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SERVIÇO SOCIAL E LOGÍSTICA: NOVA COMPETÊNCIA EXIGIDA DO ASSISTENTE SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE Princila da Cunha Assistente Social Faculdade Metodista do Espírito Santo Técnica em Logística Faculdade Casa do Estudante RESUMO O objetivo deste estudo é identificar como os profissionais de Serviço Social do município de AracruzES utilizam a logística em seus postos de trabalho. Esperamos que este trabalho traga para o leitor alguns pontos importantes sobre o uso das novas tecnologias de comunicação disponíveis no mercado globalizado e também deixar claro que o movimento de capitais em busca de novos mercados e maiores lucros dita novas formas de acumulação e de exploração da força de trabalho. Não muito longe deste cenário, o Serviço Social está presente nesta realidade e precisa também ser inserido nas novas normas e exigências do capital para assim prestar um excelente serviço à sociedade. Palavraschave: Reestruturação produção, Logística, Assistente Social. ABSTRACT The purpose of this study is to identify how Social Worker from municipality Aracruz ES use the Logistics in they jobs. We hope that this work brings to the reader some important points about the use of new communication technologies available in the globalized market and also make it clear that the movement of capital in search of new markets and greater profits dictate new forms of accumulation and of exploitation of the labor force. Not far this scenario, the Social Work is present in this reality and needs also to insert it in the new standards and requirements of the capital and so to give to society a excelente service. Keywords: Restructuring production, Logistics, Social Worker. INTRODUÇÃO Com as várias transformações sociotécnicas ocorridas no mundo do trabalho, percebese que a cada dia exigemse mais competências e habilidades dos profissionais que atuam em contato com a população, dentre esses profissionais, podemos citar o Assistente

Princila da cunha

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SERVIÇO SOCIAL E LOGÍSTICA: NOVA COMPETÊNCIA

EXIGIDA DO ASSISTENTE SOCIAL NA

CONTEMPORANEIDADE

Princila da Cunha Assistente Social

Faculdade Metodista do Espírito Santo Técnica em Logística

Faculdade Casa do Estudante

RESUMO

O objetivo deste estudo é identificar como os profissionais de Serviço Social do município de Aracruz­ES utilizam a logística em seus postos de trabalho. Esperamos que este trabalho traga para o leitor alguns pontos importantes sobre o uso das novas tecnologias de comunicação disponíveis no mercado globalizado e também deixar claro que o movimento de capitais em busca de novos mercados e maiores lucros dita novas formas de acumulação e de exploração da força de trabalho. Não muito longe deste cenário, o Serviço Social está presente nesta realidade e precisa também ser inserido nas novas normas e exigências do capital para assim prestar um excelente serviço à sociedade. Palavras­chave: Reestruturação produção, Logística, Assistente Social.

ABSTRACT

The purpose of this study is to identify how Social Worker from municipality Aracruz­ ES use the Logistics in they jobs. We hope that this work brings to the reader some important points about the use of new communication technologies available in the globalized market and also make it clear that the movement of capital in search of new markets and greater profits dictate new forms of accumulation and of exploitation of the labor force. Not far this scenario, the Social Work is present in this reality and needs also to insert it in the new standards and requirements of the capital and so to give to society a excelente service.

Keywords: Restructuring production, Logistics, Social Worker.

INTRODUÇÃO

Com as várias transformações sociotécnicas ocorridas no mundo do trabalho, percebe­se

que a cada dia exigem­se mais competências e habilidades dos profissionais que atuam

em contato com a população, dentre esses profissionais, podemos citar o Assistente

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Social que a partir de então se depara com novos processos de trabalho e novas

ferramentas (principalmente tecnológicas) para a execução de suas atividades diárias.

As conseqüências da Revolução Industrial ­ que ocorreu na segunda metade do século

XVIII ­ são percebidas até hoje através da consolidação do capitalismo industrial, da

formação de grandes conglomerados econômicos e do desenvolvimento da economia

liberal que tem como base a livre concorrência entre os mercados. Esses efeitos

ajudaram a consolidar o modo de produção capitalista e, a fomentar a eliminação de

pequenas empresas por grandes grupos empresariais que, em busca da qualidade total 1

nos seus produtos, utilizam a produção em série, substituição da mão­de­obra pela

utilização de máquinas e equipamentos, padronização das mercadorias, globalização de

produtos, idéias, tecnologias e estilos de vida. Chegamos assim neste século XXI, ao

que chamamos de neoliberalismo que, suscita na “velha nova” questão social, novas

formas de enfrentamento das expressões da questão social.

Assim, apreender a questão social é também captar as múltiplas formas de pressão social, de invenção e de re­invenção da vida construídas no cotidiano, pois é no presente que estão sendo recriadas formas novas de viver, que apontam para um futuro que está sendo germinado (IAMAMOTO,1998, p.28).

Além de seu conhecimento teórico e técnico, o Assistente Social também precisa se

adaptar a estas novas exigências de mercado para conseguir atuar de forma satisfatória.

Necessitando então, obter novos conhecimentos e habilidades que não são ensinadas na

academia.

Alteram­se os requisitos dos processos seletivos para os postos de trabalho valorizados pelo mercado, acompanhando a globalização. No campo do Serviço Social hoje se exige, por exemplo, um técnico versado em computação, capaz de acessar as redes de comunicação on­line, com domínio fluente de inglês etc. (IAMAMOTO, 1998, p. 49).

Um dos princípios fundamentais do Código de Ética Profissional do Serviço Social de

1993 prevê: o “Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e

com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional”. Dessa

1 Qualidade Total: O termo qualidade total se refere a um conjunto de técnicas utilizadas por empresas para produzir produtos com o nível máximo de qualidade e para atender às necessidades de clientes internos e externos à empresa. Podemos citar alguns princípios que devem ser perseguidos para se alcançar a qualidade: a total satisfação dos clientes, a busca por uma gerência participativa, constância de propósitos, aperfeiçoamento contínuo, desenvolvimento de RH, delegação, garantia da qualidade, não­ aceitação de erros, gerência de processos e disseminação de informações.

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forma o profissional de Serviço social se vê obrigado a adequar­se às inovações e

formas de reestruturação produtiva ocorridas no interior de seus postos de trabalho.

A reestruturação produtiva no Brasil vem reforçando a inserção de novos e modernos

padrões de produção de bens e serviços e os resultados têm sido, o aumento nos índices

de desemprego, a fragilização da luta sindical, uma grande distorção na distribuição da

renda e uma significativa mudança no perfil do trabalhador moderno.

Conforme diz César:

O uso das novas tecnologias na melhoria da qualidade dos produtos e na redução dos custos de produção, para tornar­se efetivo, exige a constituição de uma nova cultura do trabalho. Por isso mesmo, a modernização das práticas industriais, [...] requer a integração orgânica do trabalhador, através da mobilização da sua subjetividade e cooperação (2006, p.118).

No Brasil a industrialização se consolida na década de 60 durante o governo de

Juscelino Kubitschek com a implantação da indústria de bens e consumos duráveis,

sobretudo, eletrodomésticos e veículos.

