55
Universidade Federal do Ceará Universidade Federal do Ceará Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira Setembro de 2010 Educação Brasileira Raízes do Brasil Sérgio Buarque de Holanda

Raizes do brasil

Embed Size (px)

DESCRIPTION

freire

Citation preview

Universidade Federal do CearáUniversidade Federal do CearáPrograma de Pós-Graduação em Educação BrasileiraPrograma de Pós-Graduação em Educação Brasileira

Setembro de 2010

Educação Brasileira

Raízes do BrasilSérgio Buarque de Holanda

2

Sumário

1. Fronteiras da Europa

• Trabalho & Aventura

• Herança Rural

• O Semeador e o Ladrilhador• O Homem Cordial

• Novos Tempos

• Nossa Revolução

3

1. Fronteiras da Europa

• Mundo novo e velha civilização

• Personalismo exagerado e suas consequências: tibieza do espírito de

organização, da solidariedade, dos privilégios hereditários

• Falta de coesão na vida social

• A volta à tradição, um artifício

• Sentimento de irracionalidade específica dos privilégios e das hierarquias

• Em que sentido anteciparam os povos ibéricos a mentalidade moderna

• O trabalho manual e mecânico, inimigo da personalidade

• A obediência como fundamento de disciplina

4

1. Fronteiras da Europa

• Mundo novo e velha civilização

Desterrados em nossa própria terra (p. 31)

Espanha e Portugal: territórios-ponte, zona fronteiriça, de transição (p. 31)

Surgimento de uma sociedade quase à margem das congêneres européias (p. 31)

5

1. Fronteiras da Europa

• Personalismo exagerado e suas consequências: tibieza do espírito de organização, da solidariedade, dos privilégios hereditários

O espírito de superação dos povos da península Ibérica (p. 32)

Frouxidão da estrutura social e falta de hierarquia organizada (p. 33)

Nobreza lusitana: frágil e permeável (p. 35)

6

1. Fronteiras da Europa

• Falta de coesão na vida social

A falta de coesão em nossa vida social não representa um fenômeno moderno (p. 33)

A comunidade dos justos é estrangeira na terra (p. 34)

O princípio formador da sociedade era uma força inimiga do mundo e da vida (p. 34)

10/01/10

1. Fronteiras da Europa

• A volta à tradição, um artifício

A volta à tradição não é uma defesa possível à nossa desordem (p. 33)

A volta ao passado é uma tentativa de estimular a organização da sociedade (p. 33)

Falta de organização social: índice da nossa incapacidade de criar

espontaneamente (p. 33)

8

1. Fronteiras da Europa

• Sentimento de irracionalidade específica dos privilégios e das

hierarquias

O princípio de hierarquia (privilégios) nunca chegou a importar de fato entre

nós (p. 35)

A nobreza não constituiu uma aristocracia fechada (p. 35)

Surpreendente adaptação a novas formas de existência (p. 36)

9

1. Fronteiras da Europa

• Em que sentido anteciparam os povos ibéricos a mentalidade moderna

O espírito de organização espontânea (p. 37)

Princípio unificador sempre representado pelos governos (p. 38)

Repulsa a toda moral fundada no trabalho (p. 38)

10

1. Fronteiras da Europa

• O trabalho manual e mecânico, inimigo da personalidade

Uma digna ociosidade sempre pareceu mais excelente a um bom português, ou a

um espanhol, do que a luta insana pelo pão de cada dia (p. 38)

Concepção da Antiguidade Clássica: ócio, contemplação e amor (p. 38)

Carência da moral do trabalho = reduzida capacidade de organização social (p. 39)

11

1. Fronteiras da Europa

• A obediência como fundamento de disciplina

Na falta de organização social a alternativa é a renúncia da personalidade

anteriormente descrita (p. 39)

Obediência: virtude suprema entre todas (p. 39)

Obediência (cega) ≠ Lealdade (Princípios medievais e feudais) (p. 39)

Excessiva centralização de poder e obediência (p. 39)

12

2. Trabalho & Aventura

• Portugal e a colonização das terras tropicais

• Dois princípios que regulam diversamente as atividades dos homens

• Plasticidade social dos portugueses

• Civilização agrícola?

