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EDUCAÇÃO NÃO É MERITOCRACIA Não é de hoje que os períodos eleitorais trazem consigo manobras de falseamento da realidade perpetradas pelos governantes de turno ou pelos candidatos a tal posto. Nesse ínterim, o tema da educação é um dos mais tocados, citado e debatido ao esgotamento. A retórica sobre o tema é tão afinada que se torna impossível entender como “soluções tão óbvias” ainda não foram postas em prática para acabar com os “problemas da educação”. Na conjuntura posta a disputa pelo “projeto salvacionista” para educação se dá essencialmente pelo governo Tarso (PT) que tenta maquiar o descaso de seu governo com a educação (2º lugar do RS no IDEB Nacional x qualidade real do ensino, "maior aumento aos salários dos professores" x descumprimento da lei do piso...) e os demais candidatos que se esmeram em apontar os atuais equívocos lançando, por sua vez, idéias redentoraspara acabar com tais “problemas”. Poderíamos utilizar muitas linhas para descrever os absurdos e incoerências dos candidatos ao governo do Estado no tocante à educação. No entanto, o objetivo dessa nota é chamar a atenção para mais uma manobra de manipulação do governo Tarso no que se refere à educação. Nossa militância, que também está inserida no magistério estadual, tem trazido o relato de que as coordenadorias de educação criaram uma nova “categoria” para maquiar os péssimos índices da educação no Rio Grande do Sul. A forma de avaliação por conceitos criada pelo governo Tarso foi imposta ao magistério estadual sem debate, bem como o “projeto Politécnico”. Por isso, apesar de no discurso a avaliações por conceitos ser propagandeada como uma "avaliação emancipatória" de nada tem de emancipatória quando utiliza da mesma forma que a avaliação classificatória - uma vez que a mudança de "propedêutico" a "politécnico" veio sem adesão/construção da categoria bem como sem condições de trabalho. O tempo tem demonstrado os limites de tal reforma do ensino médio (que por si mesma já era uma tentativa de maquiar a realidade) e o governo por meio da sua Secretaria de Educação tem lançado mão de mecanismos para manter a sua falaciosa eficiência. A forma de avaliação por conceitos criada pelo atual governo se divide em três categorias: CSA (Construção Satisfatória da Aprendizagem); CPA (Construção Parcial da Aprendizagem); CRA (Construção Restrita da Aprendizagem). Esse tipo de avaliação tem colocado os professores em uma situação de assédio moral, onde são cobrados (pelas direções que por sua vez são cobradas pelas Coordenadorias de Educação) “por estarem utilizando muito o CRA” nas avaliações e que isso

Politécnico e Avaliação

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Page 1: Politécnico e Avaliação

EDUCAÇÃO NÃO É

MERITOCRACIA Não é de hoje que os períodos eleitorais

trazem consigo manobras de falseamento da

realidade perpetradas pelos governantes de turno

ou pelos candidatos a tal posto. Nesse ínterim, o

tema da educação é um dos mais tocados, citado e

debatido ao esgotamento.

A retórica sobre o tema é tão afinada que se

torna impossível entender como “soluções tão

óbvias” ainda não foram postas em prática para

acabar com os “problemas da educação”. Na

conjuntura posta a disputa pelo “projeto

salvacionista” para educação se dá essencialmente

pelo governo Tarso (PT) que tenta maquiar o

descaso de seu governo com a educação (2º lugar

do RS no IDEB Nacional x qualidade real do

ensino, "maior aumento aos salários dos

professores" x descumprimento da lei do piso...) e

os demais candidatos que se esmeram em apontar

os atuais equívocos lançando, por sua vez, “idéias

redentoras” para acabar com tais “problemas”.

Poderíamos utilizar muitas linhas para

descrever os absurdos e incoerências dos

candidatos ao governo do Estado no tocante à

educação. No entanto, o objetivo dessa nota é

chamar a atenção para mais uma manobra de

manipulação do governo Tarso no que se refere à

educação.