As empresas, para melhor se firmarem no mercado, passam a utilizar­se de estratégias

logísticas como forma de aumentar a quantidade de produtos ofertados e para reduzir os

custos do processo.

A logística é definida pelo dicionário da língua portuguesa Ruth Rocha como: “técnica e

arte de providenciar, distribuir e transportar os meios e suprimentos de uma tropa em

operação”. Inicialmente o conceito de logística era utilizado apenas por militares na arte

da guerra, mas, como a maioria das tecnologias e técnicas utilizadas em guerras podem

ser adaptadas aos meios empresariais, a busca pelo conhecimento e a prática da logística

torna­se primordial para as organizações empresariais, governamentais e sem fins

lucrativos que desejam continuar ativas em um mercado cada vez mais competitivo e

voraz.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

NO BRASIL

Até a Revolução Industrial a economia ainda era baseada no mercantilismo. A máquina

a vapor marcou o início de uma época caracterizada por grandes dificuldades e grandes

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disparidades entre quem detinha os meios de produção – o capital e quem trabalhava na

indústria – o proletariado.

O artesão, que antes conhecia todas as etapas do processo produtivo, passa a atuar e a

conhecer apenas uma pequena parcela, não se reconhecendo no produto final. A este

fenômeno dá­se o nome de alienação.

Nesse contexto em que a “questão social”, resultante das desigualdades entre o capital e

o trabalho é tratada como caso de polícia, surge uma grande necessidade do proletariado

se organizar em busca de melhores condições de trabalho e da regulamentação de suas

atividades. A partir daí surgem as Ligas Operárias, as Associações de Socorro Mútuo,

as Caixas Beneficentes e também começam a ser esboçados os sindicatos; que se

inspiram nos ideais revolucionários europeus da Revolução Francesa – Liberdade,

Igualdade e Fraternidade; e das idéias pregadas por Karl Max 2 , de que o proletariado

deveria unir­se para lutar por seus direitos enquanto cidadãos e enquanto classe

trabalhadora.

A luta operária se concentrou na defesa do poder aquisitivo dos salários, na

regulamentação do trabalho de mulheres, na jornada de trabalho normal, na proibição do

trabalho infantil, no direito a férias, seguros contra acidentes e doenças, contrato

coletivo de trabalho e, no reconhecimento de suas entidades.

Já na década de 20 os Estados Unidos produziam uma quantidade de produtos tão

grande que seus próprios habitantes não conseguiam consumir toda a oferta. As

mercadorias não compradas pelos americanos eram vendidas para outras nações, menos

desenvolvidas.

A crise de 1929 iniciada nos Estados Unidos também afetou o Brasil, e os primeiros

anos do governo de Getúlio Vargas foram marcados pela superprodução de café e a

queda brusca nas exportações ­ os EUA eram a principal nação compradora do café

brasileiro. Diante deste quadro preocupante, Vargas resolveu incentivar a indústria

nacional, isso agradou aos industriais, que durante a República Velha sempre

2 Karl Marx: foi um economista, socialista e filósofo alemão que junto com Friedrich Engels escreveu o livro Manifesto do partido comunista. Em seu livro Marx cria uma nova teoria, o Marxismo; que procura explicar a história da luta de classes e, preconiza o fim do capitalismo com a chamada revolução do proletariado que segundo ele deveriam unir­se enquanto classe para derrubar o sistema capitalista e instaurar a ditadura do proletariado onde, não haveriam exploradores nem explorados.

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enfrentaram forte concorrência das mercadorias estrangeiras , o exército viu nessa

medida a possibilidade do país produzir suas próprias armas. Até a década de 30 o

Brasil ainda tinha como base de mercado a economia agrária, sendo o principal produto

o café.

O governo implantado em 1930, embora não tenha deixado do reprimir duramente as manifestações operárias, procurou soluções novas para enfrentá­las. Getúlio Vargas considerava que a concessão de direitos trabalhistas iria reduzir a força dos sindicatos, beneficiando assim, os próprios empresários. Com esse pensamento, Vargas criou em 26 de novembro de 1930 o ministério do Trabalho; decretou a chamada Lei dos Dois Terços, que obrigava as empresas a terem em seus quadros de trabalhadores pelo menos dois terços de brasileiros – reduzindo a influência dos operários estrangeiros, mais combativos; instituiu a Lei de sindicalização e regulamentou o trabalho dos menores (CARMO e COUTO, 2000, p.83).

Algumas das características das indústrias criadas após a 1ª Guerra Mundial é o fato de

não fabricarem produtos acabados, apenas os montavam com peças vindas do exterior,

sendo que na maioria dos casos essas empresas eram de capital estrangeiro. Após a 2ª

Guerra Mundial esse quadro se modifica. Agora as empresas brasileiras deixam de ser

exclusivamente montadoras de grandes marcas internacionais e passam a ser produtoras

de produtos acabados Ao final da guerra já existiam indústrias com capital e tecnologia

nacionais, como a indústria de autopeças.

Em 1956 Juscelino Kubitschek assume a presidência do Brasil e transforma

significativamente o quadro de desenvolvimento do país. Iniciou­se o consumo de

eletrodomésticos pela população brasileira que entrava nas lojas e se maravilhava com

máquinas de lavar roupas, costurar, batedeiras elétricas, toca­discos, enceradeiras,

ventiladores e outros produtos que incentivam a classe média a comprar mais e mais;

porém grande parte da população ainda não possuía dinheiro suficiente para comprar

um aparelho de TV. Nesse período é observada a expansão pelo gosto por produtos

norte­americanos e seu estilo de vida.

Durante o governo de JK, houve um grande crescimento da indústria de bens de consumo duráveis: televisão, automóveis, máquinas de lavar roupa, enceradeiras etc. Naquela época, só a classe média podia comprar esses produtos. Ou seja, o crescimento econômico do país pouco beneficiou os mais pobres (SCHMIDT, 1999, p. 229).

É importante lembrar também que durante o governo de JK as diferenças sociais

também não foram reduzidas, a distribuição de renda era cada vez mais díspar. A

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economia do país cresceu, mas, o salário dos trabalhadores não acompanhava tal

crescimento por conta da inflação.

Durante o governo do sanguinário ditador Médici, verifica­se no país o chamado

“milagre econômico” que ocorreu entre 1969 e 1974. Durante esse período o país viu

um extraordinário crescimento e a modernização da economia, o Brasil chegou a

apresentar uma das maiores taxas de crescimento mundial.

No período do “milagre” foram grandes os investimentos internacionais na economia

brasileira. Várias multinacionais se instalaram no país e passaram a contratar a mão­de­

obra local – essas empresas contavam com grandes incentivos estatais como: redução de

impostos, empréstimos de dinheiro, obras gratuitas como estradas, linhas de energia

elétrica e outros, isso sem falar dos baixos salários pagos aos trabalhadores que não

podiam fazer greves para reivindicar por melhores salários. A economia crescia

consideravelmente mas, os salários dos trabalhadores continuavam na mesma proporção

de antes, o país vivia o chamado arrocho salarial, que foi agravado pelo aumento da

inflação e o aumento da dívida externa brasileira.