• Carência de orgulho racial

• O labéu associado aos trabalhos vis

• Organização do artesanato: sua relativa debilidade na América

portuguesa

• Incapacidade de livre e duradoura associação

• A “moral das senzalas” e sua influência

• Malogro da experiência holandesa

13

2. Trabalho & Aventura

• Portugal e a colonização das terras tropicais

A maior missão histórica dos portugueses (p. 43)

Exploração que se fez inicialmente com desleixo e certo abandono (p. 43)

14

2. Trabalho & Aventura

• Dois princípios que regulam diversamente as atividades dos homens

O princípio do aventureiro

O que colhe o fruto sem plantar árvore. O que ignora as fronteiras. Vive dos

espaços ilimitados, dos projetos vastos, dos horizontes distantes (p. 44)

O princípio do trabalhador

O que enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar. Seu

campo visual é naturalmente restrito (p. 44)

15

2. Trabalho & Aventura

De que tipo é o

Português?

16

2. Trabalho & Aventura

• Plasticidade social dos portugueses

Tendência espontânea para atividades menos sedentárias (p. 48)

Versáteis ao extremo, sendo inacessível para os portugueses certas noções de

ordem (p. 48)

17

2. Trabalho & Aventura

18

2. Trabalho & Aventura

• Civilização agrícola?

Processos de exploração agrícola rudimentares (p. 49)

Busca de riqueza que custa ousadia e não riqueza que custa trabalho (p. 49)

O que os portugueses instauraram aqui no Brasil não foi uma civilização

tipicamente agrícola (p. 49)

Motivos:

Gênio aventureiro

Escassez da população do reino (trabalhadores rurais)

O papel secundário da agricultura

19

2. Trabalho & Aventura

• Carência de orgulho racial

A mistura com gente de cor tinha começado amplamente na própria metrópole

(p. 53)

Vemos no reino meter,Vemos no reino meter,

Tantos cativos crescer,Tantos cativos crescer,

E irem-se os naturaisE irem-se os naturais

Que se assi for, serão maisQue se assi for, serão mais

Eles que nós, a meu ver.Eles que nós, a meu ver.

Garcia de ResendeGarcia de Resende

20

2. Trabalho & Aventura

• O labéu associado aos trabalhos vis

Aos pretos e descendentes de pretos eram conferidos trabalhos de baixa

reputação (p. 56)

O casamento entre indígenas e brancos era até estimulado (p. 56)

Preponderância do trabalho escravo (p. 57)

21

2. Trabalho & Aventura

• Organização do artesanato: sua relativa debilidade na América

portuguesa

Escassez de artífices livres (p. 58)

Atração por negócios lucrativos (p. 59)

Eram raras as gerações de uma mesma família se dedicarem a um mesmo

ofício (p. 59)

22

2. Trabalho & Aventura

• Incapacidade de livre e duradoura associação

Os homens se ajudavam uns aos outros “mais animados do espírito da caninha

do que do amor ao trabalho” (p. 60)

As formas de atividade coletiva não podiam ser relacionadas a nenhuma

tendência para a cooperação disciplinada e constante (p. 60)

23

2. Trabalho & Aventura

• A “moral das senzalas” e sua influência

A “moral das senzalas” veio a imperar na administração, na economia e nas

crenças religiosas (p. 62)

24

2. Trabalho & Aventura

• Malogro da experiência holandesa

Não houve sucesso no tipo de colonização holandesa: sistema eficiente de

defesa, empreendimento metódico e coordenado, capacidade de

trabalho e coesão social (p. 62)

Motivos:

Inadequado a um país em formação

Homens que não pretendiam criar fortes raízes na terra

População cosmopolita, instável, de caráter predominantemente urbano (p.