Nossa militância, que também está inserida

no magistério estadual, tem trazido o relato de que

as coordenadorias de educação criaram uma nova

“categoria” para maquiar os péssimos índices da

educação no Rio Grande do Sul. A forma de

avaliação por conceitos criada pelo governo Tarso

foi imposta ao magistério estadual sem debate,

bem como o “projeto Politécnico”.

Por isso, apesar de no discurso a

avaliações por conceitos ser propagandeada como

uma "avaliação emancipatória" de nada tem de

emancipatória quando utiliza da mesma forma que

a avaliação classificatória - uma vez que a

mudança de "propedêutico" a "politécnico" veio sem

adesão/construção da categoria bem como sem

condições de trabalho.

O tempo tem demonstrado os limites de tal

reforma do ensino médio (que por si mesma já era

uma tentativa de maquiar a realidade) e o governo

por meio da sua Secretaria de Educação tem

lançado mão de mecanismos para manter a sua

falaciosa eficiência.

A forma de

avaliação por conceitos

criada pelo atual governo

se divide em três

categorias: CSA

(Construção Satisfatória

da Aprendizagem); CPA

(Construção Parcial da

Aprendizagem); CRA

(Construção Restrita da Aprendizagem). Esse tipo

de avaliação tem colocado os professores em uma

situação de assédio moral, onde são cobrados

(pelas direções que por sua vez são cobradas pelas

Coordenadorias de Educação) “por estarem

utilizando muito o CRA” nas avaliações e que isso

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“elevaria o número de reprovações” o que “não é

bom para o governo”. A realidade é que a maior

parte dos CRA’s é aplicada nos casos em que os e

as estudantes tem alto índice de faltas ou que

evadiram/abandonaram as aulas.

Nesse caso, a evasão escolar se torna

responsabilidade dos (as) educadores (as) que

não estimularam o suficientemente seus

educandos/as a permanecerem na escola. Todo o

contexto de desigualdade fora da escola é

ignorado: condições de moradia, transporte e

trabalho dos (as) estudantes, muitas vezes são

fatores ocultados nesse processo de evasão

escolar.

Para manipular o índice de reprovação, por

um lado, e para maquiar o número de

evasões/abandonos, por outro, as coordenadorias

tem exigido que os professores utilizem uma “nova

categoria” para classificar os infreqüentes, a “N/C”

(Não Compareceu). Essa situação cria mais um

cenário de perseguição e ameaça por parte da

Secretaria de Educação para com os professores.

Já se fala a boca miúda que professores(as) que

tiverem alto índice de reprovação em suas turmas

ou que for constatado o “uso elevado do CRA”

terão que dar explicações as Coordenadorias de

Educação, especialmente os/as que estão em

estágio probatório.

Questionamos quais são os critérios para

definir qualidade na Educação de uma proposta

que pressiona os professores a dar índices

positivos aos (as) alunos (as) indiscriminadamente,

que o assedia e responsabiliza pela desistência

discente e ainda sobrecarrega os (as) educadores

com uma burocracia excessiva em virtude da dita

avaliação emancipatória (PPDAs, PP, pareceres...).

Nós da Resistência Popular não

aceitaremos calados mais essa afronta do governo

Tarso aos professores(as) e profissionais da

Educação. Cerraremos fileiras em solidariedade de

classe aos companheiros(as) educadores(as) e

seguiremos atentos aos desdobramentos da

situação atual.

Aproveitamos para exigir que o Sindicato

dos Professores do Rio Grande do Sul (CPERS)

cumpra com o seu papel e verifique tal denúncia se

posicionando perante tal situação. Não aceitaremos

um Sindicato que funcione como correia de

transmissão dos interesses de qualquer governo.

Por um Sindicato de luta!

Por uma base organizada, fortalecida e lutadora!

Lutar, criar, Poder Popular!