Na década de 70 estoura a crise mundial do petróleo. Com essa crise o Brasil passou por

grandes dificuldades pois a maior parte do petróleo consumido no país vinha do

exterior. Daí o incentivo do então presidente General Geisel á indústria do álcool e ás

indústrias de energia nuclear.

Com a queda da ditadura e a promulgação da Constituição Federal de 1988, em 1989 é

eleito pelo voto popular o presidente Fernando Collor de Mello que iniciou o Brasil na

lógica neoliberalista privatizando algumas estatais, reduzindo os investimentos sociais,

incentivando as importações e a concorrência do mercado nacional com o mercado

internacional.

Como nos diz Schmidt (1999): “De acordo com o presidente, a chegada dos produtos

estrangeiros geraria uma saudável concorrência, estimulando as empresas brasileiras a

aumentar a qualidade de seus produtos”. Mas além de não incentivar o crescimento das

empresas brasileiras, o presidente também cobrava “por fora” para realizar obras de

competência do Estado e devido a isto, foi deposto em dezembro de 1992.

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Na seqüência, o próximo presidente eleito pelo voto popular foi Fernando Henrique

Cardoso – FHC em 1994. O então presidente se beneficiou do Plano Real que já havia

implantado no ano anterior durante o governo de Itamar Franco e conseguiu estabilizar

a inflação. Fernando Henrique Cardoso aprofundou ainda mais o programa de

privatização das estatais vendendo a Companhia Vale do Rio Doce, a maior mineradora

do mundo para o capital internacional.

Do governo de FHC em diante o que podemos notar é a crescente expansão de empresas

com altas tecnologias de informação, robótica, automação e cada vez mais competitivas

no mercado nacional e internacional; demandando desta forma, mão­de­obra

superespecializada.

O MODELO DE PRODUÇÃO TOYOTISTA E O USO CRESCENTE DA

LOGÍSTICA

O modelo de produção Fordista / Taylorista, já não era capaz de fornecer condições

adequadas para a atual condição desses países arrasados pela 2ª Guerra Mundial. Era

necessário então, um novo modelo de produção que fosse capaz de dar uma resposta

mais eficiente para esse problema e, incrementar a produção de bens e serviços

utilizando pouco espaço físico, e com qualidade igual ou superior a dos produtos norte ­

americanos.

Antunes (2006, p. 25) entende o fordismo da seguinte maneira:

[...] forma pela qual a indústria e o processo de trabalho consolidam­se ao longo deste século, cujos elementos constitutivos básicos eram dados pela produção em massa, através do controle dos tempos e movimentos pelo cronômetro taylorista e da produção em série fordista; pela existência do trabalho parcelar e pela fragmentação das funções; pela separação entre elaboração e execução no processo de trabalho; pela existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e pela constituição/consolidação do operário­massa, do trabalhador coletivo fabril, entre outras dimensões. Menos do que um modelo de organização societal, que abrangeria igualmente esferas ampliadas da sociedade, compreendemos o fordismo como o processo de trabalho que, junto com o taylorismo, predominou na grande indústria capitalista ao longo deste século.

Como já vimos o modelo fordista está intimamente ligado aos ideais da filosofia de

Taylor. Quando aliadas, estas duas concepções de resultam em altos níveis de

parcelamento do trabalho, alienação, especialização da mão­de­obra além de enormes

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quantidades de produtos lançados no mercado a cada dia, sem que estes tenham

necessariamente um mercado consumidor garantido.

Com o passar do tempo e a mundialização da produção ou como mais é conhecida – a

globalização; a necessidade de se obter vantagem competitiva nas relações produtivas

cresceu, era necessário então reduzir os custos da produção sem diminuir os lucros do

burguês. Durante um bom tempo a união entre Fordismo e Taylorismo foi muito

eficiente mas com a crise mundial deflagrada em 1970, este modelo de produção foi

posto em cheque com relação a sua real eficiência.

Para Pagotto apud Mota e Amaral (2006, p. 29):

[...] ‘ nos anos sessenta, a dinâmica fordista começa a apresentar os primeiros sinais de crise com a tomada de consciência de que os padrões vigentes de organização do trabalho eram ineficientes para garantir os altos níveis de lucro que a empresa monopolista obteve em seu auge. Iniciou­se a crítica aos paradigmas taylorista e fordista e a busca por novas formas de concepção das normas de produção, distribuição e repartição da produção’. [...] ‘ a crise da produção padronizada e da relação fordista de altos salários baseados na punjança da demanda em relação à oferta, acabou conduzindo ao conceito de flexibilização, bem como de uma produção organizada sob novas premissas: surgiram as abordagens que preconizam a substituição do trabalho parcelado e da linha de produção, nas quais os mecanismos automáticos reduzem a intervenção do trabalho vivo ao mínimo possível’.

Para Sabel e Piore apud Antunes (2006, p. 26) “ O elemento causal da crise capitalista

seria encontrado nos excessos do fordismo e da produção em massa, prejudiciais ao

trabalho, e supressores de sua dimensão criativa”. Nas palavras de Kameyama (2006, p.

07) “A crise do fordismo, iniciada nos anos 70, trouxe a necessidade de buscar uma

nova forma de regulação, tendo como base a flexibilização do trabalho com a adoção

das práticas japonesas de gestão de trabalho”.

Além de preconizar um modelo de produção flexível o toyotismo – como ficou

conhecido; também preconiza a acumulação flexível do capital e, esta flexibilidade é

marcada por um confronto direto com a rigidez dos processos fordistas. Conforme diz

Antunes (2006, p. 29) “Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos

mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo”.

Montaño (1997, p. 113) diz que “a partir das inovações dos modelos de produção

japonês, tem se produzido significativas alterações nas relações trabalhistas na

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organização da produção, na automação do trabalho, no interior das indústrias

ocidentais”.

As principais características do modelo de produção da Toyota estão centradas na idéia

de reduzir os custos da produção mas sem diminuir os lucros do capital, para isso surge

a necessidade de recortes no pessoal ocupado e na infra­estrutura industrial, este

objetivo é concretizado através do grande desenvolvimento tecnológico, expansão da

automação da produção, uso em larga escala de informática, práticas de subcontratação,

e terceirização de atividades que não fazem parte do foco principal da empresa (são

terceirizados departamentos como o de limpeza, alimentação, manutenção, mecânica e

outros).

Seus traços constitutivos básicos podem ser assim resumidos: ao contrário do fordismo, a produção sob o toyotismo é voltada e conduzida diretamente pela demanda. A produção é variada, diversificada e pronta para suprir o consumo. É esse quem determina o que será produzido, e não o contrário, como se procede na produção em série e de massa do fordismo. Desse modo, a produção sustenta­se na existência do estoque mínimo. O melhor aproveitamento possível do tempo de produção (incluindo­se também o transporte, o controle de qualidade e o estoque), é garantido pelo just in time. O kanban, placas que são utilizadas para a reposição das peças, é fundamental, à medida que se inverte o processo: é do final, após a venda, que se inicia a reposição de estoques, e o kanban é a senha utilizada que alude à necessidade de reposição das peças/produtos (ANTUNES, 2006, p. 34).

Outro fato importante do toyotismo que fica claro nas palavras de Montaño (1997, p.

