensa parece que estes homens

não perdem tempo. Mas vou dizer... Ele tem um olhar arrasador, teve uma hora que eu quase caí do cavalo, meu Deus! - disse lembrando-se

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das investidas de Mitchel. -Mas ele tem uma cara de cafajeste mesmo, deve ser muito mulherengo, daí eu dei uns cortes nos galanteios dele. - Julia falou entusiasmada fazendo Emily rir.

-É verdade, mas quem sabe você com suas artimanhas não o conquista, heim? - Emily disse dando uma piscadinha para a irmã.

-Pode ser, mas primeiro eu teria que passar na frente com uma vassoura para tirar a mulherada do caminho. - disse rindo.

-Ah, mas isso você faz rapidinho. Ai meu Willian... Como ele é lindo. - Emily se jogou na cama abraçando o travesseiro.

-É... Vá dormir e sonhar com ele, você está um trapo, mas seus olhos estão mais brilhantes que estrelas. - disse sorridente, deu um beijo em Emily e saiu do quarto.

** Na casa de Ian todos os rapazes estavam na maior bagunça

tomando wisque e contando os acontecidos. -Willian seu safado, se aproveitou da situação! - David disse

rindo. -Ah, eu não resisti... Ela é linda. Parece àquelas bonecas de

porcelana lá do armazém, eu quero vê-la de novo. - falou com um enorme sorriso.

-Ian que está com cara de peráu. O que foi Ian? - Mitchel perguntou.

-Nada. Aquela mulher que me faz perder o rumo. - disse bebendo mais um gole da bebida.

-Calma, dê tempo ao tempo, vocês vão se acertar. Está na cara que ela gosta de você. - Willian disse.

-Não sei... Depois do que aconteceu entre nós hoje, acho que ela nunca mais vai querer me ver. - disse tristemente.

-O que aconteceu entre vocês? - David perguntou curioso. -Ihh... Pelo visto algo grave aconteceu. Fala homem, o que

foi? - Willian perguntou. -Não foi nada, só tivemos outra discussão. -Ah... Mas isso não é novidade, vocês dois discutem o tempo

todo, nunca vi disso, parecem cão e gato. - David disse. -Você a beijou? -Sim. -Isso é ótimo! - Mitchel gritou entusiasmado. -Hum... Mas para ele não parece ótimo, eu acho que isso não

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acabou bem. - David disse vendo a fisionomia triste de Ian. -Realmente David, acabou pessimamente, fui um idiota. -Estou falando que esta mulher é uma fera indomada. Ian a

pegue de jeito. - Mitchel disse. -É isso aí Ian, força rapaz, você vai acalmar a onça, só precisa

de jeito e de tempo. - Willian disse e todos riram. -Rapazes, só vocês mesmo para me animar. -Meninos, eu vou para a cidade. - Mitchel disse. -Eu vou para casa, Mary deve estar preocupada. - Willian

disse. -Vou com você, já aproveito e vou pegar aquele novilho. -

David disse. -Eu vou dormir, estou exausto. - Ian disse. -Mitchel você vai para a cidade à esta hora fazer o quê? -

David perguntou. -Arrumar uma mulher para me consolar, depois do fora que a

Julia me deu hoje, vou me afogar num copo de tequila e numa cama com uma mulher linda e perfumada.

-Mas não sei por que pergunto. - David disse soltando uma gargalhada daquelas. Despediram-se e foram embora. Ian ficou sentado tomando mais wisque, começou a pensar em Jayne e como teve ela em seus braços, ainda podia sentir o perfume embriagante da sua pele, sentir seus lábios, como esteve tão perto de possuí-la e como ele ficara completamente enlouquecido. Jamais pensou que perderia o controle daquela maneira com uma mulher.