63)

25

3. Herança Rural• A Abolição: marco divisório entre duas épocas

• Incompatibilidade do trabalho escravo com a civilização burguesa e o capitalismo

moderno

• Da Lei Eusébio à crise de 64. O caso de Mauá

• Patriarcalismo e espírito de facção

• Causas da posição suprema conferida às virtudes da imaginação e da inteligência

• Cairu e suas idéias

• Decoro aristocrático

• Ditadura dos domínios agrários

• Contraste entre a pujança das terras de lavoura e a mesquinhez das cidades na

era colonial

Escravidão

Miscigenação

Latifúndio

Nordeste

Intolerância Tráfico Negreiro

Imigração

Marginalização do Negro

33

3. Herança Rural• A Abolição: marco divisório entre duas épocas

Toda a estrutura da sociedade colonial teve sua base fora dos meios urbanos (p. 73)

Não foi a rigor uma civilização agrícola, mas de raízes rurais (p. 73)

“[…] É efetivamente nas sociedades rústicas que toda a vida da colonia se concentra

durante os séculos iniciais da ocupação européia: as cidades são virtualmente, se

nao de fato, simples dependências dela.” (CAMPO)

1888: marco divisório entre duas épocas (p. 73)

Características da Organização Social Dominante

Monopólio político (fazendeiros escravocratas e seus filhos) → Monarquia

Parlamento, ministérios, instituições de mando.

Leitura → p. 91 (parágrafo 2)

Regime Republicano- Expansão do crédito bancário → Banco do Brasil (1829)

- Linha telegráfica Rio de Janeiro (1852)

- Banco Rural e Hipotecário (1853)

- Linhas de estradas de ferro (1854)

36

3. Herança Rural• Incompatibilidade do trabalho escravo com a civilização burguesa e o

capitalismo moderno

Expansão dos capitalismo mundial (p. 76)

Lei Eusébio de Queiroz (p. 76)

Intensificação das atividades britânicas de retenção ao tráfico (p. 76)

37

3. Herança Rural• Da Lei Eusébio à crise de 64. O caso de Mauá

““Acompanhei com vivo interesse a solução desse grave problema; compreendi que o Acompanhei com vivo interesse a solução desse grave problema; compreendi que o

contrabandocontrabando não podia reerguer-se, desde que a ‘vontade nacional’ estava ao não podia reerguer-se, desde que a ‘vontade nacional’ estava ao

lado do ministério que decretava a lado do ministério que decretava a supressão do tráficosupressão do tráfico. Reunir os capitais que se . Reunir os capitais que se

viam repentinamente deslocados de viam repentinamente deslocados de ilícito comércio ilícito comércio e fazê-los convergir a um e fazê-los convergir a um

centro onde pudessem ir alimentar as centro onde pudessem ir alimentar as forças produtivas forças produtivas do país foi o pensamento do país foi o pensamento

que me surgiu na mente, ao ter certeza de que aquele fato era irrevogável”.que me surgiu na mente, ao ter certeza de que aquele fato era irrevogável”.

(Mauá, p. 77)(Mauá, p. 77)

38

3. Herança Rural• Da Lei Eusébio à crise de 64. O caso de Mauá

Crise comercial de 1864 (1ª Crise registrada no Brasil imperial): ambição de vestir um

país escravocrata com os trajes da democracia burguesa (p. 79)

Lei Ferraz 1860 “Obra-prima de arrocho em matéria de crédito”.

[…] “Eram dois mundos distintos que se hostilizavam com rancor crescente, duas

mentalidades que se hostilizavam com rancor crescente, duas mentalidades que

se opunham como ao racional se opõe o tradicional, ao abstrato o corpórieo e o

sensível, o citadino e cosmopolita ao regional ou paroquial.” (p.78)

39

3. Herança Rural• Patriarcalismo e espírito de facção

Os senhores de engenho brasileiros formavam um corpo nobre por natureza (p. 80)

Eram considerados a mola real da riqueza, do comércio, da navegação e de todas as

artes e ofícios (p. 80)

Organização Familiar (p. 81)

Pátrio Poder (p. 82)

40

3. Herança Rural• Causas da posição suprema conferida às virtudes da imaginação e da inteligência

O trabalho mental, que não suja as mãos e não fatiga o corpo, pode constituir, com efeito,

ocupação em todos os sentidos digna de antigos senhores de escravos e dos seus

herdeiros (p. 83)

É que para bem corresponder ao papel que, mesmo sem o saber, lhe conferimos, inteligência

há de ser ornamento e prenda, não instrumento de conhecimento e ação (p. 83)