113) é a terceirização das atividades que não fazem parte do foco da empresa e os

impactos dessa atitude na sociedade:

[...] a terceirização de áreas da produção, administração e serviços, a flexibilização do contrato de trabalho (com perda do salário de base e dos direitos trabalhista), o aumento do desemprego estrutural a partir da substituição de mão­de­obra por maquinarias, derivado da automação e do desenvolvimento da tecnologia, tudo isso produz enormes alterações nas condições de trabalho, na qualidade de vida, na facilidade/dificuldade de encontrar emprego para as pessoas que constituem a heterogênea classe trabalhadora[...].

Conforme nos diz Antunes (2006, p. 35) “Desse modo, kanban,just in time,

flexibilização, terceirização, subcontratação, Círculos de Controle da Qualidade ­ CCQ,

controle de qualidade total, eliminação do desperdício, ‘gerência participativa’,

sindicalismo de empresa, entre tantos outros elementos, propagam­se intensamente.”

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O modelo japonês trouxe várias inovações para o sistema produtivo mundial. Também

foram várias as contribuições para a sociedade e para o mercado mas, as inovações

trazidas pelo modelo concebido dentro das fábricas da Toyota não foram somente boas,

elas trouxeram consigo algumas consequências que não beneficiaram o trabalhador.

Com o novo ordenamento do capital a situação chegou a um estágio em que surgiram contingentes populacionais denominados excluídos ou sobrantes. Os sobrantes são pessoas que não tem lugar na sociedade, que não estão integradas, que não estão numa relação de utilidade social, numa relação de interdependência com o conjunto da sociedade. Portanto, foram invalidadas pela conjuntura econômica atual e se encontram rejeitadas. Vivem em meio a um mercado do qual dependem, porém o mercado já não mias precisa delas. Por isso sobram, e como sobras não se investe em sua reprodução (CASTEL apud MENDES apud SILVA, 2008, p. 184).

Antunes (2006, p. 36) elucida um outro fato que também foi fundamental para a

propagação do modelo Toyota:

Outro ponto essencial do toyotismo é que, para a efetiva flexibilização do aparato produtivo, é também imprescindível a flexibilização dos trabalhadores. Direitos flexíveis, de modo a dispor desta força de trabalho em função direta das necessidades do mercado consumidor. O toyotismo estrutura­se a partir de um número mínimo de trabalhadores, ampliando­os, através de horas extras, trabalhos temporários ou subcontratação, dependendo das condições de mercado. O ponto de partida básico é um número reduzido de trabalhadores e a realização de horas extras.

Para Gounet apud Antunes (2006, p. 36) “ao invés do trabalho desqualificado, o

operário torna­se polivalente”. Ironicamente ainda segundo Gounet apud Antunes

encontramos o seguinte: “[...] com o toyotismo, parece desaparecer o trabalho

repetitivo, ultra­simples, desmotivante e embrutecedor. Finalmente, estamos na fase do

enriquecimento das tarefas, da satisfação do consumidor, do controle de qualidade”.

E da mesma forma que o fordista/taylorismo precisava de um Estado comprometido

com a sociedade e com a garantia dos seguros sociais, o modelo de produção toyotista

também precisava de um Estado comprometido com os ideais capitalistas e, que

interviesse o menos possível na economia, este modo de organização do Estado foi

encontrado no neoliberalismo, um modelo econômico que surge para garantir e

legitimar a expansão da produção toyotizada.

Do mesmo modo que o modelo de produção de Ford necessitava de um Estado que atuasse nos moldes keynesianos para estimular o consumo em massa, a acumulação flexível, ao precisar de mais liberdade de mercado, facilidade para contratar e demitir mão­de­obra, diminuindo as restrições

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estatais sobre o uso da força de trabalho, necessita de um modelo de Estado o mais liberal possível (SILVA, 2008, p. 185).

Entra em cena o neoliberalismo como alternativa à manutenção da produção capitalista.

O neoliberalismo como modelo econômico provoca profundas alterações nas condições

de trabalho dos operários e na organização da sociedade moderna. Segundo Schmidt

(1999, p. 311) “a idéia básica do neoliberalismo, [...], é diminuir a participação do

Estado na economia e conceder liberdade de manobra para os investidores capitalistas”.

Dentre as medidas polêmicas adotadas pelo neoliberalismo podemos destacar alguns

dos pontos de maior relevância: Privatização da economia, Liberação do mercado,

Antinacionalismo, Menos impostos, Flexibilização do mercado de trabalho, Privatização dos serviços

públicos e, Corte nos gastos públicos.

Apesar de ter facilitado em muito a ação do burguês, o modelo neoliberal de governo

não deu conta de responder ao aprofundamento da questão social. Várias pessoas em

diversos países permanecem carentes de alimentos, moradia, saúde, educação, e são

submetidas diariamente aos diversos tipos de violência urbana e social.

Para Mota e Amaral (2006, p. 39) “o primeiro desafio aos profissionais de Serviço

Social é romper com a idéia de que a reestruturação produtiva é uma questão que afeta

exclusivamente as práticas empresariais e, consequentemente, àqueles profissionais que

trabalham nas empresas”.

Ainda segundo as autoras Mota e Amaral (2006, p. 40­41):

[...] as estratégias utilizadas pelo grande capital, para redefinir socialmente o processo de produção de mercadorias, a rigor, evidenciam as reais necessidades do processo de reestruturação produtiva: a integração passiva dos trabalhadores à nova ordem do capital, isto é, a adesão e o consentimento do trabalhador às exigências da produção capitalista. Levados a efeito pela grande empresa, estes mecanismos determinam um elenco de situações que afetam as esferas do trabalho, da produção, da cultura, da vida privada, das práticas do Estado e da sociedade civil e com os quais se defronta, na atualidade, o profissional de Serviço Social.

Como já mencionamos no decorrer deste capítulo, várias foram as dificuldades

enfrentadas pelo Japão para se restabelecer enquanto país industrializado. Como

alternativa para uma dessas dificuldades surgiu JIT, sistema de controle da produção

que veio para combater os desperdícios da época do fordismo que não mais poderiam

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ocorrer, vimos também o nascimento de novas formas de produzir e também novas

formas de entender a relação do mercado.

A lógica da produção toyotizada, prega que deve­se ter a menor quantidade possível de

estoques e que a produção só seja efetivada quando houver necessidade, ou seja, quando

o produto já tiver o seu consumidor garantido. A esta forma de pensar o consumo e de

produzir, deu­se o nome de produção puxada, pois, neste modelo quem dispara a

produção de um bem ou serviço é o cliente a partir do momento em que ele realiza o

pedido do produto, diferentemente do que ocorria no Fordismo.

O sistema de ‘puxar’ a produção a partir da demanda, produzindo em cada estágio somente os itens necessários, nas quantidades necessárias e no momento necessário ficou conhecido no Ocidente como sistema Kanban. Este nome é dado aos cartões utilizados para autorizar a produção e a movimentação de itens, ao longo do processo produtivo [...] Contudo o JIT é muito mias do que uma técnica ou um conjunto de de técnicas de administração da produção, sendo considerado como uma completa ‘filosofia’, a qual inclui aspectos de administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo físico, projeto do produto, organização do trabalho e gestão de recursos humanos (CORRÊA, 1993, p. 56).