-Meu Deus! E se Jayne nunca mais quiser me ver? Vou enlouquecer. Ian o que você fez? Mas ela me deseja, eu sei que sim, senti isso em seu beijo e como quase se entregou a mim. O que diabos aconteceu? - sua cabeça fervia e seu coração doía. Ian desistiu de ficar na varanda, foi para o quarto e deitou-se na cama, rolou de um lado para o outro até que adormeceu, estava exausto. ** Mitchel chegou à cidade, foi ao Saloon que possuía estalagens no andar de cima.

-Olá Steve. - disse para o dono que já era seu amigo. -Veio cedo hoje. - resmungou. -Sim, tive uma noite de cão, preciso relaxar. - disse bebendo

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um gole de tequila. -Que rosas são essas aí no balcão? Está ficando sentimental, Steve? - Mitchel debochou.

-Uma das meninas deixou aí. - respondeu sorrindo mascando um pedaço de fumo no canto da boca.

-Onde está a minha deusa? -Está lá encima em seu quarto. -Vou vê-la, até mais. - disse pegando uma rosa e indo para as

escadas. Mitchel subiu e foi ao quarto de Chloe, bateu na porta e

esperou alguns minutos, ele colocou o caule da rosa na boca e fez uma cara totalmente cafajeste. Chloe abriu a porta com uma cara de mal humorada, mas quando viu quem estava nela, e ainda por cima com uma rosa na boca e com aquela cara de conquistador com uma das sobrancelhas erguidas, abriu um sorriso maravilhoso.

-Ora, ora, quem está aqui! - disse colocando a mão na cintura e sorrindo. Sem perder tempo puxou Mitchel pela camisa e jogou-o dentro do quarto.

-Roubei uma rosa para você, minha deusa de mármore. - disse dando a rosa a ela.

-Ah... Mas que romântico que você está hoje. - falou sorrindo e colocando a rosa encima da mesinha. -Então, o que você está procurando hoje, meu toureiro?

Ela colocou o pé encima da cama e puxou a saia. Mitchel olhou para sua perna com ar de satisfação.

-Ai meu Deus! Você está com a liga predileta, adoro esta. - disse dando uma gargalhada, agarrou Chloe no colo e jogaram-se na cama. -Chloe, você me deixa maluco. - disse beijando-a.

Ficaram por horas na esbórnia, conversaram um pouco e depois ele adormeceu, pois estava exausto. Chloe o abraçou por trás ficando bem encaixadinha e dormiram tranquilos por algumas horas. Ele nunca dormia no Saloon, mas como estava exausto ela se aproveitou daquele momento. Mitchel acordou já era meio da tarde, e ele a acordou com um beijo.

-Eu preciso ir. - disse vestindo-se. -Não vai ficar para o carteado hoje à noite? -Não. Hoje não, eu vou para casa. Mas vou sentir sua falta,

eu volto outra hora. - ele colocou alguns dólares encima da mesa, beijou sua mão e saiu.

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** Willian havia chegado à sua fazenda com David. Mary

quando os viu, saiu correndo e foi de encontro deles. -Willian, o que houve, onde você estava? Eu quase morri de

preocupação. -Ah Mary, é uma longa história. - ele desceu do cavalo e

contou o ocorrido a ela. -Seu maluco, você podia ter morrido. - disse aflita. -Sim, mas não podia deixar de fazer algo, não é? Nem pensei,

quando a vi caindo me joguei atrás. -É Mary... Acho que seu irmão está apaixonado. - David

disse com um sorriso maravilhoso. Ela olhou para David e tremeu com aquele sorriso. -Hum, sei. - resmungou. -Vá para dentro eu vou lhe preparar

um banho. -Eu vou lhe mostrar onde está o novilho. - Willian disse para

David. -Deixe que eu mostre. Vá arrumar-se para o banho, você

precisa dormir. -Ok, até mais meu amigo. - Willian disse abraçando David. -Ai meu Deus! Eu não sei quem é mais maluco de vocês,

assim qualquer dia destes, eu vou morrer do coração. - ela disse enquanto andava com David.

