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R3 texto AULAS 1 E 2

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R3 textoAULAS 1 E 2

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Salão repleto de luzes, orquestra ao fundo, brilho de cristais por todo lado. O crupiê* distribui fichas sobre o pano verde, cercado de mulheres em longos vestidos e homens de black-tie**. A roleta em movimento paralisa otempo, todos retêm a respiração. Em breve estarão definidos a sorte de alguns e o azar de muitos. Foi mais ou menos assim, como um lance de roleta, que a era de ouro dos cassinos — maravilhosa para uns, totalmente reprovável para outros — se encerrou no Brasil. Para surpresa da nação, logo depois de assumir o governo, em 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra pôs fim, com uma simples penada, a um dos negócios mais lucrativos da época: a exploração de jogos de azar, tornando-os proibidos em todo o país. (...)Jane Santucci, “O dia em que as roletas pararam”, Nossa História. * crupiê: empregado de uma casa de jogos ** black-tie: smoking, traje de gala

a) No texto acima, a autora utiliza vários recursos descritivos. Aponte um desses recursos. Justifique sua escolha.

b) A que fato relatado no texto se aplica a comparação “como num lance de roleta”?

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a) No texto acima, a autora utiliza vários recursos descritivos. Aponte um desses recursos. Justifique sua escolha.

Dentre os recursos descritivos utilizados pela autora no excerto fornecido, destaca-se, por exemplo, a enumeração de frases nominais no primeiro período: “Salão repleto de luzes, orquestra ao fundo, brilho de cristais por todo lado.” A linguagem adotada aproxima-se da técnica cinematográfica. O texto apresenta ao leitor a atmosfera tensa de expectativa por meio de flashes rápidos que valorizam os aspectos visuais da cena: “salão repleto de luzes”, “brilho de cristais”, “pano verde”, “mulheres em longos vestidos e homens de black-tie.”

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b) A que fato relatado no texto se aplica a comparação “como num lance de roleta”?

Ao aplicar a comparação “como um lance de roleta” para fazer referência ao encerramento da “era de ouro dos cassinos”, a autora deixa clara sua opção por associar a arbitrariedade da decisão do presidente Eurico Gaspar Dutra a uma jogada imprevisível do universo dos jogos de azar. Assim como “num lance de roleta”, “uma simples penada” do general determinou o fim de “um dos negócios mais lucrativos da época.”

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CIDADEZINHA QUALQUER

casas entre bananeirasmulheres entre laranjeiraspomar amor cantar.Um homem vai devagar.Um cachorro vai devagar.Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

Carlos Drummond de Andrade

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2. Esse poema é de Carlos Drummond de Andrade e foi escrito na década de 20, sob a influência de ideias modernistas.

a) Que aspectos da realidade nacional estão representados nas duas primeiras estrofes?

b) Que valores estão implícitos no ponto de vista adotado pelo poeta no último verso do poema?

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a) Que aspectos da realidade nacional estão representados nas duas primeiras estrofes?

As duas primeiras estrofes representam o aspecto rural da realidade brasileira do período. Isso ocorre por meio de figuras ligadas ao campo, como “bananeiras”, “laranjeiras” e “pomar, bem como as ocorrências da locução “vai devagar” na segunda estrofe, cuja repetição acentua o ritmo caracteristicamente pouco acelerado de tal ambiente não urbano.

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b) Que valores estão implícitos no ponto de vista adotado pelo poeta no último verso do poema?

O último verso é uma espécie de lamento feito de maneira coloquial. Dessa forma, a “vida besta” da “cidadezinha qualquer” é representada sob um viés negativo. Tendo em vista a influência das ideias modernistas, tal julgamento alia-se, nesse poema, a uma defesa do ritmo mais dinâmico da vida moderna, aberta a constantes mudanças.

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Instrução: As questões de números 3 e 4 tomam por base um soneto do poeta neoclássico português Bocage (Manuel Maria Barbosa du Bocage, 1765-1805) e uma tira da escritora e quadrinista brasileira Ciça (Cecilia Whitaker Vicente de Azevedo Alves Pinto).

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Instrução: As questões de números 3 e 4 tomam por base um soneto do poeta neoclássico português Bocage (Manuel Maria Barbosa du Bocage, 1765-1805) e uma tira da escritora e quadrinista brasileira Ciça (Cecilia Whitaker Vicente de Azevedo Alves Pinto).

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LXIVContraste entre a vida campestre e a das cidades

Nos campos o vilão sem sustos passa,Inquieto na corte o nobre mora;O que é ser infeliz aquele ignora,Este encontra nas pompas a desgraça:Aquele canta e ri; não se embaraçaCom essas coisas vãs que o mundo adora:Este (oh cega ambição!) mil vezes chora,Porque não acha bem que o satisfaça:Aquele dorme em paz no chão deitado,Este no ebúrneo leito preciosoNutre, exaspera velador cuidado:Triste, sai do palácio majestoso;Se hás-de ser cortesão, mas desgraçado,Antes ser camponês, e venturoso.