Estudos de Silva Lisboa (1811): idéias econômicas

41

3. Herança Rural• Cairu e suas idéias

... O trabalho manual é pouco dignificante, em confronto com as atividades do espírito (p. 83)

Visconde de Cairu em seus Estudos do bem comum propõe mostrar como o fim da economia

não é carregar a sociedade de trabalhos mecânicos, braçais e penosos (p. 83)

42

3. Herança Rural

• Decoro aristocrático

Era preciso, para se fazerem veneráveis, que as instituições fossem amparadas em

princípios longamente consagrados pelo costume e pela opinião (p. 86)

Esse caráter puramente externo, epidérmico, mostra o quanto era difícil ultrapassarem-

se os limites gerados pela colonização portuguesa (p. 87)

43

3. Herança Rural

• Ditadura dos domínios agrários

Num país onde a maior parte de sua existência, foi terra de senhores e escravos, sem

comércio que não andasse em mãos de adventícios ambiciosos de riquezas e de

enobrecimento, seria impossível encontrar uma classe média numerosa e apta a

semelhantes serviços (p. 88)

... os centros urbanos brasileiros nunca deixaram de se ressentir fortemente da ditadura

dos domínios rurais (p. 89)

44

3. Herança Rural• Contraste entre a pujança das terras de lavoura e a mesquinhez das cidades na

era colonial

45

4. O Semeador e o Ladrilhador

• A fundação de cidades como instrumento de dominação

• Zelo urbanístico dos castelhanos: o triunfo completo da linha reta

• Marinha e interior

• A rotina contra a razão abstrata. O espírito da expansão portuguesa. A

nobreza nova do Quinhentos

• O realismo lusitano

• Papel da Igreja

46

4. O Semeador e o Ladrilhador

• A fundação de cidades como instrumento de dominação

Para muitas nações conquistadoras, a construção de cidades foi o mais decisivo

instrumento de dominação que conheceram (p. 95)

E não foi por boa razão que esses povos usaram de semelhante recurso, pois a

experiência tem demonstrado que ele é, entre todos, o mais duradouro e

eficiente (p. 95)

47

4. O Semeador e o Ladrilhador

• Zelo urbanístico dos castelhanos: o triunfo completo da linha reta

A colonização espanhola caracterizou-se largamente pelo que faltou à

portuguesa: por uma aplicação insistente em assegurar o predomínio

militar, econômico e político da metrópole sobre as terras conquistas,

mediante a criação de grandes núcleos de povoação estáveis e bem

ordenados (p. 95)

48

4. O Semeador e o Ladrilhador

• Marinha e interior

Na procura do lugar que se fosse povoar cumpria, antes de tudo, verificar com

cuidado as regiões mais saudáveis... (p. 96)

49

4. O Semeador e o Ladrilhador

• A rotina contra a razão abstrata. O espírito da expansão portuguesa. A

nobreza nova do Quinhentos

Os portugueses criavam todas as dificuldades às entradas terra adentro,

receosos de que com isso se despovoasse a marinha (p. 100)

... os gêneros produzidos junto ao mar podiam conduzir-se facilmente à

Europa... (p. 101)

50

4. O Semeador e o Ladrilhador

• O realismo lusitano

Mesmo em seus melhores momentos, a obra realizada no Brasil pelos

portugueses teve um caráter mais acentuado de feitorizaçãofeitorização do que de

colonização (p. 107)

Reconstituição aproximada do sobrado sede e mangueirão de pedra quadrado da sede da Real Feitoria do Linhocanhamo do Rincão do Canguçu 1783/89, cujas ruínas oitocentistas ainda estão bem evidentes em Canguçu Velho, em Canguçu-RS.

51

4. O Semeador e o Ladrilhador

• Papel da Igreja

Igreja Católica: estreitamente sujeita ao poder civil no Brasil (p. 118)

A situação no Brasil estava longe de ser propícia à influência da Igreja e, até

certo ponto, das virtudes cristãs na formação da sociedade brasileira (p.

119)

52

5. O Homem Cordial

53

6. Novos Tempos

54

6. Nossa Revolução

Universidade Federal do CearáUniversidade Federal do CearáPrograma de Pós-Graduação em Educação BrasileiraPrograma de Pós-Graduação em Educação Brasileira

Setembro de 2010 Obrigada!