-Realmente, Mary. Você deve sofrer um bocado conosco. -Mas... Willian está mesmo interessado nesta moça? -Parece-me que está, ele até a beijou. - disse sorridente. -Verdade? - ela ficou pasma. -Bem... Quem sabe ele não entra

nos eixos. - disse rindo. -E você Mary... Ainda não arrumou nenhum pretendente? -

ela o olhou rapidamente e disse. -Não. -Mas deveria, é uma moça muito bonita, eu acho você muito

sozinha. - falou com ar de preocupado. -Você só fica em função de Willian e de seus amigos patetas.

-Eu não estou reclamando, David. Mas obrigada por se preocupar, na verdade eu gosto de um rapaz, mas parece que ele não gosta de mim. - disse desapontada.

-Verdade? Mas que homem idiota! Como assim não gosta de

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você? Você é linda, meiga, educada, dedicada, qualquer homem na face da terra gostaria de se casar com você. Mas quem é este imbecil? - disse indignado.

-Você quer mesmo saber, David? - disse olhando para ele. -Quero. - respondeu prontamente. -O novilho é este. - disse apontando para dentro do cercado.

-Acho que você não vai querer saber. -Eu quero saber quem é este homem por quem você está

apaixonada, Mary. Quem é ele? Ela deu um suspiro do fundo de sua alma e pensou “É agora

ou nunca”. -David, eu estou falando com ele. Ela disse numa vez só, como que se jogasse para fora o que

estava entalado e olhando dentro dos olhos dele. Ele parou como uma estátua e ficou olhando para ela.

-O que? Como... - ele começou a gaguejar completamente perdido com aquela revelação de Mary.

-Olha... Você queria saber, eu disse, agora pegue seu novilho e vá embora daqui. - ela virou as costas para ele e saiu andando rapidamente.

-Mary espere. - ele correu e a agarrou seu braço. -Você está falando sério? Você gosta de mim?

-Gosto David, faz muito tempo, só nunca falei nada porque tinha medo que pudesse causar algum constrangimento entre você e Willian e eu não queria isso. Mas agora já falei e eu sei que você não gosta de mim, então faça de conta que eu não lhe disse nada, está bem? Pegue seu novilho e vá embora.

-Mas eu gosto de você. -Gosta como uma irmã e não como mulher, agora David,

por favor, vá embora. - ela começou a chorar e saiu correndo para casa.

-Mary, espere. - ele gritou, mas ela não lhe deu atenção. -Eu gosto de você também e não é como irmã, ou é? - falou baixinho e confuso para ele mesmo. -David você é o cara mais imbecil que eu já consegui conhecer... Droga!

Ele pegou o novilho, colocou uma corda em seu pescoço, montou em seu cavalo e foi embora. Mary o olhava pela janela e suas lágrimas corriam pelo rosto. Willian voltou e a viu chorando.

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-O que foi, Mary? - perguntou chegando perto dela. -Nada. - disse secando as lágrimas. -Onde está David? - disse olhando ao redor. -Já foi embora. -E por que você está chorando? -Porque eu me declarei para ele. - ela disse com um imenso

arrependimento. -E o que ele disse? -Disse que gosta de mim, mas ele não me ama como eu

quero que ame. -Eu acho que você está enganada. -O que? Você nem ficou espantado de eu lhe dizer isso? -Claro que não. Há muito tempo eu sei que você gosta dele,

eu não sou cego, Mary. -Mas ele não gosta de mim e eu morro de amor por ele. - ela

se jogou no peito de Willian chorando aos soluços. -Mary, olha... Eu nunca quis perguntar diretamente para ele,

mas eu acho que ele gosta de você mais do que uma irmã. -Como você sabe? - disse olhando para o rosto dele. -Porque muitas vezes quando você não estava olhando, eu o

vi olhando para você com cara de bocó, lhe admirando. Eu não sei se ele a ama, mas eu sei que ele não tem nenhuma outra mulher que ele goste de verdade. Então, pode ser que isto somente esteja um pouco embaralhado, não acha?

