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Fundamentação do Estado
John Locke
Jorge Barbosa, 2012
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
1.4.3. As relações Homem/Estado John Locke
SUMÁRIO
Sociedade sem Estado ou Estado de Natureza Do Estado de Natureza à Sociedade Civil: o Contrato Social como fundamento da autoridade do Estado
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
John Locke (1632 – 1704)
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Que legitima a autoridade do Estado?
PROBLEMA
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
É legítima a interferência e controlo do Estado sobre os cidadãos
Temos o dever de obedecer sempre ao Estado?
Há situações em que é legítimo desobedecer ou mesmo revoltarmo-nos contra o Estado?
Qual é o fundamento da autoridade do Estado?
Contextualização problemática
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
A secularização
O problema da legitimidade do Estado assumiu particular relevância com a progressiva secularização da vida político-social (Idade Moderna)
Secularização é a progressiva diminuição da importância da religião na vida comum das sociedades
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Rainha Elizabeth II, Inglaterra
- os movimentos da Reforma/Contra-Reforma e a guerra civil inglesa
- o fim da crença no direito divino dos reis (o exercício do poder e da autoridade do Estado em nome de Deus)
- obras dos filósofos Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632- 1704), Rousseau (1712-1178) e Kant (1724-1804)
Factores que contribuíram para a secularização:
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Obras de John Locke
Para compreender e justificar as relações entre o Homem e o Estado J. Locke publicou:
Dois Tratados sobre o Governo Civil (1609)
que se tornaram a base do pensamento liberal e referências clássicas da filosofia política
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Pensar Azul Texto Editores
Dois Tratados sobre o Governo Civil (1609)
No Primeiro Tratado recusou a doutrina do direito divino dos reis
No Segundo Tratado Ensaio sobre a verdadeira Origem Extensão e Fim do Governo Civil expôs a origem, os limites e os fins do poder civil, subordinando a acção política do Estado ao consentimento dos cidadãos e justificando a desobediência civil
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Como seria a vida social sem Estado ou um Estado de Natureza?
Estado de Natureza é uma situação imaginária onde os seres humanos viveriam sem leis e sem submissão a ninguém, regendo-se apenas pela lei natural
lei natural conjunto de leis estabelecidas por Deus e inscritas na consciência de todos os Homens
Pensar Azul Texto Editores
Vida sem Estado ou Estado de Natureza
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Estado de Natureza
Para se poder bem entender o poder político, derivá-lo da sua origem, devemos saber qual é o estado natural do Homem, o qual é um estado de perfeita liberdade de dirigir as suas acções, e dispor dos seus bens e pessoas segundo lhe aprouver, observando simplesmente os limites da lei natural, sem pedir licença, ou depender da vontade de pessoa alguma. (…) Um estado de igualdade, onde toda a jurisdição e poder são recíprocos, não tendo um mais do que o outro
Pensar Azul, p. 152
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Quinta-feira, 12 de Abril de 12
(…) e ainda que o Homem naquele estado tenha uma liberdade indiscutível para dispor da sua pessoa e bens, não a tem todavia para se destruir, nem há criatura alguma que tenha tal poder, salvo, quando algum uso mais nobre do que a sua simples conservação o exigir. O estado natural tem uma lei natural para o governar, a qual obriga a todos: e a razão, que constitui essa lei, ensina a todos os Homens, que a consultarem, que sendo todos iguais e independentes, ninguém deveria ofender outro na sua vida, propriedade, liberdade, e saúde. (…).