Na filosofia JIT a mão­de­obra ganha um novo papel, pois, nas palavras de Corrêa

(1993, p. 66): ‘[...] Segundo a filosofia JIT, se a empresa pretende fazer as coisas certas

da primeira vez, são os operários que as devem fazer, ou seja, são os operários os

responsáveis pela qualidade dos produtos produzidos’.

Ainda segundo as idéias da filosofia JIT são os operários que fabricam, montam, testam

e movimentam os materiais, além de serem eles os responsáveis pela qualidade que já

vem embutida no produto. Portanto, somente eles, conhecem a fundo todos os

problemas relacionados à produção.

A mão­de­obra indireta (supervisores, gerentes e engenheiros) tem o papel de apoiar, com conhecimento técnico mais sofisticado, o trabalho do pessoal de linha de frente do processo de aprimoramento do produto e do processo, ou seja, os operários. A identificação e resolução dos problemas cabe aos operários, sendo esta tarefa apoiada e facilitada pelos especialistas (ou, como tem sido chamados, facilitadores). Nesse sentido, torna­se importante que os operários tenham conhecimentos, ainda que rudimentares, de métodos de identificação e análise de problemas, controle estatístico do processo, entre outras técnicas, para que possam assumir novas responsabilidades impostas pela filosofia JIT (CORRÊA, 1993, p. 66).

Para manter certo grau de competitividade no mercado, as empresas investem cada vez

mais capital em treinamentos para seus funcionários e em tecnologia de ponta, para que

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estes estejam em dia com as novas ferramentas de trabalho oferecidas pelo mercado que

é cada vez mais globalizado.

As tecnologias da informação alcançaram um espaço considerável dentro de

organizações com visão de mercado. Quanto mais se investe em tecnologia, melhores as

condições de concorrer no mercado globalizado de produtos e idéias.

Neste quadro entra em cena também a Logística, que surge como um meio para integrar

os processos da organização e para fornecer melhores informações que serão utilizadas

para as tomadas de decisão da empresa (nos níveis estratégico, tático e operacional).

Segundo o Conselho de Gerenciamento da Logística apud Pires (2007, p. 58):

“Logística é a parte dos processos da cadeia de suprimentos [...] que planeja,

implementa e controla o efetivo fluxo e estocagem de bens, serviços e informações

correlatas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender

às necessidades dos clientes”.

Mas, ao contrário do que muitos pensam a Logística não está ligada somente à

produção, ou ao transporte de produtos acabados, ela também envolve os níveis mais

altos da empresa. É necessário haver a comunicação eficiente entre todos os setores da

empresa. E, para manter uma empresa integrada, é necessário ter informações de

qualidade e condições para que estas informações sejam acessadas pelas pessoas

corretas para que sejam tomadas as devidas providências.

O papel da Tecnologia da Informação e de Comunicação – TIC, é cada vez mais

crescente, a cada dia surgem novas tecnologias que facilitam a vida de empresários e

trabalhadores.

Durante as últimas décadas presenciamos grandes avanços da TIC em diversas de suas frentes. Poderíamos citar o caso das fibras óticas, que trouxeram um novo padrão de transmissão de dados, principalmente através do aumento das taxas e da qualidade geral no processo. Outra evolução marcante tem sido a comunicação sem fio (wireless), garantindo maior mobilidade na comunicação e no acesso à informação. Ainda nessa linha, presenciamos grandes avanços na questão da alimentação dos sistemas de informação (inputs), que tem caminhado desde a simples digitação, passando pelos códigos de barras, pela radiofreqüência, até os atuais cartões e etiquetas eletrônicas (TAG). Assistimos também a grandes avanços na tecnologia de base de dados (repositório de dados), que se tornaram bem mais potentes, amigáveis e flexíveis, como é o caso dos atuais data warehousing (armazém de dados). Em paralelo houve também um grande progresso na forma de

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possibilidades de se acessar e analisar os dados nessas bases, como é o caso dos atuais data mining (mineração de dados). Nesse contexto, poderíamos citar também as chamadas ferramentas instantâneas e analíticas de acesso a base de dados, as chamadas ferramentas OLAP (on­line analytical prossing). Poderíamos lembrar também o importante e crescente papel da tecnologia de comunicação via satélite [...] (PIRES, 2007, p. 248­249).

O avanço crescente dos diversos tipos de tecnologia implicou para os operários uma

necessidade latente de aperfeiçoamento contínuo de aspectos referentes ao

conhecimento e ao uso desses novos meios de comunicação.

Os anos 90 assistiram a adoção dos sistemas ERP (Enterprise Resourse Planning) pelas grandes corporações industriais. Esses sistemas têm sido utilizados como infra­estrutura tecnológica para suporte às operações de empresas com vantagens sobre os sistemas anteriores desenvolvidos internamente. As vantagens incluem a possibilidade de integrar os diversos departamentos da empresa, a atualização permanente da base tecnológica e benefícios relacionados com a terceirização de desenvolvimento de aplicações, por exemplo, a redução dos custos d informática (SOUZA e ZWICKER, p. 46, acesso em 15 maio 2007).

Além de permitir a integração entre os diversos setores da empresa, os sistemas

Enterprise Resourse Planning – ERP têm a vantagem de ter como serem comprados de

empresas terceiras. E, por este fato se tornam objeto de desejo de empresas que querem

as informações circulando da melhor forma possível dentro de seus departamentos.

Os sistemas ERP podem ser definidos como sistemas de informação integrados, adquiridos na forma de pacotes comerciais de software, com a finalidade de dar suporte à maioria das operações de uma empresa (suprimentos, manufatura, manutenção, administração financeira, contabilidade, recursos humanos etc.). Exemplos de sistemas ERP existentes no mercado são o R/3 da empresa alemã SAP, o Baan IV da Holandesa Baan, o One World da americana JD Edwards, o Oracle Financials da americana Oracle, o Magnus da brasileira Datasul, o Microsiga da empresa brasileira de mesmo nome e o Logix da brasileira Logocenter (SOUZA e ZWICKER, p. 47, acesso em 15 maio 2007).

Cabe a cada empresa definir conforme seu desejo, qual o sistema que melhor se encaixa

a seu perfil competitivo e qual o sistema dará melhor suporte para a tomada de decisão.

SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

O Assistente Social pode ser considerado como o profissional que tem como principal

função, elaborar e executar políticas de bem­estar social. Cabe­lhe a tarefa de promover

uma melhor inserção socioeconômica de indivíduos, famílias e grupos nas sociedades

em que vivem auxiliando­os na solução de seus problemas.

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Com base em conhecimentos técnicos adquiridos na formação acadêmica o Assistente

Social atua no atendimento individual ou coletivo buscando, nos próprios usuários a

solução ou a minimização de problemas sociais, que por vezes são apresentados por eles

próprios. Seu trabalho precisa ser desenvolvido a fim de promover nestes indivíduos a

capacidade de gerar habilidades, capacitando­os para conseguirem resolver seus

problemas, transformando­se em sujeitos mais independentes, seguros e conscientes da

suas próprias capacidades e atitudes.