-Não sei, eu estou confusa. -Eu sei, dê um tempo e veremos o que acontece. Já que você

jogou isso na cara dele, ele vai ter uma reação. Mas não fique assim, não quero ver você chorando. - Willian secou as lágrimas de Mary, deu um beijo em sua testa e abraçou-a novamente.

** Jayne estava em seu quarto e andava de um lado a outro, com

a mão no peito, sentindo seu coração bater descompassado, ficava lembrando-se de Ian no rio, de como ele a beijou com paixão, de como ela quase se entregou a ele. Estava com uma vontade louca de ver Ian e jogar-se nos braços dele. As palavras de Julia e Emily martelavam na sua cabeça, seu corpo, seu coração, sua alma clamava por ele. Ela nunca se sentiu tão devastada, sentindo tal desejo ou tal confusão em seu coração.

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-Meu Deus, o que eu faço? Por que estou assim? Parece que estou sufocando.

Num rompante ela parou no meio do quarto, virou-se e saiu correndo, pegou seu cavalo e cavalgou em direção à casa de Ian. Chegou à frente da casa e olhou ao redor para ver se o via, desceu do cavalo e bateu na porta, mas ninguém respondia seus chamados, ela entrou, mas a casa parecia vazia.

-Ian? Jayne andou calmamente pela casa e não o via, chamou seu

nome mais uma vez e nada de resposta. Passou por uma porta entreaberta, a abriu lentamente e o viu dormindo na cama, por um minuto ficou o admirando, como ele era lindo dormindo. Ele estava sem camisa somente de calças e descalço, parecia tranquilo em seu sono. Jayne deu alguns passos para dentro do quarto e ficou o olhando, parecia que um íma a estava puxando para perto dele. Ficou admirando o corpo dele ali parada quase sem respirar, ela sentiu desejo por ele, sentimento que já havia esquecido como era. Ela virou-se pensando em ir embora, deu passos leves para que a madeira não fizesse barulho, mas Ian acordou, sentou na cama meio assustado quando a viu. Jayne estava na porta do quarto que estava somente com uma pequena fresta, segurou a maçaneta para puxá-la.

-Jayne! - disse espantado. Ela levou um susto, fechou a porta encostando-se nela bruscamente e olhou para ele com o coração acelerado e os olhos arregalados. -O que você está fazendo aqui? - perguntou levantando-se e a olhando atordoado.

-Eu... Eu queria falar com você. - disse gaguejando. -Achei que você não queria mais falar comigo depois do que

aconteceu. - disse cauteloso. -Não deveria... Mas eu vim.

Ian aproximou-se dela lentamente, colocou as duas mãos na porta pelas laterais de Jayne, ela começou a tremer e sua respiração ficou difícil, aquele peito nu perto dela, a boca dele tão próxima, a maneira como ele a encurralou e a olhava, a deixou zonza.

-Fico feliz com isso. -Desculpe, eu não devia estar aqui, preciso ir.

Ela foi se virar para sair, mas ele com a mão encostada na porta a impediu.

-Espere, diga o que queria falar comigo. - ele disse a olhando

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intensamente, passeando com seus olhos pelo seu rosto. Jayne não sentia suas pernas, e não conseguia responder,

tentou engolir a saliva, mas sua garganta estava seca. -Deixe-me ir. - soltou num leve sussurro, o ar lhe passava

estrangulado pela garganta. -Não a estou segurando. - disse tão mansamente que sua voz

pareceu um cântico em seus ouvidos e ele estava terrivelmente lindo com um pequeno sorriso no canto de sua boca.

Ian colou seu corpo no dela devagar, aproximou seus lábios dos dela quase os tocando, ela fechou os olhos e parou de respirar completamente. Sentia seu hálito, seus lábios tão próximos, mas ele com um esforço tremendo, pois a queria beijar, afastou-se alguns centímetros e a olhou. Jayne abriu os olhos e perdeu-se naqueles olhos verdes e tão diferentes do que ela já havia visto, alguns fios de seu cabelo lhe caíam pela testa o deixando irresistivelmente atraente.