(Bocage, Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão-Editores, 1968.)

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3. A palavra vilão pode apresentar diferentes significados na Língua Portuguesa, alguns bastante distintos entre si. No soneto de Bocage, a própria sequência da leitura permite descobrir, em função do contexto, o significado que assume tal palavra, empregada no primeiro verso. Releia o poema e aponte esse significado.

Na Língua Portuguesa, o vocábulo vilão pode ser associado a “bandido”, malfeitor”, e também a pessoas de hábitos poucos refinados, rudes, rústicas. No poema de Bocage, a expressão significa “morador da vila” (e não da corte), “plebeu” (em oposição ao aristocrata), “pessoa destituída de nobreza” (diferente daquele que ostenta privilégios sociais).

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4. Na tira de Ciça, a troca de ser por ter ironiza uma das tendências do comportamento humano na sociedade moderna, altamente consumista. Isso considerado, releia a tira e o poema de Bocage e aponte em que consiste essa ironia e em que medida o soneto de Bocage representa, com mais de dois séculos de antecedência, uma das possíveis respostas a essa troca de ser por ter.

Entendendo ironia lato sensu, como recurso de linguagem capaz de produzir efeito de sátira, de humor crítico, de sarcasmo, a tira de Ciça distingue as pessoas que valorizam a riqueza, os bens materiais, os prazeres imediatos (ter) das que preferem buscar o bem estar individual, as qualidades morais superiores (ser). O soneto de Bocage opera com essa dualidade, figurativizando o tema do “ter” no “vilão” que “canta e ri” e é “venturoso”, e o tema do “ser” no “nobre” que “não acha bem que o satisfaça”.

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a) Explique o jogo de palavras que faz a graça da tira.

A graça da tira resulta do duplo sentido que a palavra “chato” adquire no contexto. O adjetivo “chato”, relacionado ao formato do planeta na região polar, significa plano, achatado. Referido à situação (atmosfera psicológica) do planeta nos domingos sem futebol, expressa a ideia de aborrecido, tedioso, maçante.

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b) Identifique a diferença no uso da linguagem em que se apoia esse jogo.

Cada um dos sentidos está relacionado a um uso da linguagem. “Chato” significa plano em um sentido literal, no uso culto e formal; no uso popular e informal, traz a ideia de algo maçante, em sentido figurado.

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Texto para as questões 2 e 3

Voltemos à casinha. Não serias capaz de lá entrar hoje; curioso leitor; envelheceu, enegreceu, apodreceu, e o proprietário deitou-a abaixo para substituí-la por outra, três vezes maior, mas juro-te que muito menor que a primeira. O mundo era estreito para Alexandre; um desvão de telhado é o infinito para as andorinhas.

(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)

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2) Na elaboração de um texto, os escritores usam diferentes figuras ou recursos estilísticos. Do texto, cite um exemplo de:

a) gradação;

O trecho “envelheceu, enegreceu, apodreceu” contém uma gradação.

b) antítese.

Há uma antítese em “O mundo era estreito para Alexandre; um desvão de telhado é o infinito para as andorinhas”.

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3) Explique por que a nova casa era três vezes maior, mas muito menor que a casinha.

Assim como um desvão de telhado é o infinito para as andorinhas, a casinha não tinha, para o narrador, apenas o seu espaço objetivo. Subjetivamente, ela tinha um significado muito maior, já que era o seu local de encontro com Virgília. Assim, o caráter paradoxal da afirmação é apenas aparente, pois trata-se de dois critérios diferentes de tamanho: um objetivo e um subjetivo.

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4) Conta-me Claúdio Mello e Souza. Estando em um café de Lisboa a conversar com dois amigos brasileiros, foram eles interrompidos pelo garçom, que perguntou, intrigado:

— Que raio de língua é essa que estão aí a falar, que eu percebo(*) tudo?

(*) percebo = compreendo

(Rubem Braga)

a) A graça da fala do garçom reside num paradoxo. Destaque dessa fala as expressões que constituem esse paradoxo.Justifique.

b) Transponha a fala do garçom para o discurso indireto. Comece com: O garçom lhes perguntou, intrigado, que raio de língua... .

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a) A graça da fala do garçom reside num paradoxo. Destaque dessa fala as expressões que constituem esse paradoxo. Justifique.

O paradoxo se caracteriza pela atribuição simultânea de ideias opostas.A graça na fala do garçom reside na oposição entre os trechos “raio de língua” e “eu percebo tudo”. Essas expressões configuram o paradoxo na medida em que “raio de língua” revela uma reação de estranheza, e o trecho “eu percebo tudo” opõe-se a essa atitude, pois, embora aparentasse desconhecer a língua que os brasileiros estavam falando, o garçom a compreendia integralmente.

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b) Transponha a fala do garçom para o discurso indireto. Comece com: O garçom lhes perguntou, intrigado, que raio de língua... .

Assim fica a fala do garçom transposta para o discurso indireto:O garçom lhes perguntou, intrigado, que raio de língua era aquela que estavam lá a falar, que ele percebia tudo.