Entretanto, a profissão não é limitada apenas a setores públicos. Sua importância deve

ser reconhecida em qualquer espécie de organização. Onde há ser humano, a Assistência

Social precisa fazer­se presente.

[...] a perspectiva adotada [...] entende o Serviço Social como uma especialização do trabalho coletivo, inserido e legitimado na sociedade capitalista, com determinadas funções estabelecidas por aqueles que a contratam (Estado, empresas privadas ou públicas, Ongs etc.), para a tender um público que muitas vezes não tem uma concepção correta do papel do assistente social, mas que espera dele uma resposta concreta e imediata para seus problemas (SILVA, 2008, p. 177).

Para Montaño (1993, p. 103):

A análise do contexto sóciopolítico e econômico no qual se desenvolve a emergência do Serviço Social nos obriga a considerar a gênese de nossa profissão não como uma derivação de anteriores formas de caridade e filantropia mais técnica, organizada e sistemática que suas ‘protoformas’, mas como o resultado de um processo histórico, vinculado a certo momento do desenvolvimento das lutas de classes.

No Brasil o Serviço Social começa com o processo de industrialização em conjunto com

o aumento da concentração urbana. É a partir deste momento que o proletariado começa

a brigar por um lugar na vida política e por melhores condições de vida.

A ‘questão social’, que se impõe neste momento, nada mais é do que a necessidade de se levar em consideração os interesses da classe operária em formação. A implantação do Serviço Social se dá neste processo histórico, a partir da iniciativa particular de vários grupos da classe dominante, que têm na Igreja Católica seu porta­voz (ESTEVÃO, 1999, p.42­43).

O surgimento de algumas instituições sociais acontece na primeira fase do movimento

de reação católica, da divulgação do pensamento social da Igreja e da formação das

bases organizacionais e doutrinárias do apostolado laico. Tendo como principal objetivo

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oferecer uma assistência preventiva, para amenizar algumas seqüelas do

desenvolvimento capitalista.

Em 1920, surge a Associação das senhoras Brasileiras, no RJ, e a Liga das Senhoras

Católicas, em SP. Estas buscavam contribuir com o avanço dos serviços sociais através

da realização de atividades tradicionais de caridade.

Embora tenha sofrido um lento avanço, essas instituições assumem significativa

importância no que diz respeito ao progresso do Serviço Social no Brasil. Foram estas

instituições que deram o “ponta­pé” inicial para a valorização do Serviço Social no país.

A partir dessas iniciativas criam­se as bases materiais, organizacionais e principalmente

humanas que permitiram a expansão da Ação social e das primeiras escolas de Serviço

Social no país.

Em 1932 surge o Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS) que passou a

ser considerado como uma manifestação original do Serviço Social no Brasil. Sua

existência se deu devido á necessidade que os responsáveis pelos setores de ação Social

e Ação Católica sentiram de tornar mais efetiva e produzir um maior rendimento ás

iniciativas e obras promovidas pela filantropia das classes dominantes paulistas com a

ajuda da Igreja. Seu inicio se deu com o “Curso Intensivo de Formação Social para

Moças’.

Nesse sentido é fundada em 1936 a primeira Escola de Serviço Social do Brasil,

localizada no estado de São Paulo e ligada á Pontifícia Católica deste mesmo estado.

Ainda no mesmo ano, acontece a Semana de Ação Social no Rio de Janeiro; evento que

foi considerado um marco positivo para a introdução do Serviço Social no Brasil.

A partir da criação da primeira escola de Serviço Social houve a propagação desse tipo

de instituição por todos os estados da nação devido a grande demanda, ocorrendo

gradativamente a institucionalização do Serviço Social enquanto profissão.

Conforme nos fala Arcoverde (apud SILVA, 2008, p. 178):

A profissão surge no conjunto de mudanças sociais que tornam pública a questão social. Atuando nela por meio de seus agentes, o Serviço Social se faz presente junto aos indivíduos que vivenciam as consequências da questão social no trabalho, na família, na saúde e no acesso aos mais variados

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serviços públicos. Nas manifestações da questão social a resistência se apresenta, gerando permanente tensão, na qual situa­se a prática do Assistente Social.

O trabalho do Assistente Social envolve o favorecimento da participação crítica e

constante do trabalhador, ficando atento para as opiniões, e englobando os

conhecimentos de seus usuários como um todo.

O Serviço Social subordina­se ao movimento de reorganização do processo produtivo,

de tal modo que suas atribuições variam conforme as necessidades do momento e as

prioridades estabelecidas pelas políticas internas da instituição em que trabalha.

O autor Montaño afirma que para o Assistente Social: “Seu campo privilegiado de

trabalho é o Estado (subordinado, ademais dos cientistas, a uma lógica político­

burocrática) e a sua base de atuação é conformada pelas políticas sociais”.

A atuação do profissional de Serviço Social sofreu várias mudanças, tanto de forma

como de conteúdo ao longo dos anos. O Assistente Social que no início da profissão era

requisitado principalmente pelo Estado, passa a ser utilizado como mão­de­obra

também em empresas e em organizações de caráter não governamental. Assim, observa­

se que o profissional tem um leque de opções de atuação bem diversificado, sendo

demandado como trabalhador inserido na divisão sociotécnica do trabalho nos três

setores da economia capitalista.

O sistema que vem tomando o lugar do liberalismo é o neoliberalismo 3 . Entramos para a

era da globalização. Podemos ter o produto que quisermos sem sair do país para

comprá­lo. Os avanços da tecnologia são grandes e, trazem consigo profundas

mudanças.

Neste contexto para não ficarem pra trás e perderem a competitividade e lucratividade

no mercado econômico, as empresas de médio e grande porte, implementam em suas

unidades processos de reestruturação da produção.

Efetivamente, as transformações ocorridas no mundo do trabalho não são alheias aos fundamentos da proposta neoliberal nem a seus impactos políticos. Estas alterações – na organização da produção, no gerenciamento

3 Neoliber alismo: Modelo econômico que prega a desresponsabilização do Estado com as questões sociais e a mínima intervenção estatal na economia, transferindo essas responsabilidades para as empresas, organizações não governamentais e para a sociedade civil.

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da indústria, nas relações contratuais de trabalho, na comercialização – têm como fundamento a reestruturação produtiva (particularmente, o modelo de produção japonês concebido inicialmente por Ohno, na indústria automotiva Toyota) (MONTAÑO, 1993, p. 107).

Em conseqüência desse fato os processos de trabalho e seus mecanismos de controle e

organização sofrem profundas transformações. É necessário então trabalhar para a

formação de um novo comportamento produtivo do trabalhador, baseado na

confiabilidade e no envolvimento do mesmo com os objetivos organizacionais.

Adotam­se para isso novas estratégias de controle da força de trabalho:

desenvolvimento de programas participativos, ampliação do sistema de benefícios e

incentivos a produtividade. Além de cortes de pessoal e redução de infra­estrutura.