Locke, Ensaio sobre a verdadeira Origem Extensão e Fim do Governo Civil
Estado de Natureza
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Características do Estado de Natureza
1. Os Homens são livres e iguais, por isso
› têm os mesmos direitos
› não há qualquer hierarquia entre eles
› não há autoridade superior à vontade individual
› ninguém tem o direito de subordinar outrem
› somente o consentimento voluntário legitima que um indivíduo submeta alguém à sua autoridade
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Características do Estado de Natureza
2. Todos os indivíduos têm direito à vida,
à liberdade e à propriedade
3. O Estado de Natureza é um estado de Liberdade, mas não é um estado de
ausência de leis, pois
– os homens devem reger-se pela Lei Natural, instituída por Deus
– ninguém deve prejudicar a saúde, a liberdade e a propriedade de outrem
– os homens estão obrigados a preservar a sua vida e a dos outros
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Se no Estado de Natureza os indivíduos são livres, por que razão decidem abdicar dessa liberdade e constituir a Sociedade Civil e o Estado?
Sociedade Civil é uma comunidade organizada politicamente, visando a realização de valores e fins comuns
Do Estado de Natureza à Sociedade Civil
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Resposta de Locke
Se o Homem no estado natural é tão livre como se tem dito; se ele é senhor absoluto da sua própria pessoa e bens, igual ao maior, e sujeito a ninguém, para que fim cederá ele a sua liberdade? Para que fim renunciará ele a este império, e se sujeitará ao domínio e administração doutro qualquer poder? Ao que muito facilmente se responde, que não obstante ter no estado natural um tal direito; o seu gozo todavia é muito incerto, e está exposto constantemente à invasão de outros: (...)
Pensar Azul, p. 153
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Quinta-feira, 12 de Abril de 12
(...) por quanto, sendo todos os Homens tão soberanos como ele, seus iguais, e a maior parte deles não estritos observadores da igualdade e da justiça, o gozo da propriedade que ele possui nesse estado está muito arriscado, e muito exposto. Isto convida-o a deixar esta condição, a qual, não obstante a sua liberdade, está cheia de sustos e perigos contínuos; e não é sem razão que ele procura, e quer unir-se em sociedade com outros que já estão unidos, ou que tencionam unir-se, a fim de conservarem mutuamente as suas vidas, liberdades e bens, a que eu dou o nome genérico de propriedade.
J . Locke, Ensaio sobre a verdadeira Origem Extensão e Fim do Governo Civil
Resposta de Locke
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Assim, uma vez que no Estado de Natureza ninguém tinha poder para garantir o cumprimento da lei natural, os indivíduos decidiram abdicar de certas liberdades e celebrar um Contrato Social
Por esse Contrato cedem o seu poder ao Estado, incumbindo-o de fazer e executar as leis necessárias à preservação dos direitos de todos, constituindo assim a Sociedade Civil e o Estado
Contrato Social é o acordo pressuposto entre indivíduos que, livremente e de mútuo consentimento, prescindem de certas liberdades em troca da protecção do Estado
Pensar Azul Texto Editores
Contrato social
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
O Estado assume as seguintes obrigações
Assegurar o respeito pela lei naturalRepor a ordem infringida, punindo os infractoresFazer as leis necessárias para garantir o bem comumImpor o cumprimento das leisProteger os direitos individuaisGovernar segundo as leis estabelecidasJulgar e fazer reinar a justiçaDefender a paz, a segurança e o bem comumRespeitar a finalidade para que foi instituídoNão exercer o poder de modo absoluto e discricionário
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Síntese
Limitação daliberdadeindividual
Perigo de abuso do poder pelo
Estado para além dos limites
previstos no Contrato Social
(contra a vontade da maioria)
Existe poder comlegitimidade para
assegurar a protecção dos direitos
naturais
Possibilidade defazer leis paragarantir o bem
comum.
Não existe um juiz com autoridade
para julgar os transgressores
da Lei Natural
Falta autoridadepara punir e repor
aordem
Liberdade individual (cada
indivíduo é senhor
de si, sem sujeição
a ninguém)
Propriedadeprivada (fundadano trabalho e nodireito de usufruirdos seus frutos)
Limitações /insuficiênciasVantagens Limitações /
insuficiênciasVantagens
Sociedade Civil/ EstadoEstado Natural
Quinta-feira, 12 de Abril de 12
Atenção: Os exercícios sobre este tema são obrigatórios
JB, 2012
Quinta-feira, 12 de Abril de 12