-Fale... -Na verdade... Eu não quero falar nada. Jayne olhou para seus lábios e lentamente se aproximou dele

e os tocou com os lábios, ele fechou os olhos sentindo aquele leve toque por alguns segundos e sem mais resistir, os dois afundaram seus lábios num beijo intenso, com a paixão que há tempos os estava devorando. Ian correspondeu ao beijo, abraçou-a pela cintura puxando-a contra seu corpo. Jayne com as mãos em suas costas pode sentir sua pele macia e seu corpo em chamas. Soltaram-se de seus lábios respirando ofegantes, os dois estavam perdidos e extasiados.

-Eu não quero fazer aquilo de novo. Não quero desrespeitar você. Eu estava fora do meu juízo, desculpe-me.

-Você gosta de mim? Ele sorriu e segurou seu rosto com as mãos. -Desde a primeira vez que a vi, há três anos. Não houve um

dia em que não pensasse em você. Você pensou em mim? -Todos os dias. -Por que veio aqui? - perguntou sussurrando e acariciando

seu pescoço com os dedos. Jayne pensou que cairia ali mesmo. -Porque perdi a razão. - ele sorriu salientando as covinhas

que ele tinha nas bochechas. Jayne esmoreceu, somente queria beijá-lo. -Não vou fugir desta vez, eu quero ser sua.

Ian sentiu seu coração disparar mais do que já estava, então a

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beijou. Sem pensar em mais nada a envolvendo pelo pescoço com as mãos, lentamente ele as desceu pelas suas costas sentindo o contorno de seu corpo, a envolveu para que ficassem completamente colados e beijaram-se intensamente.

Jayne esqueceu-se se deveria ter algum recato ou pudor, se deveria fazer algo ou não, simplesmente sua mente se esvaiu e somente queria ter Ian em seus braços e ele sentia o mesmo. Ela deu um passo atrás e lentamente soltou o grampo dos cabelos e eles lhe caíram pelos ombros e o beijou novamente. Devagar, ela o foi empurrando para a cama e os dois caíram sobre ela, Ian a rolou para baixo de si a beijando, seus lábios, sua face, seu pescoço, estava inebriado com o sabor de sua pele. Sem pressa ele abriu sua blusa e foi retirando o cadarço do seu espartilho, deslizou as mãos pelas suas pernas e coxas e subiu até retirar sua roupa de baixo, sem deixar de beijá-la. Sem medo ou recusas fizeram amor. Queriam se entregar. Ambos sentiram um prazer que até então lhes era desconhecido, sentimentos que nenhum dos dois realmente conhecia até aquele momento. Ambos perceberam que havia algo diferente ali, algo perfeito que era somente deles. Esqueceram que havia vida fora daquele quarto, somente havia os dois e estavam entregues um ao outro, abrindo seus corações para o amor. Um amor que cresceria no peito, maior do que jamais pensaram existir. Jayne sem pudor perante Ian permitiu-se ficar nua para ele, isso normalmente seria uma ousadia, mas nenhum dos dois estava interessado em convenções, nem estavam situados na sua época naquele momento.

Após amarem-se, os dois ficaram abraçados acariciando-se suavemente, sentindo os leves toques com carinho, não havia nenhum arrependimento ou vergonha, estavam sentindo uma imensa paz. Ian beijou-lhe os lábios e afagou seus cabelos.

-Você vai me enlouquecer. - Ian disse baixinho. -E você a mim. -Eu estou tentando entendê-la, mas não consigo. Eu achei

que você estava me odiando. -Eu deveria se não tivesse perdido meu juízo. Desculpe, às

vezes eu sou meio maluca. -Isso eu já percebi. Mas eu gosto do seu jeito maluca. -Foi uma loucura o que eu fiz. Vir aqui assim. -Divina loucura.

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