Esta redução da força de trabalho é possível, em primeiro lugar, pelo desenvolvimento tecnológico. Este último alcança um nível de sofisticação tal que deriva no fenômeno conhecido como automação da produção, ou seja, o acirramento da substituição da mão­de­obra pela máquina automática, pelo robô, estes ‘conduzidos’ por uma forma de ‘inteligência’ não humana: o computador. é este último avanço da tecnologia que se alcança o ponto mais alto da ‘desumanização’ da produção. Se desde a Revolução Industrial a máquina suplanta e substitui o homem, este nunca pôde ser totalmente eliminado do processo produtivo, dada a necessidade de comando humano sobre a máquina, que, sem a manipulação do homem, nada poderia fazer. A informática veio ocupar estes papel por meio do comando pré­programado de atividades, desenvolvido nos softwares. Com este panorama, não somente o trabalhador manual resulta supérfluo, mas também muitos cargos gerenciais, de inspeção, de engenharia industrial, administrativos, resultam prescindíveis (MONTAÑO, 1993, p. 107­108).

Algumas características dos processos de reestruturação são: ampliação dos mercados,

terceirização de atividades secundárias da produção, exigência de mão­de­obra cada vez

mais qualificada, implantação de tecnologias de base microeletrônica e implantação do

Programa de Qualidade Total que, preconiza a superação das metas de produtividade,

competitividade e integração dos empregados.

Com relação ao processo de trabalho, as novas tecnologias e os avanços da microinformática têm alterado os meios de consumo da força de trabalho, introduzindo a polivalência e a multifuncionalidade. Têm resultado, ainda, no desenvolvimento acelerado do processo de trabalho. Estas mudanças exigem uma renovada qualificação e capacitação profissional, principalmente considerando que a interpenetração entre informação e produção tece novos laços entre saberes e habilidades (CESAR, 1999; p.172).

Essas mudanças introduzem na sociedade novos e modernos padrões de produção que

trazem como resultados os elevados índices de desemprego e a precarização das

condições de trabalho, fragilizando também a organização sindical dos empregados.

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[...] as empresas vêm investindo em estratégias que visam canalizar, solucionar e antecipar reivindicações trabalhistas, destituindo o trabalhador de sua representação, como categoria política. O envolvimento dos trabalhadores nas empresas é estimulado, negociado e/ou controlado, por meio de um arsenal de recursos humanos, em que estão enumerados ganhos como estabilidade, benefícios e incentivos. A luta por melhoria salarial é, gradativamente, substituída pela negociação cooperativa, numa dinâmica coorporativa que move­se de acordo com metas e resultados. (CESAR, 1999; p. 172­173).

A empresa investe cada vez mais na passivização dos funcionários para que estes ajam

de acordo com os interesses da mesma.

[...] o discurso empresarial que enfatiza a qualificação, as múltiplas competências, a adaptabilidade, a participação e o envolvimento, é também o mesmo que justifica a redução de postos de trabalho, a empregabilidade e a adoção de padrões mais rígidos de controle do desempenho do trabalhador (CESAR, 2006; p.119).

Criam­se desta forma mecanismos capazes de persuadir o trabalhador a dar o máximo

de sua capacidade psicofísica.

A forma de reduzir pessoal e infra­estrutura sem afetar a comercialização se constitui, na proposta de Ohno, na mais significativa alteração das relações trabalhistas. Se no capitalismo desenvolvimento, a base contratual para o modelo fordista, é a relação de ‘assalariamento’, agora o vínculo tende a ser a de ‘subcontratação’ (MONTAÑO, 1993, p. 108).

Assim, pode­se concluir que o processo de reestruturação intensifica o controle da força

de trabalho devido às novas estratégias de gestão humana, seja pela participação e

parceria ou pela intervenção empresarial na qualificação e na reprodução da força de

trabalho. Estes aspectos passam a ser formadores da cultura de integração do

trabalhador à empresa e ao mercado como um todo.

E, na contramão desse enorme processo de mudanças está o Assistente Social, como

demonstra SILVA (2008, p. 180): “o Serviço Social demonstra uma orientação em

favor dos trabalhadores, com forte crítica à exploração existente na sociedade burguesa

e em defesa da democracia”.

Hoje o Serviço Social mais do que humanizar a produção ou auxiliar o trabalhador na

busca por seus direitos, colabora de forma pedagógica na socialização de valores e

comportamentos, que influenciem nos objetivos das organizações contratantes de sua

mão­de­obra, e na integração às novas exigências da produtividade. Assim as

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organizações empregadoras do Assistente Social continuam a requisitá­lo para o papel

de intermediador entre o trabalho e a vida privada do trabalhador.

O trabalho educativo, moralizador e disciplinador, requisitado para garantir os níveis de produtividade, atenuar conflitos, coibir insubordinações, identificar insatisfações individuais/coletivas e inibir o potencial organizativo e reivindicatório dos trabalhadores, tem de sofisticar­se progressivamente, afinado­se com novas técnicas e discursos gerencias, que apregoam a participação e a colaboração (CESAR, 1999; p.175).

Não ficando por fora do processo de reestruturação produtiva o Serviço Social também

sofre alterações no seu conteúdo. O saber do profissional também passa a ser apropriado

e manipulado pelas gerencias e, são exigidas dos Assistentes Sociais novas habilidades:

é necessário ter capacidade de compreender, implementar e administrar novos padrões

de organização incorporando inclusive as inovações tecnológicas. Assim, o profissional

deve ter uma maior capacitação técnica para manipular informações, tendo que

desenvolver sua capacidade lógico­abstrata, para decodificar programas e gerenciar seu

trabalho dentro de uma lógica voltada para a eficácia/eficiência, buscando eliminar

desperdícios, reduzir os tempos de execução de tarefas, introduzir métodos de controle e

medição do desempenho de si próprio, já que também é constantemente avaliado. A

função do Serviço Social continua vinculada à mediação das relações de trabalho e o

aumento da produtividade.

Podemos resumir o perfil comportamental exigido do Assistente Social na atualidade

em cinco quesitos básicos:

a) Conhecimento: o profissional tem que estar apto a responder a perguntas, tirar dúvidas e resolver problemas. Para isso, é preciso conhecer bem as rotinas de seu trabalho e todos os setores afins e as políticas da empresa.

b) Competência: significa que o profissional deve ter agilidade, organização e exatidão na execução de suas atividades, procurando fazer sempre o melhor possível.

c) Atmosfera positiva: o profissional deve manter um ambiente agradável, receptível, organizado, limpo e confortável para que o cliente se sinta tranqüilo e acolhido. A aparência deve refletir a imagem que o profissional deseja passar ao cliente. È preciso comunicar­se com fluência e expressar­se com clareza.

d) Cooper ação: a postura de colaborador exige que o profissional contribua para o êxito de sua equipe de trabalho, assumindo a responsabilidade em relação às metas e resultados e tomando a iniciativa de melhorar a produtividade e a qualidade.

e) Esfor ço extr a: significa que é preciso sair da rotina e fazer algo mais, colocando a satisfação do cliente acima de tudo. Para isso, é necessário ser flexível e usar o ‘ bom senso’, fornecendo alternativas e soluções adequadas para satisfazer suas necessidades e também demonstrar que se interessa sinceramente por ele, para que possa envolvê­lo e surpreendê­

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lo. Por isso, não basta apenas satisfazer suas necessidades, é preciso ‘ encantar’ o cliente (CESAR, 2006; p. 134).

O Assistente Social como profissional assalariado e inserido no modo de produção

capitalista, também sente os efeitos da reestruturação produtiva: tem que se mostrar

produtivo, executar várias tarefas em pouquíssimo tempo, mostrar que seus serviços são

úteis para a empresa, e se qualificar cada vez mais.

É neste sentido que o assistente social, para assegurar sua utilidade na organização, é obrigado a requalificar­se, adequando­se a um perfil sociotécnico mais difuso, polivalente e sintonizado com as práticas e saberes dos demais profissionais da área gerencial e de recursos humanos. Esta ‘relocalização’ do profissional no conjunto das atividades de acompanhamento ao trabalhador exige não apenas a adoção de novos paradigmas de eficácia e eficiência como, também, modifica o escopo das suas qualificações para o exercício das funções sociais e técnicas que lhe são exigidas (CESAR, 2006; p. 140).

O profissional de Serviço Social está cada vez mais sujeito às inseguranças que afligem

o mundo do trabalho, assim como, qualquer outro profissional. Os Assistentes Sociais

enfrentam uma série de dificuldades e limitações para conduzir seu trabalho e afirmar

sua utilidade, procurando responder às exigências feitas pela empresa definindo seus

objetivos profissionais a partir dos objetivos coorporativos.

A profissão possui um caráter contraditório que lhe é inerente e este caráter pode tanto

conservar aspectos do “modo de ser” capitalista quanto questioná­los, negando­os. A

dialética de continuidades e rupturas, no exercício profissional do Assistente Social,

comporta um conjunto de possibilidades que podem levá­lo a superar a alienação com

relação ao seu próprio trabalho e, particularmente, com relação ao produto gerado a

partir dele.

Responder de forma crítica e criativa às exigências colocadas pela reestruturação

produtiva, defender suas condições de trabalho e resistir às práticas de passivização são,

alguns dos maiores desafios que estão postos para o Assistente Social e para os demais

trabalhadores que dependem de seus respectivos trabalhos.

Não muito longe das exigências do mercado de trabalho o Assistente Social também

precisa, cada vez mais, ter conhecimentos técnicos e habilidades de relacionamento

interpessoal, porém alguns conhecimentos referentes ao uso de tecnologia de

comunicação passam despercebidos durante a formação acadêmica. Alguns

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profissionais mais experientes, por exemplo, foram adquirindo esses conhecimentos

relativos ao uso das novas tecnologias em seus espaços de trabalho, aprendendo e se

reciclando a cada dia.

Além de exercer sua prática principalmente junto a uma população que vem sofrendo com a perda do emprego e dos direitos sociais, o assistente social, na condição de trabalhador, também enfrenta o processo de precarização de suas condições de trabalho e a disputa por um lugar no mercado [...] (SILVA, 2008, p. 188).

Conhecer e defender o projeto ético­político do Serviço Social é uma necessidade que

perpassa todos os profissionais desta área. Porém com o atual movimento do capital

essa tarefa de defesa intransigente dos direitos e da igualdade torna­se cada vez mais

difícil.

É preciso ter clareza que a lógica capitalista e o projeto profissional são contrários, porém disputam espaços dentro da mesma realidade, e o assistente social tem contato com ambos, devendo conhecê­los para que possa distingui­los e tratar com suas contradições. Do contrário, poderá construir um agir profissional permeado de equívocos e ilusões (SILVA, 2008, p. 189).

Cabe a cada profissional determinar em sua prática, meios para que os pressupostos do

Código de Ética profissional sejam levados a efeito e que os usuários efetivamente

recebam cada vez um serviço de melhor qualidade e com maior agilidade.

A partir do momento em que a categoria profissional revela uma postura ética oposta à lógica da exploração capitalista, uma questão se torna patente: como atender ao projeto ético­político e ao mesmo tempo se manter no emprego, lembrando que é dentro das instituições que o assistente social consegue desenvolver sua força de trabalho. Esta questão deve ser respondida pelo Serviço Social, por seus agentes, tanto na sua elaboração teórica, como em seu agir profissional dentro das instituições nas quais estejam empregados. Quando uma questão com esta é em posição de pouca relevância, corre­se o risco de se atuar unicamente em favor das instituições e, assim, do capital, mesmo que o profissional queira atuar em função do projeto da categoria (SILVA, 2008, p. 189).

A cada momento o sistema capitalista junto com o modelo neoliberal, cria para o

Serviço Social novas demandas e assim criam também a necessidade de novas respostas

que estejam em consonância com o projeto político da profissão e com o Código de

Ética.

O primeiro desafio para que a categoria responda corretamente aos novos desafios que lhe são postos consiste em apreender as contradições presentes no cotidiano, mas não apenas do ponto de vista imediato. Deve­se considerar como o cotidiano é influenciado por determinações de ordem macropolítica, econômica e social, lembrando que onde existem contradições existem também espaços para o confronto de idéias e interesses. O correto exercício

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profissional nas bases do Serviço Social contemporâneo passa pela análise e compreensão crítica da realidade social, a partir de experiências do cotidiano, incluindo o levantamento de questões, ouvindo os usuários, captando as analogias entre a realidade macro e micro e a relação entre os usuários e o meio na qual estão inseridos. A reflexão deve ser entendida não como uma simples procura por respostas imediatas, mas como uma busca para apreender o cotidiano em sua totalidade e, assim, chegar a alternativas de intervenção (SILVA, 2008, p. 191).

O correto uso das facilidades tecnológicas trazidas pela Logística, proporciona para o

Assistente Social a possibilidade de cada vez mais ampliar seus conhecimentos e assim

dar um salto na qualidade e agilidade das informações de fornece para os usuários de

seus serviços.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Queremos deixar claro que o nosso objetivo não é fazer apologia ao capitalismo nem ao

neoliberalismo, apenas os citamos várias vezes para que ficasse latente para o leitor que

este é o sistema em que vivemos e que muito dificilmente será modificado, portanto,

cabe ao profissional de Serviço Social compreender os movimentos de reestruturação do

capital e captar em sua esfera quais são as novas demandas para a profissão e suas

respectivas respostas a esta nova situação, lembrando sempre de se posicionar a favor

do usuário e defender os direitos dos cidadãos.

O Assistente Social também é um profissional inserido na divisão sócio­técnica do

trabalho e como tal também sofre com as novas formas de exploração da mão­de­obra

trabalhadora e, para se manter no mercado de trabalho ou mesmo para ingressar nele é

necessário estar munido com muito conhecimento e com muitas habilidades técnicas e

pessoais para que sua atuação seja reconhecida como necessária para a organização e

para que se crie valor para os cidadãos beneficiários.

Trabalhamos a favor da vida e dos direitos sociais, combatendo a discriminação e os

preconceitos, para tanto precisamos acima de tudo ser informados. Hoje a informação é

o maior bem que uma pessoa pode ter, basta saber fazer o uso correto desta.

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